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MÓDULO VI Aula I Embargos à Execução Rua Barão do Serro Azul, 199 Centro Curitiba-Paraná Fone: 41 3323-1717 www.portalciveltrabalhista.com.br

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MÓDULO VI

Aula I

Embargos à Execução

Rua Barão do Serro Azul, 199 – Centro – Curitiba-Paraná – Fone: 41 3323-1717

www.portalciveltrabalhista.com.br

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Sumário

1 - COMENTÁRIOS INICIAIS ....................................................................................... 3

2 – Fase de Execução – Apresentação e Homologação dos Cálculos e Liquidação ........ 4

3 – Embargos à Execução ................................................................................................. 5

4 – Quando Embargar uma Conta de Liquidação............................................................. 7

5 – Porque Embargar uma Conta de Liquidação ............................................................ 12

6 – Como Embargar uma Conta de Liquidação ............................................................. 13

7 – Exemplos de Peças de Embargos à Execução .......................................................... 15

7.1. Exemplo I – Peça de Embargos à Execução ........................................................... 16

7.2. Exemplo II – Peça de Embargos à Execução ......................................................... 19

7.3. Exemplo III – Peça de Embargos à Execução ........................................................ 21

7.4. Exemplo IV – Peça de Embargos à Execução ........................................................ 24

7.5. Exemplo V – Peça de Embargos à Execução ......................................................... 30

8. Exemplo de Parecer Técnico ..................................................................................... 33

8.1. Exemplo I - Parecer Técnico .................................................................................. 33

8.2. Exemplo II - Parecer Técnico ................................................................................. 36

9 – Considerações Finais ................................................................................................ 38

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1 - COMENTÁRIOS INICIAIS

O modulo “6” do projeto desenvolvido pela equipe de profissionais da Empresa Portal

Cível & Trabalhista, apresenta um estudo avançado para a fase de execução no processo

trabalhista, direcionado para as seguintes matérias: impugnação ao cálculo da parte,

contraminuta à impugnação, embargos à execução, contraminuta aos embargos à

execução, impugnação à sentença de liquidação, contraminuta a impugnação à sentença

de liquidação, agravo de petição e contraminuta ao agravo de petição.

Na fase de liquidação/execução são apresentados os cálculos de liquidação da sentença,

e, não raramente, os referidos cálculos podem conter incorreções ou distorções.

Após a homologação da conta, o Juiz abre prazo para que as partes (reclamante e

reclamado) verifiquem se os cálculos apresentados estão corretos ou não. Se corretos,

cabe à parte apenas concordar com os valores consignados nos referidos cálculos. Por

outro lado, se estiverem incorretos, a parte deverá apresentar suas razões, contestando,

de forma pormenorizada, cada item ou parcela incorreta contida nos cálculos, apontado

quais são as diferenças cometidas pelo perito contador ou pela parte contrária.

Aqui cabe uma curiosidade técnica. A impugnação ou o apontamento das diferenças é

realizado por meio de uma peça processual específica, onde as partes apontam as

diferenças contidas nos cálculos homologados. Pelo reclamante a peça processual é

denominada de “Impugnação à Sentença de Liquidação”. Pelo Reclamado a peça

processual é denominada de “Embargos à Execução”. As duas peças têm o mesmo

objetivo, ou seja, demonstrar ao Juiz que existem incorreções na conta homologada. A

curiosidade fica por conta do “erro” na denominação da peça, visto que, mesmo que as

partes troquem o nome da peça, o Juiz provavelmente irá aceitar a manifestação. É uma

tolerância da Justiça do Trabalho com relação à denominação da manifestação.

Entretanto, não é recomendado arriscar e trocar o nome da peça processual.

O presente estudo visa esclarecer os pormenores técnicos e as dúvidas que a matéria

suscita, respondendo os seguintes questionamentos:

- Quando impugnar ou embargar uma conta de liquidação?

- Porque impugnar ou embargar uma conta de liquidação?

- Como impugnar ou embargar uma conta de liquidação?

Neste estudo serão abordadas as seguintes matérias: impugnação aos cálculos

apresentados pela parte contrária – contraminuta à impugnação - embargos à execução –

contraminuta aos embargos à execução - impugnação à sentença de liquidação –

contraminuta à impugnação à sentença de liquidação – decisão de impugnação à

sentença de liquidação - decisão de embargos à execução – agravo de petição –

contraminuta ao agravo de petição – decisão do agravo de petição (acórdão proferido

por uma das turmas do TRT).

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2 – Fase de Execução – Apresentação e Homologação dos Cálculos e Liquidação

Após o trânsito em julgado da sentença, ou seja, depois de encerradas todas as

possibilidades que as partes têm para recorrer da decisão imposta nos autos, começa a

fase de liquidação da sentença. É o momento de transformar em valores o que restou

determinado nos autos através da sentença imposta pelo Juiz.

Cada item deferido deverá ser liquidado através de uma conta, ou seja, cada verba

deferida em favor do reclamante deverá ser quantificada monetariamente.

Após o trânsito em julgado o Juiz nomeia um perito judicial de sua confiança,

intimando o mesmo para apresentação dos cálculos de liquidação.

O perito efetua os cálculos de acordo com o que restou determinado na sentença e

apresenta os mesmos nos autos. Em seguida o Juiz homologa a conta apresentada,

dando inicio à fase de execução, intimando a empresa para que esta efetue a garantia do

juízo, depositando o valor indicado nos cálculos homologados ou apresentando bens à

penhora.

Assim que o Réu efetuar a garantia do juízo, terá 05 (cinco) dias para conferir a conta, e,

se necessário, caso constate incorreções, poderá apresentar embargos à execução

requerendo ao Juiz a retificação dos cálculos. O reclamante tem o mesmo prazo para

apresentar sua manifestação (impugnação à sentença de liquidação).

É momento oportuno para apontar as possíveis diferenças existentes nos cálculos

homologados pelo Juízo, tanto pelo Réu quanto pelo Reclamante. Uma vez vencido o

prazo para a manifestação, a conta não poderá mais ser reformada, mesmo que contenha

incorreções. Neste caso, ocorre a preclusão da manifestação, tornando o valor

apresentado definitivo nos autos.

Existe uma exceção para uma possível correção na conta, é quando ocorre o chamado

“Erro Material”. Nesse caso a conta poderá ser corrigida a qualquer tempo. O “Erro

Material” é aquele erro que é evidente, aquele que está claramente estampado nos

cálculos e não deixa a menor sombra de dúvida que deverá ser corrigido. Cita-se, como

exemplo, uma verba calculada na planilha principal cujo valor foi “x” e no resumo geral

consta “y”, ou seja, houve evidente equivoco na transcrição do valor para o resumo

geral. Este tipo de “erro” poderá ser corrigido de ofício pelo Juiz, bastando apenas uma

manifestação simples da parte.

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3 – Embargos à Execução

Quando um cálculo apresentado nos autos é homologado pelo Juiz, este intima a

empresa para que faça a garantia do juízo em dinheiro ou ofereça bens à penhora.

Após a garantia do Juízo, nos termos do art. 884 da CLT, o Réu tem prazo de 05 (cinco)

dias para contestar a conta, caso entenda que a mesma está incorreta, através de uma

peça processual denominada de “Embargos à Execução”.

Art. 884 - Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o

executado 5 (cinco) dias para apresentar embargos, cabendo

igual prazo ao exequente para impugnação.

Aqui começa o trabalho do Perito Assistente contratado pelo Réu. O advogado do Réu

tem a responsabilidade pelos prazos processuais, e, assim que o prazo para a

contestação da conta iniciar, o advogado deverá remeter o processo ao Perito Assistente

para que este verifique se a conta homologada está correta ou não.

ATENÇÃO... No momento em que o processo for remetido ao Perito Assistente, o

prazo para a protocolização dos embargos à execução passa a ser de responsabilidade

do Perito Assistente. O prazo é preclusivo, significa dizer que, encerrado o prazo para

a contestação da conta, os valores devidos tornam-se definitivos e podem ser liberados

ao reclamante, não cabendo mais nenhuma discussão sobre os cálculos, mesmo que

contenham incorreções.

A peça intitulada de “Embargos à Execução” é uma espécie de defesa processual que o

Réu tem para suspender a execução, isso significa que, embora o Juízo esteja garantido,

o valor depositado não poderá ser liberado ao reclamante até que a matéria consignada

nos embargos à execução seja apreciada e julgada pelo Juiz.

A peça de embargos à execução é de responsabilidade do advogado do Réu, é ele que

assina a manifestação. Cabe destacar, entretanto, que a matéria relativa aos cálculos de

liquidação não é da especialidade do advogado e sim do perito assistente, visto ser

matéria técnico-contábil, uma vez que aborda as inconsistências e incorreções no

cálculo das parcelas deferidas nos autos.

Em suma, os embargos à execução servem para demonstrar ao Juiz de forma

pormenorizada, detalhada, clara e fundamentada, que os cálculos estão majorados, e

merecem ser retificados. Para isso, o Perito Assistente deverá convencer o Juiz que os

cálculos homologados estão incorretos.

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Na sequência dos nossos estudos vamos procurar demonstrar a melhor técnica para que

as diferenças possam ser efetivamente apontadas ao Juiz, de maneira que este

determine, através da “Decisão dos Embargos à Execução”, a retificação dos cálculos.

A primeira dúvida que surge com relação ao apontamento das diferenças diz respeito à

apresentação da matéria ao advogado do Réu, ou seja, de que forma o Perito Assistente

deverá enviar os apontamentos para o advogado.

Duas são as formas de apresentação das diferenças apuradas:

1. Através de parecer técnico apontando todas as diferenças na

conta, item a item, de forma pormenorizada e fundamentada;

2. Peça processual pronta inerente aos “Embargos à Execução”,

com todos os requisitos exigidos para a apresentação dos

embargos, com o apontamento das diferenças, item a item, de

forma pormenorizada e fundamentada.

Se a escolha for pelo parecer técnico, o Perito Assistente deverá informar no documento

todos os dados do caso: número do processo, vara do trabalho, nome do reclamante,

nome do reclamado, e indicar que o parecer trata de “Embargos à Execução”. Em

seguida deverá apontar de forma técnica, item a item, verba a verba, quais são as

diferenças encontradas de forma bem explícita, clara, pormenorizada, e, ainda,

quantificando as incorreções. Deverá, ainda, enviar um novo cálculo demonstrando

quais são os valores reconhecidos pelo Réu. O cálculo deverá ser apresentado junto com

os embargos à execução, lembrando que os valores passam a ser considerados pelo Juiz

como devidos pela empresa.

Assim que o advogado receber o parecer técnico, deverá copiar todos os apontamentos

consignados no laudo do Perito Assistente para a peça de embargos à execução,

devidamente formatada, para posterior envio ao Juiz.

Se a escolha for pela peça processual pronta, há que se dar especial atenção à forma de

apresentação da peça. Neste caso, o advogado apenas deverá assinar o trabalho e

protocolizar na vara do trabalho correspondente (ou via sistema), juntamente com os

cálculos de liquidação reconhecidos pelo Réu.

A melhor técnica é realizar o trabalho já com a peça processual, uma vez que as

matérias que apontam as incorreções nos cálculos homologados são de conhecimento

técnico do Perito Assistente. Se houver a necessidade de qualquer intervenção do

advogado, este poderá complementar os embargos propostos ou efetuar correções no

texto da peça processual. Para a apresentação direta da peça processual, recomenda-se a

utilização de uma linguagem adequada, ajustada à linguagem técnica jurídica.

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4 – Quando Embargar uma Conta de Liquidação

Essa é a primeira pergunta que se faz com relação aos embargos à execução. Embora o

art. 884 da CLT não deixe claro qual é a data de início para a contagem dos 05 (cinco)

dias para Réu apresentar os embargos aos cálculos homologados, na prática a data tem

início a partir da data em que o Juízo foi garantido pelo Réu.

Recordando: Garantia do Juízo é quando o réu efetua o depósito

do valor apontado nos cálculos homologados ou quando oferece

bens a penhora (um “bem” que fica à disposição do Juiz como

garantia da execução).

O prazo para apresentação dos embargos é controlado pelo advogado do Réu. O Perito

deve ter em mente que, embora o prazo seja de 05 (cinco) dias, na prática esse prazo

acaba sendo bem menor, 02 (dois) ou 03 (três) dias em média, apenas. Quando o Perito

Assistente aceita o trabalho, deve estar ciente que será o responsável pelo prazo a partir

de então, respondendo por perdas e danos, caso existam incorreções nos cálculos e não

apresente o trabalho até o vencimento do prazo definido nos autos.

Respondendo o questionamento com relação a “quando” embargar um cálculo de

liquidação, alguns passos devem ser seguidos:

1º - Data Para Apresentação dos Embargos: é evidente que em primeiro lugar deve

ser observado o período para a apresentação dos embargos. A data deverá ser informada

pelo advogado do Réu, entretanto, o Perito Assistente deverá estar atento ao prazo, para

que não ocorra uma preclusão em face de uma informação equivocada. A contagem

deverá iniciar a partir da data da garantia do juízo encerrando após 05 (cinco) dias,

prazo fatal.

2º - Cálculo Totalmente Independente: após receber os autos, o Perito Assistente

deverá elaborar uma nova conta, totalmente independente daquela apresentada nos

autos, de maneira a elaborar uma conta que não seja viciada, ou seja, que contenha os

mesmos erros e equívocos que porventura existam nos cálculos homologados. Agindo

desta maneira, o Perito Assistente poderá confrontar o total devido, verba a verba.

O cálculo deverá ser elaborado como se fosse o primeiro, seguindo todos os

procedimentos, parâmetros, critérios e determinações contidas nas decisões consignadas

nos autos. Para tanto, o Perito Assistente deverá: elaborar o resumo da condenação;

efetuar a extração de todos os dados e valores diretamente dos documentos colacionados

aos autos; deverá fazer a seleção das planilhas eletrônicas relativas às verbas deferidas;

definir o período de cálculo; lançar os valores extraídos diretamente dos documentos

colacionados aos autos; finalizar os cálculos com a demonstração didática de cada

parcela de maneira individual.

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Ao elaborar a conta, por uma questão lógica, o Perito Assistente deverá adotar todos os

critérios, parâmetros e interpretação lógica e jurídica que tragam o melhor resultado a

favor do seu cliente, no caso, o reclamado, lembrando que todas as diferenças apontadas

devem ser fundamentadas nos embargos à execução, sob pena de multa por “litigância

de má fé”. Significa dizer, que a matéria deve ter fundamento lógico e técnico, não

podendo ser inventada ou criada a seu bel-prazer.

3º - Confronto dos Cálculos: este é um procedimento técnico extremamente

importante. É neste ponto que ocorrem as grandes falhas no procedimento de

contestação dos cálculos apresentados nas reclamatórias trabalhistas. De posse dos

novos cálculos, o Perito Assistente deverá confrontar os resultados. O confronto pode

ocorrer de duas formas: Primeiro em relação ao total dos cálculos; Segundo em relação

ao valor de cada verba calculada.

Com relação ao montante total (valor total apresentado no resumo geral), três são as

possibilidades que podem ocorrer no confronto dos cálculos (Perito Assistente x

Cálculos Homologados):

- O resultado poderá ser idêntico, com diferença inexpressiva ou

insignificante, o que significa que a conta está correta;

- O cálculo apresentado nos autos é inferior ao cálculo elaborado

pelo Perito Assistente. Isso pode significar que existem diferenças

em favor do reclamante. Neste caso, cabe ao reclamante apontar

as possíveis diferenças existentes;

- O cálculo apresentado nos autos é superior ao cálculo elaborado

pelo Perito Assistente. Neste caso, o Perito Assistente deverá

apontar por meio de “Embargos à Execução”, quais são as

diferenças de forma: técnica, pormenorizada e detalhada.

Com relação ao valor de cada verba, o confronto dos valores deve ser realizado de

forma individual. Existindo diferenças as mesmas devem ser apontadas por meio dos

embargos.

ATENÇÃO – DICA IMPORTANTE

Mesmo que o cálculo homologado seja “inferior” ao cálculo elaborado para o Réu pelo

Perito Assistente, o valor de cada verba ou parcela deverá ser confrontado. Digamos que

houve condenação de 10 parcelas. Ao confrontar os valores, o total dos cálculos

apresenta-se menor que o cálculo do Réu (elaborado pelo Perito Assistente). Em uma

análise mais elaborada, o Perito do Réu constata que 09 parcelas são menores e apenas

01 parcela é maior do que aquelas contidas em seus cálculos. Neste caso, o Perito

deverá refazer a sua conta, considerando o mesmo valor das 09 parcelas calculadas a

menor nos cálculos homologados, ou seja, deve copiar o valor de cada uma das 09

parcelas para o seu cálculo e deve manter o cálculo da parcela de menor valor.

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Por uma consequência lógica, o novo cálculo será menor do que o cálculo homologado,

pois todas as parcelas têm o mesmo resultado, com exceção de uma, cujo valor é menor

e deverá ser impugnada (embargada). É claro que o valor da parcela tem que ser

expressivo a tal ponto que justifique esse tipo de procedimento. Se isso ocorrer, o Perito

do Réu sempre deverá impugnar o cálculo da parcela, tomando o cuidado de manter as

demais parcelas com igual valor contido nos cálculos apresentados nos autos.

Esse procedimento parece ser impróprio, mas não é. Veja, o Perito contratado tem que

defender os interesses do Réu. Se uma parcela apenas estiver incorreta nos cálculos

conferidos, esta deverá ser corrigida.

A pergunta que se faz é a seguinte: - E as 09 parcelas que foram calculadas a menor? A

resposta é simples. O interesse de agir, neste caso, é da parte contrária, ou seja, o

reclamante. É o Perito Assistente do reclamante que deverá apontar as diferenças nos

cálculos, é ele que deve defender os interesses do seu cliente.

Vejamos a consequência ocasionada em função da falta de impugnação da verba:

O Perito do Réu ao confrontar o total dos cálculos, verificou que havia uma substancial

diferença a menor que favorecia seu cliente, e, por achar que os cálculos eram bem

favoráveis, não contestou a única verba calculada a maior nos cálculos homologados

nos autos, cuja diferença redundava em R$ 5.000,00 (cinco mil reais). O total geral

encontrado no cálculo da empresa foi de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais) e o

total apresentado nos cálculos homologados foi de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais). O

reclamante, por outro lado, contratou um Perito Assistente que impugnou a conta,

apontando todas as incorreções nos cálculos homologados tendo êxito em sua

manifestação. O total da conta ficou em R$ 125.000,00 (cento e vinte e cinco mil reais),

após a impugnação proposta pelo reclamante.

Qual o procedimento correto a ser adotado por ambos os Peritos (reclamante e

reclamado) para este caso?

- O Perito do Réu tem o dever de apontar a incorreção na ordem de R$ 5.000,00 (cinco

mil reais), inerente à verba calculada a maior pelo Perito, através de embargos à

execução. Na apresentação dos cálculos, entretanto, deve manter o mesmo valor

encontrado pelo Perito do Juízo para as demais parcelas, efetuando a correção e

consequente redução de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), para a única parcela calculada

em desfavor de seu cliente. Neste caso, o cálculo apresentado pela empresa redundaria

em R$ 55.000,00 (cinquenta e cinco mil reais). Não cabe ao Perito do Réu efetuar

qualquer correção em favor do reclamante. Não é sua função e não foi contratado para

isso. É seu dever defender o interesse do seu cliente, no caso, o Réu. Aqui cabe uma

recomendação importante. Ao efetuar a conta correta na ordem de R$ 120.000,00 (cento

e vinte mil reais), embora o Perito apresente nos autos R$ 55.000,00 (cinquenta e cinco

mil reais) para efeito de “Embargos à Execução”, deverá informar ao seu cliente o

correto valor dos cálculos. Isso poderá ocasionar um acordo entre as partes antes mesmo

do julgamento dos embargos à execução, visto que o Réu terá a informação do real

valor devido e terá a informação da impugnação proposta pelo reclamante requerendo a

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retificação dos cálculos. Isto ocorre quando o caso é bem cuidado, proporcionando a

minimização dos prejuízos.

- O Perito do Reclamante, por outro lado, tem o dever de apontar as diferenças em favor

do seu cliente. Deve fazer isso através de uma peça processual denominada de

impugnação à sentença de liquidação. Ao impugnar a conta homologada nos autos, o

perito assistente do reclamante deverá abordar todas as matérias de interesse do seu

cliente, tão-somente. Na apresentação dos cálculos, deverá apontar os novos valores das

verbas impugnadas, mantendo inalterado o valor da verba incorreta de interesse do Réu,

considerando nos cálculos o mesmo valor apresentado pelo Perito Judicial. Não cabe ao

Perito do Reclamante efetuar qualquer correção em favor do Réu. Não é sua função e

não foi contratado para isso. É seu dever defender o interesse do seu cliente, no caso, o

Reclamante.

Resultado das ações:

1º Se ambas as partes (reclamante e reclamado) apontarem de forma correta as

diferenças consignadas nos cálculos homologados pelo juízo, apresentados pelo Perito

Judicial, o resultado deve ser pelo acolhimento das manifestações através da decisão de

impugnação à sentença de liquidação e embargos à execução. Neste caso o resultado da

conta ficaria em R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais).

2º Se apenas o Reclamante apresentar impugnação aos cálculos homologados através de

impugnação à sentença de liquidação, e o Réu se omitir, o Juiz poderá acolher

totalmente a manifestação autoral. Neste caso o resultado da conta ficaria em R$

125.000,00 (cento e vinte e cinco mil reais), ou seja, R$ 5.000,00 (cinco mil) a maior.

3º Se apenas o Réu se insurgir contra os cálculos apresentados pelo Perito do Juízo, e o

Reclamante se omitir (deixar de impugnar), o Juiz poderá acolher a manifestação

patronal. Neste caso a conta ficaria em R$ 55.000,00 (cinquenta e cinco mil reais).

Esse exemplo demonstra claramente as diversas possibilidades que podem ocorrer em

uma reclamatória trabalhista. Cabe destacar, ainda, a importância de se contratar bons

profissionais para a realização dos trabalhos.

Então, quando embargar?

1º quando abrir o prazo para que o Réu faça a conferência dos cálculos homologados

pelo Juízo;

2º quando, após a conferência dos cálculos homologados, ficar evidente a incorreção

dos mesmos;

3º quando, após a conferência dos cálculos, ficar evidente que o critério técnico ou a

tese adotada nos cálculos homologados, não são favoráveis. Neste caso não há erro na

conta e sim aplicação de critério ou tese desfavorável. Os embargos devem apontar a

nova tese ou critério mais favorável à parte, cabendo ao Juiz definir a questão.

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4º quando, após a conferência dos cálculos homologados, restar evidenciado qualquer

erro material, que poderá ser corrigido de ofício pelo Juiz por simples manifestação, ou,

através de embargos à execução.

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5 – Porque Embargar uma Conta de Liquidação

É função do Perito Assistente contratado pelo Reclamado dizer se os cálculos

apresentados nos autos e homologados pelo Juiz estão corretos ou não.

A análise deve ser minuciosa e o Perito Assistente deverá verificar com atenção os

seguintes pontos:

- Se as verbas contidas nos cálculos homologados condizem com aquelas

deferidas nos autos;

- Se o Perito Judicial extraiu corretamente todos os valores consignados

nos documentos colacionados aos autos para a realização da conta;

- Se os parâmetros definidos na sentença foram corretamente aplicados

nos cálculos homologados;

- Se as teses aplicadas nos cálculos para efeito de cálculo das verbas

deferidas são favoráveis ao seu cliente;

- Se existe algum erro material na conta homologada.

Portanto, a resposta para o tópico é simples, ou seja, sempre que o Perito Assistente

constatar qualquer incorreção nos valores consignados nos cálculos homologados, e

que, obviamente, tragam prejuízo ao seu cliente, deverá apontar de forma técnica essas

diferenças, atentando para todos os detalhes, parâmetros e determinações contidas nos

autos.

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6 – Como Embargar uma Conta de Liquidação

Aqui reside o segredo do sucesso da manifestação patronal contra possíveis incorreções

nos cálculos homologados pelo Juízo. Para tanto, o Perito Assistente deverá estar

preparado tecnicamente para expressar de forma correta, todas as diferenças,

incorreções e inconsistências contidas na conta homologada.

A primeira escolha diz respeito à forma de envio da manifestação ao advogado do Réu,

que será o responsável pelo envio da manifestação e juntada aos autos. A manifestação

poderá ser enviada através de parecer técnico ou peça de “Embargos à Execução” já

pronta.

Destaca-se, entretanto, que o mais importante é a matéria, é a forma como o texto é

escrito e como as diferenças são descritas para que o juiz possa julgá-las. É importante

ater-se à clareza das informações, precisão nos apontamentos, quantificação das

diferenças, descrição e definição das incorreções, item a item, de forma pormenorizada.

A linguagem utilizada não pode ser pobre, mas, também não deve ser rebuscada, sob

pena de distorcer o tema, ou não atingir o objetivo, que é demonstrar, de forma efetiva,

onde residem as diferenças apontadas.

As parcelas incorretas devem ser separadas por título. Exemplo: 1. Diferenças Salariais;

2. Horas Extras; 3. Adicional Noturno; 4. Adicional de Periculosidade; e assim por

diante.

O texto apontando as incorreções deve ter início, meio e fim.

Início da Manifestação: Após o título da verba embargada, o Perito Assistente deve

fazer um breve relato, chamando a atenção do Juiz da existência das diferenças.

Exemplo 1: “Não há como prosperar a conta apresentada pelo Sr.

Perito sob o título de Diferenças Salariais, em razão das incorreções a

seguir apontadas”.

Exemplo 2: “Os cálculos homologados resultam incorretos quanto ao

título em epígrafe, visto que, trazem em seu bojo algumas diferenças, as

quais serão apontadas abaixo”.

Exemplo 3: “Os cálculos apresentados nos autos merecem ser retificados

em face das diferenças ora apontadas”.

Os exemplos acima demonstram algumas formas de chamar a atenção do julgador, é

uma introdução técnica adotada para informar ao Juiz que existem possíveis diferenças

nos cálculos homologados. A linguagem apresentada merece um destaque especial, ou

seja, deve ser clara, objetiva, técnica e bem definida. A linguagem deve atingir o

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objetivo inicial, que é o de chamar a atenção do julgador para a incorreção da conta, não

deixando margem para outro tipo de interpretação.

Meio da Manifestação: O meio do texto deve fazer referência à diferença propriamente

dita. O texto deve descrever exatamente onde reside a diferença na conta, de forma

pormenorizada, quantitativa e clara. Neste ponto, sempre que necessário, o Perito

Assistente deverá apresentar o cálculo correto comparando com o cálculo incorreto da

verba, demonstrando de forma incisiva onde reside a incorreção. A fundamentação da

matéria tem que ser consistente, ou seja, ela deve trazer elementos que comprovem as

diferenças apontadas e que efetivamente venham convencer o julgador de que o cálculo

deverá ser retificado.

Exemplo: “O Sr. Perito considerou 10% de diferenças salariais a partir

do mês de junho de 2009, contrariando frontalmente o que restou

efetivamente determinado nos autos, ou seja, as diferenças são devidas a

partir do mês de junho de 2010. Tal procedimento distorceu por

completo os cálculos apresentados nos autos, visto que apontam

diferenças para o período de junho de 2009 a maio de 2010,

indevidamente. Vejamos como restaram determinadas as diferenças

salariais no título executivo: “O reclamante comprovou nos autos que as

diferenças salariais na ordem de 10% não foram corretamente quitadas.

Em razão do exposto, defiro em favor da parte autora as diferenças

salariais requeridas na exordial na ordem de 10%, devidas a partir de

junho de 2010, até o final da contratualidade. Reflexos sobre: aviso

prévio, 13º salário, férias, terço de férias e FGTS 11,2%”.

Final da Manifestaçao: O final do texto refere-se ao pedido de acolhimento das

diferenças apontadas e reforma dos cálculos homologados. O fechamento segue sempre

um padrão, com algumas variações, e tem por objetivo o requerimento de acolhimento

das diferenças apontadas e consequente reforma dos cálculos.

Exemplo: “Em face do exposto, requer-se a retificação da conta,

devendo para tanto o Sr. Perito aplicar o adicional de 10% para efeito

de diferenças, sobre o salário de junho de 2010 e não junho de 2009,

como consignado na conta, restando devidas diferenças a partir de tal

data. Resultam indevidas as diferenças apontadas no período anterior a

junho de 2010. Os reflexos, por acessórios do principal, seguem a

mesma sorte. Pela reforma”.

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7 – Exemplos de Peças de Embargos à Execução

A seguir estaremos apresentando diversos modelos de peças de embargos à execução,

contendo alguns temas que foram efetivamente contestados, para demonstrar como são

realizadas as referidas peças processuais.

Se futuramente você vier a realizar algum trabalho que necessite do apontamento de

diferenças sobre os cálculos homologados apresentados nos autos, poderá utilizar o

mesmo formato de qualquer das peças apresentadas a seguir, pois os exemplos foram

extraídos de casos reais. Lembre-se, apenas, que devem ser alterados os dados do

processo, as partes, advogado que irá assinar a manifestação e, por óbvio, as matérias

embargadas.

Com isso, você já tem um dos atalhos do caminho das pedras. De preferência envie a

peça pronta ao advogado, para que ele analise e assine. Ele poderá efetuar as alterações

ou incrementos que achar necessário.

Sugerimos que você leia e analise com atenção os textos que apontam as diferenças. São

textos claros e objetivos, que demonstram exatamente quais são as diferenças

apontadas.

As manifestações a seguir são divididas por itens, indicando o título da verba a ser

impugnada. Os textos sempre iniciam de forma a chamar a atenção do juiz para uma

possível incorreção da conta apresentada nos autos. No corpo do texto ocorre a

descrição e o detalhamento das diferenças de forma que o juiz compreenda que os

cálculos estão incorretos. Por último, para cada item o réu requer a reforma ou

retificação dos cálculos.

São técnicas que devem ser adotadas para que a peça processual atinja o seu objetivo,

que, no caso, é a reforma ou retificação dos cálculos homologados, apresentados nos

autos.

16

7.1. Exemplo I – Peça de Embargos à Execução

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DO TRABALHO DA MM. ... VARA DO TRABALHO DE CURITIBA, PARANÁ AUTOS RT Nº AUTOR(A):

XXXXXXXXXXXX (Reclamado), já devidamente

qualificado nos autos em epígrafe, por seus procuradores judiciais adiante

assinados, vem perante Vossa Excelência, com fulcro no art. 884 e parágrafos

da CLT, em laudas, servindo a cópia como protocolo para os efeitos do art.

160 do CPC, apresentar, tempestivamente, seus EMBARGOS À EXECUÇÃO,

fazendo-o pelas razões de fato e de direito que se passa a aduzir:

Das Horas Extras

Os cálculos homologados incorrem em equívoco quanto

à apuração das horas extras deferidas, no tocante à aplicação média de horas extras

devidas, senão vejamos:

17

Ocorre que, para o período que vai desde a prescrição

até julho/2001, a apuração das horas extras deve ser efetuada com base na

quantidade média encontrada entre as horas extras apuradas nos demais meses do

período imprescrito.

Observa-se, entretanto, que a apuração de horas

realizada nos cálculos apresentados pelo Sr. Perito, em momento algum considerou a

média de horas de forma correta, pois verifica-se nos cálculos uma quantidade de

horas muito superior ao que realmente é devido, como aponta o quadro de fls. ... dos

autos.

A média correta de horas extras a ser aplicada aos

cálculos resulta em 22,86 horas, com base nas horas extras efetivamente apuradas

nos meses cujos cartões pontos forma juntados aos autos, cumprindo-se exatamente

o que restou determinado na sentença. A média deve ser utilizada para efeito de

cálculo dos meses cujos cartões não contam nos autos.

Veja-se que, seguindo o cartão ponto de mês de março

de 2000, como determinado, a correta quantidade para a apuração das horas extras

nos termos do comando decisório, é de 22,86 e não a absurda quantidade

apresentada nos cálculos homologados.

O mesmo ocorre na apuração das horas extras relativas

à violação do artigo 71 da CLT, onde os cálculos homologados apresentam

quantidade completamente incongruente de horas intervalares, majorando a

execução, motivo pelo qual, não devem prevalecer os cálculos homologados.

No período a partir de agosto de 2001, os cálculos

homologados também restam equivocados, eis que, não consideram corretamente a

jornada fixada nos autos, majorando a execução.

Assim, os cálculos homologados incorrem em equívoco

quanto à apuração efetuada no tocante às horas extras, ocasionando inequívoco

excesso de execução, bem como favorecendo o enriquecimento indevido do

reclamante, além de violar inexoravelmente os termos da coisa julgada, o que não

deve prevalecer.

Pelo exposto, requer-se a reforma dos cálculos homologados.

18

Das Horas Extras – Abatimentos de Valores Pagos

Os cálculos apresentados pelo Sr. Perito deixam de observar corretamente os valores já quitados pela empresa reclamada no período contratual.

De acordo com as fichas financeiras juntadas aos autos,

no mês de outubro/2002, a empresa pagou ao reclamante a importância na ordem de R$ 63,43 (sessenta e três reais e quarenta e três centavos), referente às horas extras laboradas nos sábados.

Todavia, os cálculos periciais deixam de observar a

quitação da referida importância, desconsiderando o referido pagamento. Cabe destacar, que a r. decisão imposta nos autos,

determinou de forma expressa o abatimento dos valores pagos a título de horas extras, e, deste modo, todos os valores pagos e consignados nos recibos de pagamentos colacionados aos autos devem ser abatidos do cálculo das horas extras.

Pelo exposto, requer-se a reforma dos cálculos

homologados.

REQUERIMENTO FINAL

Diante do exposto, a Reclamada requer o

julgamento pela total procedência dos presentes EMBARGOS À EXECUÇÃO,

com o consequente refazimento dos cálculos homologados, bem como

devolução dos valores depositados a maior, como de direito!

Nestes termos,

pede deferimento.

Cidade, ... de ..... de 2015.

19

7.2. Exemplo II – Peça de Embargos à Execução

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA MMª ... VARA FEDERAL DO TRABALHO DE (Cidade) – (Estado) AUTOS Nº. ...: RT – 00000-2015-000-00-00-0

XXXXXXX (Reclamado), já qualificado nos autos do processo em epígrafe, de reclamação trabalhista, onde contende contra XXXXXXXX (Reclamante) , vem, mui respeitosamente, à presença de V. Exa., por seu procurador judicial, infra firmado, para apresentar EMBARGOS À EXECUÇÃO, motivo qual pede vênia a V. Exa., para expor e no final, requer o que segue:

HORAS EXTRAS – DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA Não concorda a reclamada com os cálculos periciais

apresentados, visto que, o “Expert” considerou, indevidamente, reflexos das horas extras em aviso prévio, férias + 1/3, 13° salário e multa de 40% sobre FGTS, quando, o reclamante foi dispensado por justa causa.

Ocorre que, equivocadamente, o auxiliar do Juízo apurou

os reflexos das horas extras sobre aviso prévio, férias + 1/3, 13° salário e multa de 40% do FGTS, entretanto, o reclamante foi dispensado por justa causa, conforme termo de rescisão do contrato de trabalho de fl. 79 dos autos, não sendo devidos os reflexos calculados sobre as referidas parcelas.

20

Destaca-se que, até mesmo o v. acórdão proferido pelo

E. Tribunal Regional manifestou-se expressamente neste sentido, senão vejamos:

Fl. ... (verso) “Assim, em face de todo exposto, entendo motivada a dispensa do autor, não fazendo o mesmo jus ao aviso prévio indenizado, férias proporcionais, 13° salário e FGTS do mês da rescisão, mais multa de 40% nem a liberação dos depósitos.”

Como visto no texto sentencial transcrito acima, a justa

causa foi mantida, não sendo devidos quaisquer reflexos sobre: férias proporcionais + 1/3, 13° salário, aviso prévio indenizado e multa de 40% do FGTS.

Assim, os cálculos periciais merecem reforma, devendo

para tanto, o auxiliar do Juízo proceder a exclusão dos reflexos das horas extras sobre: férias proporcionais + 1/3, 13° salário, aviso prévio indenizado e multa de 40% do FGTS, em face da dispensa do reclamante por justa causa.

Pela reforma. REQUERIMENTO À vista do exposto, requer-se o recebimento da presente

manifestação (EMBARGOS À EXECUÇÃO), determinando o refazimento da conta, consoante fundamentação suso esposada. E assim fazendo, estar-se-á distribuindo às partes, a mais salutar Justiça!

Nestes Termos Pede Deferimento Curitiba, ... de .... de 2.015

21

7.3. Exemplo III – Peça de Embargos à Execução

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA MMª ª VARA FEDERAL DO TRABALHO DE (Cidade)- (Estado). AUTOS Nº. ...: RT – 00000-2015-000-00-00-0

XXXXXXXXXX (Reclamado), já qualificado nos autos do processo em epígrafe, de reclamação trabalhista, onde contende contra XXXXXXXXXX (Reclamante), vem, mui respeitosamente, à presença de V. Exa., por seu procurador judicial, infra firmado, para apresentar EMBARGOS A EXECUÇÃO, motivo qual pede vênia a V. Exa., para expor e no final, requer o que segue:

DOMINGOS E FERIADOS LABORADOS – REFLEXOS

INDEVIDOS Não houve, em momento algum dos autos, qualquer

concessão em favor da autora a título de reflexos dos domingos laborados sobre qualquer outra verba.

Vale lembrar, que os reflexos deferidos pelo Juízo

referem-se, única e exclusivamente, às horas extras (excedentes da 8ª diária e 44ª semanal), senão vejamos:

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“Por habituais, as horas extras geram reflexos em repousos semanais remunerados e, juntamente com estes, em aviso prévio indenizado, férias acrescidas de 1/3, 13º salário, FGTS (8%) e indenização de 40%.”

No comando sentencial o Juízo reporta-se aos domingos

e feriados da seguinte maneira: “a) Incidência do adicional legal de 50% sobre o valor da hora normal, devendo, ainda, em relação ao trabalho em domingos e feriados, incidir o adicional dobrado, nos termos da Súmula 146 do TST;”

O texto mostra que há uma evidente distinção entre as horas extras e os domingos e feriados trabalhados. O Juízo reporta-se somente às horas extras quando do deferimento dos reflexos, não estando inclusas as horas trabalhadas nos domingos e feriados.

Assim, sendo, requer-se a exclusão dos valores calculados pelo Sr. Contador a título de reflexos dos domingos e feriados sobre: DSRs, aviso prévio, 13º salários, férias, terço de férias e FGTS 11,2%).

Pela reforma. DOMINGOS E FERIADOS LABORADOS – REFLEXOS

INDEVIDOS – DSR´s Caso não seja provido o item anterior, requer-se a

reforma dos cálculos elaborados pelo Sr. Contador quanto a incidência de reflexos dos repousos semanais laborados (domingos e feriados) sobre repousos semanais remunerados.

Incidir as horas prestadas em domingos e feriados sobre

repousos semanais significa refletir repouso semanal (domingos e feriados) sobre repouso semanal (domingos e feriados), ou seja, é a incidência de uma determinada verba sobre ela mesma, ensejando duplicidade de valores ou “bis in idem”.

É o mesmo caso de se estar refletindo 13º salário em 13º

salário ou férias em férias. Os domingos e feriados são os repousos semanais e

estão sendo remunerados em dobro, não cabendo reflexos destes sobre eles mesmos.

23

Isto posto, requer-se a retificação da conta, para que sejam excluídos os reflexos dos domingos e feriados sobre DSRs (domingos e feriados).

As diferenças atingem os reflexos sobre as demais

verbas. Acolha-se.

FGTS - SOBRE PRINCIPAL

O FGTS é devido tão-somente sobre o principal da verba

horas extras, não havendo que se falar em incidência sobre os reflexos advindos das referidas parcelas sobre: aviso prévio, 13º salários, férias e terço de férias.

Ocorre que r. sentença determinou que apenas o principal das horas extras é que geram reflexos sobre as demais parcelas, entre elas incluindo o FGTS, senão vejamos:

“Por habituais, as horas extras geram reflexos em repousos semanais remunerados e, juntamente com estes, em aviso prévio indenizado, férias acrescidas de 1/3, 13º salário, FGTS (8%) e indenização de 40%.”

O texto sentencial transcrito acima deixa claro que

somente as horas extras (principal) é que repercutem sobre o FGTS, as demais verbas reflexas não.

Em razão do exposto, prejudicados os cálculos apresentados a título de FGTS pela inclusão indevida de parcelas não determinadas nos autos (reflexos sobre aviso prévio, 13º salários, férias, terço de férias).

Pela reforma. REQUERIMENTO À vista do exposto, requer-se o recebimento da presente

manifestação (EMBARGOS A EXECUÇÃO), determinando o refazimento da conta, consoante fundamentação suso esposada. E assim fazendo, estar-se-á distribuindo às partes, a mais salutar Justiça!

Nestes Termos Pede Deferimento Curitiba, ... de .... de 2.015.

24

7.4. Exemplo IV – Peça de Embargos à Execução

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA MMª ...ª VARA FEDERAL DO TRABALHO DE (Cidade)-(Estado). AUTOS Nº. ...: RT – 0000000-00.2015.00.00.0000

XXXXXXXXXXX (Réu), já qualificado nos autos do processo em epígrafe, de reclamação trabalhista, onde contende contra XXXXXXX (Autor), vem, mui respeitosamente, à presença de V. Exa., por seu procurador judicial, infra firmado, para apresentar EMBARGOS A EXECUÇÃO, nos termo do art. 884 da CLT, motivo qual pede vênia a V. Exa., para expor e no final, requer o que segue:

SALÁRIO “POR FORA” – REFLEXOS EM DSR’S

A reclamada não concorda com os cálculos periciais

apresentados no que se refere aos reflexos do salário “Por Fora” sobre DSR’s, senão vejamos:

Ocorre que, inexiste nos autos determinação “expressa”,

condenado a reclamada no pagamento de reflexos do salário pago “Por Fora” sobre “Repousos Semanais Remunerados”.

Observa-se, entretanto, que este não foi o entendimento

adotado pelo auxiliar do Juízo, quando da elaboração da conta de liquidação,

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visto que, o “Expert” está considerando valores reflexos a título de DSR, inerentes ao salário “Por Fora”.

O equivoco pericial é facilmente detectado e está

estampado no quadro de fl. ... dos autos. Vejamos como restou proferida a r. sentença: “Dessa forma, defiro o pedido de pagamento das diferenças reflexas dos valores pagos a título de coordenação em 13o salários, férias acrescidas de 1/3 e FGTS (8% + 40%), observando os valores constantes nos recibos juntados às fls. 135/165.”

Como visto no trecho sentencial transcrito acima, a

executada foi condenada no pagamento de reflexos do salário “Por Fora” apenas em: férias + 1/3, 13º salário e FGTS.

Vale destacar, ainda, que a r. sentença primeira não restou alterada por decisões posteriores, devendo prevalecer os limites impostos pelo Julgador.

Isto posto, requer-se a retificação da conta pericial, devendo para tanto o Sr. Perito, excluir dos cálculos apresentados, os reflexos do salário “Por Fora” sobre os Repousos Semanais Remunerados, sob pena de restarem extrapolados os limites impostos à lide.

Pela reforma.

DIFERENÇAS SALARIAIS – FORMA DE CÁLCULO

A reclamada não concorda com os cálculos periciais

apresentados no que se refere às diferenças salariais apuradas, visto que, não demonstrado pelo auxiliar do Juízo a forma de cálculo utilizada para encontrar o montante mensal devido, senão vejamos.

Observe-se, nos valores apresentados pelo auxiliar do

Juízo de fls. ... dos autos, que o “Expert” não demonstrou de forma clara e pormenorizada como chegou ao valor mensalmente devido a título de diferenças salariais em face da redução salarial.

Cabe destacar, que os cálculos foram genericamente

realizados, tendo considerado na base de cálculo das diferenças salariais a integração de diversas parcelas, distorcendo o resultado final da conta.

Ora, se na base de cálculo já foram integradas algumas

parcelas, diga-se, não demonstradas pelo Sr. Contador, não cabem as demais

26

integrações realizadas (reflexos), uma vez que, claramente configurado a duplicidade de integração, e mais, integração de parcelas consignadas na base de cálculo das diferenças (não demonstradas pelo auxiliar do juízo) sobre outras verbas, integração esta não determinado nos autos e tampouco demonstrada pelo Sr. Peito.

Os cálculos apresentados pela reclamada apontam de

forma quantitativa e pormenorizadas as diferenças salariais devidas, devendo estas serem tomadas como a base de cálculo das referidas diferenças.

Isto posto, requer-se a retificação dos cálculos

elaborados pelo Auxiliar do Juízo a título de diferenças salariais, devendo para tanto o mesmo, tomar como base de cálculo os valores consignados no quadro acima.

Acolha-se

REFLEXOS DAS PARCELAS DEFERIDAS SOBRE

DSR´S (PROFESSOR) Equivocadamente o auxiliar do Juízo considerou como

DSR´s, para efeito de cálculo dos reflexos das parcelas deferidas, na proporção entre os dias úteis trabalhados e os domingos e feriados, ignorando totalmente os repousos semanais (1/6) inerentes à categoria dos professores, senão vejamos:

Ocorre que o reclamante faz parte de uma categoria

diferenciada, existindo legislação específica para o cálculo dos DSR’s, sendo estes devidos à proporção de 1/6, conforme Enunciado 351 do TST.

Neste sentido: TST Enunciado nº 351 - Res. 68/1997, DJ 30.05.1997 - Mantida - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Professor - Salário Mensal à Base de Hora-Aula - Repouso Semanal - O professor que recebe salário mensal à base de hora-aula tem direito ao acréscimo de 1/6 a título de repouso semanal remunerado, considerando-se para esse fim o mês de quatro semanas e meia. Assim, a correta proporção a ser considerada para o

cálculo dos DSR’s, conforme o Enunciado 351 do TST é 1/6. Em razão do exposto, prejudicados os cálculos

apresentados a título de reflexos sobre os DSR’S, inerentes as seguintes

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parcelas deferidas nos autos: horas extras, horas intervalares, diferenças salariais, salário pago “Por Fora”. Os cálculos periciais merecem ser reformados, neste sentido.

Acolha-se.

DAS HORAS EXTRAS – BASE DE CÁLCULO – INTEGRAÇÃO INDEVIDAS DE PARCELAS REFLEXIVAS

O valor da hora extra, consignado nos cálculos

elaborados pelo Auxiliar do Juízo, encontra-se equivocado em todo o período calculado.

Ocorre que o critério adotado pelo Perito para efeito de

cálculo do valor hora, conflita diretamente com os parâmetros estabelecidos nos autos, bem como com os critérios estabelecidos nas CCT´s colacionadas aos autos e, principalmente, com a forma de pagamento dos salários, que era pago e calculado com base em valor hora fixo mensal.

O salário mensal pago ao reclamante, sempre foi

calculado pela multiplicação do valor hora pelo número de horas trabalhadas em cada período, e, deste modo, a base de cálculo, para efeito de cálculo das suplementares, deve seguir no mesmo sentido, ou seja, com base no valor hora aula pago em cada mês.

Observa-se nos cálculos de fls. ... dos autos, que o Sr.

Perito considerou como base de cálculo do valor hora, parcelas de caráter reflexo, ou seja, “DSR’s”, “Gratificação Apoio”, “Gratificação de Mestre” e “Quinquênio”. Vale dizer que, todas são parcelas sobre as quais as horas extras é que refletem ou geram reflexos, e que, de forma alguma podem ou devem compor a base de cálculo das suplementares.

Cita-se, por exemplo, a hora atividade, que se trata de

atividades realizadas pelo autor no período laboral fora do horário efetivo de aulas, remunerada na ordem de 12% do salário acrescido dos repousos semanais. Destaca-se que a base de cálculo da parcela é o salário + 1/6. O mesmo ocorre com as parcelas pagas sob os títulos de “Grat. Apoio Ativ. Ensino” na ordem de 10% e “Gratificação de Mestre” na ordem de 15%.

Todas são parcelas reflexas do salário mensal, de caráter

personalíssimo, destinadas ao pagamento de outras atividades realizadas durante a jornada contratual pactuada.

O valor da hora, para efeito de cálculo das horas extras,

está claramente e expressamente definido nas CCT´s colacionadas aos autos, senão vejamos:

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43 – DAS HORAS EXTRAS – Fica estabelecido o percentual de 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor da hora normal, para o docente que laborar em horários excedente a sua jornada normal. (Grifamos...) Deste modo, o valor a ser adotado para efeito de cálculo

das suplementares é o valor hora aula sem qualquer acréscimo e não os valores considerados pelo Sr. Perito, integrados de: DSR´s, hora atividade, gratif. apoio ativ. ensino e gratificação mestre.

Com relação aos reflexos sobre os DSR´s (1/6) inerentes

à categoria dos professores. Neste caso, o título executivo determinou expressamente os reflexos tão-somente das horas extras sobre a referida parcela. Destaca-se, entretanto, que o Sr. Contador além de integrar os DSR´s na ordem de 1/6 na base de cálculo das suplementares, acrescidos ao valor da hora aula normal, efetuou novo cálculo ao integrar o DSR junto ao montante mensal de horas (número físico de HE + DSR), incorrendo em “bis in idem” no cálculo dos descansos semanais remunerados.

Quanto a gratificação de mestre e salário “por fora”, em

nenhum momento dos autos houve deferimento para integração ou reflexos das referidas parcelas sobre as horas suplementares, sendo indevida, portanto, tal integração, devendo o “Expert” excluir da base de cálculo e, ainda, não considerar nos reflexos.

Assim, a correta base de cálculo a ser considerada no cálculo das horas extras e horas intervalares deve ser composta tão-somente pelo valor hora aula mensal. Todas às demais verbas são parcelas reflexivas, não cabendo qualquer integração das mesmas para efeito de composição ou formação da base de cálculo das suplementares.

Ademais, a própria decisão sentencial em sede de

embargos declaratórios se manifesta neste sentido, senão vejamos: “No que se refere à base de cálculo das horas extras, mais uma vez sem razão o Embargante, eis que claro na sentença que as horas extras devem ser calculadas com base no valor da hora-aula paga, sobre a qual incide o adicional.”.

Desta forma, não há como se admitir os cálculos

homologados, eis que estes retratam inequívoco excesso de execução, além de contribuir para o locupletamento ilícito da obreira, bem como ferir os termos da coisa julgada, o que, certamente, não é o objetivo desta Justiça Especializada.

Pela reforma.

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REQUERIMENTO À vista do exposto, requer-se o recebimento da presente

manifestação (EMBARGOS A EXECUÇÃO), determinando o refazimento da conta, consoante fundamentação suso esposada. E assim fazendo, estar-se-á distribuindo às partes, a mais salutar Justiça!

Nestes Termos Pede Deferimento Curitiba, .. de ... de 2.015.

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7.5. Exemplo V – Peça de Embargos à Execução

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA MMª VARA FEDERAL DO TRABALHO DE (Cidade) – (Estado). AUTOS Nº. ...: RT – 00000-2015-000-00-00-0

XXXXXXXXXXXX (Reclamada), já qualificada nos autos do processo em epígrafe, de reclamação trabalhista, onde contende contra XXXXXXXXXXX (Reclamante), vem, mui respeitosamente, à presença de V. Exa., por seu procurador judicial, infra firmado, para apresentar EMBARGOS À EXECUÇÃO, nos termos do art. 884 da CLT, motivo qual pede vênia a V. Exa., para expor e no final, requer o que segue:

ADICIONAIS ESCALONADOS (SOMA DAS HORAS

EXTRAS + RSR’S)

Não concorda a reclamada com os cálculos periciais

apresentados, visto que a auxiliar do Juízo, somou às horas extras devidas com seus respectivos DSR’s, para depois, fazer o rateio das horas nos adicionais escalonados, critério este que não deve prosperar.

Ocorre que, para efeito de cálculo das horas extras,

deve-se observar primeiro o rateio do número de horas, com base no escalonamento definido nas CCT´s colacionadas aos autos, ou seja, até as 50 primeiras horas extras e após as 50 primeiras, e, sobre as horas previamente

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separadas calcular os respectivos DSR’s, como demonstrado no quadro a seguir:

Da forma como apresentado pela “EXPERT” nas

planilhas de fls. 443/444 dos autos, os DSR’s reflexos estão sendo calculados integralmente sobre as horas extras com adicional de 70%.

É preciso ressaltar, que os repousos semanais

remunerados são parcelas reflexas, ou seja, primeiro se calcula às horas extras separando-as entre as 50 primeiras e a seguintes, para então considerar os reflexos devidos, entre eles os DSR’s, sob pena de restar majorada a conta.

Assim sendo, para não gerar excesso na execução e

enriquecimento ilícito por parte do reclamante, para o cálculo das horas extras, deverá a Auxiliar do Juízo observar o rateio das horas extras apuradas, de acordo com o escalonamento estabelecido nas CCT´s colacionadas aos autos, para somente após efetuar o cálculo dos reflexos sobre os respectivos DSR’s das horas extras com 50% e 70% de adicional, restando impugnada a conta neste sentido.

Os reflexos, por acessórios, seguem a mesma sorte do

principal (aviso prévio, 13º salários, férias, terço de férias e FGTS 11,2%).

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Pela reforma. REQUERIMENTO À vista do exposto, requer-se o recebimento da presente

manifestação (EMBARGOS À EXECUÇÃO), determinando o refazimento da conta, consoante fundamentação suso esposada. E assim fazendo, estar-se-á distribuindo às partes, a mais salutar Justiça!

Nestes Termos Pede Deferimento Cidade (...), ... de ... de 2.015.

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8. Exemplo de Parecer Técnico

Vamos reproduzir na sequência alguns modelos de “pareceres técnicos”, que podem

ser encaminhados ao advogado em substituição à peça de “embargos à execução”,

utilizando as mesmas matérias aplicadas nas peças de “embargos à execução”,

apresentadas nos itens 7.1 a 7.5 acima:

8.1. Exemplo I - Parecer Técnico

PARECER TÉCNICO

A/C.: Dr. XXXXXXXXXXX

Autos No ............: RT 00000-0000-000-00-0 - VT de ....

Reclamante ........: XXXXXXXXXXX.

Reclamada .........: XXXXXXXXXXX.

Ref.: Matéria para Embargos à Execução aos Cálculos Homologados pelo Juiz

Prezado Dr. XXXXXXXX,

Após análise dos cálculos apresentados pelo Sr. Perito nos autos, concluímos pela

existência de algumas distorções.

Segue abaixo matéria para interpormos “Embargos à Execução” aos cálculos

apresentados pelo Sr. Perito e homologados pelo Juiz.

Att.

Curitiba, ... de .... de 2015.

Portal Cível & Trabalhista.

MATÉRIA PARA EMBARGOS À EXECUÇÃO

1. DAS HORAS EXTRAS

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Os cálculos homologados incorrem em equívoco quanto à apuração das horas extras

deferidas, no tocante à aplicação média de horas extras devidas, senão vejamos:

Ocorre que, para o período que vai desde a prescrição até julho/2001, a apuração das

horas extras deve ser efetuada com base na quantidade média encontrada entre as horas

extras apuradas nos demais meses do período imprescrito.

Observa-se, entretanto, que a apuração de horas realizada nos cálculos apresentados

pelo Sr. Perito, em momento algum considerou a média de horas de forma correta, pois

verifica-se nos cálculos uma quantidade de horas muito superior ao que realmente é

devido, como aponta o quadro de fls. ... dos autos.

A média correta de horas extras a ser aplicada aos cálculos resulta em 22,86 horas, com

base nas horas extras efetivamente apuradas nos meses cujos cartões pontos forma

juntados aos autos, cumprindo-se exatamente o que restou determinado na sentença. A

média deve ser utilizada para efeito de cálculo dos meses cujos cartões não contam nos

autos.

Veja-se que, seguindo o cartão ponto de mês de março de 2000, como determinado, a

correta quantidade para a apuração das horas extras nos termos do comando decisório, é

de 22,86 e não a absurda quantidade apresentada nos cálculos homologados.

O mesmo ocorre na apuração das horas extras relativas à violação do artigo 71 da CLT,

onde os cálculos homologados apresentam quantidade completamente incongruente de

horas intervalares, majorando a execução, motivo pelo qual, não devem prevalecer os

cálculos homologados.

No período a partir de agosto de 2001, os cálculos homologados também restam

equivocados, eis que, não consideram corretamente a jornada fixada nos autos,

majorando a execução.

Assim, os cálculos homologados incorrem em equívoco quanto à apuração efetuada no

tocante às horas extras, ocasionando inequívoco excesso de execução, bem como

favorecendo o enriquecimento indevido do reclamante, além de violar inexoravelmente

os termos da coisa julgada, o que não deve prevalecer.

Pelo exposto, requer-se a reforma dos cálculos homologados.

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2. DAS HORAS EXTRAS – ABATIMENTOS DE VALORES PAGOS

Os cálculos apresentados pelo Sr. Perito deixam de observar corretamente os valores já

quitados pela empresa reclamada no período contratual.

De acordo com as fichas financeiras juntadas aos autos, no mês de outubro/2002, a

empresa pagou ao reclamante a importância na ordem de R$ 63,43 (sessenta e três reais e

quarenta e três centavos), referente às horas extras laboradas nos sábados.

Todavia, os cálculos periciais deixam de observar a quitação da referida importância,

desconsiderando o referido pagamento.

Cabe destacar, que a r. decisão imposta nos autos, determinou de forma expressa o

abatimento dos valores pagos a título de horas extras, e, deste modo, todos os valores

pagos e consignados nos recibos de pagamentos colacionados aos autos devem ser

abatidos do cálculo das horas extras.

Pelo exposto, requer-se a reforma dos cálculos homologados.

36

8.2. Exemplo II - Parecer Técnico

PARECER TÉCNICO

A/C.: Dr. XXXXXXXXXXX

Autos No ............: RT 00000-0000-000-00-0 - VT de ....

Reclamante ........: XXXXXXXXXXX.

Reclamada .........: XXXXXXXXXXX.

Referente: Embargos à Execução

Prezado Dr. XXXXXXX,

Segue abaixo matéria para interpormos Embargos à Execução aos cálculos

homologados pelo Juiz nos autos.

Os cálculos do Perito apresentam-se incorretos em alguns pontos específicos.

Me coloco à sua disposição para esclarecimentos que se fizerem necessários.

Att.

Portal Cível & Trabalhista.

EMBARGOS À EXECUÇÃO – MATÉRIA

HORAS EXTRAS – DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA Não concorda a reclamada com os cálculos periciais apresentados, visto que, o “Expert” considerou, indevidamente, reflexos das horas extras em aviso prévio, férias + 1/3, 13° salário e multa de 40% sobre FGTS, quando, o reclamante foi dispensado por justa causa. Ocorre que, equivocadamente, o auxiliar do Juízo apurou os reflexos das horas extras sobre aviso prévio, férias + 1/3, 13° salário e multa de 40% do FGTS, entretanto, o reclamante foi dispensado por justa causa, conforme termo de rescisão do contrato de trabalho de fl. 79 dos autos, não sendo devidos os reflexos calculados sobre as referidas parcelas.

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Destaca-se que, até mesmo o v. acórdão proferido pelo E. Tribunal Regional manifestou-se expressamente neste sentido, senão vejamos: Fl. ... (verso)

“Assim, em face de todo exposto, entendo motivada a dispensa do autor, não fazendo o mesmo jus ao aviso prévio indenizado, férias proporcionais, 13° salário e FGTS do mês da rescisão, mais multa de 40% nem a liberação dos depósitos.”

Como visto no texto sentencial transcrito acima, a justa causa foi mantida, não sendo devidos quaisquer reflexos sobre: férias proporcionais + 1/3, 13° salário, aviso prévio indenizado e multa de 40% do FGTS. Assim, os cálculos periciais merecem reforma, devendo para tanto, o auxiliar do Juízo proceder a exclusão dos reflexos das horas extras sobre: férias proporcionais + 1/3, 13° salário, aviso prévio indenizado e multa de 40% do FGTS, em face da dispensa do reclamante por justa causa. Pela reforma.

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9 – Considerações Finais

Como visto, os cálculos homologados pelo Juiz merecem uma atenção especial por

parte do perito assistente que atua pelo réu, pois, é muito comum encontrar os mais

diversos tipos de diferenças nos referidos cálculos, algumas em razão de erro material,

outras em função de critério adotado, e ainda, temos aquelas que são decorrentes de

interpretação distorcida das decisões contidas nos autos.

A peça de embargos à execução visa corrigir essas incorreções, tornando-se um

instrumento essencial na fase de execução, pois tem o objetivo de alinhar os cálculos

aos objetivos do réu, que é o de ter um resultado que atenda os seus interesses.

Cabe destacar, ainda, que a manifestação deverá fazer referência a todas as possíveis

incorreções, visto que, mesmo que o juiz não acolha algum item dos embargos, será

possível abordar novamente a matéria em sede de agravo de petição, para apreciação de

uma das turmas do Tribunal Regional. Por uma questão óbvia, se uma determinada

matéria não foi ventilada nos embargos à execução, não poderá mais ser contestada nos

autos, tornando-se incontroversa a questão.

Por isso da importância de se fazer um cálculo totalmente independente daquele

apresentado nos autos, com a utilização das técnicas, interpretações, critérios e

parâmetros que favoreçam o Reclamado. A partir da conta realizada, fazer uma análise

de todos os pontos que se apresentem em discordância, quando comparados os cálculos,

descrevendo de forma individual, verba a verba, onde estão localizadas as diferenças. O

passo seguinte é descrever de forma concisa e detalhada as incorreções, demonstrando

de forma quantitativa as diferenças, para que o juiz possa decidir a questão.

Junto à peça de embargos à execução devem ser juntados os cálculos do réu contendo

todos os valores que o mesmo entende como devidos nos autos. O total apresentado

pelo réu se tornará incontroverso e já poderá ser liberado ao reclamante, pois, o que se

estará discutindo a partir da apresentação da conta, são as diferenças apontadas na

manifestação de embargos.

Uma vez apresentados os embargos à execução, resta ao réu esperar pela decisão do

juiz, que irá analisar a manifestação, acolhendo ou não as diferenças apontadas. Da

decisão, caberá ou não, agravo de petição junto ao Tribunal Regional.

Recomendamos que o aluno reveja os cases do Módulo II, relativos aos “Estudos de

Casos”, onde ocorre a aplicação prática da matéria ora estudada. A partir do “case IV”

os cálculos são apresentados nos autos e homologados pelo Juiz que em seguida, abre

prazo para que as partes tenham a oportunidade de verificar se a conta está correta ou

não, impugnando ou embargando os cálculos, quando constatada alguma incorreção. É a

aplicação da teoria e da técnica ao caso prático.