embargos à execução

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE APUCARANA, ESTADO DO PARANÁ Distribuição p/ dependência dos Autos nº.: 000 MARCIA DA CRUZ, brasileira, casada, inscrita no CPF/MF sob o nº 000, residente e domiciliada na Rua Valter José Rank, 000, Jardim Pinheiros, na cidade de Apucarana, Estado do Paraná, VALDEIR RIBEIRO, brasileiro, casado, empresário, portador da cédula de identidade R.G. n. 500000 SSP-PR, inscrito no CPF/MF sob n. 000, residente e domiciliado na Rua Valter José Rank, n. 1.390, Jardim Pinheiros, na cidade de Apucarana, Estado do Paraná, por si e neste ato também representando VR CONFECÇÕES LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ n.º 0000, sediada na Rua Caviúna, n. 290, N.H. Afonso Alves de Camargo, na cidade de Apucarana, Estado do Paraná, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, apresentar EMBARGOS À EXECUÇÃO em face BANCO SANTANDER (BRASIL) S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 1/35

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Page 1: Embargos à Execução

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA

CÍVEL DA COMARCA DE APUCARANA, ESTADO DO PARANÁ

Distribuição p/ dependência dos Autos nº.: 000

MARCIA DA CRUZ, brasileira, casada, inscrita no

CPF/MF sob o nº 000, residente e domiciliada na Rua Valter José Rank, 000,

Jardim Pinheiros, na cidade de Apucarana, Estado do Paraná, VALDEIR

RIBEIRO, brasileiro, casado, empresário, portador da cédula de identidade

R.G. n. 500000 SSP-PR, inscrito no CPF/MF sob n. 000, residente e

domiciliado na Rua Valter José Rank, n. 1.390, Jardim Pinheiros, na cidade

de Apucarana, Estado do Paraná, por si e neste ato também representando

VR CONFECÇÕES LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no

CNPJ n.º 0000, sediada na Rua Caviúna, n. 290, N.H. Afonso Alves de

Camargo, na cidade de Apucarana, Estado do Paraná, vem,

respeitosamente perante Vossa Excelência, apresentar

EMBARGOS À EXECUÇÃO

em face BANCO SANTANDER (BRASIL) S/A,

pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº

90.400.888/0001-42, com sede na Avenida Presidente Juscelino Kubitschek,

nº 2041 e 2235 – Bloco A, Vila Olímpia, na cidade de São Paulo, Estado de

São Paulo, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:

I – DA PRELIMINAR – JULGAMENTO ANTECIPADO DA AÇÃO DE

EXECUÇÃO

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Page 2: Embargos à Execução

Extinção sem julgamento do mérito - Inexistência de título

executivo – art. 585, II, do CPC.

O Exequente, ora Embargado, propôs Ação de

Execução de Título Executivo Extrajudicial perante a 2ª Vara Cível da

Comarca de Apucarana, requerendo o pagamento da importância do valor

de R$ 78.480,75 (setenta e oito mil quatrocentos e oitenta reais e setenta e

cinco centavos), com base na Cédula de Credito Bancário – Empréstimo

para Capital de Giro Garantido, contrato n.º 00331274300000006910,

celebrado em 03 de janeiro de 2012.

Ocorre, Excelência, como podemos verificar através

do documento juntado no sequencial n. 1.5 do feito, o documento não

constitui título executivo extrajudicial, uma vez que não possui os requisitos

formais exigidos por lei, em específico os contidos no art. 585, II, do CPC,

ou seja, a assinatura de duas testemunhas no documento particular.

“Art. 585 - São títulos executivos extrajudiciais:

(...)

II - a escritura pública ou outro documento público

assinado pelo devedor; o documento particular

assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o

instrumento de transação referendado pelo Ministério

Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados

dos transatores;

Assim, Excelência, o documento que é objeto de

Execução não possui característica de título executivo extrajudicial.

Nossos Tribunais corroboram com a formalidade

exigido legalmente, conforme adiante se vê:

EMBARGOS À EXECUÇÃO. INSTRUMENTO PARTICULAR

DE CONFISSÃO DE DÍVIDA. FALTA DA ASSINATURA DE

2/35

Page 3: Embargos à Execução

UMA TESTEMUNHA. NULIDADE DO TÍTULO.

IMPOSSIBILIDADE DE PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO

QUANTO À NOTA PROMISSÓRIA. RECURSO

DESPROVIDO. "Contrato não subscrito por duas

testemunhas não é título executivo." (STJ-4ª Turma,

REsp 13.393-MG, rel Min. Fontes de Alencar, j.

17.11.91, negaram provimento, v.u., DJU 6.4.92, p.

4.500).

"O contrato particular não subscrito por duas

testemunhas não é título executivo extrajudicial. A

nota promissória emitida em garantia da dívida

principal segue a sorte da invalidação do contrato,

pois a ele está vinculada. Reconhecida a

inexecutividade do contrato, ante a ausência de

assinatura testemunhal, a execução contra a cambial

dele decorrente não deve prosseguir, tendo em vista a

inexistência de título executivo extrajudicial

formalmente hígido." (TAPR, 8ª Câm. Cív., Ac. 7239,

Rel. Juiz Conv. José Molteni Filho)

“APELAÇÃO CÍVEL - EXECUÇÃO DE TÍTULO

EXTRAJUDICIAL - INSTRUMENTO PARTICULAR

ASSINADO PELA DEVEDORA E POR APENAS UMA

TESTEMUNHA - AUSÊNCIA DE REQUISITO EXIGIDO PELO

ART. 585, II DO CPC - INEXISTÊNCIA DE TÍTULO

EXECUTIVO - IMPOSSIBILIDADE DE ASSINATURA

POSTERIOR AO AJUIZAMENTO DA AÇÃO E À CITAÇÃO

DOS EXECUTADOS - NULIDADE DA EXECUÇÃO -

SENTENÇA QUE EXTINGUIU O FEITO SEM EXAME DE

MÉRITO CORRETA - RECURSO DESPROVIDO.” (TJPR -

13ª C.Cível - AC 0616562-4 - Londrina - Rel.: Des.

Cláudio de Andrade - Unânime - J. 13.01.2010)

3/35

Page 4: Embargos à Execução

“APELAÇÃO CÍVEL - EXECUÇÃO DE TÍTULO

EXTRAJUDICIAL - ASSINATURA DE APENAS UMA

TESTEMUNHA - TÍTULO SEM OS REQUISITOS FORMAIS

EXIGIDOS - DECISÃO MANTIDA - RECURSO

DESPROVIDO. A assinatura de somente uma

testemunha, e não de duas como expressamente

previsto no inciso II, do art. 585, retira do documento

particular a característica de título executivo

extrajudicial.” (TJPR - 14ª C.Cível - AC 0342114-5 -

Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba -

Rel.: Des. Glademir Vidal Antunes Panizzi - Unânime -

J. 04.06.2008)

Por fim, deve ser julgado antecipadamente a Ação

de Execução de Título Extrajudicial n.º 0002960-19.2013.8.16.0044, a fim

de extinguir os Autos sem resolução do mérito, pela inexistência de título

executivo extrajudicial, uma vez que o documento apresentado no

sequencial n. 1.5 do feito não preenche as formalidades exigidas pelo art.

585, II, do CPC.

II DOS FATOS

Caso não seja o entendimento desde juízo, pela

extinção dos Autos de Execução pela falta de título executivo, conforme

acima fundamentado, o que não se espera e nem se admite, passamos a

análise e fundamentação dos presentes Embargos à Execução.

O Exequente, ora Embargado, propôs Ação de

Execução de Título Executivo Extrajudicial perante a 2ª Vara Cível da

Comarca de Apucarana, requerendo o pagamento da importância do valor

de R$ 78.480,75 (setenta e oito mil quatrocentos e oitenta reais e setenta e

cinco centavos), com base na Cédula de Credito Bancário – Empréstimo

para Capital de Giro Garantido, contrato n.º 00331274300000006910,

celebrado em 03 de janeiro de 2012.

4/35

Page 5: Embargos à Execução

Segundo o contrato, o Embargante obteve a

liberação em sua conta corrente do valor de R$ 63.000,00 (oitenta mil

reais), que deveria ser pago a em 12 (doze) parcelas, com primeiro

vencimento em 03/02/2012 e ultimo 03/01/2013.

Ocorre que tendo em vista a abusividade de juros e

demais ilegalidades que serão apontadas a seguir, fizeram com que os

embargantes fossem impossibilitados de cumprirem integralmente o

acordado.

O Embargado exige dos Embargantes o pagamento

do saldo devedor no valor de R$ R$ 78.480,75 (setenta e oito mil

quatrocentos e oitenta reais e setenta e cinco centavos), no entanto, o

valor devido pelos Embargantes é consideravelmente menor àquele

imputado pelo Banco, consoante se demonstrará com o deslinde do feito.

O saldo imputado pelo Embargado está incorreto

frente a ocorrência de aplicação de taxas de juros acima do limite legal e

da taxa SELIC, de forma capitalizada, cobrança de diversos encargos

abusivos, dentre outros.

Logo, conforme fundamentação abaixo apresentada,

deverá ser a presente julgada totalmente procedente, a fim de rever o

contrato em foco e restabelecer o necessário equilíbrio contratual.

II - DO DIREITO

II. 1 Da Aplicação do Código de Defesa do Consumidor e suas

Conseqüências, bem como a Possilidade de Revisão do Contrato

O Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo

2º, assim conceitua a figura do consumidor:

“Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que

adquire ou utiliza produto ou serviço como

destinatário final”.

5/35

Page 6: Embargos à Execução

Porém, pelas discussões já instauradas em nossos

Tribunais, o conceito de consumidor independe do fato de ser ele o

destinatário final do produto ou serviço adquirido, em verdade, deve-se

tomar em consideração para fins de se determinar qual seja o consumidor,

a posição de vulnerabilidade pelo mesmo assumida na relação com o

fornecedor.

Ora, no vertente caso, a vulnerabilidade dos

Embargantes insurge-se de sua inferioridade econômica frente ao

Embargado, a qual traduz-se, em um primeiro momento, marcada pela

celebração de contratos abusivos, unilaterais e extremamente onerosos, o

qual sequer foi entregue cópia aos Embargantes no ato da contratação.

Aliado a isto, a confiança depositada no Embargado,

levou os Embargantes a firmarem contratos constituídos de cláusulas

preestabelecidas, de maneira tendenciosa e abusiva, cujo real alcance e

consequências desconheciam.

Destarte, a lei expressamente elenca como

fornecedores as pessoas jurídicas que desenvolvam atividade financeira

como o Embargado.

Diante da aplicação do Código de Defesa do

Consumidor foram introduzidos dois princípios elementares ao novo direito

dos contratos, o princípio da boa-fé e da justiça contratual.

Com isso, os contratos em geral, não mais são

vistos como algo estático e individual, mas dinâmico e social, necessários

para o comércio jurídico e para a satisfação de interesses legítimos.

Esse novo entendimento possibilita desmistificar o

princípio pacta sunt servanda, frente à justiça contratual, a tutela da

confiança e da boa-fé. O contrato deve ser instrumento de necessidades

individuais e coletivas, não para a supremacia de um contratante sobre o

outro ou para que esse enriqueça as custas daquele.

6/35

Page 7: Embargos à Execução

Se essa é a tendência no momento, ou seja, aplicar

o Código de Defesa do Consumidor sempre que se estiver à frente de

contratantes economicamente desnivelados, nada mais justo que aplicá-lo

também ao contrato em foco e de adesão, onde ou o cliente adere,

aceitando as condições impostas, ou não adere e permanece sem recursos

para comprar ou manter seu negócio.

Este entendimento se consolida, quando o Código

Civil de 2002, prevê em seu artigo 421 a mitigação da liberdade contratual,

in verbis:

“Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em

razão e nos limites da função social do contrato.”

Então, a liberdade de contatar está limitada pela

supremacia da ordem pública, que veda convenção que lhe seja contrária,

de forma que a vontade dos contratantes está subordinada ao interesse

coletivo, mas também pela função social do contrato, que condiciona ao

atendimento do bem comum e dos fins sociais.

Assim, fica patente que a vontade declarada pelo

consumidor não é absoluta, uma vez que ele simplesmente adere ao

contrato, não o discutindo, possibilitando com isso, o reexame da base e do

conteúdo do negócio para se estabelecer se existe ou não justiça

contratual.

Para evitar que os Requerentes ao aderirem ao

contrato fiquem sujeitos aos ditames impostos pelo Requerido, impõem-se

algumas normas de ordem pública e de natureza cogente que servirão para

reger o contrato de adesão, tornando a relação a mais justa e equilibrada

possível.

Neste sentido, faz necessário que o Requerido

forneça todas as informações sobre as características do contrato a que

está se aderindo:

7/35

Page 8: Embargos à Execução

“Art. 52 do CDC - No fornecimento de produtos ou

serviços que envolvam outorga de crédito ou

concessão de financiamento ao consumidor, o

fornecedor deverá, entre outros requisitos, informá-lo

prévia e adequadamente sobre:

(...)

II - montante dos juros de mora e da taxa anual de

juros;”

O valor dos juros deverá observar o limite

constitucional de 12% ao ano, segundo artigo 192, § 3º da Constituição

Federal, devendo ser informado ao consumidor, expressamente qual a taxa

de efetiva anual dos juros.

O Código de Defesa do Consumidor é claro ao

impossibilitar a imposição de cláusulas leoninas, que provoquem o

desequilíbrio das partes na execução de determinado contrato, e tampouco

na admissibilidade de cláusula que implique em evidente situação de

enriquecimento sem causa, conforme artigo 6º, III e V, 51, I, XI, 54.

Outro fator a ser analisado é a aplicação de multa

moratório no patamar de 2% (dois por cento), segundo disposição expressa

do Código de Defesa do Consumidor.

Por fim, o Código Civil de 2002, prevê a incidência

do princípio da boa-fé nos contratos ao consagrar no artigo 422, in verbis:

“Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar,

assim na conclusão do contrato, como em sua

execução, os princípios de probidade e boa-fé.”

Assim, o diploma civilista traz expressamente o

interesse social das relações jurídicas, uma vez que as partes têm o dever

de agir com lealdade e confiança recíprocas, na evolução de todo o

contrato.

8/35

Page 9: Embargos à Execução

Sendo assim, é perfeitamente passível a aplicação

dos ditames do Código de Consumidor na relação de direito material ora

deduzida, devendo seus preceitos ser aplicados in totum.

II. 2 Do Procedimento Utilizado pelo Banco para a Cobrança do

Saldo Devedor Apurado no Contrato de Conta Corrente

Ao efetuar os lançamentos postos a crédito nos

contratos de abertura de conta corrente, o Banco adotava um

procedimento flagrantemente contrário à lei, pois a sistemática utilizada

volta-se sorrateiramente à obtenção de valores acrescidos de juros

capitalizados e outros encargos que culminavam no anatocismo.

Tal análise é possibilitada tecnicamente através dos

laudos de perícia contábeis anexos, elaborados com base nos extratos das

contas correntes, cujas planilhas demonstram a diferença entre o valor

cobrado e o real valor devido.

Assim ficou evidente que o Banco obteve lucros

extremos e ilegais através da aplicação exponencial de juros abusivos

sobre saldos já expressos na sua forma potencializada. Ou seja, o agente

financeiro efetuou a cobrança de valores, referentes aos contratos, que

incorporavam as quantias relativas aos juros juntamente ao capital.

Tal prática possibilitou a cobrança de quantias muito

superiores àquelas efetivamente emprestadas aos tomadores

(correntistas), conforme evidenciam as planilhas de cálculos da perícia ora

apresentada pelos Requerentes.

Na medida em que os correntistas não amortizavam

o saldo devedor num determinado período, o Banco incorporava ao capital

os juros apurados nos períodos anteriores, para somente depois aplicar a

correção monetária e a taxa de juros referente ao período subsequente.

9/35

Page 10: Embargos à Execução

Apesar da capitalização de juros ser notoriamente

combatida pelos nossos Tribunais, o Banco-réu adotou essa prática através

de seus procedimentos de cobrança, e ainda, manifestamente a incrustou

em seu contrato de renegociação, por meio de cláusulas abusivas.

II 3 Da nulidade dos contratos de abertura de créditos em conta

corrente face a capitalização de juros e incidência de outras taxas

ilegais e da possibilidade de revisão deste.

Como se demonstrará através, os saldos devedores

seriam sensivelmente diminuídos, ante o mero expurgo da aplicação de

juros abusivos de forma capitalizada.

Outrossim, insta atentar-se para o teor do Código

Civil de 1916 e 2002, são taxativos em determinar que o ato jurídico é nulo

quando for ilícito, ou impossível o seu objeto, bem como quando a lei

taxativamente o delcara nulo ou lhe negar efeito.

Como se depreende da legislação pertinente,

estando comprovada a cobrança de juros sobre juros, o ato é nulo.

E tanto é assim, que em recente entendimento do

Superior Tribunal de Justiça foi plasmado na Súmula 93, que só pode haver

capitalização de juros onde houver Lei a conferir tal direito, situações

excepcionalíssimas.

No caso concreto, permissa venia, a Lei dispõe

expressamente o contrário: o Decreto nº 22.626/33 é taxativo em declarar

a nulidade da estipulação, conferindo, ainda, a possibilidade de repetição

do que houver sido pago a mais.

Por outro lado, além da capitalização efetuada,

repudiada pelos Tribunais como acima exposto, outro motivo de cunho

lógico leva à apreciação da conta corrente: as operações que originaram a

renegociação do débito apurado nas contas correntes, sob a forma de

contrato de empréstimo, guardam nítida relação com este, não podendo

ser consideradas como fatos distintos e independentes, visto que todas

10/35

Page 11: Embargos à Execução

foram pactuadas com a finalidade precípua da consolidação de débito que,

em verdade, é sensivelmente inferior.

Ora, evidentemente não se pode validar obrigações

nulas ou ilegais, através do instituto da novação.

A conclusão que literalmente emana deste

dispositivo, tendo em vista que acessorium sequitur suum principale, é que

as operaçãoes subseqüentes as primeiras, ou seja, as novações operadas

através dos contratos de empréstimo em apreço, restaram inquinadas pela

apontada nulidade e, assim sendo, não podem subsistir no mundo jurídico.

A renegociação de dívida em que foram embutidos

juros capitalizados e outros encargos ilegais que incidiram nas operações

decorrentes do desenvolvimento das contas correntes, em flagrante

inobservância à disposição contida no artigo 4.°, do Decreto n.º 22.626/33,

também importa em expressa violação às normas do BANCO CENTRAL,

verbis:

“É vedado ao banco comercial:

...

c) renovar empréstimos com a incorporação de juros e

encargos de transação anterior, ressalvados os casos

de composição de créditos de difícil e duvidosa

liquidação; (MNI-Bacen, item 16.7.2.2., alínea “c”)

Como de hialina clareza, resta estreme de

controvérsias que além de infringir a legislação aplicável à espécie e os

princípios contratuais modernos, o Banco, com o intuito de maximizar seus

lucros, exponenciando as taxas contratadas pela nefasta prática da

capitalização dos juros, o que não tem previsão legal, violou as normas de

boa técnica bancária.

Coadunando deste entendimento, assim têm se

manifestado as Cortes brasileiras:

11/35

Page 12: Embargos à Execução

“COMERCIAL – EMPRÉSTIMO BANCÁRIO – CONTRATOS

EXTINTOS POR NOVAÇÃO – POSSIBILIDADE DE REVISÃO

– Os contratos extintos por novação estão sujeitos à

revisão judicial, porque a novação não válida

obrigações nulas (CC, art. 1.007). Hipótese, todavia,

em que os juros não podem ser limitados à taxa de

12% A.A. Recurso especial conhecido e provido.” (STJ –

REsp – 152937 – RS – 3ª T. – Rel. Min. Ari Pargendler –

DJU 29.10.2001 – p. 00200)

“NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS – AÇÃO REVISIONAL

– Cabível a juntada documentação relativa a todo o

relacionamento negocial mantido entre as partes, ante

a configuração de continuidade, não podendo a

novação validar obrigações nulas ou ilegais (art.

1.007, do CC). Inviável impor, ao credor, que comprove

o cumprimento da obrigação contida no art. 43, § 2º,

do CDC, a qual se destina ao arquivista. Agravo

parcialmente provido.” (TJRS – AGI 70.000.309.641 –

13ª C.Cív. – Rel. Des. José Antonio Cidade Pitrez – J.

23.03.2000)

“AÇÃO REVISIONAL – CONTRATOS BANCÁRIOS –

CONTA-CORRENTE E TERMO DE RENEGOCIAÇÃO DE

DÍVIDA – Revisão retroativa com base em dispositivos

do Código de Defesa do Consumidor e Código Civil.

Limitação da taxa remuneratória em 12% a.a.

Capitalização anual. Exclusão da comissão de

permanência. Adoção do IGP-M como índice de

correção monetária. Multa contratual de 10% mantida,

reduzida, no entanto, para 2% a partir do termo de

renegociação, realizado após a alteração do art. 52,

par. 1, do Código de Defesa do Consumidor, ocorrida

em 01.08.96. Apelo do banco desprovido. Apelo do

12/35

Page 13: Embargos à Execução

autor parcialmente provido.(09 fls).” (TJRS – APC

70000847566 – 12ª C.Cív. – Rel. Des. Orlando Heemann

Júnior – J. 29.06.2000)

“REVISIONAL – CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO

EM CONTA CORRENTE E RENEGOCIAÇÃO DO SALDO

DEVEDOR – Possibilidade de revisar-se todo o período

da contratualidade. Revisão com base em dispositivos

do Código de Defesa do Consumidor. Abusividade

caracterizada. Limitação da taxa de juros a 12% ao

ano. Capitalização anual, por força do art. 4º da Lei de

Usura. Apelo do Banco improvido.” (TJRS – AC

70.000.824.243 – 12ª C.Cív. – Rel. Des. Orlando

Heemann Júnior – J. 30.03.2000). (grifo nosso).

Desta forma, há que ser declarada a nulidade da

capitalização de juros e de outros encargos ilegítimos, que se afastados

culminariam na apuração de saldo credor aos Requerentes.

II. 4 Das Cláusulas Abusivas

Resta demonstrado que, não recebem amparo legal

contratos que exibam cláusulas abusivas que venham prejudicar o

consumidor, atribuindo-lhe obrigações que não lhes são devidas ou que

deixem em desvantagem exagerada, obrigando-lhe, por exemplo, a pagar

prestações com encargos que onerem o contrato, e que falta supedâneo

para serem utilizados nas prestações.

Pois bem, o artigo 51, do CDC, estabelece em seus

incisos que são nulas as cláusulas que:

A) estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas,

que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou

sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade (inciso IV);

B) permitam ao fornecedor direta ou indiretamente, variação

do preço de maneira unilateral (inciso X).

13/35

Page 14: Embargos à Execução

Inegável que o fornecedor utiliza-se de encargo

indevido está infringindo disposição do inciso X, do artigo 51 do CDC.

Fica evidenciada a presente prática, pois o

Requerido prevê a variação indireta do preço, majorando-o e elevando o

saldo devedor dos consumidores ora Requerentes.

Esta elevação além das implicações de ilegalidade

da forma com ela é calculada, por si só é abusiva e iníqua, sendo assim

nula nos termos do inciso IV, do artigo 51 e seu parágrafo primeiro do CDC.

“Art. 51 – São nulas de pleno direito, entre outras, as

cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de

produtos e serviços que:

(...)

IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas,

abusivas, que coloquem o consumidor em

desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com

a boa fé pu a equidade;

(...)

§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a

vantagem que:

I – ofende os princípios fundamentais do sistea jurídico

a que pertence;

II – restringe direitos ou obrigações fudamentais

inerentes à natureza do contrato, de tal modo a

ameaçar seu objeto ou o equlíbrio contratual;

III – se mostra excessivamente onerosa para o

consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo

do contrato, o interesse das partes e outras

circunstâncias peculiares ao caso.”

14/35

Page 15: Embargos à Execução

Por fim, define o artigo 51 do CDC o que seria

vantagem exagerada em seu parágrafo 1º, inciso II e III, estabelecendo que

se presume exagerada a cláusula que restringe direitos ou obrigações

inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou o

equilíbrio contratual, bem como se mostra excessivamente onerosa para o

consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o

interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.

Ou seja, em havendo desequilíbrio (e houve já que

se elevou a prestação acima da inflação a se aplicaram juros além do limite

legal), mostra-se abusiva e ilegal a cláusula de reajuste do contrato,

devendo ser declarada nula.

O Código de Defesa do Consumidor inova

consideravelmente o espírito do direito das obrigações, e relativo à máxima

pacta sunt servanda. A nova lei reduz o espaço antes reservado para a

autonomia da vontade, proibindo que se pactuem certas cláusulas,

impondo normas imperativas que pretegem o consumidor, reequilibrando o

contrato, garantindo as legítimas expectativas que depositou no vínculo

contratual.

Não é possível permitir-se que a liberdade

contratual transforme-se, em instrumento iníquo de exploração dos

contratantes hipossuficientes.

Dentro do princípio da onerosidade excessiva deve-

se medir objetivamente o desequilíbrio advindo do negócio, devido a

insuportabilidade de seu cumprimento pelos contratantes.

Esta lesão objetiva torna-se evidente quando um

dos contratantes só tem benefícios frente a desproporção das prestações,

auferindo do contrato um lucro absurdamente maior do que a

contraprestação a que se obrigou .

II. 5 - Das Cláusulas Potestativas

15/35

Page 16: Embargos à Execução

Ao passar pelas diversas abusividades, chega-se,

por conseqüência, à análise da validade das estipulações contratuais, das

cláusulas tendentes a onerar em demasia o negócio jurídico.

No contrato em foco, encargos praticados pelo

Requerido ficam única e exclusivamente na sua liberdade de regulação,

ferindo o texto de lei, que veda qualquer tipo de capitalização de juros.

Outrossim, havendo definição do percentual de

multas e taxas que incidiriam no contrato, acima do limite legal, ditos

encargos são indevidos, na medida em que não condizem com os princípios

da transparência, equidade e justiça.

Neste passo serão nulas estas cláusulas, pela

simples leitura do artigo 145, inciso V, do Código Civil de 1916 e artigo 166

do Código Civil de 2002.

Em última análise, são nulas quaisquer medidas de

aplicação de encargos sem a devida previsão legal, bem como contratual,

uma vez contrárias aos diplomas legais pertinentes à matéria.

Neste sentido, as decisões dos Tribunais

posicionam-se no seguinte sentido:

“TJSC – CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO EM

CONTA CORRENTE – Atualização monetária – Adoção da

Taxa Referencial (TR) – Admissibilidade desde que,

previamente pactuado entre as partes.

CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO EM CONTA

CORRENTE – Juros. Capitalização mensal –

Inadmissibilidade mesmo quando pactuada, pois

implicaria em remuneração por um capital que não

fora emprestado pelo credor.

16/35

Page 17: Embargos à Execução

TJPR – JUROS – Capitalização anual – Incidência sobre

saldos líquidos em conta corrente – Admissibilidade,

DESDE QUE aja contratação entre as partes –

Interpretação do art. 4º do Dec lei 22.626/33.

II.6 Da Natureza Jurídica do Negócio: Contratos de Adesão –

Relação de Consumo

O contrato de adesão, que atualmente vem

despertando atenção especial do legislador e da doutrina pela sua

desvirtuada utilização, é entendido como aquele em que constem cláusulas

preestabelecidas unilateralmente pelo economicamente mais forte, sem

que o outro possa discutir ou modificar substancialmente o conteúdo do

contrato escrito, já que se encontra em posição diametralmente inferior.

Nestes moldes, torna-se inafastável o entendimento

de que os contratos aqui discutidos subsumem-se perfeitamente a essa

hipótese, uma vez que o consumidor limita-se a aceitar em bloco as

cláusulas que foram unilateral e uniformemente pré-elaboradas pelo

requerido, assumindo, assim, um papel de simples aderente à vontade

manifestada no instrumento contratual massificado.

Em conseqüência destas assertivas, a própria Lei

determina a necessária interpretação mais favorável ao aderente, pois a

interpretação do contrato de adesão mereceu especial atenção da doutrina

e jurisprudência desde a sua identificação, sendo regra geral que se

interprete o contrato de adesão, especialmente as suas cláusulas dúbias,

contra aquele que redigiu o instrumento (Lei n.º 8.078/90, artigos 47 e 54).

Esta submissão fundou-se basicamente em dois

motivos: a necessidade permanente de recursos, unida à confiança

depositada no requerido, o que, na prática, se transformou num

instrumento vil de exploração econômica.

II. 7 Da Onerosidade Excessiva decorrente do Desequilíbrio

Negocial

17/35

Page 18: Embargos à Execução

Do desequilíbrio negocial advém a onerosidade

excessiva a uma das partes que compõem a relação contratual. Isso ocorre

quando um dos contratantes sofre enriquecimento exacerbado, enquanto

que o outro sofre empobrecimento excessivo.

É patente a desarmonia dos contratos em apreço

com o disposto no parágrafo primeiro, do artigo 51 e no seu inciso IV, do

Código de Defesa do Consumidor, o qual faz alusão á proibição das

cláusulas que sejam incompatíveis com a boa fé ou a eqüidade.

Não é possível permitir-se que a liberdade

contratual transforme-se, em instrumento iníquo de exploração dos

contratantes hipossuficientes.

Dentro do princípio da onerosidade excessiva deve-

se medir objetivamente o desequilíbrio advindo do negócio, devido a

insuportabilidade de seu cumprimento pelos contratantes.

Esta lesão objetiva torna-se evidente quando um

dos contratantes só tem benefícios frente a desproporção das prestações,

auferindo do contrato um lucro absurdamente maior do que a

contraprestação a que se obrigou .

Desnecessário acentuar que ao direito repugna à

atuação ilícita e mesmo o enriquecimento sem causa, pois neles reside a

lesão. Portanto, objetivamente, havendo desequilíbrio nas prestações, deve

haver o restabelecimento da igualdade entre os contratantes.

É de fundamental importância ressaltar que a base

do negócio foi desfeita, tendo em vista que o que os requerentes

evidentemente esperavam não foi cumprido, o que desencadeou a

inexecução dos contratos por parte do requerido, uma vez que exige juros

acima do limite legal, capitalizando-o, por mera liberalidade.

Sendo assim, o simples desequilíbrio contratual,

evidente ante as inúmeras irregularidades ora apontadas acarretam a

18/35

Page 19: Embargos à Execução

necessidade de revisão contratual, com a finalidade de reposição das

partes a uma situação de equilíbrio contratual.

II. 8 - Dos Contratos de Conta-Corrente

Os contratos de abertura de créditos em contas

correntes celebrados entre os Embargantes e o Banco, certamente,

operaram-se a pré-fixação e capitalização de juros abusivos.

Em outras palavras, restou ao banco total liberdade

para fixação de taxas de juros, cláusula penal e correção monetária, além

da administração dos lançamentos na conta corrente.

Vislumbra-se, portanto, que o Banco, ao seu

exclusivo critério e conveniência, procedia aos lançamentos de débitos e

créditos originários das operações celebradas com os Requerentes.

Ressalte-se, também, que sobre os eventuais saldos devedores apurados, o

Banco nunca deixou de cobrar juros a taxas diversas, frise-se,

unilateralmente pré-fixadas.

De acordo com o magistério de J. X. CARVALHO DE

MENDONÇA tem-se como definição legal de conta-corrente, negócio

bilateral, consensual, oneroso e de execução continuada. É o contrato

segundo o qual são reunidos em uma massa homogênea alguns ou todos

os negócios, mediante recíprocas remessas que, anotadas na conta, se

transformam em partidas de débitos e créditos, verificando-se, por ocasião

do seu encerramento, ou período de tempo convencionado, ou, ainda,

quando cessado o prazo de resgate dos contratos de financiamento que

dela se utilizou para surtirem os fins desejados pelas partes, o saldo

devedor que deve ser pago por aquele que se mostrar devedor.

Com fulcro na definição jurídica de conta-corrente,

verifica-se que o conjunto de operações continuamente praticadas entre os

Requerentes e o Banco, não devem ser analisadas através da

individualização de cada uma das operações, mas sob a ótica da unidade

das operações praticadas.

19/35

Page 20: Embargos à Execução

O mestre ORLANDO GOMES, tratando dos contratos

de conta corrente, assim esclarece:

"As remessas são anotadas na conta, tornando-se

inexigíveis até ser a mesma fechada. Por outras

palavras, os valores inscritos na conta corrente

perdem sua exigibilidade autônoma. O Banco somente

pode reclamar o saldo da conta em seu vencimento".

Deflui-se então, que os lançamentos oriundos da

movimentação de todas as operações, culminam em saldo (devedor ou

credor) que haveria de ser apurado necessariamente de maneira única, ou

seja, considerando o conjunto de operações como partidas decorrentes de

uma operação maior, a “massa homogênea” citada por J. X. CARVALHO

MENDONÇA.

O método utilizado para verificação do saldo

devedor em conta corrente, aplicado e usualmente acatado pelas

Instituições Bancárias como correto, consiste em:

(a) no final do período determinam-se os saldos diários da

conta-corrente, obtidos da diferença entre débitos e créditos;

(b) a partir desses saldos, calculam-se os juros pela taxa

utilizada pelo banco;

(c) o total dos juros do período calculados da forma acima, é

incorporado ao saldo devedor final da conta corrente, isto é,

capitalizado, observado o prazo legal, que no caso é de um

ano, ex vi do artigo 4° do Decreto n.º 22.626/33.

Demonstrado tratar-se da espécie conta corrente

deveriam ter sido observados os preceitos aplicáveis à espécie contida na

essência dos negócios jurídicos sub examem.

Aliás, essa assertiva encontra-se bem amealhada

por NELSON ABRÃO, quando aponta:

20/35

Page 21: Embargos à Execução

“Segundo Giacomo Molle, a expressão ‘conta-corrente’ foi

introduzida pelos banqueiros venezianos do XII° século nas contas

que abriam a seus correspondentes do levante, provavelmente

referindo a existência de uma relação de negócio durável entre as

partes, isto é metaforicamente de uma corrente de negócios que a

conta espelha”

Inobservada tal inafastável condicionante, houve a

capitalização dos juros como se pode ver da simples observação dos

extratos em anexo, o que é ratificado pela perícia técnica.

II. 9 - Da Vedação da Capitalização de Juros

Quanto a capitalização de juros, a mesma não

possui qualquer respaldo legal, frente a Lei de Usura (art. 4º) e a Súmula nº

121 do Supremo Tribunal Federal:

“É vedada a capitalização de juros, ainda que

expressamente convencionada.”

Sendo a Lei de Usura, proibitiva da capitalização de

juros, de natureza infraconstitucional, sua incidência somente poderia ser

afastada por leis de igual hierarquia.

Por este motivo, é tranqüila a jurisprudência do

Superior Tribunal de Justiça no sentido de que a capitalização de juros

somente é permitida quando exista expresso dispositivo de lei que a

autorize, que são as relativas a créditos rurais (DL 167/67, art.º 5º), créditos

industriais (DL 413/69, art.º 5º) e créditos comerciais (Lei 6840/80, artº 5).

O STJ reafirmou a tese de proibir a capitalização, no

RE 56.556-1-RS em que foi relator o Min. Eduardo Ribeiro, conforme ementa

abaixo transcrita:

“Juros. Capitalização. Persiste a vedação estabelecida

na Lei de Usura, salvo o contido em leis especiais.”

(RSTJ, 82/193, junho/1996).

21/35

Page 22: Embargos à Execução

Portanto, o entendimento de que a norma do artigo

192, parágrafo terceiro da Constituição Federal é auto-aplicável, está

demonstrado pelo acima exposto, bem como pelas decisões que estão

sendo proferidas no Poder Judiciário, devendo, assim, não serem os juros

superiores a taxa média de mercado, ou ainda, se for esse o entendimento

desse juízo, a de 12% (doze por cento) ao ano, nem que seja permitida a

sua capitalização.

II.10 - Da Capitalização de Juros e Da Tabela PRICE

Os juros podem ser definidos como os frutos do

capital, ou seja, os proventos ou recompensas que dele se extraem, com

base na legislação ou em um negócio jurídico.

Os juros compensatórios ou remuneratórios são os

juros denominados para remunerar o capital, isto é, são os frutos do capital.

Nos contratos bancários, é adotado o sistema de

capitalização de juros compostos, ou seja, o juro formado em cada período

de capitalização é incorporado ao capital inicial, passando a totalização do

“capital + juros” (montante) e render juros no período seguinte, prática

esta conhecida como anatocismo, ou juros sobre juros.

No presente caso, além dos juros compostos

cobrados pelo Requerido, ainda foi aplicado os juros bancários, os quais são

cobrados pelos Bancos, nas operações bancárias, considerando-se o custo

da captação do dinheiro, os impostos, as despesas administrativas, a

desvalorização da moeda, o lucro da instituição financeira e os riscos de

inadimplência.

Todos esses juros, aplicados aos contratos, ainda

somam-se a aplicação nítida da Tabela Price, sistema de capitalização de

juros utilizada pelas Instituições Financeiras.

Ao se utilizar da Tabela Price, o Requerido fere a Lei

de Usura (art. 4º) e a Súmula nº 121 do Supremo Tribunal Federal:

22/35

Page 23: Embargos à Execução

“É vedada a capitalização de juros, ainda que

expressamente convencionada.”

Diferentemente do que alega, a Lei de Usura aplica-

se nas relações contratuais bancárias.

Sendo a Lei de Usura, proibitiva da capitalização de

juros, de natureza infraconstitucional, sua incidência somente poderia ser

afastada por leis de igual hierarquia.

Por este motivo, é tranquila a jurisprudência do

Superior Tribunal de Justiça no sentido de que a capitalização de juros

somente é permitida quando exista expresso dispositivo de lei que a

autorize, que são as relativas a créditos rurais (DL 167/67, art.º 5º), créditos

industriais (DL 413/69, art.º 5º) e créditos comerciais (Lei 6840/80, art. 5).

O STJ reafirmou a tese de proibir a capitalização, no

RE 56.556-1-RS em que foi relator o Min. Eduardo Ribeiro, conforme ementa

abaixo transcrita:

“Juros. Capitalização. Persiste a vedação estabelecida

na Lei de Usura, salvo o contido em leis especiais.”

(RSTJ, 82/193, junho/1996).

No mesmo sentido, as jurisprudências abaixo

relacionadas: REsp 54056-9-RS em que foi relator o Min. Ruy Rosado Aguiar

e REsp 27935-9-PR, em que foi relator o Min. Fontes de Alencar.

“AÇÃO DE REVISÃO DO CONTRATO C/C RESTITUIÇÃO

DE INDÉBITO - NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO -

FINANCIAMENTO CONCEDIDO POR PESSOA JURÍDICA

NÃO INTEGRANTE DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

- LIMITAÇÃO DA TAXA DE JUROS - APLICABILIDADE DO

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR -

IMPOSSIBILIDADE DE CAPITALIZAÇÃO DE JUROS- 1.

Inequívoca a aplicação do código de defesa do

consumidor quando, pela natureza jurídica, atesta-se o

23/35

Page 24: Embargos à Execução

contrato de mútuo, independentemente da

nomeclatura do ajuste. 2. Impõe-se a restituição do

valor pago a maior quando constatada, por meio de

perícia, a aplicação de juros reais superiores ao

contratado, assim como a capitalização de juros, a

qual é admitida apenas em situações excepcionais. 3.

Limita-se a taxa de juros em 12% ao ano quando o

contrato de mútuo tenha sido celebrado por pessoa

jurídica não integrante do sistema financeiro nacional,

a contrario sensu do disposto na súmula 596 do stf. 4.

A fixação do ônus da sucumbência não depende de

manifestação da parte, podendo ser suprida pelo juízo

por refletir matéria de ordem pública. 5. Negado

provimento à apelação do réu e provida parcialmente

a apelação da autora, para fixação dos ônus da

sucumbência.” (TJDF - APC 20040111031019 - DF - 2ª

T. - Rel. Des. J.J. Costa Carvalho - DJU 27.04.2006)

Outrossim, conforme é sabido, os Bancos tem como

prática comum a aplicação da Tabela Price, alegando que esta não

capitaliza juros, porém, sua tentativa é infrutífera frente a gama de

entendimentos e decisões contrárias.

A pedido dos juízes paranaenses a Associação dos

Magistrados fez uma consulta ao Departamento de Economia da

Universidade Federal do Paraná e o parecer técnico do professor Luiz

Alberto Esteves, lançado em 23.11.00, não deixa nenhuma dúvida, in

verbis:

“A Tabela Price é um sistema de amortização de

dívidas originado ao que se denomina ´método

francês’ de amortização. Tanto o ‘método francês de

amortização’, quanto qualquer uma de suas

derivações, implica necessariamente na capitalização

dos juros”.

24/35

Page 25: Embargos à Execução

Walter de Francisco, dando esclarecimento a

respeito, ensina que:

"Quando um capital é colocado a juros compostos,

capitalizados mensalmente a taxa anual convencionou-

se chamar esse sistema de capitalização de Price, e as

tábuas financeiras que fornecem taxas anuais de juros

e o número de capitalização em meses de tabelas

Price" (Matemática Financeira, 7a ed, São Paulo, Atlas,

pág. 49).

A propósito, destaca Luiz Antônio Scavone Júnior, no

artigo "Os Contratos Imobiliários e a Previsão de Aplicação da Tabela Price -

Anatocismo":

"(...) a Tabela Price - como é conhecido o sistema

francês de amortização - pode ser definida como o

sistema em que, a partir do conceito de juros

compostos (juros de juros), elabora-se um plano de

amortização em parcelas periódicas, iguais e

sucessivas, considerado o termo vencido. Nesse caso,

as parcelas compor-se-ão de um valor referentes aos

juros, calculado sobre o saldo devedor amortizado, e

outro referente à própria amortização. Trata-se de

juros compostos na exata medida em que, sobre o

saldo amortizado, é calculado o novo saldo, com base

nos juros sobre aqueles aplicados, e, sobre este novo

saldo amortizado, mais uma vez os juros e assim por

diante" (Revista Direito do Consumidor, São Paulo, RT,

vol. 28, pág. 131).

E prossegue:

"No caso de tabela Price, por definição, os juros são

compostos (juros sobre juros). Temos, portanto,

sistema de amortização francês e juros, quanto à

25/35

Page 26: Embargos à Execução

capitalização, classificados como compostos (juros

sobre juros)" (pág. 132).

Para concluir à página 136:

"A tabela Price é sistema de amortização (sistema

francês) que incorpora a teoria de juros compostos.

Assim, acorde com o mandamento insculpido no art.

4o do Dec. 22.626/33 - Lei de Usura - é prática ilegal".

É clara, portanto, a capitalização de juros ao adotar-

se o sistema Price de amortização, razão pela qual, nos termos do que

anteriormente se expôs acerca do expurgo de juros capitalizados tanto pela

doutrina quanto pela jurisprudência pátrias, há que ser repelido.

Outrossim, em demonstrando a perícia a ser

realizada a utilização da Tabela Price, estar-se-á diante de mais uma das

práticas abusivamente empregadas pelo Requerido para, às custas da

hipossuficiência e confiança em si depositada pelo Requerente, enriquecer-

se ilicitamente.

Note-se que anteriormente o Embargado já afirmou

que os Bancos tem como objetivo nos contratos firmados o lucro. Esta

afirmação, por si só, já deixa claro que o Embargado utiliza-se de qualquer

artifício para que possa obter o lucro.

Sendo assim, fica clara a cobrança de juros abusivos

e capitalizados.

A jurisprudência, por sua vez, unanimemente tem

coadunado do entendimento acima esposado, in verbis:

“EMBARGOS À EXECUÇÃO. CONTRATO BANCÁRIO -

EMPRÉSTIMO/ FINANCIAMENTO. APLICAÇÃO DO CDC.

CERCEAMENTO DE DEFESA - INDEFERIMENTO DE

PERÍCIA. REVISÃO DE CONTRATOS ANTERIORES.

LIMITAÇÃO DA TAXA DE JUROS. CAPITALIZAÇÃO DOS

26/35

Page 27: Embargos à Execução

JUROS. TABELA PRICE. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA E

TAXA DE RENTABILIDADE. CUMULAÇÃO DE COMISSÃO

DE PERMANÊNCIA E MULTA CONTRATUAL. COBRANÇA

DE DESPESAS JUDICIAIS. COMPENSAÇÃO OU

REPETIÇÃO DE INDÉBITO. HONORÁRIOS DE

SUCUMBÊNCIA. COMPENSAÇÃO DOS HONORÁRIOS

ADVOCATÍCIOS. - O Código de Defesa do Consumidor é

aplicável às instituições financeiras. Súmula 297 do

STJ. - O indeferimento de perícia não constitui

cerceamento de defesa, pois o reconhecimento da

abusividade de cláusulas contratuais é matéria

exclusivamente de direito. - A renegociação de

contrato bancário ou a confissão de dívida não impede

a possibilidade de discussão sobre eventuais

ilegalidades dos contratos anteriores (Súmula 286 do

STJ). - Descabe limitar juros remuneratórios em 12%

a.a. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da

Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 4, entendeu,

que a norma inscrita no § 3.º do art. 192 da

Constituição Federal, revogada pela EC n.º 40/03, não

era de eficácia plena e estava condicionada à edição

de lei complementar que regularia o sistema

financeiro nacional e, com ele, a disciplina dos juros.

Ademais, a matéria foi pacificada pela Súmula n.° 648

do STF. - Em contratos de financiamento bancário, a

capitalização mensal de juros se faz presente sob a

forma de numerus clausus, ou seja, apenas com

permissivo legal específico, notadamente na

concessão de créditos rurais, créditos industriais e

comerciais. Excetuadas tais hipóteses, resta a regra

geral, presente na súmula 121 do pretório excelso: "é

vedada a capitalização mensal de juros, ainda que

expressamente convencionada". Permitida a

27/35

Page 28: Embargos à Execução

capitalização anual. - O sistema price contém

capitalização mensal de juros. - A comissão de

permanência incide a partir da impontualidade do

devedor, sem cumulação com juros remuneratórios

(Súmula n.° 296 do STJ), correção monetária (Súmula

n.º 30 do STJ), taxa de rentabilidade e multa

contratual. Resolução n.º 1.129/86 do Banco Central. -

A cláusula que prevê a cobrança de despesas judiciais

afronta o art. 51, XII, do Código de Defesa do

Consumidor. - Nos contratos de abertura de crédito

cabe a compensação/repetição dos valores pagos a

maior. - Se cada litigante for em parte vencedor e

vencido, serão recíproca e proporcionalmente

distribuídos e compensados entre eles os honorários e

as despesas. - A compensação dos honorários

advocatícios não ofende o Estatuto da OAB. -

Prequestionamento delineado pelo exame das

disposições legais pertinentes ao deslinde da causa.

Precedentes do STJ e do STF.” (TRF4ª R. - AC

200204010107249 - RS - 3ª T. - Rel. Des. Fed. Vânia

Hack De Almeida - DJU 29.03.2006) (destacamos)

“APELACAO CIVEL - ACAO REVISIONAL DE CLAUSULAS

CONTRATUAIS C/C PEDIDO DE ANTECIPACAO DE

TUTELA - CAPITALIZACAO MENSAL - PRATICA VEDADA -

INVERSAO DO ONUS DA PROVA - COMISSAO DE

PERMANENCIA - INPC - ONUS DA SUCUMBENCIA - I -

Correta a sentença que expurga a cobrança da

capitalização mensal de juros no contrato bancário,

pois vedada pelo artigo 4, do decreto n. 22.626/33 e

pela sumula 121 do stf., e diante da inversão do ônus

da prova cabe a instituição bancaria a prova de que

não se utiliza de tal pratica abusiva. Ii - deve ser

afastada a clausula que prevê a incidência da

28/35

Page 29: Embargos à Execução

comissão de permanência, havendo que incidir tão -

Somente a correção monetária. Iii - A utilização do

inpc mostra - Se acertada, pois trata - Se de índice

mais benéfico ao consumidor, refletindo o real período

inflacionário, evitando, por conseguinte, o bis in idem

com outros fatores de correção como tabela price,

comissão de permanência etc. Iv - A inversão dos ônus

sucumbências restou prejudicada. Apelo conhecido e

improvido.” (TJGO - AC 95835 - 8/188 - 4ª C.Cív. - Rel.

Des. Stenka I. Neto - DJGO 28.04. 2006) (grifamos)

Sendo assim, em se constatando a utilização do

sistema de amortização pela tabela Price, a capitalização de juros neste

inserta, havendo de excluí-lo dos contratos, tendo em vista o princípio da

transparência e a coibição da capitalização, nos termos do que

anteriormente se expôs.

Assim, requer a aplicação ao contrato que ora se

discute, a aplicação da Tabela SAC, conforme cálculos em anexo, e ainda,

com a aplicação da taxa de juros de mercado, no importe de 2,16% ao mês.

III DA TUTELA ANTECIPADA

É evidente a onerosidade excessiva imposta aos

Embargantes através da estipulação unilateral de taxas exorbitantes nos

contratos.

Outrossim, impor aos Embargantes os ônus

advindos da morosidade processual, de modo que somente quando do

deslinde do presente feito vejam garantidos e resguardados seus direitos,

importaria em inviabilizar a eficácia do provimento final.

Sendo assim, lança-se mão do instituto da

antecipação de tutela, insculpida no artigo 273, do Código de Processo

Civil, que garante ao litigante detentor da maior probabilidade do direito, a

antecipação dos efeitos do provimento final de modo a assegurar-lhes a

29/35

Page 30: Embargos à Execução

eficácia deste, devendo estar evidenciada a verossimilhança do direito dos

Requerentes e o perigo de a morosidade processual vir a acarretar-lhe

danos de difícil ou de impossível reparação.

III 1 - Da Prova Inequívoca

A prova passível de legitimar a antecipação de

efeitos que só seriam alcançados mediante o provimento final, reside na

probabilidade do direito dos suplicantes, ou seja, na maior probabilidade.

No vertente caso, as planilhas em anexo

demonstram a abusividade das taxas que o Embargado fez incidir sobre os

contratos, evidenciando que o valor cobrado é sorrateiramente excessivo.

Ademais, há que se observar que ao utilizar-se de

taxas exorbitantes de juros e encargos, unilateralmente impostos pelo

Embargado, deixou o mesmo de observar critérios de igualdade.

Em remate, sendo nítida a exorbitância dos valores

que o Embargado acresceu, principalmente ante os laudos que instruem a

presente, reputa-se presente a maior probabilidade do direito dos

Embargantes, havendo que lhe ser antecipado os provimentos misteres ao

resguardo de irremediáveis prejuízos até o deslinde do presente feito.

Desta forma, a título de antecipação de tutela

deverá ser permitido que os Embargantes tenham os seus nomes excluídos

dos órgãos de proteção ao crédito, se já tiver sido incluído, bem como

proibir o Embargado de incluí-lo, se ainda não o tiver feito.

III.2 - Do Dano Irreparável

O receio de dano irreparável ou de difícil reparação

a que fez menção o legislador, consiste no fato de a demora, ínsita a todo

30/35

Page 31: Embargos à Execução

processo judicial, ser passível de acarretar prejuízos irreversíveis ou de

difícil reversibilidade àquele a quem o direito provavelmente contemple.

Destarte, em existindo o receio de dano irreparável,

torna-se necessária a tutela preventiva, destinada a impedir que, durante o

tempo necessário para o desenvolvimento do juízo de mérito, a parte sofra

danos que, na hipótese de procedência do pedido, seriam ilegítimos,

injustos e irreparáveis.

Há que se atentar para o fato de que a cobrança

indevida ora em debate, causa à inscrição do nome dos Embargantes nos

cadastros de restrição de créditos (SERASA e SPC), fato que por si só

representa lesão concreta e imediata.

Além disso, caso seja revisto o saldo devedor

exigido pelo Embargado, fatalmente deixariam os Embargantes de ser

inadimplentes, uma vez que os peticionantes são devedores de valor

inferior aquele exigido pelo Embargado, e passará a consignar em juízo os

valores a de fim de saldar a dívida.

Destarte, em se reputando presentes a

probabilidade do direito do Embargante e o perigo de agravamento dos

prejuízos por este já suportado, há que se determinar, em sede de tutela

antecipada, a possibilidade de exclusão de seu nome junto ao SERASA,

correspondente ao saldo devedor exigido pelo Requerido.

IV - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Deve ser observado o disposto no artigo 6º, VIII, do

Código de Defesa do Consumidor, que sufraga o princípio da inversão do

ônus da prova. Preconiza o referido artigo que:

“ São direitos básicos do consumidor

(...)

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive

com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no

31/35

Page 32: Embargos à Execução

processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil

a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo

as regras ordinárias de experiências”.

É da pena de Arruda Alvim, a propósito, que se

extrai a melhor solução para situações como a versada aqui. Observe-se

suas considerações:

“Ocorrendo a hipótese de hipossuficiência do lesado, a

análise da plausibilidade da alegação do consumidor

deve ser feito com menos rigor pelo magistrado,

tendo-se ademais sempre em vista que basta que

esteja presente qualquer destes dois requisitos para

que seja lícita a inversão (Arruda Alvim, José Manoel

de e outros. Código de Defesa do Consumidor

Comentado, RT, 2ª ed., 1995, p. 69)”.

Como pode perceber, a hipossuficiência está

caracterizada, pois o Embargante (consumidor) está inferiorizado, em

termos econômicos, não podendo discutir em pé de igualdade com o

fornecedor.

Percebe-se a nítida barreira existente entre o

Requerente e o Banco, aplicando-se o Código de Defesa do Consumidor, na

situação em foco, faz-se por obrigatória a inversão do ônus probatório

cabendo a Requerida demonstrar a legalidade do desenvolvimento

contratual, com os devidos encargos cobrados.

V DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer-se à Vossa

Excelência:

32/35

Page 33: Embargos à Execução

a) Em extinguir os presentes Autos, diante da falta

de título executivo extrajudicial, em conformidade com o art. 585, II, do

CPC, conforme fundamentação acima exposta;

b) caso não seja o entendimento deste juízo, em

extinguir a Execução, seja a mesma suspensa, até decisão final dos

presentes Embargos;

c) antecipar os efeitos da tutela, a fim de retirar o

nome dos Embargantes dos cadastros de proteção de crédito, sob pena de

multa diária a ser imposta por esse juízo;

d) julgar totalmente procedente os presentes

Embargos, a fim de declarar a nulidade de todas as ilegalidades acima

expostas, aplicar ao contrato em comento o Método Gauss, bem como os

juros de mercado, com taxas delineadas pelo Banco Central;

e) Reconhecer a incidência do Código de Defesa do

Consumidor, com a inversão do ônus da prova e adoção dos princípios da

boa-fé, equidade, confiança e transparência, incumbindo ao Requerido

comprovar que não utilizou taxas de juros e outros encargos ilegais e

abusivos na evolução dos saldos devedores apurados nas contas correntes;

f) Declarar a nulidade das cláusulas contratuais

tendentes a onerar em demasia o contrato em foco, em especial as que

preveem juros acima do limite legal, capitalização de juros, multa moratória

excessiva, bem como outros encargos sem qualquer previsão legal;

g) Declarar nulas as cláusulas potestativas fixadas

no contrato, uma vez que foram estabelecidas unilateral e arbitrariamente,

bem como aquelas que não definam os percentuais dos encargos aplicáveis

na evolução dos contratos;

h) Excluir qualquer multa contratual, quer moratória

ou compensatória, uma vez que foi o Requerido quem impossibilitou o

cumprimento dos contratos pela aplicação de valores alienígenas;

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Page 34: Embargos à Execução

i) Em não sendo este o entendimento acatado

por este Douto Juízo de Direito, há que se reduzir qualquer cláusula penal

fixada nos contratos ao patamar máximo de 2% (dois por cento), em face

da subsunção das relações em debate ao direito consumerista;

j) Reconhecer a natureza jurídica dos contratos

como a de contrato de adesão, conforme previsto no Código de Defesa do

Consumidor, aplicando-se as normas de interpretação relativas a esta

espécie;

k) Afastar a capitalização de juros incidente

sobre os contratos.

l) Determinar a INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.

m) Ainda, deverá o Embargado ser condenado ao

pagamento das custas processuais e honorários advocatícios a serem

fixados sobre o valor dos contratos em questão, considerando-se as

disposições do artigo 20 do Código de Processo Civil.

n) Requer os benefícios da Assistência Judiciária

Gratuita, por não ter os Embargantes condições de arcar com as custas

processuais e honorários advocatícios, nos termos da Lei 1060/50.

VI DAS PROVAS

Requer-se todos os meios de provas em direito

admitidas, com a inversão do ônus da prova, segundo o Código de Defesa

do Consumidor, especialmente pela prova pericial técnica e contábil do

valor cobrado.

VII DO VALOR DA CAUSA

Dá a causa o valor de R$ 78.480,75 (setenta e oito

mil quatrocentos e oitenta reais e setenta e cinco centavos).

Nestes termos,

Pede deferimento

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Page 35: Embargos à Execução

Apucarana, 22 de julho de 2013.

Advogado

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