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Versão para comentários Proteção Social A. Coudouel, K. Ezemenari, M. Grosh e L. Sherburne-Benz Sumário Resumo 1. Introdução 2. Identificação das intervenções de proteção social para ajudar os grupos vulneráveis 2.1 Identificação das principais fontes de riscos e dos grupos afetados 2.2 Avaliação da conveniência das intervenções de proteção social 2.3 Que indicadores podem ser úteis para o acompanhamento do avanço rumo ao alcance dos objetivos de proteção social? 3. Estabelecimento da eficácia das intervenções individuais de proteção social 3.1 Análise da regulamentação trabalhista 3.2 Análise dos programas de seguro social financiados por contribuições 3.3 Análise da eficácia dos programas de gasto 4. Ajuste da combinação de intervenções 5. Exemplos de países 5.1 Argentina 5.2 Malauí 5.3 Togo 5.4 Conclusão Notas técnicas 1. Questões representativas para as intervenções públicas de proteção social 1.1. Mecanismos institucionais de entrega 1.2. Economia política 1.3. Enfoque 2. Resumo estilizado das características do programa e das boas práticas 3. Informações gerais sobre as transferências informais e a elaboração dos programas públicos de proteção social Bibliografia

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Proteção SocialA. Coudouel, K. Ezemenari, M. Grosh e L. Sherburne-Benz

Sumário

Resumo

1. Introdução

2. Identificação das intervenções de proteção social para ajudar os grupos vulneráveis2.1 Identificação das principais fontes de riscos e dos grupos afetados2.2 Avaliação da conveniência das intervenções de proteção social2.3 Que indicadores podem ser úteis para o acompanhamento do avanço rumo aoalcance dos objetivos de proteção social?

3. Estabelecimento da eficácia das intervenções individuais de proteção social3.1 Análise da regulamentação trabalhista3.2 Análise dos programas de seguro social financiados por contribuições3.3 Análise da eficácia dos programas de gasto

4. Ajuste da combinação de intervenções

5. Exemplos de países5.1 Argentina5.2 Malauí5.3 Togo5.4 Conclusão

Notas técnicas1. Questões representativas para as intervenções públicas de proteção social

1.1. Mecanismos institucionais de entrega1.2. Economia política1.3. Enfoque

2. Resumo estilizado das características do programa e das boas práticas3. Informações gerais sobre as transferências informais e a elaboração dosprogramas públicos de proteção social

Bibliografia

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Proteção Social

Resumo

Embora a política de promoção do crescimento econômico esteja no centro da redução dapobreza, as medidas voltadas para a proteção social têm um papel a desempenhar na reduçãoda vulnerabilidade e na proteção do bem-estar dos pobres. A seleção da combinaçãoapropriada de programas de proteção social e de políticas que contribuam da melhor maneirapossível para a redução da pobreza requer uma abordagem cuidadosa. Podem ser necessáriosa introdução, a modificação ou o fortalecimento de uma série de reformas políticas, programase mecanismos de entrega – de mudanças na legislação trabalhista à implementação deprogramas de obras públicas, de mecanismos públicos a mecanismos privados – para melhoraro impacto das medidas de proteção social sobre os pobres.

A primeiro etapa na escolha da combinação apropriada de políticas de proteção social (PS) éanalisar as principais fontes de risco e vulnerabilidade da população e identificar os grupos dapopulação mais afetados por esses riscos. Uma vez identificados os grupos e suascaracterísticas, investiga-se o papel que a proteção social pode exercer, juntamente comintervenções em outros setores e em nível macro. Especialmente importantes são as políticaspara assegurar a estabilidade macroeconômica, o desenvolvimento rural e a formação decapital humano, que devem completar os programas de proteção social.

A segunda etapa é determinar quais os grupos identificados que estão cobertos por programase políticas existentes de proteção social e avaliar a eficácia desses instrumentosindividualmente e combinados. Deve-se dispensar atenção especial à compatibilidade docontexto da política e dos programas de gasto, aos objetivos específicos de cada intervenção,à sua eficácia para conseguir esses objetivos e sua eficácia em função dos custos no tocanteaos resultados observados.

O que se busca é revelar as deficiências na cobertura e na eficácia em função dos custos dasintervenções existentes. Caso não seja possível fazer a análise completa da eficácia doscustos, podem-se usar indicadores parciais, como a sustentabilidade, o enfoque, os custosadministrativos, a estrutura institucional, os efeitos indesejados e as restrições.

Esta análise de programas e políticas existentes, juntamente com informações sobre outrasintervenções e as possíveis restrições (por exemplo, orçamento, capacidade administrativa,economia política), proporciona a base para se determinar a combinação mais eficaz deintervenções. Em todos os casos, a estratégia completa de proteção social deve ser compostade uma combinação de políticas e de programas. É claro que a combinação varia de país parapaís.

Para ilustrar como a linha de análise aqui proposta pode ser executada e como a combinaçãode intervenções escolhidas pode variar segundo os países, a última seção do texto principal docapítulo considera os casos de países para Argentina, Malauí e Togo.

Dispõe-se de uma experiência muito ampla sobre e diferentes tipos de políticas e programas deproteção social. Nem todos são apropriados, ou mesmo viáveis, como ilustram os casos depaíses aqui apresentados. As planilhas informativas apresentadas na Nota técnica 2 no final docapítulo ressaltam as características principais da elaboração e as lições tiradas da experiência

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com políticas e programas de proteção social para ajudar as equipes de DERP a avaliar osresultados das intervenções existentes ou o que se poderia, de forma realista, esperar denovas intervenções.

A Figura 1 apresenta um esquema da linha de análise proposta para facilitar a navegação poreste capítulo. Ela referencia as partes do capítulo a que o leitor pode se reportar para ficar comas idéias gerais antes ou depois de ter lido o texto em sua integridade.

Figura 1: Esquema do Fluxo de Análise

Etapa da análise: Referências rápidas:

1. Descrição de riscos e grupos vulneráveis Tabela 1 e Quadro 3 para o genérico

Tabelas 4, 5, 6 para exemplos depaíses

2. Determinação da combinação de intervenções dePS e não-PS

Tabela 2

3. Determinação da eficácia dos custos dasintervenções de PS individuais (existentes oupotenciais)

3.1 Regulamentação trabalhista

3.2 Seguro social financiado por contribuições

3.3 Eficácia dos programas financiados comrecursos públicos

a) mapeamento dos grupos vulneráveis aintervençõesb) determinação de

- seus objetivos- seus resultados- sua eficácia em função dos custos

Texto marcado na página 13

Texto marcado na página 15

Texto marcado nas páginas 15-18Referências internacionais na Notatécnica 2

4. Ajuste da combinação de programas Critérios marcados nas páginas 22-23

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1. Introdução

Intervenções de proteção social (PS) são “ações para (i) ajudar a pessoas, famílias ecomunidades a gerir melhor o risco, e (ii) prestar apoio aos extremamente pobres” (BancoMundial 2000). A estrutura de políticas de um país voltadas para a proteção social deve incluirum conjunto de leis e regulamentações e um conjunto de programas governamentais. Alémdisso, certos mecanismos privados – baseados no mercado e informais – oferecem um apoioimportante. Este conjunto de políticas, programas, produtos e normas compreendem atividadesdestinadas a reduzir a probabilidade da ocorrência de riscos (eventos que prejudiquem o bem-estar de famílias, como uma inundação ou uma recessão, ou a doença do arrimo da família).Também inclui ações para “mitigar” os riscos por meio da redução das conseqüênciasnegativas a eles associadas. Quando famílias individuais ou sociedades inteiras sofremchoques, os programas de proteção social ajudam a fazer frente ao problema para que osefeitos negativos não se tornem irreversíveis. Exemplos de intervenções de PS aparecem noQuadro 1 e mais adiante neste capítulo.

Quadro 1. Exemplos de Atividades de Proteção Social

Intervenções no mercado de trabalho: Melhorar a capacidade das famílias para ganhar o sustentocom seu trabalho por meio do desenvolvimento de políticas eficientes e de práticas trabalhistas justas,de programas de mercado de trabalho ativo e passivo, e de programas de capacitação antes e durante otrabalho.

Pensões: Ajudar aos governos a cuidar de suas populações de idosos e em envelhecimento com acriação ou a melhoria de pensões, poupança obrigatória e esquemas públicos de ajuda monetária àspessoas de idade avançada. Nesta área, os governos intervêm fortemente tanto na regulamentaçãocomo nos gastos.

Redes de segurança social: Proporcionar ajuda monetária e acesso a serviços sociais básicos aosgrupos mais pobres da população, e/ou aos que necessitem de ajuda devido a mudanças econômicasnegativas, desastres naturais ou eventos familiares específicos adversos, que possam diminuir suarenda.

Programas de redução do trabalho de menores: Em associação com governos, comunidades eorganizações internacionais, promover o desenvolvimento do capital humano e aumentar a eqüidade e aeducação para todos os grupos com a elaboração de estratégias gerais para uma ampla redução dapobreza, e formular leis e programas apropriados específicos para os trabalhadores menores de idade, afim de reduzir a ocorrência e mitigar os riscos do trabalho prejudicial de menores.

Programas para a invalidez: Ajudar os inválidos com serviços na comunidade, com apoio às famílias(atendimento nas horas de folga, cuidado das crianças, aconselhamento, visitas domiciliares,aconselhamento na violência doméstica, tratamento de alcoolismo e reabilitação), assistência adeficientes (inclusive educação, cursos protegidos, reabilitação, assistência técnica), ajuda aos idosos(centros para anciãos, visitas domiciliares) e colocação fora da família (abrigos, adoção).

Fundos sociais: Por meio de agências, canalizar fundos de subvenção para projetos de pequena escaladestinados a ajudar as comunidades pobres a elaborar e executar seus próprios projetos em resposta àsnecessidades que elas próprias determinarem.

Acordos informais: Prestar respaldo à comunidade ou a membros da família com acordos informais deseguro. Estes acordos podem incluir o casamento, crianças, apoio mútuo comunitário, poupança ouinvestimentos em bens humanos, físicos e reais, e investimento em capital social (rituais, doaçõesmútuas).

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A promoção do crescimento econômico é necessária para a redução da pobreza; os programasde proteção social ajudam a reduzir a pobreza diminuindo a vulnerabilidade a oscilaçõesdrásticas na renda, promovendo investimentos em capital humano e, às vezes, compensandoos que são afetados pelas mudanças de política. Além disso, a proteção social pode reforçar ocrescimento econômico a longo prazo com a redução de níveis inaceitáveis de desigualdade epossíveis impactos negativos de escolhas erradas de políticas, da falta de coesão social ou deperturbações públicas. Os pobres são muitas vezes os mais vulneráveis aos riscos de todos ostipos, da escassez de alimentos provocada por secas à morte de arrimos familiares ou deoutros membros da família. Por conseguinte, boas medidas de proteção social para os pobres,especialmente em países pobres, não constituem luxo.

Apesar do papel importante dos programas de PS para controlar os riscos e facilitar a reduçãoda pobreza, os países devem ainda preocupar-se com restrições na capacidade para a gestãoda política e com os custos fiscais desses programas. Isto é especialmente importante em vistados recursos fiscais e administrativos limitados de muitos países pobres. Portanto, é crucial queos países sejam capazes de priorizar.

O propósito deste capítulo é ajudar os formuladores de políticas a escolher a combinação depolíticas e programas para a proteção social capaz de alcançar os objetivos determinados naestratégia para a redução da pobreza (PRS), no contexto particular do país. O capítulo propõeum processo de três etapas. A primeira, esboçada na Seção 2, consiste em diagnosticar asfontes da pobreza e vulnerabilidade e em considerar se as intervenções de PS e não-PS sãomais apropriadas para tratá-las. A segunda etapa, que se encontra na terceira seção destecapítulo, oferece orientações para a avaliação da eficácia em função dos custos dasintervenções individuais de PS. A terceira etapa, detalhada na Seção 4, sugere critérios parareunir os resultados desses diagnósticos e as informações sobre as consideraçõesorçamentárias com vistas à seleção final da combinação de programas. Finalmente, osexemplos de estudos de caso de países de Argentina, Malauí e Togo são apresentados comoilustrações. Um apêndice técnico fornece detalhes sobre a experiência internacional comnumerosos programas de proteção social, enquanto outro oferece uma explicação maisdetalhada das questões comuns aos vários tipos de programas.

2. Identificação das Intervenções de Proteção Social para Ajudar osGrupos Vulneráveis

A identificação dos grupos vulneráveis e dos riscos que eles enfrentam é a primeiro etapa paraa determinação das intervenções apropriadas. A vulnerabilidade surge da pobreza crônicadevida a renda muito baixa e poucos bens com que enfrentar os riscos, ou de riscos de curtoprazo ou perturbações sofridas por grupos que estão abaixo ou perto da linha da pobreza.Portanto, a vulnerabilidade pode ser estrutural ou transitória, e isto afeta os tipos deintervenção a serem escolhidos. Esta seção descreve os métodos para identificar os principaisriscos que contribuem para a pobreza, além dos grupos mais vulneráveis a esses riscos. Essesmétodos indicam as intervenções potenciais, das quais algumas são de proteção social, masmuitas outras se encontram fora do setor. Oferece também enfoque para decidir se asintervenções de proteção social são a melhor maneira de tratar os problemas identificados. Aetapa que se à elaboração da “lista exaustiva” de intervenções de proteção social é priorizá-las,para que reflitam a limitação fiscal do país, as considerações de economia política e acapacidade institucional (ver as seções seguintes deste capítulo).

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2.1 Identificação das principais fontes de riscos e dos gruposafetados

Podem-se utilizar vários meios para identificar as principais fontes de riscos a que os pobresestão sujeitos. Um deles é classificar a população por grupos de idade, listar os riscos teóricosenfrentados por esses grupos, preparar a relação dos indicadores básicos de cada risco eutilizá-los para avaliar se os diversos grupos (como mulheres, indígenas, extremamentepobres) são afetados ou não por esses riscos no país específico. Por exemplo, para ver se asaúde e o desenvolvimento das crianças estão em perigo usar-se-iam os indicadores dasituação nutricional. Esta foi abordagem adotada na Argentina (Seção 5). A análise poderia tersido melhorado com uma distinção sistemática por gênero.

Outro meio é preparar uma lista de todos os riscos prevalecentes no país durante um períododefinido – por exemplo, nos últimos cinco anos– e depois anotar ao lado de cada risco osgrupos que provavelmente são os mais vulneráveis. Este foi o método adotado no Togo (ver osexemplos de países), onde os dados domiciliares e a capacidade de coletá-los eram limitados.Outro método seria analisar os riscos enfrentados pelos que vivem em diferentes regiões oucom diferentes fontes de sustento. O Quadro 2 descreve algumas fontes de vulnerabilidade ede risco. Embora sejam óbvias as relações entre a vulnerabilidade estrutural e a transitória, asduas têm sido separadas no esforço de enfatizar as diferentes causas.

Quadro 2: Fontes de Vulnerabilidade e Risco Relacionadas com a Proteção Social

Vulnerabilidade estrutural• Altos níveis de pobreza, grande número de extremamente pobres e altos níveis de desigualdade

• Falta de acesso a serviços básicos

• Sazonalidade de emprego, renda e necessidades de consumo

• Altos níveis de desordem e crime

• Concentração dos pobres por zonas geográficas, gênero ou etnia

• Políticas macroeconômicas, trabalhistas e sociais inadequadas

• Baixos níveis de ativos e falta de diversificação da carteira de ativos

• Baixos níveis de qualificação da força de trabalho

• Desemprego estrutural (especialmente para os jovens, os graduados, as mulheres, etc.)

• Redes sociais e familiares limitadas ou fluxo de informação limitado

• Altos níveis de trabalho de menores

• Invalidez física ou mental permanente

Vulnerabilidade transitória• Natural ou relacionada a condições climáticas – terremotos, inundações, secas, furacões, pragas

• Declínio econômico ou crise – recessão, transição, inflação, salários atrasados, mudanças natributação ou no gasto, baixa produção nos setores de que os trabalhadores dependem, perda detrabalho

• Guerra e violência – nacional, regional ou individual

• Doença ou lesão – doença individual, AIDS, epidemia, invalidez temporária ou deficiência mental

• Eventos do ciclo de vida – efeitos da velhice na renda familiar, morte de um membro da família,viuvez ou separação da família, nascimentos múltiplos

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Identificadas as fontes de riscos, cada tipo de risco deve ser avaliado por sua gravidade, porsua amplidão em função do número e do tipo de pessoas afetadas, pelos tipos de efeitos e pelafreqüência no contexto do país estudado. É importante determinar se os riscos identificadosafetam pessoas ou famílias específicas, e são portanto idiossincrásicos (por exemplo, doençasnão-contagiosas, desempregos individuais de curta duração, separações familiares), ou se osriscos afetam regiões inteiras ou grupos de famílias e são, portanto, co-variantes (por exemplo,secas, a volatilidade dos preços estacionais, guerras ou crises financeiras que afetamcomunidades inteiras). Do mesmo modo, os riscos podem ser eventos únicos ou repetidos,como secas ou inundações recorrentes, seguidas de doenças e mortes. Tipicamente, essascomoções repetidas ou acumuladas são mais difíceis de controlar com meios informais. Areação a eventos catastróficos pode necessitar de transferências líquidas a longo prazo.Eventos não-catastróficos, que ocorrem com freqüência elevada mas sem efeitos muito graves(doença passageira, desemprego temporário) nem sempre necessitam de transferênciasliquidas a longo prazo para a família afetada, posto que seus membros podem agüentar asituação no curto prazo com o uso de poupança, empréstimos, doações recíprocas ou, emalguns casos, seguro. Todavia, para as famílias muito pobres até mesmo esses tipos deeventos podem ser devastadores.

Por conseguinte, para se mapear os riscos e os grupos vulneráveis é necessário determinar:• A gravidade e o alcance dos riscos. Utilizar os dados domiciliares para identificar as fontes

de renda e os padrões de gasto dos pobres, ou utilizar avaliações qualitativas e rápidas ousistemas de informação geográfica (ver o capítulo sobre Dados e Medição da Pobreza).

• Os efeitos dos riscos sobre a renda, as interações sociais entre grupos e famílias (coesãosocial) e o acesso a serviços sociais e outras intervenções para o controle de riscos não-PS, como microfinanças.

• Os tipos de grupos ou de pessoas afetados – se os riscos se limitam a um grupo especial(mulheres, homens, moradores de certas regiões ou grupos minoritários de ocupações), ouse afetam regiões inteiras ou pessoas de maneira totalmente idiossincrásica (ver o capítulosobre Dados e Medição da Pobreza e o capítulo sobre Gênero).

• A freqüência dos riscos – por exemplo, uma seca anual ou periódica, ou uma criseeconômica rara.

Os resultados do mapeamento dos grupos vulneráveis juntamente com os riscos queenfrentam podem ser usados para se fazer uma primeira tentativa de priorizar as intervenções.Alguns dos riscos podem não ser inerentes à economia, mas simplesmente o resultado depolíticas ou programas deficientes, como a inflação causada por uma política macro ou fiscalinadequada. A Tabela 1 oferece um exemplo dos tipos de informação que se podem usar.

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Tabela 1. Grupos vulneráveis, sua fonte de vulnerabilidade e mecanismos de transmissão (exemplo ilustrativo)

Indicador Grupos Gravidade do efeito Causamaisafetados

Tamanho

Duração Amplitude

Fonte Mecanismodetransmissão

Programas/políticas existentes

Renda e capacidade econômicaContagem depobresO hiato da pobreza

PobresurbanosIdososViúvasMulheresEtc.

Pobresrurais

Desemprego/subempregoIncapacidade dos idosospara trabalharSetor informal de saláriosbaixosBaixos níveis deeducação

Baixo rendimentoFalta de acesso a terras

Emprego

Produçãoagrícola

Obras públicasRegulamentação do mercado de trabalhoPolítica ativa para mercado de trabalhoSeguro ou assistência para o desemprego

Subsídios enfocados de fertilizantesLiberalização de preçosProgramas de pensão com contribuiçãoProgramas de pensão sem contribuição

EducaçãoEntrada tardiaRepetição de ano

Meninos emeninas de6 a 14anos

Baixa rendaBaixa qualidade dasescolas

Transferências para promover afreqüência escolarMudanças na política de educação paramelhorar a qualidade da escola

MalnutriçãoBaixo peso nonascimentoBaixa taxa decrescimentoBaixo índice demassa corporal

Mulheresgrávidas/lactantesCrianças

Práticas assistenciaisSaneamento

Doenças Programas de saúde públicaServiços de nutriçãoTransferências de alimentos/subsídios

Segurança de renda% da população queentra e sai dapobreza

Variabilidade derendas

Empregados do setorformal

Famíliasrurais

PerturbaçãomacroeconômicaReforma daadministração pública

Sazonalidade /choquesmeteorológicas

Emprego

Emprego eprodução

Seguro ou assistência para o desempregoRegulamentação do mercado de trabalho

Seguro para safrasObras públicas

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2.2 Avaliação da conveniência das intervenções de proteção social

Após a identificação das principais fontes de risco e vulnerabilidade e dos grupos mais afetadospor elas, três perguntas fundamentais devem ser respondidas: (1) Mudanças nas políticas, nasleis, nas regulamentações ou nos programas existentes podem reduzir a vulnerabilidade e apobreza? (2) As intervenções de proteção social devem ser usadas para resolver essasdificuldades? Qual seria a conduta mais apropriada para fazê-lo? e (3) Quais os indicadoresmais úteis no contexto deste país específico para acompanhar o avanço rumo ao alcance dosobjetivos de PS desse país?

A decisão sobre o uso de intervenções de PS ou fora dela depende de os riscos seremprimariamente estruturais ou transitórios. Também depende de o objetivo ser reduzir os riscos,mitigar os riscos ou facilitar o combate aos riscos. A Tabela 2 ilustra muitas das opçõesdisponíveis de acordo com essas duas tipologias.

Se o risco ou a vulnerabilidade for estrutural, os esforços de redução de risco ou de prevençãodeverão, na maioria dos casos, constituir a ação mais apropriada. Os esforços de redução derisco tendem a cair mais no âmbito da política que de intervenção no estilo de programa.Muitos elementos essenciais aqui ficam fora do âmbito da PS. Dos que se encontram dentrodeste domínio, muitos aparecem na forma de regulamentação e programação do mercado detrabalho. As estratégias de mitigação de riscos em muitos casos podem ser melhorimplementadas fora das intervenções de PS. Esses métodos podem incluir esforços paraajudar a diversificar a “carteira” (bens de capital físico, financeiro, humano e social) dos pobres,na medida suficiente para amortizar os golpes. Finalmente, os mecanismos para de combateao risco, que aliviam o impacto dos golpes depois de sua ocorrência, são essenciais para aproteção contra níveis inaceitáveis da pobreza. Muitos mecanismos de combate ao riscoprecisam do respaldo das intervenções de PS, enquanto outros não o requerem.

Tabela 2: Meios de gestão de risco

Fora da proteção social Medidas de proteção socialRedução de riscos

• Políticas macroeconômicas• Políticas de saúde pública, educação, agricultura

e meio ambiente• Alocação de recursos (humanos e financeiros)

para a obtenção de qualidade• Serviços sociais básicos para os pobres• Fornecimento da infra-estrutura essencial• Regulação e supervisão dos setores financeiros• Instituições e sistemas judiciais• Práticas corretas de amamentação e desmame• Programas de prevenção do HIV• Acumulação de bens (terras, gado, financeiros)

• Medidas para reduzir os riscos de desempregoou subemprego e renda inadequada

• Normas para assegurar saúde básica esegurança no trabalho

• Política adequada de invalidez em apoio àinclusão de pessoas inválidas

• Medidas para reduzir o trabalho prejudicial demenores

• Medidas contra a discriminação no emprego• Programas vocacionais de educação e

capacitação que apóiem o investimento emcapital humano

• Algumas intervenções em nível comunitáriocom fundos sociais, como atendimento médicopreventivo e acumulação de capital social pormeio do fortalecimento de estruturas para aação comunitária

• Infra-estrutura produzida por obras públicas

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Mitigação de riscos• Tipos mais formais de diversificação de carteira• Transferências de ativos• Desenvolvimento de mecanismos de poupança

para os pobres e vulneráveis• Apoio para estender os mercados financeiros

aos pobres• Acesso aos planos de microcrédito• Proteção dos direitos de propriedade• Programas de nutrição• Prestação de serviços legais que prescindam da

necessidade de programas de PS (assegurandoo estabelecimento ou a melhoria de leisfundamentais – direitos de propriedade, herançaeqüitativa entre gêneros, lei da família queimpede que as mulheres e/ou os filhos setornem indigentes por deserção, divórcio oumorte)

• Programas de seguridade para desemprego,velhice, invalidez, sobrevivência, doença

• Sistemas de pensões apropriados e eficazesdentro do contexto do país

• Programas comunitários informais baseados nomercado para a redução dos riscos

• Apoio para o desenvolvimento de níveis fortesde capital social comunitário

• Alguns tipos de intervenções de fundos sociais,como a diversificação de renda por meio deempréstimos a microempresas e acesso àeducação e capacitação

• Obras públicas em épocas de baixa demandade mão-de-obra para reduzir a sazonalidade darenda

Combate aos riscos• Venda de bens imobiliários ou financeiros• Empréstimo de vizinhos ou bancos• Migração

• Transferências formais ou assistência social• Programas de alívio para desastres• Subsídios• Obras públicas como meios de transferência

depois de um choque• Transferências informais ou caridade dentro

das comunidades

Ao se decidir sobre o equilíbrio entre as intervenções de PS e não-PS, deve-se ter em menteque:

• as intervenções que promovem extensa redução da pobreza sempre deverão ter altaprioridade;

• quando a pobreza é mais estrutural que transitória, as intervenções que tratam dosaspectos estruturais, em geral intervenções não-PS, devem ter prioridade;

• os grupos que não estão se beneficiando do crescimento geral podem necessitar depolíticas ou programas de PS especiais;

• é de se esperar que os programas de PS reduzam a pobreza tanto por meio da redução davulnerabilidade a mudanças drásticos de renda e da prevenção de perdas irreversíveis,como pela contribuição para a coesão social e uma ampla escolha de políticas sólidas;

• a melhor combinação de políticas e intervenções em determinadas circunstâncias dependedo contexto das políticas macroeconômicas, das limitações fiscais e das prioridadesorçamentárias concorrentes, da capacidade institucional para elaborá-las e executá-las, edas considerações da política econômica.

2.3 Que indicadores podem ser úteis para o acompanhamento doavanço rumo aos objetivos da proteção social?

É pequeno o consenso internacional em torno dos indicadores mundiais de proteção social.Mesmo assim, a lista indicativa dos indicadores potenciais da Tabela 3 pode ser útil para oacompanhamento dos avanços na melhoria de vida dos grupos vulneráveis. A escolha deindicadores específicos em determinado país depende, ao mesmo tempo, do que se deve

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medir – os tipos de riscos, os grupos mais vulneráveis, os tipos de programas atuais – e dasrealidades a partir das quais os dados estão disponíveis. Mas, de maneira geral, seriarecomendável coletar dados sobre os indicadores nas três categorias indicadas – indicadoresde exposição ao risco, mecanismos para lidar com a vulnerabilidade e os resultados.

Quadro 3. Indicadores potenciais de proteção social

Indicadores de exposição ao risco e à vulnerabilidade• Índice da suscetibilidade nacional ou regional a choques naturais ou climáticos específicos• O grau em que as famílias são vulneráveis a riscos não-segurados• Índice de perigo macroeconômico crônico ou transitório e/ou de baixo rendimento macroeconômico

(indicador de tipo CPIA)• Percentagem da população afetada por guerra, violência, crime ou tensões étnicas ou de castas• Freqüência de doenças contagiosas (como a AIDS), alcoolismo, toxicomania• Coeficiente do número de inválidos• Percentagem de chefes de famílias únicos e/ou coeficiente de divórcios (também pode ser um

resultado)• Percentagem de órfãos (também pode ser um resultado)• Percentagem de idosos• Percentagem de viúvas

Indicadores para mecanismos que lidam com os riscos e a vulnerabilidade• Avaliação qualitativa da eficácia, eficiência e cobertura do sistema de PS do país (baixo, satisfatório,

bom, excelente) no contexto da realidade do país• Avaliação qualitativa do empenho e da capacidade do governo para ajudar os pobres a enfrentar os

riscos (baixo, satisfatório, bom, excelente)• A proporção geral de pobres e não-pobres cobertos por redes de segurança ou outros programas de

proteção social e níveis médios de benefícios• Despesas públicas e privadas para diferentes programas de PS (ou relacionados com a PS)• Proporção de pobres e não-pobres cobertos por programas especiais de PS (cobertura e incidência)• Percentagem de famílias (pobres) que recebem transferências (formais ou informais) e volume médio

das transferências

Indicadores de resultados• Número de pobres e intensidade de sua pobreza, se possível dividido por setor urbano/rural e,

idealmente, por diferentes grupos potencialmente vulneráveis, inclusive idosos e viúvas• Níveis de pobreza crônica e pobreza temporária (também divididos, mesmo que com base em

estimativas inexatas, pelos grupos potencialmente vulneráveis)• Estimativa da percentagem de crianças ou famílias vulneráveis ou indigentes como conseqüência de

doenças contagiosas (os indicadores para a AIDS, por exemplo, podem incluir o número de pessoasinfectadas, o número de doenças, o número estimado de órfãos)

• Taxas e estimativas de desemprego e subemprego, que captem o nível de formalidade ouinformalidade do mercado de trabalho (por idade e gênero)

• Taxa de desistência em escolas primárias (para meninos e meninas)• Incidência de trabalho de menores (percentagem de crianças que trabalham, com base em idade e

gênero)• Horas trabalhadas por crianças• Situação do mercado de trabalho para os grupos vulneráveis (jovens, mulheres)• Indicadores dos avanços rumo à realização das reformas de política nas zonas de PS (mercados de

trabalho, pensões)

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3. Estabelecimento da Eficácia das Intervenções Individuais deProteção Social

Esta seção inclui listas de verificação que os formuladores de políticas podem utilizar paradeterminar a eficácia das intervenções mediante a regulamentação do mercado de trabalho,programas de seguro social financiados com contribuições e programas de gasto financiadoscom recursos públicos. Idealmente, para responder às perguntas das listas de verificação, asautoridades e os formuladores de políticas dos países dispoem de dados de diversas fontes –orçamentos, estatísticas administrativas, pareceres especializados de altos funcionários ecríticas informadas das intervenções, feedback dos usuários na forma de avaliações debenefícios ou de pesquisas de satisfação do cliente, dados de pesquisas domiciliares pararevelar os resultados do enfoque e análises sofisticadas de dados de pesquisas paraquantificar os impactos dos programas.

Na prática, os países muitas vezes dispõem de pouca informação deste tipo por períodoscurtos de tempo e talvez precisem tomar uma primeira rodada de decisões com base nosdados disponíveis ou reunidos apressadamente. Nesses casos, os formuladores de políticasdevem fazer o melhor que podem para considerar todos os fatores principais sugeridos maisabaixo, ainda que as conclusões sejam tentativas, fundamentadas em dados imperfeitos ou emindicadores apenas parciais para cada fator. Mas eles terão que criar mecanismos paraassegurar que, no futuro, os dados necessários estejam disponíveis para as avaliaçõescontínuas ou periódicas sobre a eficácia das intervenções, de maneira que as rodadasseguintes de decisões se baseiem com mais solidez em análises rigorosas. As explicações docapítulo sobre Dados e Medição da Pobreza e do capítulo sobre Acompanhamento eAvaliação podem ajudar nessa tarefa.

Na avaliação das intervenções, os formuladores de políticas desejarão considerar todos asestruturas de políticas, leis e regulamentações, e os programas de fundos públicos importantese pertinentes, além dos acordos privados baseados no mercado ou informais que ofereçamgestão de risco social (ver o Quadro 4). O mesmo tipo de análise pode ser aplicado a propostaspara intervenções novas ou reformadas. Em especial, o tratamento das intervenções públicasdeve ser feito em profundidade, pois a política pública as financia diretamente e pode manipulá-las com rapidez.

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Quadro 4. Exemplos de intervenções de proteção social

Tipicamente, as intervenções aqui enumeradas podem ser encontradas em numerosos países. Nemtodos os países têm todas elas – nem deveriam. A fragmentação pode resultar em programasdemasiado pequenos para realizar muito, e diversas intervenções nesta lista geralmente não sãoeficazes em função dos custos. Esta lista pretende ser apenas uma lista de verificação para ajudar aequipe de DERP na certeza de que tem à mão todas as peças do quebra-cabeça.

Programas públicos e políticas• Alimentos por trabalho ou obras públicas de uso intensivo de mão-de-obra• Fundos sociais• Subsídios para insumos agrícolas (preços ou vouchers)• Subsídios para energia• Subsídios para preços de alimentos• Subsídios para habitação• Rações para alimentos• Selos de alimentos• Programas de alimentação escolar• Isenção de despesas com educação ou bolsas de estudo• Auxílio-família• Legislação trabalhista – regulamento para contratação e demissão (inclusive a pedido), contratação de

trabalhadores, salários mínimos, etc.• Assistência para desemprego• Assistência à procurar de emprego• Seguro de desemprego• Programas de recapacitação• Conta de poupanças integrada• Seguro médico• Assistência social monetária baseada em necessidades• Seguro de velhice, seguro de invalidez, seguro de sobrevivência• Programas de pensão sem contribuição• Estrutura de regulamentação para programas privados de aposentadoria

Mecanismos de gestão de risco baseados no mercado• Poupança ou crédito de empresas comerciais ou ONGs• Seguro de cultivos• Seguro de propriedade• Planos privados de aposentadoria• Seguro privado de saúde, invalidez, vida

Redes de segurança ou transferências informais• Intercâmbio de mão-de-obra (para agricultura, construção, etc.) entre famílias• Transferência de dinheiro, alimentos e gado entre famílias• Educação das crianças• Confiança nas crianças• Despoupança – venda de bens, gado, equipamento agrícola, jóias, retirada da poupança• Migração• Mão-de-obra vinculada• Cultivos compartilhados• Associações ou sociedades de poupança ou seguros – roscas, tontinas, sociedades funerárias

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Os formuladores de políticas precisam ter em mente que as intervenções podem serexecutadas por muitas instituições – ministérios da presidência, do trabalho, da previdênciasocial, da educação, da saúde, da habitação, de obras públicos, dos transportes. Asintervenções estaduais e locais podem ser fatores bastante importantes e, de fato, chegar ainibir ou “desalojar” as intervenções nacionais e federais em alguns setores e países. Emmuitos casos, as ONGs ou os doadores importantes podem patrocinar fora do governoprogramas que são partes importantes do sistema de PS e devem ser incluídos no quadrogeral. E a análise não deve limitar-se a intervenções destinadas a alcançar os pobresexplicitamente. Com freqüência, as pensões para os funcionários públicos são despesasimportantes. Provavelmente, não têm muito efeito direto sobre a pobreza, porque afetamsobretudo os que não são pobres, mas podem implicar um uso significativo dos recursosorçamentários e ter, ao mesmo tempo, um custo político e oportunista que deve ser incluído naanálise. O mercado e os mecanismos informais devem ser examinados para se saber ondeestá a vantagem comparativa e quais as lacunas que podem preencher, e também para seavaliar se as intervenções públicas ajudam ou atrapalham sua contribuição à gestão de riscos.

Tudo isto pode parecer desanimador, e certamente a equipe da estratégia para a redução dapobreza deve ser pragmática no estabelecimento de sua agenda.

A primeiro etapa é obter uma ampla visão geral da amplitude completa das intervenções (istonão precisa ser muito detalhado). A equipe pode selecionar um subgrupo de intervenções parafazer uma análise mais profunda. Os programas que recebem alocações orçamentáriassubstanciais, as políticas ou regulamentações que causam grandes distorções na economia eas intervenções que afetam grandes grupos de pessoas ou para as quais já existem boasavaliações são candidatos óbvios à inclusão, e também as intervenções voltadas paranecessidades importantes mas desatendidas. Estabelecida a lista criteriosa de intervenções, aequipe de PRS desejará ter acesso rápido ao que está disponível nas análise e fontes dedados existentes. Podem então determinar o grau de ambição de sua análise e em que pontocentrar seus esforços de coleta de dados.

As ferramentas para abordar os programas de seguro social obrigatório financiado porcontribuições e os programas de despesas financiados por recursos públicos diferem um poucoe são tratados separadamente nas seções a seguir.

3.1 Análise da regulamentação trabalhista

Com a criação de oportunidades de trabalho, os mercados eficientes de mão-de-obracontribuem de forma substancial para a redução da pobreza. Políticas e programas de mercadode trabalho sólidos podem reduzir os riscos associados ao desemprego, à perda de renda e acondições de trabalho precárias, e ajudam os trabalhadores a gerir esses riscos quandoocorrem. Além disso, ao alocar a mão-de-obra a seu uso mais eficaz na economia e aopromover o emprego e o investimento em capital humano, os mercados de trabalho podemcontribuir para o crescimento econômico e a redução da pobreza a longo prazo.

Uma estrutura de política para o mercado de trabalho inclui tanto regulamentação comoprogramas. Mas os detalhes da estrutura apropriada não são universais e variam de país parapaís, dependendo de seu grau de desenvolvimento, história e cultura.

Os programas para o mercado de trabalho, como os programas de benefícios de desempregoe capacitação, podem ser avaliados como outros programas de proteção social financiados

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com fundos públicos quanto à eficácia em função dos custos (ver a Seção 3.3). Mas, em geral,não é possível fazer o mesmo no caso da regulamentação trabalhista. Por exemplo, é muitodifícil atribuir um valor aos benefícios e custos das normas que regem a contratação edemissão ou das regulamentações contra a discriminação. Esse desafio é complicado aindamais pelo fato de que, no final das contas, o importante não é simplesmente a regulamentaçãoem si mas a maneira como é aplicada. Apesar dessas dificuldades, a regulamentação podeproduzir importantes impactos sobre o funcionamento do mercado de trabalho e sobre o bem-estar dos trabalhadores. Por conseguinte, os formuladores de políticas devem responder(dentro do possível) a algumas perguntas fundamentais sobre a regulamentação em seumercado de trabalho:• Quais são as intervenções apropriadas para a regulamentação?• Qual é o impacto das intervenções (inclusive sua fiscalização) sobre o funcionamento do

mercado de trabalho?• Qual é o seu impacto sobre os trabalhadores, especialmente os trabalhadores pobres?

Mesmo que não seja fácil responder definitivamente a essas perguntas, as etapas seguintesdevem ser efetuadas na tentativa de entender a estrutura regulamentar do mercado de trabalhoe suas implicações para a redução da pobreza:

Realizar um exame geral empírico do mercado de trabalho. Um acompanhamento e umdiagnóstico sólidos dos indicadores do mercado de trabalho é o primeiro elemento da análisedo mercado de trabalho. Ajuda a identificar os pontos problemáticos em que os formuladoresde políticas podem escolher intervir, além das dimensões em que o mercado de trabalho jáestá funcionando bem.

Os problemas do mercado de trabalho podem assumir diversas formas, como desempregoaberto, baixa remuneração ou dificuldades centradas em grupos especiais. Para se fazer umexame empírico, é necessário determinar os indicadores essenciais, que, se possível, sãodesagregados para se avaliar os efeitos sobre os pobres e outros grupos vulneráveis (inclusivequanto a gênero e idade). Entre os indicadores que podem ser monitorados estão a taxa departicipação da mão-de-obra, a taxa de desemprego, o desemprego a longo prazo, a renda, ossalários e a produtividade, as participações formais comparadas com as informais no empregoe a distribuição de salários.

É preciso, porém, observar que em numerosos países em desenvolvimento os indicadores dedificuldades não são muito claros (por exemplo, o desemprego aberto nem sempre é o melhorindicador porque praticamente não existe alternativa a estar desempregado, sendo poucos osmecanismos formais de proteção social estabelecidos). Além disso, a base de dadosquantitativos é muitas vezes limitada. Portanto, um dos objetivos permanentes para a políticadeve ser identificar a necessidade de dados, avaliar sua situação atual e tomar medidas paramelhorar a capacidade do país de acompanhar os indicadores do mercado de trabalho (eoutros). Isto pode implicar o fortalecimento da capacidade de pesquisa, além da melhoria dosdados administrativos.

Os indicadores qualitativos também podem ser importantes para fins de acompanhamento,porque é possível que não haja disponibilidade de dados quantitativos e que alguns aspectosessenciais do desempenho do mercado de trabalho não sejam compatíveis com dados“permanentes”. Por exemplo, uma forma importante de medição do mercado de trabalho é oconjunto de normas trabalhistas básicas (contra o trabalho de menores, o trabalho forçado, adiscriminação e a favor da liberdade de associação e de contratos coletivos) que tem sido

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adotado internacionalmente de comum acordo. Uma visão geral do mercado de trabalho deveincluir a avaliação da maneira como o país está se saindo em relação a essas normas.

Avaliar o papel da regulamentação. Após identificar os pontos conflitantes pelo exame empíricodo mercado de trabalho, a próxima etapa pode ser a avaliação do papel da regulamentação (ouda falta de ela) na determinação dos resultados observados. Aqui, é importante reconhecer queos resultados podem ou não dever-se à regulamentação do mercado de trabalho. Por exemplo,as baixas taxas de emprego formal podem ser devidas a vários fatores, alguns dos quais têmpouco a ver com a política trabalhista (por exemplo, as condições macroeconômicas). Mastambém podem se dever à política de mercado de trabalho (por exemplo, custos associados àcontratação e à demissão dos trabalhadores que encarecem a mão-de-obra). É necessáriauma análise cuidadosa para desenredar as causas do que às vezes são processos complexos.

A avaliação dos impactos da regulamentação é importante para a determinação das áreas emque os formuladores de políticas devem se concentrar. Isto vale para a regulamentaçãoexistente e que pode causar problemas (como o exemplo dos altos custos da mão-de-obradevidos a normas de proteção do emprego). Também vale para os problemas do mercado detrabalho que podem necessitar de regulamentação (por exemplo, a existência de discriminaçãocontra as mulheres) nos casos em que não existem normas eficazes em vigor. Alguns dosaspectos da regulamentação que os formuladores de políticas podem examinar são:

• Salários mínimos;• Regulamentação dos impostos sobre a folha de pagamento;• Normas que regem a contratação e a demissão de trabalhadores;• Normas trabalhistas que tratam das horas de expediente, folgas, saúde e segurança

trabalhista, etc.;• Regulamentação contra a discriminação.

Avaliar os custos e benefícios da regulamentação trabalhista. Avaliado o papel daregulamentação, a etapa seguinte é avaliar os custos e benefícios das várias regulamentaçõesque se pensa possam ter um impacto significativo. Mesmo que não seja possível estimar comprecisão os benefícios e custos, a análise pode indicar direções em que os benefícios têmmaior peso que os custos, ou vice-versa, além do impacto que essas regulamentações podemproduzir sobre a redução da pobreza. As perguntas que necessitam de resposta são:

• Qual é o objetivo da intervenção?• Diante da nossa compreensão do mercado de trabalho, esses objetivos são

apropriados?• Conceitualmente, quais são os benefícios deste tipo de intervenção?• Conceitualmente, quais são os custos deste tipo de intervenção?• Qual é a prova empírica dos custos e benefícios desta intervenção no contexto do país

em questão?

Avaliar as opções. Com base na avaliação do papel da regulamentação e dos custos ebenefícios das várias regulamentações, a etapa final é a avaliação das opções que osformuladores de políticas devem considerar com relação à legislação trabalhista paraassegurar a promoção do crescimento na demanda por mão-de-obra.

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3.2 Análise dos programas de seguro social financiados porcontribuições

Uma das abordagens para proteger as pessoas contra o risco de velhice, invalidez, morte defamiliares, doenças, maternidade, desemprego ou lesões no trabalho são os programas deseguro social. Esses programas mitigam os riscos ao proporcionar uma fonte de renda caso apessoa venha a se encontrar em uma daquelas situações. Nesses programas, os indivíduoscontribuem enquanto trabalham, muitas vezes acompanhados da contribuição adicional deseus patrões e em alguns casos do próprio governo. O dinheiro capitalizado é em geral usadopara pagar as pessoas que atualmente enfrentam esses riscos. Às vezes, os fundos seacumulam ao longo do tempo, mas tipicamente são insuficientes para cobrir os pagamentoscompletos devidos aos trabalhadores atualmente assegurados.

Nos países desenvolvidos típicos, os programas de seguro social proporcionam uma mitigaçãosubstancial para esses riscos, sendo apenas residual a dependência de mecanismos decombate aos riscos. Mas, nos países em desenvolvimento típicos, embora os programas deseguro social na maioria dos casos impeçam as pessoas de renda alta e média de cair napobreza quando enfrentam a esses riscos, não oferecem uma proteção equivalente aospobres. São diversas as razões básicas para a cobertura incompleta, todas elas provenientes,em grau maior ou menor, da dificuldade de arrecadar contribuições dos pobres. Por essesprogramas, somente os que contribuem têm direito à proteção contra os riscos. Os pobrescrônicos são muitas vezes demasiado pobres para participar, têm taxas de desconto maisaltas, esperam beneficiar-se dos mecanismos de alívio proporcionados pelos programaspúblicos de rede de segurança ou simplesmente não têm acesso a esses programas porquetrabalham no setor informal que não participa dos programas de seguro social financiado porcontribuições.

Ao mesmo tempo, os programas muitas vezes terminam tendo déficits fiscais depois deimplantados, o que se converte em obrigações para o governo. Como conseqüência, nãosomente os pobres não têm acesso a eles, mas os recursos fiscais que deveriam ser utilizadosem outros programas sociais para ajudar os pobres a mitigar ou combater os riscos acabamdestinados a programas de seguro social que mitigam, sim, o risco de pobreza, mas apenaspara as classes média e alta. Quando a base tributária é mais ampla que a da cobertura doseguro social – por exemplo, por meio de impostos IVA – a situação piora ainda mais, porqueos impostos provenientes dos pobres servem para pagar benefícios às classes de renda maior.

Uma primeira etapa básica na avaliação de um sistema de previdência social é determinar quepercentagem da população ativa contribui para o sistema e que percentagem da populaçãovulnerável (idosos, viúvas, inválidos, etc.) recebe os benefícios. Se o programa tiver uma amplabase, o apoio monetário do governo poderá ser justificado com vistas à redução da pobreza. Osistema de previdência social norte-americano, por exemplo, com sua estrutura deredistribuição de benefícios e ampla cobertura, é muitas vezes considerado a estratégia maiseficaz dos Estados Unidos para a redução da pobreza. Nesta avaliação, o usuário deveconsiderar as tendências de cobertura atuais e futuras. Por exemplo, na maior parte do LesteEuropeu, os coeficientes de cobertura para os idosos são muito altos, o que talvez justifiquealgum nível de apoio orçamentário enfocado. No entanto, os coeficientes de cobertura para apopulação ativa caem à medida que as pessoas ingressam no setor privado e que a evasão setorna mais fácil, e em alguns casos a participação se torna voluntária, o que faz pensar emcoeficientes de cobertura mais baixos para os vulneráveis no futuro. Neste caso, um apoioorçamentário a longo prazo pode não ser justificado.

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Supondo-se que a cobertura seja mais limitada, como é o caso mais típico, entre os critériosutilizados para sua avaliação estão os seguintes:

§ Sustentabilidade fiscal – O sistema de seguro está pojetado para ser estritamentefinanciado com contribuições da população coberta e de seus empregadores a curto elongo prazos?

§ Adequação dos benefícios – Os benefícios proporcionados pelo sistema são adequadospara impedir que a população vulnerável caia na pobreza? Oferecem incentivos suficientespara as pessoas pertencerem ao sistema e contribuírem, em comparação com outros meiosde mitigação desses riscos?

§ Prevenção de desalojamento – Os benefícios concedidos são tão generosos que, quandodisponíveis, desalojam ou impedem outros meios de mitigação de riscos informais ou domercado?

§ Prevenção de redistribuição negativa – Em todos os planos de seguro social existem algumelemento de redistribuição, intencional ou não. Por exemplo, no seguro médico, os prêmiosmuitas vezes se baseiam em um percentual do salário. No entanto, como a saúde tende ase correlacionar positivamente com a renda, os mais ricos necessitam menos deatendimento médico. Portanto, os que menos necessitam dos benefícios contribuem mais,e dessa forma o sistema incorpora um certo grau de redistribuição para os pobres. Emcompensação, os trabalhadores de renda mais alta têm vida mais longa que os queganham menos e, portanto, espera-se que recebam pensões por um período maior detempo, o que aumenta os ganhos gerais de sua pensão em comparado com o que ostrabalhadores de renda mais baixa recebem. Por conseguinte, a redistribuição pode serprogressiva ou regressiva.

§ Prevenção de incentivos que intensificam a vulnerabilidade – O incentivo a que asmulheres, por exemplo, que, em média vivem mais anos que os homens, se aposentemmais cedo, quando as pensões muitas vezes não estão totalmente indexadas, resulta empensões mais baixas que decaem em valor relativo ao longo do período de tempo maisextenso, aumentando o risco de pobreza para essas mulheres quando estiverem em idademuito avançada. Da mesma forma, estimular longos períodos de desemprego combenefícios de desemprego de longa duração pode prejudicar o regresso dos beneficiários aum emprego normal.

3.3 Análise da eficácia dos programas de gasto

A determinação da eficácia dos programas financiados com fundos públicos envolve duastarefas. A primeira é identificar que grupos atualmente estão cobertos por quais intervenções. Asegunda é determinar a eficácia da intervenção.

No identificação de que grupos estão atualmente cobertos por quais intervenções, é útil fazer-se várias perguntas. As mais importantes são:

• Quais são os grupos cobertos e por quais programas?• A que ministérios pertencem e em que nível operam (nível nacional, regional, comunitário)?• Que tipos de programas não-PS estão enfocados nesses grupos pobres ou vulneráveis?• Que tipos de programas privados, de transferências entre ou dentro de famílias ou de

acordos informais são atualmente adotados por cada grupo vulnerável?

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A segunda etapa é avaliar a eficácia. A eficácia tem geralmente três aspectos: objetivos para apobreza; resultados; e impacto ou eficácia em função dos custos na entrega dos resultadosobservados. As perguntas que devem ser respondidas para se determinar cada um dosaspectos vêm a seguir.

Objetivos dos programas para a pobreza

• O objetivo é coerente com a análise da estrutura da pobreza e com o risco para o país ou aregião?

• Qual é o objetivo específico da intervenção – que indicador de pobreza a intervenção visamudar? Por exemplo, o objetivo é reduzir o número de pessoas pobres? Aumentar ossalários em setor determinado? Melhorar o atendimento médico? etc.

Resultados de programas para a pobreza

• A intervenção ajuda a alcançar o objetivo para a pobreza?• Ocorreram mudanças no indicador para o objetivo desejado que possam ser atribuídas ao

programa?

Infelizmente, muitas vezes os analistas não dispõem de um bom indicador de resumo dosresultados, e muito menos de um associado à cadeia apropriada de causalidade. Neste caso,têm que recorrer a indicadores substitutos que provavelmente “refletem” ou influenciem osresultados reais (não-observados). Por exemplo, se o programa alcança poucos dos grupos emque está enfocado, ou se a transferência proporcionada é mínima, pode-se deduzir de imediatoque o impacto geral é provavelmente pequeno. Os indicadores substitutos especiais utilizadosvariam ligeiramente por intervenção e mais pela disponibilidade de dados.

Na ausência do indicador “perfeito”, as respostas a outras perguntas pertinentes podem ajudara estimar o êxito da intervenção. Por exemplo: Os pobres estão mais pobres – a renda estámenos distante abaixo da linha de pobreza? Aumentou o emprego ou o trabalho, e em quanto?Aumentou o consumo de alimentos ou melhoraram as práticas alimentares de certos gruposvulneráveis? Melhoraram as taxas de matrícula ou de permanência para meninos e meninaspobres? Aumentou o acesso ou o uso de serviços de saúde? Que percentagem do grupoestudado se beneficia da intervenção? (Para um quadro mais completo da avaliação dosresultados, ver o capítulo sobre Acompanhamento e Avaliação.)

Eficácia em função dos custos dos programas de proteção social

A avaliação da eficácia em função dos custos compreende a análise de vários aspectos dosprogramas, dos quais os principais são a sustentabilidade, o enfoque, os custosadministrativos, a estrutura institucional, os efeitos involuntários e as limitações. A Nota técnica2 contém planilhas informativas dos programas de proteção mais amplamente utilizados queresumem a experiência internacional e fornecem alguns referenciais de comparação a partirdos quais se pode estimar a eficácia.

As perguntas incluídas nesta seção foram formuladas originalmente para a avaliação deprogramas de gasto público, embora a maioria possa agregar detalhes à análise daregulamentação trabalhista e também aos programas de seguro social baseados emcontribuições. Além disso, o grosso da lista de verificação também está relacionado com aanálise do apoio à PS oferecido pelo setor privado. A maioria dos conceitos também se aplica

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aos acordos informais privados, embora os custos não sejam incorridos pelo governo maspelos participantes da rede que fornece a transferência ou o seguro. Para o fornecimento, porexemplo, de pensões, seguros de vida, de doença ou de propriedade, ou instrumentos depoupança, as questões de cobertura e de limitações podem ser particularmente pertinentes.

Esse diagnóstico não somente proporciona um juízo resumido de quais os programas maiseficazes em função dos custos, como também fornece informações sobre a maneira comocada intervenção pode ser mais eficaz e, portanto, oferece uma percepção das possibilidadesde reforma. Por exemplo, um país pode descobrir que em seus programas de obras públicassomente em 20% dos custos são para o trabalho não-especializado, o que está muito abaixodas normas indicadas na Nota técnica 2.

Sustentabilidade

• Qual é o custo de cada programa como percentagem do produto interno bruto (PIB)?• Qual é o orçamento ou a alocação de gastos para cada programa de proteção social como

percentagem das despesas totais do governo e das despesas para a proteção social?• Qual é a fonte (externa ou interna) de financiamento para cada programa? Os fundos têm

destinação específica? Existem problemas de fluxos financeiros intergovernamentais?• É provável que, de acordo com as necessidades, essa fonte de financiamento se reduza ou

aumente com o tempo?• O programa conflita com a política atual ou com as estruturas legais ou regulamentares de

forma a comprometer sua sustentabilidade?

Enfoque

• Que percentagem dos grupos vulneráveis selecionados é coberta pelo programa?• Que percentagem dos beneficiários é pobre?• Que percentagem da transferência vai para os grupos de pobres e não-pobres?• Qual é o orçamento ou a alocação de gastos para cada programa por unidade

administrativa, por localidade urbana ou rural, por etnia, por gênero? Como istocorresponde à distribuição de pobreza por esses fatores?

Custos administrativos

• Quais são os custos administrativos como percentagem do custo total? Estão altos a pontode não serem razoáveis? Um pouco mais de gasto permitiria uma melhoria acentuada emalgum aspecto do programa, melhorando, portanto, significativamente seu impacto?

• Qual é o custo por unidade da intervenção (por exemplo, para reduzir a taxa dedesemprego em 1% ou para transferir US$1 ao grupo escolhido de um programa deassistência social)?

• Como se comparam esses custos com os de outros programas?

Estrutura institucional

Além das informações coletadas sobre quais ministérios administram cada programa e em quenível, são necessárias mais informação sobre a estrutura institucional, a saber:• Que tipo de mecanismo de entega institucional se emprega no programa (entrega direta do

governo, contratos do governo com ONGs ou o setor privado, fundo social)?

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• A capacidade geral (pessoal, equipamento, transporte, orçamento administração,procedimentos, sistemas computacionais) é adequada para a boa implementação doprograma?

• Existem problemas de coordenação entre os órgãos ou níveis de governo?• As instituições e seus agentes têm incentivos para atuar de forma a assegurar que a

intervenção seja bem executada?• O sistema institucional de entrega facilita o enfoque correto?• Os sistemas são adequados para a participação ou voz do cliente?

Efeitos involuntários

• Quais são as fontes e as magnitudes potenciais de efeitos involuntários no nível doprograma? Podem variar segundo o tipo de programa. Por exemplo, em um programa deobras públicas que utiliza empreiteiras privadas, as empreiteiras ou os supervisores locaispodem reduzir os salários dos trabalhadores abaixo do salário do programa para cobrir oscustos de transporte dos trabalhadores aos locais de trabalho ou para manter alojamentosnos locais de trabalho.

• Quais são os efeitos involuntários em nível individual ou familiar no que diz respeito aosincentivos de trabalho, fertilidade, formação da família? Na consideração dos efeitos sobreos incentivos de trabalho, deve-se ter em mente a natureza específica do mercado detrabalho do país e a modalidade de trabalho dos pobres.

• Quais são as fontes potenciais de efeitos involuntários em nível individual ou familiar(mecanismos institucionais de entrega, mecanismos de enfoque, nível de transferência), eacaso podem ser minimizados?

• Qual poderia ser o provável impacto em nível de transferências privadas e de disposiçõesdas famílias de combater os riscos?

Limitações

• Existem atualmente limitações infra-estruturais, financeiras ou políticas ao funcionamentoeficaz do programa?

• Existem instituições que possam apoiar o funcionamento do programa? Em caso contrário,elas poderiam ser estabelecidas rapidamente?

• Os membros do pessoal têm as habilidades e a capacitação necessárias para executar oprograma?

• Existem recursos para a execução do programa?• Existe vontade política para sustentar o programa?• Existem aspectos do programa passíveis de ser limitados por considerações culturais (por

exemplo, no caso de alguns países, o trabalho pesado de mulheres em público)?• Existem famílias com limitações para receber os benefícios dos programas (alto custo do

transporte, deslocamento, longo tempo de espera para receber os benefícios, problemas deidioma com os fornecedores de serviços)?

4. Ajuste da Combinação de Intervenções

Esta seção ajuda a identificar as intervenções ou combinações de intervenções provavelmentemais eficazes para a consecução dos objetivos da redução da pobreza dentro da capacidadefiscal e administrativa do país. As informações necessárias para isto são: o diagnóstico docaráter geral da pobreza no país e os tipos apropriados de ações públicas para reduzir apobreza nessas condições; a avaliação da eficácia em função dos custos das intervenções

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individuais; as opiniões sobre o potencial de diferentes intervenções (ver as referências da Notatécnica 2); e informações sobre as destinações orçamentárias.

Usando essas informações, as equipes de PRS podem elaborar uma lista de intervençõespossíveis para cobrir as lacunas e necessidades de proteção social atuais. O etapa seguinte épriorizar entre as intervenções potenciais e determinar as implicações para os programas ou aspolíticas existentes. Este exercício deve resultar em uma ou várias propostas de combinaçãoapropriada de intervenções de PS. Essas propostas podem diferir do status quo em uma oumais das seguintes maneiras. Podem: mudar a alocação orçamentária para as intervenções dePS; modificar as intervenções existentes para torná-las mais eficazes ou alterar seu propósito;incluir mais intervenções; ou substituir ou remover completamente as intervenções existentes(geralmente a fim de manejar os recursos ou capacidades administrativas liberados para outraintervenção julgado mais eficaz ou enfocada em um grupo selecionado mais importante).

No desenvolvimento de propostas de trabalho para o “melhor” conjunto de intervenções de PSdo país, as equipes de PRS não devem perder de vista a realidade dos orçamentos e dacapacidade administrativa limitados. Isto às vezes requer sérios compromissos entre a PS eoutras intervenções (transporte, educação, etc…) e, dentro da PS, entre os programas deproteção social destinados a reduzir ou combater os riscos e os que afetam diferentes gruposdo enfoque. A situação se complica mais ainda com a presença de programas de seguro novosou existentes mal elaborados, posto que as contribuições individuais para esses programasacarretam direitos a futuros benefícios, independentemente do fato de o financiamento ser ounão suficiente no futuro.

Há pouco consenso internacional, tanto na comunidade de assessoramento político quantoentre os governos, sobre qual a parcela dos recursos de um país que deve ser gasta emprogramas de PS ou sobre como dividir os recursos entre os diferentes programas de PS. Istoestá ilustrado na Tabela 3, que mostra as médias regionais e os casos de países com gastosde governo altos e baixos em seguro social e relacionados com as transferências registradasna série de estatística do FMI. O alcance global é bastante amplo, e pode-se dizer que nem ospaíses mais pobres nem os países da OCDE estão atendendo completamente àsnecessidades dos pobres. Os países mais pobres não gastam o suficiente para tornar eficazesseus programas, e nos países com gastos maiores a limitação ou redução das despesas emPS é muitas vezes um elemento central do diálogo político e social sobre a política.

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Tabela 3. Gastos em seguro social e a assistência social

Região/País % PIBÁfrica SubsaarinaMédia 1,119Alto (Guiné-Bissau) 1,944Baixo (Libéria) 0,294Sul da ÁsiaMédia 2,312Alto (Sri Lanka)) 4,537Baixo (Nepal) 0,088Ásia Ocidental e PacíficoMédia 4,401Alto (Japão) 8,291Baixo (Cingapura) 0,511América Latina e CaribeMédia 4,678Alto (Chile) 8,699Baixo (Haiti) 0,657Oriente Médio e Norte da ÁfricaMédia 5,686Alto (Israel) 10,518Baixo (Barein) 0,855Europa Central e OrientalMédia 10,948Alto (Polônia) 21,358Baixo (Turquia) 0,538América do NorteMédia 11,194Alto (Estados Unidos) 14,122Baixo (Canadá) 8,266Europa OcidentalMédia 12,347Alto (Luxemburgo) 19,320Baixo (Islândia) 5,375

Fonte: Extraído de Besley e Burgess 2000Os dados incluem despesas nas seguintes categorias: questões e serviços de seguridade social;benefícios de doença, maternidade ou invalidez temporária; planos de pensão para funcionáriospúblicos; benefícios para a velhice, invalidez ou sobrevivência para empregados fora do governo;benefícios de compensação por desemprego; pensão para famílias e crianças; outra assistência socialpara pessoas; questões de seguridade social não mencionados em outra parte; questões e serviços deassistência social; instituições residenciais para crianças; instituições residenciais para idosos; serviçosde assistência social para pessoas deficientes; outros serviços residenciais; serviços de assistênciasocial não prestados por meio de instituições residenciais. Os números são médias não ponderadas paracada um dos agrupamentos regionais. Esses números se referem ao governo central.

Por conseguinte, as equipes de PRS terão que formar sua própria opinião sobre a eficácia emfunção dos custos de diferentes atuações públicas para a redução da pobreza, considerando

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ao mesmo tempo as intervenções com e sem PS e o comprometimento orçamentárioapropriado para as intervenções de PS.

Estão disponíveis numerosas ferramentas que podem ajudar:

• O capítulo sobre Gasto Público oferece alguma orientação para o exame cuidadosodessas concessões.

• O Modelo de Orçamento Social da OIT oferece uma ferramenta computadorizada paraajudar a determinar como as mudanças em um tipo de mecanismo de proteção social podeafetar a necessidade ou o orçamento em outro.

• As Ferramentas de Simulação da Opção de Reforma das Pensões (Pension Reform OptionSimulation Toolkit - PROST) do Banco Mundial inclui uma ferramenta para avaliar como osdiferentes parâmetros do sistema de pensões afetam os custos e resultados.

• A Nota técnica 2 oferece informações sobre a provável faixa dos custos por unidade paradiferentes categorias de programas.

Muitas vezes, é útil modificar as intervenções de PS existentes, sobretudo quando mudançascontroláveis no regulamento ou na administração dos programas podem melhorarnotavelmente a eficácia do programa. Nesses casos, o programa já deve estar razoavelmentebem ajustado à situação da pobreza.

A introdução de novas intervenções de PS é muitas vezes tentadora, especialmente quandoum risco ou causa maior de pobreza continua (em grande parte) sem receber tratamento. (Asplanilhas informativas da Nota técnica 2 apresentam uma avaliação resumida dos grupos e dascircunstâncias melhor atendidos por cada programa examinado.) Embora, neste caso, àprimeira vista exista justificativa para o programa, o valor do novo programa deve ser avaliadoem comparação com outros usos para os fundos.

Em muitos outros casos, é tentador estabelecer novos programas que abordem questões játratadas por outros programas de maus rendimentos. Essas situações requerem cuidadoespecial. Às vezes, convém iniciar novos programas, como quando pequenos programas locaisnão podem ser aperfeiçoados sem perder eficácia. Mas, em muitos casos, começar novosprogramas em vez de resolver os defeitos dos existentes pode sair caro no longo prazo. Asforças que levaram à necessidade de reformar o antigo programa, ou que o tornaram difícil dereformar, podem, ao longo do tempo, afetar o novo programa, deixando o país com doisprogramas que dão poucos resultados. Além disso, é possível que nenhum dos programasconsiga economias de escala completas.

Substituir ou remover intervenções pode ser desejável quando são ineficazes e não podem serfacilmente modificadas ou quando são enfocadas em grupos ou riscos de menor prioridade.Para tornar palatável essa ação, em geral é necessário que o governo mostre que os fundos (eàs vezes o pessoal e as estruturas) serão utilizados em outra intervenção que visa objetivosbastante semelhantes.

Os formuladores de políticas devem considerar se alguma das mudanças propostas para acombinação de programas será limitada pelas mesmas restrições e dificuldades (ver o Quadro5) dos programas existentes. Caso os formuladores de políticas constatem que os programasde proteção social atuais são os melhores que podem existir no país, outras tentativas deredução da pobreza terão necessariamente que centrar-se em programas e políticas deproteção não-sociais.

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Quadro 5. Dificuldades comuns na combinação de intervenções dos países

A combinação de intervenções de PS de numerosos países tropeça em vários escolhos genéricos:

• Tentativa de remediar com programas de despesas os males causados pela escolha incorreta depolíticas.

• Falta de coordenação entre políticas, programas e atores diversos que participam das intervenções dePS

• A existência de tantas intervenções que poucas têm recursos adequados para funcionar com eficácia,e muito menos para alcançar seus objetivos.

• A ampliação do nível de cobertura ou de benefícios sem tratar das questões de elaboração ouexecução que tornariam as intervenções mais eficazes.

• O enfoque em grupos que em geral têm a simpatia da sociedade mas cuja correlação com a pobreza émuito moderada – como as crianças, os idosos e os inválidos. Deixar de atender a grupos que podemser altamente relacionados com a pobreza mas estão fora do alcance dos mecanismos ou dassimpatias tradicionais – como os refugiados, as pessoas deslocadas internamente, minorias étnicas.

• Concentrar atenção no setor formal quando a pobreza se encontra sobretudo no setor informal; ou emocupações urbanas quando a pobreza se vincula essencialmente com atividades agrícolas ou com aresidência nas zonas rurais.

• Negligenciar as sinergias possíveis e os elementos complementares entre programas (o que leva aduplicações ou ao esquecimento de economias de escala).

• Não levar em conta o impacto a longo prazo na elaboração das primeiras intervenções.

Nesta análise, a economia política da mudança merece atenção especial. O planejador deveperguntar se existem grupos ou interessados que podem ganhar ou perder com as mudançasque tornarão as intervenções mais eficazes em função dos custos. Quais as formas potenciaisde perda que podem ser associadas a esses grupos ou interessados? Qual a maneira menoscustosa de compensar esses grupos? Existe apoio público ou vontade política para o programaou a política? (ver Nota técnica 1.2).

Na avaliação das mudanças propostas para os programas e as políticas de PS, o critériofundamental deve ser o impacto sobre a pobreza. Muitas vezes, porém, as estimativas nãoficam prontas no espaço de tempo necessário para a tomada de decisões. Devemos, então,apoiar-nos em outros critérios que esperamos contribuam para a redução da pobreza. Aexperiência obtida de muitos países sugere os critérios seguintes, enumerados na ordem emque devem ser considerados. A “melhor” mudança de política ou programa seria a quesatisfizesse ao maior número de critérios. (Ver Klugman 1999; Banco Mundial 1999c; Subbaraoet al. 1997; Grosh 1995; “Social Safety Nets Assessment Tool for Latin America”, BancoMundial, no prelo.)

• A combinação potencial de intervenções está adequada ao contexto (características dapobreza, estado econômico – crise, pós-conflito, tempos normais, boom econômico)?

• O benefício líquido ou o impacto da intervenção proposta é mais alto que para outrasopções (intervenções existentes ou suas modificações) depois de deduzido os custosadministrativos, os erros de enfoque (tanto de exclusão como de inclusão), os custos paraos participantes (em especial, os custos de oportunidade como os salários renunciados) equaisquer mudanças provocadas de comportamento?

• Caso exista uma necessidade urgente e imediata para a mudança proposta (crise, pós-conflito, boom econômico), pode a intervenção ser rapidamente diminuída ou aumentada,ao mesmo tempo que se mantém uma qualidade razoável?

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• A intervenção impedirá efeitos persistentes ou irreversíveis? Por exemplo, ela asseguraráque as crianças sejam alimentadas corretamente, de maneira que o desenvolvimento desua inteligência e saúde seja completo? Assegurará que meninas e meninos permaneçamna escola, de maneira que sua futura capacidade de renda não seja reduzida? Asseguraráque os pequenos agricultores e empresários (homens e mulheres) não tenham que venderbens (animais de carga, ferramentas, terras) dos quais depende seu sustento?

• A intervenção melhorará o equilíbrio da proteção social entre os diferentes gruposenfocados (crianças, idosos, grupos específicos de mulheres, desempregados,trabalhadores pobres)?

• Os requisitos institucionais da mudança proposta correspondem à capacidade do país? Emcaso contrário, existe coerência entre a mudança proposta e o potencial para ofortalecimento realista e oportuno da capacidade?

• A economia política da intervenção é favorável? O apoio político à intervenção serásuficiente para assegurar seu orçamento? A informação pública ou outras campanhasajudam a contribuir para sua atratividade?

• Caso esteja enfocada na mitigação da pobreza potencial e não no combate à pobrezaexistente, a intervenção é sustentável do ponto de vista fiscal ou conseguirá recursosretirando-os de programas mais diretamente enfocados na pobreza?

5. Exemplos de Países

Esta seção do capítulo resume três estudos de caso: Argentina, Malauí e Togo. Embora nãotenham sido realizados no contexto de um DERP e, portanto, não reflitam o processo requeridopor um DERP, estes estudos ilustram a aplicação da abordagem analítica aqui resenhada. Osobjetivos, os métodos e as limitações destes estudos de caso diferem, mas cada um apresentaperspectivas quanto aos vários métodos adotados para identificar os grupos vulneráveis, osriscos e os programas potenciais e para priorizá-los nos diferentes países. Exemplos de paísesque elaboraram PRS serão estudados futuramente.

Para fins de nossa ilustração, cada caso tem seus próprios pontos fortes, com relevânciadiferente na aplicação desta abordagem em países de baixa renda. A Argentina é um bomexemplo de uma abordagem exaustiva, especialmente no que toca à utilização dosindicadores. Embora os programas argentinos possam ser mais fortemente indicados para umaseguridade social ampla que a existente em muitos países de baixa renda, a análise ofereceuma ilustração valiosa de avaliação de programa em circunstâncias abaixo do ideal. O caso deMalauí apresenta uma boa análise de um tipo ad hoc de sistema de proteção social apoiadopor doadores em um país pobre. O estudo analisa a fundo numerosos programas e elabora epropõe uma estratégia de proteção social viável financeiramente, dentro do contexto do país. OTogo foi incluído pela atenção dispensada à análise de mecanismos informais de proteçãosocial que com freqüência se encontram na maioria dos países de baixa renda. Tambémcontém alguns pensamentos amplos sobre as implicações da análise de mecanismos informaispara os sistemas de proteção social em países pobres.

Esta seção apresentará primeiro o método e as conclusões de cada um desses estudos comvistas a aprofundar a reflexão sobre as questões que eles tratam, a abordagem analítica e asconclusões a chegaram. Termina com uma pequena seção sobre a condição de diálogo emcada país, a bordagem escolhida com base nisto, os dados disponíveis sobre os quais se podeefetuar a análise, e o tempo aproximado e o custo necessários para a realização dessesestudos.

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5.1 Argentina

O estudo de caso da Argentina é retirado do trabalho resumido no relatório do Banco Mundial“Argentina Managing Social Risks” (versão preliminar, janeiro de 2000). Este relatório faz odiagnóstico dos riscos sociais essenciais e dos grupos vulneráveis da Argentina, dá as linhasprincipais da estrutura conceitual para gerir o risco social, analisa a cobertura atual doprograma de PS e examina as opções, as principais questões e os princípios gerais que devemser seguidos na elaboração de programas eficazes de rede de segurança.

O relatório observa que em geral é menos custoso prevenir o risco que combater seus efeitos.Daí resulta que, em um país de renda relativamente alta como a Argentina, as melhoressoluções permitiriam às pessoas e às famílias se protegerem a si mesmas com um segurosocial, como seguro de desemprego ou pensões, em vez de ter que recorrer a programas deassistência social do governo. Isto é reforçado pela experiência da OCDE, que mostra que oseguro social desempenha um papel muito mais importante para reduzir a pobreza que osprogramas de assistência social.

Contexto do país. A Argentina é um país de renda média, com 29% da população classificadacomo pobre e 17% dos pobres morando em zonas rurais (que contêm de 8% a 10% dapopulação). Embora tenha o mais alto PIB per capita da América Latina (US$9 mil) e algumasdas despesas mais altas do setor social (17,6% do PIB ou US$1.594 per capita, e 65% dogasto público total), são grandes ainda os núcleos de pobreza, o que resulta em umadistribuição muito desigual de renda e recursos públicos. Além disso, o sistema de previdênciasocial reforça a natureza dualista do mercado de trabalho, que favorece os empregados dosetor formal em detrimento de trabalhadores do setor informal, no qual os pobres estãoconcentrados. O desafio da análise é encontrar maneiras de melhorar a eficácia em função doscustos dos programas existentes e ocupar-se das necessidades dos que se encontram fora dogrande setor formal. Ao mesmo tempo, o alcance da realocação de fundos dentro do setorsocial é um tanto limitado, pois cerca da metade do gasto social é controlado pelos governosmunicipais e provinciais, um terço dos gastos está reservado para as pensões federais e osrestantes 20% financiam os programas setoriais básicos, como educação e saúde. Isto orientaos programas de PS escolhidos (somente 3,5% do gasto total do setor social e 0,6% do PIB)para atender aos grandes buracos na cobertura gerados pelo sistema dualista.

Limitações e desafios. Como a estratégia da Argentina teve de ser desenvolvida dentro deum espaço de tempo muito curto, foi importante empreender a análise com rapidez. Para tanto,foi necessário recorrer aos dados disponíveis para se conseguir estimativas do grau de risco,de sua gravidade e dos grupos vulneráveis afetados por esses riscos, e também para asestimativas da eficácia dos programas. As medidas de pobreza foram derivadas da pesquisasemestral sobre emprego e desemprego que cobre 70% da população urbana. A pesquisademográfica nacional de 1997, que cobre 85% da população e que omite os assentamentosrurais de menos de 2 mil habitantes, foi utilizada nas estimativas de indicadores sociais e daincidência dos programas sociais. A maior limitação da análise foi que essas pesquisas nãocobrem as zonas rurais onde provavelmente se encontram pessoas extremamente pobres eonde também é provável que as fontes de riscos sejam diferentes. Finalmente, as informaçõesdisponíveis sobre as despesas de PS nas províncias são limitadas, o que dificulta a avaliaçãodo montante realmente alocado às intervenções de PS para os vulneráveis.

Identificação das fontes de riscos, dos grupos vulneráveis e das intervençõespotenciais. No diagnóstico dos riscos sociais e grupos vulneráveis básicos da Argentina, a

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população foi classificada primeiro por grupos de idade do nascimento à morte, estimando-se onúmero de pessoas pobres e muito pobres de cada grupo. Os principais riscos enfrentados porcada um desses grupos foram identificados, juntamente com os seus maiores indicadores. (Aequipe que preparou o relatório observou que a utilização das classificações em grupos etáriosleva ao esquecimento de grupos de risco essenciais, como as populações indígenas, ou deriscos que afetam todos os pobres sem importar sua idade, como a habitação. Também seobservou que a distinção sistemática por gênero dentro de cada grupo de idade teria permitidouma análise mais detalhada e correta.) Foram dadas estimativas ou valores atuais para cadaindicador, quando possível, e estimou-se o percentual em que cada grupo é coberto porprogramas de proteção social. Finalmente, a equipe identificou as possíveis medidas paratratar das lacunas, classificando as medidas segundo as lacunas que elas cobriam (com baseno tipo de riscos que ameaçavam cada grupo). Essas medidas foram divididas entre as queimpedem os riscos, as que mitigam os riscos ou as que facilitam o combate ao risco.Especificou-se o papel dos programas de PS na complementação desses vários aspectos degestão de risco. A Tabela 4 apresenta um resumo dos resultados desse diagnóstico.

Identificação da combinação ótima de intervenções de PS. A equipe usou estimativasaproximados da eficácia em função dos custos dos programas existentes, baseando-se nosdados disponíveis sobre os programas nacionais. A análise centrou-se no custo porbeneficiário, nas taxas de excesso ou deficiência de cobertura e na eficácia do enfoque – ouseja, o coeficiente entre a percentagem do grupo enfocado atingido pelo programa e apercentagem dos beneficiários pobres. Esta análise revelou a existência de uma gamacomplexa de mais de 60 programas com objetivos e grupos beneficiários duplicados. Tambémindicou programas que precisavam ser reduzidos e programas cujo enfoque pode sermelhorada para ampliar a cobertura dentro dos níveis atuais de gastos. A complexidade dessagama de programas se complica pelo fato de que os municípios administram muitos programaslocais, com recursos de fundos de co-participação em nível federal ou próprios. Portanto, umarecomendação do relatório é a redução dos custos gerais, com a adoção de um modelo emque províncias e municípios sejam responsáveis pela administração e implementação sob asnormas federais.

Com base na análise de riscos e grupos vulneráveis, o relatório identificou as áreas diretas dePS e não-PS que requeriam mudanças. Diversas medidas em áreas não-PS foramidentificadas como essenciais para melhorar o ‘sistema’ de PS, entre as quais: políticas nossetores macroeconômico, do mercado de trabalho e da educação para promover umademanda mais intensa a longo prazo por para mão-de-obra e reduzir a rigidez no mercado detrabalho; e políticas para melhorar a qualidade da educação e aumentar a renda potencial. Osprogramas de PS foram priorizados segundo os riscos básicos de que trata para cada um dosgrupos de idade vulneráveis. Levando em conta as limitações fiscais, as recomendações foramorientadas para a melhor utilização dos fundos em vez de expansão do comprometimentoorçamentário. Colocou-se ênfase na melhoria do enfoque em programas que funcionam bem ena redução de programas cujo desempenho deixa a desejar.

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Tabela 4: Argentina: Riscos por grupo de idade, principais indicadores de riscos e intervenções potenciaisGrupo deidade/Taxasde pobreza

Principais riscos Indicadoresprincipais (valor pelomenor quintil)

Preencher a lacuna com estratégias de: Papel para outrossetores

Papel para aproteção social

Prevenção de riscos Combate a riscos0-5 anos12% muitopobre43% pobre

Desenvolvimentoretardado

Malnutrição pré-escolar/cobertura deprogramas dedesenvolvimento pré-escolar (22%)

Aumentar a coberturade programas dedesenvolvimento pré-escolar

Cuidado dosmalnutridos

Serviços de APSEducação pré-escolar

Programas dedesenvolvimentopré-escolar (DP)

6-14 anos13% muitopobre45% pobre

Qualidade da educaçãodeficiente (baixodesenvolvimento decapital humano)

Ingresso tardio (8%)Repetência (27%)

Reduzir a repetência, oingresso tardio, elevar aqualidade

Educação derecuperação

Melhorar a qualidade daescola primáriaMelhorar oacesso/qualidade daescola secundaria

Programas debolsas deestudo/incentivopara voltar àescola

15-24 anos7% muitopobre31% pobre

Baixo desenvolvimentode capital humano(qualidade daeducação/progresso)Desemprego/saláriosbaixosInatividade (violência,abuso de drogas, etc.)

Repetência dematrícula em escolassecundárias (62%)Desemprego (33%)

Elevar a matrícula emescolas secundáriasEducação sexualEmprego

Educação derecuperaçãoBolsas de estudo/ajudamonetária paraassistência escolarProgramas para ajuventude

Crescimento intensivoem mão-de-obra ereforma do mercado detrabalho

Seguro dedesempregoProteçãotrabalhista/transferências derenda

25-64 anos5% muitopobre23% pobre

Baixa renda Desemprego (23%)Renda abaixo daquelada pobreza(subemprego)

Crescimento intensivoem mão-de-obraMercado trabalhistaflexível

Programas de proteçãotrabalhistaAjuda monetáriaEducação derecuperaçãoCapacitação focalizada/assistência na procurapor emprego

Seguro social(pensões comcontribuição)Pensões semcontribuição(transferência derenda)

Mais de 65anos1,4% muitopobre13% pobre

Baixa renda Taxa de cobertura depensões (55%)

Aumentar a coberturado sistema SIJP para osfuturos idosos

Aumentar a coberturade pensões semcontribuição

Prestação de serviçosde saúdeServiços hipotecários,investimento em infra-estrutura

Seguro médicoSubsídio parahabitação

Populaçãogeral7% indigente29% pobre

Atendimento médicodeficienteHabitação precária/faltade infra-estrutura básica

Cobertura de seguromédico (35%)Água corrente (66%)Saneamento (53%)Em zonas com riscode inundação (28%)

Seguro médicoPoupança/hipotecasInvestimento em água,fornecimento desaneamentoProgramas delegalização de terraRelocalização

Serviços de saúdeSubsídios parahabitação

Fonte: “Argentina: Managing Social Risk”, Banco Mundial, versão preliminar, janeiro de 2000. Notas: Coeficientes baseados na Pesquisa Domiciliar Permanentede 1998, que cobre 70% da população urbana. Pesquisas em duas províncias rurais estimam os coeficientes de pobreza extrema em pelo menos 30% e ocoeficiente de pobreza em aproximadamente 75% (Banco Mundial, 1999). Os coeficientes são calculados para os seguintes grupos de idades: 0-4 anos, 5-14anos, 15-24 anos, média de 25-39 e 40-64 anos e mais de 65. O coeficiente de desemprego é calculado para a faixa 15-64 anos.

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5.2 Malauí

A análise de Malauí, “Malauí: Redes de Segurança para os Pobres 2000-2020” (versãopreliminar, novembro 1999) apresenta ensinamentos valiosos para os países de baixa renda noúnico elemento de proteção social em que se concentra – as redes de segurança. Ressalta asituação ad hoc apoiada por doadores do “sistema” de redes de segurança em Malauí e mostracomo avaliar, priorizar, racionalizar e avançar para refiná-lo.

Contexto do país. As dificuldades de Malauí são de muitas maneiras típicas das questões queos países de baixa renda enfrentam para fornecer redes de segurança. Com uma linha depobreza de US$150 por ano, menos de 50 centavos diários, cerca de 70-80% da populaçãodeveria ser classificada como pobre. Além disso, estima-se que 50% da população sejaabsolutamente pobre e sujeita a choques (seca, HIV/AIDS). A grande maioria da populaçãodepende da agricultura para a subsistência e participa de forma limitada da economiamonetária ou de emprego assalariado. Provavelmente, o crescimento não será rápido osuficiente no curto ou médio prazo para arrancar um número elevado de pobres da pobreza. Épequeno o superávit de receita de que o governo dispõe para redistribuir pelos programas deredes de segurança. A base de dados é fraca, o que dificulta a identificação e o enfoque nosmais pobres. A capacidade administrativa para gerenciar programas complexos é limitada e,enquanto não existir um programa de rede de segurança formal, predominará uma multidão deiniciativas de doadores ad hoc (e muitas vezes incoerentes), cujo efeito global sobre a reduçãoda pobreza é provavelmente limitado.

Limitações e desafios. Um grande desafio neste contexto é o de elaborar um sistema de redede segurança com o enfoque eficaz, ao mesmo tempo em que se entegam os benefícios damaneira mais eficiente possível. Além disso, a habilidade dos doadores para coordenar ecolaborar nos níveis gerais da estratégia e do programa é de importância excepcional. Aslimitações de dados foram também um problema grave para a equipe. A análise apoiou-se emdados de uma pesquisa de renda e consumo realizada no início da década de 90. Encontra-seem andamento uma pesquisa domiciliar integrada, mas esses dados não estavam disponíveisno momento da análise.

Identificação das fontes de risco, dos grupos vulneráveis e das intervenções potenciais.A identificação dos grupos vulneráveis está baseada na análise da pobreza realizada no inícioda década de 90 e destacou quatro grupos mais propensos a riscos: famílias rurais compoucas terras ou nenhuma; famílias chefiados por mulheres (especialmente as que tinhamlimitações de trabalho); órfãos de AIDS e seus familiares (as famílias estendidas e ascomunidades que tradicionalmente cuidam dos órfãos se sentem vencidas pelo tamanho doproblema); e os que não podem cuidar de si próprios (e não vivem em famílias que cuidemdeles, inclusive órfãos, inválidos, idosos e enfermos). A Tabela 5 apresenta um resumo dotamanho desses diversos grupos.

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Tabela 5: Grupos vulneráveis prioritários e intervenções potenciais em Malauí

Grupos – por ordem deprioridade

Tamanhoestimado

Proporção dapopulação

Intervenções potenciais

Os que não se podemmanter (inválidos, idosos,doentes sem ajuda de suacomunidade/família)

• Enfoque em transferências diretas(por meio de comunidades locais?)

Órfãos da AIDS 500.000 5% • Enfoque em programa detransferência por meio deONGs/comunidades

• Suplemento de nutrição para ascrianças malnutridas

Famílias chefiadas pormulheres

2.700.000 27% • Enfoque em programa detransferência

Sem-terras (com menosde 0,2 hectáre)

1.000.000 10% • Programa de obras públicas• Enfoque em pacote de iniciante

por meio de um plano de voucherspara esquema de trabalho)

• Enfoque em programa detransferência (por comunidadeslocais?)

Fonte: Banco Mundial, “Redes de Segurança para os Pobres em Malauí 2000-2020”, versão preliminar,novembro de 1999.

As fontes de risco em Malauí estão estreitamente vinculadas com o caráter agrícola daeconomia (85% da população vive em zonas rurais, a maioria dedicada à agricultura empequena escala, de irrigação pela chuva). O uso de informações sobre a escassez dealimentos, as mudanças de preços, a história das secas e as tendências macroeconômicasidentificou três riscos importantes: 1) um choque sazonal anual com escassez de alimentos eaumentos de preços; 2) secas periódicas; e 3) grandes choques macroeconômicos periódicos.A estes riscos se deve acrescentar a ameaça de HIV/AIDS. Malauí tem uma das taxas deprevalência mais altas do mundo, com um risco de morte por AIDS estimado em cerca de 45%.

Baseado nos riscos e grupos vulneráveis citados acima, o relatório identifica as intervençõespotenciais para resolver esses problemas. Pela natureza altamente sazonal da pobreza emMalauí, o relatório sugere que as intervenções propostas se concentrem sobretudo na estaçãode quatro meses de escassez, durante a qual grande parte da população sofre de graveestresse nutricional. A dificuldade de enfocar os grupos vulneráveis (o que se deve à falta dedados, à pouca capacidade administrativa e à política econômica) também leva à sugestão deprogramas auto-enfocados ou programas que usam mecanismos simples de enfoque porcategoria (por exemplo, o enfoque em crianças malnutridas ou órfãos da AIDS). Finalmente, oconjunto de intervenções propostas tenta concentrar-se, quando possível, nos mecanismos deaumento de produtividade, o que pode aliviar a extrema pobreza a longo prazo. As opçõesconsideradas para os diferentes grupos são resumidas na Tabela 5.

Identificação da combinação ótima de intervenções de PS. O relatório apresentainicialmente uma análise da eficácia em função dos custos dos programas existentes, paradepois priorizar entre as potenciais intervenções identificadas. A análise revela que foramgastos aproximadamente US$65 milhões (englobando programas de doadores e do governo)em programas de redes de segurança em 1998/99, com relativamente pouco impactosustentado previsto sobre a pobreza. Cerca de 42% desse montante foi gasto nos pacotes

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agrícolas de iniciante, 30% em subsídio ao milho, 15% em distribuição de alimentos, 8% emobras públicas, 3% em diversos planos de alimento por trabalho e 2% em programas dealimentação escolar. A análise também estima os custos, a cobertura, o valor da transferênciade programas e a eficácia do enfoque dos principais programas, seguindo as linhas indicadasna Seção 3 deste capítulo. Realiza-se também uma análise de sensibilidade, com base emestimativas das populações enfocadas para os programas propostos.

A limitação financeira enfrentada pelo país no desenvolvimento de sua estratégia de rede desegurança exerce um papel importante na escolha das intervenções. A abordagem propostavisa atingir os 25% mais pobres da população por meio de: programas de rede de segurançaauto-enfocados para 15 a 20% da população e uma transferência mais substancial para os 5 a10% da camada inferior. As transferências seriam orientadas primeiro para os idosos, inválidos,doentes e órfãos que não estão em famílias ou que estão em famílias muito pobres; segundo,para as famílias chefiadas por mulheres com trabalho limitado; terceiro, para os moradores docampo sem terras; e, quarto, para os pobres urbanos e os pobres rurais donos de poucasterras. Quanto a programas específicos, os resultados da análise da eficácia em função doscustos e dos riscos identificados e grupos vulneráveis, e a necessidade de visar intervençõesque possam melhorar a produtividade deram origem aos seguintes programas para umaestratégia de rede de segurança em Malauí:

• Obras públicas.– Como os programas precisam aumentar a produtividade, mas levando emconsideração as limitações fiscais, as obras públicas são identificadas como prioridadenúmero um, sobretudo pelas seguintes características: suas vantagens para reduzir os riscos;sua produção de bens para melhorar a produtividade dos pobres; e sua natureza auto-enfocada, o que reduz os custos administrativos;

• Transferências para os órfãos que não podem ser mantidos por sua comunidade ou quevivem em famílias muito pobres. O enfoque poderia ser feito pelos grupos comunitários quetrabalham com pacientes de AIDS e órfãos;

• Programa de nutrição nacional para crianças malnutridas; e• Transferências monetárias enfocadas nos necessitados – devido a limitações administrativas

e de informação, as transferências devem ser o mais possível auto-enfocadas. O enfoque empacotes de iniciante e em subsídios alimentícios é uma questão muito delicada do ponto devista político. Não obstante, os cálculos de custos mostram que o fornecimento universaldesses dois programas não é sustentável do ponto de vista fiscal e que, portanto, não érecomendável. Em seu lugar, sugerem-se programas nacionais de nutrição e de transferênciamonetária a grupos específicos.

Seguindo um método semelhante ao descrito antes neste capítulo, a combinação proposta deprogramas inclui a expansão e a melhoria de alguns dos programas existentes (obras públicas,programa de nutrição), a criação de novos programas (plano de ajuda aos órfãos) e aeliminação de alguns programas existentes (pacote de iniciante e subsídios).

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5.3 Togo

Em “Uma Estratégia de Proteção Social para o Togo” (Banco Mundial, julho de 1999), aproteção social é definida, pelos próprios togoleses, dentro dos constructos de um país muitopobre. Neste quadro, o relatório oferece uma descrição dos mecanismos de proteção social eprocura, dentro dos limites da disponibilidade de dados, avaliar a eficácia desses mecanismos.Os principais pontos que queremos ilustrar com esse exemplo são a identificação e a análisede sistemas informais de proteção social e as linhas gerais a serem seguidas em suaaplicação.

Contexto do país. Ao longo da última década, o Togo vem sofrendo uma deterioração nospadrões de vida, com um PIB real per capita atual 25% abaixo de seu nível de 1980. O governosó consegue arrecadar cerca de 15% do PIB em receita, e apenas cerca de 0,4% doorçamento é dedicado à proteção social. Portanto, como acontece com Malauí,lamentavelmente o sistema de proteção social no Togo é insuficiente em cobertura e eficácia, eaté mesmo a prestação de serviços sociais básicos, como a saúde e a educação, decaiu deseus níveis anteriores. As pessoas têm-se refugiado em redes de ajuda entre familiares e entrepatrões e empregados. Mas até os mecanismos e “sistemas” informais tradicionais de PS vêmpassando por dificuldades na medida em que a sociedade se urbaniza, moderniza e ficaexposta a crises econômicas e políticas persistentes. A exclusão desses mecanismostradicionais é o sinal de um completo desamparo e resulta em marginalização social.Conquanto novas respostas populares informais à gestão de riscos pareçam preencher alacuna deixada pelos serviços básicos inadequados da parte do governo, esses esforços sãotipicamente pequenos e fragmentados, e requerem uma coordenação maior de uma faixa muitomais ampla de interessados.

Limitações e desafios. O maior desafio é a falta de dados para quantificar o grau de riscos ede vulnerabilidade enfrentados pelos grupos pobres e para avaliar as intervenções existentes.No entanto, podem-se utilizar métodos qualitativos e várias fontes para se determinar os riscosde maior preocupação para diversos grupos. Parte do desafio identificado será vincular osmecanismos formais e informais, procurar as parcerias públicas-privadas e melhorar acoordenação entre os diversos grupos para ampliar a cobertura.

Identificação das fontes de risco, dos grupos vulneráveis e das intervenções potenciais.No Togo, o método empregado tem sido examinar os diferentes riscos que resultam de fatoresnaturais, sociais, econômicos e políticos em nível individual ou familiar, comunitário ou regional,e nacional. Dado o grande número desses riscos, a análise depois prioriza e identifica os riscosque devem receber atenção especial, ou porque produzem dano maior ou porque não sãoreconhecidos facilmente e, portanto, tendem a passar despercebidos. Esses riscos incluem amorte de um membro da família (perda de renda, custo do funeral, rituais tradicionais impostosàs viúvas); cultivos prejudicados e desemprego (perda de renda e de bens, deterioração docapital humano); doença (perda de produtividade e perda de bens para pagar o tratamento);degradação ambiental (redução de produtividade, renda e potencial de diversificação); altafertilidade (na esteira de recursos limitados para serviços sociais); discriminação sexual (nafamília, na escola e para o acesso a serviços); e HIV/AIDS (morte dos arrimos de família eaumento no número de órfãos).

Em seguida, a análise identifica e procura quantificar os grupos vulneráveis mais expostos aosriscos identificados ou menos equipados para lidar com eles. Na falta de informações, as

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identificações são feitas por meio de um processo exaustivo de consulta, e a estimativa de suadimensão se baseia em diversas fontes, inclusive numerosos estudos específicos realizadospor universidades, ministérios e ONGs, além de informações da OMS e da UNAIDS. Mas,como alguns desses grupos são muito heterogêneos, é preciso reconhecer que nem todos osseus membros podem estar expostos a um risco especial (por exemplo, nem todos os idosossão abandonados e nem todas as famílias chefiadas por mulheres são pobres) e que algunsindivíduos podem se enquadrar em mais de uma categoria. A Tabela 6 apresenta a seguir osprincipais grupos identificados.

Na avaliação das disposições para a proteção social, a análise observa que os togoleses seguiam sobretudo por disposições e estratégias informais, organizadas por famílias e ONGslocais e internacionais. As atividades atuais do setor público assumem primariamente a formade: (a) informação ou educação e regulamentação; (b) seguridade social para poucosprivilegiados (com um sistema de pensão destinado a funcionários públicos e a empregados dosetor privado – um total de cerca de 5% da população); (c) assistência social (principalmentefundos de obras públicas e fundos sociais regionais) para cerca de 10% dos que em princípiosão qualificados para recebê-la; e (d) serviços básicos de saúde e educação. Na medida emque o governo constata que é cada vez mais difícil prestar esses serviços básicos a seuscidadãos, o setor privado moderno preenche algumas das lacunas com escolas, clínicas eplanos de seguro privados. Mas esses serviços são extremamente limitados, e a maioria daslacunas são preenchidas pelas próprias comunidades. Essas medidas informais são colocadasem prática com a ajuda de diversos mecanismos, inclusive casamentos e redes dereciprocidade informais bem estruturadas, baseadas em relações familiares, associações depoupança e crédito rotativo, e associações sociais ou profissionais, ou distribuídas por regiõesgeográficas.

Identificação da combinação ótima de intervenções de PS. A análise propõe uma estratégiaque se apóia no conjunto inteiro de atores, de acordo com suas vantagens comparativas(inclusive ONGs, instituições locais e órgãos internacionais). As intervenções propostas estãoresumidas na Tabela 6, lado a lado com os riscos identificados. Concentram-se em duas áreas:(1) prevenção de riscos, em colaboração com outros ministérios, a comunidade de doadores eas comunidades locais, por meio de campanhas de informação e educação, revisão de leis eregulamentações, e melhoria do acesso aos serviços básicos; e (2) fortalecimento dosmecanismos informais existentes que funcionem bem e preencham as lacunas não atendidasapoiando os esforços informais já existentes (prestando respaldo às redes de ONGs,divulgando informações, facilitando as comunicações e apoiando a capacitação); desestímuloàs medidas ineficazes ou prejudiciais (como os rituais de viuvez, a mutilação genital femininaou cerimônias tradicionais caras), em colaboração com os dirigentes locais e as ONGs; ajudaaos que não têm acesso a medidas informais (por exemplo, os muito pobres, as crianças emperigo, os doentes mentais); reforma dos programas de pensões existentes; e desenvolvimentode intervenções em áreas não cobertas, sobretudo para desencorajar o trabalho infantil e otráfico, e organização de mecanismos mais eficazes para prestar auxílio em caso de desastresde grande escala.

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Tabela 6: Riscos prioritários, grupos vulneráveis e intervenções potenciais no Togo

Riscos Grupos Dimensão estimada (e baseda estimativa)

Intervenções

Riscos mais prejudiciais• Morte de ummembro da família• Quebra de safra edesemprego• Doença• HIV/AIDS

• Membros de famílias chefiadas pormulheres• Deficientes

• Idosos• Desempregados• Deslocados/refugiados• Doentes mentais

• 1.350.000 (padrão africano,30% famílias)• 450.000 (OMS, 10%população)• 246.000 (6% da população)• 600.000 (33% da força detrabalho)• 101.000• 45.000 (padrão africano, 1%da população)

• Apoio aos mecanismos informais existentes• Criação de sistemas de auxílio paradesastres• Revisão do direito familiar e do regime depropriedade• Desestímulo a medidasprejudiciais/ineficazes• Melhoria do acesso a serviços sociais einfra-estrutura• Reforma do sistema de PS existente• Medidas para preencher lacunas

• Vítimas de HIV/AIDS e suas famílias • 170.000 (UNAIDS, +78.000órfãos)

• Campanhas de informação

• Desistentes de escolas • 309.000 (35% de estudantesdo primário matriculados

• Melhoria do acesso a serviços sociais einfra-estrutura

• Crianças em circunstâncias difíceis(meninos de rua, empregadosdomésticos, prostitutas, vítimas detráfico, etc.)

• 150.000 (80.000 meninas) • Melhoria do acesso a serviços sociais• Campanhas, legislação, medidas parareduzir as dificuldades das famílias

Riscos gerais – de difícil reconhecimento e facilmente ignorados• Alta fertilidade • Campanhas de informação

• Melhoria do acesso a serviços sociais• Degradação doambiente

• Campanhas de informação

• Discriminação degênero

• Campanhas de informação• Desestímulo a medidasprejudiciais/ineficazes• Revisão de leis e regulamentações

Fonte: “Uma Estratégia de Proteção Social para o Togo”, Banco Mundial, julho de 1999

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5.4 Conclusão

As três equipes enfrentaram desafios diferentes. A situação do diálogo do Banco em cada paísera diferente. Os dados disponíveis sobre os quais a análise foi empreendida eram diferentes.As abordagens escolhidas em cada estudo refletem essas diferenças.

Abordagem e diálogo. No caso da Argentina, o Banco Mundial estava se preparando paradialogar com um novo governo que ainda não tinha tomado posse. Para ter uma base ematerial para este diálogo, o Banco Mundial decidiu realizar a análise do sistema de proteçãosocial. Por isso, o processo analítico inicial foi um método menos participativo que nos outrosdois casos apresentados. Não obstante, incluiu a colaboração de numerosos ministérios eórgãos do governo na coleta de dados e na elaboração de parte da análise. O diálogoencontra-se agora em curso com o novo governo. No Malauí, a análise e o diálogo sobrequestões relativas à proteção social foram desenvolvidos mais em conjunto com o governo. Ogoverno e os doadores concordaram em empreender em colaboração parte do trabalho para aobtenção de contribuições destinadas à criação de uma estratégia de rede de segurançanacional. Este diálogo tem seguido um processo substancial de consulta pública, inclusive umacordo sobre as prioridades tentativas para os grupos enfocados. Assim, este estudo dependeude uma colaboração direta entre o governo e os doadores. No Togo, o processo foi lançadocom um curso para os principais interessados do governo e da sociedade civil com o objetivode definir proteção social de maneira significativa no contexto do Togo, de lançar mão doacervo de conhecimentos existentes e de avaliar os mecanismos formais e informais deproteção social. Ao curso se seguiu um curto trabalho de campo para preencher as lacunas deconhecimentos. Os resultados preliminares da análise foram examinados tanto no BancoMundial como com os principais interessados que participaram do primeiro curso, além derepresentantes de todos os ministérios setoriais, tudo isto seguido de mais trabalho de campo.

Abordagem e dados. Os três estudos de caso foram dificultados por problemas de dados.Como resultado, cada uma das três equipes teve de usar bom senso e partir de pressupostosamplos para chegar às grandezas gerais na análise. Conquanto a análise da Argentina tenhapodido valer-se de uma avaliação recente da pobreza e de seus documentos informativos,além de numerosas análises recentes das questões do mercado de trabalho, os dados daspesquisas domiciliares não incluíam as zonas rurais em que a pobreza é provavelmente maisacentuada e a cobertura dos programas mais baixa. Conseqüentemente, as estimativas doscoeficientes de pobreza e a identificação dos grupos de risco e suas fontes de vulnerabilidadenão refletem as condições das zonas rurais (onde moram de 2 a 12 milhões estimados depobres). Além disso, pouco se sabe sobre os coeficientes de cobertura dos programas sociaisexistentes nas zonas rurais ou das despesas das províncias em proteção social. Mas os órgãosdo governo foram capazes de fornecer informações sobre o orçamento nacional e uma matrizcom a lista de programas de PS, seus objetivos e as populações enfocadas (quandodisponíveis), o número de beneficiários por ano (quando disponíveis), o orçamento anual parao programa e, às vezes, informações sobre a cobertura real e o montante da transferência.Também havia uma história da participação do Banco Mundial em questões de proteção socialda qual se pôde extrair informações.

A disponibilidade de dados em Malauí era muito mais limitada. A análise baseou-se nos dadossobre a pobreza de 1992 (que a equipe atualizou a preços de 1998). Da mesma forma que naArgentina, as estimativas dos gastos, dos beneficiários diretos, da cobertura e da média detransferências e benefícios para os programas de PS se basearam em informações fornecidas

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por diversos órgãos (com graus variados de exatidão e bases que não são necessariamentecomparáveis entre si). Portanto, na realização da análise aplicou-se uma boa dose de bomsenso e pressupostos amplos. No tocante à análise quantitativa, dependeu-se do sentido geraldas grandezas e de faixas relativas.

No Togo, a análise foi feita com base em um trabalho realizado para a avaliação da pobreza(grande parte do trabalho básico foi empreendida em 1994 e antes). Portanto, apoiou-se emum processo participativo para definir os questões, em trabalho de campo para provar ashipóteses e preencher lacunas de conhecimentos, em mais consultas e em outra breve etapade coleta de dados. Também se serviu de numerosos estudos de universidades, ministérios eONGs sobre questões específicas do Togo. Para chegar às ordens de grandeza para asestimativas de diferentes grupos vulneráveis, utilizou informações da OMS, da UNAIDS e deoutras fontes. Não procurou avaliar quantitativamente os programas existentes de proteçãosocial.

Em resumo, os estudos de caso acima mencionados ilustram várias aplicações da abordagemdescrita nas seções de 1 a 4 deste capítulo. Embora os diagnósticos de risco, dos gruposvulneráveis e das prioridades de PS difiram nos vários países, os estudos de caso mostram osdiferentes tipos de análise e de resultados que se podem conseguir segundo os diferentescontextos de vários países.

Prazo e custos. O prazo para esses estudos e seu custo foram em grande parte determinadospela quantidade de informações existentes e pela análise. Na Argentina, a equipe conseguiuinformações da análise básica preparada para a Avaliação da Pobreza, da operação de ajustedas pensões e de estudos sobre o mercado de trabalho. Em Malauí, a equipe se beneficiou deoutro trabalho de preparação para financiamento local dos doadores e de informações dealguns consultores individuais. No Togo, a equipe pôde recorrer à análise da Avaliação daPobreza, que já tinha identificado os fatores de vulnerabilidade e grupos vulneráveis. Em geral,o tempo gasto nesses estudos foi de 8 meses a um ano, e o custo ficou entre US$70 mil eUS$100 mil.

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