teologia sistemática - augustus hopkins strong vol 1

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Teologia

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  • AUGUSTUS HOPKINS

    STRONG

    P r e f c i o d e R u s s e l l S h e d d

    AUGUSTUS

    HOPKINS STRONG

  • Nasceu em Nova York

    (Rochester), E.U.A., Em 1836.

    Homem de grande vigor

    intelectual, literato, filsofo e

    telogo, Strong cresceu e se

    formou dentro da Igreja

    Batista. Tal perfil se faz

    presente em sua obra, no de

    forma limitante, mas criativa e

    atenta s mudanas que

    fervilhavam em sua poca fin-

    de-sicle. Sua obra teolgica,

    prezando a reflexo teolgica

    qualificada e aprofundada mais

    que a quantidade, marcou toda

    uma gerao de estudantes do

    incio do sculo passado,

    inclusive no Brasil. Dentre suas

    obras, desponta a Systematic

    Theology, sua opus magnum.

    T E O L Q G I A

  • SISTEMATICA

    AUGUSTUS HOPKINS

    STRONG P r e f c i o d e R u s s e l l S h e d d

    A DOUTRINA DE DEUS

    Vol.

    I

    A NAGNOS

  • Copyright 2003 por Editora Hagnos

    Superviso Editorial

    Luiz Henrique Alves da Silva Rogrio de Lima Campos Silvestre M. de Lima Silvia Cappelletti

    Traduo Augusto Victorino

    Reviso Cludio J. A. Rodrigues

    Digitao de textos Regina de Moura Nogueira

    Capa Rogrio A. de Oliveira

    Layout e Arte Final Comp System

    Diagramao

    Pr. Regi no da Silva Noqueira Ccero J. da Silva

    Coordenador de Produo Mauro W. Tcrrcngui

    Ia edio - maro 2003 - 3000 exemplares

    Impresso e acabamento Imprensa da F

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Strong, Augustus Hopkins

    Teologia sistemtica/ Augustus Hopkins Strong ; prefcio de Russcll Shedd

    ; [traduo Augusto Victorino].

    - So Paulo : Hagnos, 2003.

    Ttulo original: Systcmatic theology Contedo: V.

    1. A doutrina de Deus

    1. Batistas - Doutrinas 2. Teologia doutrinai I. Shcdd,

    Russell. II. Ttulo.

    ISBN 85-89320-09-X

    03-0919 CDD-230

    ndices para catlogo sistemtico: 1. Teologia sistemtica : Religio 230

    Todos os direitos desta edio reservados EDITORA HAGNOS Rua Bclarmino Cardoso de

    Andrade, 108 So Paulo-SP- 04809-270 Tcl/Fax: (xxl 1) 5666 1969 e-mail: [email protected]

    www.hagnos.com.br

    PREFCIO

    Foi uma grande surpresa saber que a Teologia Sistemtica de Strong, aquela obra

    monumental de pensamento teolgico da minha juventude na Escola Graduada de Wheaton,

    bem como no Seminrio da F, estava sendo traduzida e editada em portugus. Confesso que

    mailto:[email protected]:[email protected]

  • no tenho lido muito desta teologia, to conhecida no mundo evanglico durante mais de cem

    anos. Mas descobri que uma vasta fonte de informao teolgica e bblica. No necessrio

    concordar com tudo que Strong escreveu para aproveitar a impressionante coletnea de

    ensinamentos e textos que o incansvel telogo ajuntou. Augustus Strong foi eleito presidente

    e professor de Teologia Bblica do Seminrio Teolgico de Rochester no estado de Nova

    Iorque em 1872. Ocupou estes dois cargos durante 40 anos, aps pastorear a Primeira Igreja

    Batista de Cleveland, estado de Ohio, por sete anos. No abandonou o esprito pastoral na

    torre de marfim do seminrio.

    A Teologia Sistemtica de Strong (primeira edio, 1886) encontra o seu centro em

    Cristo. Em suas palavras, A pessoa de Cristo foi o fio da meada que segui; sua divindade e

    sua expiao eram os dois focos da grande elipse (citado por W. R. Estep, Jr. na Enciclopdia

    Histrico Teolgica da Igreja Crist, ed. W. A. Elwell, Ed.Vida Nova, 1990, Vol. III, p.

    420).O leitor no precisa ler os dois volumes para perceber a riqueza de apoio bblico e

    teologia histrica. Entre os telogos mais destacados dos Batistas do Sul dos Estados Unidos,

    E. Y. Mullins e W. T. Conner receberam forte influncia de Strong Espero que o aparecimento

    desta Teologia Sistemtica seja bem recebido no Brasil. Deve ser um referencial para os que

    procuram uma ncora para sua f, mesmo que tenha sido escrita antes dos telogos liberais tais

    como Paul Tillich e Rudolf Bultmann.

    A Deus toda a glria! PR. DR. RUSSELL SHEDD

  • Jos dos Reis E-Books Digital

    Agradecemos a WAGNER EDUARDO DE LIMA, por quem se

    viabilizou editar esta.

    obra em lngua portuguesa.

    OS EDITORES

    PREFCIO DO AUTOR

    A presente obra uma reviso e ampliao da minha Systematic Theology,

    primeiramente publicada em 1886. Da obra original foram impressas sete edies,

    cada uma das quais incorporando sucessivas correes e supostos aprimoramentos.

    Durante os vinte anos que mediaram entre a primeira publicao, reuni muito

    material novo, que agora ofereo ao leitor. Meu ponto de vista filosfico e crtico

    nesse perodo tambm sofreu alguma mudana. Conquanto ainda eu sustente as

    doutrinas antigas, interpreto-as diferentemente e exponho-as com maior clareza,

    porque a mim me parece ter chegado a uma verdade fundamental que lana novas

    luzes sobre todas elas. Esta verdade tentei estabelecer em meu livro intitulado Christ

    in Creation, e delas fao referncias ao leitor para mais informaes.

    Que Cristo aquele nico Revelador de Deus, na natureza, na humanidade, na

    histria, na cincia, na Escritura, a meu juzo, a chave da teologia. Este ponto de

    vista implica uma concepo monstica e idealista do mundo, juntamente com uma

    idia evolutiva quanto sua origem e progresso. Mas o prprio antdoto do

    pantesmo que reconhece a evoluo como nico mtodo do Cristo transcendente e

    pessoal, que tudo em todos e que faz o universo teolgico e moral a partir do

    centro da sua circunferncia e desde o seu comeo at agora.

  • Nem a evoluo, nem a alta crtica tem algo de aterrador para aquele que as

    considera como parte do processo criador e educador da parte de Cristo. O mesmo

    Cristo em quem esto ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento

    fornece todas as salvaguardas e limitaes necessrias. To somente porque Cristo

    tem sido esquecido que a natureza e a lei tem sido personificada, e a histria tem

    sido considerada como um desenvolvimento sem propsito, que se tem feito

    referncia ao judasmo como tendo uma origem simplesmente humana, que se tem

    pensado que Paulo tirou a igreja do seu prprio curso mesmo antes de iniciar o seu

    prprio curso, que a superstio e iluso vieram a parecer o nico fundamento do

    sacrifcio dos mrtires e o triunfo das misses modernas. De modo nenhum creio

    numa evoluo irracional e atesta como esta. Contrariamente, creio naquele em

    quem consistem todas as coisas,

  • 8 Augustus Hopkins Strong

    que est com o seu povo at o fim do mundo e prometeu conduzi-lo em toda a verdade.

    A filosofia e a cincia so boas servas de Cristo, mas pobres guias quando rejeitam o Filho

    de Deus. Quando chego ao meu septuagsimo ano de vida e, no meu aniversrio escrevo estas

    palavras, sou grato por aquela experincia da unio com Cristo que me capacitou a ver na

    cincia e na filosofia o ensino do meu Senhor. Porm esta mesma experincia pessoal fez-me

    mais consciente do ensino de Cristo na Escritura, e fez-me reconhecer em Paulo e Joo uma

    verdade mais profunda do que a que foi descoberta por quaisquer escritores, uma verdade com

    relao ao pecado e a sua expiao e que satisfaz os mais profundos anseios da minha

    natureza e que por si mesma evidente e divina.

    Preocupam-me algumas tendncias teolgicas dos nossos dias, porque creio que elas so

    falsas tanto na cincia como na religio. Como homens que se sentem pecadores perdidos e

    que uma vez receberam o perdo do seu Senhor e Salvador crucificado podem da em diante

    rebaixar seus atributos, negar a sua divindade e expiao, arrancar da sua fronte a coroa do

    milagre e soberania, releg-lo ao lugar de um mestre simplesmente moral que nos influencia

    apenas como o fez Scrates com palavras proferidas atravs dos tempos, passa pela minha

    compreenso. Eis aqui o meu teste de ortodoxia: Dirigimos nossas oraes a Jesus?

    Invocamos o nome de Cristo como Estvo e toda a igreja primitiva? O nosso Senhor vivo

    onipresente, onisciente, onipotente? Ele divino s no sentido em que ns tambm o somos,

    ou ele o Filho unignito, Deus manifesto em carne, em quem habita corporalmente toda a

    plenitude da divindade? Que pensais vs de Cristo? esta ainda a pergunta crtica, e a

    ningum que, diante da evidncia que ele nos forneceu, se no pode responder corretamente,

    assiste o direito de chamar-se cristo.

    Sob a influncia de RitschI e seu relativismo kantiano, muitos dos nossos mestres e

    pregadores tm deslizado para negao prtica da divindade de Cristo e da sua expiao.

    Parece que estamos beira do precipcio de uma repetida falha unitria, que esfacelar as

    igrejas e compelir a cises, de maneira pior que a de Channing e Ware h um sculo. Os

    cristos americanos se recuperaram daquele desastre somente ao afirmar vigorosamente a

    autoridade de Cristo e a inspirao das Escrituras. Necessitamos de uma viso do Salvador

    como a que Paulo teve no caminho de Damasco e Joo na ilha de Patmos, para nos

    convencermos de que Jesus est acima do espao e do tempo, que a sua existncia antedata a

    criao, que ele conduziu a marcha da histria dos hebreus, que ele nasceu de uma virgem,

    sofreu na cruz, levantou-se dentre os mortos, e agora vive para sempre, Senhor do universo,

    o nico Deus com quem nos relacionamos, nosso Salvador aqui e Juiz no futuro. Sem haver

    avivamento nesta f nossas igrejas se tomaro secularizadas, a misso morrer, e o castial

    ser removido do seu lugar como ocorreu s sete igrejas da sia e como tem sido com as

    igrejas da Nova Inglaterra, que se apostataram.

    Imprimo esta edio revista e ampliada da minha Systematic Theology, na esperana de

    que a sua publicao possa fazer algo para refrear esta veloz mar que avana, e confirmar a

    f nos eleitos de Deus. No tenho dvida de que os cristos, em sua grande maioria, ainda

  • TEOLOGIA SISTEMTICA 9

    mantm a f que, de uma vez por todas foi entregue aos santos e que eles, cedo ou tarde, ho

    de separar-se daqueles que negam o Senhor que os comprou. Quando o inimigo entra como

    um dilvio, o Esprito do Senhor levanta o estandarte contra ele. preciso que eu faa a

    minha parte levantando tal estandarte. E preciso que eu conduza outros a reconhecer, como

    eu, a despeito das opinies arrogantes da moderna infidelidade, a minha firme crena,

    reforada somente pela experincia e reflexo de meio sculo nas velhas doutrinas da

    santidade como atributo fundamental de Deus, de uma transgresso e pecado de toda a raa

    humana, na preparao divina da histria hebria da redeno do homem, na divindade, na

    preexistncia, nascimento virginal, expiao vicria e ressurreio corporal do nosso Senhor

    Jesus Cristo, e na sua futura vinda para julgar os vivos e os mortos. Eu creio que estas so

    verdades da cincia assim como da revelao; que ainda se ver que o sobrenatural mais

    verdadeiramente natural; e que no o telogo de mente aberta, mas o cientista de mente

    estreita ser obrigado a esconder a sua cabea na vinda de Cristo.

    O presente volume, ao tratar do Monismo tico, da Inspirao, dos Atributos de Deus e da

    Trindade, contm um antdoto para a mais falsa doutrina que agora ameaa a segurana da

    igreja. Desejo agora chamar especialmente a ateno para o assunto Perfeio e os Atributos

    por ela envolvidos, porque eu creio que a recente fuso da Santidade com o Amor e a negao

    prtica de que essa Retido fundamental na natureza de Deus so responsveis pelos pontos

    de vista utilitrios da lei e os pontos de vista superficiais sobre o pecado que agora prevalecem

    em alguns sistemas de teologia. No pode haver nenhuma apropriada doutrina da retribuio,

    quando se recusa a sua preeminncia. O amor deve ter uma norma ou padro, e isto s pode

    ser encontrado na Santidade. A velha convico do pecado e do senso de culpa que conduz o

    pecador convicto cruz so inseparveis de uma firme crena no atributo de Deus

    logicamente auto-afirmante, anterior ao auto-comunicante e condicionado a ele. A teologia da

    nossa poca carece de um novo ponto de vista sobre o Justo. Tal ponto de vista esclarecer

    que deve haver uma reconciliao com Deus antes que o homem seja salvo, e que a

    conscincia humana seja apaziguada s na condio de que se faa uma propiciao Justia

    divina. Neste volume eu proponho o que considero a verdadeira Doutrina de Deus, porque

    nela deve basear-se tudo o que se segue nos volumes sobre a Doutrina do Homem e a da

    Salvao.

    A presena universal de Cristo, luz que ilumina a todo homem tanto em terras pags como

    crists, para dirigir ou governar todos os movimentos da mente humana, d-me a confiana de

    que os recentes ataques f crist fracassaro no seu propsito. Torna-se evidente, por fim,

    que no s atacam-se as obras primorosas, mas at mesmo a cidadela. Pede-se que se

    abandone toda a crena na revelao especial. Dizem que Jesus Cristo veio em carne exata-

    mente como qualquer um de ns, e ele era antes de Abrao seno s no mesmo sentido que

    ns somos. A experincia crist sabe como caraterizar tal doutrina to logo se estabelece de

    um modo claro. E a nova teologia entrar em voga possibilitando que at mesmo crentes

    comuns reconheam a heresia destrui- dora de almas mesmo sob a mscara de professa

  • 10 Augustus Hopkins Strong

    ortodoxia.

    No fao apologia alguma do elemento homiltico do meu livro. Para ser verdadeira ou

    til, a teologia deve ser uma paixo. Pectus est quocl teologum facit, e nenhum zombador que

    apregoa a Teologia Peitoral rae impedir de sustentar que os olhos do corao devem ser

    iluminados para perceber a verdade de Deus e qiie, para conhecer a verdade, necessrio

    pratic-la. A teologia uma cincia cujo cultivo pode ser bem sucedido somente em conexo

    com sua aplicao prtica. Por isso, em cada discusso dos seus princpios devo assinalar suas

    relaes com a experincia crist, e a sua fora para despertar emoes crists e levar a

    decises crists. Teologia abstrata, na verdade, no cientfica. S cientfica a teologia que

    traz o estudioso aos ps de Cristo. Eu anseio pelo dia em que, em nome de Jesus, todo joelho

    se dobre. Creio que, se cada um servir a Cristo, o Pai o honrar, e ele honrar o Pai. Eu mes-

    mo no me orgulharia de crer to pouco, mas sim de crer muito. F a medida com que Deus

    avalia o homem. Por que haveria de duvidar que Deus falou aos pais pelos profetas? Por que

    haveria de pensar que incrvel Deus ressuscitar os mortos? O que impossvel aos homens

    possvel a Deus. Quando o Filho do homem vier, porventura achar f na terra? Queira Deus

    que encontre f em ns, que professamos ser seus seguidores. Na convico de que as trevas

    presentes so apenas temporrias e que sero banidas por um glorioso alvorecer, ofereo ao

    pblico esta nova edio da minha Teologia rogando a Deus para que qualquer que seja a

    boa semente que frutifique e qualquer que seja a planta que o Pai no plantou que seja

    arrancada.

    ROCHESTER THEOLOGICAL SEMINARY

    ROCHESTER, N. Y., 3 de agosto de 1906.

  • SUMRIO

    PARTE I - PROLEGMENOS

    CAPTULO I - IDIA DE TEOLOGIA ................................................................................ 21

    I. Definio de Teologia ............................................................................................ 21

    II. Alvo da Teologia .................................................................................................. 22

    III. Possibilidade da Teologia ....................................................................................... 23

    1. Na existncia de um Deus que se relaciona com o universo ..................................... 23

    2. Na capacidade humana de conhecer Deus ............................................................... 26

    3. Na revelao do prprio Deus ................................................................................ 35

    IV. Necessidade da Teologia ........................................................................................ 41

    1. No instinto organizador da mente humana .............................................................. 41

    2. Na relao da verdade sistemtica com o desenvolvimento do carter ...................... 42

    3. Na importncia dos pontos de vista definidos e justos da doutrina crist

    para o pregador .......................................................................................................43

    4. Na ntima conexo entre a doutrina correta e o firme e agressivo poder

    da igreja ...................................................................................................................44

    5. Nas injunes diretas eindiretas da Escritura ..............................................................45

    V. Relao da Teologia coma Religio ...........................................................................46

    1. Derivao .................................................................................................................46

    2. Falsas Concepes ....................................................................................................47

    3. Idia Essencial ..........................................................................................................49

    4. Inferncias ...............................................................................................................50

    CAPTULO II - MATERIAL DA TEOLOGIA ........................................................................53

    I. Fontes da Teologia ....................................................................................................53

    1. A Escritura e a natureza ........................................................................................54

    2. A Escritura e oRacionalismo ...............................................................................59

    3. A Escritura e oMisticismo ....................................................................................61

    4. A Escritura e oRomanismo ...................................................................................64

    II. Limitaes da Teologia .............................................................................................66

    1. Na finitude do entendimento humano ........................................................................66

    2. No estado imperfeito da cincia natural e metafsica ..................................................67

    3. Na inadequao da lngua ..........................................................................................67

    4. No nosso conhecimento incompleto das Escrituras .....................................................68

    5. No silncio da revelao escrita .................................................................................68

    6. Na falta de discernimento espiritual causada pelo pecado ...........................................69

    III. Relaes do Material com o Progresso da Teologia ....................................................... 69

    1. impossvel um sistema perfeito de teologia........................................................ 69

    2. Apesar de tudo isso a teologia progressiva .......................................................... 70

    CAPTULO III - MTODO DA TEOLOGIA ...................................................................... 72

    I. Requisitos para o Estudo da Teologia ........................................................................... 72

  • 12 Augustus Hopkins Strong

    1. Uma mente disciplinada .......................................................................................... 72

    2. Um hbito mental intuitivo distinto de um outro simplesmente lgico .................... 73

    3. Conhecimento das cincias fsica, mental e moral .................................................. 73

    4. Conhecimento das lnguas originais da Bblia ........................................................ 74

    5. Afeio santa para com Deus ................................................................................... 75

    6. A influncia iluminadora do Esprito Santo ........................................................ 75

    II. Divises da Teologia.................................................................................................... 76

    III. Histria da Teologia Sistemtica .................................................................................. 80

    IV. Ordem de Tratamento na Teologia Sistemtica ............................................................. 88

    1. Vrios mtodos de ordenao dos tpicos de um sistema teolgico ........................... 88

    2. O mtodo sinttico ................................................................................................. 89

    PARTE II - A EXISTNCIA DE DEUS

    CAPTULO I - ORIGEM DA NOSSA IDIA DA EXISTNCIA DE DEUS............................ 93

    I. Primeiras Verdades em Geral ....................................................................................... 95

    1. Sua natureza............................................................................................................ 95

    2. Seus critrios........................................................................................................... 97

    II. A Existncia de Deus, uma Primeira Verdade ............................................................... 98

    III. Outras Supostas Fontes da Nossa Idia ...................................................................... 106

    IV. Contedo desta Intuio ............................................................................................ 113

    CAPTULO II - EVIDNCIAS CORROBORATIVAS DA EXISTNCIA DE

    DEUS ....................................................................................................................... 118

    I. Argumento Cosmolgico .......................................................................................... 120

    1. Defeitos do Argumento Cosmolgico.................................................................... 121

    II. Argumento Teleolgico.............................................................................................. 123

    1. Mais explicaes .................................................................................................. 124

    2. Defeitos do Argumento Teleolgico ...................................................................... 128

    III. Argumento Antropolgico......................................................................................... 131

    IV. Argumento Ontolgico.............................................................................................. 138

    1. De Samuel Clarke ............................................................................................... 138

    2. De Descartes ....................................................................................................... 139

    3. De Anselmo ......................................................................................................... 139

    CAPTULO III - EXPLICAES ERRNEAS E CONCLUSO........................................ 144

    I. Materialismo ............................................................................................................ 144

    II. Idealismo Materialista ............................................................................................... 151

    III. Pantesmo

    Idealista .................................................................................................. 158

    IV. Monismo tico ........................................................................................ 165

    PARTE III - AS ESCRITURAS, UMA REVELAO DA PARTE DE DEUS

    CAPTULO I - CONSIDERAES PRELIMINARES ......................................................... 175

    I. Razes a Priori para Esperar uma Revelao da Parte de Deus .................................. 175

    1. Necessidades da natureza do homem .................................................................... 175

  • TEOLOGIA SISTEMTICA 13

    2. Pressuposio de um suprimento .......................................................................... 177

    II. As Marcas da Revelao que o Homem pode Esperar ................................................ 179

    1. Quanto sua substncia ....................................................................................... 179

    2. Quanto ao seu mtodo .......................................................................................... 180

    3. Quanto sua certificao...................................................................................... 183

    III. Os Milagres, um Atestado da Revelao Divina ......................................................... 183

    1. Definio de Milagre ........................................................................................... 183

    2. Possibilidade do Milagre ..................................................................................... 189

    3. Probabilidade dos Milagres ................................................................................. 192

    4. Testemunho necessrio para se provar um milagre ................................................ 197

    5. Fora Evidenciai dos Milagres ............................................................................. 198

    6. Falsos Milagres ..................................................................................................... 203

    IV. Profecia Atestando uma Revelao Divina .................................................................. 206

    1. Definio .............................................................................................................. 206

    2. Relao da profecia com os milagres .................................................................... 208

    3. Requisitos na profecia, considerados como Evidncia da Revelao ..................... 208

    4. Caratersticas Gerais da Profecia nas Escrituras ..................................................... 209

    5. Profecia messinica em geral ................................................................................. 210

    6. Profecias especiais pronunciadas por Cristo ........................................................... 210

    7. Sobre o duplo sentido da Profecia .......................................................................... 212

    8. Propsito da Profecia - at onde no se cumpriu ..................................................... 214

    9. Poder Evidenciai da Profecia - quando cumprida .................................................... 216

    V. Princpios de Evidncia Histrica Aplicveis Prova de uma Revelao

    Divina........................................................................................................................ 217

    1. Quanto evidncia documentria .......................................................................... 217

    2. Quanto ao testemunho em geral ............................................................................. 218

    CATULO II - PROVAS POSITIVAS DE QUE AS ESCRITURAS SO A

    REVELAO DIVINA ............................................................................................ 222

    1. Genuinidade dos Livros do Novo Testamento ........................................................ 223

    2. Genuinidade dos Livros do Velho Testamento ....................................................... 250

    II. Credibilidade dos Escritores da Bblia ........................................................................ 259

    III. O Carter Sobrenatural do Ensino da Escritura............................................................ 262

    1. O ensino da Escritura em geral .............................................................................. 262

    2. Sistema Moral do Novo Testamento ...................................................................... 266

    3. A pessoa e o carter de Cristo ................................................................................ 279

    4. O testemunho do prprio Cristo ............................................................................. 282

    IV. Resultados Histricos da Propagao da Doutrina da Escritura .................................... 285

    CAPTULO III - INSPIRAO NAS ESCRITURAS ......................................................... 293

    I. Definio de Inspirao............................................................................................ 293

    II. Prova da Inspirao.................................................................................................. 296

    III. Teorias Sobre a Inspirao ....................................................................................... 302

    1. Teoria da Intuio .............................................................................................. 302

    2. Teoria da Iluminao .......................................................................................... 305

    3. Teoria do Ditado ................................................................................................ 311

  • 14 Augustus Hopkins Strong

    4. Teoria da Dinmica............................................................................................. 314

    IV. Unio dos Elementos Divino e Humano na Inspirao .............................................. 316

    V. Objees Doutrina da Inspirao ........................................................................... 330

    1. Erros em matria de Cincia.............................................................................. 331

    2. Erros em matria de Histria ................................................................................ 336

    3. Erros no campo da Moral .................................................................................. 341

    4. Erros de Raciocnio ............................................................................................. 345

    5. Erros na citao ou interpretao do Velho Testamento ...................................... 347

    6. Erros na Profecia ................................................................................................. 349

    7. Alguns livros no merecem um lugar na Escritura inspirada .................................... 351

    8. Pores dos livros da Escritura escritos por outras pessoas que no so

    aquelas a quem so atribudos .............................................................................. 353

    9. Narrativas Cticas ou Fictcias ............................................................................... 356

    10.Reconhecimento da no inspirao de mestres da Escritura e de seus

    escritos ................................................................................................................. 359

    PARTE IV - NATUREZA, DECRETOS E OBRAS DE DEUS

    CAPTULO I - ATRIBUTOS DE DEUS ............................................................................... 363

    I. Definio do Termo Atributos ..................................................................................... 364

    II. Relao dos Atributos Divinos com a Essncia Divina ................................................. 364

    1. Os atributos tm uma existncia objetiva ................................................................ 364

    2. Os atributos so inerentes essncia divina ............................................................ 366

    3. Os atributos pertencem essncia divina como tal ................................................. 367

    4. Os atributos manifestam a essncia divina .............................................................. 367

    III. Mtodos para Determinar os Atributos Divinos ............................................................ 368

    1. Mtodo racional ..................................................................................................... 368

    2. Mtodo bblico ...................................................................................................... 369

    IV. Classificao dos Atributos ......................................................................................... 369

    V. Atributos Absolutos ou Imanentes .............................................................................. 372

    Primeira diviso - Espiritualidade e os atributos envolvidos por ela .............................. 372

    1. Vida ...................................................................................................................... 374

    2. Pessoalidade .......................................................................................................... 376

    Segunda Diviso - Infinitude e os atributos envolvidos por ela ..................................... 378

    Terceira Diviso - Perfeio e os atributos por ela envolvidos ...................................... 388

    1. Verdade ................................................................................................................. 388

    2. Amor ..................................................................................................................... 391

    3. Santidade ............................................................................................................... 399

    VI. Atributos Relativos ou Transitivos ....................................................................... 410

    Primeira Diviso - Atributos relacionados com Tempo e Espao ............................... 410

    1. Eternidade .............................................................................................................. 410

    2. Imensidade ............................................................................................................. 415

    Segunda Diviso - Atributos relacionados com a Criao .......................................... 417

    1. Onipresena ........................................................................................................... 417

  • TEOLOGIA SISTEMTICA 15

    2. Oniscincia ........................................................................................................... 421

    3. Onipotncia ............................................................................................................ 427

    Terceira Diviso - Atributos relacionados com os seres morais.................................. 430

    1. Veracidade e Fidelidade ou Verdade transitiva ........................................................ 430

    2. Misericrdia e Bondade ou Amor Transitivo ........................................................... 431

    3. Justia e Retido, ou Santidade Transitiva ............................................................... 433

    VII. Nvel e Relaes dos Vrios Atributos ................................................................ 440

    1. Santidade, atributo fundamental de Deus .............................................................. 441

    2. A santidade de Deus, a base da obrigao moral ................................................... 445

    CAPTULO II - DOUTRINA DA TRINDADE ................................................................... 452

    I. Na Escritura h Trs que so Reconhecidos como Deus ............................................ 454

    1. Provas do Novo Testamento ................................................................................ 454

    2. Indicaes do Velho Testamento .......................................................................... 472

    II. Estes trs so Descritos na Escritura de tal Modo que Somos Compelidos

    a Conceb-los como Pessoas Distintas...................................................................... 479

    1. O Pai e o Filho so pessoas distintas uma da outra ................................................... 479

    2. O Pai e o Filho so pessoas distintas do Esprito ...................................................... 480

    3. O Esprito Santo uma pessoa ................................................................................ 480

    III. Esta Tripessoalidade da Natureza Divina no Simplesmente Econmica e

    Temporal, mas Imancnte e Eterna ............................................................................ 485

    1. Prova da EscriLura dc que estas distines de pessoalidade so eternas ................. 485

    2. Erros refutados pelas passagens anteriores ............................................................... 486

    IV. Esta Tripessoalidade no Tritesmo; pois, Conquanto Haja Trs Pessoas,

    h Apenas Uma Essncia ............................................................................................ 491

    V. As Trs Pessoas, Pai, Filho, e Esprito Santo, so Iguais .............................................. 496

    1. Estes ttulos pertencem s Pessoas........................................................................... 496

    2. Sentido qualificado destes ttulos ........................................................................... 497

    3. Gerao e processos consistentes com a igualdade ................................................... 504

    VI. Inescrutvel, Embora no Autocontraditria, esta Doutrina Fornece a

    Chave para Todas as Outras Doutrinas ........................................................................ 509

    1. O modo desta existncia trina c inescrutvel .......................................................... 509

    2. A Doutrina da Trindade no autocontraditria....................................................... 512

    3. A doutrina da Trindade tem importantes relaes com outras doutrinas .... 514

    CAPTULO III - OS DECRETOS DE DEUS ......................................................................... 522

    I. Definio de Decretos ................................................................................................. 522

  • 16 Augustus Hopkins Strong

    II. Prova da Doutrina dos Decretos .............................................................................. 525

    1. Da Escritura ........................................................................................................... 525

    2. Da Razo................................................................................................................ 527

    III. Objees Doutrina dos Decretos ........................................................................... 532

    1. Que eles so inconsistentes com a livre atuao dohomem ............................. 532

    2. Que eles afastam todo o motivo do exercciohumano ..................................... 536

    3. Que eles fazem Deus o autor do pecado ......................................................... 539

    VI. Notas Finais ......................................................................................................... 544

    1. Empregos prticos da doutrina dos decretos ........................................................... 544

    2. O verdadeiro mtodo da pregao da doutrina........................................................ 545

    CAPTULO IV - AS OBRAS DE DEUS; OU A EXECUO DOS DECRETOS . 547 SEO I -

    CRIAO

    I. Definio de Criao .............................................................................................. 547

    II. Prova da Doutrina da Criao .................................................................................. 551

    1. Declaraes diretas da Escritura .............................................................................. 551

    2. Evidncia indireta da Escritura ................................................................................ 556

    III. Teorias que se opem Criao ............................................................................. 556

    1. Dualismo .............................................................................................................. 556

    2. Emanao ............................................................................................................. 564

    3. Criao a partir da eternidade ................................................................................ 568

    4. Gerao espontnea .............................................................................................. 573

    IV. O Relato Mosaico da Criao ................................................................................ 575

    2. Interpretao adequada ......................................................................................... 579

    V. O Fim de Deus na Criao ........................................................................................ 583

    1. O testemunho da Escritura .................................................................................... 583

    2. O testemunho da razo .......................................................................................... 585

    VI. Relao da Doutrina da Criao com as outras Doutrinas .................................... 590

    1. Com a santidade e a benevolncia de Deus ............................................................ 590

    2. Com sabedoria e livre vontade de Deus ................................................................ 592

    3. Com Cristo como revelador de Deus ..................................................................... 594

    4. Com a Providncia e a Redeno .......................................................................... 597

    5. Com a observncia do Sbado ............................................................................... 598

    SEO II - PRESERVAO

    I. Definio de Preservao ........................................................................................ 602

    II. Prova da Doutrina da Preservao ........................................................................... 603

    1. Da Escritura ........................................................................................................... 603

    2. Da Razo................................................................................................................ 604

    III. Teorias que virtualmente negam a doutrina da Preservao ...................................... 607

    1. Desmo................................................................................................................... 607

    2. Criao contnua .................................................................................................... 609

    IV. Notas sobre a Parceria Divina ................................................................................. 612

    SEO III - PROVIDNCIA

    I. Definio de Providncia ........................................................................................ 614

    II. Prova da Doutrina da Providncia .........................................................................615

  • TEOLOGIA SISTEMTICA 17

    1. Prova escriturstica ...............................................................................................615

    2. Prova racional .....................................................................................................622

    III. Teorias opostas Doutrina da Providncia ............................................................625

    1. Fatalismo .............................................................................................................625

    2. Casualismo...........................................................................................................626

    3. Teoria de uma providncia simplesmente geral ......................................................627

    IV. Relaes da Doutrina da Providncia ....................................................................632

    1. Com os milagres e com as obras da graa ........................................................632

    2. Com a orao e a resposta .....................................................................................633

    3. Com a atividade crist ..........................................................................................642

    4. Com os maus atos dos agentes livres .....................................................................646

    SEO IV - OS ANJOS BONS E OS MAUS

    I. Afirmaes e Sugestes da Escritura .....................................................................650

    1. Quanto natureza e atributos dos anjos ................................................................650

    2. Quanto ao seu nmero e organizao.....................................................................655

    3. Quanto ao seu carter moral .................................................................................658

    4. Quanto s suas funes ........................................................................................660

    II. Objees Doutrina dos Anjos .............................................................................673

    1. doutrina dos anjos em geral ..............................................................................673

    2. doutrina ds anjos maus em particular ...............................................................674

    III. Empregos prticos da Doutrina dos Anjos .............................................................677

    1. Emprego da doutrina dos anjos bons .....................................................................677

    2. Empregos da doutrina dos anjos maus ...................................................................678

    Parte I

    PROLEGMENOS

    CAPTULO I IDIA DE TEOLOGIA

    I. DEFINIO DE TEOLOGIA

    Teologia a cincia de Deus e das relaes entre Deus e o universo.

    Embora a palavra "teologia seja empregada s vezes em escritos dogmticos para

    designar um simples departamento da cincia que trata da natureza e atributos divinos, o uso

    prevalecente, desde ABELARDO (1079-1142 A.D.), que intitulou seu tratado geral Theologia

    Christiana, o qual abrange sob este termo todo o acervo da doutrina crist. Por isso, a

    teologia trata, no s de Deus, mas das relaes entre Deus e o universo, motivo por que

    falamos da Criao, da Providncia e da Redeno.

  • 22 Augustus Hopkins Strong

    Os Pais chamam o Evangelista Joo de o telogo, porque ele trata mais plenamente do

    relacionamento interno das pessoas da Trindade. GREGRIO NAZIANZENO (328) recebeu esta

    designao porque defendia a divindade de Cristo contra os arianos. Para um exemplo

    moderno deste emprego do termo teologia" no sentido restrito, veja o ttulo do primeiro

    volume do DR. HODGE: Systematic Theology, Vol. I: Teologia/. Mas teologia no somente a

    cincia de Deus, nem mesmo a cincia de Deus e do homem. Ela tambm d conta das

    relaes entre Deus e o universo.

    Se o universo fosse Deus, a teologia seria a nica cincia. Visto que o universo apenas

    uma manifestao de Deus e distingue-se dele, h cincias da natureza e da mente. A

    teologia a cincia das cincias, no no sentido de incluir todas estas, mas no de empregar

    os seus resultados e mostrar a sua base subjacente; (ver WARDLAW, Theology, 1.1,2). A cincia

    fsica no uma parte da teologia. Somente como fsico, HUMBOLDT no precisava mencionar o

    nome de Deus em seu Cosmos (contudo vejamos Cosmos, 2.413, onde ele diz: O Salmo 104

    apresenta uma imagem do cosmos todo). O BISPO DE CARLISLE: A cincia atia, mas nem por

    isso pode ser atesta.

    S quando consideramos as relaes das coisas finitas com Deus que o estudo delas

    fornece material para a teologia. A antropologia uma parte da teologia porque a natureza do

    homem obra de Deus e porque a forma de Deus tratar o homem lana luz sobre o carter de

    Deus. Deus conhecido atravs das suas obras e das suas atividades. Por isso a teologia d

    conta destas obras e atividades na medida que elas acompanham o nosso conhecimento.

    Todas outras cincias exigem a teologia para sua explicao completa.

    PROUDHON: Se voc se aprofundar muito na poltica, esteja certo de entrar na teologia.

    II. ALVO DA TEOLOGIA

    O alvo da teologia a certificao dos fatos que dizem respeito a Deus e s

    relaes entre Deus e o universo, e a apresentao de tais fatos em sua unidade

    racional como partes conexas de um formulado e orgnico sistema de verdade.

    Ao definirmos a teologia como cincia, indicamos o seu alvo. A cincia no cria;

    descobre. A teologia responde a esta descrio da cincia. Descobre fatos e relaes,

    mas no os cria. FISHER, Nature and Method of Revelation,

    141 - SCHILLER, referindo-se ao ardor da f em Colombo, diz que, se o grande

    descobridor no tivesse achado um continente, ele o teria criado. Mas a f no

    criativa. Se Colombo no tivesse achado a terra - no teria havido uma resposta

    objetiva da sua crena - sua f teria sido mera fantasia. Porque a teologia trata de

    fatos objetivos, recusamo-nos a defini-la como cincia da religio; versus Am. Theol.

    Rev., 1850.101-126, e THORNWELL, Theology, 1.139. Tanto os fatos como as relaes de

    que a teologia trata tm uma existncia independente dos processos mentais subjetivos

    do telogo.

    Cincia no apenas observao, registro, verificao e formulao de fatos

    objetivos; tambm o reconhecimento e explicao das relaes entre estes fatos e a

    sntese tanto dos fatos como dos princpios racionais que os unem em um sistema

    abrangente, corretamente proporcional e orgnico. Tijolos e madeiramento espalhados

    no so uma casa; braos, pernas, cabeas e troncos separados numa sala de

    disseco no so homens vivos; e fatos isolados no constituem cincia. Cincia =

    fatos + relaes; WHEWELL, Hist. Inductive Sciences, I, Introd., 43 - Pode haver fatos sem

    cincia, como no conhecimento do cavouqueiro; pode haver pensamento sem cincia,

  • TEOLOGIA SISTEMTICA 23

    como na antiga filosofia grega. A. MACDONALD: O mtodo a priori relaciona-se com o

    mtodo a posteroricomo as velas com o mastro de uma embarcao: quanto melhor

    a filosofia, maior a providncia de um nmero suficiente de fatos; doutra forma ocorre

    o perigo de transtornar o empreendimento.

    PRESIDENTE WOODROW WILSON: A enftica injuno da nossa era diz aos historiadores:

    dai-nos os fatos. ... Mas os fatos em si no constituem a verdade. A verdade no

    concreta; abstrata. s a idia, a revelao correta, do sentido que as coisas tm.

    Ela s evocada pela distribuio e ordenao dos fatos que sugerem o sentido. DOVE,

    Logic of the Christian Faith, 14 - Perseguir a cincia perseguir as relaes. Everett,

    Science of Thought, 3

    - Logia (p.ex. na palavra teologia), de Xyoq, = palavra + razo, expresso +

    pensamento, fato + idia; cf. Jo. 1.1 - No princpio era o Verbo.

    Como a teologia trata de fatos objetivos e suas relaes, assim a disposio destes

    fatos no opcional, mas determinada pela natureza da matria de que ela trata. A

    verdadeira teologia repensa os pensamentos de Deus e os pe na disposio de Deus,

    como os construtores do templo de Salomo

    tomaram as pedras j lavradas e as fixaram nos lugares para os quais o arquiteto as havia

    designado; REGINALD HEBER: No caiu nenhum martelo, nenhum machado tiniu; Como a

    longa palmeira, surgiu a fbrica mstica.

    Os cientistas no temem que os dados da fsica bitolem ou comprimam o seu intelecto;

    nem devem temer os fatos objetivos que so os dados da teologia. No podemos fazer

    teologia do mesmo modo que no podemos fazer uma lei da natureza fsica. Como o

    filsofo natural Naturae minister et interpres, assim o telogo servo e intrprete da

    verdade objetiva de Deus.

    III. POSSIBILIDADE DA TEOLOGIA

    A possibilidade da Teologia tem uma trplice base: 1. Na existncia de um Deus

    que se relaciona com o universo; 2. Na capacidade da mente humana de conhecer Deus

    e algumas de tais relaes; 3. Na proviso de meios pelos quais Deus se pe em real

    contato com a mente ou, em outras palavras, na proviso de uma revelao.

    Qualquer cincia em particular s se torna possvel quando combina trs condies, a

    saber, a verdadeira existncia do objeto de que ela trata, a capacidade subjetiva da mente

    humana conhecer tal objeto, e a proviso de meios definidos pelos quais os objetos

    entram em contato com a mente. Podemos ilustrar as condies da teologia a partir da

    selenologia - a cincia, no da poltica lunar, que de modo to infundado JOHN STUART MILL

    pensava perseguir, mas da fsica lunar. A selenologia possvel sob trs condies:

    1. a existncia objetiva da lua; 2. a capacidade subjetiva da mente humana de conhec-la;

    e 3. a proviso de alguns meios (p.ex., os olhos e o telescpio) pelos quais a lacuna entre

    o homem e a lua se ligam e pelos quais a mente pode apossar-se do conhecimento

    verdadeiro dos fatos relativos lua.

    1. N a existncia de um Deus que se relaciona com o universo

    Tem-se objetado, na verdade, que desde que Deus e estas relaes so objetos

    apreendidos s pela f, no so objetos prprios do conhecimento ou assuntos prprios

  • 24 Augustus Hopkins Strong

    da cincia.

    Respondemos:

    a) A F conhecimento e o mais elevado tipo de conhecimento. - A cincia fsica

    tambm se apoia na f - f na nossa existncia, na existncia de um mundo objetivo e

    exterior a ns e na existncia de outras pessoas alm de ns mesmos; f nas nossas

    convices primitivas,tais como espao, tempo, causa, substncia, desgnio, certeza; f

    na confiabilidade das nossas faculdades e no testemunho dos nossos semelhantes. Nem

    por isso a cincia fsica invalidada, porque tal f, embora diferente na percepo

    sensorial ou demonstrao lgica, ainda um ato cognitivo da razo e pode ser

    definido como certificao relativa matria em que a verificao impossvel.

    A citada e respondida objeo teologia expressa-se nas palavras de SIR William

    Hamilton, Metaphysics, 44, 531 - F - crena - o rgo pelo qual ns apreendemos o que

    est alm do nosso conhecimento. Mas cincia conhecimento e o que est alm do

    nosso conhecimento no pode ser matria de cincia. O Presidente E. G. Robinson diz com

    preciso que o conhecimento e a f no podem ser separados um do outro, como os

    compartimentos de um navio, dos quais o primeiro pode ser esmagado enquanto o

    segundo ainda mantm o navio flutuando. A mente uma s, - ela no pode ser seccio-

    nada em duas com uma machadinha. F no anttese do conhecimento, - ela um tipo

    maior e mais fundamental de conhecimento. Ela nunca se ope razo, mas apenas

    vista. Tennyson estava errado quando escreveu: Ns temos somente f: no podemos

    conhecer; Porque conhecemos aquilo que vemos (In Memoriam, Introd...). Isto tornaria os

    fenmenos sensitivos os nicos objetos do conhecimento. A f nas realidades supra-

    sensveis, ao contrrio, o mais elevado exerccio da razo.

    SIR WILLIAM HAMILTON declara consistentemente que a mais elevada conquista da

    cincia o levantamento de um altar Ao Deus Desconhecido. Esta, entretanto, no a

    representao da Escritura. Cf. Jo. 17.3 - a vida eterna esta, que te conheam a ti como

    nico verdadeiro Deus; e Jr. 9.24 - o que se gloriar glorie-se nisto: em me conhecer e

    saber que eu sou o Senhor. Para a crtica de HAMILTON, v e r H . B. SMITH, Faith and

    Philosophy, 297-336. FICHTE: Ns nascemos na f. At mesmo Goethe se dizia algum

    que cr nos cinco sentidos. BALFOUR, Defense of Philosophic Doubt, 277-295, mostra que

    as crenas intuitivas nas categorias de espao, tempo, causa, substncia, justia

    pressupem uma aquisio de todo o conhecimento. DOVE, Logic of the Christian Faith, 14

    - Se se deve destruir a teologia porque parte de termos e proposies primrias, deve-se,

    ento, proceder de igual modo com todas as cincias. Mozley, Miracles, define f como a

    razo no verificvel.

    b) A f um conhecimento condicionado pelo sentimento santo. - A f que

    apreende o ser divino e sua obra no opinio ou imaginao. certeza relativa s

    realidades espirituais sobre o testemunho da nossa natureza racional e sobre o

    testemunho de Deus. Sua nica peculiaridade como ato cognitivo da razo que est

    condicionado ao sentimento santo. Como a cincia da esttica produto da razo

    incluindo o poder de reconhecer o belo praticamente inseparvel do amor ao belo e

    como a cincia da tica produto da razo incluindo o poder de reconhecer o

    moralmente correto praticamente inseparvel do amor ao moralmente correto, assim a

  • TEOLOGIA SISTEMTICA 25

    cincia da teologia produto da razo, mas da razo que inclui o poder de reconhecer o

    Deus, que praticamente inseparvel do amor a Deus.

    Empregamos aqui o termo razo para significar a fora total do conhecimento.

    Razo, neste sentido, inclui o estado de sensibilidade desde que seja "dispensvel ao

    conhecimento. No podemos conhecer uma laranja s de olh-la; para entend-la, to

    necessrio sabore-la como v-la. A matemtica do som no pode dar-nos entendimento

    da msica; necessrio tambm ouvi-la. S a lgica no pode demonstrar a beleza do

    pr do sol, ou de um carter nobre; o amor ao belo e justia antecede o conhecimento

    do belo e da justia. Ullman chama a ateno para a derivao de sapientia, sabedoria, de

    sapere, saborear. No podemos conhecer Deus s pelo intelecto; o corao deve

    acompanhar o intelecto a fim de possibilitar o conhecimento das coisas divinas. As coisas

    humanas, diz Pascal, s precisam ser conhecidas para serem amadas; mas as coisas

    divinas primeiro precisam ser amadas para serem conhecidas. Esta f [religiosa] do

    intelecto, diz KANT, "fundamenta-se na aceitao do temperamento moral. Se algum

    fosse totalmente indiferente s leis morais, continua o filsofo, at mesmo as verdades

    religiosas teriam o apoio dos fortes argumentos da analogia, mas, do mesmo modo que o

    corao obstinado, o ctico no poderia conquist-las.

    A f, ento, o mais elevado conhecimento porque a ao integral da alma, a

    perspiccia, no somente de um olho, mas dos dois olhos da mente, do intelecto e do

    amor a Deus. Com um olho podemos ver um objeto plano, mas, se quisermos v-lo como

    um todo e captar o efeito esteretipo, devemos empregar ambos os olhos. No o

    telogo, mas o astrnomo no devoto que tem a cincia caolha e, portanto, incompleta.

    Os erros do racionalista so os da viso defeituosa. O intelecto tem-se divorciado do

    corao, isto , da disposio correta, das afeies corretas e do propsito correto da

    vida.

    O intelecto diz: No posso conhecer Deus; e o intelecto est certo. O que o intelecto diz,

    a Escritura tambm o diz: 1 Co. 2.14 - O homem natural no compreende as coisas do

    Esprito de Deus, porque lhe parecem loucura; e no pode entend-las porque elas se

    discernem espiritualmente; 1.21 - na sabedoria de Deus o mundo no conheceu a

    Deus.

    Por outro lado, a Escritura declara que pela f, entendemos (Hb. 11.3). Para a

    Escritura a palavra corao significa to somente a disposio governante ou

    sensibilidade + vontade; e ela indica que o corao um rgo do conhecimento: Ex.

    35.25 - mulheres que eram sbias de corao;

    SI. 34.8 - provai e vede que o Senhor bom = o provar vem antes do ver;

    Jr. 24.7 - Dar-lhes-ei um corao para que me conheam; Mt. 5.8 - Bem- aventurados

    os limpos de corao, porque eles vero a Deus; Lc. 24.25 - tardos de corao para

    conhecer; Jo. 7.17 - Se algum quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina,

    conhecer se ela de Deus ou falo de mim mesmo; Ef. 1.18- tendo iluminados os olhos

    do vosso entendimento, para que saibais; 1 Jo. 4.7,8 - qualquer que ama nascido de

    Deus e conhece a Deus. Aquele que no ama no conhece a Deus.

    c) Portanto, a f, e s a f pode fornecer o material adequado e suficiente para uma

    teologia cientfica. - Como uma operao da mais elevada natureza racional do homem,

    embora distinta da viso ocular ou do raciocnio, a f o mais elevado tipo de

    conhecimento. Ela nos d o entendimento que s pelos sentidos seria inacessvel, a

    saber, a existncia de Deus e ao menos algumas das relaes entre Deus e a sua

  • 26 Augustus Hopkins Strong

    criatura. PHILLIPPI, Glaubenslehre, 1.50, segue GERHARD, ao tomar a f um ato conjunto do intelecto e da

    vontade. HOPKINS, Outline Study of Man, 77,78, fala no s da razo esttica, mas da razo moral.

    MURPHY, Scientific Bases of Faith,

    91, 109, 145, 191 - F a certeza a respeito daquilo em que impossvel a

    verificao. EMERSON, Essays, 2.96 - A crena consiste em aceitar as afirmaes da

    alma - a descrena em rejeit-las. MORELL, Philos. of feligion, 38,52,53, cita COLLERIDGE:

    A f consiste na sntese da razo e da vontade do indivduo, ... e em virtude daquela

    (isto , da razo), a f deve ser uma luz, uma forma de conhecimento, uma

    contemplao da verdade. A f, ento, no deve ser representada como uma menina

    cega apegada a uma cruz - a f no cega - Doutra forma a cruz pode muito bem ser

    um crucifixo ou uma imagem de Gautama, A cega descrena, no a f cega, sem

    dvida deve errar, e esquadrinhar suas obras em vo. Como na conscincia

    reconhecemos uma autoridade invisvel, conhecemos a verdade em exata proporo

    com o nosso desejo de praticar a verdade, assim na religio s a santidade pode

    conhecer a santidade e s o amor pode entender o amor (cf. Jo. 3.21 - quem pratica a

    verdade vem para a luz).

    Se um estado correto do corao for indispensvel f bem como o conhecimento

    de Deus, pode haver qualquer theologia irregenitorum, ou teologia dos

    irregenerados? Sim, respondemos; do mesmo modo que um cego pode ter uma

    cincia da tica. O testemunho dos outros d sua reivindicao a ele; a obscura luz

    que penetra a obscura membrana corrobora este testemunho. O irregenerado pode

    conhecer a Deus como poder e justia, e tem-lo. Mas isto no o conhecimento do

    mais ntimo carter de Deus; ele fornece um certo material para uma teologia

    defeituosa ou desproporcional; mas no fornece material suficiente para uma correta

    teologia. Como, para tornar esta cincia da tica satisfatria e completa, um

    oftalmologista competente deve remover a catarata dos seus olhos, assim, para

    qualquer teologia completa ou satisfatria, preciso que Deus lhe retire o vu do

    corao (2 Co. 3.15,16 - o vu est posto no corao deles. Mas, quando [marg. os

    homens] se converterem ao Senhor, o vu se tirar).

    A nossa doutrina da f o conhecimento e o mais elevado de todos; deve

    distinguir-se do de Ritschl, cuja teologia um apelo ao corao para a excluso da

    cabea - para a fiducia sem notitia. Mas fiducia inclui notitia; doutra forma cega,

    irracional e anticientfica. ROBERT BROWNING igualmente caiu num profundo erro

    especulativo quando, para comprovar sua f otimista, estigmatizou o conhecimento

    humano como simplesmente aparente. O apelo tanto de RITSCHL como de BROWNING da

    cabea para o corao deve mais ser um apelo do mais estreito conhecimento do

    simples intelecto para o maior conhecimento condicionado correta afeio.

    2. Na capacidade humana de conhecer Deus

    Porm tem-se argumentado que tal conhecimento impossvel pelas seguintes

    razes; A) Podemos conhecer apenas os fenmenos.

    Respondemos:

    a) Como conhecemos os fenmenos fsicos assim tambm conhecemos os mentais,

  • TEOLOGIA SISTEMTICA 27

    b) Conhecendo os fenmenos, quer fsicos, quer mentais, conhecemos a substncia

    subjacente aos fenmenos, manifestada atravs deles e que constitui a base de sua

    unidade, c) A nossa mente traz observao do fenmeno no s o conhecimento da

    substncia, mas tambm de tempo, de espao, de causa e de justia, realidades que em

    nenhum sentido so fenomenais. Porque estes objetos do conhecimento no so

    fenomenais, o fato de que Deus no fenomenal no nos impede de conhec-lo.

    No precisamos aqui determinar o que substncia. Quer sejamos realis tas ou

    idealistas, somos compelidos a admitir que no pode haver fenmenos sem os nmenos,

    no pode haver aparncias, no pode haver qualidades sem algo que seja qualificado.

    Este algo que serve de base ou est sob a aparncia ou qualidade chamamos substncia.

    Em nossa filosofia somos mais iotzeanos do que kantianos. Dizer que no conhecemos o

    eu, mas apenas as suas manifestaes no pensamento, confundir o eu com o seu

    pensamento e ensinar psicologia sem alma. Dizer que de modo nenhum conhecemos o

    mundo exterior, mas apenas as suas manifestaes nas sensaes, ignorar o princpio

    que liga tais sensaes; porque, sem algo a que as qualidades so inerentes, elas no

    tm base alguma para sua unidade. De igual modo, dizer que no conhecemos nada de

    Deus a no ser suas manifestaes, confundir Deus com o mundo e praticamente negar

    que haja Deus.

    STHLIN, em sua obra sobre KANT, LOTZE e RITSCHL, 186-191,218,219, diz com preciso que

    a limitao do conhecimento dos fenmenos envolve, na teologia, a eliminao de todas

    as reivindicaes do conhecimento dos objetos da f crist como so em si mesmas.

    Esta crtica, com justia, pe na mesma classe RITSCHL junto com KANT, ao invs de p-los

    com LOTZE que sustenta que, conhecendo os fenmenos, conhecemos tambm os

    nmenos manifestos neles. Conquanto RITSCHL professe seguir LOTZE, toda a tendncia da

    sua teologia caminha na direo da identificao kantiana do mundo com as nossas

    sensaes, a mente com os nossos pensamentos e Deus, com atividades tais que lhe so

    peculiares como ns as percebemos. Nega-se a natureza divina, independente das suas

    atividades, o Cristo preexistente, a Trindade imanente. Afirmaes de que Deus amor e

    paternidade consciente de si mesmo tornam-se juzos de valor meramente subjetivo.

    Admitimos que conhecemos Deus s at onde as suas atividades o revelam e at

    onde as nossas mentes e coraes so receptivos sua revelao. Deve-se exercer o

    conjunto de faculdades apropriadas - no as matemticas, as lgicas ou as que se

    referem prudncia, mas a tica e a religiosa. Ritschl tem o mrito de reconhecer a razo

    prtica da especulativa; seu erro no consiste em reconhecer que, quando usamos

    adequadamente os poderes do conhecimento, tomamos posse no simplesmente da

    verdade subjetiva, mas tambm da objetiva e no somente entramos em contato com as

    atividades de Deus, mas com o prprio Deus. Os juzos religiosos normais, embora

    dependam das condies subjetivas, no so apenas juzos de mrito, ou juzos de

    valor, - elas nos fornecem o conhecimento das prprias coisas. EDWARD CAIRD diz do seu

    irmo JOHN CAIRD (Fund. Ideas of Christianity, Introd... cxxi) - A pedra fundamental da sua

    teologia a convico de que se pode conhecer e conhece-se a Deus e de que, no

    sentido mais profundo, todo o nosso conhecimento o dele.

    O fenomenalismo de RITSCHL est aliado ao positivismo de COMTE, que considera todo o

    assim chamado conhecimento de outro tipo que no sejam os objetos fenomenais

    puramente negativos. A expresso Filosofia Positiva na verdade implica que todo o

    conhecimento da mente puramente negativo; ver COMTE, Pos. Philosophy, traduo de

  • 28 Augustus Hopkins Strong

    MARTINEAU, 26,28,33 - Para observar o vosso intelecto deveis fazer uma pausa nas

    atividades - embora queirais observar essa mesma atividade. Se no puderdes fazer a

    pausa, no podereis observar; se a fizerdes, nada h a observar. Dois fatos refutam este

    ponto de vista: 1) a conscincia e 2) a memria; porque a conscincia o conhecimento

    do eu ao lado do conhecimento dos seus pensamentos e a memria o conhecimento do

    eu ao lado do conhecimento do passado dela.

    Os fenmenos so fatos, distintos da sua base, princpio, ou lei; no se percebem os

    fenmenos nem as qualidades, como tais, mas os objetos, as percepes, ou os seres; e

    por um pensamento posterior ou por um reflexo que estes se ligam como qualidades e

    so tidos como substncias".

    Os fenmenos podem ser interiores, /'.e., pensamentos; neste caso, o nmeno a

    mente cujas manifestaes so os pensamentos. Por outro lado, os fenmenos podem ser

    exteriores, e.g., a cor, a dureza, a forma, o tamanho; neste caso, o nmeno a matria,

    cujas qualidades so as manifestaes. Mas as qualidades, quer mentais, quer materiais,

    implicam a existncia de uma substncia a que pertencem; no se pode conceb-las

    como uma existncia a parte da substncia, mais do que como um lado superior de uma

    tbua assim como no se pode conceb-las como existentes sem um lado inferior; ver

    MARTINEAU, Types of Ethical Theory, 1.455,456 - A suposio de COMTE de que a mente

    no pode conhecer a si mesma ou os seus estados ope-se de KANT, de que a mente

    nada pode conhecer a no ser a si mesma. ... exatamente porque todo o conhecimento

    vem dos relacionamentos que ele no vem e nem pode vir s dos fenmenos. O absoluto

    no pode se conhecido per se porque, ao ser conhecido, ele se relacionaria ipso facto e

    no mais seria absoluto. Mas nem o elemento fenomenal pode ser conhecido per se, i. e.,

    como fenomenal, sem a cognio simultnea do que o no fenomenal. MCCOSH,

    Intuitions, 138-154, estabelece as caratersticas das substncias como 1) ser, 2) poder, 3)

    permanecer. Diman, Theistic Argument, 337,363

    - A teoria que rejeita Deus, rejeita o mundo exterior e a existncia da alma.

    Conhecemos algo alm dos fenmenos, a saber, lei, causa, fora, - ou no podemos ter

    cincia.

    B)Porque s podemos conhecer o que tem analogia com a nossa natureza ou

    experincia.

    Respondemos: d) Para o conhecimento no essencial que haja semelhana de

    natureza entre conhecedor e conhecido. Conhecemos tanto pela diferena como pela

    semelhana, b) Nossa experincia passada, apesar de facilitar grandemente novas

    aquisies, no a medida do nosso conhecimento possvel. Se assim fosse, seria

    inexplicvel o primeiro ato de conhecimento e toda a revelao dos mais elevados

    caracteres at os menores seria excluda assim como todo o progresso no conhecimento

    que ultrapassa o nosso presente conhecimento, c) Mesmo que o conhecimento

    dependesse da semelhana entre a natureza e a experincia, poderamos conhecer Deus,

    visto que somos feitos sua imagem e h importantes analogias entre a natureza divina

    e a nossa.

    a) O dito de EMPDOCLES, Similia similibus percipiuntur, deve ser suplementado por um outro: Similia dissimilibus percipiuntur. Mas conhecer dis tinguir, e deve haver um

    contraste entre os objetos a fim de nos despertar a ateno. Deus conhece o pecado,

  • TEOLOGIA SISTEMTICA 29

    embora este seja a anttese do seu santo ser. O eu conhece o no-eu. No podemos

    conhecer at mesmo o eu sem consider-lo objetivamente, distinguindo-o dos seus

    pensamentos e considerando-o como um outro.

    b) Versus HERBERT SPENCER, First Principies, 79-82 - Conhecimento o reconhecimento e a classificao. Mas retrucamos que necessrio perceber primeiro uma coisa para

    reconhec-la, ou compar-la com outra; e isto verdade, tanto a respeito da primeira

    sensao como da ltima e as mais definidas formas de conhecimento; na verdade, no

    h nenhuma sensao que no envolva, como complemento, ao menos uma percepo

    incipiente.

    c) PORTER, Human Intellect, 486 - A induo s possvel baseada na suposio de que o intelecto do homem um reflexo do divino, ou que o homem feito imagem de

    Deus. Note, contudo, que o homem feito imagem de Deus, e no Deus imagem do

    homem. A pintura a imagem paisagstica, no o contrrio a paisagem, a imagem da

    pintura; porque h muito na imagem que no tem nada que corresponda a ela na pintura.

    A idolatria perversamente faz Deus imagem do homem e deifica as fraquezas das

    impurezas do homem. A Trindade em Deus pode no ter a exata contrapartida na atual

    constituio do homem, embora possa descortinar-nos o objetivo do desenvolvimento

    futuro do homem e o sentido da crescente diferenciao das foras do homem. GORE,

    Incarnation, 116 - Se o antropo- morfismo aplicado a Deus falso, ainda o teomorfismo

    aplicado ao homem verdadeiro; o homem feito imagem de Deus, e as suas

    qualidades no so, a medida das divinas, mas a contrapartida destas e a verdadeira

    expresso.

    C) Porque conhecemos apenas aquilo que podemos conceber, no sentido de formar

    uma imagem mental adequada.

    Respondemos: d) verdade que conhecemos s aquilo que podemos conceber se

    pelo termo conceber significamos nossa distino entre o pensamento do objeto

    conhecido e os demais objetos. Mas b) a objeo confunde concepo com o que

    meramente seu acessrio ocasional e auxlio, a saber, o quadro que a imaginao faz

    do objeto. Neste sentido, no teste final da verdade, c) Torna-se claro que a formao

    de uma imagem mental no essencial concepo ou ao conhecimento, quando

    lembramos que, de fato, tanto concebemos como conhecemos muitas coisas de que no

    podemos formar imagem mental seja ela qual for e que em nada corresponde

    realidade; por exemplo: fora, causa, lei, espao, nossas prprias mentes. Assim pode-

    mos conhecer Deus apesar de que no podemos formar imagem mental adequada a

    respeito dele.

    A objeo aqui refutada se expressa mais claramente nas palavras de HERBERT SPENCER,

    First Principies, 25-36, 98 - A realidade subjacente s aparncias total e

    permanentemente inconcebvel por ns. MANSEL, Prolego- mena Logica, 77,78 (cf.. 26)

    sugere que a fonte deste erro encontra-se num ponto de vista falho da natureza do

    conceito: A primeira caraterstica distintiva de um conceito, a saber, que no pode por si

    mesmo ser descrito no sentido e na imaginao. PORTER, Human Intellect, 392 (vertb.

    429,656) - Conceito no uma imagem mental - s a percepo o . LOTZE: De um modo

    geral no se representa a cor atravs de qualquer imagem; ela no se apresenta nem

    verde nem vermelha, mas no tem qualquer caraterizao. O cava

  • 30 Augustus Hopkins Strong

    lo, genericamente, no tem uma cor particular, embora individualmente possa ser preto,

    branco ou baio. SIR W ILLIAM HAMILTON fala das noes de inteligncia impossveis de ser

    representadas em pintura.

    MARTINEAU, Religion and Materialism, 39,40 - Esta doutrina da Nescincia encontra-se

    na mesma relao com o poder causai, quer voc a construa com o Poder Material, quer

    com a Atuao Divina. Nem pode ser observada-, deve-se aceitar um ou outro. Se voc

    admite para a categoria do conhecimento o que se aprende a partir da observao, seja

    particular, seja generalizada, ento se trata de uma Fora desconhecida; se voc amplia a

    palavra ao que importado pelo prprio intelecto em nossos atos cognitivos, para torn-

    los assim, ento se conhece Deus. A matria, o ter, a energia, o protoplasma, o

    organismo, a vida, - nenhum deles pode ser retratado para a imaginao; contudo, o Sr.

    SPENCER os trata como objetos da Cincia. Se no so inescrutveis, por que ele considera

    inescrutvel a Fora que d unidade a todas estas coisas?

    Na verdade, HERBERT SPENCER no coerente consigo mesmo, pois, em diversas partes

    dos seus escritos, ele chama Realidade inescrutvel dos fenmenos a Existncia

    Absoluta, Poder e Causa unas, eternas, ubquas, infinitas, ltimas. Parece, diz o PADRE

    DALGAIRNS, que se conhece muita coisa do Desconhecido. CHADWICK, Unitarianism, 75 - A

    pobre expresso Desconhecido torna-se, depois das repetidas designaes de SPENCER,

    to rica como todo o conhecimento salvador de Creso. MATHESON: Saber que nada sabe-

    mos j significa ter chegado a um fato do conhecimento. Se o SR. SPENCER pretendia excluir

    Deus do reino do Conhecimento, devia primeiro t-lo excludo do reino da Existncia;

    porque admitir que ele , j admitir que ns no podemos conhec-lo, mas, na verdade,

    em certo ponto, ns o conhecemos.

    D) Porque podemos conhecer, na verdade, s o que conhecemos no todo, no em

    parte.

    Respondemos: d) A objeo confunde conhecimento parcial com o conhecimento

    de uma parte. Conhecemos a mente em parte, mas no conhecemos uma parte da

    mente, b) Se a objeo fosse vlida, nenhum conhecimento real de qualquer coisa seria

    possvel, visto que no conhecemos uma s coisa em todas as suas relaes.

    Conclumos que, embora Deus no seja formado de partes, podemos ainda ter um

    conhecimento parcial dele e tal conhecimento, embora no exaustivo, pode ser real e

    adequado aos propsitos da cincia.

    a) A objeo mencionada no texto estimulada por MANSEL, Limits of Religious Thought, 97, 98 e MARTINEAU, Essays, 1.291 quem a responde.

    A mente no existe no espao e no tem partes: no podemos falar do seu quadrante

    sudoeste, nem podemos dividi-la em metades. Contudo, encontramos o material para a

    cincia mental no conhecimento parcial da mente. Assim, conquanto no sejamos

    gegrafos da natureza divina (BOWNE, Review of Spencer, 72), podemos dizer com Paulo,

    no que agora conhecemos uma parte de Deus, mas que agora conheo [Deus] em

    parte (1 Co. 13.12). Podemos conhecer verdadeiramente o que no conhecemos

    exaustivamente; ver Ef. 3.19 - conhecer o amor de Cristo, que excede todo

    entendimento. No me entendo perfeitamente, contudo me conheo em parte; assim

    posso conhecer a Deus, apesar de no entend-lo perfeitamente.

    b) O mesmo argumento que prova que Deus incognoscvel prova tambm que tambm o mundo o . Visto que todas partculas da matria atraem- se mutuamente,

  • TEOLOGIA SISTEMTICA 31

    nenhuma delas pode ser explicada exaustivamente sem levar em conta as demais. THOMAS

    CARLYLE: um fato matemtico que o lanamento desta pedra da minha mo altera o

    centro de gravidade do universo. TENNYSON, Higher Pantheism: Flor na parede rachada, eu

    a arranco das rachaduras; / Segure-se aqui, raiz e tudo, na minha mo, florzinha, porm

    no posso entender / O que voc, raiz e tudo, e em tudo, / Devo conhecer o que Deus

    e o que o homem. SCHURMAN, Agnosticism, 119 - Mesmo parcial como , esta viso do

    elemento divino transfigura a vida do homem sobre a terra. PFLEIDERER, Philos. Religion,

    1.167- O agnosticismo de corao fraco pior que o arrogante e titnico gnosticismo

    contra o qual ele protesta.

    E) Porque todos os predicados de Deus so negativos e, por isso, no fornecem

    conhecimento real. Respondemos: d) Os predicados derivados da nossa conscincia,

    tais como, esprito, amor e santidade so positivos, b) Os termos infinito e

    absoluto, contudo, expressam no meramente uma idia negativa, mas positiva, - a

    idia, naquele caso, da ausncia total de limite, a idia de que o objeto assim descrito

    continua e continua sempre; a idia, neste caso, de inteira auto-suficincia. Porque os

    predicados de Deus, portanto, no so meramente negativos, o argumento acima

    mencionado no fornece nenhuma razo vlida por que no podemos conhec-lo. Versus SIR W ILLIAM HAMILTON, Metaphysics, 530 - O absoluto e o infinito podem ser

    concebidos somente com a negao do objeto do pensamento; a saber, de qualquer

    modo no temos em outras palavras nenhuma a concepo do absoluto e do infinito.

    HAMILTON aqui confunde o infinito, ou ausncia de todos limites, com o indefinido, ou a

    ausncia de todos limites conhecidos. Per contra, ver CALDERWOOD, Moral Philosophy, 248, e

    Philosophy of the Infinite, 2.12. - A negao de uma coisa s possvel atravs da

    afirmao de outra. PORTER, Human Intellect, 652 - Se os moradores da Ilha de Sandwich,

    por falta de nome, tinham chamado o boi de no porco (not-hog), o emprego de um nome

    negativo no autoriza necessariamente a inferncia de falta de concepes definidas ou

    conhecimento positivo. Deste modo com o infinito, ou no finito, o incondicionado ou no

    condicionado, o independente, ou no dependente, - estes nomes no implicam que no

    podemos conceber e conhecer como algo positivo. SPENCER, First Principies, 92 - O nosso

    conhecimento do Absoluto, embora indefinido, no negativo, mas positivo.

    SCHURMAN, Agnosticism, 100, fala da farsa da nescincia atribuindo onis- cincia os

    limites da cincia. O agnstico, diz ele, erige o quadro invisvel de um Grand tre, sem

    forma e sem cor, separado de modo absoluto do homem e do mundo - branco

    interiormente e vazio por fora - com sua existncia indistinguvel da sua no existncia e,

    curvando-se diante da criao idlatra, derrama a sua alma em lamentaes sobre a

    incognoscibilidade de tal mistrio e pavorosa ausncia de identidade. ... A verdade que

    se desconhece a abstrao agnstica da Deidade, porque tal abstrao irreal. Ver

    MCCOSH, Intuitions, 194, nota; MIVART, Lessons from Nature, 363. Deus no

    necessariamente infinito em todos aspectos. Ele s infinito em toda a excelncia. Um

    plano ilimitado em um aspecto de comprimento pode ser limitado em outro aspecto, como,

    por exemplo, a respirao. A nossa doutrina aqui no , por isso, inconsistente com o que

    se segue de imediato.

    F) Porque conhecer limitar ou definir. Por isso o Absoluto como ilimitado e o

    Infinito como indefinido no pode ser conhecido. Respondemos:

  • 32 Augustus Hopkins Strong

    d) Deus absoluto, no como existindo sem nenhuma relao, mas como existindo

    sem nenhuma relao necessria; e b) Deus infinito, no excluindo toda a

    coexistncia do finito com ele mesmo, mas como a base do finito, e assim, no

    algemado por ele. c) Deus, na verdade, est limitado pela imutabilidade de seus

    atributos e distines pessoais bem como pela auto-escolha das suas relaes com o

    universo que ele criou e com a humanidade na pessoa de Cristo. Portanto, Deus se

    limita e se define no sentido de tornar possvel o conhecimento dele.

    Versus MANSEL, Limitations ofReligious Thought, 75-84, 93-95; cf. SPINOZA: "Omnis

    determinatio est negatio; por isso definir Deus neg-lo. Respondemos, entretanto, que a

    perfeio inseparvel da limitao. O ser humano pode ser um outro alm do que : com

    Deus no acontece isso, ao menos interiormente. Mas tal limitao inerente em seus

    imutveis atributos e distines pessoais, a perfeio de Deus. Exteriormente, todas

    limitaes sobre Deus so auto-limitaes e, portanto consistentes com a sua perfeio.

    Esse Deus no deve ser capaz de limitar-se na criao e a redeno tornaria todo o seu

    sacrifcio impossvel e o sujeitaria maior das limitaes. Pelo exposto podemos dizer que

    1. A perfeio de Deus envolve sua limitao a) pesso- alidade, b) Trindade, c)

    retido; 2. A revelao de Deus envolve sua auto- limitao a) no decreto, b) na criao, c)

    na preservao, d) no governo, e) na educao do mundo; 3. A redeno envolve sua

    infinita auto-limitao a) na pessoa e b) na obra de Jesus Cristo.

    BOWNE, Philos. of Creation, 135 - O infinito no o todo quantitativo; o absoluto no

    o no relacionado ... Tanto o absoluto como o infinito significam apenas a base

    independente das coisas. JULIUS MLLER, Doct. of Sin, lntrod..., 10 - A religio tem a ver

    no com um Objeto que deve ser por si mesmo conhecido porque da sua prpria

    existncia contingente em ser conhecido, mas com o Objeto com que nos relacionamos,

    na verdade, submissos, na dependncia dele e no aguardo da sua manifestao. JAMES

    MARTINEAU, Study of Reiigion, 1.346 - No devemos confundir o infinito com o total. ... A

    abnegao prpria da infinitude to somente a forma de auto- afirmao e a nica em

    que ela pode revelar-se. ... Embora o pensamento onisciente seja instantneo, embora

    certa a fora onipotente, sua execuo tem de ser distribuda no tempo e deve ter uma

    ordem de passos sucessivos; em outros termos, o eterno pode tornar-se temporal e o

    infinito falar articula- damente no finito.

    A pessoalidade perfeita exclui no a determinao prpria, mas a que vem de fora

    atravs de um outro. As auto-limitaes de Deus so as do amor e, consequentemente,

    as evidncias da sua perfeio. So sinais no de fraqueza, mas de poder. Deus limitou-

    se ao mtodo da evoluo desenvolvendo-se gradualmente na natureza e na histria. O

    governo dos pecadores por um Deus santo envolve constante auto-represso. A

    educao da raa um longo processo de abnegao divina. HERDER: As limitaes do

    aluno so tambm as do mestre. Na inspirao, Deus se limita atravs do elemento

    humano por quem ele opera. Sobretudo, na pessoa e obra de Cristo, temos infinita auto-

    limitao: A infinitude se estreita at na encarnao e a santidade suporta as agonias da

    Cruz. As promessas de Deus so tambm auto- limitaes. Deste modo tanto a natureza

    como a graa so restries impostas a si mesmo por Deus e so os recursos atravs dos

    quais ele se revela.

    G) Porque todo o conhecimento relativo ao agente conhecedor; isto , o que

  • TEOLOGIA SISTEMTICA 33

    conhecemos, conhecemos, no como objetivamente, mas s no que se relaciona com

    nossos sentidos e faculdades. Respondemos: d) Admitimos que podemos conhecer s o

    que se relaciona com as nossas faculdades. Mas isto somente eqivale a dizer que

    conhecemos s aquilo que vem ao nosso contato mental, isto , conhecemos apenas o

    que conhecemos. Mas b) negamos que conhecemos aquilo que vem ao nosso contato

    mental como outra coisa alm do que . At onde conhecemos, conhecemos como .

    Em outras palavras, as leis do nosso conhecimento no so meramente arbitrrias e

    regulativas, mas

    correspondem natureza das coisas. Conclumos que, em teologia, temos a garantia

    de admitir que as leis do nosso pensamento so as leis do pensamento de Deus e que

    os resultados do pensamento normalmente conduzido em relao a Deus

    correspondem realidade objetiva.

    Versus SIR W ILLIAM HAMILTON, Metaph., 96-116 e HERBERT SPENCER, First Principies, 68-

    97. Esta doutrina da relatividade deriva de KANT, que, na Crtica da Razo Pura,

    sustenta que os juzos a priori so somente reguladores. Respondemos, entretanto,

    que, quando se acha que as crenas primitivas so apenas reguladoras, elas deixam

    de regulamentar. As formas de pensamento so tambm fatos da natureza.

    Diferentemente do vidro de um caleidoscpio, a mente no fornece as formas; ela

    reconhece que estas tm existncia exterior a ela mesma. A mente l as suas idias

    no rumo ao interior da natureza, mas nela. Nossas intuies no so lentes verdes

    que fazem o mundo todo parecer verde: so lentes de um microscpio, que nos

    capacitam a ver o que objetivamente real