direito... · execução trabalhista.....pág. 76 execução por quantia certa.....pág. 77...

99
Cursos Online EDUCA www.CursosOnlineEDUCA.com.br Acredite no seu potencial, bons estudos! Curso Gratuito Direito II Trabalho do Processual Carga horária: 60hs

Upload: buithien

Post on 14-Feb-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Cursos Online EDUCA www.CursosOnlineEDUCA.com.br

Acredite no seu potencial, bons estudos!

Curso Gratuito Direito

II Trabalho do Processual

Carga horária: 60hs

Page 2: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Conteúdo

Organização, Jurisdição e Competência da Justiça do Trabalho ........................... Pág. 8

Organização ................................................................................................................. Pág. 8

Jurisdição ...................................................................................................................... Pág. 13

Competência ................................................................................................................. Pág. 15

Princípios do Processo Do Trabalho ............................................................................ Pág. 18

Princípios constitucionais ............................................................................................. Pág. 18

Princípios específicos .................................................................................................. Pág. 22

Nulidades Processuais ................................................................................................. Pág. 26

Ação e Processo ........................................................................................................... Pág. 28

Direito de ação .............................................................................................................. Pág. 28

Processo ....................................................................................................................... Pág. 32

Recursos ....................................................................................................................... Pág. 56

Efeitos dos recursos ..................................................................................................... Pág. 58

Pressupostos recursais ................................................................................................ Pág. 58

Preparo ......................................................................................................................... Pág. 59

Recursos em espécie ................................................................................................... Pág. 62

Reclamação correicional .............................................................................................. Pág. 76

Execução Trabalhista ................................................................................................... Pág. 76

Execução por quantia certa .......................................................................................... Pág. 77

Processos Especiais ..................................................................................................... Pág. 87

Ação Rescisória ........................................................................................................... Pág. 87

Mandado de Segurança ............................................................................................... Pág. 94

Page 3: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

1. Organização, Jurisdição e Competência da Justiça do Trabalho

1.1 Organização

Segundo previsão constitucional, o Judiciário Trabalhista é estruturado em 3 (três) níveis, quais sejam, os juízes do trabalho, os Tribunais Regionais do Trabalho e o Tribunal Superior do Trabalho.

Ainda no âmbito laboral, a justiça trabalhista se submete, evidentemente, a jurisdição do Supremo Tribunal Federal, que é o órgão incumbido de proferir a última palavra em matéria constitucional, seja essa matéria relacionada ao direito do trabalho ou a qualquer outro ramo do direito.

Os Juízes do Trabalho, atuantes nas Varas do Trabalho, representam a 1ª (primeira) instância da Justiça Laboral.

Os Tribunais Regionais do Trabalho, espalhados pelo país, compõem a 2ª instância da Justiça do Trabalho.

Já o Tribunal Superior do Trabalho é instância extraordinária, com jurisdição em matéria trabalhista sobre todo o país. O Tribunal Superior do Trabalho é o órgão de cúpula da Justiça do Trabalho, sendo que das suas decisões só caberá eventual recurso, em caso de violação constitucional, ao Supremo Tribunal Federal, que também é considerado como instância extraordinária.

Segundo salienta Amauri Marcaro Nascimento (2007, p. 520), são peculiaridades dos órgãos jurisdicionais trabalhistas:

a) eles são destinados a atuar sob apenas um ramo do direito, que é o direito do trabalho, diferentemente da justiça comum, estadual ou federal, que atua debruçada em diversos ramos;

b) as varas do trabalho (órgãos de primeiro grau) não são divididas em entrâncias, mas situadas todas em um mesmo nível de divisão territorial, diferentemente da justiça comum, que divide o território em circunscrições, comarcas e distritos;

c) não há varas especializadas para determinada matéria trabalhista, diferente da justiça comum, que tem varas da fazenda pública, da família, criminais, entre outras.

Portanto, segundo a escala hierárquica constitucional, o sistema jurisdicional laboral brasileiro estrutura-se da seguinte maneira:

Supremo Tribunal Federal (STF)

Instância Extraordinária

8

Page 4: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Tribunal Superior do Trabalho (TST)

Instância Extraordinária

Tribunais Regionais do Trabalho

(TRT) Espalhados pelo país e divididos por regiões.

2ª instância

TRT 10 TRT 15 TRT 18

Juízes do Trabalho (Varas do Trabalho)

Espalhadas pelo país 1ª instância

VT – Ponta VT – Jequié/BA

Seguindo a ordem constitucional, passa-se a expor, individualmente, cada um dos órgãos judiciais da Justiça Laboral.

1.1.1 Tribunal Superior do Trabalho (TST)

O Tribunal Superior do Trabalho é composto de 27 (vinte e sete) Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de 35 (trinta e cinco) e menos de 65 (sessenta e cinco) anos, que devem ser nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:

a) 1/5 (um quinto) dentre advogados com mais de 10 (dez) anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de 10 (dez) anos de efetivo exercício, observado o disposto no artigo 94 da Constituição Federal de 1988; e

b) os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.

9

Page 5: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Segundo prevê o parágrafo primeiro do artigo 111-A da Constituição Federal de 1988, compete à lei dispor sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho. Essa lei é a n.º 7.701, de 21 de dezembro de 1988.

O Tribunal Superior do Trabalho funciona em sua plenitude ou dividido em Órgão Especial, Seções e Subseções Especializadas e Turmas (art. 58 do Regimento Interno do TST).

Segundo prevê o artigo 59 do Regimento Interno, são órgãos do Tribunal Superior do Trabalho:

a) o Tribunal Pleno; b) o Órgão Especial; c) a Seção Especializada em Dissídios Coletivos;

d) a Seção Especializada em Dissídios Individuais, dividida em duas

subseções; e e) as Turmas.

Junto ao Tribunal Superior do Trabalho, segundo dispõe o parágrafo

segundo do mencionado artigo 111-A da Constituição Federal de 1988, funcionam:

a) a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (ENAMAT), cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; e

b) o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.

Embora relativo a concursos mais específicos, não se pode deixar de citar, nos termos do artigo 2º da Lei n.º 7.701/88, considerada a divisão organizacional do Tribunal Superior do Trabalho, que compete à seção especializada em dissídios coletivos, ou seção normativa:

I - originariamente:

a) conciliar e julgar os dissídios coletivos que excedam a jurisdição dos Tribunais Regionais do Trabalho e estender ou rever suas próprias sentenças normativas, nos casos previstos em lei;

b) homologar as conciliações celebradas nos dissídios coletivos

de que trata a alínea anterior;

c) julgar as ações rescisórias propostas contra suas sentenças normativas;

d) julgar os mandados de segurança contra os atos praticados

pelo Presidente do Tribunal ou por qualquer dos Ministros integrantes da seção especializada em processo de dissídio coletivo; e

e) julgar os conflitos de competência entre Tribunais Regionais do

Trabalho em processos de dissídio coletivo.

II - em última instância julgar:

10

Page 6: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

a) os recursos ordinários interpostos contra as decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho em dissídios coletivos de natureza econômica ou jurídica;

b) os recursos ordinários interpostos contra as decisões proferidas

pelos Tribunais Regionais do Trabalho em ações rescisórias e mandados de segurança pertinentes a dissídios coletivos;

c) os embargos infringentes interpostos contra decisão não

unânime proferida em processo de dissídio coletivo de sua competência originária, salvo se a decisão atacada estiver em consonância com procedente jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou da Súmula de sua jurisprudência predominante;

d) os embargos de declaração opostos aos seus acórdãos e os

agravos regimentais pertinentes aos dissídios coletivos;

e) as suspeições arguidas contra o Presidente e demais Ministros que integram a seção, nos feitos pendentes de sua decisão; e

f) os agravos de instrumento interpostos contra despacho

denegatório de recurso ordinário nos processos de sua competência.

Por sua, vez, conforme dispõe o artigo 3º da Lei n.º 7.701/88, compete à Seção de Dissídios Individuais julgar:

I - originariamente:

a) as ações rescisórias propostas contra decisões das Turmas do Tribunal Superior do Trabalho e suas próprias, inclusive as anteriores à especialização em seções; e

b) os mandados de segurança de sua competência originária, na

forma da lei.

II - em única instância: a) os agravos regimentais interpostos em dissídios individuais; e

b) os conflitos de competência entre Tribunais Regionais e

aqueles que envolvem Juízes de Direito investidos da jurisdição trabalhista e Juntas de Conciliação e Julgamento em processos de dissídio individual.

III - em última instância:

a) os recursos ordinários interpostos contra decisões dos

Tribunais Regionais em processos de dissídio individual de sua competência originária;

b) os embargos das decisões das Turmas que divergirem entre si,

ou das decisões proferidas pela Seção de Dissídios Individuais;

c) os agravos regimentais de despachos denegatórios dos Presidentes das Turmas, em matéria de embargos, na forma estabelecida no Regimento Interno;

d) os embargos de declaração opostos aos seus acórdãos;

e) as suspeições arguidas contra o Presidente e demais Ministros que integram a seção, nos feitos pendentes de julgamento; e

11

Page 7: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

f) os agravos de instrumento interpostos contra despacho

denegatório de recurso ordinário em processo de sua competência.

Já o artigo 4º da mencionada lei, prevê que é da competência do Tribunal Pleno do Tribunal Superior do Trabalho:

a) a declaração de inconstitucionalidade ou não de lei ou de ato normativo do Poder Público;

b) aprovar os enunciados da Súmula da jurisprudência predominante em dissídios individuais;

c) julgar os incidentes de uniformização da jurisprudência em dissídios individuais;

d) aprovar os precedentes da jurisprudência predominante em dissídios coletivos;

e) aprovar as tabelas de custas e emolumentos, nos termos da lei; e

f) elaborar o Regimento Interno do Tribunal e exercer as atribuições administrativas previstas em lei ou na Constituição Federal.

Por derradeiro, segundo o artigo 5º da Lei n.º 7.701/88, as Turmas do Tribunal Superior do Trabalho tem, cada uma, a seguinte competência:

a) julgar os recursos de revista interpostos de decisões dos Tribunais Regionais do Trabalho, nos casos previstos em lei;

b) julgar, em última instância, os agravos de instrumento dos despachos de Presidente de Tribunal Regional que denegarem seguimento a recurso de revista, explicitando em que efeito a revista deve ser processada, caso providos;

c) julgar, em última instância, os agravos regimentais; e d) julgar os embargos de declaração opostos aos seus acórdãos.

A competência interna do Tribunal Superior do Trabalho, como

mencionado, possui maior relevância para concursos mais específicos, bem como para aqueles que farão a opção de prestar a 2ª (segunda) fase do exame da Ordem dos Advogados do Brasil em Direito do Trabalho.

1.1.2 Tribunal Regional do Trabalho (TRT)

Conforme prevê o artigo 115 da Constituição Federal de 1988, os Tribunais Regionais do Trabalho são compostos por, no mínimo, 7 (sete) juízes, os quais devem ser recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de 35 (trinta e cinco) e menos de 65 (sessenta e cinco anos), sendo:

a) 1/5 (um quinto) dentre advogados com mais de 10 (dez) anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de 10 (dez) anos de efetivo exercício, observado o disposto no artigo 94 da Constituição Federal de 1988; e

b) os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente.

12

Page 8: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

É dever dos Tribunais Regionais do Trabalho instalar a justiça itinerante, para a realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários, nos termos do parágrafo primeiro do artigo 115 da Constituição Federal de 1988.

Admite-se, nos termos do parágrafo segundo do artigo 115 da Constituição, que os Tribunais Regionais do Trabalho funcionem descentralizadamente, mediante a constituição de Câmaras Regionais, com a finalidade de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.

Como se mencionou, o número mínimo de juízes no Tribunal Regional do Trabalho é de 7 (sete), quantidade que deve ser ampliada de acordo com as necessidades da respectiva região.

No Brasil, ainda não são todos os Estados que possuem um Tribunal Regional do Trabalho.

A instalação dos Tribunais Regionais do Trabalho, como é indicativa a expressão, decorre do montante de demandas judiciais existentes na região. Não se exige, dessa forma, a existência de, ao menos, um Tribunal Regional do Trabalho por Estado. É por isso que, por exemplo, o Tribunal Regional do Trabalho da 10ª (décima) região compreende o Estado de Tocantins e o Distrito Federal, enquanto o Estado de São Paulo possui 2 (dois) deles, um instalado na capital (TRT da 2ª região) e outro em Campinas (TRT da 15ª região).

1.1.3 Juízes do Trabalho

Os juízes do trabalho exercem a jurisdição por meio das Varas do

Trabalho (art. 116 da CRFB/88). Segundo prevê o artigo 112 da Constituição Federal de 1988,

compete ao legislador a criação das varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito.

No entanto, quando o juiz de direito exercer a função de juiz do trabalho, eventual recurso deve, obrigatoriamente, ser endereçado ao Tribunal Regional do Trabalho da respectiva região.

Quando uma reclamação trabalhista tramitar perante vara cível em decorrência da inexistência, na localidade, de vara do trabalho e dada a falta de jurisdição das existentes no estado, tão logo seja instalada uma vara trabalhista nessa localidade, a ação deve a ela ser remetida, seja qual for a fase em que esteja, para que lá continue sendo processada e julgada, sendo esse novo juízo o competente, inclusive, para executar as sentenças já proferidas pela justiça estadual.

1.2 Jurisdição

A substitutividade é a principal característica da jurisdição. Assim,

formada uma relação jurídico-processual, a decisão das partes será

13

Page 9: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

substituída pela decisão proveniente do Estado-juiz, no exercício de sua atividade de “dizer o direito”.

A jurisdição é única, sendo a competência nada mais que sua divisão territorial. Nesse sentido, são características da jurisdição:

a) investidura, isto é, só pode exercer jurisdição aquele que estiver regularmente investido no cargo de juiz. Proferida decisão por pessoa não investida, não há que se falar em nulidade, mas em inexistência do processo;

b) aderência em relação ao território, isto é, os juízes exercem jurisdição apenas nos limites do território nacional (art. 1º, do CPC), e mediante o respeito das regras de competência;

c) indelegabilidade, ou seja, a função jurisdicional é indelegável. O exercício da jurisdição, no Brasil, é exercido com exclusividade pelo Poder Judiciário, não podendo ser por este delegado;

d) inafastabilidade, pois, nos termos do artigo 4º, da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”. Ademais, recorde-se o princípio da inafastabilidade da jurisdição, segundo o qual a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (art. 5º, XXXV, da CRFB/88).

As características que cercam a jurisdição não são as mesmas que norteiam o exercício da atividade julgadora da Administração Pública. Entre as distinções que podem ser apontadas entre essas esferas, constata-se que a Administração Pública não substitui as partes em litígio, pois, na verdade, é uma dessas partes. Também a decisão proferida em âmbito administrativo não produz coisa julgada, diferentemente daquela proferida em âmbito judicial.

Acerca da coisa julgada, é sabido que esta pode assumir duas naturezas:

a) coisa julgada formal; ou b) coisa julgada material.

Forma-se coisa julgada formal sempre que o Poder Judiciário, por

qualquer motivo, não analisar o mérito do litígio. Diz-se, nesses casos, que foi proferida sentença terminativa. Quando faltar à ação uma de suas condições, por exemplo, ter-se-á uma sentença terminativa, e, consequentemente, a formação da coisa julgada formal. Frise-se que a formação da coisa julgada, apenas em caráter formal, não impede a repropositura da mesma demanda, desde que corrigidos os vícios que causaram sua extinção sem resolução de mérito, naturalmente.

Em contrapartida, com a formação da coisa julgada material, a decisão reveste-se do atributo imutabilidade. A garantia em relação à coisa julgada foi elencada como direito fundamental pelo constituinte originário, nos termos do artigo 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal de 1988.

Quando o processo não possui vícios e o Poder Judiciário analisa o mérito do litígio, após proferir decisão definitiva, da qual não caiba ou não seja interposto nenhum recurso, ocorre o trânsito em julgado da mesma,

14

Page 10: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

com a formação de coisa julgada material. Nesse caso, a consequência será o impedimento da repropositura da mesma demanda judicial.

Transitada em julgado a demanda, com formação de coisa julgada material, esta poderá ser alterada apenas mediante o ajuizamento de ação rescisória, desde que provada a existência de uma das situações descritas no artigo 485, do Código de Processo Civil e não extrapolado o prazo decadencial de 2 (dois) anos, que se conta do trânsito em julgado da decisão rescindenda.

No âmbito laboral, no entanto, existem peculiaridades em relação à ação rescisória que serão oportunamente analisadas, como a exigência do depósito prévio de 20% (vinte por cento) do valor da causa, exceto quando provada a miserabilidade do autor, nos termos do artigo 836 da CLT.

A ação rescisória, no entanto, não é o único meio à impugnação da coisa julgada material, já que doutrina e jurisprudência admitem a utilização da ação denominada querela nullitatis insanabilis, basicamente, para situações em que se verificar a nulidade de citação, mesmo que decorridos mais de 2 (dois) anos da data do trânsito em julgado da decisão rescindenda.

E, o artigo 486, do Código de Processo Civil, que não pode deixar de ser mencionado, admite, para as sentenças que sejam meramente homologatórias, a utilização de uma ação comum, chamada de ação anulatória. Esta ação presta-se, também, para anulação de atos judiciais que não dependem de sentença. Tanto em um como noutro caso, admite-se a utilização da ação anulatória, pois tais atos podem ser rescindidos, como os atos jurídicos em geral, nos termos da lei civil e mediante perfeita compatibilidade com o processo do trabalho.

1.3 Competência

Como já se teve a oportunidade de mencionar, a competência nada mais é que a divisão territorial da jurisdição. Existente a jurisdição, o ordenamento jurídico faz a separação dos juízos por matéria e por locais, de modo a destinar à sociedade um sistema jurisdicional especializado e efetivo.

Consabido, a competência pode ser dividida segundo os critérios:

a) da matéria (ratione materiae); b) da pessoa (ratione personae); c) do local ou território (ratione loci); ou d) da função.

No âmbito do direito do trabalho, que é o pertinente ao presente

estudo, a Constituição Federal de 1988 trata da competência em razão da matéria e da pessoa no seu artigo 114. Segundo mencionado dispositivo, compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:

a) as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

15

Page 11: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

b) as ações que envolvam exercício do direito de greve;

c) as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;

d) os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;

e) os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, “o”;

f) as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho;

g) as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;

h) a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, “a” , e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;

i) outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.

A Emenda Constitucional n.º 45/2004 ampliou a competência da Justiça do Trabalho. Hoje, qualquer demanda relacionada à relação de trabalho deve ser julgada pela Justiça Laboral, lembrando-se que anteriormente apenas a relação de emprego poderia sê-la.

Contudo, há que se frisar que no caso de servidor público estatutário ou de caráter jurídico-administrativo, a demanda que pretenda discutir sua relação de trabalho com o Poder Público deve ser ajuizada perante a Justiça Comum Federal, caso ele seja servidor público federal, ou perante a Justiça Comum Estadual, caso ele seja servidor público estadual. Isso não ocorre, note-se, caso o empregado seja regido pela CLT, hipótese em que a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar sua demanda.

Outro ponto peculiar e que merece atenção do candidato é o acidente de trabalho. Segundo prevê o artigo 109, inciso I da Constituição Federal de 1988, a competência para processar e julgar o acidente de trabalho é da Justiça Comum Estadual. Entretanto, segundo o artigo 114, inciso VI, também da Constituição, a competência para processar e julgar as ações que visem a concessão de danos morais decorrentes do acidente de trabalho é da Justiça Laboral.

A Justiça do Trabalho é ainda competente, segundo previsão do parágrafo segundo do artigo 114 da Constituição Federal de 1988, para apreciação do dissídio coletivo. Nesse sentido, caso frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros, mas caso qualquer delas se recuse à arbitragem ou à própria negociação coletiva, a elas é facultado, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, caso em que a Justiça do Trabalho decidirá o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.

Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho também poderá ajuizar dissídio coletivo, hipótese em que competirá à Justiça do Trabalho decidir o

16

Page 12: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

conflito, conforme prevê o parágrafo terceiro do artigo 114 da Constituição Federal de 1988.

Quanto à competência territorial das Varas do Trabalho, prevê o artigo 651 da CLT, que ela se determina pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha a contratação tenha ocorrido noutro local ou no estrangeiro.

Quando for parte de dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da Vara da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Vara da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima, nos termos do parágrafo primeiro do artigo 651 da CLT.

A competência das Varas do Trabalho, nos termos supra mencionados, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário (art. 651, §2º da CLT).

Ademais, em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços, conforme autoriza o parágrafo terceiro do artigo 651 da CLT.

Em relação ao presente tópico, há que se abordar, ainda, o conflito de competência, que pode ser:

a) positivo; ou b) negativo.

O conflito positivo de competência ocorre quando dois ou mais juízes

declaram-se competentes para processar e julgar uma mesma demanda (art. 115, I, do CPC e art. 804, “a”, da CLT), enquanto que o conflito negativo de competência ocorre quando dois ou mais juízes se declaram incompetentes para julgar determinado processo (art. 115, II, do CPC e art. 804, “b”, da CLT).

Também há conflito de competência, quando entre dois ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos (art. 115, III, do CPC).

O conflito de competência pode ser suscitado:

a) pelos Juízes do Trabalho; b) pelos Tribunais do Trabalho; c) pelo Ministério Público do Trabalho; ou d) por qualquer das partes interessadas.

Em relação às partes, no entanto, é importante recordar o conteúdo

do artigo 806 da CLT. Segundo aludido dispositivo, é vedado à parte interessada suscitar conflitos de competência quando já houver oposto na causa exceção de incompetência.

Suscitado o conflito, a parte que o fez deve produzir a prova de sua existência, nos termos do artigo 807 da CLT.

17

Page 13: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Os conflitos de jurisdição, em matéria trabalhista, devem ser

resolvidos:

a) pelos Tribunais Regionais do Trabalho:

i) quando suscitados entre Varas do Trabalho e Juízos de Direito que estejam investidos na jurisdição laboral, desde que pertencentes à mesma região;

ii) quando suscitados entre Varas do Trabalho pertencentes à

mesma região; ou

iii) quando suscitados entre Juízes de Direitos investidos na jurisdição laboral de uma mesma região. b) pelo Tribunal Superior do Trabalho:

i) quando suscitado entre Tribunais Regionais do Trabalho;

ii) quando suscitado entre Varas do Trabalho e Juízos de Direito que estejam investidos na jurisdição laboral, mas pertencentes a diferentes regiões;

iii) quando suscitados entre Varas do Trabalho pertencentes a

diferentes regiões; ou

iv) quando suscitados entre Juízes de Direitos investidos na jurisdição laboral de diferentes regiões.

c) pelo Superior Tribunal de Justiça, quando suscitados entre Varas

do Trabalho e Juízos de Direito não investidos de jurisdição laboral.

d) pelo Supremo Tribunal Federal, quando suscitados entre o Tribunal Superior do Trabalho e demais órgãos do Poder Judiciário.

Como se vê, os conflitos de competência sempre são solucionados por órgão hierarquicamente superior aos juízos em conflito (MARTINS FILHO, 2009, p. 228). 2. Princípios do Processo Do Trabalho

2.1 Princípios constitucionais

Antes da exposição dos princípios específicos do direito processual

do trabalho, serão expostos os princípios constitucionais que regem o sistema processual brasileiro como um todo.

Dessa forma, quanto aos princípios constitucionais, pode-se apresentar a seguinte ilustração:

18

Page 14: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Ampla Defesa

Gratuidade Judiciária

Imparcialidade

Duplo grau de jurisdição Devido Publicidade

processo legal

Inafastabilidade

Celeridade e

Motivação Contraditório Duração razoável

A seguir serão sumariamente expostos os princípios mencionados.

2.1.1 Devido processo legal

O processo deve seguir o procedimento adequado (art. 5º, LIV da CRFB/88), observando as regras positivadas pelo ordenamento, respeitando a igualdade, assegurando o acesso ao Judiciário (art. 5º, XXXV da CRFB/88), garantindo o princípio do juiz natural, mediante a não criação de juízos de exceção (art. 5º, XXXVII da CRFB/88), e assegurando o contraditório, assim como a ampla defesa (art. 5º, LV da CRFB/88).

2.1.2 Celeridade e razoável duração do processo

A duração razoável do processo é uma garantia que decorre do sistema constitucional de 1988. No entanto, foi explicitada no inciso LVIII, do artigo 5º, da CRFB/88, pelo constituinte derivado, através da Emenda Constitucional n.º 45/2004 (Reforma do Poder Judiciário).

A todos, no âmbito judicial e administrativo, é assegurada a razoável duração do processo, assim como os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Consabido, a excessiva demora na prestação da tutela jurisdicional causa, em não raros casos, a ineficácia de sua decisão, e, consequentemente, o desrespeito de diversas garantias humanas.

O princípio em estudo tem os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário como destinatários, pois não apenas o Executivo, no âmbito do processo administrativo, e o Judiciário, no âmbito do processo judicial, podem garantir celeridade processual se o Legislativo não estiver comprometido na elaboração de leis que possibilitem a efetivação substancial de meios céleres à obtenção de uma duração razoável do processo.

Note-se, no entanto, que a celeridade não pode ser extrema, a ponto de se faltar com a prestação de justiça à sociedade, não mais em razão da demora excessiva, mas sim em razão de análises pouco ou nada

19

Page 15: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

pormenorizadas dos casos concretos. Para que se fale em celeridade, há que se interpretá-la conjuntamente com a expressão constitucional de razoável duração, isto é, um processo que seja não tão lento a ponto de tornar ineficaz sua decisão, mas não tão célere a ponto de não permitir análises pormenorizadas dos direitos envolvidos, e, consequentemente, gerar decisões baseadas em julgamentos precipitados.

2.1.3 Publicidade

O artigo 5º, inciso LX, da Constituição Federal, dispõe que “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”.

Via de regra, portanto, a publicidade dos atos processuais deve sempre se fazer presente. É a publicidade que garante o controle das decisões judiciais e consagra o direito à informação.

No entanto, quando nociva à intimidade ou ao interesse social, ela pode ser restringida, casos em que o direito de consulta aos autos e solicitação de certidões se restringirá às partes e a seus procuradores.

Junto a este, há que se acrescer a necessidade encampada no artigo 93, inciso X, da Constituição Federal de 1988, que dispõe: “as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros”.

Juntamente com a publicidade, a necessidade de fundamentação das decisões judiciais garante a eficiência e a moralidade da atividade jurisdicional. Mais que públicas, as decisões judiciais devem ser, pois, devidamente fundamentadas, sem o que estarão maculadas de nulidade.

2.1.4 Motivação das decisões

Como mencionado, todas as decisões proferidas pelo Poder Judiciário

devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade (art. 93, IX da CRFB/88).

2.1.5 Duplo grau de jurisdição

O princípio do duplo grau de jurisdição decorre da estrutura judiciária disciplinada pela Constituição Federal de 1988. O sistema constitucional, quando impõe a existência de Tribunais com competência recursal, nada mais faz do que assegurar o princípio em análise.

Por exemplo, o artigo 108, inciso II, da Constituição Federal, ao estipular que compete aos Tribunais Regionais Federais julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição, nada mais faz do que garantir o duplo grau de jurisdição.

A existência de um duplo grau garante maior lisura à atividade jurisdicional do Estado, pois o juiz que profere sua decisão tem prévia ciência de que esta poderá ser revista por outro órgão. Essa revisão, via de regra, depende de provocação da parte interessada. Assim como a atividade jurisdicional de primeira instância é prestada apenas mediante provocação, também a atividade jurisdicional de grau recursal o é. Ressalva seja feita,

20

Page 16: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

contudo, em relação ao reexame necessário, caso em que instância superior reanalisa decisão proferida pela instância inferior sem qualquer provocação, mas sim por expressa determinação legal.

Como princípio implícito, nada impede que o duplo grau de jurisdição não seja assegurado em algumas e específicas situações. Como mencionado, o princípio em estudo decorre do sistema jurisdicional determinado na Constituição Federal de 1988, sistema este que não prevê obrigatoriedade acerca da existência de instâncias recursais em todas as hipóteses.

2.1.6 Garantia de assistência judiciária gratuita

A todos que não possuírem meios para demandar perante o Poder Judiciário, sem se privar do necessário à subsistência, o Poder Público garante a prestação de assistência jurídica integral (art. 5º, LXXIV da CRFB/88).

2.1.7 Segurança jurídica

O princípio da segurança jurídica decorre da proteção conferida à

coisa julgada (art. 5º, XXXVI da CRFB/88) pelo ordenamento jurídico brasileiro, sobre a qual já se teve a oportunidade de esclarecer.

2.1.8 Contraditório e ampla defesa

É importante, primeiramente, salientar que o princípio do contraditório

não se confunde com o princípio da ampla defesa. São dois princípios tratados frequentemente em conjunto por conveniência acadêmica.

Basicamente, enquanto o contraditório reflete a necessidade de entrega de prazo à parte contrária, para que discuta as alegações ou provas produzidas pela outra parte, a ampla defesa reflete a impossibilidade de vedação no uso dos mais variados métodos de defesa, desde que lícitos, evidentemente, ou, em outras palavras, a produção e articulação da defesa deve ter a maior magnitude possível, permitindo às partes a exposição fática e probatória que mais lhes seja adequada às pretensões que manifestem.

O princípio do contraditório não é absoluto, assim como nenhum outro princípio. A possibilidade de concessão de medida liminar, sem oitiva da parte contrária (inaudita altera pars), em sede de ação cautelar, assim como a concessão de medida antecipatória dos efeitos da tutela, em sede de qualquer outra ação, são exemplos do exposto. A concessão dessas medidas não suprime o princípio em estudo. Nesses casos, há mera postergação do exercício do contraditório, em razão de determinados direitos postos em questão, direitos estes que, em função da relevância e urgência autorizam a postergação do exercício dos direitos ao contraditório e à ampla defesa.

O princípio do contraditório e o princípio da ampla defesa estão consagrados no artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal de 1988, que dispõe: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos

21

Page 17: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.

2.1.9 Inafastabilidade do controle jurisdicional

Dispõe o artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal de 1988, que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.

O exercício do direito de ação deve atender a determinadas condições, assim como preencher certos pressupostos, sem o que não será possível ao Poder Judiciário exercer sua função de “dizer o direito” aplicável à situação. Nos casos em que se faça pedido juridicamente impossível, ou naqueles em que falte legitimidade ou interesse ao postulante, caberá ao Judiciário apenas um provimento terminativo, isto é, de extinção processual sem manifestação sobre as questões de mérito nele contidas. Contudo, sanadas as irregularidades, a parte pode repropor sua demanda, quando então terá julgado seu pedido.

Há que se lembrar, também, que não se exige o prévio exaurimento de qualquer instância administrativa, para apenas depois se postular judicialmente uma pretensão, salvo na hipótese da Justiça Desportiva, nos termos do artigo 217, parágrafo primeiro, da Constituição Federal de 1988, que dispõe: “o Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei”.

2.2 Princípios específicos

Além dos princípios constitucionais, existem outros que são propícios

à aplicação perante o direito processual do trabalho. Dentre o imenso rol, pode-se apontar, como principais, os seguintes princípios:

a) subsidiariedade; b) concentração; c) conciliação; d) concentração de recursos; e) dispositivo; f) instrumentalidade das formas; g) oralidade; h) livre convicção do juiz; i) lealdade processual; h) eventualidade; i) indisponibilidade de direitos; j) identidade física do juiz; k) non reformatio in pejus; l) aplicação imediata das leis processuais; m) aplicação da lei do local da execução do contrato;

22

Page 18: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

n) dialeticidade; o) interesse público; p) estabilidade da lide; q) equidade; r) delimitação recursal; e s) jus postulandi.

A seguir serão sumariamente conceituados todos os princípios supra

mencionados, partindo a presente análise da base contida na doutrina de Ives Gandra da Silva Martins Filho (2009, p. 231/234).

2.2.1 Subsidiariedade

O direito processual civil é fonte subsidiária do direito processual do trabalho nos casos de omissão, desde que não haja incompatibilidade das normas daquele com as deste, nos termos do artigo 769 da Consolidação das Leis do Trabalho.

2.2.2 Concentração

A resolução do conflito no âmbito do direito do trabalho deve ser

buscada de maneira célere, em uma única audiência (de conciliação e julgamento), admitindo-se a realização de outra apenas excepcionalmente.

É dever das partes, na audiência de conciliação e julgamento, caso infrutífera a tentativa de conciliação, apresentar todas as provas que possuam e requerer as que devam ser produzidas.

2.2.3 Conciliação

A todo momento deve ser tentada a obtenção de uma solução

pacífica do conflito laboral, mediante a celebração de acordo entre as partes, nos termos dos artigo 846 e 850 da CLT.

2.2.4 Concentração de recursos

As decisões interlocutórias proferidas na Justiça Laboral são irrecorríveis. O recurso em relação a elas apenas pode ser interposto com o término da discussão de 1ª (primeira) instância, nos termos do artigo 893, parágrafo primeiro da CLT.

2.2.5 Dispositivo

O processo do trabalho não pode ser iniciado de ofício pelo juízo, que é inerte. O início da marcha processual depende do exercício do direito de ação, pelo autor, nos termos do artigo 2º do Código de Processo Civil.

No entanto, o princípio dispositivo ocorre em relação ao ajuizamento da ação, mas não em relação a produção probatória, que é regida pelo princípio inquisitivo. Portanto, o processo do trabalho se inicia

23

Page 19: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

exclusivamente por ação do autor, mas move-se por impulso judicial, isto é, por iniciativa do juiz, especialmente em relação a matéria probatória.

Por fim, cumpre mencionar que também não se sujeita à provocação de qualquer das partes, podendo ser iniciada de ofício, a execução trabalhista.

2.2.6 Instrumentalidade das formas

As formalidades processuais devem ser encaradas como instrumento e não como finalidade. A feitura de determinado ato, ainda que em discórdia com a melhor forma legalmente prevista, não podendo impedir a entrega da prestação jurisdicional quando se tiver atingido a finalidade a que se destinava, nos termos dos artigos 154 e 244 do Código de Processo Civil.

2.2.7 Oralidade

No processo do trabalho predomina a forma oral sobre a escrita,

conforme se constata a partir da análise dos artigos 847 e 850 da CLT.

2.2.8 Livre convicção do juiz

A análise do conjunto probatório deve ser feita de maneira livre pelo

juiz, que se não está sujeito a uma escala hierárquica entre as provas apresentadas pelas partes, conforme prevê o artigo 131 do Código Civil.

2.2.9 Lealdade processual É dever das partes processuais contribuir para o esclarecimento da

verdade (art. 14, I do CPC), furtando-se ao emprego de meios carentes de lealdade e boa-fé (art. 14, II do CPC) e de instrumentos de protelação processual sem fundamento, sob pena das sanções legais (art. 17 do CPC). 2.2.10 Eventualidade

As partes devem estar atentas ao momento processual oportuno para

apresentarem suas alegações ou requerimentos, sob pena de preclusão, nos termos do artigo 303 do Código de Processo Civil.

2.2.11 Indisponibilidade de direitos

Não pode haver acordo entre as partes sobre direitos indisponíveis. Nesse sentido, estipula o artigo 9º da CLT, que serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos nela contidos.

2.2.12 Identidade física do juiz

Tendo contato direto com a prova, mediante a tomada dos

depoimentos das partes e das testemunhas, o juiz se vincula ao julgamento da causa, nos termos do artigo 132 do Código de Processo Civil. Contudo, a

24

Page 20: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

teor do que determina a súmula n.º 136 do Tribunal Superior do Trabalho, esse princípio não se aplica às Varas do Trabalho. No entanto, a súmula n.º 136 foi cancelada conforme Res. 185/2012. Ela não se aplica às Juntas de Conciliação e Julgamento o princípio da identidade física do Juiz.

2.2.13 Non reformatio in pejus

No âmbito do direito processual do trabalho, proíbe-se que a decisão proferida após um recurso prejudique a situação daquele que recorreu. O tribunal cinge sua atuação, portanto, ao tantum devolutum quantum appellatum, nos termos dos artigos 505 e 515 do Código de Processo Civil.

2.2.14 Aplicação imediata das leis processuais

Publicada a lei processual, ela deve ser imediatamente aplicada, ressalvada a proatividade das leis processuais que dispõem sobre recursos, casos em que os já interpostos devem ser julgados, ainda que tenham deixado de figurar no rol de recursos cabíveis (MARTINS FILHO, 2009, p. 233).

2.2.15 Aplicação da lei do local da execução do contrato

A lei que rege a relação entre empregado e empregador é a lei do

local da prestação dos serviços, nos termos da súmula n.º 207 do Tribunal Superior do Trabalho.

2.2.16 Dialeticidade

Os recursos devem atacar com especificidade os pontos de divergência em relação a decisão recorrida, Conforme salienta a súmula n.º 422 do Tribunal Superior do Trabalho, não se conhece de recurso para o TST, pela ausência do requisito de admissibilidade inscrito no artigo 514, inciso II, do Código de Processo Civil, quando as razões do recorrente não impugnam os fundamentos da decisão recorrida, nos termos em que fora proposta.

2.2.17 Interesse público

As normas regentes do direito processual são de ordem pública,

estando excluídas da esfera de disposição pelas partes.

2.2.18 Estabilidade da lide

Todos os fatos, acompanhados de suas pretensões, devem ser trazidos aos autos pelas partes através da petição inicial e da contestação, com o que se estabiliza a lide, não se admitindo sua inovação a qualquer momento, conforme conjugação dos artigos 294 e 300 do Código de Processo Civil com o artigo 845 da CLT.

25

Page 21: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

2.2.19 Equidade

A equidade é princípio básico e geral, especialmente aplicável ao processo do trabalho, por meio do qual aplica-se o direito considerando o caso concreto e adaptando as normas positivadas à ele, objetivando os fins sociais da lei e às exigências do bem comum, nos termos do artigo 852-I, parágrafo primeiro da CLT (MARTINS FILHO, 2009, p. 233).

2.2.20 Delimitação recursal

A matéria recursal a ser examinada é apenas aquela constante da peça recursal, em decorrência dos princípios da preclusão e da devolutividade restrita, nos termos dos artigos 303 e 515, caput, ambos do Código de Processo Civil;

2.2.21 Jus postulandi

Segundo prevê o artigo 791 da CLT, os empregados e empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar suas reclamações até o final, independentemente da presença de advogado. Nesse sentido, é importante conhecer o teor da súmula n.º 425 do Tribunal Superior do Trabalho, que delimita o alcance do jus postulandi:

SUM- 425 - JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE - Res. 165/2010, DEJT divulgado em 30.04.2010 e 03 e 04.05.2010 O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

O rol apresentado naturalmente não exaure o tema, mas conjuga

aqueles princípios que tem sido objeto de maior questionamento no exame da OAB e demais concursos públicos. 3. Nulidades Processuais

No âmbito do processo do trabalho, pode-se falar de nulidade (ato

nulo), anulabilidade (ato anulável) e inexistência (ato inexistente), a depender da natureza do ato praticado em relação à norma processual.

Reputa-se inexistente, por exemplo, um processo sem citação. Naturalmente, a inexistência de que se faz referência é a jurídica e não a fatídica. Embora de fato o processo tenha existido, juridicamente o mesmo não alcançou o plano da existência, pois para que fale em relação jurídico-

26

Page 22: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

processual há que se falar em triangularização, o que não ocorre se o requerido não foi citado.

As nulidades, por sua vez, dividem-se em absolutas e relativas. Nulidades absolutas são as que refletem causas de ordem pública, declaráveis de ofício pelo juiz, a qualquer tempo e grau de jurisdição. As nulidades relativas, diferentemente, só podem ser alegadas pelas partes, pois versam sobre interesses particulares.

A nulidade relativa deve ser alegada no momento oportuno, sob pena de preclusão (art. 795, caput, da CLT). Já a nulidade absoluta torna-se convalidada apenas depois do decurso do prazo para propositura da ação rescisória.

A inexistência, em contrapartida, não se convalida, e pode ser arguida a qualquer tempo, mesmo que posterior ao decurso do prazo para ação rescisória.

Conforme dispõe o artigo 243, do Código de Processo Civil, quando a lei prescrever determinada forma para o ato, sob pena de nulidade, a decretação desta não pode ser requerida pela parte que lhe tiver dado causa.

Em consagração ao princípio da instrumentalidade, quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de nulidade, o juiz deve considerar válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade. Nesse sentido, prevê o artigo 796 da CLT que a nulidade não deverá ser pronunciada:

a) quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato; e b) quando arguida por quem lhe tiver dado causa.

Nos processos em que é obrigatória a intervenção do Ministério

Público, reputa-se nulo aquele tiver tramitado sem o conhecimento do mesmo, caso em que o juiz deve anulá-lo a partir do momento em que o órgão deveria ter sido intimado (art. 246, caput e parágrafo único, do CPC).

Segundo o artigo 248, do Código de Processo Civil, anulado o ato, reputam-se de nenhum efeito todos os subsequentes que dele dependam. Trata-se, pois, do chamado efeito expansivo das nulidades. Efeito que não se aplica, contudo, se a nulidade de uma parte do ato não prejudicar as outras, que dela sejam independentes, nos termos do artigo 798 da CLT.

Quando o juiz pronunciar a nulidade, deve declarar quais atos são atingidos (art. 797 da CLT), ordenando as providências necessárias para que sejam repetidos ou retificados (art. 249, do CPC). Entretanto, se não prejudicar a parte, o ato não precisará ser repetido. De igual modo, quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a declaração da nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato, ou suprir-lhe a falta, nos termos do artigo 249, parágrafo segundo do Código de Processo Civil.

Nos processos trabalhistas, só haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes, conforme prevê o artigo 794 da CLT.

Antes de encerrar o tópico sobre as nulidades processuais, é necessário citar seus principais princípios regentes, tomando-se por base, novamente, a doutrina de Ives Gandra Martins Filho (2009, p. 286):

27

Page 23: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

a) princípio do prejuízo (ou transcendência): só há que se falar em declaração de nulidade mediante a comprovação de prejuízo para uma das partes processuais, conforme determina o artigo 794 da CLT;

b) princípio da finalidade (ou instrumentalidade das formas): na análise do ato que se pretende anular, deve-se verificar se sua finalidade foi atingida, tendo-se sempre em mente que o processo é mero instrumento de satisfação dos direitos materiais. Assim, atingida a finalidade, ainda que desatendida a forma prescrita em lei, não deve o ato ser declaração nulo, conforme orientam os artigos 154 e 244 do Código de Processo Civil.

c) princípio da preclusão: as nulidades (relativas) devem ser arguidas na primeira oportunidade que a parte prejudicada tenha para falar nos autos, sob pena de preclusão (art. 795, caput, da CLT).

d) princípio da convalidação: como consequência da perda da oportunidade de arguir uma nulidade (relativa), ocorre a sua convalidação.

e) princípio da utilidade: a nulificação de um ato prejudica os posteriores que em relação a ele sejam dependentes, mas não aqueles que dele forem independentes (art. 798 da CLT)

f) princípio do interesse de agir: a declaração de nulidade (relativa) depende da arguição da parte prejudicada, sem o que nada haverá de ser declarado nulo.

g) princípio da causalidade: deve-se verificar quais atos são dependentes daquele que foi declarado nulo, entre os quais deve-se provar um liame de causalidade. É do juiz a competência para declarar quais atos processuais são atingidos pela declaração de uma nulidade, nos termos do artigo 797 da CLT.

h) princípio da repressão: ao juiz é conferida a faculdade de anular por completo um processo sempre que constatar que as partes têm por objetivo praticar ato simulado ou legalmente vedado, nos termos do artigo 129 do Código de Processo Civil.

Novamente, há que se salientar que o rol apresentado não exaure os princípios regentes da matéria, tendo sido objeto de maior questionamento em concursos públicos os supra mencionados. 4. Ação e Processo

4.1 Direito de ação

O direito de ação é a faculdade de que gozam todas as pessoas que

se encontram em situação de litígio, de se socorrerem do Poder Judiciário com o objetivo de obter a solução para o mesmo.

Como mencionado, embora o Estado detenha com exclusividade o exercício da jurisdição, ele permanece inerte até ser provocado, pois o direito de ação é exatamente a materialização dessa provocação. Através do direito de ação se provoca o Estado a exercer sua atividade jurisdicional.

28

Page 24: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Exercido o direito de ação, instaura-se entre as partes uma relação jurídico-processual, donde o processo figura como o instrumento de solução do litígio. Mas, só há que se falar em formação de uma relação jurídico processual após a efetivação da citação da parte contrária, com o que se completa a necessária relação tripartite:

Estado-juiz

Reclamante

Quanto ao direito de ação, cumpre ainda mencionar que seu exercício não garante, por parte do Estado, a entrega de uma prestação jurisdicional de mérito, pois o direito de ação não se relaciona com o direito material a ser discutido ao longo da relação processual estabelecida entre as partes.

O Código de Processo Civil brasileiro adota, portanto, a teoria eclética de Liebman, já que exige, para o conhecimento do direito material que se pretende discutir no processo instaurado, o preenchimento de pré-determinadas condições, além de pressupostos de existência e também de validade, assuntos a seguir abordados.

4.1.1 Condições da ação

Sem a presença de determinadas condições, o Estado não alcança

patamar mínimo para se manifestar acerca de nenhum litígio, casos em que não pode, consequentemente, proferir decisão de mérito.

Ausente qualquer uma das condições da ação, o processo há que ser extinto sem resolução de mérito, em obediência ao artigo 267, inciso VI, do Código de Processo Civil.

São, pois, condições da ação:

a) possibilidade jurídica do pedido; b) interesse de agir; e c) legiltimidade de parte.

A sigla indicativa dos três elementos necessários para que se

preencham as condições da ação, que costuma ser indicada para memorização, é PIL (possibilidade, interesse e legitimidade).

4.1.1.1 Possibilidade jurídica do pedido

A possibilidade jurídica do pedido é a convergência da pretensão apresentada em relação ao ordenamento jurídico vigente. Não há como se processar um pedido que não encontra respaldo no ordenamento jurídico. Não se pode, por exemplo, pretender o recebimento de horas extras decorrente de serviços prestados em uma banca de “jogo do bicho” através de um processo judicial.

29

Page 25: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Note-se, portanto, que a possibilidade jurídica refere-se não só ao pedido, mas também à causa de pedir. Como no exemplo acima mencionado, em se tratando da cobrança de uma dívida decorrente de atividade ilícita, o pedido até pode ser lícito, qual seja, receber determinada quantia em dinheiro, porém, a causa de pedir não será, o que contaminará o pedido e será determinante à extinção do processo sem julgamento de mérito, diante de falta de condição da ação.

Por fim, não se pode deixar de mencionar que a possibilidade jurídica do pedido pode estar relacionada à parte que ajuíza a ação.

4.1.1.2 Interesse de agir

O interesse de agir forma-se por um binômio:

a) necessidade; e b) adequação.

A necessidade da pretensão judicial se faz presente quando

demonstrada que a provocação do Poder Judiciário é a única ou mais eficaz medida à obtenção da pretensão manifestada. A necessidade da tutela judicial é requisito do interesse de agir, e, se não demonstrado, dá causa à extinção do feito sem resolução de mérito. Um típico exemplo de ausência de necessidade da provocação judiciária é a cobrança de um débito não vencido.

Já a adequação se refere à via processual eleita. Em outras palavras, se a parte possui um título executivo, deve se valer da via executiva para obter o valor a que possui direito, pois caso se valha de uma ação de conhecimento, terá sua pretensão extinta sem julgamento de mérito.

Portanto, quando se fala em necessidade, fala-se na relevância da tutela pretendida, e, quando se fala em adequação, fala-se na eleição da via processual pertinente para obtenção da tutela pretendida.

Por derradeiro, há também aqueles que entendem que o interesse de agir não se forma apenas pelo binômio necessidade e adequação, uma vez que, além destes, deve-se provar que o processo ajuizado será útil, de alguma forma, àquele que o postula.

4.1.1.3 Legitimidade de parte

A legitimidade para estar em juízo é necessária ao preenchimento de uma das condições da ação. Essa legitimidade é chamada ad causam, ou seja, para a causa. Todo aquele que está em juízo deve possuir uma relação com o direito que pretende discutir. A legitimidade para a causa é exigida do reclamante e também do reclamado, sob pena de faltar à ação uma de suas condições indispensáveis.

O artigo 6º, do Código de Processo Civil, dispõe que “ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei”. A regra geral, encampada no citado artigo, consagra a legitimidade ordinária, isto é, a regra de que só o próprio titular pode ir a juízo para defender seus interesses.

30

Page 26: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Mas, como faz referência o citado artigo, nada impede que disposições legais estipulem o contrário. Portanto, quando alguém vai a juízo em nome próprio para defender direito alheio, estar-se-á diante de hipótese de legitimidade extraordinária, também chamada de substituição processual. Nesses casos, note-se, o titular do interesse em discussão (substituído) não participa do processo, mas se sujeita ao que nele for decidido.

Não há que se confundir, note-se, substituição processual com representação. A primeira é matéria de legitimidade processual extraordinária, na qual alguém vai a juízo, em nome próprio, defender direito alheio, enquanto a segunda é mera exigência legal para que determinadas pessoas possam estar em juízo. O representante não é parte, diferentemente do legitimado extraordinário (substituto), e não atua em nome próprio, mas em nome da pessoa que ele representa.

Quanto à legitimidade, há ainda que se separar as figuras da legitimidade exclusiva e da concorrente. Enquanto a primeira é atribuída pela lei para uma única pessoa, a segunda é atribuída a mais de uma.

4.1.2 Elementos da ação

Três são os elementos da ação:

a) partes; b) causa de pedir; e c) pedido.

As partes são os sujeitos ativo e passivo da relação jurídico-

processual. A causa de pedir é a fundamentação dos elementos de fato e de direito que embasam o pedido. Já o pedido é o bem da vida que se pretende.

A análise dos elementos da ação permite identificar se uma causa é idêntica à outra, além de vincularem o juiz, que só poderá decidir nos limites que lhe forem impostos por estes elementos.

Quanto à causa de pedir, ela deve esclarecer quais são os fatos que originam o pedido, assim como qual é a fundamentação jurídica que legitima a pretensão manifestada pela parte, relacionando a fundamentação aos fatos.

No entanto, como sabido por todos, a fundamentação jurídica não vincula o juiz, que conhece o direito e é livre para aplicá-lo segundo sua convicção. A vinculação do juiz ocorre apenas em relação aos fatos, que não podem ser por ele desconsiderados, tão pouco alterados.

Parte da doutrina chama os fatos de causa de pedir próxima, e os fundamentos jurídicos de causa de pedir remota, já outra parte faz o inverso, ou seja, chama os fatos de causa de pedir remota, e os fundamentos jurídicos de causa de pedir próxima.

O Código de Processo Civil brasileiro adotou, quanto à causa de pedir, a teoria da substanciação, o que se conclui após análise do seu artigo 282, inciso III, que exige a indicação, na petição inicial, dos fatos e dos fundamentos jurídicos que embasam o pedido.

31

Page 27: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

A teoria da substanciação se opõe à teoria da individualização, pois enquanto para a última bastaria a exposição dos fundamentos jurídicos, para a primeira exige-se, além destes, também a exposição da situação fática, sendo que esta é a responsável pela vinculação do juiz, posto que, em verdade, os fundamentos jurídicos não possuem maior relevância.

Quanto ao pedido, a doutrina o divide em:

a) pedido imediato; e b) pedido mediato.

O pedido imediato é o provimento jurisdicional requerido. Quando

uma pessoa ingressa com uma ação de conhecimento, com pedido condenatório, este é o pedido imediato.

Já o pedido mediato é o bem da vida pretendido. Assim, quando uma pessoa pretende a condenação de outra, provando que ela lhe causou um dano, o ressarcimento pecuniário traduz o pedido mediato da demanda.

4.2 Processo

Como já se teve oportunidade de mencionar, o processo é o veículo que carrega a pretensão da parte até o conhecimento do Estado-juiz e, posteriormente, retorna à parte com a entrega, ou não, do bem da vida pretendido.

O caráter do processo é instrumental. Ele se presta como instrumento de satisfação e garantia de direitos. É desse entendimento que decorre um importante princípio, o da instrumentalidade das formas. Segundo esse princípio, tendo em vista o raciocínio apresentado, não pode o processo, por meros formalismos, impedir que as pessoas obtenham a satisfação de seus direitos. Alcançados os objetivos suficientes à demonstração do que se pretendia, ainda que a forma não tenha sido a mais técnica, deve-se reputar como válida a prática do ato que baste à efetivação célere dos direitos das partes.

O processo, nesse contexto, traduz uma sequência pré-determinada de atos, com a finalidade de entregar às partes uma prestação jurisdicional justa. E esta sequência de atos constitui o procedimento. O procedimento adotado determina qual será sequência de atos processuais a serem produzidos, dentre as hipóteses existentes, sequência esta que compreenderá um número menor ou maior de atos, a depender da complexidade do que se pretende.

4.2.1 Pressupostos processuais

Quando se pretende uma prestação da tutela jurisdicional, não basta o preenchimento das condições da ação (possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir e legitimidade de parte), deve-se verificar também o preenchimento dos pressupostos processuais.

Enquanto as condições da ação estão relacionadas ao direito de ação, isto é, ao direito de pleitear do Estado-juiz a entrega de uma decisão

32

Page 28: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

justa, os pressupostos processuais estão relacionados com o veículo que levará esse pedido ao juiz, e, posteriormente trará sua resposta, positiva ou negativa.

Os pressupostos processuais, assim como as condições da ação, constituem matéria de ordem pública, passíveis de conhecimento de ofício pelo juiz, em qualquer tempo e grau de jurisdição, ressalvado seu conhecimento em sede de recurso especial e extraordinário, que exigem prequestionamento acerca do assunto.

Os pressupostos processuais podem ser positivos, isto é, devem estar presentes em toda relação processual, sob pena de nulidade, e podem ser negativos, isto é, não devem estar presentes, pois, caso estejam, darão causa à extinção do processo sem julgamento de mérito.

Os pressupostos processuais positivos dividem-se em:

a) pressupostos processuais de existência; e b) pressupostos processuais de validade.

4.2.1.1Pressupostos processuais positivos

4.2.1.1.1 Pressupostos processuais de existência

Sem a presença de quaisquer dos pressupostos processuais de existência, o processo será considerado inexistente. A consequência para a inexistência é a impossibilidade de sanar os vícios dela decorrentes.

Um processo inexistente, diferentemente de um processo inválido, não se convalesce. Transcorrido o prazo decadencial para ajuizamento da ação rescisória (2 anos), nada obsta que a inexistência seja arguida a qualquer tempo, tão logo seja identificada.

Assim, são pressupostos processuais de existência:

a) jurisdição; b) petição inicial (ou demanda); c) capacidade postulatória; d) citação.

Como já salientado, apenas aqueles investidos na função jurisdicional

é que podem exercê-la. Caso uma sentença seja proferida por um juiz aposentado, por exemplo, não há se falar na existência do ato praticado, pois ausente a jurisdição.

Na sequência, existente a jurisdição, só há que se falar na existência do processo que apresentar petição inicial. Sem esta, o Estado-juiz fica impedido de se manifestar sobre qualquer litígio, pois recorde-se que a atividade jurisdicional é inerte, e só atua mediante provocação.

E mais, além da petição inicial, exige-se que o postulante possua capacidade para tanto. O artigo 37, do Código de Processo Civil disciplina a matéria:

Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar a decadência ou prescrição, bem

33

Page 29: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho do juiz.

Parágrafo único. Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos por inexistentes, respondendo o advogado por despesas e perdas e danos.

Como se vê, o artigo mencionado expressamente determina que

sejam reputados inexistentes os atos praticados por quem não possua capacidade postulatória.

Mas, ainda, para que se fale em existência processual, há que se falar em citação. Sem citação, a relação jurídico-processual não se completa, pois não se chama o réu a compor a relação tripartite (autor, juiz e réu). A feitura da citação, ainda que de forma que não seja válida, faz existente a relação processual.

4.3.1.1.2 Pressupostos processuais de validade

Enquanto no tópico anterior foram abordados requisitos à existência do processo, agora passam a ser expostos requisitos que garantem sua validade. Ausente qualquer pressuposto processual de validade, há nulidade absoluta do processo, passível de declaração a qualquer tempo e grau de jurisdição, e, uma vez transita em julgado a decisão proferida em processo inválido, esta é passível de rescisão, desde que observado o prazo decadencial de 2 (dois) anos, naturalmente.

Assim, são pressupostos processuais de validade:

a) competência e imparcialidade; b) petição inicial apta; c) capacidade processual; e d) citação válida.

A competência nada mais é que a divisão territorial da jurisdição.

Existente a jurisdição, o ordenamento jurídico faz a separação dos juízos por matéria, de modo a destinar à sociedade um sistema jurisdicional especializado. Assim, via de regra, será nula uma decisão proferida por juiz incompetente. Diz-se, via de regra, pois há que se analisar se a competência é absoluta ou relativa. Se a incompetência for absoluta, o processo é nulo. Contudo, se for relativa e não tiver sido alegada oportunamente pela parte contrária, não mais poderá sê-la, operando-se a prorrogação do juízo, ou seja, o juiz que não era competente passa a sê-lo devido a inércia da parte contrária.

A questão é semelhante em razão da imparcialidade. Todo juiz, regularmente investido e dotado de competência, deve também ser imparcial. A imparcialidade se divide em impedimento e suspeição. Enquanto o impedimento gera nulidade absoluta do processo, a suspeição não arguida oportunamente pela parte contrária torna precluso tal direito.

34

Page 30: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Quanto a capacidade processual, ao verificar que o autor não a possui, o juiz deve suspender o processo e conferir prazo para que seja sanada a irregularidade, sob pena de extinção do processo sem julgamento de mérito. No entanto, caso o juiz verifique que há irregularidade na representação do réu, ele deve suspender o processo e marcar prazo razoável para que o defeito seja sanado, sob pena de reputá-lo revel.

Apresentada em juízo a petição inicial, o processo reputa-se existente, mas só se reputará válido se a petição inicial for apta. Toda petição inicial deve atender aos requisitos do artigo 840 da CLT:

a) a designação do juiz da Vara do Trabalho a quem for dirigida; b) a qualificação do reclamante; c) a qualificação do reclamado; d) breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio; e) pedido; f) data e assinatura do reclamante ou de seu representante; g) valor da causa.

Além dos requisitos específicos supra mencionados, exige-se o

preenchimento dos requisitos gerais do Código de Processo Civil nos termos dos seus artigo 282 e 283, abaixo citados:

Art. 282. A petição inicial indicará: I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida;

II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu;

III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

IV - o pedido, com as suas especificações; V - o valor da causa;

VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - o requerimento para a citação do réu.

Art. 283. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.

Caso tais requisitos não sejam preenchidos, o juiz deve determinar

que a petição inicial seja emendada, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de seu indeferimento. Conforme estipula o artigo 295, inciso I, do Código de Processo Civil, a petição inicial deverá ser indeferida sempre que for inepta.

É, ainda, requisito indispensável à petição inicial, sob pena desta ser considerada inepta, a indicação do endereço em que o advogado pretende receber suas futuras intimações, nos termos do artigo 39, inciso I, do Código de Processo Civil. Nos termos do parágrafo único de aludido dispositivo, se o advogado não indicar endereço, o juiz, antes de determinar a citação do réu, deverá mandar que ele supra a omissão no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de indeferimento da petição inicial.

Outro pressuposto processual de validade é a capacidade processual, isto é, a capacidade para estar em juízo. Toda pessoa que se ache no

35

Page 31: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo (art. 8º, CPC). Já os incapazes, para estarem em juízo, devem ser representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores (art. 9º, CPC).

Por fim, só há que se falar em desenvolvimento válido e regular de um processo quando se verificar a ocorrência de citação válida. Se a citação for realizada, o processo reputa-se existente, mas se não for válida, o processo será reputado como inválido, ou seja, como absolutamente nulo. O vício da citação inválida pode ser arguido a qualquer momento e em qualquer grau de jurisdição, inclusive após o trânsito em julgado da decisão que coloca fim ao processo, mediante ação rescisória.

Mas, note-se, a citação irregular é passível de dar causa à nulidade absoluta do processo se arguível no seu decorrer, ou, no máximo, durante o prazo para ação rescisória, sem o que não poderá mais ser arguida. Situação diversa, porém, ocorre se a hipótese for inexistência de citação (pressuposto processual de existência), quando não há prazo para ajuizamento de ação tendente à obtenção da declaração de inexistência do processo, ação esta chamada de querela nullitatis insanibilis.

Por derradeiro, veja-se o seguinte quadro comparativo:

Pressupostos processuais de existência Pressupostos processuais de validade

Jurisdição Competência e imparcialidade

Capacidade postulatória Capacidade processual

Petição inicial Petição inicial apta

Citação Citação válida

4.2.1.2 Pressupostos processuais negativos

Como mencionado, os pressupostos processuais negativos são

situações que não devem estar presentes na relação processual, sob pena de sua extinção sem julgamento de mérito.

São pressupostos processuais negativos:

a) a litispendência; b) a coisa julgada; e c) a perempção.

A litispendência ocorre quando há processo idêntico em curso,

perante o mesmo ou em juízo diverso. Reputa-se idêntico o processo que tenha as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.

Verifica-se a ocorrência da coisa julgada quando, após uma demanda ter sido decidida de forma definitiva, já tendo transitado em julgado sua decisão, ocorre o ajuizamento de demanda idêntica.

Assim como a litispendência, na coisa julgada há uma situação de repetição. Entretanto, enquanto a primeira reflete o ajuizamento de uma ação idêntica a outra que ainda está em curso, a última reflete o ajuizamento de uma ação idêntica a outra já definitivamente julgada.

36

Page 32: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Transitada em julgado uma decisão, esta fica protegida pelo manto da coisa julgada, direito fundamental que confere segurança jurídica ao ordenamento jurídico.

Quanto à perempção, trata-se de pressuposto processual negativo gerado pela desídia. Sempre que o autor deixar de promover atos e diligências que lhe competia, ou quando abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias, terá o processo extinto sem resolução de mérito. Consabido, a extinção sem resolução de mérito não impede que o autor proponha novamente a mesma demanda. Contudo, se essa situação se repetir por 3 (três) vezes, isto é, se por 3 (três) vezes o processo for extinto pela inércia do autor, não se permite mais que o processo seja ajuizado, pois concretizada a situação de perempção.

4.2.2 Intervenção de terceiros

Via de regra, a relação jurídico-processual compreende apenas o autor e o réu. Contudo, em diversas situações terceira pessoa pode vir a integrar essa relação, sempre que ela possa ser, de algum modo, atingida pela decisão a ser proferida.

Como se sabe, a formação da coisa julgada deve manifestar efeitos apenas entre as partes processuais. Assim, sempre que seus efeitos forem extensivos a terceira pessoa, esta pessoa pode intervir no processo para manifestar-se no que de direito.

São modalidades de intervenção de terceiros:

a) a assistência; b) a oposição; c) a nomeação à autoria; d) a denunciação da lide; e e) o chamamento ao processo.

4.2.2.1 Assistência

Dentre as modalidades de intervenção de terceiros, a assistência é a única não incluída no capítulo específico sobre elas, no Código de Processo Civil. Embora tratada conjuntamente com o litisconsórcio, e fora do capítulo relativo à intervenção de terceiros, a assistência não perde seu caráter.

Sempre que pender uma causa entre duas ou mais pessoas e o terceiro possuir interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma delas, poderá intervir no processo para assisti-la (art. 50, do CPC).

Nesse, sentido, a Súmula n.º 82 do Tribunal Superior do Trabalho é clara ao indicar que não basta o interesse meramente econômico para que se admita a assistência, sendo imperioso que se demonstre o interesse jurídico.

A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em todos os graus de jurisdição, porém o assistente recebe o processo no estado em que se encontra.

37

Page 33: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Nada impede, portanto, que terceiro intervenha como assistente em determinado processo, já em grau recursal, hipótese em que receberá o processo no estado em que o mesmo se encontrar.

4.2.2.2 Oposição

A oposição é forma voluntária de intervenção de terceiros, situação

em que o terceiro opõe direito às partes integrantes da relação jurídico-processual originária. A natureza jurídica da oposição é de ação autônoma.

É possível a oposição, tanto nos dissídios individuais quanto nos coletivos, mas é raro vislumbrar sua ocorrência no processo do trabalho.

4.2.2.3 Nomeação à autoria

A nomeação à autoria é forma provocada de intervenção de terceiros. Nela, o reclamado formula pedido no qual sustenta ser parte ilegítima, e indica quem seja o legitimado a figurar como reclamado em sua substituição.

A nomeação à autoria aplica-se apenas nos casos previstos nos artigos 62 e 63, ambos do Código de Processo Civil.

Art. 62. Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome próprio, deverá nomear à autoria o proprietário ou o possuidor.

Art. 63. Aplica-se também o disposto no artigo antecedente à ação de indenização, intentada pelo proprietário ou pelo titular de um direito sobre a coisa, toda vez que o responsável pelos prejuízos alegar que praticou o ato por ordem, ou em cumprimento de instruções de terceiro.

O caso do artigo 62 é o do mero detentor, também chamado de

fâmulo da posse, e o do artigo 63 é o do mero cumpridor de ordem ou instruções de terceiro.

No âmbito do processo do trabalho, num primeiro momento, a nomeação à autoria não tem aplicação. No caso do artigo 62, a relação é de direito real, enquanto no caso do artigo 63 não há razoabilidade no ajuizamento de ação reclamatória em face do preposto da empresa ao invés da própria empresa (MARTINS FILHO, 2009, p. 253). No entanto, considerada esta remota hipótese, poder-se-ia admitir a nomeação à autoria, caso em que o preposto deveria nomear a empresa.

4.2.2.4 Denunciação da lide

A denunciação da lide é forma provocada de intervenção de terceiros, e possui natureza jurídica de ação autônoma. O instituto em estudo relaciona-se ao direito de regresso, e possui hipóteses taxativas de cabimento.

Segundo o artigo 70, do Código de Processo Civil, a denunciação da lide é obrigatória:

38

Page 34: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

a) ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção Ihe resulta;

b) ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou direito, em casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu, citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada;

c) àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda.

As hipóteses autorizadoras de denunciação da lide, como se vê, são apenas de direitos reais, ao passo que a relação entre empregado e empregador é obrigacional.

No entanto, o Tribunal Superior do Trabalho cancelou a Orientação Jurisprudencial n.º 227 da SBDI-1, que vedava essa modalidade de intervenção de terceiros, em razão do entendimento de que a denunciação da lide é compatível com as hipóteses de responsabilidade subsidiária, quando o denunciante tem direito de regresso em face do denunciado (MARTINS FILHO, 2009, p. 253).

4.2.2.5 Chamamento ao processo

O chamamento ao processo também é forma provocada de intervenção de terceiros. O reclamado chama os demais coobrigados, não incluídos no pólo passivo pelo reclamante, para que ingressem na lide e sejam conjuntamente condenados, cada qual respondendo por sua fração de débito.

Enquanto a denunciação da lide se refere ao direito de regresso, o chamamento ao processo relaciona-se à fiança e à solidariedade.

Conforme dispõe o artigo 77, do Código de Processo Civil, é admissível o chamamento ao processo:

a) do devedor, na ação em que o fiador for réu; b) dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um

deles;

c) de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum. 4.2.3 Procedimento

No âmbito do processo do trabalho, as ações podem ser individuais ou coletivas. As ações individuais, que podem ser de conhecimento, de execução ou cautelares, tem por finalidade a tutela de interesses individuais e concretos, enquanto as ações coletivas, que podem ter natureza econômica ou jurídica, tem por finalidade a tutela de interesses gerais e abstratos (MARTINS FILHO, 2009, p. 243-244).

Por ser a maior fonte de questionamento no exame da Ordem dos Advogados do Brasil, o presente curso seguirá a ordem procedimental da

39

Page 35: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Reclamação Trabalhista para explicar a sequência de atos do processo laboral.

4.2.2.1 Rito ordinário

4.2.3.1.1 Postulação e distribuição

O processo do trabalho se instaura a partir da iniciativa do

reclamante, por meio do seu direito de ação. A reclamação trabalhista pode ser escrita, mas também pode ser verbal, nos termos do artigo 840 da CLT.

No caso de reclamação verbal, prevê o artigo 786 da CLT que ela deverá ser distribuída antes da sua redução a termo. A distribuição ocorre quando no mesmo local existem mais de uma autoridade competente para processar e julgar o pedido. Quando uma cidade possui mais de uma Vara do Trabalho, é por meio da distribuição que se determina qual delas terá a tarefa de processar e julgar o respectivo pedido apresentado.

No caso de reclamação verbal, portanto, primeiro se faz a distribuição e depois sua redução a termo. Segundo prevê o parágrafo único do artigo 786 da CLT, distribuída a reclamação verbal, o reclamante deverá, salvo motivo de força maior, apresentar-se no prazo de 5 (cinco) dias, ao cartório ou à secretaria, para reduzi-la a termo, sob a pena de perda, pelo prazo de 6 (seis) meses, do direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho, nos termos do artigo 731, também da CLT.

E na mesma pena incorre o reclamante que, por 2 (duas) vezes seguidas, der causa ao arquivamento de reclamação trabalhista em razão de seu não comparecimento, conforme determina o artigo 732 da CLT.

Enquanto a petição inicial do dissídio individual pode ser apresentada de forma escrita ou verbal, a petição inicial do dissídio coletivo só pode ser apresentada de maneira escrita, nos termos do artigo 856 da CLT. No mesmo sentido, a petição inicial do inquérito de apuração de falta grave somente pode ser apresentada de forma escrita, nos termos do artigo 853 da CLT.

O empregado, no âmbito da Justiça Laboral, pode pleitear diretamente em juízo, isto é, sem a assistência de advogado, nos termos do artigo 791 da CLT (jus postulandi). No entanto, essa é apenas uma faculdade, já que o empregado pode optar pela assistência de um advogado.

4.2.3.1.2 Comunicação das partes e designação de audiência

Segundo prevê o artigo 841 da CLT, recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou secretário, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, deverá remeter a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para comparecer à audiência do julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias.

Essa notificação deverá ser feita mediante carta com aviso de recebimento. No entanto, se o reclamado criar embaraços ao seu recebimento ou não for encontrado, far-se-á a notificação por edital, nos termos do parágrafo primeiro do artigo 841 da CLT.

40

Page 36: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Quanto ao reclamante, ele deverá ser notificado da data de realização da audiência no ato da apresentação da reclamação ou por meio da via postal, nos termos do parágrafo segundo do artigo 841 da CLT.

Como se vê, após o recebimento e realização do protocolo da petição inicial, o escrivão ou secretário tem o dever de notificar o reclamado para comparecer à audiência, dever que precisa ser cumprido no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. Prazo este que também é o da presunção de recebimento da notificação pelo reclamado, contado da postagem da notificação nos correios.

Nesse sentido, a súmula n.º 16 do Tribunal Superior do Trabalho

prevê:

SUM-16 – NOTIFICAÇÃO - Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua postagem. O seu não-recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo constitui ônus de prova do destinatário.

Realizada a citação, chamada de notificação ao reclamado, ela não

se destina à apresentação imediata de contestação, mas sim ao comparecimento à audiência, oportunidade em pode ser celebrada a conciliação entre as partes, e, apenas no caso de sua inocorrência é que será dada possibilidade do reclamado apresentar sua defesa (na própria audiência).

Há que se frisar, consoante acima se mencionou, que entre o recebimento da notificação pelo reclamado e a realização da audiência inaugural não pode decorrer prazo inferior a 5 (cinco) dias, sob pena de nulidade. E no caso do reclamado ser pessoa jurídica de direito público, esse prazo conta-se em quádruplo, ou seja, 20 (vinte) dias.

4.2.3.1.3 Audiência

As audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho são públicas e realizam-se na sede do Juízo ou Tribunal em dias úteis previamente fixados, entre 8 (oito) e 18 (dezoito) horas, não podendo ultrapassar 5 (cinco) horas seguidas, salvo quando houver matéria urgente (art. 813, caput, da CLT).

Em casos especiais, admite-se a designação de outro local para a realização das audiências, mediante edital afixado na sede do Juízo ou Tribunal, desde que com antecedência mínima de 24 (vinte e quatro) horas.

À hora marcada, deve o juiz declarar aberta a audiência, sendo feita pelo secretário ou escrivão a chamada das partes, testemunhas e demais pessoas que devam comparecer.

Conforme prevê o parágrafo único do artigo 815 da CLT, se, até 15 (quinze) minutos após a hora marcada, o juiz ou presidente não houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de registro das audiências, do que poderá ser fornecida certidão a quem a requerer.

Estipula o artigo 849 da CLT, que a audiência de julgamento deve ser contínua, mas caso não seja possível, por motivo de força maior, concluí-la

41

Page 37: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

no mesmo dia, o juiz poderá marcar a sua continuação para a primeira desimpedida, independentemente de nova notificação.

No procedimento ordinário, inobstante a possibilidade de realização de uma única audiência, tem sido adotada a seguinte sequência procedimental:

a) audiência inaugural (de conciliação); b) audiência de instrução; e c) audiência de julgamento.

Na audiência inaugural, caso não obtida a conciliação das partes,

deve o reclamado apresentar sua defesa. A audiência de instrução destina-se à produção de provas. Por sua vez, a audiência de julgamento destina-se a dar ciência às

partes do conteúdo da sentença proferida. Conforme estipula o caput do artigo 843 da CLT, na audiência devem

estar presentes o reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes salvo, nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar pelo Sindicato de sua categoria. Para esclarecer, reclamatórias plúrimas são aquelas que possuem mais de um reclamante.

Ao empregador é facultado fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente (art. 843, §1º da CLT).

Enquanto a CLT exige que a representação do empregador perante a Justiça do Trabalho seja feita apenas por prepostos, a Lei Complementar n.º 123/06 (Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte) dispõe que é facultado ao empregador de microempresa ou de empresa de pequeno porte fazer-se substituir ou representar perante a Justiça do Trabalho por terceiros que conheçam dos fatos, ainda que não possuam vínculo trabalhista ou societário.

No mesmo sentido, o Tribunal Superior do Trabalho editou a súmula n.º 377 nos seguintes termos:

SUM-377 - PREPOSTO. EXIGÊNCIA DA CONDIÇÃO DE EMPREGADO Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. Inteligência do art. 843, § 1º, da CLT e do art. 54 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.

Portanto, como se vê, além da ressalva em relação ao micro e

pequeno empresário, também admite-se que o representante do empregador doméstico seja terceiro, desde que com conhecimento dos fatos.

Quanto ao advogado, não é admitido que ele figure ao mesmo tempo como procurador e preposto do reclamado. Nesse sentido, prevê a súmula n.º 122 do Tribunal Superior do Trabalho:

SUM-122 - REVELIA. ATESTADO MÉDICO

42

Page 38: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

A reclamada, ausente à audiência em que deveria apresentar defesa, é revel, ainda que presente seu advogado munido de procuração, podendo ser ilidida a revelia mediante a apresentação de atestado médico, que deverá declarar, expressamente, a impossibilidade de locomoção do empregador ou do seu preposto no dia da audiência.

Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente

comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato, conforme autoriza o parágrafo segundo do artigo 843 da CLT.

Enquanto o não comparecimento do reclamante à audiência importa no arquivamento da reclamação, o não comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato (art. 844, caput, da CLT). Entretanto, se a ausência decorrer de motivo relevante, poderá o juiz suspender a audiência, designando nova data para a realização da mesma.

4.2.3.1.4 Tentativa de conciliação

Aberta a audiência, o juiz proporá desde logo a conciliação, conforme

prevê o caput do artigo 846 da CLT. Se houver acordo, lavrar-se-á termo, assinado pelo presidente e pelos

litigantes, consignando-se o prazo e demais condições para seu cumprimento (art. 846, §1º da CLT). Entre essas condições, poderá ser estabelecida a de ficar a parte que não cumpri-lo obrigada a satisfazer integralmente o pedido ou pagar uma indenização convencionada, sem prejuízo do seu cumprimento (art. 846, §2º da CLT).

Lavrado o termo de acordo, ele valerá como sentença irrecorrível, exceto para a Previdência Social em relação às contribuições que lhe forem devidas, conforme estipula o parágrafo único do artigo 831 da CLT.

Por derradeiro, conforme prevê a súmula n.º 259 do Tribunal Superior do Trabalho, somente por meio de ação rescisória é possível impugnar o termo de conciliação.

4.2.3.1.5 Defesa do reclamado

Não havendo acordo após a proposta de conciliação, o reclamado terá 20 (vinte) minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes. Nada impede, também, que a defesa seja apresentada de forma escrita.

Apresentada a contestação, ela não pode impugnar genericamente os pedidos do autor, os quais devem ser contestados individualmente, em consagração do princípio da impugnação específica dos pedidos. No âmbito laboral, a contestação que impugna apenas genericamente os pedidos do reclamante gera a presunção de veracidade dos fatos por ele alegados.

43

Page 39: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Mas a contestação não é a única via de defesa do reclamado, que também pode se valer da reconvenção ou das exceções, conforme prevê o artigo 297 do Código de Processo Civil.

Em relação às exceções, prevê o artigo 799 da CLT, que elas podem ser de suspeição, impedimento e incompetência (relativa), as quais suspendem o curso do processo. Recorde-se, pois, que a incompetência absoluta deve ser arguida como matéria preliminar na contestação e não ser objeto de exceção.

Quanto a reconvenção, prevê o artigo 315 do Código de Processo Civil que ela pode ser utilizada pelo reclamado em relação ao reclamante, toda toda vez que a reconvenção seja conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.

Oferecida a reconvenção, o autor reconvindo será intimado, na pessoa do seu procurador, para contestá-la.

Há que se lembrar, ainda, que a desistência da ação, ou a existência de qualquer causa que a extinga, não obsta o prosseguimento da reconvenção, nos termos do artigo 317 do Código de Processo Civil.

Por derradeiro, a teor da disposição contida no artigo 318 do Código de Processo Civil, julgar-se-ão na mesma sentença a ação e a reconvenção.

4.2.3.1.6 Instrução processual

Infrutífera a conciliação e apresentada a defesa pelo reclamado, incia-

se a fase de instrução processual. Na fase da instrução, ocorre a produção probatória, que é destinada

ao convencimento do juiz para solução da lide. Segundo prevê a Consolidação das Leis do Trabalho, a instrução

processual faz parte de uma audiência que deve ser única, contudo, é comum a divisão dessa audiência, como se mencionou, em três (uma de tentativa de conciliação, uma instrução e outra de julgamento).

Independentemente da maneira como realizada (seja em audiência única ou não), a instrução opera-se da mesma forma. Consoante prevê o artigo 818 da CLT, a prova das alegações incumbe à parte que as fizer.

4.2.3.1.6.1 Depoimento das partes

Com o encerramento da defesa, tem início a instrução do processo, que por sua vez, inicia-se com o interrogatório das partes (art. 848, caput, da CLT).

Findo o interrogatório, qualquer das partes pode se retirar, caso em que a instrução prosseguirá com seu representante, nos termos do parágrafo primeiro do artigo 848 da CLT.

Como já mencionado, a audiência de instrução pode ser realizada em momento distinto da audiência inaugural. Nesse caso, se o reclamante faltar à audiência de instrução, poderá ser reputado confesso em relação à matéria de fato caso expressamente intimado para prestar depoimento pessoal. Nesse sentido, veja-se a súmula n.º 74 do Tribunal Superior do Trabalho:

44

Page 40: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

SUM-74 - CONFISSÃO I - Aplica-se a pena de confissão à parte que, expressamente intimada com aquela cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria depor. II - A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta para confronto com a confissão ficta (art. 400, I, CPC), não implicando cerceamento de defesa o indeferimento de provas posteriores.

No entanto, não há que se falar em arquivamento do processo,

conforme conteúdo expresso na súmula n.º 9 do Tribunal Superior do Trabalho:

SUM-9 - AUSÊNCIA DO RECLAMANTE A ausência do reclamante, quando adiada a instrução após contestada a ação em audiência, não importa arquivamento do processo.

E como se extrai da súmula n.º 74 do Tribunal Superior do Trabalho,

no caso de ausência do reclamado perante à audiência de instrução, ele também poderá ser reputado confesso em relação à matéria de fato, desde que expressamente intimado para prestar depoimento pessoal.

Assim como a ausência do reclamante na audiência de instrução não importa em arquivamento do processo, a ausência do reclamado não importa em revelia, consequências típicas da ausência dos mesmos na audiência inaugural, como já se teve a oportunidade de expor.

4.2.3.1.6.2 Testemunhas

No âmbito da Justiça do Trabalho, as testemunhas devem

comparecer à audiência independentemente de notificação ou intimação (art. 825, caput, da CLT).

No entanto, as testemunhas que não comparecerem deverão ser intimadas, ex officio ou a requerimento da parte, ficando sujeitas a condução coercitiva, além de multa, caso não atendam sem motivo justificado à intimação, conforme prevê o parágrafo primeiro do artigo 825 da CLT.

O número de testemunhas previsto para cada procedimento deve ser analisado e memorizado com atenção, já que é frequente objeto de questionamento em concursos públicos e no exame da Ordem dos Advogados do Brasil.

No procedimento ordinário, 3 (três) representa o número máximo de testemunhas que pode ser indicada por cada parte, salvo quando se tratar de inquérito para apuração de falta grava, caso em que esse número poderá ser elevado a 6 (seis), nos termos do artigo 821 da CLT.

No procedimento sumaríssimo, 2 (dois) é o número máximo de testemunhas que pode ser indicado por cada uma das partes, conforme prevê o parágrafo segundo do artigo 852-H da CLT.

Já no procedimento sumário, 2 (dois) também é o número máximo de testemunhas que pode ser indicado por cada uma das partes.

45

Page 41: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Em resumo, portanto:

Procedimento: Ordinário Inq. p/ apuração falta grave Sumário Sumaríssimo

N.º máx. de testemunhas 3 6 2 2

As testemunhas não podem sofrer qualquer desconto pelas faltas ao

serviço, ocasionadas pelo seu comparecimento para depor, desde que devidamente arroladas ou convocadas (art. 822 da CLT).

Caso a testemunha seja funcionário civil ou militar, e tiver de depor em hora de serviço, deverá ser requisitada ao chefe da repartição para comparecer à audiência marcada (art. 823 da CLT).

Durante o depoimento de uma testemunha, o juiz deve providenciar para que ele não seja ouvido pelas demais que tenham que depor no processo, conforme prevê o artigo 824 da CLT.

Toda testemunha, antes de prestar o compromisso legal, deverá ser qualificada, indicando o nome, nacionalidade, profissão, idade, residência, e, quando empregada, o tempo de serviço prestado ao empregador, ficando sujeita, em caso de falsidade, às leis penais (art. 828, caput, da CLT).

Prestados os depoimentos pelas testemunhas, estes deverão ser resumidos, por ocasião da audiência, pelo secretário da Vara ou por funcionário para esse fim designado, conforme prevê o parágrafo único do artigo 828 da CLT.

Serão ouvidos como mero informantes de juízo e não prestarão o compromisso, as testemunhas que forem parentes até o 3º (terceiro) grau civil, amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes, nos termos do artigo 829 da CLT. Assim, tão logo ocorra a qualificação da testemunha e antes que ela inicie seu depoimento, deve a parte contrária contraditá-la, arguindo sua suspeição, impedimento ou incapacidade.

Por derradeiro, conforme disciplina a súmula n.º 357 do Tribunal Superior do Trabalho, o fato da pessoa arrolada como testemunha estar litigando ou ter litigado contra o mesmo empregador não a torna suspeita.

4.2.3.1.6.3 Documentos

Segundo prevê o artigo 787 da CLT, a reclamação escrita deverá ser formulada em 2 (duas) vias e deverá ser acompanhada dos documentos em que se fundar.

No entanto, dispõe o artigo 845 da CLT, que reclamante e reclamado comparecerão à audiência acompanhados das suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais provas.

É majoritário, pois, o entendimento de que o reclamante tem o dever de juntar os documentos que possua com a petição inicial, enquanto o reclamado deve apresentá-los na sua oportunidade de defesa, em audiência, caso reste infrutífera a tentativa de conciliação.

Nesse contexto, o Tribunal Superior do Trabalho editou a súmula n.º 263, que dispõe:

46

Page 42: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

SUM-263 - PETIÇÃO INICIAL. INDEFERIMENTO. INSTRUÇÃO OBRIGATÓRIA DEFICIENTE Salvo nas hipóteses do art. 295 do CPC, o indeferimento da petição inicial, por encontrar-se desacompanhada de documento indispensável à propositura da ação ou não preencher outro requisito legal, somente é cabível se, após intimada para suprir a irregularidade em 10 (dez) dias, a parte não o fizer.

Como se vê, portanto, o momento para o reclamante juntar seus

documentos é com a apresentação de sua petição inicial. Mas o tema não é pacífico e o próprio Tribunal Superior do Trabalho aponta em não raros julgados a possibilidade de juntada de documentos durante todo o lapso da instrução probatória, por qualquer das partes.

Já na fase recursal, a juntada de documentos só é admitida quando provado a justo impedimento para sua apresentação anterior, conforme prevê a súmula n.º 8 do Tribunal Superior do Trabalho, abaixo citada:

SUM-8 - JUNTADA DE DOCUMENTO A juntada de documentos na fase recursal só se justifica quando provado o justo impedimento para sua oportuna apresentação ou se referir a fato posterior à sentença.

Como se sabe, em matéria trabalhista a prova documental não é tão

simples de ser apresentada pelo trabalhador, razão que justifica a maior utilização da prova de natureza testemunhal nesta esfera do direito.

Em razão disso, após estipular regras sobre o quadro com horários de trabalho (art. 74, caput, da CLT), o parágrafo segundo do artigo 74 da CLT determina que para os estabelecimentos de mais de 10 (dez) trabalhadores será obrigatória a anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho, devendo haver pré-assinalação do período de repouso. E a apresentação desses controles de frequência é ônus do empregador, conforme disciplina a súmula n.º 338 do Tribunal Superior do Trabalho:

SUM-338 JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário. III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de

47

Page 43: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir.

Portanto, caso o empregador não apresente os documentos

determinados pelo juiz, contra ele pesará a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo reclamante em relação à sua jornada de trabalho.

4.2.3.1.6.4 Perícia

Por meio da perícia constata-se determinada alegação de caráter

técnico ou científico que tenha sido apresentada por qualquer das partes. Segundo prevê o artigo 3º da Lei n.º 5.584/70, os exames periciais

devem ser realizados por um perito único, designado pelo juiz, que deverá fixar o prazo para a entrega do laudo.

Nomeado o perito, permitir-se-á a cada parte a indicação de um assistente, cujo laudo terá que ser apresentado no mesmo prazo assinado para o perito, sob pena de ser desentranhado dos autos. No caso de indicação de assistente técnico, é a parte que o indicou que responde pelo pagamento dos seus honorários, ainda que saia vencedora no objeto da perícia, conforme prevê a súmula n.º 341 do Tribunal Superior do Trabalho, abaixo citada:

SUM-341 - HONORÁRIOS DO ASSISTENTE TÉCNICO A indicação do perito assistente é faculdade da parte, a qual deve responder pelos respectivos honorários, ainda que vencedora no objeto da perícia.

Já a responsabilidade pelo pagamento dos honorários do perito é da

parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, salvo quando for beneficiária da justiça gratuita, conforme prevê o artigo 790-B da CLT.

A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho, nos termos do caput do artigo 195 da CLT.

Nesse sentido, é indiferente se a perícia é realizada por médico ou engenheiro, desde que o profissional esteja devidamente qualificado, conforme orientação jurisprudencial n.º 165 da SDI-1 (Seção de Dissídios Individuais n.º 1):

OJ-SDI1-165 PERÍCIA. ENGENHEIRO OU MÉDICO. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE. VÁLIDO. ART. 195 DA CLT. Inserida em 26.03.99 O art. 195 da CLT não faz qualquer distinção entre o médico e o engenheiro para efeito de caracterização e classificação da insalubridade e periculosidade, bastando para a elaboração do laudo seja o profissional devidamente qualificado.

48

Page 44: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

É importante frisar, nos termos da súmula n.º 293 do Tribunal Superior do Trabalho, que a indicação, na petição inicial, de agente insalubre diverso do efetivamente existente no meio ambiente de trabalho não prejudica o pedido pelo adicional, desde que outro seja devidamente constatado pela perícia. Veja-se, pois, o conteúdo da mencionada súmula:

SUM-293 - ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. CAUSA DE PEDIR. AGENTE NOCIVO DIVERSO DO APONTADO NA INICIAL A verificação mediante perícia de prestação de serviços em condições nocivas, considerado agente insalubre diverso do apontado na inicial, não prejudica o pedido de adicional de insalubridade.

Ademais, realizada a perícia, não basta a constatação de

insalubridade pelo perito se a atividade não consta na relação oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho. Nesse sentido, veja-se a orientação jurisprudencial n.º 4 da SDI-1:

OJ-SDI1-4 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. LIXO URBANO. I - Não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo pericial para que o empregado tenha direito ao respectivo adicional, sendo necessária a classificação da atividade insalubre na relação oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho. II - A limpeza em residências e escritórios e a respectiva coleta de lixo não podem ser consideradas atividades insalubres, ainda que constatadas por laudo pericial, porque não se encontram dentre as classificadas como lixo urbano na Portaria do Ministério do Trabalho.

Em matéria de insalubridade, inclusive, é indispensável a realização

de perícia para que ocorra sua constatação. No entanto, caso o local de trabalho já tenha sido desativado, o juiz deverá se valer de outros meios probatórios, em observância à orientação jurisprudencial n.º 278 da SDI-1. 4.2.3.1.6.5 Inspeção judicial

A inspeção judicial é o exame direto da pessoa ou coisa pelo juiz, que pessoalmente diligencia até determinado local para obter esclarecimentos que interessem no julgamento da causa, nos termos do artigo 440 do Código de Processo Civil.

Quando o juiz realizar a inspeção direta, ele poderá ser assistido por perito (art. 441 do CPC).

Às partes é assegurado o direito de assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e fazendo observações que reputem de interesse para a causa, conforme prevê o parágrafo único do artigo 442 do Código de Processo Civil.

49

Page 45: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Finda a diligência, deve o juiz mandar lavrar auto circunstanciado, nele mencionando tudo quanto for útil ao julgamento da causa, podendo instruí-lo com desenhos, gráficos ou fotografias (art. 443 do CPC).

4.2.3.1.7 Razões finais

Finda a instrução, dispõe o caput do artigo 850 da CLT, que as partes poderão aduzir suas razões finais, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma.

Inobstante a previsão legal, é comum a autorização judicial para que as partes apresentam suas razões finais por escrito.

Por derradeiro, frise-se que não há que se falar em razões finais no procedimento sumaríssimo, diferentemente do procedimento sumário (dissídio de alçada), no qual eventual impugnação ao valor da causa deverá ser apresentada por ocasião do oferecimento das razões finais, nos termos do parágrafo primeiro, do artigo 2º da Lei n.º 5.584/70.

4.2.3.1.8 Segunda tentativa de conciliação

Após a oportunidade de oferecimento das razões finais, tenham estas sido apresentadas ou não, deve o juiz renovar a proposta de conciliação entre as partes, e apenas caso ela não se mostre frutífera, deverá ele proferir sua decisão (art. 850, caput, da CLT)

Não ofertada a primeira tentativa de conciliação, não há que se falar em nulidade processual desde que seja feita mencionada tentativa após o oferecimento das razões finais. Embora não haja unanimidade sobre o assunto, entende-se, majoritariamente, que o oferecimento da segunda proposta de conciliação supre a ausência da primeira, que deveria ter sido realizada por ocasião da audiência inaugural.

Por derradeiro, não há que se falar em nulidade processual perante o procedimento sumaríssimo, decorrente da ausência de proposta de conciliação, já que não há exigência legal dessa natureza.

4.2.3.1.9 Sentença

Com a sentença, encerra-se o curso do processo em 1ª (primeira)

instância. Segundo o artigo 458, do Código de Processo Civil, são requisitos da sentença:

a) o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo (no procedimento sumaríssimo, é dispensado o relatório);

b) os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; e

c) o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes Ihe submeterem.

Pois, quando não há interposição de recurso, a sentença transita em julgado. Com isso, a decisão fica protegida pela coisa julgada, mas essa

50

Page 46: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

proteção refere-se apenas ao dispositivo da sentença, não abrangendo o relatório, nem os fundamentos da decisão.

Quando o juiz profere sentença, ele pode acolher ou rejeitar, total ou parcialmente os pedidos formulados pelo reclamante. E pode, também, sequer analisá-los, caso em que estar-se-á diante das hipóteses de extinção do processo sem resolução de mérito, nos termos do artigo 267 do Código de Processo Civil.

Quando a ação tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz deve conceder a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinar as providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento (art. 461, do CPC). Nesses casos, só há que se falar em conversão em perdas e danos quando o autor o requerer ou quando impossível a tutela específica ou a obtenção de resultado prático equivalente.

Também é lícito ao juiz, nesses casos, fixar multa diária para o caso de descumprimento da decisão (astreintes), ou determinar medidas como busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial.

Uma vez publicada a sentença, o juiz só pode alterá-la:

a) para lhe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou lhe retificar erros de cálculo; ou

b) por meio de embargos de declaração.

Como já se teve a oportunidade de mencionar, a sentença deve ser proferida após o oferecimento da 2ª (segunda) proposta de conciliação (art. 850, caput, da CLT).

Proferida a sentença, as partes saem da audiência dela intimadas, exceto no caso de revelia, caso em que a intimação realizar-se-á sob a forma postal, conforme prevê o artigo 852 da CLT.

Como a publicação da sentença e respectivas intimações ocorrem em audiência, começa-se imediatamente o curso do prazo recursal, prazo que também tem início para a parte que, embora devidamente intimada, deixou de comparecer à audiência de julgamento, conforme prevê a súmula n.º 197 do Tribunal Superior do Trabalho, abaixo citada:

SUM-197 - PRAZO O prazo para recurso da parte que, intimada, não comparecer à audiência em prosseguimento para a prolação da sentença conta-se de sua publicação.

Segundo exige o parágrafo segundo do artigo 851 da CLT, a ata de

sentença deverá ser, pelo juiz, juntada ao processo, devidamente assinada, no prazo improrrogável de 48 (quarenta e oito) horas, contado da audiência de julgamento, pois caso não seja, as partes deverão ser dela intimadas, só quem o que terá início o prazo recursal, conforme prevê a súmula n.º 30 do Tribunal Superior do Trabalho, abaixo citada:

SUM-30 - INTIMAÇÃO DA SENTENÇA

51

Page 47: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Quando não juntada a ata ao processo em 48 horas, contadas da audiência de julgamento (art. 851, § 2º, da CLT), o prazo para recurso será contado da data em que a parte receber a intimação da sentença.

Antes de encerrar, veja-se o fluxograma do procedimento ordinário no

caso de dissídio individual perante a Justiça do Trabalho, apresentado segundo a doutrina de Ives Gandra da Silva Martins Filho (2009, p. 270):

Petição Inicial

Distribuição

Citação do reclamado

Ausência das partes Audiência

1ª tentativa de conciliação

Reclamante Reclamado Celebrado acordo

Arquivamento Revelia Infrutífera a realização de acordo Extinção processo

(Extinção do

processo)

Exceções Contestação Reconvenção

Defesa de mérito

Litispendência Suspeição

e e

Coisa julgada

Incompetência

Produção probatória

Instrução

Razões finais

Extinção processo

Redistribuição

2ª tentativa de conciliação

Julgamento

Sentença

52

Page 48: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

4.3.2.2 Rito sumaríssimo

A inclusão do procedimento sumaríssimo no processo do trabalho

deve-se à lei n.º 9.957, de 12 janeiro de 2000. Segundo prevê o artigo 852-A da CLT, os dissídios individuais cujo

valor não exceda a 40 (quarenta) vezes o salário mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação devem ser submetidos ao procedimento sumaríssimo. No entanto, estão excluídas do procedimento sumaríssimo as demandas em que figurar como parte a Administração Pública direta, autárquica e fundacional.

Conforme estipula o artigo 852-B da CLT, nas reclamações enquadradas no procedimento sumaríssimo:

a) o pedido deverá ser certo e determinado e indicará o valor correspondente;

b) não se fará citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação do nome e endereço do reclamado;

c) a apreciação da reclamação deverá ocorrer no prazo máximo de 15 (quinze) dias do seu ajuizamento.

Caso não sejam atendidas as prescrições das alíneas “a” e “b” (supra mencionadas), ocorrerá o arquivamento da reclamação e a condenação ao pagamento de custas sobre o valor da causa, nos termos do parágrafo primeiro do artigo 852-B da CLT.

Qualquer mudança de endereço ocorrida no curso do processo deve ser comunicada ao juízo pelas partes e advogados, reputando-se eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência de comunicação (art. 852-B, §2º da CLT).

As demandas sujeitas ao rito sumaríssimo devem ser instruídas e julgadas, conforme prevê o artigo 852-C da CLT, em audiência única, sob a direção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser convocado para atuar simultaneamente com o titular.

O juiz deve dirigir o processo com liberdade para determinar as provas a serem produzidas, considerado o ônus probatório de cada litigante, podendo limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias, bem como para apreciá-las e dar especial valor às regras de experiência comum ou técnica (art. 852-D da CLT).

Há que se recordar, pois, que enquanto o princípio dispositivo está relacionado com o direito de ação, isto é, a jurisdição é inerte até ser provocada, o princípio inquisitivo rege a atuação do juiz no curso do processo, sendo dever deste interferir o quanto necessário na produção probatória que lhe formará a convicção.

Segundo prevê o artigo 852-E da CLT, aberta a sessão, deve o juiz esclarecer as partes presentes sobre as vantagens da conciliação e deve usar os meios adequados de persuasão para a solução conciliatória do litígio, em qualquer fase da audiência.

Na ata de audiência devem ser registrados resumidamente os atos essenciais, as afirmações fundamentais das partes e as informações úteis à solução da causa trazidas pela prova testemunhal (art. 852-F da CLT).

53

Page 49: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Devem ser decididos de plano todos os incidentes e exceções que possam interferir no prosseguimento da audiência e do processo, enquanto as demais questões devem ser decididas na sentença, nos termos do artigo 852-G da CLT.

No procedimento sumaríssimo, todas as provas devem ser produzidas na audiência de instrução e julgamento, ainda que não requeridas previamente (art. 852-H, caput, da CLT).

Quando forem apresentados documentos por uma das partes, a outra deverá sobre eles manifestar-se imediatamente, sem interrupção da audiência, salvo absoluta impossibilidade, a critério do juiz, conforme prevê o parágrafo primeiro do artigo 852-H da CLT.

Na audiência una do procedimento sumaríssimo, admite-se o máximo de 2 (duas) testemunhas para cada parte, as quais devem comparecer independentemente de intimação (art. 852-H, §2º da CLT). No entanto, pode-se deferir a intimação da testemunha que, comprovadamente convidada, deixar de comparecer. Assim, não comparecendo a testemunha intimada, é lícito ao juiz determinar sua imediata condução coercitiva (art. 852-H, §3º da CLT).

No bojo do procedimento em estudo, a prova técnica somente deverá ser deferida quando a prova do fato o exigir, ou quando for legalmente imposta, incumbindo ao juiz, desde logo, fixar o prazo, o objeto da perícia e nomear o perito, conforme prevê o parágrafo quarto do artigo 852-H da CLT.

Apresentado o laudo pericial, as partes devem ser intimadas para sobre ele se manifestar no prazo comum de 5 (cinco) dias, nos termos do parágrafo sexto do artigo 852-H da CLT.

Caso interrompida a audiência, o seu prosseguimento e a solução do processo dar-se-ão no prazo máximo de (trinta) dias, salvo motivo relevante justificado nos autos pelo juiz da causa (art. 852-H, §7º da CLT).

A sentença deve ser fundamentada, devendo mencionar os elementos de convicção do juízo, com resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório, nos termos do artigo 852-I, caput, da CLT. As partes devem ser intimadas da sentença na própria audiência em que prolatada.

Por derradeiro, segundo prevê o parágrafo primeiro do artigo 852-I da CLT, é dever do juízo adotar, em cada caso, a decisão que reputar mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e as exigências do bem comum.

4.2.2.3 Rito sumário (dissídio de alçada)

Enquanto o procedimento sumaríssimo é pertinente para as demandas cujo valor não exceda a 40 (quarenta) vezes o salário mínimo vigente na data do ajuizamento da ação, o procedimento sumário o é para as causas que não excedam a 2 (dois) salários mínimos.

Das sentenças proferidas em sede dos dissídios de alçada, considerado o valor do salário mínimo à data do ajuizamento da ação, não caberá qualquer recurso, salvo quando versar sobre matéria constitucional, nos termos do parágrafo quarto do artigo 2º da Lei n.º 5.584/70.

54

Page 50: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Nos dissídios de alçada, aberta a audiência será proposta a conciliação, e não havendo acordo, o juiz, antes de passar à instrução da causa, fixar-lhe-á o valor para a determinação da alçada, caso este esteja indeterminado no pedido (art. 2º, caput, da Lei n.º 5.584/70).

Na audiência, encerrada a instrução as partes poderão oferecer razões finais, sendo esta a oportunidade para que qualquer delas impugne o valor fixado pelo juiz, nos termos do parágrafo primeiro do artigo 2º da Lei n.º 5.584/70.

4.2.4 Comissão de Conciliação Prévia

O principal objetivo da comissão de conciliação prévia é a redução do

número de demandas perante o Poder Judiciário. Segundo prevê o artigo 625-A da CLT, as empresas e os sindicatos

podem instituir comissões de conciliação prévia, de composição paritária, com representante dos empregados e dos empregadores, com a atribuição de tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho.

Também admite-se, nos termos do parágrafo único do mencionado artigo 625-A, que as comissões de conciliação prévia sejam constituídas por grupos de empresas ou tenham caráter intersindical.

Instituída no âmbito da empresa, a comissão de conciliação prévia deverá ser composta de, no mínimo, 2 (dois) e, no máximo, 10 (dez) membros, e observará as seguintes normas:

a) a metade de seus membros será indicada pelo empregador e outra metade eleita pelos empregados, em escrutínio secreto, fiscalizado pelo sindicato de categoria profissional;

b) haverá na Comissão tantos suplentes quantos forem os representantes titulares;

c) o mandato dos seus membros, titulares e suplentes, é de um ano, permitida uma recondução.

Segundo prevê o parágrafo primeiro do artigo 625-B da CLT, é vedada a dispensa dos representantes dos empregados membros da comissão de conciliação prévia, titulares e suplentes, até 1 (um) ano após o final do mandato, salvo se cometerem falta, nos termos da lei.

Aquele que for representante dos empregados, deve desenvolver seu trabalho normal na empresa, afastando-se de suas atividades apenas quando convocado para atuar como conciliador, sendo computado como tempo de trabalho efetivo o despendido nessa atividade.

Já a comissão de conciliação prévia que for constituída no âmbito de sindicato, deve ter sua constituição e normas de funcionamento definidas em convenção ou acordo coletivo (art. 625-C da CLT).

Dispõe o caput do artigo 625-D da CLT, que qualquer demanda de natureza trabalhista deverá ser submetida à comissão de conciliação prévia se, na localidade da prestação de serviços, houver sido instituída a comissão no âmbito da empresa ou do sindicato da categoria. Contudo, em caso de motivo relevante que impossibilidade tal procedimento, essa

55

Page 51: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

circunstância deverá ser declarada na petição inicial da ação ajuizada pela a Justiça do Trabalho.

Nesse caso, a demanda deverá ser formulada por escrito ou reduzida a tempo por qualquer dos membros da comissão, devendo ser entregue cópia datada e assinada pelo membro aos interessados, conforme determina o parágrafo primeiro do artigo 625-D da CLT.

Caso não prospere a conciliação, deverá ser fornecida ao empregado e ao empregador declaração da tentativa conciliatória frustrada com a descrição de seu objeto, firmada pelos membros da Comissão, que deverá ser juntada à eventual reclamação trabalhista (art. 625-D, §2º da CLT).

Se, eventualmente, existirem na mesma localidade e para a mesma categoria, comissão de empresa e comissão sindical, o interessado poderá optar por uma delas para submeter a sua demanda, sendo competente aquela que primeiro conhecer do pedido (art. 625-D, §4º da CLT).

Aceita a conciliação, deverá ser lavrado termo assinado pelo empregado, pelo empregador ou seu proposto e pelos membros da comissão, fornecendo-se cópia às partes (art. 625-E da CLT).

Segundo estipula o parágrafo único do artigo 625-E da CLT, o termo de conciliação constitui título executivo extrajudicial e terá eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas.

A partir da provocação do interessado, as comissões de conciliação prévia tem prazo de 10 (dez) dias para a realização da sessão de tentativa de conciliação (art. 625-F, caput, da CLT). No entanto, esgotado o prazo sem a realização da sessão, deverá ser fornecida, no último dia do prazo, declaração da tentativa de conciliação frustrada (art. 625-F, parágrafo único, da CLT).

A partir da provocação da comissão de conciliação prévia, o prazo prescricional será suspenso, recomeçando a fluir, pelo que lhe resta, a partir:

a) da tentativa frustrada de conciliação; ou

b) do esgotamento do prazo previsto para a realização da sessão de conciliação (10 dias), a partir da provocação do interessado.

Por derradeiro, conforme prevê o artigo 625-H da CLT, aplicam-se aos Núcleos Intersindicais de Conciliação Trabalhista em funcionamento ou que vierem a ser criados, no que couber, as disposições relativas à comissão de conciliação prévia, desde que observados os princípios da paridade e da negociação coletiva na sua constituição.

5. Recursos

Os recursos são instrumentos processuais destinados a submeter uma decisão judicial a uma nova análise, pelo mesmo ou por órgão diverso daquele que a proferiu. A finalidade dos recursos é reformar, invalidar, esclarecer, integrar ou complementar a decisão recorrida.

Segundo prevê o artigo 899 da CLT, os recursos trabalhistas devem ser interpostos por simples petição e terão efeito meramente devolutivo,

56

Page 52: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

salvo as expressas exceções consolidadas, permitida a execução provisória até a penhora.

Inobstante interposição por simples petição, os recursos trabalhistas devem ser fundamentados, visto que, na Justiça do Trabalho, exige-se que as razões ataquem os fundamentos da decisão recorrida.

Há que se recordar, pois, que as decisões proferidas nos dissídios de alçada (aqueles cujo valor da causa não pode exceder a 2 salários mínimos) não são passíveis de recurso, exceto no caso de matéria constitucional, nos termos do parágrafo quarto do artigo 2º da Lei n.º 5.584/70.

Homologado judicialmente o acordo celebrado entre reclamante e reclamado, não há que se falar em recurso da decisão homologatória, salvo para a Previdência Social, quanto às contribuições que lhe forem devidas.

Como já se teve a oportunidade de mencionar, no processo do trabalho também são irrecorríveis as decisões interlocutórias, nos termos do parágrafo primeiro do artigo 893 da CLT. Sobre o assunto, é importante citar a súmula n.º 214 do Tribunal Superior do Trabalho, que excepciona algumas situações:

SUM-214 DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

Proferida uma decisão interlocutória que importe prejuízo para parte,

inobstante sua irrecorribilidade, ela deve ser arguida na primeira oportunidade que a parte prejudicada tenha para falar nos autos, sob pena de preclusão. Na sequência, caso interposto recurso da decisão final, a parte prejudicada deve arguir como preliminar o prejuízo ocasionado pela aludida decisão interlocutória.

Portanto, para que o conteúdo de uma decisão interlocutória possa ser alterado, a parte prejudicada deve:

1º) arguir seu inconformismo na primeira oportunidade que tenha para falar nos autos; e

2º) reiterá-lo, como preliminar, em eventual recurso interposto contra a decisão final.

Antes de abordar os efeitos, é necessário apresentar os principais princípios recursais em matéria trabalhista:

57

Page 53: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

a) taxatividade: os recursos estão expressamente previstos no ordenamento jurídico nacional, em rol taxativo, não se admitindo a criação de novas espécies ao arbítrio da parte recorrente;

b) unirrecorribilidade: via de regra, para cada decisão proferida, apenas uma espécie recursal é cabível;

c) unicidade: o recurso somente pode ser interposto uma vez em relação a mesma decisão;

d) fungibilidade: admite-se que um recurso seja recebido como outro, desde que haja compatibilidade entre as espécies e desde que observado o prazo pertinente. O princípio da fungibilidade é aplicável apenas mediante a existência de dúvida objetiva sobre o recurso cabível, ou seja, exige-se a existência de divergência doutrinária ou jurisprudencial não pacificada.

5.1 Efeitos dos recursos

São efeitos dos recursos:

a) efeito devolutivo, que está presente em todos os recursos. Segundo esse efeito, se devolve à instância ad quem a matéria nos limites em que recorrida.

b) efeito suspensivo, que impede que a decisão recorrida (a quo) produza efeitos até que o recurso dela interposto seja julgado pela instância ad quem.

c) efeito translativo, que permite ao tribunal conhecer de matérias de ordem pública, ainda que não alegadas pelo recorrente.

d) efeito expansivo subjetivo, que traduz a possibilidade do julgamento do recurso atingir a outras partes, que não apenas o recorrente, como no caso em que apenas um litisconsorte interpõe recurso, mas todos são beneficiados pela decisão.

e) efeito regressivo, que é a faculdade presente em alguns recursos, de permitir que a instância a quo efetue um juízo de retratação, antes de encaminhar o recurso à instância ad quem.

Por fim, cumpre esclarecer que órgão a quo é a instância recorrida (no caso do recurso ordinário, é o juiz do trabalho na primeira instância), enquanto que órgão ad quem é a instância que julgará o recurso (no caso do recurso ordinário, o Tribunal Regional do Trabalho).

5.2 Pressupostos recursais

Os pressupostos recursais dividem-se em:

a) objetivos; e b) subjetivos.

58

Page 54: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

A verificação da presença dos mencionados pressupostos recursais é realizada tanto pelo juízo a quo como pelo juízo ad quem, mediante juízo de admissibilidade.

São pressupostos recursais objetivos:

a) adequação (ou cabimento): o recurso interposto deve ser o legalmente previsto para a hipótese;

b) tempestividade: o recurso deve ser interposto no prazo legal, que na Justiça do Trabalho, via de regra, é de 8 (oito) dias;

c) regularidade da representação: o advogado que subscreve a petição recursal deve estar regularmente investido dos poderes de representação da parte recorrente, salvo quando o recurso for por ela diretamente apresentado (jus postulandi);

d) preparo: para que o recurso seja admitido, a parte deve recolher as custas processuais e deve realizar o depósito recursal;

e) recorribilidade da decisão: o ato deve ser passível recurso, lembrando que as decisões interlocutórias não o são, assim como as decisões proferidas em sede dos dissídios de alçada (exceto quanto à matéria constitucional).

Por sua vez, são pressupostos recursais subjetivos:

a) legitimidade: conferida à parte vencida, ao terceiro prejudicado e ao Ministério Público.

b) capacidade: só pode recorrer a parte que possui capacidade de estar em juízo; e

c) interesse: pertencente apenas à parte que sofreu alguma perda com a decisão recorrida, salvo no caso do Ministério Público.

Assim, ausente qualquer dos pressupostos supra mencionados, o recurso não poderá ser conhecido.

5.3 Preparo

Segundo prevê o caput do artigo 789 da CLT, nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas ações e procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem como nas demandas propostas perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição trabalhista, as custas relativas ao processo de conhecimento incidirão à base de 2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro centavos) e serão calculadas:

a) quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo valor;

b) quando houver extinção do processo, sem julgamento do mérito, ou julgado totalmente improcedente o pedido, sobre o valor da causa;

c) no caso de procedência do pedido formulado em ação declaratória e em ação constitutiva, sobre o valor da causa;

d) quando o valor for indeterminado, sobre o que o juiz fixar.

59

Page 55: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Como regra, as custas devem ser pagas após o trânsito em julgado da decisão judicial. No entanto, interposto recurso, o preparo do mesmo inclui o pagamento das custas no prazo recursal, sob pena de deserção, nos termos do parágrafo primeiro do artigo 789 da CLT. Nesse caso, se a sentença for ilíquida, deve o juiz arbitrar-lhe o valor e fixar o montante das custas processuais (art. 789, §2º da CLT).

Sempre que houver acordo, se de outra forma não for convencionado, o pagamento das custas caberá em partes iguais aos litigantes, nos termos do parágrafo terceiro do artigo 789 da CLT.

Já nos dissídios coletivos, as partes vencidas responderão solidariamente pelo pagamento das custas, calculadas sobre o valor arbitrado na decisão, ou pelo Presidente do Tribunal (art. 789, §4º da CLT).

Segundo prevê o artigo 789-A da CLT, no processo de execução as custas são sempre de responsabilidade do executado, de conformidade com a seguinte tabela:

I – autos de arrematação, de adjudicação e de remição: 5% (cinco por cento) sobre o respectivo valor, até o máximo de R$ 1.915,38 (mil novecentos e quinze reais e trinta e oito centavos);

II – atos dos oficiais de justiça, por diligência certificada: a) em zona urbana: R$ 11,06 (onze reais e seis centavos); b) em zona rural: R$ 22,13 (vinte e dois reais e treze centavos);

III – agravo de instrumento: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte

e seis centavos);

IV – agravo de petição: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis centavos);

V – embargos à execução, embargos de terceiro e embargos à arrematação: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis centavos);

VI – recurso de revista: R$ 55,35 (cinquenta e cinco reais e trinta e cinco centavos);

VII – impugnação à sentença de liquidação: R$ 55,35 (cinquenta e cinco reais e trinta e cinco centavos);

VIII – despesa de armazenagem em depósito judicial – por dia: 0,1% (um décimo por cento) do valor da avaliação;

IX – cálculos de liquidação realizados pelo contador do juízo – sobre o valor liquidado: 0,5% (cinco décimos por cento) até o limite de R$ 638,46 (seiscentos e trinta e oito reais e quarenta e seis centavos).

O trabalhador só responde pelas custas quando o processo for julgado sem resolução de mérito ou quando os pedidos forem considerados totalmente improcedentes, desde que ele não seja beneficiário da justiça gratuita.

Nos termos do parágrafo primeiro do artigo 790 da CLT, tratando-se de empregado que não tenha obtido o benefício da justiça gratuita, ou isenção de custas, o sindicato que houver intervindo no processo responderá solidariamente pelo pagamento das custas devidas.

Além dos beneficiários da justiça gratuita, prevê o artigo 790-A da CLT que também são isentos do pagamento de custas:

60

Page 56: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

a) a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica;e

b) o Ministério Público do Trabalho.

Situação diversa, mas igualmente exigível como preparo é o depósito recursal, necessário para o empregador sucumbente, ainda que de modo parcial, no processo do trabalho.

O depósito recursal objetiva garantir o juízo para a futura execução e se não for realizado dá causa à deserção do recurso.

Segundo ato do Tribunal Superior do Trabalho, são valores para o depósito recursal:

a) R$ 5.889,50, no caso de recurso ordinário; e

b) R$ 11.779,02, no caso de recurso de revista, embargos (no TST), recurso extraordinário e recurso em ação rescisória.

No caso do agravo de instrumento, exige-se a feitura de depósito recursal no montante de 50% (cinquenta por cento) do valor do depósito ao qual se pretende destrancar, nos termos do parágrafo sétimo do artigo 899 da CLT, incluído pela Lei n.º 12.275/2010.

Dessa forma, só será admitido o recurso em que tiver sido realizado e comprovado o prévio depósito da respectiva importância.

Após o trânsito em julgado da decisão recorrida, ordenar-se-á o levantamento imediato da importância de depósito, em favor da parte vencedora, por simples despacho do juiz.

O depósito recursal deve ser realizado diretamente na conta vinculada do FGTS do empregado, e caso este ainda não tenha uma conta dessa natureza, a empresa deverá proceder à respectiva abertura, nos termos dos parágrafos quarto e quinto do artigo 899 da CLT.

Não se sujeitam a depósito recursal os seguintes recursos:

a) agravo de petição; b) agravo regimental; c) embargos de declaração; e d) pedido de revisão.

Não se pode deixar de mencionar, que o depósito recursal deve ser

feito no caso de recurso adesivo. Ainda sobre o assunto, é importante conhecer o teor da súmula n.º

161 do Tribunal Superior do Trabalho:

SUM-161 - DEPÓSITO. CONDENAÇÃO A PAGAMENTO EM PECÚNIA Se não há condenação a pagamento em pecúnia, descabe o depósito de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 899 da CLT.

Portanto, só há que se falar em depósito recursal mediante a

condenação em pagamento de dinheiro, sem o que não será exigido qualquer dos valores supra mencionados.

61

Page 57: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Também não estão sujeitos à feitura do depósito recursal as pessoas

jurídicas de direito público, nem o Ministério Público do Trabalho. Por fim, também não se exige a realização de depósito prévio quando

o dissídio for coletivo, em razão de sua finalidade.

5.4 Recursos em espécie

São recursos relativos ao processo do trabalho:

a) recurso ordinário; b) embargos de declaração; c) embargos (no TST); d) agravo de petição; e) agravo de instrumento; f) agravo regimental; g) recurso adesivo; h) recurso de revista; h) recurso extraordinário; i) pedido de revisão.

A seguir serão sumariamente analisados cada um dos recursos supra

mencionados, mas antes veja-se a seguinte tabela com os prazos relativos a cada um deles:

Recurso Base Legal Prazo

Ordinário Art. 895 da CLT 8 dias

Embargos de declaração Art. 897-A da CLT 5 dias

Embargos (no TST) Art. 894 da CLT 8 dias

Agravo de petição Art. 897, alínea “a”, da CLT 8 dias

Agravo de instrumento Art. 897, alínea “b”, da CLT 8 dias

Agravo regimental - 8 dias*

Adesivo Súmula 283 do TST 8 dias

Revista Art. 896 da CLT 8 dias

Extraordinário Art. 102, III da CRFB/88 15 dias

Pedido de revisão Art. 2º, §2º da Lei n.º 5.584/70 48 horas

No caso do agravo regimental, a base legal depende do Regimento Interno de cada Tribunal. No Tribunal Superior do Trabalho esse prazo é de 8 (oito) dias, enquanto em alguns Tribunais Regionais do Trabalho ele é de 5 (cinco) dias.

62

Page 58: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

5.4.1 Recurso ordinário

Segundo prevê o artigo 895 da CLT, cabe recurso ordinário para a instância superior:

a) das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias; e

b) das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de sua competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos.

O prazo para a interposição do recurso ordinário é de 8 (oito) dias e ele possui apenas efeito devolutivo.

Nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, prevê o parágrafo primeiro do artigo 895 da CLT, que o recurso ordinário:

a) será imediatamente distribuído, uma vez recebido no Tribunal, devendo o relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal ou Turma colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem revisor;

b) terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à sessão de julgamento, se este entender necessário o parecer, com registro na certidão;

c) terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com a indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de decidir do voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a certidão de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de acórdão.

Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar Turma para o julgamento dos recursos ordinários interpostos das sentenças prolatadas nas demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, nos termos do parágrafo segundo do artigo 895 da CLT.

Conforme previsão contida na súmula n.º 414 do Tribunal Superior do Trabalho, caso ocorra a antecipação da tutela em sentença, deve ser ajuizada ação cautelar para obtenção do efeito suspensivo ao recurso ordinário, que é originariamente dele despido, como se mencionou. Veja-se, pois, a redação da mencionada súmula:

SUM-414 MANDADO DE SEGURANÇA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA (OU LIMINAR) CONCEDIDA ANTES OU NA SENTENÇA. (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 50, 51, 58, 86 e 139 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005 I - A antecipação da tutela concedida na sentença não comporta impugnação pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. A ação cautelar é o meio próprio para se

63

Page 59: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

obter efeito suspensivo a recurso. (ex-OJ nº 51 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000) II - No caso da tutela antecipada (ou liminar) ser concedida antes da sentença, cabe a impetração do mandado de segurança, em face da inexistência de recurso próprio. (ex-OJs nºs 50 e 58 da SBDI-2 - inseridas em 20.09.2000) III - A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o objeto do mandado de segurança que impugnava a concessão da tutela antecipada (ou liminar). (ex-Ojs da SBDI-2 nºs 86 - inserida em 13.03.2002 - e 139 - DJ 04.05.2004)

Ademais, impetrado mandado de segurança perante o Tribunal

Regional do Trabalho, é cabível recurso ordinário, no prazo de 8 (oito) dias, para o Tribunal Superior do Trabalho, conforme redação da súmula n.º 201 do Tribunal Superior do Trabalho, abaixo citada:

SUM-201 RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Da decisão de Tribunal Regional do Trabalho em mandado de segurança cabe recurso ordinário, no prazo de 8 (oito) dias, para o Tribunal Superior do Trabalho, e igual dilação para o recorrido e interessados apresentarem razões de contrariedade.

5.4.2 Embargos de declaração

Os embargos de declaração tem por objetivo esclarecer uma decisão

judicial quando a mesma se mostrar omissa, obscura ou contraditória. Segundo prevê o artigo 897-A da CLT, caberão embargos de

declaração da sentença ou acórdão, no prazo de 5 (cinco) dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subsequente a sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso.

Os erros materiais, segundo autoriza o parágrafo único do artigo 897-A da CLT, podem ser corrigidos de ofício ou a requerimento de qualquer das partes.

Os embargos são julgados pelo próprio juiz que proferiu a decisão, e não por instância superior.

Interpostos os embargos, eles interrompem o prazo para a interposição de outros recursos, por qualquer das partes.

Quando manifestamente protelatórios os embargos, o juiz ou o tribunal, declarando que o são, deve condenar o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a 1% (um por cento) sobre o valor da causa. Na reiteração de embargos protelatórios, a multa deve ser elevada a até 10% (dez por cento), ficando condicionada a interposição de qualquer

64

Page 60: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

outro recurso ao depósito do valor respectivo (art. 538, parágrafo único, do CPC).

5.4.3 Embargos (no TST)

Segundo prevê o artigo 894 da CLT, no âmbito do Tribunal Superior

do Trabalho, cabem embargos, no prazo de 8 (oito) dias:

a) de decisão não unânime de julgamento que conciliar, julgar ou homologar conciliação em dissídios coletivos que excedam a competência territorial dos Tribunais Regionais do Trabalho e estender ou rever as sentenças normativas do Tribunal Superior do Trabalho, nos casos previstos em lei; e

b) das decisões das Turmas que divergirem entre si, ou das decisões proferidas pela Seção de Dissídios Individuais, salvo se a decisão recorrida estiver em consonância com súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal.

Os dissídios coletivos de competência originária do Tribunal Superior do Trabalho que tenham sido julgados por decisão não unânime são passíveis de embargos, por exemplo.

Os embargos passíveis de interposição, portanto, são os infringentes e os de divergência, conforme se extrai da análise do dispositivo supra mencionado.

Conforme indica a melhor doutrina, a figura dos embargos de nulidade foi extinta com o advento da Lei n.º 11.496/2007, que deu nova redação ao artigo 894 da CLT.

5.4.4 Agravo de petição

O agravo de petição é cabível das decisões do juiz nos processos de

execução, nos termos do artigo 897, alínea “a” da CLT. O prazo para sua interposição é de 8 dias, conforme determina o

caput do artigo 897 da CLT. O agravo de petição só será recebido quando o agravante delimitar,

justificadamente, as matérias e os valores impugnados, permitida a execução imediata da parte remanescente até o final, nos próprios autos ou por carta de sentença (art. 897, §1º da CLT).

A interposição de agravo de petição não exige a realização do depósito recursal, desde que já esteja garantido o juízo pela penhora ou nomeação de bens. Nesse sentido, veja-se a redação da Súmula n.º 128, II, do Tribunal Superior do Trabalho:

SUM-128 DEPÓSITO RECURSAL (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 139, 189 e 190 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a cada novo recurso

65

Page 61: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer recurso. (ex-Súmula nº 128 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.03, que incorporou a OJ nº 139 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998) II - Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito para recorrer de qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5º da CF/1988. Havendo, porém, elevação do valor do débito, exige-se a complementação da garantia do juízo. (ex-OJ nº 189 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000) III - Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide. (ex-OJ nº 190 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)

Se o agravo de petição for interposto contra decisão de primeira

instância, ele será julgado por alguma das Turmas do respectivo Tribunal Regional Federal, e, se interposto contra decisão do Tribunal, é ele próprio que efetuará o julgamento, nos termos do parágrafo terceiro do artigo 897 da CLT.

5.4.5 Agravo de instrumento

O agravo de instrumento é cabível contra despachos denegatórios do

seguimento de outros recursos. Sua previsão consta do artigo 897, alínea “b” da CLT, e o prazo para sua interposição é de 8 (oito) dias.

Portanto, o objeto do recurso de agravo de instrumento no processo do trabalho é mais restrito do que no processo civil, pois no âmbito laboral ele se presta apenas para guerrear a denegação de processamento de outros recursos.

O agravo de instrumento é dotado do efeito regressivo, isto é, ao julgador é conferida a possibilidade de retratação em relação a sua decisão denegatória de seguimento do recurso trancado.

Segundo prevê o parágrafo segundo do artigo 897 da CLT, o agravo de instrumento interposto contra o despacho que não receber agravo de petição não suspende a execução da sentença.

O julgamento do agravo de instrumento, nos termos do parágrafo quarto do artigo 897 da CLT, deve ser realizado pelo Tribunal que seria competente para conhecer o recurso cuja interposição foi denegada.

Sob pena de não conhecimento, as partes tem o dever de promover a formação do instrumento do agravo de modo a possibilitar, caso provido, o imediato julgamento do recurso denegado, instruindo a petição de interposição:

a) obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação, das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado, da petição inicial, da contestação, da decisão

66

Page 62: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

originária, do depósito recursal referente ao recurso que se pretende destrancar, da comprovação do recolhimento das custas e do depósito recursal a que se refere o artigo 899, parágrafo sétimo da CLT;

b) facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis ao deslinde da matéria de mérito controvertida.

O agravado deverá ser intimado para oferecer resposta ao agravo e também ao recurso principal, instruindo-a com as peças que considerar necessárias ao julgamento de ambos os recursos (art. 897, §6º da CLT).

Provido o agravo, a Turma deliberará sobre o julgamento do recurso principal, observando-se, se for o caso, daí em diante, o procedimento relativo a esse recurso (art. 897, §7º da CLT).

5.4.6 Agravo regimental

O agravo regimental tem sua disciplina regida pelos Regimentos Internos de cada Tribunal. Isso faz com que cada Tribunal possa adotar peculiaridades diversas em relação ao mesmo.

No âmbito do Tribunal Superior do Trabalho, o prazo para interposição do agravo regimental é de 8 (oito) dias, enquanto que a maioria dos Tribunais Regionais do Trabalho prevê o prazo de 5 (cinco) dias para sua interposição.

O agravo regimental é cabível para impugnação de decisões monocráticas proferidas pelos juízes dos Tribunais, caso em que o reexame da matéria deverá ser feito pelo próprio Tribunal, assim como para impugnação de decisões denegatórias de seguimento recursal quando proferidas pelo juiz relator no Tribunal.

Outra hipótese de cabimento do agravo regimental ocorre em relação as decisões proferidas pelo Corregedor (Geral, no âmbito do TST, ou Regional, no âmbito de qualquer TRT) da Justiça do Trabalho, conforme salienta o artigo 40 do Regimento Interno do Tribunal Superior do Trabalho.

Segundo prevê o artigo 235 do Regimento Interno do Tribunal Superior do Trabalho, cabe agravo regimental, no prazo de 8 (oito) dias, para o Órgão Especial, Seções Especializadas e Turmas, observada a competência dos respectivos órgãos, nas seguintes hipóteses:

a) do despacho do Presidente do Tribunal que denegar seguimento aos embargos infringentes;

b) do despacho do Presidente do Tribunal que suspender execução de liminares ou de decisão concessiva de mandado de segurança;

c) do despacho do Presidente do Tribunal que conceder ou negar suspensão da execução de liminar, antecipação de tutela ou da sentença em cautelar;

d) do despacho do Presidente do Tribunal concessivo de liminar em mandado de segurança ou em ação cautelar;

e) do despacho do Presidente do Tribunal proferido em pedido de efeito suspensivo;

67

Page 63: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

f) das decisões e despachos proferidos pelo Corregedor - Geral da

Justiça do Trabalho;

g) do despacho do Relator que negar prosseguimento a recurso, ressalvada a hipótese do art. 239;

h) do despacho do Relator que indeferir inicial de ação de competência originária do Tribunal; e

i) do despacho ou da decisão do Presidente do Tribunal, de Presidente de Turma, do Corregedor - Geral da Justiça do Trabalho ou Relator que causar prejuízo ao direito da parte, ressalvados aqueles contra os quais haja recursos próprios previstos na legislação ou neste Regimento.

O agravo regimental possui efeito regressivo no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho. Nesse sentido, prevê o artigo 236 do respectivo Regimento Interno, que o agravo regimental será concluso ao prolator do despacho, que poderá reconsiderá-lo ou determinar sua inclusão em pauta visando apreciação do Colegiado competente para o julgamento da ação ou do recurso em que exarado o despacho.

Quando os agravos regimentais forem interpostos contra ato ou decisão do Presidente do Tribunal, do Vice-Presidente e do Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho, desde que interpostos no período do respectivo mandato, deverão ser por eles relatados (art. 236, §1º do Regimento Interno do TST). E no caso dos agravos regimentais interpostos após o término da investidura no cargo do prolator do despacho eles deverão seguir conclusos ao Ministro sucessor.

Os agravos regimentais interpostos contra despacho do Presidente do Tribunal, proferido durante o período de recesso e férias, deverão ser julgados pelo Relator do processo principal, salvo nos casos de competência específica da Presidência da Corte, nos termos do parágrafo terceiro do artigo 236 do Regimento Interno do Tribunal Superior do Trabalho.

Por derradeiro, a teor da disposição contida no parágrafo quarto do artigo 236 do Tribunal Superior do Trabalho, o acórdão do agravo regimental deverá ser lavrado pelo Relator, ainda que vencido.

5.4.7 Recurso adesivo

O recurso adesivo é passível de interposição quando há sucumbência recíproca. Nesses casos, uma das partes pode não apresentar seu recurso imediatamente, optando por aguardar eventual interposição da parte contrária para somente interpor o seu, por adesão, quando lhe for aberto o prazo para contrarrazões.

Segundo prevê o artigo 500 do Código de Processo Civil, cada parte deve interpor o seu recurso, independentemente, no prazo e observadas as exigências legais. Contudo, sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir a outra parte.

O recurso adesivo fica subordinado ao recurso principal e se rege pelas disposições seguintes:

68

Page 64: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

a) será interposto perante a autoridade competente para admitir o recurso principal, no prazo de que a parte dispõe para responder;

b) será admissível na apelação, nos embargos infringentes, no recurso extraordinário e no recurso especial;

c) não será conhecido, se houver desistência do recurso principal, ou se for ele declarado inadmissível ou deserto.

Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso independente, quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior (art. 500, parágrafo único do CPC).

O recurso adesivo é admitido no âmbito da Justiça do Trabalho, conforme se extrai da redação da súmula n.º 283 do Tribunal Superior do Trabalho, abaixo citada:

SUM-283 - RECURSO ADESIVO. PERTINÊNCIA NO PROCESSO DO TRABALHO. CORRELAÇÃO DE MATÉRIAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho e cabe, no prazo de 8 (oito) dias, nas hipóteses de interposição de recurso ordinário, de agravo de petição, de revista e de embargos, sendo desnecessário que a matéria nele veiculada esteja relacionada com a do recurso interposto pela parte contrária.

Quanto à súmula supra citada, ressalva seja feita em relação ao

recurso extraordinário, que também admite o recurso adesivo e cujo prazo é de 15 (quinze) dias.

Ademais, no âmbito do processo do trabalho não se dispensa o recolhimento do preparo para o recurso adesivo, sendo dever do recorrente recolher e comprovar as custas e o depósito recursal.

5.4.8 Recurso de revista

Assim como ocorre com o Recurso Especial, endereçado ao Superior Tribunal de Justiça, o Recurso de Revista, endereçado ao Tribunal Superior do Trabalho não se destina ao reexame de provas, nos termos da súmula n.º 126 do TST, abaixo citada:

SUM-126 - RECURSO. CABIMENTO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Incabível o recurso de revista ou de embargos (arts. 896 e 894, "b", da CLT) para reexame de fatos e provas.

É nesse sentido que o Tribunal Superior do Trabalho editou a súmula

n.º 102, quem em seu inciso I explicita a incompatibilidade do recurso de revista em relação à necessidade de reconhecimento ou não do exercício da

69

Page 65: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

função de confiança, referida no artigo 224, parágrafo segundo da CLT. Veja-se, pois, a redação mencionada súmula:

SUM-102 BANCÁRIO. CARGO DE CONFIANÇA (incorporadas as Súmulas nºs 166, 204 e 232 e as Orientações Jurisprudenciais nºs 15, 222 e 288 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

I - A configuração, ou não, do exercício da função de confiança a que se refere o art. 224, § 2º, da CLT, dependente da prova das reais atribuições do empregado, é insuscetível de exame mediante recurso de revista ou de embargos. (ex-Súmula nº 204 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) [...]

Segundo prevê o artigo 896 da CLT, cabe Recurso de Revista para

turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando:

a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou a Súmula de Jurisprudência Uniforme dessa Corte;

b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea “a”;

c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal.

O recurso de revista é dotado apenas de efeito devolutivo, devendo ser apresentado ao Presidente do Tribunal recorrido, que poderá recebê-lo ou denegá-lo, fundamentando, em qualquer caso, a decisão, nos termos do parágrafo primeiro do artigo 896 da CLT.

Quando realizado o primeiro juízo de admissibilidade, caso se conclua pelo cabimento parcial do recurso de revista, não se impede a sua análise integral pelo Tribunal Superior do Trabalho. Nesse sentido, veja-se a súmula n.º 285 do Tribunal Superior do Trabalho:

SUM-285 - RECURSO DE REVISTA. ADMISSIBILIDADE PARCIAL PELO JUIZ-PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO. EFEITO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O fato de o juízo primeiro de admissibilidade do recurso de revista entendê-lo cabível apenas quanto a parte das matérias veiculadas não impede a apreciação integral pela Turma do Tribunal Superior do Trabalho,

70

Page 66: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

sendo imprópria a interposição de agravo de instrumento.

Ademais, para que seja admitido o recurso de revista, ele deve indicar

expressamente o dispositivo legal ou constitucional violado, nos termos da súmula n.º 221 do Tribunal Superior do Trabalho, abaixo citada:

SUM-221 RECURSOS DE REVISTA OU DE EMBARGOS. VIOLAÇÃO DE LEI. INDICAÇÃO DE PRECEITO. INTERPRETAÇÃO RAZOÁVEL (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 94 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

I - A admissibilidade do recurso de revista e de embargos por violação tem como pressuposto a indicação expressa do dispositivo de lei ou da Constituição tido como violado. (ex-OJ nº 94 da SBDI-1 - inserida em 30.05.1997)

II - Interpretação razoável de preceito de lei, ainda que não seja a melhor, não dá ensejo à admissibilidade ou ao conhecimento de recurso de revista ou de embargos com base, respectivamente, na alínea "c" do art. 896 e na alínea "b" do art. 894 da CLT. A violação há de estar ligada à literalidade do preceito. (ex-Súmula nº 221 – alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)

Segundo estipula o parágrafo segundo do artigo 896 da CLT, das

decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou por suas Turmas, em execução de sentença, inclusive em processo incidente de embargos de terceiro, não caberá Recurso de Revista, salvo na hipótese de ofensa direta e literal de norma da Constituição Federal. Nesse sentido, veja-se a redação da súmula n.º 266 do Tribunal Superior do Trabalho:

SUM-266 - RECURSO DE REVISTA. ADMISSIBILIDADE. EXECUÇÃO DE SENTENÇA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A admissibilidade do recurso de revista interposto de acórdão proferido em agravo de petição, na liquidação de sentença ou em processo incidente na execução, inclusive os embargos de terceiro, depende de demonstração inequívoca de violência direta à Constituição Federal.

Também não se admite o recurso de revista quando quando houver

divergência apenas entre turmas de um mesmo Tribunal, caso em que deve ser utilizado o incidente de uniformização de jurisprudência.

Segundo prevê a súmula n.º 23 do Tribunal Superior do Trabalho, quando a decisão recorrida resolver determinado item do pedido por vários fundamentos e a jurisprudência transcrita não abranger a todos, não se dará conhecimento ao recurso de revista interposto.

E outra hipótese de não cabimento de recurso de revista é abordada na súmula n.º 218 do Tribunal Superior do Trabalho, abaixo citada:

71

Page 67: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

SUM-218 RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PROFERIDO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 É incabível recurso de revista interposto de acórdão regional prolatado em agravo de instrumento.

Portanto, proferido acórdão por Tribunal Regional do Trabalho em

julgamento de agravo de instrumento, não é cabível o recurso de revista. A demonstração da divergência jurisprudencial entre tribunais

diversos é requisito indispensável ao recurso de revista. Nesse sentido, veja-se a redação das súmulas 296 e 337, ambas do Tribunal Superior do Trabalho:

SUM-296 - RECURSO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. ESPECIFICIDADE (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 37 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

I - A divergência jurisprudencial ensejadora da admissibilidade, do prosseguimento e do conhecimento do recurso há de ser específica, revelando a existência de teses diversas na interpretação de um mesmo dispositivo legal, embora idênticos os fatos que as ensejaram. (ex-Súmula nº 296 - Res. 6/1989, DJ 19.04.1989)

II - Não ofende o art. 896 da CLT decisão de Turma que, examinando premissas concretas de especificidade da divergência colacionada no apelo revisional, conclui pelo conhecimento ou desconhecimento do recurso. (ex-OJ nº 37 da SBDI-1 - inserida em 01.02.1995)

SUM-337 - COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. RECURSOS DE REVISTA E DE EMBARGOS (redação alterada pelo Tribunal Pleno em sessão realizada em 16.11.2010, em decorrência da inclusão dos itens III e IV) - Res. 173/2010, DEJT divulgado em 19, 22 e 23.11.2010

I - Para comprovação da divergência justificadora do recurso, é necessário que o recorrente: a) Junte certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou cite a fonte oficial ou o repositório autorizado em que foi publicado; e b) Transcreva, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos dos acórdãos trazidos à configuração do dissídio, demonstrando o conflito de teses que justifique o conhecimento do recurso, ainda que os acórdãos já se encontrem nos autos ou venham a ser juntados com o recurso. (ex-Súmula nº 337 – alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)

72

Page 68: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

II - A concessão de registro de publicação como repositório autorizado de jurisprudência do TST torna válidas todas as suas edições anteriores. (ex-OJ nº 317 da SBDI-1 - DJ 11.08.2003)

III – A mera indicação da data de publicação, em fonte oficial, de aresto paradigma é inválida para comprovação de divergência jurisprudencial, nos termos do item I, “a”, desta súmula, quando a parte pretende demonstrar o conflito de teses mediante a transcrição de trechos que integram a fundamentação do acórdão divergente, uma vez que só se publicam o dispositivo e a ementa dos acórdãos;

IV – É válida para a comprovação da divergência jurisprudencial justificadora do recurso a indicação de aresto extraído de repositório oficial na internet, sendo necessário que o recorrente transcreva o trecho divergente e aponte o sítio de onde foi extraído com a devida indicação do endereço do respectivo conteúdo na rede (URL – Universal Resource Locator).

Nos termos do parágrafo quarto do artigo 896 da CLT, a divergência

apta a ensejar o recurso de revista deve ser atual, não se considerando como tal a ultrapassada por súmula, ou superada por iterativa e notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. Nesse sentido, veja-se a redação da súmula n.º 333 do Tribunal Superior do Trabalho:

SUM-333 - RECURSOS DE REVISTA. CONHECIMENTO (alterada) - Res. 155/2009, DJ 26 e 27.02.2009 e 02.03.2009 Não ensejam recurso de revista decisões superadas por iterativa, notória e atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho.

Quando a decisão recorrida estiver em consonância com enunciado

da súmula da jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, poderá o Ministro relator, indicando-o, negar seguimento ao Recurso de Revista.

No caso de omissão da decisão recorrida, se a parte prejudicada não interpuser embargos declaratórios à época pertinente, não poderá alegar aquela matéria em sede de recurso de revista. Nesse sentido, veja-se a redação da súmula n.º 184 do Tribunal Superior do Trabalho:

SUM-184 - EMBARGOS DECLARATÓRIOS. OMISSÃO EM RECURSO DE REVISTA. PRECLUSÃO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

Ocorre preclusão se não forem opostos embargos declaratórios para suprir omissão apontada em recurso de revista ou de embargos.

Caso seja negado seguimento ao recurso de revista, é cabível agravo

de instrumento, nos termos do artigo 897 da CLT.

73

Page 69: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Por derradeiro, conforme prevê o parágrafo sexto do artigo 896 da CLT, nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente será admitido recurso de revista por:

a) contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho; e

b) violação direta da Constituição da República.

5.4.9 Recurso extraordinário

Assim como acontece com o recurso de revista, não se admite

recurso extraordinário para mero reexame de provas, nos termos da súmula n.º 279 do Supremo Tribunal Federal.

Segundo prevê o artigo 102, inciso III da Constituição Federal de 1988, compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:

a) contrariar dispositivo da Constituição Federal de 1988; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da

Constituição Federal de 1988; d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

O prazo para interposição do recurso extraordinário é de 15 (quinze)

dias, mesmo prazo que é conferido à parte contrária para contrarrazões. O recurso extraordinário não possui efeito devolutivo, logo, sua

interposição não prejudica a execução do julgado recorrido, nos termos do parágrafo segundo do artigo 893 da CLT.

No âmbito do processo do trabalho, o recurso extraordinário é cabível apenas depois de exauridos todos os meios recursais na instância laboral máxima, isto é, o Tribunal Superior do Trabalho.

Para que se fale em recurso extraordinário, é fundamental que se faça presente o prequestionamento, responsável pela demonstração de que o tema recorrido já foi abordado e decidido pela instância recorrida. Sem o prequestionamento não será admitido o recurso extraordinário.

Mas não apenas, pois no caso do recurso extraordinário, o Supremo Tribunal Federal exige que a questão constitucional nele versada possua repercussão geral.

A repercussão geral é a existência de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os meros interesses subjetivos da causa (art. 543-A, §1º, do CPC).

Também considera-se que há repercussão geral sempre que o recurso impugnar decisão contrária a súmula ou jurisprudência dominante do Tribunal, nos termos do parágrafo terceiro do artigo 543-A do Código de Processo Civil.

A demonstração de repercussão geral deve ser feita em preliminar de recurso extraordinário, sob pena de não conhecimento do mesmo.

74

Page 70: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Se a Turma decidir pela existência da repercussão geral por, no mínimo, 4 (quatro) votos, fica dispensada a remessa do recurso ao Plenário, conforme prevê o parágrafo quarto do artigo 543-A do Código de Processo Civil.

Negada a existência da repercussão geral, a decisão valerá para todos os recursos sobre matéria idêntica, que serão indeferidos liminarmente, salvo revisão da tese (art. 543-A, §5º, do CPC).

Segundo prevê o parágrafo sexto do artigo 543-A do Código de Processo Civil, o relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

Ao final, a súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será publicada no Diário Oficial e valerá como acórdão, nos termos do parágrafo sétimo do artigo 543-A do Código de Processo Civil.

Se houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica controvérsia, a análise de repercussão geral será feita mediante a seleção de um ou mais recursos que representem a controvérsia, caso em que serão encaminhados ao Supremo Tribunal Federal, que sobrestará os demais até o pronunciamento definitivo da Corte (art. 543-B, §1º, do CPC).

Nesse caso, se for negada a existência de repercussão geral, os recursos sobrestados considerar-se-ão automaticamente não admitidos (art. 543-B, §2º, do CPC). Em contrapartida, julgado o mérito do recurso extraordinário, os recursos sobrestados serão apreciados pelos Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais, que poderão declará-los prejudicados ou retratar-se (art. 543-B, §3º, do CPC).

5.4.10 Pedido de revisão

O pedido de revisão é o recurso previsto na Lei n.º 5.584/70 para os dissídios de alçada, isto é, aqueles cujo valor da causa não excederem a 2 (dois) salários mínimos.

O prazo para apresentação do pedido de revisão é de 48 (quarenta o oito) horas, conforme previsão do parágrafo primeiro do artigo 2º da Lei n.º 5.584/70.

Nos dissídios individuais ajuizados perante a Justiça do Trabalho, se não conferido valor à causa, o juiz fixar-lhe-á na audiência, antes de passar à fase de instrução. No entanto, caso haja inconformismo de qualquer das partes, ela poderá, ao aduzir suas razões finais, impugnar o valor fixado e, caso o juiz o mantenha, interpor o recurso de pedido de revisão, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ao Presidente do Tribunal Regional do Trabalho.

O pedido de revisão não possui efeito suspensivo, conforme dispõe o parágrafo segundo do artigo 2º da Lei n.º 5.584/70. Ainda segundo o mesmo dispositivo legal, deve o pedido de revisão ser instruído com a petição inicial e a ata da audiência, em cópia autenticada pela Secretaria da Junta.

O prazo para julgamento do pedido de revisão é o mesmo de sua interposição, isto é, 48 (quarenta e oito) horas, contadas a partir do seu recebimento pelo Presidente do respectivo Tribunal Regional do Trabalho.

75

Page 71: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

5.5 Reclamação correicional

A reclamação correicional não é um recurso, mas sim um procedimento administrativo existente no âmbito dos Tribunais Laborais, com previsão regimental. Ela é cabível para corrigir erros, abusos e atos contrários à boa ordem processual, ação ou omissão que importe erro de procedimento.

Só é cabível a reclamação correicional quando a parte que a propõe demonstrar que sofreu prejuízo processual em decorrência do ato impugnado.

Ademais, só se admite a reclamação correicional caso não exista recurso cabível contra o ato impugnado.

Via de regra, o julgamento da reclamação correicional compete ao Corregedor. A título exemplificativo, vale citar o artigo 29 do Regimento Interno do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, que dispõe que compete ao corregedor processar contra ato ou despacho de juiz de primeira instância a reclamação correicional requerida pela parte e, se admitida, julgá-la no prazo de dez dias, após a instrução.

Por derradeiro, há que se mencionar que na maior parte dos casos, o prazo para propositura da reclamação correicional é de 5 (cinco) dias. 6. Execução Trabalhista

A execução no processo do trabalho é regida pela Consolidação das Leis do Trabalho e pela Lei n.º 5.584/ 70. Em caso de omissão e desde que compatíveis, aplicam-se as disposições da Lei n.º 6.830/80 (Lei de Execução Fiscal) e, subsidiariamente, o Código de Processo Civil.

O juízo competente para execução é o mesmo que tiver originariamente conciliado ou julgado o dissídio, conforme prevê o artigo 877 da CLT.

No caso de título executivo extrajudicial, é competente para a execução o juiz que teria competência para o processo de conhecimento relativo à matéria, nos termos do artigo 877-A da CLT.

A execução pode ser promovida por qualquer interessado, ou ex officio pelo próprio juiz ou presidente ou tribunal competente (art. 878, caput, da CLT).

Compreende-se como qualquer interessado, além das partes, seus sucessores, o Ministério Público do Trabalho e também o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que tem legitimidade para promover a execução relativa às contribuições previdenciárias.

Em contrapartida, possuem legitimidade passiva, além do devedor, seus herdeiros, sucessores, espólio, fiador e a massa falida.

Segundo prevê o artigo 876 da CLT, são títulos executivos judiciais passíveis de execução perante a Justiça do Trabalho:

a) as decisões passadas em julgado (execução definitiva);

76

Page 72: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

b) as decisões das quais não tenha havido recurso com efeito

suspensivo (execução provisória); e c) os acordos (judiciais) não cumpridos (execução definitiva).

Por sua vez, segundo o mesmo dispositivo, são títulos executivos

extrajudiciais passíveis de execução perante a Justiça do Trabalho:

a) os termos de ajuste de conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho (execução definitiva); e

b) os termos de conciliação firmados perante as comissões de conciliação prévia (execução definitiva).

Proferida decisão passível de recurso com efeito suspensivo, não há que se falar em execução, ainda que provisória.

No entanto, se a decisão recorrida for passível de recurso despido de efeito suspensivo ou, recebido o recurso, este não for recebido no mencionado efeito, processar-se-á a execução provisória da decisão recorrida.

A execução provisória deve ser processada mediante carta de sentença, nos termos do parágrafo terceiro do artigo 475-O do Código de Processo Civil, o qual prevê que ao requerer a execução provisória, o exequente deverá instruir a petição com cópias autenticadas das seguintes peças do processo, podendo o advogado declarar a autenticidade, sob sua responsabilidade pessoal:

a) sentença ou acórdão exequendo;

b) certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo;

c) procurações outorgadas pelas partes; d) decisão de habilitação, se for o caso;

e) facultativamente, outras peças processuais que o exequente

considere necessárias.

Há que se recordar, ainda, que no âmbito da Justiça do Trabalho, vige a regra do recebimento dos recursos somente pelo efeito devolutivo, salvo pontuais e expressas exceções.

6.1 Execução por quantia certa

Sempre que a sentença não se determine o exato valor devido por uma parte à outra, será necessário proceder à sua liquidação. A sentença, ainda ilíquida, constitui título executivo judicial, sendo que a liquidação é pressuposto que permite sua execução.

Quando o juiz profere sentença, ele determina o an debeatur, isto é, determina o que é pedido. Por exemplo, em uma ação reclamatória, quando o juiz determina quais verbas rescisórias são devidas, ele nada mais está a fazer do que julgar o que é devido.

Mas o an debeatur não é suficiente à satisfação do direito do autor, que precisa determinar, ainda, o quantum debeatur, isto é, o quanto lhe é

77

Page 73: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

devido a título de mencionadas verbas. A liquidação de sentença, assim, pode ser traduzida como uma fase processual destinada à apuração desse quantum.

Na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença liquidanda nem discutir matéria pertinente à causa principal (art. 879, §1º da CLT).

A liquidação deverá abranger, também, o cálculo das contribuições previdenciárias devidas, conforme prevê o parágrafo 1º-A, do artigo 879 da CLT. Inclusive, quando as partes receberem a intimação para apresentação do cálculo de liquidação, este cálculo deve incluir o da respectiva contribuição previdenciária incidente.

Segundo disciplina o caput do artigo 879 da CLT, a liquidação pode ser efetuada:

a) por cálculo; b) por artigos; ou c) por arbitramento.

A liquidação por cálculo, como é sugestiva a expressão, é aquela

passível de ser realizada pela própria parte. Contudo, não é necessária a liquidação de sentença quando o valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, conforme orientação dada pelo artigo 475-B, caput, do Código de Processo Civil.

A liquidação por artigos é necessária quando para determinar o valor da condenação haja necessidade de alegar e provar fato novo, relacionado ao quantum debeatur, naturalmente. Em relação ao an debeatur, não há mais o que ser provado, pois a fase de conhecimento era a pertinente para tanto. Conforme dispõe o artigo 475-G do Código de Processo Civil, é proibido, na liquidação, discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou.

Já a liquidação por arbitramento é aquela feita quando há necessidade de apuração do valor de um bem ou serviço. Dispõe o artigo 475-C, do Código de Processo Civil, que far-se-á a liquidação por arbitramento quando:

a) determinado pela sentença ou convencionado pelas partes; ou b) o exigir a natureza do objeto da liquidação.

Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz deve nomear perito e

fixar prazo para a entrega do laudo.

6.1.1 Impugnação dos cálculos

Elaborada a conta e tornada líquida, o juiz poderá abrir às partes prazo sucessivo de 10 (dez) dias para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão (art. 879, §2º da CLT).

78

Page 74: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Como se vê, a possibilidade de abertura de prazo para impugnação, nessa fase processual, é uma faculdade conferida ao juiz. E caso ele não se valha dela, nenhum prejuízo há para as partes, que poderão impugnar os cálculos nos embargos à execução.

Sendo exercida pelo juiz a faculdade que lhe confere o mencionado parágrafo segundo do artigo 879 da CLT, caso haja a impugnação dos cálculos por qualquer das partes mas o juiz não a acolha, desta decisão não caberá recurso, caso em que a impugnação deverá ser renovada quando da apresentação dos embargos à execução.

Em contrapartida, se não obstante a abertura de prazo para apresentação da impugnação em estudo, a parte se mantiver omissa, ocorrerá a preclusão da matéria, caso em que ela não poderá mais atacar a sentença de homologação dos cálculos quando apresentar seus embargos à execução.

Segundo prevê o parágrafo terceiro do artigo 879 da CLT, elaborada a conta pela parte ou pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho, o juiz deverá proceder à intimação da União para manifestação, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de preclusão.

6.1.2 Processamento da execução

Superada a fase de liquidação da sentença e tendo-se efetuado a homologação dos cálculos apresentados, tem início a fase de execução da sentença.

Requerida a execução, o juiz deve determinar a expedição de mandado de citação do executado, com a finalidade de que ele cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações estabelecidas ou, quando se tratar de pagamento em dinheiro, inclusive de contribuições sociais devidas à União, para que o faça em 48 (quarenta e oito) horas ou garanta a execução, sob pena de penhora (art. 880, caput, da CLT).

O mandado de citação deverá conter a decisão exequenda ou o termo de acordo não cumprido (art. 880, §1º da CLT).

Na fase executória, a citação do executado deve ser pessoal. No entanto, se o executado, procurado por 2 (duas) vezes no espaço de 48 (quarenta e oito) horas, não for encontrado, far-se-á citação por edital, publicado no jornal oficial ou, na falta deste, afixado na sede da Vara ou Juízo, durante 5 (cinco) dias, conforme prevê o parágrafo terceiro do artigo 880 da CLT.

Prevê o caput do artigo 881 da CLT, que no caso de pagamento da importância reclamada, deverá este ser feito perante o escrivão ou secretário, lavrando-se termo de quitação, em 2 (duas) vias, assinadas pelo exequente, pelo executado e pelo mesmo escrivão ou secretário, entregando-se a segunda via ao executado e juntando-se a outra ao processo.

Nesse caso, se o exequente não estiver presente, a importância deverá ser depositada mediante guia, em estabelecimento oficial de crédito

79

Page 75: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

ou, na falta deste, em estabelecimento bancário idôneo, nos termos do parágrafo único do artigo 881 da CLT.

Conforme dispõe o artigo 882 da CLT, o executado que não pagar a importância reclamada poderá garantir a execução mediante depósito da mesma, atualizada e acrescida das despesas processuais, ou nomeando bens à penhora, observada a ordem preferencial estabelecida no artigo 655 do Código Processual Civil.

6.1.3 Penhora

Se o executado não pagar, nem garantir a execução, seguir-se-á penhora dos bens, tantos quantos bastem ao pagamento da importância da condenação, acrescida de custas e juros de mora, sendo estes, em qualquer caso, devidos a partir da data em que for ajuizada a reclamação inicial, nos termos do artigo 883 da CLT.

A penhora, segundo o artigo 655 do Código de Processo Civil, deve observar, preferencialmente, a seguinte ordem:

1º) dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;

2º) veículos de via

terrestre; 3º) bens móveis

em geral; 4º) bens imóveis; 5º) navios e aeronaves; 6º) ações e quotas de sociedades empresárias;

7º) percentual do faturamento de empresa

devedora; 8º) pedras e metais preciosos;

9º) títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em mercado;

10º) títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; 11º) outros direitos.

Quando a penhora recair sobre bens imóveis, o cônjuge do executado

também deve ser intimado (art. 655, §1º, do CPC). Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação

financeira, o juiz, a requerimento do exequente, pode requisitar à autoridade supervisora do sistema bancário, preferencialmente por meio eletrônico, informações sobre a existência de ativos em nome do executado, podendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na execução (art. 655-A, do CPC), naquilo que se tem chamado de penhora on line.

Quando a penhora recair sobre bem indivisível, a meação do cônjuge alheio à execução recairá sobre o produto da alienação do bem (art. 655-B, do CPC).

É lícito à parte requerer a substituição da penhora (art. 656, do CPC):

a) se não obedecer à ordem legal;

80

Page 76: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

b) se não incidir sobre os bens designados em lei, contrato ou ato

judicial para o pagamento;

c) se, havendo bens no foro da execução, outros houverem sido penhorados;

d) se, havendo bens livres, a penhora houver recaído sobre bens já penhorados ou objeto de gravame;

e) se incidir sobre bens de baixa liquidez; f) se fracassar a tentativa de alienação judicial do bem; ou

g) se o devedor não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das

indicações a que se referem os incisos I a IV do parágrafo único do art. 668 do Código de Processo Civil (art. 668 […], parágrafo único […]: I - quanto aos bens imóveis, indicar as respectivas matrículas e registros, situá-los e mencionar as divisas e confrontações; II - quanto aos móveis, particularizar o estado e o lugar em que se encontram; III - quanto aos semoventes, especificá-los, indicando o número de cabeças e o imóvel em que se encontram; IV - quanto aos créditos, identificar o devedor e qualificá-lo, descrevendo a origem da dívida, o título que a representa e a data do vencimento).

A penhora pode ser substituída por fiança bancária ou por seguro garantia judicial, em valor não inferior ao do débito constante na inicial, mais 30% (trinta por cento), conforme estipula o parágrafo segundo, do artigo 656, do Código de Processo Civil.

Quanto ao bem imóvel, somente pode ser oferecido em substituição caso seja requerido com a expressa anuência do cônjuge.

Sempre que se fale em substituição do bem penhorado por requerimento do executado, este deve provar:

a) que ela não trará qualquer prejuízo ao exequente; e b) que lhe será menos onerosa.

Se o devedor fechar as portas da causa, com a finalidade de obstar a

penhora dos bens, o oficial de justiça deve comunicar o fato ao juiz, e solicitar ordem de arrombamento (art. 600, do CPC).

Sempre que necessário o juiz deve requisitar força policial, com a finalidade de auxiliar os oficiais de justiça na penhora dos bens e na prisão de quem resistir à ordem.

6.1.4 Bens impenhoráveis

O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com

todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei (art. 591, do CPC).

Em contrapartida, determinados bens não se sujeitam à execução, pois a lei lhes atribui o caráter de impenhoráveis. Além do bem de família, da Lei n.º 8.009/90, são absolutamente impenhoráveis:

81

Page 77: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

a) os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não

sujeitos à execução;

b) os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;

c) os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;

d) os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no §3º deste artigo;

e) os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão;

f) o seguro de vida;

g) os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;

h) a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;

i) os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social;

j) até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de poupança.

k) os recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos da lei, por partido político.

No entanto, em relação ao bem de família, da Lei n.º 8.009/90, estipula o seu artigo 2º, que estão excluídos da impenhorabilidade os veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos.

Ademais, prevê o artigo 3º, inciso I da mesma lei, que a impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições previdenciárias.

Por derradeiro, conforme prevê o artigo 650 do Código de Processo Civil, podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e rendimentos dos bens inalienáveis, salvo se destinados à satisfação de prestação alimentícia.

6.1.5 Embargos à execução

Garantida a execução ou penhorados os bens, o executado tem o

prazo de 5 (cinco) dias para apresentar embargos, cabendo igual prazo ao exequente para impugnação (art. 884, caput, da CLT).

82

Page 78: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Não obstante o parágrafo primeiro do artigo 884 da CLT disponha que a matéria de defesa passível de arguição em sede de embargos à execução seja restrita às alegações de cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da divida, aplica-se subsidiariamente o artigo 475-L do Código de Processo Civil, que acresce à estas a possibilidade das seguintes alegações:

a) falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; b) inexigibilidade do título; c) penhora incorreta ou avaliação errônea; d) ilegitimidade das partes; e) excesso de execução;

f) qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação,

como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença.

Como se sabe, o artigo 475-L está no Capítulo que rege o procedimento de “cumprimento de sentença”.

Ademais, considerando que também podem ser objeto de execução na justiça do trabalho os termos de conciliação (da comissão de conciliação prévia) e os termos de ajustamento de conduta (do Ministério Público do Trabalho), se tem entendido que em relação a eles é aplicável o artigo 745 do Código de Processo Civil. Mencionado artigo dispõe que nos embargos à execução, poderá o executado alegar:

a) nulidade da execução, por não ser executivo o título apresentado; b) penhora incorreta ou avaliação errônea; c) excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

d) retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de título

para entrega de coisa certa (art. 621); ou

e) qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento.

Conforme dispõe o caput do artigo 884 da CLT, os embargos à execução só serão aceitos após a garantia do juízo, salvo no caso da Fazenda Pública, que pode interpô-los independentemente de garantia ao juízo.

O prazo para interposição dos embargos é de 5 (cinco) dias, contados da intimação da penhora, da realização do depósito ou da concordância com a fiança.

Após o oferecimento dos embargos, que é dotado de efeito suspensivo, o exequente será intimado para impugná-los, lhe sendo conferido também o prazo de 5 (cinco) dias para tanto.

A sentença que julga os embargos à execução é recorrível mediante a interposição de agravo de petição, nos termos do artigo 897, alínea “a”, da CLT.

83

Page 79: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

6.1.6 Arrematação

A arrematação é o procedimento que objetiva à alienação dos bens

penhorados em hasta pública, que compreende:

a) a praça, destinada à alienação de bens imóveis; e b) o leilão, destinado à alienação de bens móveis.

Segundo prevê o parágrafo primeiro do artigo 888 da CLT, os bens

serão vendidos pelo maior lance. Nesse sentido, prevê o artigo 690-A do Código de Processo Civil, que todo aquele que estiver na livre administração de seus bens é admitido a lançar, com exceção:

a) dos tutores, curadores, testamenteiros, administradores, síndicos ou liquidantes, quanto aos bens confiados a sua guarda e responsabilidade;

b) dos mandatários, quanto aos bens de cuja administração ou alienação estejam encarregados;

c) do juiz, membro do Ministério Público e da Defensoria Pública, escrivão e demais servidores e auxiliares da Justiça.

O exequente, se vier a arrematar os bens, não estará obrigado a exibir o preço. No entanto, se o valor dos bens exceder o seu crédito, deverá depositar, dentro de 3 (três) dias, a diferença, sob pena de ser tornada sem efeito a arrematação e, neste caso, os bens serão levados a nova praça ou leilão à custa do exequente (art. 690-A, parágrafo único do CPC).

O arrematante tem o dever de garantir o lance com o sinal correspondente a 20% (vinte por cento) do seu valor (art. 888, §2º da CLT), e caso ele ou seu fiador não faça o pagamento do valor restante dentro de 24 (vinte e quatro) horas, perderá o sinal em benefício da execução (art. 888, §4º da CLT).

A arrematação não pode ocorrer por preço vil, isto é, muito inferior ao valor da avaliação do bem, nos termos do artigo 692 do Código de Processo Civil.

A arrematação constará de auto que deverá ser imediatamente lavrado, nele mencionadas as condições pelas quais foi alienado o bem (art. 693, caput, do CPC).

Conforme prevê o caput do artigo 694 do Código de Processo Civil, assinado o auto pelo juiz, pelo arrematante e pelo serventuário da justiça ou leiloeiro, a arrematação considerar-se-á perfeita, acabada e irretratável, ainda que venham a ser julgados procedentes os embargos do executado. Há que se recordar, no entanto, que no âmbito do processo do trabalho os embargos à execução possuem efeito suspensivo, sendo que o processamento da arrematação só poderá ocorrer, portanto, após o julgamento definitivo dos embargos.

84

Page 80: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

6.1.7 Adjudicação e alienação por iniciativa particular

Adjudicação é o ato por meio do qual o exequente ou qualquer terceiro interessado incorpora o bem penhorado e levado à hasta pública, tomando-o para si, desde que por preço não inferior ao da avaliação.

No caso de adjudicação, quando o valor do crédito for inferior ao valor dos bens, o adjudicante deverá depositar, imediatamente, a diferença, que ficará à disposição do executado. Mas, se o valor do crédito for superior, a execução prosseguirá pelo saldo remanescente.

Esse direito também pode ser exercido pelo credor com garantia real, pelos credores concorrentes que hajam penhorado o mesmo bem, pelo cônjuge, e pelos descendentes ou ascendentes do executado, nos termos do parágrafo segundo do artigo 685-A do Código de Processo Civil.

Quando houver mais de um pretendente à adjudicação, proceder-se-á entre eles à licitação, e no caso de igualdade de oferta, tem preferência:

1º) o cônjuge (do executado);

2º) o descendente (do executado); 3º) o ascendente (do executado).

No entanto, em se tratando de penhora de quotas, procedida por

exequente alheio à sociedade, determina o parágrafo quarto do artigo 685-A do Código de Processo Civil que esta deverá ser intimada, assegurada preferência aos sócios.

A adjudicação considera-se perfeita e acabada com a lavratura e assinatura do auto pelo juiz, pelo adjudicante, pelo escrivão e, se for presente, pelo executado, expedindo-se a respectiva carta, se bem imóvel, ou mandado de entrega ao adjudicante, se bem móvel (art. 685-B, caput, do CPC).

A carta de adjudicação conterá a descrição do imóvel, com remissão à sua matrícula e registros, à cópia do auto de adjudicação e à prova de quitação do imposto de transmissão (art. 685-B, parágrafo único do CPC).

Não realizada a adjudicação dos bens penhorados, o exequente pode requerer que eles sejam alienados por sua própria iniciativa ou por intermédio de corretor credenciado perante a autoridade judiciária (art. 685-C, do CPC). Nesse caso de alienação particular, o juiz fixará o prazo em que a alienação deve ser efetivada, a forma de publicidade e o preço mínimo, as condições de pagamento e as garantias, bem como, se for o caso, a comissão de corretagem (art. 685-C, §1º, do CPC).

Reputa-se encerrada a alienação com sua formalização por termo nos autos, assinado pelo juiz, pelo exequente, pelo adquirente e, se for presente, pelo executado, expedindo-se carta de alienação do imóvel para o devido registro imobiliário, ou, se bem móvel, mandado de entrega ao adquirente.

6.1.8 Remição

Remição é o ato por meio do qual o devedor paga ou deposita em

juízo o montante de sua dívida, mais juros, correção monetária, custas processuais e honorários advocatícios, após a realização da penhora mas

85

Page 81: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

antes da adjudicação ou alienação, de modo a liberar seus bens constritos judicialmente.

Em qualquer hipótese, a remição só será deferível ao executado se este oferecer preço igual ao valor da condenação.

Como se nota, a remição é, pois, causa extintiva do processo de execução.

6.1.9 Suspensão da execução

Segundo dispõe o artigo 791 do Código de Processo Civil, suspende-

se a execução:

a) no todo ou em parte, quando recebidos com efeito suspensivo os embargos à execução (art. 739-A do CPC);

b) nas hipóteses previstas no art. 265, I a III do CPC, quais sejam:

i) pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador (art. 265, I do CPC);

ii) pela convenção das partes (art. 265, II do CPC);

iii) quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do tribunal, bem como de suspeição ou impedimento do juiz (art. 265, III do CPC); c) quando o devedor não possuir bens penhoráveis.

Ademais, segundo prevê o caput do artigo 40 da Lei n.º 6.830/80, o

juiz deverá suspender o curso da execução, enquanto não for localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, e, nesses casos, não correrá o prazo de prescrição.

Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano, sem que seja localizado o devedor ou encontrados bens penhoráveis, o juiz deverá ordenar o arquivamento dos autos (art. 40, §2º da Lei n.º 6.830/80). No entanto, encontrados que sejam, a qualquer tempo, o devedor ou os bens, deverão ser desarquivados os autos para prosseguimento da execução (art. 40, §3º da Lei n.º 6.830/80).

Se entre a decisão que ordenar o arquivamento e a que determinar o desarquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, extinguir-se-á a execução em razão da prescrição intercorrente, que pode ser reconhecida de ofício, inclusive.

Também pode suspender a execução, segundo o caput artigo 745-A do Código do Processo Civil, se o executado, no prazo para embargos, reconhecer o crédito do exequente e comprovar o depósito de 30% (trinta por cento) do valor em execução, inclusive custas e honorários de advogado, e requerer seja admitido a pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês.

Se a proposta de parcelamento for deferida pelo juiz, o exequente deverá levantar a quantia depositada, sendo suspensos os atos executivos.

86

Page 82: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Contudo, caso indeferida, seguir-se-ão os atos executivos, mas mantido o depósito (art. 745-A, §1º do CPC).

Por derradeiro, conforme prevê o parágrafo segundo do artigo 745-A do Código do Processo Civil, o não pagamento de qualquer das prestações implicará, de pleno direito, o vencimento das subsequentes e o prosseguimento do processo, com o imediato início dos atos executivos, imposta ao executado multa de 10% (dez por cento) sobre o valor das prestações não pagas e vedada a oposição de embargos.

6.1.10 Extinção da execução

Segundo prevê o artigo 794 do Código de Processo Civil, extingue-se

a execução quando:

a) o devedor satisfaz a obrigação;

b) o devedor obtém, por transação ou por qualquer outro meio, a remissão total da dívida;

c) o credor renunciar ao crédito.

Por derradeiro, conforme estipula o artigo 795 do Código de Processo Civil, a extinção só produz efeito quando declarada por sentença. 7. Processos Especiais

7.1 Ação Rescisória

A ação rescisória destina-se a desconstituir decisão já transitada em julgado. É hipótese excepcional, mas que em função da relevância, admite a mitigação do princípio da segurança jurídica, que resguarda a coisa julgada.

Segundo disciplina a súmula n.º 299 do Tribunal Superior do Trabalho, só há que se falar em processamento da ação rescisória após o trânsito em julgado da decisão rescindenda, sendo inadmissível a propositura de ação rescisória preparatória no ordenamento jurídico nacional. Veja-se, pois, a redação da mencionada súmula:

SUM-299 AÇÃO RESCISÓRIA. DECISÃO RESCINDENDA. TRÂNSITO EM JULGADO. COMPROVAÇÃO. EFEITOS (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 96 e 106 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005

I - É indispensável ao processamento da ação rescisória a prova do trânsito em julgado da decisão rescindenda. (ex-Súmula nº 299 - Res. 8/1989, DJ 14, 18 e 19.04.1989)

II - Verificando o relator que a parte interessada não juntou à inicial o documento comprobatório, abrirá

87

Page 83: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

prazo de 10 (dez) dias para que o faça, sob pena de indeferimento. (ex-Súmula nº 299 - Res. 8/1989, DJ 14, 18 e 19.04.1989)

III - A comprovação do trânsito em julgado da decisão rescindenda é pressuposto processual indispensável ao tempo do ajuizamento da ação rescisória. Eventual trânsito em julgado posterior ao ajuizamento da ação rescisória não reabilita a ação proposta, na medida em que o ordenamento jurídico não contempla a ação rescisória preventiva. (ex-OJ nº 106 da SBDI-2 - DJ 29.04.2003)

IV - O pretenso vício de intimação, posterior à decisão que se pretende rescindir, se efetivamente ocorrido, não permite a formação da coisa julgada material. Assim, a ação rescisória deve ser julgada extinta, sem julgamento do mérito, por carência de ação, por inexistir decisão transitada em julgado a ser rescindida. (ex-OJ nº 96 da SBDI-2 - inserida em 27.09.2002)

No mesmo sentido, veja-se a redação da orientação jurisprudencial

n.º 84 da SDI-II, do Tribunal Superior do Trabalho:

OJ-SDI2-84 AÇÃO RESCISÓRIA. PETIÇÃO INICIAL. AUSÊNCIA DA DECISÃO RESCINDENDA E/OU DA CERTIDÃO DE SEU TRÂNSITO EM JULGADO DEVIDAMENTE AUTENTICADAS. PEÇAS ESSENCIAIS PARA A CONSTITUIÇÃO VÁLIDA E REGULAR DO FEITO. ARGUIÇÃO DE OFÍCIO. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO. A decisão rescindenda e/ou a certidão do seu trânsito em julgado, devidamente autenticadas, à exceção de cópias reprográficas apresentadas por pessoa jurídica de direito público, a teor do art. 24 da Lei nº 10.522/02, são peças essenciais para o julgamento da ação rescisória. Em fase recursal, verificada a ausência de qualquer delas, cumpre ao Relator do recurso ordinário arguir, de ofício, a extinção do processo, sem julgamento do mérito, por falta de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do feito.

Ainda nesse contexto, veja-se a orientação jurisprudencial n.º 150 da

SDI-II, do Tribunal Superior do Trabalho:

OJ-SDI2-150 AÇÃO RESCISÓRIA. DECISÃO

RESCINDENDA QUE EXTINGUE O PROCESSO SEM

RESOLUÇÃO DE MÉRITO POR ACOLHIMENTO DA

EXCEÇÃO DE COISA JULGADA. CONTEÚDO

MERAMENTE PROCESSUAL. IMPOSSIBILIDADE

88

Page 84: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

JURÍDICA DO PEDIDO. (DEJT divulgado em 03, 04 e 05.12.2008) Reputa-se juridicamente impossível o pedido de corte rescisório de decisão que, reconhecendo a configuração de coisa julgada, nos termos do art. 267, V, do CPC, extingue o processo sem resolução de mérito, o que, ante o seu conteúdo meramente processual, a torna insuscetível de produzir a coisa julgada material.

A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida

quando:

a) se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;

b) proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente;

c) resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;

d) ofender a coisa julgada; e) violar literal disposição de lei;

f) se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo

criminal ou seja provada na própria ação rescisória;

g) depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de Ihe assegurar pronunciamento favorável;

h) houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou a sentença;

i) fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa.

São legitimados à propositura da ação rescisória:

I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular;

II - o terceiro juridicamente interessado; III - o Ministério Público:

a) se não foi ouvido no processo, em que Ihe era obrigatória a intervenção;

b) quando a sentença é o efeito de colusão das partes, a fim de

fraudar a lei.

A petição inicial da ação rescisória, além dos requisitos genéricos do artigo 282, do Código de Processo Civil, deve:

a) cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento da causa;

b) depositar a importância de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, a título de multa, caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível, ou improcedente, o que não se aplica para a União,

89

Page 85: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Estados, Municípios e Ministério Público, nem quando for comprovada a miserabilidade jurídica do autor. Se não realizado o depósito mencionado, a inicial deve ser indeferida. Quanto à procuração outorgada ao advogado, ela deve ter finalidade específica, sendo insuficiente a juntada da procuração outorgada exclusivamente para efeitos de ajuizamento da reclamatória trabalhista, conforme orientação jurisprudencial n.º 151 da SDI-II, do Tribunal Superior do Trabalho, abaixo citada:

OJ-SDI2-151 AÇÃO RESCISÓRIA E MANDADO DE SEGURANÇA. IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL VERIFICADA NA FASE RECURSAL. PROCURAÇÃO OUTORGADA COM PODERES ESPECÍFICOS PARA AJUIZAMENTO DE RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. VÍCIO PROCESSUAL INSANÁVEL. (DEJT divulgado em 03, 04 e 05.12.2008) A procuração outorgada com poderes específicos para ajuizamento de reclamação trabalhista não autoriza a propositura de ação rescisória e mandado de segurança, bem como não se admite sua regularização quando verificado o defeito de representação processual na fase recursal, nos termos da Súmula nº 383, item II, do TST.

O ajuizamento da ação rescisória não impede o cumprimento da

sentença ou acórdão rescindendo, ressalvada a concessão, caso imprescindíveis e sob os pressupostos previstos em lei, de medidas de natureza cautelar ou antecipatória da tutela (art. 489, do CPC).

Recebida a inicial, o relator deve mandar citar o réu, assinando-lhe prazo nunca inferior a 15 (quinze) dias nem superior a 30 (trinta) para responder aos termos da ação.

A ação rescisória deve ser proposta no tribunal, mas se houver a necessidade de produção de provas, o relator delegará essa competência ao juiz do trabalho da localidade onde ela deva ser produzida, fixando prazo de 45 (quarenta e cinco) a 90 (noventa) dias para a devolução dos autos (art. 492, do CPC).

Sobre a competência da ação rescisória em matéria laboral, veja-se a redação da súmula n.º 192 do Tribunal Superior do Trabalho:

SUM-192 AÇÃO RESCISÓRIA. COMPETÊNCIA E POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO (redação do item III alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 17.11.2008) - Res. 153/2008, DEJT divulgado em 20, 21 e 24.11.2008

I - Se não houver o conhecimento de recurso de revista ou de embargos, a competência para julgar ação que vise a rescindir a decisão de mérito é do Tribunal Regional do Trabalho, ressalvado o disposto no item II.

90

Page 86: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

(ex-Súmula nº 192 – alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)

II - Acórdão rescindendo do Tribunal Superior do Trabalho que não conhece de recurso de embargos ou de revista, analisando arguição de violação de dispositivo de lei material ou decidindo em consonância com súmula de direito material ou com iterativa, notória e atual jurisprudência de direito material da Seção de Dissídios Individuais (Súmula nº 333), examina o mérito da causa, cabendo ação rescisória da competência do Tribunal Superior do Trabalho. (ex-Súmula nº 192 – alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)

III - Em face do disposto no art. 512 do CPC, é juridicamente impossível o pedido explícito de desconstituição de sentença quando substituída por acórdão de Tribunal Regional ou superveniente sentença homologatória de acordo que puser fim ao litígio.

IV - É manifesta a impossibilidade jurídica do pedido de rescisão de julgado proferido em agravo de instrumento que, limitando-se a aferir o eventual desacerto do juízo negativo de admissibilidade do recurso de revista, não substitui o acórdão regional, na forma do art. 512 do CPC. (ex-OJ nº 105 da SBDI-2 - DJ 29.04.2003)

V - A decisão proferida pela SBDI, em sede de agravo regimental, calcada na Súmula nº 333, substitui acórdão de Turma do TST, porque emite juízo de mérito, comportando, em tese, o corte rescisório. (ex-OJ nº 133 da SBDI-2 - DJ 04.05.2004)

Julgada procedente a ação, o tribunal rescindirá a sentença, proferirá,

se for o caso, novo julgamento e determinará a restituição do depósito. No entanto, declarando inadmissível ou improcedente a ação, a importância do depósito será revertida em benefício do réu, sem prejuízo da condenação nas custas e honorários advocatícios (art. 494, do CPC).

A ação rescisória é admitida ainda que não se tenham esgotado todos os recursos contra a sentença transitada em julgado.

A teor da disposição contida no artigo 495, do Código de Processo Civil, o direito de propor ação rescisória se extingue (decai) em 2 (dois) anos, contados do trânsito em julgado da decisão.

Ainda sobre o prazo decadencial para ajuizamento da ação rescisória, é indispensável a transcrição da súmula n.º 100 do Tribunal Superior do Trabalho:

SUM-100 - AÇÃO RESCISÓRIA. DECADÊNCIA (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 13, 16, 79, 102, 104, 122 e 145 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005

91

Page 87: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

I - O prazo de decadência, na ação rescisória, conta-se do dia imediatamente subsequente ao trânsito em julgado da última decisão proferida na causa, seja de mérito ou não. (ex-Súmula nº 100 - alterada pela Res. 109/2001, DJ 20.04.2001)

II - Havendo recurso parcial no processo principal, o trânsito em julgado dá-se em momentos e em tribunais diferentes, contando-se o prazo decadencial para a ação rescisória do trânsito em julgado de cada decisão, salvo se o recurso tratar de preliminar ou prejudicial que possa tornar insubsistente a decisão recorrida, hipótese em que flui a decadência a partir do trânsito em julgado da decisão que julgar o recurso parcial. (ex-Súmula nº 100 - alterada pela Res. 109/2001, DJ 20.04.2001)

III - Salvo se houver dúvida razoável, a interposição de recurso intempestivo ou a interposição de recurso incabível não protrai o termo inicial do prazo decadencial. (ex-Súmula nº 100 - alterada pela Res. 109/2001, DJ 20.04.2001)

IV - O juízo rescindente não está adstrito à certidão de trânsito em julgado juntada com a ação rescisória, podendo formar sua convicção através de outros elementos dos autos quanto à antecipação ou postergação do "dies a quo" do prazo decadencial. (ex-OJ nº 102 da SBDI-2 - DJ 29.04.03)

V - O acordo homologado judicialmente tem força de decisão irrecorrível, na forma do art. 831 da CLT. Assim sendo, o termo conciliatório transita em julgado na data da sua homologação judicial. (ex-OJ nº 104 da SBDI-2 - DJ 29.04.2003)

VI - Na hipótese de colusão das partes, o prazo decadencial da ação rescisória somente começa a fluir para o Ministério Público, que não interveio no processo principal, a partir do momento em que tem ciência da fraude. (ex-OJ nº 122 da SBDI-2 - DJ 11.08.2003)

VII - Não ofende o princípio do duplo grau de jurisdição a decisão do TST que, após afastar a decadência em sede de recurso ordinário, aprecia desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. (ex-OJ nº 79 da SBDI-2 - inserida em 13.03.2002)

VIII - A exceção de incompetência, ainda que oposta no prazo recursal, sem ter sido aviado o recurso próprio, não tem o condão de afastar a consumação da coisa julgada e, assim, postergar o termo inicial do prazo

92

Page 88: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

decadencial para a ação rescisória. (ex-OJ nº 16 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)

IX - Prorroga-se até o primeiro dia útil, imediatamente subsequente, o prazo decadencial para ajuizamento de ação rescisória quando expira em férias forenses, feriados, finais de semana ou em dia em que não houver expediente forense. Aplicação do art. 775 da CLT. (ex-OJ nº 13 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)

X - Conta-se o prazo decadencial da ação rescisória, após o decurso do prazo legal previsto para a interposição do recurso extraordinário, apenas quando esgotadas todas as vias recursais ordinárias. (ex-OJ nº 145 da SBDI-2 - DJ 10.11.2004)

Se a ação rescisória for julgada pelo Tribunal Regional do Trabalho,

da sentença proferida caberá recurso ordinário, endereçado ao Tribunal Superior do Trabalho, conforme disciplina a súmula n.º 158 deste Tribunal:

SUM-158 - AÇÃO RESCISÓRIA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Da decisão de Tribunal Regional do Trabalho, em ação rescisória, é cabível recurso ordinário para o Tribunal Superior do Trabalho, em face da organização judiciária trabalhista (ex-Prejulgado nº 35).

Segundo orientação jurisprudencial n.º 152 da SDI-II, do Tribunal

Superior do Trabalho, interposto recurso de revista ao invés de recurso ordinário não há que se falar na incidência do princípio da fungibilidade, conforme abaixo citado:

OJ-SDI2-152 AÇÃO RESCISÓRIA E MANDADO DE SEGURANÇA. RECURSO DE REVISTA DE ACÓRDÃO REGIONAL QUE JULGA AÇÃO RESCISÓRIA OU MANDADO DE SEGURANÇA. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. INAPLICABILIDADE. ERRO GROSSEIRO NA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO. (DEJT divulgado em 03, 04 e 05.12.2008) A interposição de recurso de revista de decisão definitiva de Tribunal Regional do Trabalho em ação rescisória ou em mandado de segurança, com fundamento em violação legal e divergência jurisprudencial e remissão expressa ao art. 896 da CLT, configura erro grosseiro, insuscetível de autorizar o seu recebimento como recurso ordinário, em face do disposto no art. 895, “b”, da CLT.

Doutro lado, se a ação rescisória for originariamente julgada pelo

Tribunal Superior do Trabalho, da sentença proferida caberá a interposição de embargos.

93

Page 89: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

7.2 Mandado de Segurança

O mandado de segurança é instrumento útil a todas as esferas do direito. Sua previsão consta do artigo 5º, incisos LXIX e LXX da Constituição Federal de 1988:

Art. 5º […]

[...]

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso

Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

O mandado de segurança é figura residual, cabível apenas se não for

caso de habeas corpus e habeas data, nos termos do artigo 5º, LXIX da CRFB/88. Para sua impetração exige-se a existência de direito líquido e certo, além do responsável pela ilegalidade ser autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

Diferentemente do habeas corpus, que pode ser impetrado em face de conduta praticada por particulares, o mandado de segurança só é cabível em face de atos praticados pelo Poder Público.

Mandado de segurança não comporta dilação probatória, haja vista exigência de direito líquido e certo, nos termos da sua lei de regência (Lei n.º 12.016/2009). Assim, todos os documentos essenciais ao processamento do mandamus devem instruir a petição inicial, não havendo que se falar na concessão de prazo para emenda, prevista no artigo 284 do Código de Processo Civil. Nesse sentido, veja-se a súmula n.º 415 do Tribunal Superior do Trabalho:

SUM-415 - MANDADO DE SEGURANÇA. ART. 284 DO CPC. APLICABILIDADE (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 52 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005 Exigindo o mandado de segurança prova documental pré-constituída, inaplicável se torna o art. 284 do CPC quando verificada, na petição inicial do "mandamus", a ausência de documento indispensável ou de sua autenticação. (ex-OJ nº 52 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)

94

Page 90: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Assim como o habeas corpus, o mandado de segurança pode ser preventivo (para evitar a lesão a direito líquido e certo) ou repressivo (para reparar a lesão).

Pode ainda o mandado de segurança ser individual (art. 5º, LXIX) ou coletivo (art. 5º, LXX), em nítida hipótese de legitimação extraordinária, isto é, alguém que vai a juízo, em nome próprio, para defesa de direito alheio, caso em que são legitimados para impetração:

a) partido político com representação no Congresso Nacional; e

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados.

Importante atentar que há prazo de 120 dias para impetração do mandando de segurança, de natureza decadencial (que não se suspende nem se interrompe), contados da ciência da violação do direito, pelo interessado.

Quando o ato ilegal for praticado por autoridade da Justiça do Trabalho, é esta competente para processar e julgar o mandado de segurança respectivo. Nesse sentido, veja-se a redação do artigo 114, inciso IV da Constituição Federal de 1988:

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: […] IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição.

Excepcionalmente o mandado de segurança é utilizado mesmo

existindo a previsão legal de recurso cabível, desde que este não seja dotado de efeito suspensivo. A excepcionalidade é manifestada pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, pois a súmula n.º 267 do mesmo, assim como a orientação jurisprudencial n.º 92 da SDI-II do Tribunal Superior do Trabalho é pelo oposto:

SÚMULA Nº 267 – STF: Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição.

OJ-SDI2-92 MANDADO DE SEGURANÇA. EXISTÊNCIA DE RECURSO PRÓPRIO. Inserida em 27.05.02 Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial passível de reforma mediante recurso próprio, ainda que com efeito diferido.

Para a impetração do mandado de segurança, exige-se procuração

que especifique essa finalidade, sendo insuficiente a utilização de procuração outorgada com poderes específicos para o ajuizamento de reclamatória trabalhista, nos termos da orientação jurisprudencial n.º 151 da SDI-II do Tribunal Superior do Trabalho:

95

Page 91: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

OJ-SDI2-151 AÇÃO RESCISÓRIA E MANDADO DE SEGURANÇA. IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL VERIFICADA NA FASE RECURSAL. PROCURAÇÃO OUTORGADA COM PODERES ESPECÍFICOS PARA AJUIZAMENTO DE RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. VÍCIO PROCESSUAL INSANÁVEL. (DEJT divulgado em 03, 04 e 05.12.2008) A procuração outorgada com poderes específicos para ajuizamento de reclamação trabalhista não autoriza a propositura de ação rescisória e mandado de segurança, bem como não se admite sua regularização quando verificado o defeito de representação processual na fase recursal, nos termos da Súmula nº 383, item II, do TST.

Proferida decisão em sede de mandado de segurança pelo Tribunal

Regional do Trabalho, é cabível o recurso ordinário, que deve ser endereçado ao Tribunal Superior do Trabalho, conforme prevê a súmula n.º 201 do deste Tribunal:

SUM-201 - RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Da decisão de Tribunal Regional do Trabalho em mandado de segurança cabe recurso ordinário, no prazo de 8 (oito) dias, para o Tribunal Superior do Trabalho, e igual dilação para o recorrido e interessados apresentarem razões de contrariedade.

Ainda em relação ao recurso ordinário no mandado de segurança, é

dever do recorrente recolher e comprovar o recolhimento das custas processuais, dentro do prazo recursal, nos termos da orientação jurisprudencial n.º 148 da SDI-II do Tribunal Superior do Trabalho:

OJ-SDI2-148 CUSTAS. MANDADO DE SEGURANÇA. RECURSO ORDINÁRIO. EXIGÊNCIA DO PAGAMENTO. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 29 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20.04.2005 É responsabilidade da parte, para interpor recurso ordinário em mandado de segurança, a comprovação do recolhimento das custas processuais no prazo recursal, sob pena de deserção. (ex-OJ nº 29 - inserida em 20.09.00)

O Supremo Tribunal Federal, por meio da súmula n.º 266, entende

não ser cabível o mandado de segurança contra lei em tese. Também não é cabível o mandado de segurança contra decisão

judicial já transitada em julgado, nos termos das súmulas n.º 268 do

96

Page 92: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Supremo Tribunal Federal e 33 do Tribunal Superior do Trabalho, abaixo citadas:

SÚMULA Nº 268 – STF: Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado.

SUM-33 - MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Não cabe mandado de segurança de decisão judicial transitada em julgado.

Não é cabível a impetração de mandado de segurança com objetivo

de desconstituir a penhora quando já tiverem sido ajuizados embargos de terceiro com o mesmo objetivo, conforme orientação jurisprudencial n.º 54 da SDI-II do Tribunal Superior do Trabalho:

OJ-SDI2-54 MANDADO DE SEGURANÇA. EMBARGOS DE TERCEIRO. CUMULAÇÃO. PENHORA. INCABÍVEL. Inserida em 20.09.00 (nova redação - DJ 22.08.2005) Ajuizados embargos de terceiro (art. 1046 do CPC) para pleitear a desconstituição da penhora, é incabível a interposição de mandado de segurança com a mesma finalidade.

Com relação ao mandado de segurança destinado a impugnar a

decisão que antecipa a tutela, duas são as situações:

a) se a antecipação for feita em sentença, o mandamus não é cabível, já que há recurso a ser utilizado;

b) se a antecipação foi feita antes da sentença, o writ é cabível, pois são irrecorríveis as decisões interlocutórias proferidas pela Justiça do Trabalho.

Nesse sentido, veja-se a redação da súmula n.º 414 do Tribunal Superior do Trabalho:

SUM-414 MANDADO DE SEGURANÇA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA (OU LIMINAR) CONCEDIDA ANTES OU NA SENTENÇA (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 50, 51, 58, 86 e 139 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005

I - A antecipação da tutela concedida na sentença não comporta impugnação pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. A ação cautelar é o meio próprio para se obter efeito suspensivo a recurso. (ex-OJ nº 51 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)

97

Page 93: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

II - No caso da tutela antecipada (ou liminar) ser concedida antes da sentença, cabe a impetração do mandado de segurança, em face da inexistência de recurso próprio. (ex-OJs nºs 50 e 58 da SBDI-2 - inseridas em 20.09.2000)

III - A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o objeto do mandado de segurança que impugnava a concessão da tutela antecipada (ou liminar). (ex-Ojs da SBDI-2 nºs 86 - inserida em 13.03.2002 - e 139 - DJ 04.05.2004)

No âmbito da execução provisória, quando já há suficientes bens

nomeados à penhora e ainda assim o juiz determina a penhora de dinheiro, ele viola direito líquido e certo do executado, que pode impetrar mandado de segurança para fazer cessar a penhora sobre o último. Nesse sentido veja-se a redação da súmula n.º 417, III do Tribunal Superior do Trabalho:

SUM-417 - MANDADO DE SEGURANÇA. PENHORA EM DINHEIRO (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 60, 61 e 62 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005

I - Não fere direito líquido e certo do impetrante o ato judicial que determina penhora em dinheiro do executado, em execução definitiva, para garantir crédito exequendo, uma vez que obedece à gradação prevista no art. 655 do CPC. (ex-OJ nº 60 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)

II - Havendo discordância do credor, em execução definitiva, não tem o executado direito líquido e certo a que os valores penhorados em dinheiro fiquem depositados no próprio banco, ainda que atenda aos requisitos do art. 666, I, do CPC. (ex-OJ nº 61 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)

III - Em se tratando de execução provisória, fere direito líquido e certo do impetrante a determinação de penhora em dinheiro, quando nomeados outros bens à penhora, pois o executado tem direito a que a execução se processe da forma que lhe seja menos gravosa, nos termos do art. 620 do CPC. (ex-OJ nº 62 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)

Também no âmbito da execução, não fere direito líquido e certo o

prosseguimento da execução quanto aos valores que não tenham sido especificados no agravo de petição apresentado pelo executado, nos termos da súmula n.º 416 do Tribunal Superior do Trabalho:

SUM-416 - MANDADO DE SEGURANÇA.

EXECUÇÃO. LEI Nº 8.432/1992. ART. 897, § 1º, DA

CLT. CABIMENTO (conversão da Orientação

98

Page 94: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

Jurisprudencial nº 55 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005 Devendo o agravo de petição delimitar justificadamente a matéria e os valores objeto de discordância, não fere direito líquido e certo o prosseguimento da execução quanto aos tópicos e valores não especificados no agravo. (ex-OJ nº 55 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)

Ainda em relação ao processo executivo, prolatada sentença

homologatória da adjudicação, não é cabível a impetração de mandado de segurança, já que o ordenamento prevê recurso próprio, nos termos da orientação jurisprudencial n.º 66 da SDI-II do Tribunal Superior do Trabalho:

OJ-SDI2-66 MANDADO DE SEGURANÇA. SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DE ADJUDICAÇÃO. INCABÍVEL. Inserida em 20.09.00 É incabível o mandado de segurança contra sentença homologatória de adjudicação, uma vez que existe meio próprio para impugnar o ato judicial, consistente nos embargos à adjudicação (CPC, art. 746).

Celebrado acordo entre as partes, a respectiva homologação não

constitui direito subjetivo delas, mas atividade discricionária do juiz, não sujeita, portanto, à impugnação mediante mandado de segurança. Nesse sentido, veja-se a súmula n.º 418 do Tribunal Superior do Trabalho, que se refere também à concessão de liminares:

SUM-418 MANDADO DE SEGURANÇA VISANDO À CONCESSÃO DE LIMINAR OU HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 120 e 141 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005 A concessão de liminar ou a homologação de acordo constituem faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança. (ex-Ojs da SBDI-2 nºs 120 - DJ 11.08.2003 - e 141 - DJ 04.05.2004)

Durante a pendência de recurso extraordinário ou de agravo de

instrumento destinado a destrancá-lo, não há direito líquido e certo à execução definitiva, conforme orientação jurisprudencial n.º 56 da SDI-II do Tribunal Superior do Trabalho:

OJ-SDI2-56 MANDADO DE SEGURANÇA. EXECUÇÃO. PENDÊNCIA DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Inserida em 20.09.00 Não há direito líquido e certo à execução definitiva na pendência de recurso extraordinário, ou de agravo de instrumento visando a destrancá-lo.

99

Page 95: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

O deferimento de reintegração no emprego, em sede se ação cautelar, pode ser alvo de mandado de segurança, nos termos da orientação jurisprudencial n.º 63 da SDI-II do Tribunal Superior do Trabalho:

OJ-SDI2-63 MANDADO DE SEGURANÇA. REINTEGRAÇÃO. AÇÃO CAUTELAR. Inserida em 20.09.00 Comporta a impetração de mandado de segurança o deferimento de reintegração no emprego em ação cautelar.

Não fere direito líquido e certo a antecipação de tutela que defere a

reintegração de empregado até decisão final do processo, pois demonstrada a razoabilidade do direito subjetivo material, essa decisão reside na esfera de discricionariedade jurisdicional, nos termos da orientação jurisprudencial n.º 142 da SDI-II do Tribunal Superior do Trabalho:

OJ-SDI2-142 MANDADO DE SEGURANÇA. REINTEGRAÇÃO LIMINARMENTE CONCEDIDA. DJ 04.05.2004 Inexiste direito líquido e certo a ser oposto contra ato de Juiz que, antecipando a tutela jurisdicional, determina a reintegração do empregado até a decisão final do processo, quando demonstrada a razoabilidade do direito subjetivo material, como nos casos de anistiado pela Lei nº 8.878/1994, aposentado, integrante de comissão de fábrica, dirigente sindical, portador de doença profissional, portador de vírus HIV ou detentor de estabilidade provisória prevista em norma coletiva. Legislação: CLT, artigo 659, inciso X

De maneira diversa, a concessão de tutela antecipada para

reintegração de empregado protegido por estabilidade provisória decorrente de lei ou norma coletiva não fere direito líquido e certo, conforme orientação jurisprudencial n.º 64 da SDI-II do Tribunal Superior do Trabalho:

OJ-SDI2-64 MANDADO DE SEGURANÇA. REINTEGRAÇÃO LIMINARMENTE CONCEDIDA. Inserida em 20.09.00 Não fere direito líquido e certo a concessão de tutela antecipada para reintegração de empregado protegido por estabilidade provisória decorrente de lei ou norma coletiva.

Nesse sentido, a concessão liminar do pedido reintegração em

relação à dirigente sindical não fere direito líquido e certo, ressalvado o caso do artigo 494 da CLT, conforme orientação jurisprudencial n.º 65 da SDI-II do Tribunal Superior do Trabalho:

100

Page 96: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

OJ-SDI2-65 MANDADO DE SEGURANÇA. REINTEGRAÇÃO LIMINARMENTE CONCEDIDA. DIRIGENTE SINDICAL. Inserida em 20.09.00 Ressalvada a hipótese do art. 494 da CLT, não fere direito líquido e certo a determinação liminar de reintegração no emprego de dirigente sindical, em face da previsão do inciso X do art. 659 da CLT.

No entanto, se instaurado inquérito para apuração de falta grave, na

forma do artigo 494 da CLT, é direito (líquido e certo) do empregador proceder a suspensão do respectivo empregado, ainda que detentor de estabilidade sindical, nos termos da orientação jurisprudencial n.º 137 da SDI-II do Tribunal Superior do Trabalho:

OJ-SDI2-137 MANDADO DE SEGURANÇA. DIRIGENTE SINDICAL. ART. 494 DA CLT. APLICÁVEL. DJ 04.05.2004 Constitui direito líquido e certo do empregador a suspensão do empregado, ainda que detentor de estabilidade sindical, até a decisão final do inquérito em que se apure a falta grave a ele imputada, na forma do art. 494, “caput” e parágrafo único, da CLT.

Também não fere direito líquido e certo a concessão liminar de pedido

que impede a transferência de empregado, uma vez que esta atribuição é discricionariamente conferida aos Juízes do Trabalho, nos termos da orientação jurisprudencial n.º 67 da SDI-II do Tribunal Superior do Trabalho:

OJ-SDI2-67 MANDADO DE SEGURANÇA. TRANSFERÊNCIA. ART. 659, IX, DA CLT. Inserida em 20.09.00 Não fere direito líquido e certo a concessão de liminar obstativa de transferência de empregado, em face da previsão do inciso IX do art. 659 da CLT.

Alterado o valor da causa por ato do juiz e não impugnado por meio

do recurso próprio quando oportuno, não é cabível a impetração do mandado de segurança, nos termos da orientação jurisprudencial n.º 88 da SDI-II do Tribunal Superior do Trabalho:

OJ-SDI2-88 MANDADO DE SEGURANÇA. VALOR DA CAUSA. CUSTAS PROCESSUAIS. CABIMENTO. Inserida em 13.03.02 Incabível a impetração de mandado de segurança contra ato judicial que, de ofício, arbitrou novo valor à causa, acarretando a majoração das custas processuais, uma vez que cabia à parte, após recolher as custas, calculadas com base no valor dado à causa na inicial, interpor recurso ordinário e, posteriormente, agravo de instrumento no caso de o recurso ser considerado deserto.

101

Page 97: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

No entanto, em relação à ação rescisória e ao mandado de segurança, atribuído valor à causa e não havendo impugnação, é vedado ao juiz majorá-lo de ofício, nos termos da orientação jurisprudencial n.º 155 da SDI-II do Tribunal Superior do Trabalho:

OJ-SDI2-155. AÇÃO RESCISÓRIA E MANDADO DE SEGURANÇA. VALOR ATRIBUÍDO À CAUSA NA INICIAL. MAJORAÇÃO DE OFÍCIO. INVIABILIDADE. (DEJT divulgado em 09, 10 e 11.06.2010) Atribuído o valor da casa na inicial da ação rescisória ou do mandado de segurança e não havendo impugnação, nos termos do art. 261 do CPC, é defeso ao Juízo majorá-lo de ofício, ante a ausência de amparo legal. Inaplicável, na hipótese, a Orientação Jurisprudencial da SBDI-2 nº 147 e o art. 2º, II, da Instrução Normativa nº 31 do TST.

Caso seja judicialmente determinada a penhora sobre a renda de

estabelecimento comercial, de modo a lhe inviabilizar o desenvolvimento regular de suas atividades, há possibilidade de impetração de mandado de segurança. Nesse sentido, veja-se a orientação jurisprudencial n.º 93 da SDI-II do Tribunal Superior do Trabalho:

OJ-SDI2-93 MANDADO DE SEGURANÇA. POSSIBILIDADE DA PENHORA SOBRE PARTE DA RENDA DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL. Inserida em 27.05.02 É admissível a penhora sobre a renda mensal ou faturamento de empresa, limitada a determinado percentual, desde que não comprometa o desenvolvimento regular de suas atividades.

É incabível no processo do trabalho a exigência de prévio depósito

para custear os honorários de perito, sendo o mandado de segurança o instrumento adequado para afastar essa situação, nos termos da orientação jurisprudencial n.º 98 da SDI-II do Tribunal Superior do Trabalho:

OJ-SDI2-98 MANDADO DE SEGURANÇA. CABÍVEL PARA ATACAR EXIGÊNCIA DE DEPÓSITO PRÉVIO DE HONORÁRIOS PERICIAIS. Inserida em 27.09.02 (nova redação – DJ 22.08.2005) É ilegal a exigência de depósito prévio para custeio dos honorários periciais, dada a incompatibilidade com o processo do trabalho, sendo cabível o mandado de segurança visando à realização da perícia, independentemente do depósito.

É importante recordar que o mandado de segurança não é um recurso

extra, passível de utilização após o exaurimento dos demais, conforme frisa a orientação jurisprudencial n.º 99 da SDI-II do Tribunal Superior do Trabalho:

102

Page 98: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

OJ-SDI2-99 MANDADO DE SEGURANÇA. ESGOTAMENTO DE TODAS AS VIAS PROCESSUAIS DISPONÍVEIS. TRÂNSITO EM JULGADO FORMAL. DESCABIMENTO. Inserida em 27.09.02 Esgotadas as vias recursais existentes, não cabe mandado de segurança.

Segundo orientação jurisprudencial n.º 140 da SDI-II, do Tribunal

Superior do Trabalho, não é cabível a impetração de mandado de segurança destinado a impugnar o despacho de deferimento ou indeferimento de liminar em outro mandado de segurança. Veja-se, pois, a redação da mencionada orientação:

OJ-SDI2-140 MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA LIMINAR, CONCEDIDA OU DENEGADA EM OUTRA SEGURANÇA. INCABÍVEL. (ART. 8º DA LEI Nº 1.533/51) . DJ 04.05.2004 Não cabe mandado de segurança para impugnar despacho que acolheu ou indeferiu liminar em outro mandado de segurança.

O mandado de segurança não é cabível para pretensão genérica,

aplicável apenas em relação a eventos futuros e de ocorrência incerta. Nesse sentido, veja-se a orientação jurisprudencial n.º 144 da SDI-II do Tribunal Superior do Trabalho:

OJ-SDI2-144 MANDADO DE SEGURANÇA. PROIBIÇÃO DE PRÁTICA DE ATOS FUTUROS. SENTENÇA GENÉRICA. EVENTO FUTURO. INCABÍVEL. DJ 22.06.04 (nova redação - DJ 22.08.2005) O mandado de segurança não se presta à obtenção de uma sentença genérica, aplicável a eventos futuros, cuja ocorrência é incerta.

Por derradeiro, conforme prevê a recente súmula n.º 425 do Tribunal

Superior do Trabalho, o jus postulandi das partes perante a Justiça do Trabalho não alcança o mandado de segurança, conforme se verifica abaixo:

SUM- 425 JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE - Res. 165/2010, DEJT divulgado em 30.04.2010 e 03 e 04.05.2010 O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

103

Page 99: Direito... · Execução Trabalhista.....Pág. 76 Execução por quantia certa.....Pág. 77 Processos Especiais.....Pág. 87 Ação Rescisória ... os embargos de declaração opostos

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de direito processual civil. 13. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005.

COELHO, Fábio Alexandre. Teoria geral do processo. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2004.

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil: teoria geral e processo de conhecimento (1ª parte). 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

______. Novo curso de direito processual civil: processo de conhecimento (2ª parte) e procedimentos especiais. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

______. Novo curso de direito processual civil: execução e processo cautelar. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

MACEDO, Alexander dos Santos. Da querela nullitatis: sua subsistência no direito brasileiro. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005.

MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. Manual de direito e processo do trabalho. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Conteúdo jurídico do princípio da igualdade. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2005.

MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil interpretada e legislação constitucional. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. 33. ed. São Paulo: Ltr, 2007.

SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2009.

______. Comentário contextual à Constituição. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2007.

THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil: procedimentos especiais. 40. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008.

104