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A chave de cada degrau é o próprio aspirante. Não é o temor a Deus que representa o começo da Sabedoria, mas o conhecimento do Eu, que é a própria Sabedoria.

Professor Henrique José de Souza

brimos esta edição parabenizando a todos da família Revista Arte Real, composta por leitores, colaboradores e patrocinadores, que, nesses três anos

de convivência, direta ou indiretamente, puderam, de forma muito positiva, contribuir nessa breve, porém profícua caminhada. Auguramos vida longa para este veículo de informação, que, por vir cumprindo, fidedignamente, com seus propósitos, tem conquistado o carinho e a confiança de todos.

A

A ousadia de se criar uma revista, comprometida com a cultura maçônica, surgiu na tentativa de conscientização de que nossa Ordem, fundamentalmente, é uma Escola de Iniciação, tendo como propósito a elevação do estado de consciência de seus membros.

Influenciados por uma sociedade capitalista, que exalta o material e incentiva o consumismo desvairado, muitos de nossos Irmãos desprovidos do espírito maçônico têm feito de nossa Sacrossanta Instituição um “clube de serviços”, a fim de atender seus interesses comerciais, profissionais e pessoais. Lamentavelmente, esses pseudoiniciados têm trazido outros tantos que adentram à Maçonaria sem o menor propósito de aprendizado moral, sequer filosófico e espiritual.

Já não bastassem as profanações que fazem na ritualística, algumas Lojas, definitivamente, aboliram o Quarto de Hora de Hora de Estudos, preferindo usá-lo naquilo que ficou popularmente conhecido, por “Momento Etílico”, após a Sessão. Fruto disso são Aprendizes e Companheiros desmotivados, Mestres despreparados, e Veneráveis Mestres e Vigilantes, Luzes da Loja, administrando na mais densa escuridão da ignorância maçônica.

Esse quadro atual muito nos preocupa, pois entendemos que Iniciação é o passo mais sério que se pode dar na vida, contraindo-se, com sua profanação, conscientemente ou não, carma terrível. É o ato de “Iniciar uma Ação” de transformação interna, de superação de nossas tendências negativas, transmutando-as em positivas, a fim de encontrarmos nosso Mestre interno, nosso verdadeiro “Eu”. Mas, para tanto, durante nossa vereda iniciática, precisamos nos conhecer profundamente, à guisa da frase pitagórica: “Homem, conhece-te a ti mesmo!”

Esses pseudoiniciados, que fazem de suas Lojas

verdadeiros balcões de interesses pessoais, que apadrinham profanos com o objetivo de se beneficiarem comercial ou profissionalmente, que, ostentando botons e insígnias na lapela, tentam abrir caminho em empresas e órgãos públicos, são os grandes responsáveis por essa dura realidade.

O incentivo ao estudo e à pesquisa, a conscientização do nosso papel dentro e fora de nossos Templos têm sido a bandeira que ousamos empunhar nessa Trajetória de Luz.

Muitas Lojas, ainda, estão repousando em seus recessos maçônicos, como preparação para mais um ano de atividades, que ora se inicia. Um bom momento para refletirmos sobre nossa postura como Maçom, nossa imensa responsabilidade na avaliação de novos membros para a Ordem, e a singular oportunidade para nos conscientizarmos, de fato, quanto ao nosso papel de iniciados.

Nesta edição de aniversário, a coluna Matéria da Capa traz “Uma Trajetória de Luz”, uma narração sobre a origem e os propósitos de nossa Revista nesses três anos de existência, que se completam em 24 de fevereiro. Corroborando com o que já falamos sobre iniciação, destaco duas matérias: “A Iniciação Real” e “Desvelando a Verdadeira Iniciação”, respectivamente, de José Inácio da Silva Filho e Antonio Castaño Ferreira.

A matéria “A Inteligência Espiritual”, na coluna Destaques, mostra-nos o encontro de duas paralelas, ciência e religião, aspectos do dealbar da Era de Aquarius, a inédita aceitação científica de conceitos que, antes, eram-lhe totalmente antagônicos.

O crescimento nos últimos anos do sistema de Rito inglês, no Brasil, levou-nos a publicar a matéria do Irmão Rui Ferreira da Silva, intitulada “Real Arco – Supremo Grande Capítulo”, a fim de elucidar nossos leitores.

Desejamos que, no retorno das atividades de nossas Lojas maçônicas, possamos, de fato, exercer nossa função de construtores sociais e, principalmente, de verdadeiros Iniciados.

Permitam-me encerrar este Editorial parafraseando, na versão maçônica, o grande presidente americano John Fitzgerald Kennedy: “Não pergunte o que a Maçonaria poderá fazer por você, mas o que você poderá fazer pela Maçonaria”. Por consequência, o que você poderá fazer pela humanidade, por um mundo mais justo e digno, mesmo que os frutos de suas ações sejam tardios e saboreados pelas gerações vindouras.

Temos dito! ?a b

“Sigo impávido na certeza de que posso e devo deixar um mundo bem melhor do que

encontrei. Louco sonhador? Talvez. Omisso, jamais!”

Revista Arte Real

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Capa – Uma Trajetória de Luz – 3 Anos........................CapaEditorial.....................................................................................2Matéria da Capa – Uma Trajetória de Luz...........................3 Destaques – A Iniciação Real.....................................................................5 – Inteligência Espiritual..........................................................6 – Sócrates e a Metafísica..........................................................7

Os Grandes Iniciados - Odin..................................................8

Ritos Maçônicos - Real Arco – Supremo Grande Capítulo10Trabalhos - Desvelando a Verdadeira Iniciação........................................11 - O Segredo Maçônico e a Via de Dignificação do Homem.13 - O Poder da Criação do Homem...........................................14

Reflexões - Ontem e Amanhã.................................................15 Boas Dicas - Eventos Culturais / Edições Anteriores..........15

Uma Trajetória de LuzUma Trajetória de LuzFrancisco Feitosa

o criarmos a Revista Arte Real, jamais poderíamos imaginar a trajetória que a mesma encetaria ao longo desses três anos de existência.

AA Revista que, desde sua criação, tem tratado a

cultura maçônica com a seriedade que merece, nasceu pouco tempo depois de nossa chegada, em definitivo, ao Sul de Minas, onde, buscando melhor qualidade de vida e aspirando a dedicar maior parte de tempo à nossa vereda iniciática, trocamos a cidade maravilhosa do Rio de Janeiro, título, que nos leva a refletirmos se, nos dias atuais, ainda, merece ostentar, devido à lamentável violência em todos os sentidos, pela tranquilidade da sacrossanta cidade de São Lourenço, nas Minas Gerais.

As experiências, adquiridas durante outros três anos em que tivemos a oportunidade de produzir o periódico “InforMaçons”, que se tornou órgão oficial de divulgação de nossa Loja de origem (A∴R∴B∴L∴S∴ Igualdade nº 93, GLMERJ, Oriente do Rio de Janeiro), além de mais cinco, produzindo o informativo “O Arauto”, ligado à Sociedade Brasileira de Eubiose-RJ, foram fundamentais para que, em 24 de fevereiro de 2007, sentíssemo-nos seguros para criarmos a Revista Maçônica Virtual Arte Real. Às vésperas das calendas da antiga Roma, portanto, antecedendo a 1º de março daquele ano, distribuímos sua primeira edição pela Internet, através de nossa, então, modesta carteira de pouco mais de 2.000 e-mails de Irmãos maçons.

Por ser uma Revista, que não possui vínculo com

qualquer Loja ou Obediência Maçônica, pôde, muito bem, utilizar-se da liberdade para abordar os mais variados temas, muitos deles polêmicos, mantendo, sempre, uma postura imparcial.

Seu principal objetivo é estimular o estudo e a pesquisa no seio das Lojas maçônicas, além de servir de fonte de consulta aos nossos diletos leitores. Durante essa curta, porém próspera existência, transformou-se em um referencial dentre as diversas revistas maçônicas existentes, as quais, também, muito têm contribuído para a exaltação da cultura.

A seriedade e o alto grau de responsabilidade com que os temas são tratados, além do respeito aos nossos leitores, levaram a Revista Arte Real a conquistar espaço considerável na imprensa maçônica. Fato, que veio a se concretizar, em 15 de dezembro de 2007, antes mesmo de completar seu primeiro ano de existência, quando recebeu o reconhecimento e registro na respeitável ABIM – Associação Brasileira de Imprensa Maçônica –

presidida pelo incansável Antônio Carmo Ferreira, escritor, acadêmico e atual Grão-Mestre do GOIPE.

De publicação mensal, chega a 36 edições ininterruptas, que bateram à caixa de e-mails de nossos diletos leitores, sempre, às vésperas do início do mês. Desses, recebemos, mensalmente, inúmeras mensagens, em que fazem questão de expressar suas opiniões, críticas e considerações, que muito nos auxiliam no aprimoramento desse nobre trabalho.

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O resultado de tudo isso se traduziu em números e nos chegou como uma avalancha. Dos cerca de 2.000 leitores na primeira edição, antes de fecharmos o ano de 2009, tivemos a grata alegria e a responsabilidade de ostentar a invejável carteira de mais de 14.026 e-mails, que nos recebem diretamente.

Devido a esse grande sucesso, muitos Irmãos nos solicitaram disponibilizar nossa Revista para download, como atrativo, em seus sites maçônicos, o que temos atendido com enorme prazer. Várias listas de discussão maçônica, pela Internet, também, distribui nossa Revista aos seus membros, o que faz sua abrangência, em todo Brasil e no exterior, chegar a números incalculáveis.

Ousadamente, mas convicto de que se trata de um trabalho altruístico, abraçamos, denodadamente, seus custos e a grande responsabilidade de sua produção, no que se refere a pesquisas, diagramação, editoração gráfica e de imagens. A partir da edição nº 10 (dez/07), recebemos o inestimável reforço do nosso querido parceiro em vários projetos culturais, nosso Irmão João Camanho, “expert” na língua portuguesa, o qual tem elevado o grau de excelência desse trabalho, sempre, com olhar atento e precisão cirúrgica em suas correções ortográficas.

Temos convicção de que o mérito desse crescente sucesso não pertence só a nós. Os Irmãos colaboradores, que nos enviam seus textos, os quais passam por criterioso processo de seleção, merecem uma generosa e merecida fatia.

O objetivo de nossa Revista é, e sempre será, a exaltação da cultura, portanto a distribuímos gratuitamente. É óbvio que, mesmo se tratando de uma revista eletrônica, sua produção gera certos custos, que optamos por absorver.. Já, em sua segunda edição, três Irmãos firmaram conosco uma parceria, anunciando suas empresas; vale citar que dois deles se mantêm como nossos parceiros culturais, até hoje.

Nossos patrocinadores, entendendo que a Revista Arte Real é de fundamental importância como veículo de divulgação da cultura maçônica e, devido a sua enorme abrangência, uma ótima vitrina para divulgar suas empresas, produtos e serviços, têm sido solidários e fraternos, contribuindo através de seus anúncios, com

parte dos custos de sua produção.Tivemos a honra de anunciar vários lançamentos de

livros, em sua maioria de cunho maçônico, abrindo um espaço cultural para escritores exporem suas obras. Criamos a coluna Boas Dicas, a fim de indicar sites, livros e distribuir alguns e-books. A coluna Informe Cultural foi criada, a fim de servir de espaço para divulgar eventos em prol da cultura, campanhas sociais e a publicação de matérias que venham estimular o trabalho altruístico e o interesse pelo estudo e pela pesquisa.

Com a criação da coluna Ritos Maçônicos, na 4ª edição, pudemos enveredar em pesquisas sobre uma infinidade de Ritos praticados por nossa Ordem, levando, com isso, nossos leitores a entenderem melhor o Rito praticado em suas Lojas, induzindo-os a pesquisarem quanto à origem de algumas modificações que os mesmos vieram sofrendo.

Em meio à entrada da Era de Aquarius, fomos intuitivamente levados a criar, desde a 10ª edição, a coluna Os Grandes Iniciados, a fim de facilitar a compreensão de todos com relação ao surgimento cíclico de um Mestre de Sabedoria, um Avatara, apresentando-O, através de sua Vida e Obra e retirando os tênues véus que cobrem a manifestação da Divindade no plano físico, em auxílio à evolução humana.

Assim, chegamos à 36ª edição, em sendo vontade do G∴A∴D∴U∴ e dos Mestres de Sabedoria, para cujos desígnos essa Revista busca ser um canal, alçaremos voos bem mais altaneiros.

O aniversário é nosso, mas o presente pertence a todos nós que, direta ou indiretamente, esforçamo-nos para a construção de um mundo melhor, para edificação de uma Ordem mais atuante e digna de um glorioso passado.

A Revista Arte Real acredita e trabalha por dias melhores, pois, jamais, permitiu, ao longo de sua existência, que o desânimo, a fraqueza e a omissão tomassem parte em suas linhas. Acreditamos, piamente, que, para que não sejamos parte do problema, mister se faz que sejamos parte da solução!

Feliz aniversário a todos nós, e que venham novos desafios, pois deles fazemos a razão de nossa existência, consequentemente, escrevendo nossa história nessa Trajetória de Luz! ?

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A Iniciação RealA Iniciação RealJosé Inácio da Silva Fº

Maçonaria adquiriu o seu aspecto iniciático a partir do século XVIII. A singela recepção das Lojas operativas foi transformando-se, o ritual foi enriquecendo-se e

complicando-se a Liturgia, durante todo o século XIX, até chegar à Iniciação Maçônica atual com o seu brilhante cortejo simbólico.

A

Na verdade, o que a Ordem Maçônica pretende, através da Iniciação, é dar ao iniciado uma responsabilidade maior não somente como ser humano com vida espiritual, mas também como homem e cidadão. E isso os antigos o faziam por meio de ritos iniciáticos. Os iniciados eram submetidos a exercícios mentais e intelectuais e, pela meditação e a concentração, eram conduzidos paulatinamente, ao despertar de uma vida interior intensa e, assim, a uma compreensão melhor da vida.

Diz Aryan, na introdução ao Livro "La Masoneria Oculta y la Iniciacion Hermética", de J. M. Ragon, que "os ritos não teriam nenhuma utilidade se os seus ensinamentos caíssem como água numa ânfora quebrada”. O seu objetivo consiste em relembrar ao iniciado que deve dar, cada vez mais, predomínio à vida interior do que à atração dos sentidos. A promessa do Maçom de ser bom cidadão, de praticar a fraternidade não quer dizer outra coisa. Diodoro da Sicília dizia que "aqueles que participavam dos Mistérios tornavam-se mais justos, mais piedosos e melhores em tudo". Por isso, o primeiro passo da vida iniciática é a entrada em câmara ou cripta onde hão de morrer as paixões, para que o aspirante possa ser admitido no reino da Luz. Como dizia, há séculos, Plutarco: "Morrer é ser iniciado".

Há duas espécies de iniciação: a Real e a Simbólica. A primeira, segundo escreve A. Gédalge no "Dicionário Rhea", é o resultado de um processo acelerado de evolução que leva o Iniciado a realizar, em si mesmo, o que o homem atual deverá ser num futuro, que não pode ser calculado. A segunda é, apenas, a imagem da iniciação real.

Referindo-se à Iniciação Simbólica, o Manual de Instrução do Primeiro Grau da Grande Loja de França, citado por Paul Naudon em "La Franc-Maçonnerie et le Divin", assim se expressa: "Os ritos iniciáticos não têm nenhum valor sacramental. O profano que foi recebido Maçom, de acordo com as formas tradicionais, não adquiriu, só por esse fato, as qualidades que distinguem o pensador esclarecido do homem ininteligente e grosseiro. O cerimonial de recepção tem valor, unicamente, como encenação de um programa que importa ao Neófito seguir, para entrar na posse de todas as suas faculdades".

Pela iniciação simbólica, segundo o sentido etimológico

dado por JULES BOUCHER, no livro "Simbólica Maçônica", o "iniciado" é aquele que foi "colocado no caminho". Paul Naudon, em "La Franc-Maçonnerie", referindo-se à iniciação simbólica, assim escreve:

"O objetivo da iniciação formal é conduzir o indivíduo ao Conhecimento por uma iluminação interna. É a razão pela qual a Maçonaria usa símbolos para provocar essa iluminação, por aproximação analógica. Vemos, assim, que os verdadeiros segredos da Maçonaria são aqueles que não se dizem ao adepto e que ele deve aprender a conhecer pouco a pouco, soletrando os símbolos".

Não existe nisso nenhum incitamento à pura contemplação interior, à êxtase, ao misticismo... "Cabe ao neófito descobrir o segredo. Dentro da noite de nossas consciências, há uma centelha que nos basta atiçar para transformá-la em luz esplêndida. A busca dessa Luz é a Iniciação".

"Nessa marcha ascensional em direção à Luz, onde a via intuitiva parece primordial, é evidente que a razão não pode ser afastada. Em todos os ritos, a Maçonaria a evoca sem cessar. É a lição dos símbolos, entre outras, a do compasso, que se aplica, particularmente, ao volume da Lei Sagrada, símbolo da mais alta espiritualidade, à qual aspira o Maçom."

Essas ideias e pensamentos têm o objetivo fraterno e leal de incutir nos recém-iniciados o verdadeiro espírito maçônico; de fazê-los ver a responsabilidade assumida perante a família dos Irmãos conhecidos e desconhecidos espalhados pelo orbe da Terra.

Que todos nós, indistintamente, aprendamos a conhecer o espírito maçônico, afastando-nos da falsa ciência e do sectarismo, combatendo e esclarecendo todo cérebro denegrido pelo obscurantismo, para que possamos tornar-nos dignos de ser uma dessas Luzes ocultas que iluminam a humanidade. Os verdadeiros sinais pelos quais se reconhece o Maçom não são outros senão os atos da vida real, já nos ensinava o Irmão Oswald Wirth. O Maçom há que agir equitativamente como homem que cuida de se comportar para com outrem, como deseja que se proceda a seu respeito. O Maçom distingue-se dos profanos por sua maneira de viver. Se não viver melhor que a massa frívola ou devassa, a sua pretensa iniciação na arte de viver revela-se fictícia, a despeito das belas atitudes que finge.

Esforcemo-nos para que sejamos reconhecidos não pelo toque, pelo sinal ou pela palavra, mas por nossas ações no âmbito maçônico, social e profissional. "Sejamos homens de elite, sábios ou pensadores, erguidos acima da massa que não pensa", porque somente desse modo é que poderemos alcançar a Iniciação Real, digna de poucos. ?

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Sócrates e a MetafísicaSócrates e a Metafísica

Raimundo Rodriguesrimeiro, façamos a pergunta: O que é metafísica? Quem nos responde é o filósofo espanhol Garcia Morente: “Metafísica é a parte da filosofia que responde

ao problema da existência, da autêntica e verdadeira existência, da existência em si”.

PSe a metafísica é a parte da filosofia que responde

ao problema da existência, não é difícil deduzir-se que metafísica nada mais é que uma “ciência” construída pela razão. Por isso é que a razão, partindo dos conceitos metafísicos, pretende conhecer todos os seres da natureza.

Através de Sócrates, percebe-se que o que há de mais importante na metafísica é a origem e a função dos conceitos.

O ser precisa ser expresso em esquema conceitual a fim de que fique clara a sua evidência para a razão. Cada vez que a razão conceitua, parte para a elaboração de uma nova realidade do ser.

Os conceitos primordiais da metafísica são as categorias: substância, quantidade, qualidade, relação, lugar, tempo, ação e paixão. Portanto, as categorias significam os conceitos que a razão adota para conhecer, apreender e julgar a realidade.

Segundo Aristóteles, Sócrates é o inventor do raciocínio indutivo, sendo, assim, o iniciador da metafísica. Com ele, o pensamento encaminha-se para a aprendizagem do conhecer mediante conceitos: indução e o conceitos, duas coisas que se referem ao ponto de partida da ciência.

Daqui se infere que o grande processo filosófico de Sócrates procura aparar todas as arestas que a ideia da coisa possa conter, a fim de poder atribuir-lhe aquilo que seja meramente acidental.

O entendimento imediato ou mediato da coisa depende da clareza maior ou menor do conceito. Conceituar é uma arte, e Sócrates usou-a de maneira genial. Ele se socorre das mais variadas formas de definição, sem nunca perder de vista a lógica conceitual.

Daí a meticulosidade de que ele lança mão para conhecer bem a coisa a ser definida. Quando define um objeto, ocorre-lhe o mesmo propósito de fazer, com o mundo moral, o que os geômetras fazem com o mundo das figuras físicas. Em primeiro plano, Sócrates examina cuidadosamente o objeto em estudo, tendo por mira analisá-lo sob todos os aspectos, procurando visualizá-lo de todos os ângulos possíveis, separando o que é meramente acidental daquilo que é objetivo e realmente essencial. Ele tem uma visão muito ampla de enorme quantidade de propósitos, de resoluções e de ações que se

apresentam aos seres, no mundo moral.

Que faz então? Procura reduzir ao mínimo esses propósitos, de resoluções, colocando a clareza do seu pensamento acima dos meandros da linguagem, que nem sempre reflete o pensamento com objetividade.

Quando Sócrates pergunta o que é a verdade, ou o que é a coragem, ou o que é a justiça, deseja saber, conceitualmente, o que é a justiça, o que é a coragem, o que é a verdade.

Para os gregos, quando se indaga “o que é”, pede-se que se “dê a razão de”. Para tanto, é necessário que se aplique o entendimento, a intuição intelectual, para que se possa chegar à razão que explique o que é a verdade, o que é a coragem, o que é a justiça, encontrando uma fórmula racional que seja capaz de abarcar, completa e inteiramente, a palavra justiça, a palavra coragem, a palavra verdade, sem deixar um ângulo sequer fora do estudo.

É isso que Sócrates faz; razão por que, a partir dele, a filosofia assume não só uma forma variável, mas também um caráter de racionalidade até ali, ainda, não alcançado.

Não nos podemos esquecer de que, dessa forma, Sócrates se opõe às artimanhas dos sofistas que, habitualmente, conforme pregam, usam as palavras para substituir os conceitos. Vamos repetir fórmula velha e conhecida, mas nem sempre examinada com cuidado: Sócrates estuda, sempre e meticulosamente, a essência de cada coisa. Ora, se seu ponto de partida é a conceituação, isso significa que a “teoria dos conceitos” leva à “teoria das essências”, tornando quaisquer processos pesquisados, lógicos, arrimados na razão e no raciocínio. Aí chegamos à chamada “teoria do conhecimento”.

A teoria do conhecimento, até certo ponto, é de uma simplicidade a toda prova. Que significa conhecer? Já vimos que conhecer significa formar conceitos. Mas... e o que é conceito? Seria bom, nesse ponto em que nos encontramos, fazer uma análise perfunctória do que seja conceito. Tudo aquilo que o espírito concebe, tudo aquilo que o espírito entende é conceito. Assim, de imediato, entende-se que conceito é ideia, é juízo, é opinião formada. Transportando-nos aos oásis da filosofia, concluímos que conceituar é estabelecer características determinadas para aquilo que cada uma das essências vê realizar-se na substância.

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Não se pode e não se deve desfitar os olhos de que há dois tipos de conceito: conceito empírico, próprio da experiência, e o conceito puro, próprio da filosofia. O conceito empírico tem uma medida para cada elemento da realidade que ele classifica. Já o conceito puro é a percepção da realidade na intuição do sentido. O conceito demonstra que o interesse do pensamento se dirige imediatamente para a coisa intuída. Cabe ao pensamento a busca da realidade intuída. Assim, as imagens criadas pelo pensamento em junção com a realidade recebem o nome de ideias. Kant

afirma que ideia é um conceito necessário de razão. Por isso, o filósofo busca fazer com que ocorra a união

entre o pensamento e a realidade. Quando se filosofa, a ideia está, obrigatoriamente, em tudo o que pensamos. À medida que o pensamento aumenta seu poder de conhecimento, ele se transforma em ideia. Ter ideia é ter o conhecimento da realidade. Todo homem que pensa é sempre um homem de ideias. O que não pensa é vazio delas. O saber nada mais é que o armazenamento espiritual de uma gama extraordinária de conceitos. Quem os possuiu mais que Sócrates? ?

a b

Inteligência EspiritualInteligência EspiritualFrancisco Feitosa

om o dealbar da Era de Aquarius, a ciência dos homens, a cada dia, apresenta uma nova descoberta no que se refere às potencialidades inerentes ao ser

humano. Está mais do que evidente a chegada do Novo Ciclo, rasgando conceitos do passado, quebrando tabus e apresentando uma repaginação do “Livro da Vida” na história da humanidade. Os tempos são chegados, à guisa de uma preparação para uma nova época, para o surgimento de uma Nova Civilização, a qual terá como objetivo o despertar do estado de consciência focado no mental abstrato, o quinto princípio.

C

Pelo menos, para a humanidade comum, já que, para os postulantes à Iniciação nas verdadeiras Ordens Iniciáticas, através dos processos nelas praticados, o despertar desse potencial é, absolutamente, normal, gradual e constante, durante seu processo evolutivo.

A ciência atual, antes, motivada, pura e simplesmente, pelo progresso material, começa a se curvar a esses novos valores, já, há muito, ensinados, nas Escolas de Mistérios da Antiguidade que, visam à evolução do homem como um todo, principalmente, em seu aspecto espiritual.

Essa terceira modalidade de avaliação da inteligência humana, juntando-se as anteriores (Quociente de Inteligência e Inteligência Emocional), estão, diretamente, relacionadas à trilogia que forma o ser humano, em físico, psíquico e espiritual, respectivamente.

Abaixo transcrevemos uma matéria publicada em vários sites na Internet sobre a “descoberta”, à luz da ciência, de um novo tipo de inteligência, a Espiritual.

“No livro QS - Inteligência Espiritual”, a física e

filósofa americana Dana Zohar aborda um tema tão novo quanto polêmico: a existência de um terceiro tipo de inteligência que aumenta os horizontes das pessoas, torna-as mais criativas e se manifesta em sua necessidade de encontrar um significado para a vida. Ela baseia seu trabalho sobre Quociente Espiritual (QS) em pesquisas, só há pouco divulgadas, de cientistas de várias partes do mundo, que descobriram o que está sendo chamado "Ponto de Deus" no cérebro, uma área, que seria responsável pelas

experiências espirituais das pessoas. O assunto é tão atual, que foi

abordado em recentes reportagens de capa pelas revistas americanas Neewsweek e Fortune. Afirma Dana: "A inteligência espiritual coletiva é baixa na sociedade moderna. Vivemos numa cultura espiritualmente estúpida, mas podemos agir para elevar nosso quociente espiritual". Aos 57 anos, Dana vive em Inglaterra com o marido, o psiquiatra Ian Marshall, co-autor do livro, e com dois filhos adolescentes. Formada em física pela Universidade de Harvard, com pós-graduação no Massachusetts Institute of

Tecnology (MIT), ela, atualmente, leciona na universidade inglesa de Oxford. É autora de outros oito livros, entre eles, O Ser Quântico e A Sociedade Quântica, já traduzidos para português. QS - Inteligência Espiritual já foi editado em 27 idiomas, incluindo o português (no Brasil, pela Record). Dana tem sido procurada por grandes companhias interessadas em desenvolver o quociente espiritual de seus funcionários e dar mais sentido ao seu trabalho. Ela falou à Revista Exame, em Porto Alegre, durante o 300º Congresso Mundial de Treinamento e Desenvolvimento da International Federation of Training and Development Organization (IFTDO), organização fundada na Suécia, em 1971, que representa 1 milhão de especialistas em treinamento em todo o mundo. Eis os principais trechos da entrevista:

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O que é inteligência espiritual? É uma terceira inteligência, que coloca nossos atos e experiências num contexto mais amplo de sentido e valor, tornando-os mais efetivos. Ter alto quociente espiritual (QS) implica ser capaz de usar o espiritual para ter uma vida mais rica e mais cheia de sentido, adequado senso de finalidade e direção pessoal. O QS aumenta nossos horizontes e nos torna mais criativos. É uma inteligência que nos impulsiona. É com ela que abordamos e solucionamos problemas de sentido e valor. O QS está ligado à necessidade humana de ter propósito na vida. É ele que usamos para desenvolver valores éticos e crenças que vão nortear nossas ações.

De que modo essas pesquisas confirmam suas ideias sobre a terceira inteligência? Os cientistas descobriram que temos um "Ponto de Deus" no cérebro, uma área nos lobos temporais que nos faz buscar um significado e valores para nossas vidas. É uma área ligada à experiência espiritual. Tudo que influencia a inteligência passa pelo cérebro e seus prolongamentos neurais. Um tipo de organização neural permite ao homem realizar um pensamento racional, lógico. Dá a ele seu QI, ou inteligência intelectual. Outro tipo permite realizar o pensamento associativo, afetado por hábitos, reconhecedor de padrões, emotivo. É o responsável pelo QE, ou inteligência emocional. Um terceiro tipo permite o pensamento criativo, capaz de insights, formulador e revogador de regras. É o pensamento com que se formulam e se transformam os tipos anteriores de pensamento. Esse tipo lhe dá o QS, ou inteligência

espiritual.Qual a diferença entre QE e QS? É o poder transformador.

A inteligência emocional me permite julgar em que situação eu me encontro e me comportar apropriadamente dentro dos limites da situação. A inteligência espiritual me permite perguntar se quero estar nessa situação particular. Implica trabalhar com os limites da situação. Daniel Goleman, o teórico do Quociente Emocional, fala das emoções. Inteligência espiritual fala da alma. O quociente espiritual tem a ver com o que algo significa para mim, e não apenas como as coisas afetam minha emoção e como eu reajo a isso. A espiritualidade sempre esteve presente na história da humanidade. No início do século XX, o QI era a medida definitiva da inteligência humana. Só em meados da década de 90, a descoberta da inteligência emocional mostrou que não bastava o sujeito ser um gênio se não soubesse lidar com as emoções. A ciência começa o novo milênio com descobertas que apontam para um terceiro quociente, o da inteligência espiritual. Ela nos ajudaria a lidar com questões essenciais e pode ser a chave para uma nova era no mundo dos negócios. Dana Zohar identificou dez qualidades comuns às pessoas espiritualmente inteligentes. Segundo ela, “essas pessoas: praticam e estimulam o autoconhecimento profundo; são idealistas; têm capacidade de encarar e utilizar a adversidade; são holísticas; celebram a diversidade; têm independência; perguntam sempre "por quê?"; têm capacidade de colocar as coisas num contexto mais amplo; têm espontaneidade e compaixão”. ?

a b

OdinOdinm todas as épocas e países, tem surgido esse Édipo, o Manu, ou a potência espiritual, que preside o complexo trabalho oculto de arregimentação e seleção

das mônadas para a formação das raças. São os gigantescos místicos e pensadores, os gênios de primeira grandeza da Ciência e da Arte, as Altas Vozes da mente iluminada, que descortinam as renascenças, que lançam o germem das ideias impulsionadoras da grande roda do progresso.

E

O termo “Manu” provém do radical sânscrito “man”, que significa “aquele que pensa” e, portanto, dirige. Dessa palavra, apossou-se a terminologia teosófica para designar o chefe de uma raça, o fundador de um povo, seu patriarca, o legislador máximo. O termo raça, tratado aqui, não tem a ver com a pigmentação de pele, etnia, etc., e sim com o conceito com que o estudo da antropogênese divide em sete fases ou momentos (raças-raízes), a trajetória da

mônada humana, durante um sistema de evolução

Odin, considerado como o condutor dos celtas primitivos nos países nórdicos (Noruega, Dinamarca, Países Baixos, Irlanda, Bretanha, Gales e Islândia), é classificado na categoria de Manu parcial, como foram Jeoshua Ben Pandira, Orfeu, Menés e outros. Um Manu parcial tem potencial de 25 a 75% da consciência divina no ciclo e, geralmente, inicia as sub- raças.

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Deixou gravadas, nas rochas, as mais puras e espirituais doutrinas científico-religioso-primitivas, contendo as mesmas ideias da cosmogênese védica e da ciência moderna.

Teria sido ele, então, o portador das sementes da 4ª sub-raça céltica para a 5ª sub-raça ariana (uma raça-raiz é subdividida em sete sub-raças).

No mito nórdico, conforme Moniz, Odin foi gerado por Bor e Bestla, representando as ideias básicas de luz e trevas e do princípio andrógino. Foi, com a ajuda de seus irmãos Vili (vontade) e Vé (sacerdote do templo), que a tríade construiu o cosmo. Depois de criarem o cosmo, verificando que sua obra estava incompleta, resolveram fazer o homem (ask) com a madeira de um freixo, e a mulher (embla), com um amieiro (ou com um olmo). Odin deu-lhes a vida e a alma; Vili, a razão e o movimento, e Vé, os sentidos, a fisionomia expressiva e o dom da palavra. Aos dois foi dada como moradia Midgard, a Terra. A humanidade descende deles.

Semelhantemente, Eliade, referindo-se à cosmogonia dos antigos germanos, também, cita Odin como criador do primeiro casal humano, partindo de duas árvores, askr e embla. Foi ajudado por Hoenir, que lhe forneceu a inteligência, e por Lodhur, os sentidos e a feição antropomorfa.

Ambas as versões têm a representação da Divindade como uno-trino e o ser humano polarizado e constituído por vários veículos.

Odin ou Vótan (Wotan, Wodan), na mitologia germânica, é, talvez, a mais antiga figura, a mais conhecida. Segundo Blavatsky, Odin "poderia ser o próprio nome de Deus que, com tanta alteração encontrada nas diversas línguas, poderia ser decomposto em O'din, o Deus (ver Eddas). Era chefe da sociedade divina; o mais sábio, mais inteligente, o senhor da magia, da ciência suprema e da poesia, mas, também, o deus da guerra.

No papel de "condutor da caça selvagem", era representado como um sombrio cavaleiro vestido com um grande manto flutuante, cavalgando ora um ginete branco, ora um negro. Mais tarde, quando sua

superioridade se afirmou sobre as demais divindades, ele aparece vestido com couraça brilhante (às vezes com capacete de ouro) e armado da lança mágica.

No Asgard (mundo dos deuses), junto ao seu trono, estão dois corvos - Hugin, entendimento, e Munnin, a memória - pousados em seus ombros, e que segredando-lhe tudo o que averiguavam durante o dia, quando percorriam o mundo. Vê-se, nessa citação, a ideia do Senhor das Eternidades, do Pai que de tudo toma conhecimento, servindo-se de um entendimento perfeito e de uma memória lúcida para agir com amor e justiça.

Conforme os Eddas, a "bisavó" dos cantos escandinavos, publicados em 1643, Odin é o principal

deus na mitologia escandinava - O'din, o Deus, ciência ou sabedoria. Sendo o pai dos deuses e da divina sabedoria, no panteão escandinavo, é idêntico a Hermés ou Mercúrio da antiguidade romana; a Buda, no orientalismo moderno, e ao Marte escandinavo.

Além de deus da guerra, Odin-Wotan é, também, deus dos mortos. Tinha o poder de se transformar à vontade; podia assumir formas diferentes e se misturava à vida dos mortais.

Protege, por meios mágicos, os grandes heróis. Entre os favoritos, menciona-se a raça dos volsungs ou velsungos. Entretanto, apresenta comportamento contraditório, por abater os seus protegidos, explicado pela necessidade de reunir os combatentes mais temíveis, com vistas

à batalha escatológica do Rägnarok. Esses guerreiros notáveis, tombados em combate, eram conduzidos ao palácio celeste, Valhalla (Wallallah - O Vale de Allah ou de Deus, para onde seus guerreiros e heróis eram conduzidos pelas Walkyrias). Valquírias, "aquelas que escolhem os mortos no campo de batalha", eram espíritos fornecedores dos mortos, conforme Eliade. ?

*compilação de matérias de autoria de Angelina Debesys e Noemy Martari e Silva Santos publicadas na Revista Dhâranâ, edição 242, de fevereiro de 2003, órgão oficial da Sociedade Brasileira de Eubiose.

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Real Arco – Supremo Grande CapítuloReal Arco – Supremo Grande CapítuloRui Ferreira da Silva

ovo, Porém Antigo. Esse foi o título do artigo publicado sobre o Real Arco na Revista Engenho & Arte, do verão de 2000, parodiando o lema do

Grande Oriente do Brasil. De lá para cá, muita coisa aconteceu para acender o interesse dos Maçons brasileiros sobre esse último caminho regular da Franco-Maçonaria.

N

A Grande Loja Unida da Inglaterra, no âmbito do Grande Oriente do Brasil, está incentivando a criação de Capítulos do Arco Real em língua portuguesa. A GLMESP criou um Grande Capítulo do Arco Real inglês, através da Grande Loja da Espanha, para o Estado de S. Paulo. Da mesma forma, os três Capítulos do Real Arco americano, que haviam feito uma petição ao Grande Capítulo Geral de Maçons do Real Arco Internacional, receberam sua Carta Patente para o Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil. Assim, de repente, os Maçons brasileiros estão recebendo notícias sobre algo meio desconhecido, e é mais do que natural que estejam, ao mesmo tempo, confusos e curiosos.

O Arco Real inglês já existia no Brasil há algum tempo, com seus Capítulos sempre vinculados a uma Loja Simbólica. Isso porque, pelo Artigo II do Tratado de União de 1813, origem da United Grand Lodge of England, o Arco Real inglês é parte dos Graus Simbólicos, constituindo-se num Grau lateral, complemento do Grau de Mestre Maçom. Diz o Artigo que “a pura Maçonaria Antiga consiste de três graus e mais nenhum, isto é, os de Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom, incluindo a Suprema Ordem do Sagrado Arco Real”.

Foi a maneira sutil de harmonizar os pontos de vistas antagônicos para que as Grandes Lojas rivais (Antigos e Modernos), aceitassem a união. Os estudos, para unificar o ritual dos Graus Simbólicos, culminaram na primeira exibição do novo ritual simbólico inglês, em 23 de agosto de 1815. A primeira Loja de Instrução, The Lodge of Stability, funcionou a partir de 1817. Mas o Arco Real inglês, em sua nova forma, só iria ganhar um ritual impresso em 1834.

O Real Arco americano, sem problemas, chegou à sua forma atual em 1797, ao mesmo tempo que os Graus Simbólicos, todos organizados por Thomas Smith Webb. Na verdade, os americanos tinham resolvido, pragmaticamente, seus impasses bem antes de 1813. Como

a Maçonaria já estava estruturada nos Graus Simbólicos, não havia mais o que mexer. Assim, os Graus Capitulares, tanto do Rito de York quanto do Rito Escocês Antigo e Aceito, foram organizados numa estrutura simples e sequencial, acima dos Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. O Lado Escocês da famosa ilustração da Escada Maçônica vai do 4º ao 33º, enquanto o Lado York vai de Mestre de Marca, o primeiro Grau do Real Arco, a Cavaleiro Templário, o mais elevado.

Real Arco ou Arco Real? Tanto faz. Desde os primórdios do Real Arco americano no Brasil, foi mantida a tradição do título adotado pelo Capítulo pioneiro, Jerusalém, do Paraná. Como os Companheiros da versão inglesa adotam Arco Real, a própria nomenclatura ao mesmo tempo guarda a semelhança e estabelece certa diferença. Vejamos quais são: o Real Arco americano, de quatro graus, é Maçonaria Capitular, com estrutura, liturgia e organização próprias. Forma um todo sequencial, cronológico e harmonioso. Não está ligado às Lojas Simbólicas e nada tem a ver, administrativamente falando, com as Obediências Simbólicas, a não ser relações fraternas e respeitosas.

O Arco Real inglês é uma extensão lateral do Grau de Mestre Maçom, complementa, estado ligado sempre a uma Loja Simbólica, ficando, portanto, sujeito à Obediência Simbólica que o abriga; apesar das diferenças estruturais, lembramos que tanto a essência como a origem de ambas as versões é a mesma.

O início do Real Arco Americano, no Brasil, deu-se com o Capítulo José Guimarães Gonçalves nº 1, de Maçons do Real Arco, instalado pelo Capítulo Jerusalém em 8 de maio de 1993, um tributo à coragem e à capacidade de realização do Irmão José Nunes dos Santos. Recebeu sua Carta Constitutiva definitiva em outubro de 1997, diretamente do General Grand Chapter of Royal Arch Masons International. Do Capítulo José Guimarães Gonçalves, surgiram mais dois Capítulos: Thomas Smith Webb, no Rio Grande do Sul, em 1997, e Keystone, no Estado do Rio de Janeiro, em 2000.

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Embora antigo nos Estados Unidos, o Real Arco americano é novo entre nós. Jóias, aventais, alfaias, rituais, instruções e mais toda a parafernália, necessária à realização das cerimônias, tudo teve que ser criado e produzido, seguindo a orientação do General Grand Chapter Americano. Além disso, organizaram-se calendários anuais, preparam-se eventos litúrgicos e sociais. Sem falar na preparação dos formulários para remessa da capitação anual, redigidos em inglês, em formulário próprio, trabalho para apavorar qualquer Secretário. Por isso, para fazer crescer o Real Arco no Brasil, tornou-se imperioso criar uma estrutura central nacional para ajudar na divulgação, na administração e na liturgia, dando suporte efetivo na educação dos Maçons do Real Arco e na criação de novos Capítulos.

Assim, no dia 15 de novembro de 2000, de acordo com as tradições maçônicas, os representantes dos três Capítulos originais fizeram uma petição ao General Grand Chapter para a criação do Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil, cuja fundação, para os efeitos legais, oficializou-se no dia 1º de janeiro de 2001. A Constituição e o Regulamento do Supremo Grande Capítulo foram registrados no Registro de Pessoas Jurídicas do Rio de Janeiro. Tivemos, finalmente, a honra de receber a Carta Constitutiva do Supremo Capítulo, outorgada no dia 24 de maio de 2001, assinada pelo Grande Sumo Sacerdote Geral, Companheiro William Schoene. Atualmente, existem 40 Capítulos no Brasil.

O título de quem alcança o Grau de Maçom do Real Arco é Companheiro, derivado Companion (termo inglês derivado do latim “cum panis” - aquele com quem se reparte o pão). Ao terminar os três primeiros Graus, Mestre de Marca, Past Master e Mui Excelente Mestre, o Mestre Maçom recebe um Certificado. Quando alcançar o último Grau Capitular, receberá o Diploma e seu Cadastro de Maçom do Real Arco.

No Real Arco, estimula-se um clima de respeito,

propício ao diálogo e ao aprendizado. Os ensinamentos são discutidos livremente, sem qualquer imposição dogmática, como é próprio a homens livres e de bons costumes. Até porque – e esse é um dos motivos de fascínio do Real Arco – estamos todos aprendendo e construindo. Dentro desse princípio, o Brasil, único em sua pluralidade de Ritos regulares – Adonhiramita, Francês ou Moderno, Escocês Antigo e Aceito, Schröder, York (ritual Emulação), Brasileiro e, agora, também, Escocês Retificado – oferece uma esplêndida oportunidade de aprendizado. Muitas vezes, o Maçom percebe, em outro Rito, aquilo que não ficara de todo explicado no seu Rito de origem. Por isso, o Real Arco, no Brasil, não só está aberto a Maçons de todos os Ritos e de todas as Obediências regulares, como também incentiva o estudo e a análise.

Os Graus do Real Arco - o Grau de Mestre de Marca resgata uma das tradições operativas mais singelas e significativas da Idade Média. O Mestre de Marca passa a identificar-se como o faziam nossos antepassados, que construíram as magníficas catedrais góticas.

O Grau de Past Master é um privilégio para o Mestre Maçom, porque, no começo, o Real Arco era prerrogativa exclusiva de Mestres Eleitos ou Instalados.

O Grau de Mui Excelente Mestre é o único Grau Maçônico, de qualquer Rito, que fala da terminação do Templo de Salomão e dedicação a Ele. Sua nobreza e carga emocional o tornam uma das mais belas etapas da Senda Maçônica.

O Grau de Maçom do Real Arco coroa, de forma grandiosa, os conhecimentos do Mestre Maçom. É o momento em que a Lenda do Templo é concluída em magnífico esplendor.

O Real Arco traz a Maçons de todos os Ritos, uma nova compreensão do Simbolismo. Leva-nos a pensar, a comparar e a entender. Conduz-nos à emoção e ao encantamento. Eleva-nos, cada um de nós, a uma dimensão inteiramente nova. ?

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Desvelando a Verdadeira IniciaçãoDesvelando a Verdadeira Iniciação

Antonio Castaño Ferreiraabem todos os Iniciados que não é possível alcançar a Suprema Aspiração, a realização interior, se o discípulo não se apoiar numa tradição organizada, que lhe sirva de base, a fim de poder enfrentar as

forças adversas do meio em que vive. Essa tradição não deve ser exclusivamente de ordem social e moral, senão de ordem oculta.

SOs que sabem as coisas secretas falam, veladamente, da Comunhão das

Almas Santas ou da Comunhão dos Santos, como diz a Igreja Católica, servindo de eco a um conhecimento mais antigo, que ela, cujo sentido verdadeiro lhe escapa completamente. Isso quer dizer que cada Aspirante à Verdade, que tenta o Caminho Direto, mais fino que o fio de uma navalha, precisa se apoiar numa força, criada através dos séculos pelos seus inumeráveis predecessores nessa vereda espinhosa.

Cada homem, que se faz Mestre Perfeito, deixa, no ambiente terreno, o resultado de seus tremendos e perseverantes esforços, com um poder espiritual consciente, que se une aos dos demais Irmãos de todas as épocas, como um influxo vivo, verdadeira torrente espiritual, dirigida para um determinado

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sentido, constituindo o Poder Espiritual de determinada Série de Seres, que se sucederam ininterruptamente como Mestre e Discípulo, o que constitui o elemento fundamental de todas as iniciações. Esse influxo, essa torrente espiritual remonta à origem das coisas.

Os Gurus, perfeitos conhecedores das Leis da evolução, dizem não ser possível ao homem alcançar a iluminação, sem que esteja ligado a essa torrente ininterrupta, através da qual são comunicados ao discípulo graus, que variam segundo as iniciações ascendentes. Essas Consagrações são definitivas, porque ligam o discípulo a um Poder infinitamente superior ao que, nele, possa existir de mais elevado. Nessas iniciações, são-lhe dados símbolos, palavras e determinados gestos, linguagem veiculadora desse pacto, tacitamente assumido para com a tradição iniciática a que se ligou. Assim, ninguém pode evoluir até a libertação, num curto período de tempo, sem esse auxílio indispensável. Tal auxílio é uma verdadeira transferência dessa Torrente Espiritual, que o Mestre faz ao discípulo, quando lhe confere determinada Iniciação. Por isso mesmo, o Mahatma Kut-Humi, diz que os discípulos são envolvidos pelo ambiente do Mestre, para que todas as suas possibilidades, boas ou más, se manifestem.

Certos Místicos do Oriente nos falam, como já foi dito, do Círculo das Almas Perfeitas, com as quais os candidatos à Iniciação entram em contato, para alcançarem proteção e auxílio em suas lutas sempre árduas e cheias de perigo. Esse contato não é o resultado de nenhuma cerimônia de evocação de almas de seres falecidos, senão a elevação do Aspirante ao nível altíssimo das esferas espirituais onde gravitam essas Almas.

Assim, quanto mais antiga for a tradição esotérica a que se liga o Postulante, mais fácil é sua luta pela conquista da iluminação. Quando, entretanto, liga-se a tradições reconstituídas ou corrompidas, sua luta se torna mais árdua, não conseguindo, na maior parte dos casos, chegar a seu elevado objetivo.

Cada grau, que o discípulo, alcança é expresso na Linguagem Universal do Verbo, por uma palavra que sintetiza todo o Poder da Torrente Espiritual a que está ligado. São as Palavras Sagradas, as Palavras de Passe. Elas são de um enorme poder no Mundo Oculto, por isso mesmo, são comunicadas pelo Mestre ao Discípulo, de boca a ouvido, na hora da Sagração. Todas palavras se derivam de uma única, da Palavra Inefável, a Palavra Perdida, simbolizada pelo AUM. O verdadeiro segredo ligado a tal Palavra constitui o fruto da mais elevada iniciação. Mas, para que, um dia, o discípulo possa alcançá-la, é indispensável o apoio espiritual da Tradição Oculta, a fim de que, assim fortalecido, possa enfrentar, com possibilidade de vitória, as forças antagônicas que tentam afastá-lo de seu objetivo.

Como os iniciados criaram um Poder Espiritual Ativo, a humanidade, na sua inconsciência, também, gera um poder incomensurável, formado pelas suas ações, seus pensamentos,

palavras e paixões de ordem inferior. Desse poder, servem-se algumas criaturas para a realização de seus desejos, ódios, vinganças etc., quando aprendem os processos de entrarem em contato com essa força, através, também, de certas iniciações, tão conhecidas dos denominados Magos Negros. Esse Poder, formado pela coletividade, pelos seus impulsos contrários à Lei, considerado Mal pelos espiritualistas, também, tem uma consciência constituída pelos múltiplos agregados das ações nocivas dos homens em todos os planos de sua atividade. Esse Poder é o tão falado Guardião do Umbral, a terrível Potestade, que deve ser vencida por todo candidato à Magia Branca. Como o discípulo, durante milênios sem conta, concorreu mais para esse Poder do que para a Torrente Espiritual da Boa Lei, é claro que fica muito mais ligado a ele pelos poderosos laços das más ações, que praticou, do que pelas suas vagas aspirações ao Bem Supremo, que caracterizava o outro polo. É esse o motivo pelo qual se torna difícil ao homem libertar-se da soberania do Guardião do Umbral.

É essa libertação preliminar a que visam as provas iniciáticas, impostas ao discípulo. Assim, o discípulo sozinho, tendo, apenas, por apoio o Poder Espiritual da Tradição a que se filiou, deve cortar, um por um, todos os laços que o prendiam ao Egrégora Negro.

Podemos, agora, compreender por que os Iniciados não podem, de modo algum, interferir nessa luta de vida ou morte em que o discípulo se empenha. Com o choque, que ele estabelece com o Guardião do

Umbral, todas as más qualidades afloram ao campo consciente do discípulo, do mesmo modo que o contato com a Torrente Espiritual faz desabrochar as sementes do bem, que nele porventura existam, de forma a despertar, na sua alma, as duas tendências que se defrontam e se digladiam, até que uma delas sucumba para sempre.

Por isso disse Kut-Humi: “O discípulo deverá, unicamente entregue a seus próprios esforços, escolher o caminho da direita ou da esquerda; fazendo-se por si só um Adepto da Boa Lei ou um Mago Negro, dependendo, exclusivamente, de si próprio a escolha do Caminho”. ?*O autor pertenceu às fileiras da Sociedade Brasileira de Eubiose, sendo um renomado instrutor e palestrante.

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O Segredo Maçônico e a Via de Dignificação do HomemO Segredo Maçônico e a Via de Dignificação do Homem

Getúlio Medeirosegredo é tudo aquilo que não pode ser revelado, a não ser sob a forma de contos, alegorias e parábolas de cunho genérico, ministrados de modo exotérico - termo

derivado da raiz grega, ex (para fora) + odos (caminho) = saída - à massa popular (“não deem aos cães o que é santo, nem atirem pérolas aos porcos; eles poderiam pisá-las com os pés e, virando-se, despedaçar vocês”, Mateus 7:6).

S

Para os poucos iniciados, contudo, o ensinamento esotérico – es (para dentro) + odos (caminho) = entrada. Era individualista e místico: “Quando Jesus ficou sozinho, os que estavam com ele, junto aos Doze, perguntaram o que significavam as parábolas. Jesus disse para eles: Para vocês (os discípulos), foi dado o mistério do Reino de Deus; para os que estão fora (os profanos), tudo acontece em parábolas, para que olhem, mas não vejam, escutem, mas não compreendam, para que não se convertam e não sejam perdoados” (Marcos 4:10-12).

Já que a Maçonaria se define como “(…) sistema de moral, velado por alegorias e ilustrado por símbolos”, nada mais justo do que lhe conferir o caráter secreto, inerente a qualquer ordem iniciática. Aliás, pela mesma razão, secretos eram os Mistérios Antigos, incluindo-se aqueles dos primitivos cristãos, que, para se distinguir dos pagãos, tinham suas fórmulas de mútuo reconhecimento e, ademais, reuniam-se em células, o que, hoje, pode ser denominado Capítulo ou Loja.

Dentro desse aspecto hermético, nunca é demais lembrar a similitude entre o segredo iniciático da Maçonaria Especulativa com os mistérios da doutrina, estabelecida pelo filósofo e matemático grego Pitágoras de Samos, cujas ideias originais incluem o significado vibracional e metafísico dos números e o conceito abstrato de que a realidade, em que se incluem música e astronomia, é, em nível mais profundo, matemática por sua própria natureza; o uso da filosofia como meio de purificação espiritual; o destino celestial do espírito e a possibilidade de ascensão em união com esse princípio divino; a atração de certos símbolos, por vezes místicos, tais como a “tetraktys” (em grego: uma figura triangular consistente de dez pontos ordenados em quatro filas, com uma, duas, três e quatro pontos em cada fila); a proporção áurea e a harmonia das esferas; o teorema pitagórico; a determinação no sentido de que os membros da ordem observassem a estrita lealdade e o segredamento.

Em seu esforço ingente para dignificar a existência humana e incutir-lhe uma consciência reflexiva, forçando-o a levantar templos à virtude e cavar masmorras aos vícios, o ideário maçônico especulativo responsabiliza-se por três tarefas, que, individualmente, representam sucessivas etapas em

direção ao escopo final.A primeira delas é trabalhar no interior de suas Lojas,

aperfeiçoando o caráter de seus membros com o diuturno desbastar da Pedra Bruta, muito embora se saiba que, depois de polida, muitas voltam ao estágio inicial de brutalidade.

A segunda tarefa, ainda mais complexa, é relacionar-se com o mundo profano, propagando comedidamente seus atos sem impor-lhe os ideais maçônicos ou revelar-lhe a fonte secreta de onde se originam aqueles, ou melhor, a Maçonaria deve ser sentida por toda parte, mas em nenhum lugar ela deve ser desvelada.

A terceira tarefa, essa jamais poderá ser atingida, pois se centra no campo da atividade política, com o objetivo de aperfeiçoar o poder político governamental (executivo, legislativo e judiciário), colocando-se Maçons (não profanos de avental) em posições de comando, sendo que, na medida do possível, o público nunca deveria saber que são Maçons.

Nesse aspecto, a atividade proposta, nunca antes alcançada, deveria preceder-se do segredo esotérico no interior das Lojas, e a ação política, no âmbito dos três poderes republicanos, de forma sutil e secreta.

Em outras épocas, a Maçonaria Especulativa tomou as rédeas da política internacional, especialmente, nos principais movimentos revolucionários que sacudiram a Europa e o mundo desde 1789, com o louvor de que, sempre, houve o segredo cercando todas essas atividades, uma vez que ela jamais foi mencionada na imprensa, e os livros de História são silentes quanto ao poder e à influência da Ordem. Reportagens sobre encontros e congressos maçônicos não são disponibilizados para o grande público.

Hoje, sabe-se que o Tratado de Versalhes de 1919, assinado pelas potências europeias depois de encerrada, oficialmente, a Primeira Guerra Mundial, em continuidade ao Armistício de 1918, firmado em Compiègne (França), foi, diretamente, inspirado pela Maçonaria. Suas cláusulas foram trabalhadas em uma grande conferência internacional maçônica, que tomou lugar em 28, 29 e 30 de junho de 1917, no Quartel General do Grande Oriente da França, na Rue Cadet, em Paris.

Essa conferência foi cuidada por representantes das principais Lojas de países aliados e neutros - Itália, Suíça, Bélgica, Sérvia, Espanha, Portugal, Argentina, Brasil, Estados Unidos (de onde duas Lojas em Arkansas e Ohio, não representadas, enviaram cordiais saudações) e assim por diante; somente a Grande Loja da Inglaterra não esteve representada.

A continuidade de todo esse trabalho depende de nós; isoladamente, por nossos atos, ou, coletivamente, por intermédio de uma intervenção maçônica segura em defesa da Pátria e da Lei: Et pluribus unum, (De todos, um). ?

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O Poder da Criação do HomemO Poder da Criação do Homem

Armando Corrêa de Siqueira Neto necessário ao homem entrar em contato consigo mesmo, de forma profunda e permanente, levando-o à libertação do atraso ao qual se

submete, fruto tão somente das impressões autocriadas desde os primórdios. Para tanto, é prudente apreciar o que já se conquistou: do simples agrupar-se em bando primitivo à complexa convivência na sociedade contemporânea; do manuseio do fogo pré-histórico à combustão que impulsiona os meios de transporte atuais; da formação rudimentar da comunicação ao moderno e sofisticado sistema de informações online; da imagem animalesca natural que o precedeu à escultural silhueta, deliberadamente manipulada e tão avidamente perseguida; ou, resumidamente, do sonho à realização de tudo quanto lhe foi possível empreender. Ele pode bem mais, todavia não acredita, porquanto não ousa pensar a respeito. Pois, a partir do momento em que investir em impensados terrenos, ali certamente lhe renderão novos e interessantes resultados. Assim procede-se desde o advento dos primeiros traços da inteligência.

E

Logo, à exceção dos recursos naturais, todo o resto foi inventado para fins da adaptação humana (e, também, atender à obsessão pelo conforto que, hoje, faz adoecer pela acomodação física, intelectual e espiritual), obedecendo às informações genéticas que, sempre, impuseram a sobrevivência, o aperfeiçoamento e a continuidade transmitida às gerações posteriores. Emerge, portanto, a perspectiva de que o homem possui imenso poder de criação. Embora soe óbvia tal afirmação, ela é desconhecida ou duvidosa para grossa parte da população, haja vista poucos se darem conta de que carregam consigo tamanha capacidade criadora. Ela, ainda, permanece no campo do mistério. Muito do que se concretiza, ainda, diz respeito aos desejos inconsequentes, sem a devida consciência daquilo que deve ser ambicionado, e do correspondente e necessário grau de empenho e persistência, levando muitos a desistir das suas

realizações. De um lado, há desejos concretizados inadequadamente, e, de outro, existem aqueles que são abandonados durante a sua própria gestação.

A questão, contudo, não se encerra. Deve-se considerar, ainda, que as invenções geradas pelo homem podem ruir de modo igualmente poderoso, deixando-o à mercê do fracasso – ainda que possa recuperar-se posteriormente e prosseguir a sua jornada. Refiro-me ao fato de as invenções serem, apenas, efeitos causados pelas ideias humanas, e, como tal, serem frágeis, pois elas são sólidas só na aparência. Basta analisar a falta de controle existente nas sociedades ao redor do mundo, a corrupção alastrada e a violência (maneira pela qual se expressa o nosso lado primitivo, ainda, muito presente) atestam,

facilmente, tal descontrole e a pretensa solidez (além da infantilidade na escala evolutiva). Tal autoengano é necessário em razão da esperança depositada na ordem das coisas. Do contrário, perder-se-ia a fé e o rumo. Apegamo-nos, vigorosamente, ao jogo tecido pela teia da autoilusão. No entanto, os exageros voltados ao conforto egoísta têm se sobrepujado às necessidades comunitárias, dificultando, exageradamente, a manutenção das conquistas inventadas. Ou seja, muito desejo tanto egoísta quanto inconsequente produziu-se nos últimos tempos, levando, doentiamente, o convívio social ao sufocamento.

Entretanto, só o homem, inventor da atual situação, pode modificar o cenário. Mas é preciso convencer-se disso primeiramente,

pois, infelizmente, os poucos desejos de transformação favorável, percebidos por hora, são abortados pela descrença que se instalou ferozmente através de outros tantos inconsequentes. Reflexão, consciência e ação podem mudar, profundamente, o que se tem em mira. Eis o poder de criação do homem, que só pode ser percebido mediante o testemunho consciente do seu autor.*Armando Corrêa de Siqueira Neto é psicólogo (CRP 06/69637), palestrante, professor e mestre em Liderança. Coautor dos livros Gigantes da Motivação, Gigantes da Liderança e Educação 2006. E-mail: [email protected] ?

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Ontem e Amanhã Ontem e Amanhã “Só existem dois dias do ano sobre os quais nada pode ser feito: um deles se chama ontem;

o outro, amanhã. Portanto, hoje é o dia certo para você amar, sonhar, ousar, produzir e, acima de tudo, acreditar ...”Dalai Lama

Hoje vou apagar do meu calendário dois dias: Ontem e Amanhã! Ontem foi para aprender! Amanhã será uma consequência do que posso fazer hoje. Hoje enfrentarei a vida com a convicção de que este dia nunca mais retornará.

Hoje é a última oportunidade que tenho de viver intensamente, já que ninguém me assegura que amanhã verei o amanhecer. Hoje terei coragem para não deixar passar as oportunidades que se apresentam, que são as minhas chances de triunfar! Hoje aplicarei a minha riqueza mais apreciada: O meu tempo! Meu trabalho mais transcendental: A minha vida!

Passarei cada minuto apaixonadamente para transformar este dia num único e no melhor dia da minha vida! Hoje vencerei cada obstáculo que surgir no meu caminho acreditando que vencerei!

Hoje resistirei ao pessimismo e conquistarei o mundo com um sorriso, com uma atitude positiva, esperando sempre o melhor! Hoje farei de cada humilde tarefa uma sublime expressão!

Hoje terei meus pés sobre a terra compreendendo a realidade! E as estrelas cintilarão para inaugurar o meu futuro.Hoje usarei o meu tempo para ser feliz! Deixarei as minhas pegadas e a minha presença nos corações queridos!Venha viver comigo uma nova estação onde sonharemos que tudo a que nos propomos pode ser possível! E

ousaremos brindar a próxima manhã com a certeza de um dia melhor. ?a b

a Eventos CulturaisEventos Culturais b Vem aí o XV Encontro Nacional da Cultura Maçônica. De 8 a 10 de abril, em Brasília. Esse evento tem o apoio cultural da Revista Arte Real.

a Arte Real – Edições AnterioresArte Real – Edições Anteriores b As edições anteriores se encontram disponíveis para download em vários sites maçônicos e, também, no site www.entreirmaos.net

a brte Real é uma Revista maçônica virtual, de publicação mensal, fundada em 24 de fevereiro de 2007, com registro na ABIM – Associação Brasileira de Imprensa Maçônica – 005-JV, que se apresenta como mais um canal de

informação, integração e incentivo à cultura maçônica, sendo distribuída, diretamente, via Internet, para 14.158 e-mails de Irmãos de todo o Brasil e, também, do exterior, além de uma vasta redistribuição em listas de discussões, sites maçônicos e listas particulares de nossos leitores. Sentimo-nos muitíssimo honrados em poder contribuir, de forma muito positiva, com a cultura maçônica, incentivando o estudo e a pesquisa no seio das Lojas e fazendo muitos Irmãos repensarem quanto à importância do momento a que chamamos de “¼ de Hora de Estudos”. Obrigado por prestigiar esse altruístico trabalho.

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Editor Responsável, Diagramação, Editoração Gráfica e Distribuição: Francisco Feitosa da Fonseca - M∴I∴ - 33ºRevisão Ortográfica: João Geraldo de Freitas Camanho - M∴I∴ − 33º Colaboradores nesta edição: Angelina Debesys – Antonio Castaño Ferreira – Armando Corrêa de Siqueira Neto - Getúlio Medeiros – José Inácio da Silva Filho – Noemy Martari e Silva Santos – Raimundo Rodrigues – Rui Ferreira da Silva

Empresas dos Irmãos Patrocinadores: Arte Real Software – Bisotto Imóveis - CH Dedetizadora – CONCIV - CFC Objetiva Auto Escola – Decisão Gestão Empresarial - Dirija Rent a Car – Empório Bacellar - Formadores de Opinião - Gráfica Everesty – Ideal Despachos Aduaneiros Ltda – Kit Market - López y López Advogados – Olheiros.com – Pousada Mantega - Qualizan – Reinaldo Carbonieri Eventos – Saneartec - Santana Pneus – Studio Allegro - Sysprodata.

Contatos: MSN - [email protected] E-mail – [email protected] Skype – francisco.feitosa.da.fonseca ( (35) 3331-1288 / 8806-7175

As edições anteriores estão disponíveis para download em vários sites maçônicos, assim como, em nosso Portal Entre Irmãos - http://www.entreirmaos.net ?

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