a casa do pai e o caminho até lá - augustus nicodemus (livreto)

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Exposição de Augustus Nicodemus sobre o caminho para a casa do Pai.

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  • A CASADO PAIE O CAMINHO

    AT L

    AUGUSTUS NICODEMUS

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    INTRODUO

    Por favor, abram suas Bblias em Joo 14 e dei-xem abertas. Leremos conforme avanarmos na exposio. Vamos ter uma palavra de orao.

    Senhor, abra nossos olhos para que pos-samos ver as maravilhas da tua Lei. Aju-da-nos a entender tudo o que tens ensi-nado nessa passagem. Aplica o ensino aos nossos coraes. Traz conforto aos que esto aqui hoje com coraes com pro-blemas e ajuda-nos a entender como essa esperana de ir para a casa do Pai pode ter impacto em nossas vidas hoje. Em nome de Jesus. Amm.

    Joo 14:1-14. Jesus disse estas palavras quando estava com os discpulos no cenculo, na noite que foi trado, como bem sabem. Mais cedo, ele entrara em Jerusalm como o to esperado rei dos

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    judeus, montado em um burrinho, para a festa da Pscoa. Isso est no captulo 12:12-19. Alguns gregos vieram v-lo durante a festa. Jesus agora sabia que chegara a hora dele sofrer e morrer pelo seu povo, ambos judeus e gentios. Ao mesmo tempo, os judeus, abaixo dos fariseus, escribas e do sumo sacerdote, aumentaram sua oposio a Jesus, recusando-se a acreditar nele como o Mes-sias, o Filho de Deus, apesar dos vrios sinais que ele havia feito.

    Jesus, ento, volta sua ateno para os discpulos, aqueles que creram e o seguiram. Ele os traz para o cenculo, onde comea a prepar-los para sua paixo e sua partida para o Pai. Ele os limpa, la-vando os ps deles; significando, claro, sua purifi-cao espiritual pelo sangue dele: 13:1-20. Ele separa o traidor do meio deles. Judas se vai, de-pois de Satans ter entrado nele: 13:21-30.

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    Ento, Jesus comea a dar instrues a seus disc-pulos sobre o que estaria para acontecer e as coi-sas que estavam por vir. E ele comea dizendo que est prestes a partir do meio deles e iria para onde no poderiam segui-lo. Apesar disso s vir a acontecer depois. Ele d um novo mandamento: Amar uns aos outros. Ento Pedro fica bastante perturbado por causa das palavras de Jesus, que ele iria embora. E fica ainda mais quando Jesus diz que Pedro o negaria, no menos que trs ve-zes aquela noite: 13:36-38.

    Tudo isso monta o palco para o conhecido dis-curso de Jesus sobre a casa do Pai e o caminho at l: captulo 14:1-14. O propsito prtico naquela noite era acalmar a ansiedade dos discpulos. Penso que a passagem pode ser dividida em cinco partes, se vocs me seguirem. Primeira parte, Je-sus diz para no se preocuparem. Isso apenas o verso 1. Segunda, ele d trs razes para isso (ver-sos 2 e 3). H muitas moradas na casa do Pai. Ele

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    est indo l para preparar um local para eles. E ele voltaria para busc-los e estar com eles para sempre. Agora, a terceira diviso: ele ensina o caminho para a casa do Pai. Isso est do verso 4 ao 6. Quarta, ele diz que eles podem alegrar-se com o Pai aqui e agora, antes de irem para a casa do Pai pela f nele, Jesus (versos 7-11). E final-mente, alm de conhecer o Pai, aqui e agora, eles seriam capazes de continuar o ministrio de Jesus pela f nele (versos 12-14). Ento vamos tentar desempacotar cada uma dessas partes para vocs agora.

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    1) JESUS DIZ PARA NO SE PREOCUPAREM

    Nmero 1: Jesus diz para no se preocuparem. Vamos ler o verso 1: "No se turbe o vosso cora-o; credes em Deus, crede tambm em mim." Mesmo Jesus estando perturbado, assim como lemos no captulo 12, verso 27, ele continuava preocupado em consolar seus amigos perturba-dos. E isso mostra o corao do nosso Salvador. Mesmo no meio de suas provaes, ele foi atenci-oso e cuidou dos que eram seus.

    A razo para Jesus dizer "No se turbe vosso co-rao", ele disse isso porque eles estavam tristes e perplexos com duas coisas que Jesus acabara de dizer nos versculos anteriores.

    Primeiro, ele os deixaria e iria para um lugar onde no poderiam encontr-lo. Jesus estava se refe-rindo a sua morte iminente. Eles ainda no ti-

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    nham entendido isso, mesmo assim estavam tris-tes com a ideia que Jesus iria deix-los e eles no seriam capazes de ach-lo. Eles no estavam so-mente tristes, mas confusos e perplexos. Como a sua partida se encaixava com a expectativa de que ele era aquele que traria o to esperado Reino de Deus?

    A segunda razo pela qual estavam preocupados era a afirmao que Pedro o negaria no menos que trs vezes. No difcil de imaginar a agita-o nos seus coraes, a vergonha, o medo.

    por isso que Jesus diz primeiro: "No se turbe o vosso corao"; e, da, ele coloca numa forma po-sitiva: "Credes em Deus, crede tambm em mim" (verso 1). Vocs sabem que h vrias formas de traduzir esses verbos. No posso entrar na dis-cusso aqui. Eu assumirei a posio que se encai-xa melhor no contexto: isto , que os dois verbos

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    esto no imperativo. Credes em Deus, credes em mim.

    O significado do que Jesus est dizendo aqui, aparenta ser este: "Crer nele", quero dizer, "crer em Deus e nele, Jesus Cristo" preveniria os disc-pulos de estarem preocupados com a expectativa da partida iminente de Jesus e a negao de Pe-dro. Deveriam crer nele, assim como creem no Pai, porque Jesus e o Pai so um. Isso quer dizer que, como Deus, Jesus nunca os deixaria sozinhos para sempre, nem abandonaria Pedro aps sua queda. Ento, esse o mandamento que ele d para eles.

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    2) RAZES PARA NO SE PREOCUPAREM

    Nmero 2: as razes que Jesus d para eles no ficarem preocupados. Ento iremos para os ver-sos 2 e 3. Ire ler: "Na casa de meu Pai h muitos quartos se no fosse assim, eu vo-lo teria dito: Vou preparar-vos lugar? E se eu for, e vos prepa-rar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vs tambm.

    H aqui basicamente 3 razes para os discpulos terem paz em meio perplexidade. Primeira: H muitos quartos na casa do seu Pai. Isso o que Jesus diz no verso 2: "Na casa de meu Pai h mui-tas moradas". Segunda, ele iria l para preparar um local para eles. No verso 2, ele diz: "vou pre-parar-vos lugar". Ento, nmero 3: ele voltaria para eles e estariam juntos com ele para sempre. Isso est no verso 3: "virei outra vez, e vos levarei

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    para mim mesmo, para que onde eu estiver este-jais vs tambm."

    Agora vamos olhar para a primeira razo: por que eles no deveriam se preocupar. A razo : "Na casa do meu Pai h muitas moradas." Nesta pas-sagem, so estes dois pontos que precisam de uma explicao: primeiro, o que a casa do Pai e, segundo, qual o significado das muitas moradas.

    Acredito que a melhor interpretao para os dois pontos e a passagem seja esta: Jesus est dizendo que depois da sua morte e ressurreio, ele ir para o Paraso. O local onde o Pai est, o local da sua habitao. Jesus chama de casa do Pai, no somente para confortar os discpulos com uma metfora aconchegante, mas talvez em contraste com o templo de Jerusalm, a casa terrena de Deus, da qual os discpulos seriam logo expulsos.

    As muitas moradas na casa do Pai, simplesmente significa que h l espao suficiente para eles e

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    para todos aqueles que vissem depois. Por exem-plo, aqueles gregos que queriam ver Jesus, e todos os outros gentios e judeus que creriam depois; e at mesmo ns.

    A segunda razo, para eles no deixarem seus co-raes se preocuparem que Jesus diz que vai preparar um local para eles. E no verso 2, "vou preparar-vos lugar". E o comeo do verso 3, "E, quando eu for e vos preparar lugar". E obviamen-te o ponto aqui : qual essa preparao?

    No devemos imaginar que o Senhor Jesus Cristo est de certa forma construindo casas e manses para ns no cu. Ele no est nem sequer melho-rando ou reparando o que estava pronto desde a fundao do mundo. Na verdade, ele diz no evangelho de Mateus, para aqueles que sero sal-vos: "Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na pos-se do reino que vos est preparado desde a funda-o do mundo." E em Hebreus, ele diz, em refe-

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    rncia ao descanso de Deus: Suas obras estavam terminadas desde a fundao do mundo.

    Ento, o que essa preparao? Eu acredito que a morte e a ressurreio de Cristo seriam a prepa-rao em si mesmas. Ele iria preparar morada para eles e para ns justamente por ir para l atravs da sua morte e ressurreio. As moradas esto prontas, mas ns no estamos prontos para entrar. Jesus prepara um lugar para ns ao mor-rer na cruz por nossos pecados. Ele abre o cami-nho para a casa do Pai. E se no fosse assim. Ele teria dito.

    Portanto, o que aparentava, a primeira vista, ser uma causa para agitao em seus coraes era, na verdade, o oposto. Era motivo de alegria, espe-rana e conforto. Sua partida era necessria para nossa entrada na casa do Pai.

    A terceira razo que Jesus lhes d para no se preocuparem esta: depois de ter preparado um

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    quarto para eles, ele voltaria para receb-los, e eles estariam com ele para sempre. Isso o que ele diz no verso 3, que lerei novamente. "E se eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos le-varei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vs tambm."

    Existem vrios pontos neste texto que demandam ateno, em especial estes dois: Quando Jesus voltaria para lev-los? Segundo, o que ele quer dizer que eles ficariam juntos para sempre?

    Vamos olhar para o primeiro: quando Jesus vol-taria de acordo com o verso 3? Como sabem, tm-se dado diferentes interpretaes para essa questo. Alguns diriam que Jesus voltaria depois da ressurreio. Outros, que ele viria pelo Espri-to no dia de Pentecostes e j est conosco at o presente dia. Outros diriam que Jesus vir a ns quando morrermos, como veio at Estevo quan-do ele foi apedrejado pelos judeus. Outros dizem

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    que Jesus est falando da segunda vinda. E outros dizem que essa declarao foi deixada em aberto intencionalmente para poder acomodar todas essas possibilidade.

    Acho que a melhor interpretao que Jesus est se referindo a sua segunda vinda. claro que isso no exclui as outras vindas porque a ideia de Je-sus vir aos seus discpulos ocorre vrias vezes em Joo com todos esses sentidos. Mas a ideia da segunda vinda se encaixa melhor no contexto de: "Eu voltarei da casa do meu Pai, eu os levarei co-migo e ns estaremos juntos para sempre."

    Em outras palavras, Jesus estava dizendo: "No se turbe o vosso corao, eu morrerei, sim, mas eu viverei novamente, eu irei para o cu, e ento eu voltarei pblica e abertamente, diante dos olhos do mundo todo para lev-los para ficarem comigo para sempre. Eu acho que essa a melhor expli-cao do texto.

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    Agora, isso levanta a questo e tambm uma questo aqui, nessa parte. Onde exatamente eles estariam juntos para sempre depois da volta de Jesus? Conforme lemos no texto, fica claro que da casa do Pai que Jesus voltaria e iria receb-los. E l, seguindo o fluxo do texto, que eles estari-am para sempre.

    Note que Jesus diz: "Eu voltarei e os levarei para mim mesmo". John Piper tem um sermo muito bom sobre isso, no qual ele demonstra que Jesus no est preocupado com um lugar, ele est preo-cupado com sua pessoa. Ele est vindo para bus-c-los para si mesmo, para si mesmo. Ento, no fim, o texto sobre estar com Jesus.

    No verso 2, fica claro que a casa do Pai o cu, o local de habitao de Deus. Porm sabemos que o cu no nosso destino final; no iremos conti-nuar no cu para sempre; um estado intermedi-rio. Agora, no verso 3, Jesus parece expandir o

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    significado da casa do Pai para incluir o novo rei-no o novo mundo que ele vai trazer na sua volta, no qual ele, ento, permaneceria para sempre com o seu povo e o paraso continuaria na terra.

    A casa do Pai, colocando em outras palavras, pa-rece ser o reino de Deus tanto o paraso depois da morte quanto o novo cu e a nova terra onde es-taremos com Jesus para sempre e o que junta es-ses dois estgios que Jesus estar l. A sua pre-sena a essncia do Reino onde quer que consi-deremos.

    O que John Piper e Don Carson disseram sobre profecias serem como ver duas ou trs montanhas em uma, eu tenho que dizer que a mesma coisa aqui. Quando Jesus fala da casa do Pai, ele tem em mente no s o cu para onde iria depois da sua morte e ressurreio e para onde vamos de-pois de morrermos, mas tambm o novo cu e a

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    nova terra, que , de certa forma, uma continua-o do cu.

    Ento dessa forma que Jesus conforta o corao dos discpulos apontado para o reino no qual en-traremos depois de morrer e onde viveremos para sempre.

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    3) O CAMINHO PARA A CASA DO PAI

    Vamos para a diviso nmero 3, quando Jesus explica para eles o caminho para a casa do Pai. Versos 4 a 7, que lerei agora. "E vs sabeis para onde vou, Disse-lhe Tom: 'Senhor, ns no sa-bemos para onde vais; como podemos saber o caminho?' Disse-lhe Jesus: 'Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ningum vem ao Pai, seno por mim. Se vs me conhecsseis a mim, tambm co-nhecereis a meu Pai; e j desde agora o conhe-ceis, e o tendes visto.'"

    No comeo, Jesus parece assumir que os discpu-los sabiam do que estava falando, isto , o cami-nho para onde ele estava indo; no verso 4: "Vs sabeis para onde vou". fcil entender porque Jesus disse isso. Jesus esteve lhes ensinando por trs anos acerca do reino de Deus, sua unidade com o Pai e a necessidade de se crer nele para ter

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    vida eterna. Naquele ponto, eles deveriam ter pe-lo menos uma pista do que Jesus dizia.

    A reao de Tom, entretanto, parece demons-trar que os discpulos no estavam bem certos sobre o que Jesus estava dizendo. Verso 5: Tom, falando pelos outros, declara abertamente que eles no sabiam para onde Jesus iria e, portanto, no tinham ideia de como chegar l.

    No devemos pensar que Jesus cometeu um erro em sua avaliao do nvel de entendimento dos discpulos. Lembre-se que os discpulos so con-sistentemente retratados nesse evangelho como tardios em entendimento e frequentemente in-terpretam mal as palavras de Jesus.

    O que Jesus provavelmente queria era provocar o que viria a seguir, quando ento apresenta a si mesmo como o caminho para a casa do Pai. Ver-so 6: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ningum vem ao Pai seno por mim." No so-

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    mente ele iriar casa do Pai para preparar mora-da, mas ele prprio era o caminho para l, o nico caminho pelo qual os discpulos poderiam ir, para a casa do Pai.

    E no somente isso, mas por ser o caminho, ele tambm a verdade e a vida. A verdade porque ele era a perfeita revelao de Deus de como um mundo cado poderia se achegar a Deus; e a vida porque somente nele o mundo poderia encontrar vida, e vida eterna. Isso so duas coisas que ocor-rem frequentemente no evangelho de Joo.

    Esse tambm o motivo dele ter dito que nin-gum vem ao Pai seno por ele. Ele era o cordeiro de Deus que tiraria o pecado do mundo; ningum mais fez a mesma coisa. Ele daria sua carne por comida e sangue por bebida pela vida do seu po-vo. Essa a razo para ele ser o caminho, a verda-de e a vida.

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    Se os discpulos tivessem realmente entendido quem Jesus era eles j saberiam que ele era o ca-minho para o Pai e para a casa do Pai, como ele diz no verso 7: "Se vs me conhecsseis a mim, tambm conhecereis a meu Pai".

    Existe uma repreenso aqui, mesmo que leve. Eles deveriam saber at aquele momento no so-mente que Jesus era o Messias, o Filho de Deus, mas que Jesus era a perfeita revelao de Deus; sim, ele era o prprio Deus. Ver Jesus, ento, era o mesmo que ver Deus. Portanto, crer, conhecer e ver Jesus era realmente crer, conhecer e vir a Deus e sua casa. Jesus o caminho para l. Ele o caminho para o Pai.

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    4) ALEGRANDO-SE NO PAI AQUI E AGORA

    Agora, deixe-me passar para a quarta diviso. Je-sus declara que eles, de fato, podem ver e conhe-cer o Pai no mundo atual antes de serem levados por Jesus para a casa do Pai e a si mesmo. Versos 8-11: "Disse-lhe Filipe: 'Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta'. Disse-lhe Jesus: 'Estou h tanto tempo convosco, e no me tendes conheci-do, Filipe? Quem me v a mim v o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? No crs tu que eu estou no Pai, e que o Pai est em mim? As pala-vras que eu vos digo no as digo de mim mesmo, mas o Pai, que est em mim, quem faz as obras. Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim; cre-de-me, ao menos, por causa das mesmas obras.'"

    A sesso comea com um pedido de Filipe no verso 8: "mostra-nos o Pai, e isso nos basta". Fili-pe parece estar pedindo um tipo de viso de Deus

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    assim como Moiss pediu no passado no livro do xodo 33. Moiss disse a Deus: "Por favor, mos-tra-me tua glria". Aparentemente, Filipe queria a mesma coisa. Para ele, se Deus simplesmente aparecesse, a questo estaria encerrada; no seria necessria nenhuma explicao a mais; tudo seria claro como gua e isso seria suficiente para enca-rarem os problemas, a vergonha e o medo que viriam "Mostra-me Deus. Eu quero uma viso de Deus."

    Seu pedido foi provocado provavelmente pelo que Jesus disse no verso 7 quando ele diz que v-lo, ou melhor, quando ele diz que "desde agora o conheceis e o tendes visto". Quando Jesus diz "desde agora", ele provavelmente est se referindo aps sua morte e ressurreio.

    Filipe diz, quando Jesus afirma "vocs o vero": "bem, disso que falo; vamos l e nos mostre o Pai e isso suficiente". Jesus responde, no verso 9,

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    que o encontro com Deus que Filipe est pedindo j estava acontecendo por trs anos. Verso 9: "es-tou h tanto tempo convosco, e no me tendes conhecido, Filipe? Quem me v a mim v o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?"

    Como possvel que depois de todo aquele tem-po Filipe e os outros ainda no tenham entendido que Jesus era Deus e que v-lo era ver Deus. O tempo todo, Deus estava l ao lado deles. Eles tocaram, falaram, comeram com Deus e andaram milhas e milhas ao lado dele.

    Aparentemente, Filipe e os outros no tiveram falta de f em Deus e Jesus; eles tiveram falta de compreenso da divindade de Deus e que ele era a imagem do Deus invisvel, o resplendor da gl-ria de Deus e a exata expresso do seu ser. Como Jesus disse na primeira parte do verso 10 e do verso 11, tambm.

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    Jesus, ento, pede a eles, no somente a Filipe, acreditarem que ele est no Pai, e o Pai est nele por dois motivos: Primeiro: as palavras que ele falou, palavras que vieram do Pai; um argumento que ele usou antes com os judeus. E no verso 10, ele diz: "Estou no Pai e o Pai est em mim, as pa-lavras que vos digo, no digo em minha autorida-de, mas o Pai que habita em mim quem faz as obras." O que Jesus queria deles era que acredi-tassem nele por causa das palavras que ele falava, porque essas palavras vem do Pai.

    Porm, no apenas palavras, Jesus queria que acreditassem por causa das obras. As obras de Deus feitas atravs dele, verso 11, quando ele diz: "Crede-me que estou no Pai, e o Pai, em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras".

    Por obras, sem dvida alguma, Jesus refere aos sinais e milagres. Existiam evidncias suficientes que Deus estava nele, por exemplo: andar sobre

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    as guas, multiplicar pes e peixes, transformar gua em vinho, ressuscitar os mortos. claro que a palavra obras pode incluir mais que os sinais, pode tambm significar os atos de amor, minist-rio e atitude de Jesus que somente podem ser ex-plicadas se Deus estivesse nele.

    Se eles acreditassem baseados naquelas palavras que Jesus estava em Deus e Deus nele, eles veriam o Pai, aqui e agora, mesmo antes de irem para sua casa. Que conforto para coraes preocupados.

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    5) CONTINUANDO O MINISTRIO DE JESUS

    E agora minha ltima diviso. ltima, porm no menos importante e surpreendente. Jesus diz que aqueles que acreditarem nele poderiam fazer as mesmas obras que ele fez e, de fato, obras ainda maiores.

    Versos 12-14: "Na verdade, na verdade vos digo que aquele que cr em mim tambm far as obras que eu fao, e as far maiores do que estas, por-que eu vou para meu Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glori-ficado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei."

    Vamos parar um pouco e lembrar qual o objeti-vo principal desta passagem. Jesus est tentando acalmar a agitao no corao dos seus discpulos, ele disse que prepararia um lugar para eles na casa

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    de seu Pai, onde h quartos suficientes para eles e outros. Ele disse que voltaria para lev-los e estar com eles para sempre. Disse tambm que poderi-am conhecer e ver o Pai pela f nele, Jesus, aqui e agora. E agora ele diz que pela f nele, eles pode-riam continuar seu ministrio depois que ele fos-se para o Pai. E que grande conforto, no mes-mo? De um corao preocupado no presente para um futuro confiante onde eles continuariam a obra do mestre.

    Existem vrios pontos a serem destacados nesta passagem fantstica, mas me manterei aos que parecem ser os dois principais.

    Primeiro, qual so as obras que Jesus est falan-do? Verso 12. "Em verdade, em verdade vos digo que aquele que cr em mim far tambm as obras que eu fao e outras maiores far." O que ele quer dizer com isso?

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    Como dissemos antes no h dvidas que mila-gres e sinais esto em vista aqui. No devemos tentar excluir esse sentido por causa de uma posi-o teolgica, que no permite sinais de qualquer tipo nos dias de hoje; nem por causa da forma errada que essa passagem vem sendo usada por falsos mestres e profetas nos dias de hoje.

    Ao mesmo tempo, devemos considerar que sinais so s uma parte do todo, a expresso "obras" mais abrangente que "sinais" no evangelho de Jo-o. Obras tambm podem incluir, como mencio-nei antes, o que Jesus fez: pregar, ensinar, minis-trar aos pobres e, claro, fazer milagres se for da vontade de Deus. E tudo isso, perceba, seria feito apenas pelos 12, mas por todos que crerem nele.

    Segundo, em que sentido as obras daqueles que crerem nele seriam maiores? claro que a inter-pretao mais conhecida e popular dessa passa-gem que cristos que tenham f suficiente so

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    capazes de fazer milagres maiores que Jesus fez. Essa uma interpretao bastante difundida des-sa passagem, pelo menos na Amrica Latina e Brasil, onde as igrejas pentecostais e neopentecos-tais superam numericamente as reformadas e his-tricas. Mesmo que seja fcil lhes mostrar que ningum est fazendo milagres hoje que sequer cheguem perto de andar sobre as guas, multipli-car po e peixe e ressuscitar um homem que este-ve morto por quatro dias, ainda assim, essa inter-pretao no decresce nesses crculos.

    Eu acho que a chave para entender o que Jesus quis dizer pode ser achada primeiro na razo que ele deu ao seus discpulos e na promessa que ele fez tendo em vista essas palavras.

    Primeiro, a razo que poderiam fazer as mesmas obras, e maiores, que ele fez, era que ele iria para o Pai. Verso 12: "Em verdade, em verdade vos digo que aquele que cr em mim far tambm as

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    obras que eu fao e outras maiores far, porque eu vou para junto do Pai." Sua ida ao Pai significa sua exaltao e inaugurao da nova era marcada pelo derramamento do Esprito Santo. Porque em termos do cumprimento e da sequncia hist-rica e redentiva os tempos seriam melhores de-pois da morte, ressurreio e exaltao de Jesus, as obras feitas pelos discpulos, aps esses even-tos, tambm seriam maiores, no necessariamen-te em nmero, extenso e poder, mas primaria-mente pelo carter histrico da salvao.

    Nas palavras de Don Carson, no seu comentrio sobre Joo: "Os sinais teriam um sentido mais claro e alcanariam o sentido total. Tudo agora seria feito com vista na morte e ressurreio de Cristo". por isso que seriam maiores.

    Agora a promessa que ele fez. Ele disse que res-ponderia suas oraes em seu nome, tudo o que pedissem para a glria do Pai. Verso 13: "E tudo

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    quanto pedirdes em meu nome eu o farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pe-dirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei."

    Devemos notar que essa promessa no um che-que em branco para voc preencher com tudo que quiser. Esta promessa foi dada no contexto da outra promessa de fazer as obras de Jesus. O que ele quer dizer aqui que no processo de fazer es-sas obras, ele estaria pronto para responder nos-sas oraes de ser como ele, de ter poder para fa-zer suas obras, de ministrar s pessoas, de anun-ciar o evangelho, de ter compaixo com o pobre.

    Ento voc no deve tirar essa promessa e isol-la do contexto. uma promessa relacionada a outra sobre as obras maiores, significando um minist-rio no qual, claro, o supernatural pode ocorrer, mas direcionado a abenoar outras pessoas pre-gando e ensinando.

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    Quando colocamos essas coisas juntas, o que te-mos isso: Jesus continuaria a fazer sua obra de-pois de voltar ao Pai para ser glorificado e ele usa-ria os discpulos para continuar suas obras. O que ele fez depois da sua morte e ressurreio con-siderado, naquela introduo do livro de Atos, como o comeo de suas obras; com uma clara im-plicao que os atos dos apstolos foram o que Jesus continuou a fazer atravs deles, depois da ressurreio. Ele mandaria o Esprito para vir so-bre eles com poder para aquele propsito.

    Ento as obras dos seus discpulos seriam maio-res, porque eles fariam em um tempo melhor, um perodo mais glorioso na nova era que teve seu alvorecer com a ressurreio do Senhor. claro que eles eram capazes de alcanar o mundo en-quanto o ministrio de Jesus era local. Eles trou-xeram um nmero maior de pessoas para o reino, como Pedro no dia de Pentecostes. Pedro pregou um sermo e 3000 pessoas foram salvas. Hoje

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    ns pregamos 3000 sermes e uma pessoa salva. Tem algo errado. Tem algo errado. E claro, eles fizeram sinais e maravilhas, e Deus pode fazer o mesmo hoje se desejar, mas a promessa est rela-cionada a continuao do ministrio de Jesus.

    Em outras palavras, eles experimentariam no mundo presente, pela f em Jesus, os poderes do mundo porvir. Fazer as obras de Deus no presen-te seria um grande conforto e garantia que Jesus voltaria para ficarem com ele para sempre na casa do Pai.

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    APLICAES

    Agora, permitam-me, no pouco tempo que me resta, analisar as implicaes dessa passagem para alguns assuntos atuais e vou apenas mencion-los, no tenho tempo para desenvolv-los.

    Qual a implicao dessa passagem para os tempos difceis que a igreja tem passado ao re-dor do mundo e em alguns pases? E particu-larmente eu estou pensando em perseguies que esto vindo sobre nossos irmos e irms em al-gum lugar do mundo.

    Eu acho que no deveramos nos envergonhar de confortar nossos coraes e os coraes daqueles em perseguio e muitas provaes com a espe-rana que Jesus oferece aqui. Ele aponta para o futuro: "No se turbe vosso corao"; ento ele aponta para a casa do Pai.

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    Sei que alguns querem que nos sintamos mal ao dizer que religio o pio do povo Karl Marx tinha o cristianismo em mente e nossa esperana escatolgica ao dizer isso. Dizem que apontar para o futuro como a esperana definitiva dos cristos tende a fazer-nos esquecer do mundo presente e a sua necessidade. Eles dizem que se voc tiver sua mente nas nuvens, voc esquece que seus ps esto na terra.

    Ento, temos sido criticados, e algumas vezes com corretamente, porque colocamos nossa espe-rana no futuro, e ento esquecemos que temos que fazer algo aqui e agora. Apesar do fato disso ser verdade em alguns lugares e tempos da hist-ria, no devemos nos envergonhar de dizer que, apesar disso, apesar desses erros, a esperana do cristo a esperana abenoada do novo cu e da nova terra. Nossa esperana no est aqui, no daqui que obteremos nosso conforto. No h ra-zo aqui poderosa o suficiente para acalmar a an-

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    gstia do nosso corao. A esperana que nos dada na Bblia, a esperana escatolgica, o rei-no do porvir de Deus, que comea no presente, mas vem em sua totalidade no futuro.

    Qual a implicao desse texto para o papel da igreja na reconstruo poltica e social, por exemplo? O texto nos mostra que a forma como os discpulos de Jesus impactaram o mundo fa-zendo suas obras, e obras maiores, aqui e agora, e, como mencionamos, inclui atos de compaixo e amor por aqueles que sofrem porm mais certa-mente, como Jesus fez, chamar pecadores, gran-des e pequenos, a se arrependerem de seus peca-dos e crerem em Jesus para ter a vida eterna.

    Eu tenho dificuldade para entender como peca-dores no arrependidos podem ser reconstrudos. Eu acredito na graa comum, mas ns sabemos que a graa comum no converte pecadores; o evangelho, sim.

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    Qual o impacto desse texto a respeito dos dons do Esprito nos dias de hoje? Eu acredito que esse texto nos ensina a admitir que Deus po-de operar milagres hoje, em resposta s oraes do seu povo, mas tambm nos ensina que sinais no devem ser nossa principal preocupao de forma alguma. Filipe queria ter uma viso imedia-ta de Deus, Jesus respondeu com a encarnao.

    Como este texto impacta a pergunta se h sal-vao em outras religies, se h salvao fora de Cristo, ou mesmo se todos sero salvos no final? Acho que a passagem nos d uma resposta inequvoca para todas essas perguntas: No! No h salvao fora do conhecimento de Cristo e f nele. E no. A casa do Pai s para aqueles que acreditam. que Jesus o filho de Deus nosso sal-vador. Algumas pessoas no acreditam, ento elas no estaro l.

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    E a respeito do debate escatolgico atual? Acho que o texto nos ensina que a essncia da nossa esperana escatolgica estar com Jesus para sempre. No importa se no milnio ou no. O ponto : nossa esperana a sua pessoa, a sua presena. Isso deveria moderar o tom das nossas discusses sobre escatologia e temperar com amor a forma como discordamos uns dos outros.

    E finalmente, qual o impacto agora deste tex-to para voc e para mim? Como voc sabe que tem uma chave para um dos quartos na casa do Pai? Vocs esto aqui nesta noite. Quero pergun-tar a vocs: Como voc sabe que tem uma chave l?

    Existe somente uma resposta de acordo com este texto. Eu vejo as obras que Jesus fez em mim? Jesus est hoje trabalhando atravs de mim e res-pondendo s minhas oraes? Eu vejo em mim as obras do Esprito, como amor e compaixo pelos

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    outros? Eu tenho um desejo de viver para sua gl-ria como Jesus viveu? Essa a nica forma de nos assegurar, que sim, eu conheo o caminho, a ver-dade e a vida e dentre aqueles vrios quartos na casa do Pai, a casa do Pai de Jesus, existe um para mim.

    Que o Senhor os abenoe com essa palavra hoje a noite, e que voc e eu estejamos prontos para fa-zer suas obras pela f, lembrando-nos que ele o caminho para a casa do Pai e essa a nossa espe-rana aqui e para sempre. Amm. Vamos orar.

    Senhor, por favor, aplica essa palavra a nossos coraes. Encha nossos coraes com a esperana de estar na casa do Pai e ento para sempre, quando Jesus voltar para nos levar para estar com ele para sempre. Senhor, abenoa aqueles que es-to em perseguio em algum lugar do mundo. So tantos. E mesmo que no se-

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    jamos to perseguidos como eles mesmo em nossos pases onde h liberdade de expresso e religio quando sofrermos, Senhor, lembra-nos que s somente tu que podes acalmar nosso corao angus-tiado. Que coloquemos nossa f e espe-rana em ti, sabemos que no h conforto neste mundo para nossos coraes angus-tiados. Senhor, ajuda-nos a estar dispon-veis a ti pela f para fazer as obras que quer que faamos. Trabalha atravs de ns grandes coisas; abenoa milhares e centenas de milhares de pessoas, Senhor, atravs da sua igreja, hoje, em vrios luga-res do mundo. E ensina-nos, Senhor, a andar de acordo com a tua vontade en-quanto esperamos o retorno de Jesus para nos levar para estar com ele para sempre. No nome dele oramos. Amm.

  • Pregado por Augustus Nicodemus Lopes

    na Conferncia The Gospel Coalition

    no dia 13 de abril de 2015.

  • 2015 The Gospel Coalition, Inc. Original: The Father's Home, and the Way There.

    Traduo: Matheus Fernandes. Reviso: Vin-cius Musselman Pimentel. 2015 Voltemos ao Evangelho. Todos os direitos reservados. Origi-nal: A casa do Pai e o caminho at l.

    Permisses: Voc est autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor, seu minist-rio e o tradutor, no altere o contedo original e no o utilize para fins comerciais.

    Augustus Nicodemus - A casa do Pai e o caminho ate ela 12x16Augustus Nicodemus - A casa do Pai e o caminho ate ela 12x16 (fr)Augustus Nicodemus - A casa do Pai e o caminho ate ela 12x16