a busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL ULBRA/Canoas/RS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS JULIANE FRANCISCO DO CANTO A BUSCA DA COMPREENSÃO DO CONSUMISMO A PARTIR DA IMAGEM PUBLICITÁRIA Canoas, 20 de dezembro de 2010.

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Trabalho de Curso apresentado por Juliane Francisco do Canto em dezembro de 2010

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Page 1: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA/Canoas/RS

UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

JULIANE FRANCISCO DO CANTO

A BUSCA DA COMPREENSÃO DO CONSUMISMO A

PARTIR DA IMAGEM PUBLICITÁRIA

Canoas, 20 de dezembro de 2010.

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JULIANE FRANCISCO DO CANTO

A BUSCA DA COMPREENSÃO DO CONSUMISMO A

PARTIR DA IMAGEM PUBLICITÁRIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como pré-requisito parcial para obtenção de título acadêmico de Licenciado/a em Artes Visuais, pelo Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil, sob orientação dos professores Dr. Celso Vitelli e Ms Ana Lúcia Beck.

Orientadora: Profª. Ms. Ana Lúcia Beck

Canoas, 23 de novembro de 2010.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a minha família que é

muito importante na minha vida, porque sempre

me ajudarão a confiar em mim e levar em

frente meus objetivos. E compreenderam-me

tão carinhosamente. Muito obrigada por vocês

existirem em minha vida, me fazendo acreditar

que todo o esforço vale a pena.

Page 4: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

AGRADECIMENTOS

Agradecer é admitir que houve um momento

em que se precisou de alguém; é reconhecer

que o homem jamais cresce sozinho. Sempre é

preciso um olhar de apoio, uma palavra de

incentivo, um gesto de compreensão, uma

atitude de amor.

Agradeço a Deus por todo este cuidado que me

levou a nunca desistir, apesar de momentos ter

sentido o peso da responsabilidade em ter que

dividir meu tempo com meus filhos Vinícius e

João e ao marido Eduardo, deixando-os e

precisando estar ausente.

Aos meus pais Marlene e Eloi (in memoriam)

pelo incentivo e apoio, nunca saberei como

recompensar tanta dedicação.

A toda a minha família e do meu marido que

sempre contei com o apoio e carinho, em

especial minha cunhada Anelise e minha irmã

Daniela que sempre se colocaram ao dispor

para ficarem com meus filhos para que eu

continuasse na caminhada.

E, é claro, meu orientador Celso, que

emprestou vários de seus livros e com palavras

me apoiou e minha orientadora Ana Lúcia que

com a frase “não pensa, executa” consegui

descrever meus acertos e equívocos.

E a quem aqui não agradeci, sintam-se

abraçados, pois a caminhada foi longa e muitas

pessoas passaram por ela.

Page 5: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

LIMITES

Qual o seu limite para sonhar e realizar objetivos em sua vida? Nenhum. Os limites são você quem impõe. Você é a única pessoa que pode colocar restrições nos seus desejos. Pense que as grandes realizações do nosso século, aconteceram quando alguém resolveu vencer o impossível... Desistir de nossos projetos, ou aceitar palpites infelizes em nossas vidas é muito mais fácil do que lutar por eles. Renunciar, chorar, aceitar a derrota é mais simples pelo fato de que não nos obriga ao trabalho. E ser feliz dá trabalho. Ser feliz é questão de persistência, de lutas diárias, de encantos e desencantos. Quantas pessoas passaram pela sua vida e te magoaram? Quantos ainda passarão pela sua vida só para roubar sua energia? Quantos estarão realmente preocupados com você? A questão é: como você vai encarar essas situações. Como ficarão seus projetos... Eles resistirão a amargura do dia-a-dia? O objetivo você já tem: Ser feliz! Como alcançar você já sabe: Lutando! Resta saber o quanto você realmente quer ser, e, principalmente, qual o limite que você colocou em seus sonhos. Lembre-se: Não há limites para sonhar... O impossível é apenas algo que alguém ainda não realizou! Não se limite, vá à luta!

(Autor desconhecido)

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo relatar as Práticas de Ensino dos Estágios em Artes e o Projeto de Ensino realizado na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Affonso Charlier, situada em Canoas/RS, com alunos do 2º ano do ensino médio, tendo como tema “A Busca da Compreensão do Consumismo a partir da Imagem Publicitária”. O tema do projeto foi escolhido por tratar-se de um assunto de grande relevância e também pela necessidade de se trabalhar a influência da representação da mídia no cotidiano dos alunos. Mais especificamente, com a importância de introduzir a imagem da mídia no ensino da disciplina de Artes na escola, através de diferentes atividades. O projeto de ensino foi planejado a partir de pesquisas bibliográficas realizadas principalmente nos seguintes autores: Ana Mae Barbosa; Analice Dutra Pillar; Cecília Von Feilitzen; César Coll; Maria Helena Rossi; Marisa Vorraber Costa; entre outros, os quais auxiliaram-me a compreender e interpretar a importância do assunto “imagem e mídia” na sala de aula. Ao planejar as aulas deste projeto de ensino procurei, além de apresentar alguns artistas e suas obras, refletir sobre conceitos e ideias apresentadas nas imagens da mídia impressa, para que os alunos pudessem atribuir significados às coisas que vê e sente por meio das mídias de seu cotidiano usando referência própria. Durante as aulas do projeto foram realizadas atividades com o objetivo de analisar a influência da representação da mídia no dia a dia dos alunos, trabalhando as imagens da mídia impressa no ensino da disciplina de Artes na escola. Verifiquei que o tema do projeto chamou bastante à atenção dos alunos, que apresentaram muito interesse e foram participativos nos encontros. O projeto também foi muito bem recebido por toda a equipe diretiva da escola. Desde o início das aulas estabeleci um diálogo constante entre professora e aluno o que tornou as aulas muito agradáveis e tranquilas quanto as questões humanas. Porém, coloco que os objetivos em relação ao conteúdo da disciplina de Artes não foram totalmente alcançados, pois poderia ter trabalhado melhor as “imagens na mídia” com uma significação maior para os alunos nas aulas. Observei que errei algumas vezes por falta de experiência em fazer o planejamento das aulas e por ter pouca prática na docência. Contudo, conclui que, para superar os desafios que a docência apresenta o professor deve buscar abordagens que propiciem à apropriação e a reconstrução em arte da imagem que se vê nas diferentes mídias. Levar aulas diferenciadas, com menos objetivos e com novas maneiras de ensinar é primordial para que se possa ter sucesso na aprendizagem. Palavras-chave: Mídia. Representações. Consumo. Ensino de Artes.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9

CAPITULO 1 A IMAGEM E MÍDIA ........................................................................... 12

1.1 CONCEITUANDO E COMPREENDENDO A LEITURA DE UMA IMAGEM ........ 12

1.1.1 Leitura de Imagens Televisivas ........................................................................ 13

1.2 EDUCAÇÃO PARA A MÍDIA ................................................................................ 15

1.3 A COMPREENSÃO ESTÉTICA .......................................................................... 16

CAPÍTULO 2 A IMPORTÂNCIA DA IMAGEM E MÍDIA NA ESCOLA ...................... 19

2.1 AS MÍDIAS E A ESCOLA ..................................................................................... 19

2.2 O MUNDO ATUAL E O PAPEL DA ESCOLA ....................................................... 21

2.3 UM NOVO OLHAR .............................................................................................. 23

2.3.1 O Marketing e as Marcas ................................................................................. 25

CAPÍTULO 3 DIÁLOGO COM A ESCOLA ............................................................... 27

3.1 CONTEXTO ESCOLAR ...................................................................................... 27

3.2 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO COM A PROFESSORA DO ENSINO MÉDIO ... 28

3.3 ANALISE DOS QUESTIONÁRIOS DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO ............ 30

3.4 ANÁLISE DAS OBSERVAÇÕES SILENCIOSAS DO ENSINO MÉDIO .............. 31

CAPÍTULO 4 PROJETO DE ENSINO EM ARTES VISUAIS .................................... 33

4.1 DADOS DA ESCOLA .......................................................................................... 33

4.2 TEMA DO PROJETO .......................................................................................... 33

4.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 33

4.4 OBJETIVOS GERAIS DO PROJETO .................................................................. 34

4.5 PRÁTICA DE ENSINO ........................................................................................ 34

4.5.1 Aula 1 ............................................................................................................... 34

4.5.2 Aula 2 ............................................................................................................... 38

5.2.3 Aula 3 ............................................................................................................... 42

5.3.4 Aula 4 ............................................................................................................... 46

5.3.5 Aula 5 ............................................................................................................... 50

5.3.6 Aula 6 ............................................................................................................... 54

5.3.7 Aula 7 ............................................................................................................... 58

5.3.8 Aula 8 ............................................................................................................... 61

5.3.9 Aula 9 ............................................................................................................... 63

3.5.10 Aula 10 ........................................................................................................... 67

Page 8: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

3.5.11 Aula 11 ............................................................................................................ 70

3.5.12 Aula 12 ........................................................................................................... 73

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 77

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 82

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO COM ALUNO ...................................................... 84

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO COM ALUNO ...................................................... 85

APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO COM ALUNO ...................................................... 86

APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO COM ALUNO ...................................................... 87

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9

INTRODUÇÃO

Como graduanda, percebo a necessidade das práticas de estágio para o

Curso de Artes como um dos requisitos fundamentais para que os acadêmicos

cheguem ao final do curso, com uma pequena experiência da prática que

fundamentará o trabalho a partir de agora. A práxis é a oportunidade para fazermos

a ligação entre prática e teoria, bem como entrar em contato com o público alvo de

nosso trabalho.

O tema “A Busca da Compreensão do Consumismo a partir da Imagem

Publicitária” foi escolhido porque este estágio foi realizado no 2º ano do ensino

médio e a turma era constituída por adolescentes. Atualmente, os adolescentes

mantêm contato diário com os diferentes meios de comunicação, ao contrário dos

adolescentes de anos atrás. Hoje há uma diversidade de mídias que difundem sons,

cores e imagens. Neste número cada vez maior e crescente de mídias: CD’s, MP3,

MP4, cartazes, revistas, exposições, fotografias, cinema, vídeos, televisão, outdoors,

computador, celular, entre outras, a presença das imagens é recorrente.

Assim sendo, este projeto de ensino em Artes surgiu de constatação da

necessidade de desenvolver a reflexão crítica destes alunos em relação às imagens,

vistas através das propagandas publicitárias em fotos, revistas, jornais, entre outras.

Também por perceber que, atualmente, o consumismo em excesso faz parte

do nosso cotidiano. Muitas pessoas compram carros, eletrodomésticos, telefones,

etc, sem necessidade, ou seja, sem precisar, somente para se auto afirmarem no

meio da sociedade, “fazer parte”. O bombardeio de imagens é muito intenso,

portanto, espera-se que no decorrer das aulas os alunos sejam capazes perceber e

reconhecer a importância das imagens que estão associadas a certos discursos,

como os da publicidade, que se manifestam e influenciam a vontade de consumir.

O projeto de ensino e as aulas práticas foram desenvolvidos a partir de

pesquisas bibliográficas, realizadas com base nos autores: Ana Mae Barbosa, que

me proporcionou a compreensão da proposta metodológica, fundamentada na ideia

de arte-educação e a visão do papel das artes na cultura do homem contemporâneo.

Analice Dutra Pillar, ensinou-me as diversas possibilidades de leitura de imagens,

com base em teorias da arte e do ensino da arte. Cecília Von Feilitzen,

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10

complementou meus conhecimentos através de exemplos de educação para a

mídia.

Como também, César Coll, aprofundou meus conhecimentos de que a

aprendizagem escolar supõe, necessariamente, a construção de significados

relativos ao conteúdo da mesma por parte do aluno. Maria Helena Rossi,

conscientizou-me ainda mais que a torrente de imagens no nosso mundo aumenta e

nos afeta cada vez mais, a educação em arte se torna mais necessária e uma de

suas tarefas é ajudar os estudantes a compreenderem e adquirirem senso crítico

sobre estas imagens.

E a autora Marisa Vorraber Costa, direcionou-me a olhar a educação sob

outros ângulos, ou seja, formular minhas reflexões nas concepções de pedagogias

culturais, cultura da mídia e do consumo e política cultural da identidade; entre

outros, os quais auxiliaram-me a compreender e interpretar a importância do assunto

“imagem e mídia” na sala de aula.

O trabalho, aqui descrito, tem como objetivo refletir junto aos alunos sobre as

imagens que vêem na mídia impressa a que tem acesso, como é o caso de revistas,

jornais, encartes, panfletos, entre outras e de que forma reproduzem estes conceitos

no seu cotidiano. Para atingir esse objetivo o trabalho encontra-se composto por

quatro capítulos que são:

Primeiro Capítulo apresenta conceitos sobre a pesquisa do tema “imagem e

mídia”. Necessária a interação da mídia no campo educacional, a compreensão da

leitura de uma Imagem, os “Artefatos culturais” as informações que contêm

significados implícitos ou explícitos possíveis de serem detectados nas mídias.

O Segundo Capítulo aborda a imagem da mídia no contexto escolar e a

importância de trabalhar este conteúdo na disciplina de artes. Desenvolvendo um

olhar mais crítico sobre certas imagens publicitárias.

O Terceiro Capítulo traz os dados da escola onde foi realizada a prática,

assim como, as análises realizadas e as observações a partir dos questionários

realizados com a professora titular e observações feitas com a turma do 2º ano do

ensino médio.

O Quarto Capítulo mostra o projeto de ensino aplicado na escola Estadual de

Ensino Fundamental e Médio Affonso Charlier, localizada em Canoas/RS. Justifica-

se este projeto pela escola acreditar que atualmente a educação está ligada à

educação da visão, à observação das imagens, o que permite a leitura do mundo

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através dos elementos das artes visuais. Também, demonstra toda a prática de

ensino com o realizado e planejado.

Finalmente, uma reflexão sobre o projeto verificando o que foi planejado e o

que foi realizado e as principais constatações sobre “a imagem nesta perspectiva da

mídia” com significação das imagens para os alunos. O objetivo principal do projeto

foi alcançado, pois os alunos conseguiram identificar “coisas boas” e “coisas ruins”

nas imagens publicitárias, jornais, revistas, encartes, entre outros adquirindo, assim,

uma postura mais crítica diante do que lhes é apresentado na mídia.

Porém, enfatizo que na prática minhas aulas tornaram-se repetitivas porque

abordei somente a imagem da mídia impressa, consumo, publicidade, refletindo

sobre as imagens das obras de artes que estão associadas a publicidade. Observei

somente ao término das aulas o quanto ficaram simples as produções artísticas dos

alunos, ficando com poucas técnicas nas produções e resultando em muito desenho

e colagem, poderia ter explorado mais materiais artísticos, como carvão vegetal, giz

pastel, entre outros.

Ainda assim, poderia ter trabalhado com mais profundidade em relação as

imagens, questionando melhor os alunos, referente as cores usadas, porque usaram

cores tão vivas nas embalagens, como foi o caso das que aparecem as obras de

Romero Britto, que chamam atenção por sua cor, forma e figuras, aproximando

ainda mais da cultura visual.

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CAPITULO 1 A IMAGEM E MÍDIA

As imagens são presenças constantes em nossas vidas, desde o nascimento

elas fazem parte de nosso cotidiano. Desde a infância interagimos, aprendemos e

somos influenciados por elas.

Pode-se dizer que as imagens possuem mensagens e que elas podem

influenciar muito mais do que as palavras, ou seja, muito mais que aquelas

existentes em textos verbais. A partir deste momento, conceituarei alguns pontos

importantes para este estudo.

1.1 CONCEITUANDO E COMPREENDENDO A LEITURA DE UMA IMAGEM

Há inúmeras conceituações para a leitura de uma imagem. Resumidamente

pode-se entender leitura como decodificação mecânica ou leitura como um processo

de entendimento. Hás duas definições são complementares visto que a leitura não

acontece se não decodificarmos e se não compreendermos a imagem.

Para que haja a leitura, temos que ter um leitor, a existência de um código

(objeto/linguagem) e de um autor. Assim entende-se que a leitura de uma imagem

seria a leitura de um texto, mais com cores, textura, forma e volumes, entre outros

aspectos.

Na hora da leitura de uma imagem deve-se considerar o desenvolvimento

estético do aluno; ou seja, a construção de conhecimento do mesmo. Conforme

Nelson Goodman (apud Pillar 2009, p. 12), “o modo como se ”lê” um rabisco

depende do contexto em que ele se encontra, do marco gráfico que o rodeia e do

“contexto mental” do observador”.

Desta forma, observa-se que o ato da leitura refere-se a um emaranhado de

informações do objeto, que são compreendidas a partir do momento em que o

observador começa a perceber as características da imagem e dintingui-las,

compará-las, associá-las, tais características referem-se às formas, cores,

informações e conhecimento do leitor a cerca do objeto sendo observado, além da

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imaginação, que é um item importante na busca da compreensão do objeto, da

imagem sendo observada.

Ressalta-se aqui a pluralidade no ato da leitura, há uma construção de

conhecimentos visuais, ou seja, cada observador (leitor) possui uma carga

diferenciada e vasta de experiências anteriores, são lembranças, fantasias, entre

outros fatores, que afloram no momento da observação de uma obra. O que se vê

não é um dado real, mas aquilo que se consegue aprender, compreender e

interpretar a cerca da obra observada. Assim, entende-se que no ato da leitura há

diferentes olhares, o mesmo observador pode “avaliar”, enxergar a mesma imagem

de formas diferentes; deste modo ocorre uma pluralidade de leituras a respeito do

que nos é apresentado, a respeito do mundo que nos rodeia, através das imagens

que nos são apresentadas.

Já para Debray (apud Pillar 1998, p. 85), “não há imagem em si, enquanto

algo visível inerte, nem o olhar puro. A imagem terá seu sentido do olhar. É o olhar

que organiza a experiência, que cria um sentido”.

Assim, nota-se a importância que existe em cada olhar, a forma como cada

indivíduo reflete sobre uma imagem. Sem o olhar não há sentido, não há imagem. A

partir do momento em que se começa a observar as imagens e pensar sobre elas,

cria-se uma “vida para elas, elas começam a existir”.

1.1.1 Leitura de Imagens Televisivas

Conforme Domingues (apud Pillar 1998, p. 95):

A imagem eletrônica é uma imagem fugaz. Não possui dimensões, medidas e molduras. É uma energia em imagem estando sempre pronta para mudar. Ela não possui topografia, pois não ocupa nenhum lugar. Pensar a imagem eletrônica é pensar em tempo, velocidade, movimento.

Ao analisar o exposto acima, pensa-se na sociedade na qual vivemos em

constantes transformações, as coisas acontecem e mudam ao nosso redor de uma

forma muito rápida. A televisão apresenta notícias, comerciais, filmes, que tentam

acompanhar o tempo, que é muito rápido e passageiro.

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Hoje, percebe-se que muitas vezes, ao invés de nos proporcionar

entretenimento, a televisão procura influenciar explicita ou implicitamente a vida e o

gosto das pessoas. Pillar (1998, p. 51), acrescenta que a publicidade vende

felicidade, conforto, luxo, padrões de comportamento, moda. Difunde um modelo de

homem, de mulher e de criança, valores de uma sociedade específica em que o que

vale é o dinheiro, o status, o consumo.

Pode-se exemplificar as modas apresentadas nas novelas, duram o tempo

em que a novela está no ar, ou melhor, o período de sete ou oito meses em que ela

passa na televisão. Depois de algum tempo, ninguém mais lembra do modelo do

vestido do personagem principal, como era seu corte de cabelo, entre outros

aspectos.

Sublinha-se o verbo lembrar, principalmente para fazer-se uma reflexão, mas

quem precisa lembrar-se desses pormenores? O que muda na vida dessas pessoas

o comportamento de uma personagem televisiva? Até o momento da finalização da

novela, muitos já consumiram o que não precisavam e viveram sonhos que não

eram seus.

Tudo acontece muito rápido, há um dinamismo, um constante movimento e as

pessoas acabam levando para a sua vida diária. O mundo está adquirindo aspectos

de uma rede global, mas conforme Mira (apud Pillar 1998, p. 52), “não são os

gigantes dos meios de massa, o rádio e a TV, os protagonistas responsáveis por

essas características. [...] Do ponto de vista da organização econômica, empresarial,

a globalização das mídias“ levou à formação de grandes conglomerados, que se

espalharam pelos continentes, combinando o controle de rádio e teledifusão,

imprensa, edição, indústria fonográfica e edição de filmes, além de dominarem o

setor de distribuição, com satélites e redes de cabo.

Tudo é muito transitório, e as grandes organizações comerciais buscam

através da mídia conquistar novos consumidores. Nota-se, também, que a

publicidade voltada diretamente às crianças visam torná-las, transformá-las em

consumidores em potencial dos produtos veiculados, principalmente na televisão.

Diante desses fatos, surge uma questão que vai de encontro com o nosso

propósito do capítulo posterior: “A televisão influência o olhar das crianças e dos

adolescentes no que diz respeito ao ensino de artes?”.

Segundo Pillar (1998, p. 101), “as imagens da televisão como parte de nosso

cotidiano, estão presentes nos desenhos das crianças, nas obras dos artistas, nas

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15

conversas acadêmicas e informais, nos nossos sonhos, enfim nos nossos sistemas

de significação”.

Percebe-se pela citação acima que a televisão faz parte dos sistemas de

significação dos indivíduos. Assim, ao pensar-se no estudo de artes, sente-se a

necessidade de perceber como a criança, o adolescente, até mesmo os professores

são influenciados pela mídia e como obter uma postura crítica diante do que nos é

apresentado.

O professor deve sempre lembrar que, apesar da ficarem bastante tempo

assistindo à televisão, as crianças gostam de brincar, gostam de estar junto de

outras crianças, não se pode esquecer-se do lúdico nas atividades diárias.

Assim, nesse período no qual as crianças permanecem em frente à televisão

devem ser acompanhadas pelos pais ou responsáveis. Deve-se procurar ensinar às

crianças a desenvolverem e exercitarem seu julgamento crítico. No momento em

que a criança e o jovem passam a ser seletivo ao bombardeio de programas e

comerciais que a mídia apresenta, seu comportamento começa a mudar e, aos

poucos, naturalmente, adquire a capacidade de não se deixar “enganar”. Assim, a

criança e o jovem passam a agir conforme suas idéias passam a corrigir estereótipos

e imagens da mídia.

1.2 EDUCAÇÃO PARA A MÍDIA

Segundo Feilitzen e Carlsson (2002, p. 27),

A educação para a mídia não deve, basicamente objetivar apenas proteger os alunos de certos conteúdos da mídia, injetando neles certos princípios e opiniões que lhes ensinem dissociar-se do mau conteúdo da mídia e selecionar de boa qualidade. [...] A educação para a mídia também deve envolver uma tentativa para mudar a produção da mídia e a situação na sociedade, por meio da própria produção e participação da criança, entre outras coisas.

Os direitos reservados ao indivíduo, como o direito à liberdade de expressão,

à informação e o direito de expressar suas opiniões e idéias significa participação na

mídia. Dessa forma, ao expressar-se na mídia o aluno passa a ser mais participativo

e, consequentemente mais crítico.

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1.3 A COMPREENSÃO ESTÉTICA

De acordo com Abigail Housen e Michael Parsons apud Pillar (2009, p. 25),

“há estágios da compreensão estética que são importantes para serem abordados a

fim de preparar o educador e dar uma visão mais elaborada na busca pelo

desenvolvimento estético”. Assim, pode-se inserir atividades de leitura de imagens

no ensino da arte considerando as etapas e a idade das crianças e dos

adolescentes.

Para Parsons (apud Pillar 1998, p. 93),

Estas formas de entender a pintura surgem organizadas numa sequência do desenvolvimento. [...] as crianças pequenas começam todas, no essencial, pela mesma forma de entender a pintura, e vão reestruturando esse entendimento de maneira bem idêntica à medida que crescem.

Fazem-no para compreenderem melhor as obras de arte que vão

encontrando. Daqui resulta uma sequência comum de desenvolvimento baseada

numa série de intuições sobre as possibilidades da arte.

Desta forma, aos poucos, cada passo é um avanço do indivíduo em relação a

sua compreensão da arte. A sequência, o ritmo que se segue depende da natureza

da obras de arte e o contato que o indivíduo tem com as mesmas, os estímulos

visuais que o leva a pensar, refletir sobre o que vê.

Conforme Pillar (2009), os estágios a serem abordados, além dos

intermediários são: accountive (descritivo, narrativo), constructive (construtivo),

classifying (classificativo), interpretative (interpretativo) e re-creative (recreativo).

Basicamente, o primeiro estágio accountive (descritivo), refere-se às pessoas

com pouco convívio com as artes. O leitor comporta-se como um narrador de um

filme, a obra significa a partir da forma, da cor e tema. Eles elegem alguns detalhes

para a análise, por exemplo, que flores bonitas, que escada longa, que prédios

grandes, trata a obra como se ela fosse algo vivo.

Ele parece um narrador, às vezes, observa, outras participa. “Imagina subir

todas essas escadas, estou pensando como seria” (PILLAR, 2009, p. 35).

Neste estágio a obra será boa se o assunto representado for de seu agrado,

ou será ruim caso não corresponda aos seus padrões ou crenças pessoais. Neste

estágio há um olhar rápido sobre a imagem sem maiores envolvimentos emocionais.

Page 17: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

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No segundo estágio, constructive (construtivo), o leitor relaciona as partes da

imagem com a sua totalidade a fim de construir algum tipo de estrutura para ler. É

através da construção dessa estrutura que ele tenta saber o que a obra significa,

dentro de certos padrões, capacidade e valores, tentando conciliar o que já conhece

do mundo, com o que vê na obra.

Por exemplo, ao tentar descobrir por que foi usado o tom vermelho em

determinado lugar na obra, se ele foi bem feito ou não, se menciona a técnica

utilizada na sua elaboração, é um fator decisivo no julgamento da obra.

O leitor, nesse segundo estágio, usa sua percepção e sua memória no

encontro com a obra de arte, mas não utiliza apenas seu ponto de vista pessoal,

vivências e emoções. Ele observa a obra e procura distinguir-se do objeto de arte,

percebe-se que ele sabe que a obra tem vida própria separada de sua própria visão,

começando a associar que a imagem tem algo para nos dizer.

No estágio classifying (classificativo), menciona-se duas questões

importantes, o olhar do leitor busca compreender a obra, além de perceber

informações da própria imagem, suas formas cores, entre outros aspectos, ele busca

relacioná-los com um contexto de informações.

Conforme Pillar (2009, p. 30), “as perguntas quem e por que estão

intimamente conectadas, proporcionando ao leitor classificativo as condições para a

análise da obra”. Ocorre uma busca para decodificar as influências históricas, ele faz

hipóteses sobre o que o artista pretendia, ao analisar as marcas na tela.

Ao decifrar as mensagem e classificar corretamente o trabalho, dentro de seu

contexto estético, formal e histórico, o leitor decifra a obra e sente-se satisfeito.

O quarto estágio a ser tratado é o interpretative (interpretativo), a

compreensão da obra se faz baseada tanto nas informações presentes na própria

imagem, quanto na intuição e numa memória carregada de significados. O leitor

interpretativo sabe que há muitas respostas diferentes para um trabalho de arte, há

justificativas e explicações, porém não dominam a sua resposta.

Nesse estágio, o leitor está ciente que suas recordações, sentimentos e

fantasias ajudam ou interferem na interpretação dos símbolos, e libera seus

sentimentos, emoções e pensamentos. Ao declarar algo sobre a obra, todos notarão

o seu ponto de vista.

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Já o quinto estágio a ser tratado chama-se re-creative (recreativo), não há

uma questão dominante na resposta estética, porém uma interação entre várias

perguntas: o que, como, quem, por que e quando.

O leitor re-creative possui características como: experiência em analisar obras

de arte, uma mente crítica e uma postura que analisa e que responde. Há uma

preocupação com o visível e com o que não está claro, ele sente, analisa e

interpreta, em diversos níveis e procura uma nova forma de construir a obra.

Ressalta-se que para Housen (apud Pillar 2009, p. 25), “as habilidades de

leitura crescem cumulativamente, à medida que o leitor vai evoluindo através dos

estágios”.

Deve-se mencionar que o desenvolvimento estético fica por muito tempo, por

toda a vida, as crianças apresentam-se no primeiro estágio. Já os adolescentes e

adultos estão em vários estágios, isso não significa que alcancem todos. O que

garante o desenvolvimento estético é o contato com as obras de arte, a freqüência à

arte, neste estudo, não nos interessa apenas o estágio que a criança se apresenta,

mas sim o percurso que percorre neste entendimento das imagens e como o

professor pode ajudar na busca desta compreensão.

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CAPÍTULO 2 A IMPORTÂNCIA DA IMAGEM E MÍDIA NA ESCOLA

Durante a década de 80 iniciou-se um movimento questionador da Educação

Artística como disciplina escolar. Os professores passaram a denominar-se “arte-

educadores” e buscavam discutir o papel da arte na escola, procuravam entendê-la

com democrática e democratizante, visando à transformação da sociedade.

Com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases nº 9394/96 e com a divulgação

dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN em Arte), os professores conseguiram

enfocar a disciplina com as discussões atuais.

Aqui, pensa-se em alguns pontos e questionamentos a serem discutidos

nesta relação entre ensino de arte e as escolas na atualidade:

- As crianças e adolescentes conseguem compreender as imagens que os

cercam?

- Qual o papel da escola na busca por essa compreensão?

- Qual a importância da imagem da arte na escola?

- Como e escola ajuda as crianças e os jovens na compreensão das imagens

do mundo?

- A busca pela leitura social, cultural e estética das imagens proporcionará

mais sentido ao mundo da leitura verbal?

Pelas questões levantadas para a discussão, percebe-se a importância das

imagens da arte na escola, visto o que elas proporcionam aos alunos, ou seja,

permitem que eles aprendam a compreender e espera-se que aprendam criticar as

imagens ao seu redor.

2.1 AS MÍDIAS E A ESCOLA

Atualmente as crianças e adolescentes mantêm contatos diários com os

meios de comunicação, diferente das crianças de anos atrás, hoje há uma

diversidade de mídias que difundem sons, cores e imagens.

Page 20: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

20

Existe um número cada vez maior e crescente de mídias: rádios, CD’s, MP3,

MP4, cartazes, revistas, exposições, fotografias, cinema, vídeos, televisão, outdoors,

entre outras. Sobre o que foi citada, as presenças das imagens são recorrentes.

Tudo acontece muito rápido, a uma velocidade que nos leva a pensar, como

trabalhar e desenvolver as potencialidades dos alunos de hoje na escola?

São pluralidades incontroláveis de mensagens que cada um usa e compõe

como quer. A partir de um olhar, de um toque, de um controle remoto ou através de

um mouse. Então, como os educadores podem e devem diversificar as suas aulas a

fim de manterem-se atualizados e proporcionar o conhecimento das representações

das imagens do mundo de uma forma sadia e satisfatória?

Acredita-se que devemos considerar a amplitude do mundo cultural de nossos

dias. Buscar caminhos através de novas atividades, a partir de conversas,

brincadeiras, estudo de obras de arte. Enfim, proporcionar o encontro da disciplina

de Artes com as novas mídias que se apresentam. Para isso, torna-se necessário

que os alunos aprendam e consigam decodificar as mensagens que estão dispostas

e recebem diariamente.

Percebe-se que os alunos possuem contato com a mídia diariamente, mas

muitos não a aproveitam de forma consciente, não são orientados a utilizá-la para

fins educacionais ou desenvolver com ela, as suas aptidões.

Ressalta-se que o acesso à mídia não significa o crescimento integral de uma

criança ou adolescente, torna-se necessário ter a orientação por parte de pais,

responsáveis e educadores.

Mais atividades culturais na escola, exposições de artes, feiras de pesquisa,

apresentação de trabalhos de artes seriam um caminho para utilizar a mídia que os

alunos dispõem e mantêm contato. Assim, acredita-se que as potencialidades no

ensino de Artes poderiam ser desenvolvidas com êxito.

A mídia é de suma importância atualmente, torna-se necessário utilizá-la

corretamente e, principalmente, entender, as suas mensagens, os sons e as

imagens que chegam até nós diariamente apresentando diferentes dimensões

culturais do mundo.

Resumindo, percebe-se que hoje a imagem, a livre-expressão têm novos

objetivos. Hoje admite-se que a imagem não é prejudicial à educação estética.

Assim, os professores devem estar preparados para as novas abordagens em

relação à educação estética em todos os níveis e contextualizando com à educação.

Page 21: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

21

Na modernidade, a ênfase era na percepção. As questões eram, por exemplo: como as crianças percebem as qualidades estéticas, o estilo, as linhas? Como elas reagem às cores? Mas, hoje precisamos perguntar, não como as crianças percebem as qualidades estéticas, o estilo, as linhas? Como elas reagem às cores? Mas, hoje precisamos perguntar, não como as crianças vêem as coisas, mas qual o significado que atribuem a elas. Quais são as capacidades interpretativas que elas têm e como elas compreendem a arte? (ROSSI, 2006, p. 20).

2.2 O MUNDO ATUAL E O PAPEL DA ESCOLA

Vive-se em um mundo no qual a cultura visual está por toda a parte, as

crianças interagem, aprendem e se relacionam com e através das imagens, pode-se

citar os videogames, computadores, entre outros meios no qual a imagem é

dominante.

Pergunta-se, qual é o papel da escola, dos educadores diante do bombardeio

de imagens no qual os alunos estão inseridos e são expostos diariamente?

Sabe-se que as imagens influenciam pensamentos e comportamentos; assim

supõe-se que as abordagens feitas pelos professores em sala de aula devem

auxiliar os alunos no processo de decodificação e interpretação das imagens.

Para Barbosa (2005), a imagem ocupa lugar central nas aulas de Arte, visto

que os professores assumem a idéia de que todo o aluno deve ter acesso, meios e

oportunidade de compreender os símbolos da arte.

Conforme a teoria explicada no Capítulo 1, o desenvolvimento estético se faz

a partir do contato com as obras de arte. Ao proporcionar ao aluno esta ligação com

“os objetos” de arte, o professor estará auxiliando o seu aluno para que ele se

desenvolva e consiga com o tempo apreciar uma imagem e entender a mensagem

que ela apresenta. Assim, se dará o seu desenvolvimento, o espaço escolar torna-se

muito importante, pois muitos alunos somente mantêm contato e possuem chances

de discutir as imagens na sala de aula, saindo dali, geralmente não há outro

caminho. Acredita-se que o espaço escolar, as visitas aos museus, exposições,

entre outros locais é muito importante para os alunos, e o professor, em sua prática

educativa, deve proporcionar aos alunos esse encontro.

Segundo Barbosa (2005), atualmente os arte-educadora buscam abordagens

que propiciam a apropriação, a descontração e a reconstrução em arte. Eles buscam

novos objetivos, novos conteúdos e novas metodologias no planejamento das aulas

Page 22: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

22

e atividades. Os professores, além das questões “o quê” e “como”, devem pensar

nas propostas metodológicas para as condições sociais dos alunos: “quando”.

Este “quando” não se refere às datas comemorativas inseridas no calendário

escolar, nem a dados históricos. Mas sim, às condições dos alunos. Deve-se pensar

na adequação das propostas às possibilidades dos alunos, ou seja, “quando” eles

podem usar os ensinamentos do professor de uma forma que enriqueça a

interpretação e a conseqüente compreensão estética.

Verifica-se que na escola, durante a sua prática pedagógica, que o professor

deve procurar conhecer e entender o pensamento estético do aluno, a fim de que

sua aula torne-se enriquecedora e suas leituras possam ajudar no desenvolvimento

e compreensão dos alunos. Assim, para que a aula não se transforme em um

espaço onde os alunos recebam informações e fiquem saturados com isso, o espaço

escolar deve favorecer a leitura estética, propiciar que ela se desenvolva a partir de

discussões, explicações, leitura e julgamentos e passe a ter um significado para a

vida dos alunos, e não apenas um exercício escolar. O ensino deve favorecer a

expressão das idéias dos alunos sobre o que vêem.

Rossi (2006, p. 11) levanta as seguintes questões:

- O que o aluno vê numa imagem?

- O que enfatiza quando analisa uma imagem?

- Como ele a interpreta?

- Que perguntas faz frente à imagem?

- Que critérios usa para julgar a qualidade da imagem|?

- O que diferencia a leitura de cada aluno?

- Quais são os pressupostos que cada aluno traz?

- Como é, realmente, a leitura do aluno no contexto brasileiro?

- Pode-se impor uma leitura?

Assim, conforme as questões abordadas anteriormente, percebe-se a

necessidade de compreender as condições de conhecimento do aluno. Há fatores

como idade, nível de escolaridade, contexto social, cultural, familiar, entre outros que

interferem no desenvolvimento estético do aluno, cabe aos educadores conhecê-lo a

fim de que a construção do conhecimento ocorra de forma progressiva e

significativa.

Conforme Housen (apud Pillar 2009, p. 34), as habilidades de leitura crescem

cumulativamente, a medida que o leitor vai evoluindo através dos estágios. No início,

Page 23: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

23

toda a leitura é feita a partir de um ponto de vista egocêntrico e ingênuo, que leva

em conta apenas o conhecimento pessoal do leitor. Posteriormente, o leitor usa um

conhecimento mais geral e, finalmente, interage com o conhecimento estético.

Dessa forma, o professor ou arte-educador deve estar sempre se atualizando,

procurando teorias, oferecendo programas e materiais que atendam às

necessidades de seus educandos.

Refletindo sobre o exposto no decorrer do meu estudo, penso na melhor

forma de organizar um trabalho que proporcione reflexão por parte do professor e

aluno e respeite as condições de leitura dos aprendizes.

Acredita-se que o trabalho com imagens e discussão estética não se faz de

um dia para o outro. Primeiramente deveria haver um diálogo entre o professor e os

alunos, a fim de que o educador conheça o desenvolvimento estético dos seus

alunos. Procurar saber se conhecem ou já visitaram exposições de arte, se

freqüentam teatro, museus.

A partir desse enfoque, conhecendo o aluno, o contexto, o ambiente no qual

ele vive, pode-se desenvolver um trabalho eficiente, proporcionando os primeiros

contatos do educando com as imagens. Diferentes materiais podem ser analisados,

como, fotos, telas, objetos, imagens publicitárias. Após estes primeiros contatos

deixa-se que os alunos se manifestem frente as imagens.

Dessa forma, através de visitas e contatos com as imagens, os alunos

poderão obter crescimento, conhecimento e crítica sobre as imagens que os cercam,

além das imagens das obras de arte.

2.3 UM NOVO OLHAR

Acredita-se que o educador possui um papel importante no que diz respeito à

orientação de seus alunos no que se refere a manter ou proporcionar um olhar

crítico diante das imagens.

Assim, o papel do ensino de artes deve passar por um momento de reflexão.

Vive-se em uma sociedade complexa, confusa, muitas vezes difícil de administrar, a

mídia precisa de um olhar atento e crítico, pois não deve ser vista apenas como um

espaço para o consumo (COSTA, 2009).

Page 24: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

24

A escola e o professor de artes são importantes no processo de formação da

cidadania, no momento no qual ele ensina, educa e aconselha o aluno, leva-o a

pensar nas imagens que lhe são apresentadas pela mídia, ocorre um processo de

compreensão, é o que o professor espera, uma reflexão, o desenvolvimento da

criticidade do aluno.

Dessa forma, perguntam-se quais são as atitudes a serem desenvolvidas pelo

professor diante da transformação social cada vez mais rápida em nossos dia-a-dia?

Como se educa, ou aconselha um adolescente que sonha com fama e dinheiro e

tem ídolos bilionários? Como pode-se orientar os alunos, permitindo-lhes que

compreendam o mundo ao seu redor e sejam críticos diante do que se apresenta a

eles?

Costa (2009, p. 24), na citação a seguir nos faz refletir sobre os ícones dos

novos tempos:

Imensas audiências são mobilizadas por bilionários ridículos, mega star devassas ou outras personalidades irreventes e incontroláveis, invariavelmente associadas à fama, poder e dinheiro. A conclamação á fruição máxima, a exacerbação do individualismo e a proliferação irrefreável de narcisos pós-modernos são signos de um tempo em que somos assaltados pela ilusão da potência.

Refletindo-se sobre “ilusão da potência”, como seres humanos “normais”,

digo, sem os refletores e microfones voltados para nós, como educadores ou como

simples mortais, sentimo-nos impotentes diante da cultura que não prega valores

como a coletividade, a participação, a amizade, o compreender o mundo, como

reverter este quadro?

Deve-se pensar sobre uma nova abordagem no ensino, manter os alunos

conectados ao mundo, porém percebendo as influências das imagens da mídia em

suas atitudes e hábitos.

Nota-se que a sociedade está pautada na mídia e no consumo, projeta-se a

vida pensando-se no sucesso futuro, entenda-se o sucesso, não pautado no estudo,

no trabalho e no esforço. Sucesso pautado na forma repentina, talvez um reality

show, uma aparição na TV, coisa do gênero.

O que mais se vê, atualmente, são pais ansiosos pela fama dos filhos,

querem transformar o filho em um novo fenômeno do futebol e a filha em uma nova

Page 25: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

25

top model de sucesso; não dão suporte as suas crianças, deixam-nas a mercê de

uma futura desilusão e consequentemente, frustração.

Segundo Costa, (2009, p. 25),

Vê-se na mídia trajetórias espetaculares e financeiramente bem-sucedidas de personalidades famosas (e ricas) e de nações poderosas (e ricas), transformando-as em modelos desejáveis, como tal visão impregna as sociedades, perpassando todos os seus estratos e invadindo nossas vidas inapelavelmente.

Parece tudo tão simples, fácil e palpável, a cultura do sucesso e do consumo

faz parte do mundo contemporâneo, a inversão dos valores, a exarcebação do

individualismo faz com que as pessoas sintam-se mais vazias, ansiosas e/ou

frustradas. Acredita-se assim que muitos se tornam consumistas sem refletir o que

lhes é apresentado a partir das imagens.

Costa (2009, p. 33), diz “houve uma invasão da cultura do consumo na vida

das crianças e a transformação do “outro” em mercadoria”. Assim, muitas crianças,

adolescentes e até mesmo alguns adultos acreditam que na nossa sociedade

compra-se tudo, porém não se compra companheirismo, amizade, talento,

inteligência, entre outros.

2.3.1 O Marketing e as Marcas

Naomi Klein (2004), em sua admirável análise sobre como companhias

transnacionais convertem o mundo em uma oportunidade de markenting. As marcas

vendem uma ideia, um estilo, um conceito, um sonho.

Observa-se uma cultura de estilo mundial, celebra-se uma promessa de

igualdade planetária que se tornaria possível pela fusão de desejos e sonhos em

logomarcas.

De acordo com Costa (2003, p. 27), “há aí uma convocação irresistível, que

se materializa mediante e preferência por determinados mercadorias, ícones deste

mundo que nos faria todos iguais”.

Page 26: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

26

Ao pensar-se em igualdade, nota-se que o trabalho dos educadores diante

desta perspectivas, requer cuidado, principalmente na hora de selecionar material a

ser trabalhado em sala de aula.

Acredita-se que não se pode viver isolado do mundo que nos é apresentado,

porém o educador deve cuidar para não reforçar marcas, “materializar” o consumo

dentro da sua linda pedagogia, ou seja, escolher imagens que reforcem a venda,

mesmo que inconsciente de algo ou alguma coisa.

Por exemplo, ao trabalhar uma imagem que apresenta uma marca, por

exemplo, a grife de Coca-Cola, que vende camiseta, calças, entre outros. Pensa-se

que uma postura crítica faz-se necessário, compreender como surgiu a marca, de

onde surgiu e com que finalidade.

Costa (2009), apresenta-nos um exemplo: crianças adquirem uma “mochila

de rodinhas” em comunidades que sequer têm ruas pavimentadas. Qual é a

finalidade de se comprar este objeto?

Além disso, acrescenta-se que, atualmente, é raro encontra uma mochila que

não tenha um desenho da Walt Disney, ou de um novo desenho do momento como

“Backardygans” que é um desenho animado canadense tornou-se um dos carros-

chefe da programação do canal Discovery Kids - e deu origem a mais de 300

produtos licenciados, como álbuns de figurinhas, chaveiros e mochilas ou “Bob

Sponja” que também é um desenho que se passa no fundo do mar (REVISTA VEJA,

2008).

Percebe-se que não há muita escolha para o professor, mas o caminho da

amizade, do compartilhamento, de atividades interdisciplinares, de visitas a museus,

galerias de artes e outros espaços artísticos seja um caminho para tornar nossas

crianças e adolescentes, cidadãos conscientes aprendendo a valorizar o “ser” em

detrimento do “ter”.

Page 27: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

27

CAPÍTULO 3 DIÁLOGO COM A ESCOLA

3.1 CONTEXTO ESCOLAR

A escola em que pretendo realizar o meu Estágio Docente chama-se Escola

Estadual de Ensino Médio Affonso Charlier, localiza-se em Canoas, na rua José

Maia Filho, número 1400, Bairro Harmonia, Rio Grande do Sul.

A escola teve o seu Decreto de Criação no dia 22/03/1976, e obtendo seu

parecer de autorização de funcionamento com 5º a 8º série, e anos após em

09/02/1990 a autorização de funcionamento de 1º a 4º série, a escola passou por

transformações em 19/03/1991 e em 01/02/1995 recebe a sua autorização para o

funcionamento do 2º Grau.

Possuindo cerca de 776 alunos, sendo 372 alunos no turno da manhã,

totalizando 12 turmas do Ensino Fundamental de 4º a 8º série e Ensino Médio do 1º

ao 3º ano, no turno da tarde somente Ensino Fundamental, com 269 alunos sendo

10 turmas, e no turno da noite 135 alunos sendo 5 turmas de 1º ao 3º ano do Ensino

Médio.

Atualmente a escola possui 13 salas de aulas, laboratório, refeitório,

secretária, sala dos professores, da direção, SOE, sala para Educação Física, e um

pátio amplo.

A comunidade Escolar é formada principalmente por alunos moradores dos

bairros Harmonia, Mathias Velho e Cinco Colônias. Quanto ao aspecto sócio –

político – econômico caracteriza-se por pertencer à classe média baixa, na sua

maioria assalariada.

Tendo como filosofia da escola, integrar a Comunidade Escolar,

oportunizando condições de interação com o meio ambiente; buscando a formação

de cidadãos conscientes do senso crítico, responsável, participativo, livre e

comprometido com a construção de uma sociedade democrática. A Escola visa o

resgate de valores:

- Cooperação: troca de materiais e experiências;

- Solidariedade: estar presente e compartilhar em todos os momentos;

- Respeito: tratamento entre profissionais, alunos, pais;

Page 28: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

28

- Responsabilidade: Tomadas de decisões coletivas e zelo com o patrimônio

público;

- Justiça: ser coerente com o discurso e a prática;

- Disciplina: organização, comprometimento, ser exemplo.

A escola deve estar aberta a participação da comunidade escolar, onde

alunos, pais professores e funcionários são os idealizadores, organizadores e

executores do Projeto Educativo, objetivando o exercício democrático na escola e

conseqüentemente contribuindo para uma sociedade também democrática.

A avaliação é contínua, gradual, cumulativa e cooperativa, envolvendo

Professores, Equipe Diretiva, alunos, pais, Serviços e Instituições da Escola.

A avaliação exerce as funções diagnóstica e qualificadora.

A avaliação abrange dois focos distintos, específicos e intimamente

relacionados: a) a Escola como um todo; b) o aluno no seu desempenho escolar.

A avaliação do desenvolvimento do aluno do Ensino Fundamental e do

Ensino Médio, exceto no primeiro ano do fundamental de nove anos, é feita ao longo

e ao final de cada um dos trimestres do ano letivo, através de notas, de zero a cem

(100). Sendo que o primeiro e segundo trimestre têm peso um (01) e o terceiro peso

dois (02). No final do aluno letivo somam-se as notas dos trimestres, já multiplicadas

pelos respectivos pesos e divide-se por quatro, sendo considerado Aprovado o aluno

que obtém média mínima de cinqüenta (50).

3.2 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO COM A PROFESSORA DO ENSINO MÉDIO

Conforme a professora, ela trabalha há um ano com Artes e gosta de fazer

ampliações de desenhos e atividades com EVA.

Perguntei como seus colegas vêem a disciplina de Artes e qual a importância

que dão, respondeu que dão importância, sim, principalmente o professor de

Matemática quando se trabalha geometria. Deu a entender que o aprender em Arte

se limita a geometria, ou ainda, que o importante é a geometria.

De acordo com Ana Mae Barbosa:

Em minha experiência tenho visto que as Artes Visuais ainda estão ensinando desenhos geométrico, seguindo a tradição positivista, ou

Page 29: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

29

continuam a ser utilizadas principalmente nas datas comemorativas, na produção de presentes muitas vezes estereotipados para o dia das mães ou dos pais (2002, p. 14).

Com esta visão, que colegas professores, e até mesmo o próprio professor de

artes tem de conteúdos, se resumindo até mesmo em datas comemorativas, é que

nos faz pensar no que a Arte de hoje podemos proporcionar, como um leitor mais

informado, um professor mais consciente do papel de sua disciplina pode

acrescentar ao aluno ao seu desenvolvimento.

Questionando sobre materiais utilizado em aula, ela relatou que entre vários

materiais como folhas, lápis, EVA, usa com os alunos a régua e o compasso. Creio

que não devemos limitar o processo de criação do aluno, pois no momento de uso

de réguas há um certo conflito entre o impulso para criar e a forma que seria o ideal

de perfeição ao olhar dos outros, usando assim a régua para sair perfeito seu

trabalho.

Quanto a avaliação, a professora processa pela execução dos trabalhos,

inclusive os feitos em casa.

As respostas são de uma professora que tenta passar o que sabe. Quando eu

havia perguntado sobre os conteúdos usados, ela respondeu EVA e desenhos.

Penso que em suas respostas, faltou um interesse e conhecimento maior sobre arte.

Conforme Barbosa (2002, p.15): “A falta de uma preparação de pessoal para

entender Arte antes de ensiná-la é um problema crucial, nos levando muitas vezes a

confundir improvisação com criatividade”.

A própria professora nos dias em que fiz observações silenciosas, havia dito

que os alunos eram muitos criativos com seus “potinhos de EVA”.

Para a prática em Artes, ela deveria pesquisar mais sobre Artes, conteúdos,

metodologias, etc. De acordo com Fusari e Ferraz (2001, p.73): “ Para desenvolver

um bom trabalho de Arte o professor precisa descobrir quais são os interesses,

vivências, linguagens, modos de conhecimento de arte e prática de vida de seus

alunos”.

Identificando assim as necessidades sobre o que falta ainda saber, ter um

ponto de partida, um fio condutor para um trabalho de educação.

Page 30: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

30

3.3 ANALISE DOS QUESTIONÁRIOS DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

Após aplicar o questionário aos 21 alunos da turma 204, 2º ano do Ensino

Médio, constatei que os alunos têm com a Arte uma expressão, e reações de

satisfação. Apesar dos 76,2% alunos não visitarem museus e exposições, e não

terem um contato mais próximo com a Arte, mostraram-se satisfeitos com artes.

Esta turma mostrou-se atraída para realizar trabalhos em grupos, pois 66,7%

gostaria de trabalhar em grupos. Assim, creio que a comunicação entre eles deve

ser aproveitada, para uma troca de conhecimentos. Conforme Jurema Trindade

(2002, p.11); “Pela comunicação as pessoas compartilham experiências, idéias e

sentimentos, influenciando-se reciprocamente e juntas modificam a realidade”.

Acredito que a Arte é isto, esta troca de conhecimento, de comunicação, de

sentimentos. E quando podemos trabalhar em grupos, faz-se grandes trocas de

pensamentos, experiências e linguagens.

Quando se fala de linguagem e comunicação, não podemos esquecer de

mencionar o avanço da comunicação através da Internet, já que neste caso, 76,2%

dos alunos têm acesso à Internet. Cabe saber qual seria o tipo de informações que

eles retiram deste instrumento de comunicação.

A Internet pode servir para um maior conhecimento sobre artistas, obras de

arte e até mesmo informar mais sobre novos materiais para trabalhar com Artes.

Segundo os resultados dos questionários, a turma não está interessada em novos

materiais, tão pouco em conhecer vida e obra de artistas.

Tem que dar uma oportunidade a esta turma, pois há um primeiro passo

importante já dado, porque eles acham que Artes é importante. Porém, creio que

não entendem, ou não tiveram a oportunidade de ter uma aula, com diversos

materiais e outros recursos para Artes, que despertasse seu interesse pela Arte .

Segundo Ferraz e Fusari (1999, p.19):

[...] é na escola que oferecemos a oportunidade para que crianças e jovens possam efetivamente vivenciar e entender o processo artístico e sua história em cursos especialmente destinados para esses estudos.

Acredito que a apreciação da arte, e a vivência com o fazer artístico, os

alunos se envolvam mais em Artes, observando que o processo artístico poderá

Page 31: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

31

despertar neles um interesse maior, ou mais especifico, como fotografia, pintura,

cerâmica, entre outras.

3.4 ANÁLISE DAS OBSERVAÇÕES SILENCIOSAS DO ENSINO MÉDIO

No período em que observei a turma do 2º ano do ensino médio, tive certeza

que, apesar de eu nunca ter lecionado, ainda assim poderia, futuramente, ajudá-los

em relação ao conhecimento e desenvolvimento da Arte.

Constatei em aula, que com uma professora que está formada em outra área

e já se aposentando, há um certo descaso com o que realmente deve ser trabalhado

como conteúdos de Artes.

A sociedade é percebida como em constante transformação, o que requer

formação cada vez mais especializada dos profissionais que atuam na área de

educação. Segundo Rejane G. Coutinho (apud Barbosa 2002, p.153): “Estamos

portanto, diante de uma situação reflexiva. É preciso cuidar da formação do

sujeito/professor formador. É preciso aprender a aprender a ensinar”.

A professora titular tem autonomia para dar o conteúdo que quiser, podendo

assim, usufruir melhor desta autonomia refletindo sobre este domínio da prática

pedagógica, tendo clareza e responsabilidade nas escolas do que ensinar. Falta por

parte da professora um pouco de pesquisa sobre o que ensinar.

Ela ficava sentada, conversando com outra professora que visita a turma.

Como se não bastasse, a professora que visita a turma interfere no processo criativo

de uma aluna, comentando com a aluna que seu trabalho (potes de vidros com

recortes de EVA) não parecia um cachorro e sim um leão. Tal comentário era

acompanhado de risadas, constrangendo assim a aluna perante os colegas. Ainda

uma outra aluna fala que não gosta das aulas de Artes, e diz que seus trabalhos

nunca foram elogiados, que não ficam bons.

De acordo com Martins, Picosque e Guerra (1998, p. 111): “A busca pela

representação mais realista muitas vezes traz o medo, a preocupação com o fazer

bem-feito, levando a criança a usar freqüentemente a borracha, ou a se refugiar no

uso da régua”.

Page 32: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

32

Tal preocupação com o fazer bem-feito é semelhante entre crianças e

adolescentes, apesar das diferenças de idades, aparece nos adolescentes da turma

observada.

Nas observações os alunos sempre estavam com pressa de ir embora. A

professora só transferia seus “moldes” de desenhos ou de artesanatos, o resto

ficava por conta do interesse de cada um. Cada aluno trocava seus conhecimentos

com o colega. Segundo Cury (2003, p. 68): “Bons professores cumprem o conteúdo

programático, mas seu objetivo fundamental é ensinar os alunos a serem

pensadores e não repetidores de informações”.

Os alunos que poderiam ser mais criativos estavam ali somente repetindo

moldes e mais moldes.

Ao me defrontar com esta realidade nas aulas de Artes, com o descaso dos

professores, a pressa dos alunos (que não estão tão interessados), pude observar

que havia muito há fazer, há apresentar para os alunos em Artes, como diferentes

materiais, para experimentar algo novo. Ali estavam os rapazes trabalhando

desenho livre (somente para não ficarem sem fazer nada) e no outro lado as garotas

fazendo potes com EVA para vender.

Notei a falta de compreensão e conhecimento sobre os trabalhos dos alunos

e de um planejamento do professor. O conhecimento e a pesquisa para atuar devem

ser contínuos, o fazer e o pensar a docência em Artes, analisar materiais, tempos

disponíveis, estimular o interesse nas aulas. Entre estes e outros casos a pensar, sei

que a situação desta turma com as aulas de Artes esta abalada, tendo que haver

mais dedicação e harmonização de ambos.

Page 33: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

33

CAPÍTULO 4 PROJETO DE ENSINO EM ARTES VISUAIS

4.1 DADOS DA ESCOLA

Nome da Instituição de Realização do Estágio: Escola Estadual de Ensino

Fundamental e Médio Affonso Charlier.

Cidade: Canoas/RS.

Endereço: Rua José Maia Filho, nº 1.400, Bairro Harmonia.

Nº Total de Alunos: 776

Data da Realização do Projeto: 2010/2

4.2 TEMA DO PROJETO

“A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária”.

4.3 JUSTIFICATIVA

Este projeto pedagógico em Artes surgiu de constatação da necessidade de

desenvolver a reflexão crítica dos alunos em relação às imagens, vistas através das

propagandas publicitárias em fotos, revistas, jornais, outdoors, entre outras.

Também por perceber que, atualmente, o consumismo em excesso faz parte

do nosso cotidiano, muitas pessoas compram carros, eletros, telefones, etc., sem ao

menos estarem precisando. O “bombardeio” de imagens é muito intenso, portanto,

espera-se que com estas aulas, os alunos possam refletir sobre alguns resultados

que a mídia nos traz e nos faz pensar, um consumo sem crítica e exagerado.

Espera-se que no decorrer das aulas os alunos sejam capazes de respeitar

as diferentes opiniões sobre o assunto. Além disso, perceber e reconhecer a

importância das imagens que estão associadas a certos discursos, como os da

publicidade, que se manifestam e influenciam a vontade de consumir.

Page 34: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

34

4.4 OBJETIVOS GERAIS DO PROJETO

- Demonstrar para os alunos a importância de um olhar crítico diante das

imagens que nos são apresentadas pela mídia;

- Promover reflexões e interpretar as imagens da publicidade junto aos

alunos;

- Possibilitar aos alunos conhecer a arte dos artistas contemporâneos Jac

Leirner, Romero Britto e Vik Muniz.

4.5 PRÁTICA DE ENSINO

Segue abaixo o relato das aulas do projeto de ensino.

4.5.1 Aula 1

Planejado

Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem

publicitária”

Objetivos: o aluno deverá atingir os seguintes objetivos:

- Entender o Projeto de Ensino;

- Ler e compreender o Texto “Eu, Etiqueta”;

- Refletir sobre as etiquetas que utilizam diariamente;

- Refletir como as imagens publicitárias levam ao consumismo;

- Desenvolver percepções sobre as diferentes mídias;

- Olhar para si mesmo e pensar sobre o que está usando.

Conteúdos: Projeto de ensino, marcas.

Metodologia: expositiva dialogada com recurso (Texto: Eu, Etiqueta de

Carlos Drumond de Andrade), reflexão; prática individual.

Desenvolvimento:

1º Momento: Cumprimentarei os alunos e farei a chamada. Após

apresentarei o projeto para os alunos escrevendo no quadro o tema: “A busca da

Page 35: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

35

compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária”. A seguir apresentarei

os objetivos do projeto.

2º momento: Entregarei para cada um dos alunos uma cópia do texto “Eu,

etiqueta” de Carlos Drummond de Andrade e pedirei para que façam uma leitura

silenciosa.

3º momento: Neste 3º momento dividirei o texto em três partes e anotarei no

quadro negro para os alunos seguirem.

1ª parte: os versos estão na cor vermelho.

2ª parte: os versos estão na cor azul.

3ª parte: os versos estão na cor verde.

A partir da leitura da 1ª parte, solicitarei aos alunos que reflitam e respondam

no caderno as seguintes questões.

1) Quais são as marcas de tênis e roupas que você está usando?

2) Quais são as marcas que você costuma consumir na alimentação (comida

e bebidas) Cite algumas.

4º momento: Seguindo a leitura da 2ª parte, solicitarei aos alunos para que

respondam as seguintes questões:

3) Você se sente escrevo da moda ou procura refletir sobre o que costuma

usar?

4) Você se considera uma marca registrada e/ou logotipo do mercado? Um

anúncio publicitário? Justifique.

5º momento: Seguindo a leitura da última parte do texto objetivarei fazer com

que os alunos reflitam sobre seus gostos pessoais, sobre sua capacidade de

escolher.

Encerra-se com a questão:

5) O que eu uso e consumo reflete quem eu sou ou faz parte do gosto

universal imposto a mim pela mídia?

Recursos: texto, caderno, caneta, quadro-negro, giz colorido.

Avaliação: a avaliação será satisfatória se o aluno:

- Entender o Projeto de Ensino;

- Saber analisar as etiquetas que usa;

- Perceber a importância do olhar crítico para o consumismo.

Page 36: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

36

Realizado

Data: 18/03/2010 Quinta-feira.

Horário: 10h30min às 11h15min.

Alunos: 35.

Iniciando a aula após o recreio, todos demoraram a entrar para sala,então a

professora titular chamou-os. Já na sala a professora Adriene começa a me

apresentar dizendo que eu seria a nova professora de Artes e logo após saiu da

sala. Cumprimentei os alunos e falei para eles que era estagiária de Artes e que

gostaria de apresentar o projeto de trabalho, que colocaríamos em prática durante

12 aulas.

Escrevi no quadro o nome do projeto, “A busca da compreensão do

consumismo a partir da imagem publicitária”. Comentei sobre os objetivos deste

projeto, e que iremos trabalhar com alguns artistas contemporâneos.

Alguns alunos questionaram-me quanto à Faculdade que eu estudava,

respondi que era a Ulbra. Eles perguntaram se iria dar aula só para eles, respondi

que estava dando aula para uma turma do Ensino Fundamental.

A seguir comecei a distribuir uma cópia do texto, “Eu, etiqueta” de Carlos

Drummond de Andrade e pedi para lerem o texto. Expliquei que a partir do texto eles

responderiam a cinco perguntas, distribui também folhas de ofício brancas para que

eles respondessem.

Expliquei para eles, que como no texto estavam divididos os versos com

cores, eles responderiam por partes. Coloquei no quadro a divisão dos versos, 1ª

parte: os versos na cor vermelho; 2ª parte: os versos na cor azul; 3ª parte: os versos

na verde.

E assim, por partes, responderiam:

1º Verso na cor vermelho:

Quais são as marcas de tênis e roupas que você está usando?

Quais são as marcas que você costuma consumir na alimentação (comida e

bebida)? Cite algumas.

2º Verso na cor Azul:

Você se sente escravo da moda ou procura refletir sobre o que costuma usar?

Você se considera uma marca registrada e/ou logotipo do mercado? Um

anúncio publicitário?Justifique.

Page 37: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

37

Pedi que eles refletissem sobre o que vestem e consomem.

Passando para a 3ª parte(verde) eu encerrei com a pergunta: 5) O que eu uso

e consumo reflete quem eu sou ou faz parte do gosto universal imposto a mim pela

mídia?

Todos responderam e participaram da aula com interesse, houve

questionamento sobre algumas marcas, principalmente a de alimentos consumidos

como a de marca de feijão e arroz, se poderiam colocar nas respostas.

Analisando as respostas do questionário, percebo que o que mais se

destacou, foram como marca de roupas “Adidas e ”Nike”, como marca na

alimentação “Pepsi”, “Coca-Cola”, biscoito “Trakinas”, suco “Tang” e arroz “Tio

João”. E quanto à pergunta, se eles se sentem escravo da moda ou ainda uma

marca registrada / logotipo do mercado, constato que a maioria respondeu que não

se sente escravo, nem tão pouco uma marca registrada.

Mas em algumas respostas há dúvidas e contradições como aparece na

resposta do aluno William, sobre a pergunta se ele se considera uma marca

registrada, um anúncio publicitário. Ele respondeu: “Não e sim, um anúncio

publicitário. Porque posso ser um modelo de consumidor de diversas marcas” e

ainda na próxima pergunta referente a pergunta: O que eu uso e consumo reflete

quem eu sou ou faz parte do gosto universal imposto a mim pela mídia? Ele

respondeu: “Sim, porque mostra que tipo de pessoa eu sou”.

No caso desta resposta, creio que deixou claro que usando a roupa imposta

pela mídia ele se torna diferente por usar a marca, como se torna-se membro de

uma tribo. Segundo Ignácio (apud Costa 2009, p. 48):

Crianças e jovens – na atualidade mais independentes e também responsáveis pela aquisição de produtos – buscam incansavelmente adquirir uma gama infindável de significados distribuídos pelos inúmeros produtos que circulam nas teias do consumo. Fazem isso para se sentirem parte do(s) grupo(s) com o(s) qual(is) se identificam.

Assim sendo, se tornam consumidores pelo apelo da mídia, mesmo que entre

as respostas adquiridas os alunos não se sinta manipulado pela sensação de prazer

e de beleza que a mídia impõe ao vestir uma marca. Como diz a aluna Carolina

referente à pergunta se ela se considera uma marca registrada por vestir marcas ,

respondeu: “Não, porque não uso marca pelo nome e sim o que me deixa bonita”.

Page 38: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

38

A meu ver, esta aula deixou claro que a captura da mídia para que o

pensamento do consumidor seja realizar um padrão de beleza ou de felicidade após

a compra da marca. Como diz Costa (2009, p. 78):

Mais do que uma difícil tarefa, eis um novo e imenso desafio que se apresenta às professoras e aos professores destes tempos – enfrentar o consumismo e educar o consumidor-cidadão. Será isso possível? Teríamos alguma chance? Ainda há tempo?

Creio que se tratando desta turma, já houve interesse no assunto sobre

imagens de consumo, marcas e seus valores culturais, sendo assim já tivemos um

ponto de partida para o projeto de um olhar mais crítico.

4.5.2 Aula 2 Planejado

Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem

publicitária”

Objetivos: o aluno deverá atingir os seguintes objetivos:

- Fazer autorretrato com desenho e pintura;

- Atribuir signos (símbolos) à própria imagem;

- Identificar marcas pessoais na maneira de desenhar e pintar.

Conteúdos: imagem, obras de arte, auto-retrato, signos, desenho e pintura.

Metodologia: expositiva dialogada; trabalho individual e debate em grupo.

Desenvolvimento:

1º momento: cumprimentarei todos os alunos, farei a chamada e organizarei

a turma com as classes em forma de círculo. Explicarei que a atividade será realizar

um trabalho chamado auto-retrato.

2º momento: Mostrarei aos alunos imagens de retratos e autorretrato de

artista como Vik Muniz.

Page 39: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

39

Autorretrato do artista Vik Muniz

Fonte: http://veredaestreita.org/2009/05/

3º momento: Entregarei uma folha de ofício branca para cada aluno, onde os

mesmos, primeiramente deverão desenhar um autorretrato no centro da folha e após

deverão recortar e colar ao redor da folha os produtos que mais consomem.

4º momento: Pedirei para cada aluno mostrar para os seus colegas o seu

trabalho e falar sobre os produtos que consome e achou na mídia. Orientarei os

alunos para serem bastante observadores na procura dos produtos consumidos.

5º momento: Farei um debate sobre o que cada aluno está consumindo e

uma avaliação sobre a convocação da mídia para o consumo de produtos e como

devemos fazer uma análise crítica destes convites que estão nas mídias pois nem

sempre eles são os mais nutricionais.

6º momento: Pedirei que os alunos tragam revistas, encartes de

supermercados e jornais para a próxima aula.

Recursos: Lápis preto, lápis de cor, revistas, jornais, folha de ofício branca,

tesoura e cola.

Avaliação: a aula será satisfatória se os alunos participarem com exemplos e

questionamentos. E também por fim realizarem as atividades propostas.

Page 40: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

40

Realizado

Turma: 201

Data: 25/03/2010

Horário: 10h30min. as 11h15min.

Neste dia, cheguei e fiquei aguardando na sala dos professores até dar o

sinal para terminar o recreio, quando a diretora pede 10 minutos de atenção para

fazer alguns comunicados, mas já estava na hora irem para as salas. Após os

comunicados me dirijo à sala de aula. Os alunos demoraram para entrar, restando

apenas 30 minutos para dar a aula.

Cumprimentei os alunos e comecei a colar no quadro algumas reproduções,

autorretratos de artista como Vik Muniz. Falei que iríamos trabalhar com autorretrato

e distribui uma folha A4, um encarte de supermercado e colas.

Expliquei que observassem os autorretratos no quadro, que alguns eram de

artistas de diferentes épocas. A partir destes exemplos eles deveriam desenhar na

folha o seu autorretrato. Muitos alunos olharam fotos deles no próprio celular para

desenharem.

Após o desenho, pedi que retirassem do encarte os produtos que eles mais

consomem através da propaganda e colassem na folha do autorretrato. Como o

tempo era pouco, tive que pedir para não demorarem, e que deviam refletir sobre o

convite ao consumo através da imagem impressa no encarte.

Perguntei a todos se os produtos ali escolhidos eram consumidos pelo

produto ou pela embalagem e que muitas vezes a imagem encanta os olhos. Muitos

responderam que dependia, que primeiro tinha que gostar, mas que a embalagem

chama a atenção para a compra.

Analisando este tipo de comportamento, que vem muitas vezes desde a

infância, concordo com que diz Mairsa Costa (2009, p.199):

Diariamente, novas e envolventes embalagens se oferecem aos olhos infantis embutidos em instigantes estratégias que convocam ao consumo.Exemplo disso é uma das campanhas do McDonald’s em que se associou um “alimento instantâneo” a um “brinquedo instantâneo.

Com esta educação desde a infância, quando chegam a adolescentes, fica

mais rápido adquirirem hábitos de alimentação pelo olhar rápido das imagens.

Page 41: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

41

Analisando os trabalhos de autorretrato, com colagem dos produtos

escolhidos, o apelo ao consumo através da imagem sem haver muita reflexão fica

nítido, pois os alimentos são praticamente os instantâneos, com embalagens e

propagandas nas mídias.

De acordo com Martins (1993, p.58): “Nossos olhos não aparecem ter sido

exercitados para este universo contemporâneo repleto de apelos visuais, que

impõem mais consumo que reflexão”.

A atividade de desenhar o autorretrato e envolvendo desenhos e produtos, fez

com que os alunos exercitassem um “olhar-pensante”. Como fundamenta Martins

(1993 p.58):

Instigados a desenhar e desafiados a ler mais atentamente, os adolescentes confrontaram-se com o texto visual. Pretendia-se ampliar o referencial visual sobre o desenho, provocar o exercício do olhar-pensante, através da própria imagem, instigar para a descoberta de significações pessoais e culturais, desafiar para a reflexão sobre a arte através de si mesma e estimular a ação expressiva.“

Com o autorretrato, iram poder olhar, pensar, refletir, interpretar e avaliar seu

consumo através da imagem.

Nossa aula poderia ter sido melhor, mas o tempo era pouco e não deu para

fazermos um debate como programei, foi somente comentado sobre o que podemos

olhar mais criticamente no consumo.

Autorretrato e colagem sobre o consumo.

Page 42: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

42

Figura 1- Produção do aluno Davi Figura 2 - Produção da aluna Carina.

Fonte: CANTO, 2010. Fonte: CANTO, 2010.

5.2.3 Aula 3

Planejado

Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem

publicitária”

Objetivos: o aluno deverá atingir os seguintes objetivos:

- Conhecer o artista Romero Britto e suas obras;

- Descrever as características das obras deste artista;

- Refletir sobre o efeito das cores na embalagem da propaganda;

- Analisar o que uma imagem pode transmitir.

Conteúdos: vida e principais obras de Romero Britto.

Metodologia: expositiva, dialogada; prática individual e reflexiva.

Desenvolvimento:

1º momento: após cumprimentar os alunos e fazer a chamada, iniciarei

falando sobre a vida e obras do artista Romero Britto.

2º momento: Apresentarei vida e algumas obras do artista entre elas uma

das obras do autor usada para propaganda de sabão em pó, sob forma de cartaz

Page 43: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

43

afixado no quadro negro. Depois escreverei no quadro negro as três etapas

(descrição, análise e interpretação). Explicarei que a descrição indica o que é

perceptível na imagem; a análise diz respeito aos aspectos formais da obra, a

interpretação são as hipóteses sobre o significado.

Propaganda Sabão em pó Omo.

Fonte:

http://www.pitoresco.com.br/espelho/valeapena/romerobrito/romerobrito.htm

Obra Sem título do artista Romero Brito.

Page 44: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

44

Fonte: www.jornaljovem.com.br/.../galeria_virtual12.php

3º momento: Pedirei que os alunos observem a obra no quadro negro por 3

minutos e após solicitarei que registrem, individualmente, suas impressões na folha

distribuída, listando as primeiras palavras que lhes vêem à cabeça.

4º momento: seguindo a análise passaremos para os aspectos mais visíveis

da obra afixada no quadro negro. Levantarei questões como:

- A composição da imagem é abstrata ou figurativa?

- As cores utilizadas são alegres ou tristes (quentes ou frias)?

- Porque será que colocaram a imagem colorida em embalagens de sabão em

pó?

-Você gosta desta imagem?

-Você compraria o produto para ter a embalagem (de lata)?

Assim, seguir-se-á o trabalho de leitura da imagem, anotarei no quadro negro

palavras chaves das respostas dos alunos a fim de ajudá-los na compreensão desta

obra.

Recursos: cartaz com as obras, durez, quadro negro, giz colorido, caderno,

folhas com as perguntas e lápis preto.

Avaliação: a avaliação será satisfatória se o aluno:

- Conhecer o artista Romero Britto e suas obras.

Realizado

Data: 08/04/2010 Quinta-feira

Horário: 10h30min. as 11h15min.

Cumprimentei a turma e coloquei no quadro algumas obras do artista Romero

Britto. Falei um pouco da vida do artista, e que ele chegou a pensar em ser

advogado, mas sua paixão pela arte foi mais forte. Ele é casado com uma americana

e, apesar de ser brasileiro, faz sucesso nos Estados Unidos. Ele espalhou 500

esculturas de vacas em tamanho natural nas ruas de Nova York.

Comentei que ele começou a fazer sucesso com as propagandas, como a de

bebida Vodka ”Absolut”, refrigerante Pespsi-Cola, Disney e na moda, inspirando os

estilistas como o dono da Grife de moda praia Rosa Chá. Suas obras ainda decoram

Page 45: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

45

a casa de várias celebridades como a cantora Madonna, Xuxa e Paloma Picasso

(filha de Pablo Picasso).

Após mostrar algumas reproduções de obras no quadro, comecei a retirá-las

e deixei somente a que se refere à propaganda do sabão em pó “OMO”, conforme a

abaixo.

Propaganda Sabão em pó Omo.

Fonte:

http://www.pitoresco.com.br/espelho/valeapena/romerobrito/romerobrito.htm

Aparecendo ao lado da caixa de sabão em pó duas latas estampadas com a

obra feita exclusivamente para as publicidades de OMO. Pedi para todos analisarem

a propaganda, o porque desta obras nas latas.

Depois de observarem a obra pedi que, individualmente, eles respondessem

a cinco perguntas em uma folha que eu estava distribuindo.

A primeira pergunta: A composição da imagem é abstrata ou figurativa? Os

alunos começaram a dizer que não sabiam o que era abstrato ou figurativo, então

perguntei se nunca tiveram aulas sobre isso. A turma toda disse nunca ouvir nada

sobre o assunto e que o ano passado quase não havia aula de artes. Então tive que

parar com as perguntas e explicar o que era abstrato e figurativo.

Passando para a segunda pergunta: As cores utilizadas são alegres ou tristes

(quentes ou frias)? A maioria responde que eram alegres.

Terceira pergunta: Porque será que colocaram as imagens coloridas em

embalagens de sabão em pó? Grande parte dos alunos respondeu que era para

chamar a atenção dos consumidores.

Page 46: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

46

Nesta compreensão da imagem ficou claro o interesse do fabricante em

agradar os consumidores através das obras coloridas. O modo de pensar e de olhar

para o produto que os alunos tiveram despertou reflexões se havia a necessidade de

comprar o produto para obter a lata colorida.

Já na quarta e quinta perguntas, enfatizei se eles gostaram da imagem e se

compraria o produto para ter a embalagem (lata) colorida? Responderam que

adoravam coisas coloridas e que comprariam sim, que até já compraram outros

produtos pela imagem agradar ou ainda por junto ao produto vir outro brinde.

Chamo atenção para a importância da educação do olhar, onde todos os dias

a mídia apresenta novas imagens dando um novo significado a cada uma delas.

Segundo Luciana Borre Nunes (2010, p.13):

As crianças e os jovens da contemporaneidade estão diante de novas maneiras de agir e de pensar socialmente. Vivenciam a força do mercado de consumo, as relações sociais contemporâneas e os constantes investimentos midiáticos.

Assim vivem numa sociedade de consumo, influenciada pelas imagens,

imagens estas que devem ser trabalhadas na sala de aula para maiores reflexão,

pensar sobre as imagens que estão no cotidiano.

Seguindo, comentei com os alunos que na próxima aula iremos trabalhar mais

sobre o mesmo artista. Liberei a turma, pois não haveria o próximo período que seria

de Geografia, estavam dispensados pela diretora.

5.3.4 Aula 4

Planejado

Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem

publicitária”

Objetivos: o aluno deverá atingir os seguintes objetivos:

- Consolidar a leitura publicitária da imagem da aula passada;

- Incentivar o aluno a criar uma reprodução artística a partir da obra de

Romero Britto;

- Analisar o que uma imagem pode transmitir.

Page 47: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

47

Conteúdos: obra de Romero Britto, reconstrução de imagem e análise da

imagem.

Metodologia: dialogada, expositiva e trabalho em dupla.

Desenvolvimento:

1º momento: cumprimentarei os alunos e farei a chamada, solicitarei aos

alunos para que sentem em duplas, relembrarei a aula passada sobre a reflexão

sobre a imagem publicitária de Romero Britto.

2º momento: Pedirei aos alunos que reproduzam uma imagens (desenho)

baseadas na obra de Romero Britto estudada na aula anterior ou naquelas trazidas

pela professora estagiária neste dia, sugerindo que seus desenhos sejam

produzidos como fosse para uma publicidade.

3º momento: organizarei juntamente com os alunos um painel com as

reproduções elaboradas pelas duplas.

Recursos: folha de desenho, lápis preto, giz de cera, lápis de cor e cartazes

com obras de Romero Brito.

Avaliação: a avaliação será satisfatória se o aluno:

- Reconhecer as obras de Romero Britto;

- Refletir sobre as imagens;

- Reproduzirem um desenho a partir da obra de Romero Britto.

Realizado

Data: 15/04/2010 – Quinta-feira.

Horário: 10h30min. as 11h15min.

Comecei a aula relembrando a anterior, sobre a vida e a obra do artista

Romero Britto e o uso de suas obras na publicidade.

Coloquei algumas reproduções e propagandas com o uso das reproduções de

obras do artista no quadro. Pedi que observassem as reproduções, pois baseado

nas obras do artista eles fariam um desenho. Sugeri que seus desenhos fossem

sobre algum produto a ser divulgado em publicidade. Pedi atenção, pois o produto

tinha que ter o estilo do artista e cativar um suposto, ou seja, um futuro consumidor.

Distribui folhas A4, lápis de cor e lápis de cera para alguns alunos que não

tinham materiais.

Page 48: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

48

Nesta proposta de trabalho foi fundamental o aluno perceber e analisar a

influência das cores, linhas e do uso da arte na imagem do produto para a

publicidade. Acreditei na possibilidade de todos os alunos terem condições de

desenvolver a imaginação criadora, assim como, trabalharem na construção de uma

publicidade os alunos estariam vivenciando uma formação de um individuo críticos e

criativos, estimulando assim a percepção do aluno para o mundo.

Oportunizei os alunos, viverem o lado de quem produz a publicidade para

transmitir a mensagem e, por outro lado, de quem observa a publicidade para

consumir. Utilizando a imagem e a produção com os alunos estaremos no caminho

para um trabalho de compreensão da cultura visual. Segundo Hernández (apud

Nunes 2010, p. 51):

Trilhar esse caminho da arte na educação não corresponde a uma moda, mas sim conecta com um fenômeno mais geral que tem a ver com o papel da escolarização na sociedade da informação e da comunicação, e com a necessidade de oferecer alternativas aos alunos para que aprendam a orientar-se e a encontrar referências e pontos de ancoragem que lhes permitam avaliar, selecionar e interpretar a avalanche de informações que recebem todos os dias.

Os alunos que nos chegam na sala de aula já estão capturados pelas malhas

do consumo, com isso, cada vez mais se admite a importância do trabalho de

imagens publicitária em sala, para um olhar mais crítico.

Com relação às produções dos alunos, foram bem coloridas, conforme o

estilo do artista. Eles também deixaram visíveis os desejos de consumo ou ainda de

envolvimento de produtos desenhados da mídia. Isso aparece diversas vezes em

produtos tecnológicos, como o MP4, as máquinas fotográficas, os celulares,

computadores e ainda os produtos de moda e beleza.

Após terminarem recolhi os trabalhos, pedindo para que na próxima aula eles

tragam materiais como cola tesoura e lápis de cor.

Page 49: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

49

Produção da aluna Elen

Fonte: CANTO, 2010.

Produção da aluna Fabiana

Fonte: CANTO, 2010.

Page 50: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

50

Produção da aluna Jéssica

Fonte: CANTO, 2010.

Produção da aluna Bruna

Fonte: CANTO, 2010.

5.3.5 Aula 5

Planejado

Page 51: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

51

Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publi

citária”

Objetivos:

- Apresentar o artista Leonardo da Vinci e sua importante obra “Monalisa”;

- Refletir sobre o comercial da Bombril onde o ator aparece como a Monalisa;

Conteúdos: pintor Leonardo da Vinci, obra Monalisa, técnica do Sfumaço e

comercial TV Bombril com a Monalisa.

Metodologia: expositiva dialogada; trabalho reflexivo e debate em grupo.

Desenvolvimento:

1º Momento: Nesta aula falarei sobre o pintor Italiano Leonardo da Vinci e

sua famosa obra Monalisa, provavelmente a obra mais famosa da história da Arte.

Conversarei com os alunos sobre seu valor e sobre o Museu do Louvre na França,

local onde a obra esta exposta. Explicaremos que a técnica utilizada por Leonardo

da Vinci para pintar a Monalisa foi o Sfumato que em italiano quer dizer “misturado”

ou “esfumaçado”. Esta técnica apresenta uma pintura sem linhas ou limites, como se

fosse fumaça.

Obra Monalisa de Leonardo da Vinci

Page 52: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

52

Fonte:Fonte:http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/ vinci/joconde/joconde.jpg

Propaganda da empresa Bombril. Fonte:http://analisandodiscursos.wordpress.com/

2º momento: Perguntarei para os alunos se eles lembram da propaganda do

Bombril onde aparecia o ator principal como Monalisa. Solicitarei que os mesmos

juntem-se em grupos de quatro e reflitam sobre esta campanha publicitária e

respondam no caderno os seguintes questionamentos:

- Qual a razão desta escolha (Monalisa)?

-Porque um quadro italiano foi escolhido para vender amaciante de roupa no

Brasil?

- O que está campanha publicitária queria demonstrar?

- Qual a relação do Bombril com a Monalisa?

3º momento: Pedirei que os alunos façam um debate colocando no quadro

negro suas respostas. Farei a chamada.

Recursos: Imagens da propaganda do comercial Bombril, quadro negro e giz

colorido.

Avaliação: a aula será satisfatória se os alunos observarem e perceberem a

ligação de uma obra de arte mundialmente conhecida e uma campanha publicitária

de um produto muito conhecido.

Page 53: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

53

Realizado

Data: 22/04/2010.

Horário: 10h30min. as 11h15min.

Ao iniciar a aula, comentei que gostaria do apoio de todos com silêncio, pois

nosso tempo seria mais curto devido a despedida para a Diretora da escola, que

estava se aposentando. Então teríamos aproximadamente 30 minutos de aula.

Comecei colocando no quadro a reprodução da Monalisa, o autorretrato de

Leonardo Da Vinci e a propaganda da empresa Bombril, referente à linha de

amaciantes para roupas “Mon Bijou”.

Falei para os alunos sobre o pintor Italiano Leonardo Da Vinci e sua famosa

obra, que provavelmente seria a mais famosa da história da Arte. Exposta no Museu

do Louvre na França, expliquei a técnica utilizada para a pintura do quadro, que se

chamava Sfumato que em italiano quer dizer “misturado” ou “esfumaçado”.

Apresenta uma pintura sem linhas, como se fosse fumaça, sem limites.

Após a explicação sobre o artista e a técnica da obra, perguntei para os

alunos se lembravam da propaganda da Bombril, onde aparecia o ator principal

como Monalisa. Mostrei a imagem da propaganda que coloquei no quadro.

Pedi para os alunos que refletissem sobre esta campanha publicitária e

respondessem:

- Qual a razão desta escolha (Monalisa)?

- Porque um quadro Italiano foi escolhido para vender amaciante de roupas

no Brasil?

- O que esta campanha publicitária queria demonstrar?

- Qual a relação do Bombril com a Monalisa?

Entre as respostas dos alunos, apareceram que: “a obra é famosa por isso

tornaria o amaciante famoso”, “porque queriam chamar atenção do público”, “porque

todos conhecem o quadro daí conheceriam o amaciante também”, ”pela beleza da

Monalisa”. Ao mesmo tempo alguns alunos acharam que não há nenhuma relação

entre a Monalisa e a Bombril.

Entre várias respostas, ficou claro que os alunos refletiram e trocaram ideias

sobre a propaganda, dando a entender que o quadro por ser famoso, deixaria o

amaciante famoso e com isso atrairia mais consumidores.

Page 54: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

54

Segundo Alexandre Dias Ramos (2006, p.95):

A campanha da Bombril não está discutindo Estética – na verdade isso pouco importa para a agência ou para a pessoa que vai lavar roupa -, mas o uso da imagem, ou melhor dizendo, da fama que tal quadro possui foi eficiente para a brincadeira que o publicitário criou com a história da arte.

Com os reconhecimentos mundiais da obra Monalisa, com tamanha fama,

passando por inúmeras culturas e linguagens, proporcionou ao comprador e aluno,

uma quantidade de informações guiada pelos publicitários, para aquisição de

produtos de consumo, muitas vezes as obras utilizadas despertam mais a atenção

do consumidor. Guiando nesta aula os alunos também para um olhar mais

consciente sobre a intenção da obra de arte na propaganda.

Comentei com os alunos que na próxima aula iríamos continuar com o

assunto, mas fazendo um trabalho referente à publicidade.

5.3.6 Aula 6

Planejado

Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem

publicitária”

Objetivos:

- Apresentar o artista Leonardo da Vinci e sua importante obra “Monalisa”;

- Refletir sobre o comercial da Bombril onde o ator aparece como a Monalisa;

- Interagir com a imagem da obra tornando publicitária.

Conteúdos: pintor Leonardo da Vinci, obra Monalisa, e comercial TV Bombril

com a Monalisa, produção de uma publicidade com a Monalisa.

Metodologia: expositiva dialogada; trabalho reflexivo, trabalho em dupla.

Desenvolvimento:

1º momento: Iniciarei falando sobre a aula passada, relembrando a aula

sobre o artista Leonardo da Vinci e a imagem da obra Monalisa utilizada em

publicidade.

2º momento: A seguir entregarei para os alunos uma folha apenas com o

contorno da Monalisa e pedirei que interajam com a figura da Monalisa para que

Page 55: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

55

tornem em uma imagem de anúncio publicitário de sua preferência, como foi feito na

propaganda do Bombril podendo fazer colagem, pintura, etc.

3º momento: Pedirei que realizem as produções, com atenção para que

chame a atenção do consumidor do produto.

4º momento: Lembrarei que tragam materiais, como papelão, sucata, cola,

etc, para montagem de um produto, para a próxima aula.

Recursos: Imagens da propaganda do comercial Bombril, folha com o

desenho, adesivos, revistas, cola, linhas, lã, lápis preto, giz de cera, caderno,

caneta, quadro negro e giz colorido.

Avaliação: a aula será satisfatória se os alunos produzirem e interpretarem a

imagem publicitária.

Realizado

Data: 27/04/2010 – Terça-feira.

Horário: 9h25min. as 10h10min.

Comecei relembrando a aula passada, sobre o artista Leonardo da Vinci e a

imagem da sua obra Monalisa, usada no comercial de TV pela empresa Bombril

para a venda de amaciantes de roupas “Mon Bijou”. Lembrando que na aula

passada, eles chegaram a refletir sobre o uso da obra na publicidade e suas

intenções para o consumo.

A partir desta recapitulação, comentei que como já havíamos refletido sobre

esta campanha publicitária, iríamos criar uma imagem publicitária a partir de uma

folha apenas com o contorno da Monalisa. O trabalho consistia em interagir com o

desenho da Monalisa, destacando um produto, transformando a imagem em anúncio

publicitário da preferência dos alunos, como foi feito na propaganda do Bombril. Eles

poderiam fazer colagens, pinturas, etc.

Colocando o aluno no lugar do publicitário, ele terá a visão do que um

publicitário faria para vender um produto. Assim eu pretendia desenvolver a leitura,

interpretação e a produção com uma imagem publicitária.

Surgiram, entre as produções dos alunos, publicidades para jóias, vinhos,

shampoo, imagens da Monalisa como coelha de Páscoa com ovos, Monalisa do time

de futebol do Grêmio e Inter (de Porto Alegre), Monalisa usando roupas da marca

Adidas, Monalisa que pensa só em bombons, em refrigerantes Coca-cola, Monalisa

Page 56: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

56

escondendo seus dentes, pois não usa creme dental “Sensodyne”, e até Monalisa

na publicidade do filme Avatar. As produções foram criativas e promoveram aos

alunos momentos de múltiplas interpretações.

Segundo Rossi (2003, p. 29):

A compreensão das imagens publicitárias desenvolve um olhar crítico que pode desmistificar idéias veiculadas pela mídia. Assim, justifica-se a inclusão de uma propaganda no material a ser analisado pelos alunos.

Este trabalho mostrou aos alunos visões mais amplas sobre as imagens

publicitárias, sobre as quais muitas vezes não compreendemos seus “apelos” e

significados.

Entre eles, uma aluna recusou-se fazer a atividade, dizendo não gostar de

pintar. Sugeri então que ela fizesse colagens de produtos. Ela produziu um trabalho,

mas não se dedicou muito. Os demais alunos aceitaram bem o trabalho proposto

com as produções, sendo que um deles pediu para levar uma folha com o contorno

para casa para realizar mais uma produção.

Finalizando, pedi para os alunos trazerem na próxima aula materiais para a

produzirem um produto para venda, materiais como sucata, papelão, cola, tesoura,

etc.

Obs. Houve troca de dia e horário da aula nesta semana, devido a um

passeio da turma na quinta-feira, dia que seria a aula.

Produções dos alunos:

Page 57: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

57

Produção da aluna Daniela

Fonte: CANTO, 2010.

Produção do aluno Vinícius

Fonte: CANTO, 2010.

Page 58: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

58

Produção da aluna Bruna

Fonte: CANTO, 2010.

5.3.7 Aula 7

Planejado

Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da Imagem

publicitária”

Objetivos:

- Criar um produto original para vender;

- Analisar a apelação da mídia para a venda do produto;

- Expor opiniões;

- Argumentar;

- Sintetizar idéias;

- Trabalhar em grupos.

Conteúdos: desenho, imagem, criação, texto e comunicação.

Metodologia: aula dialogada, prática criativa e trabalho em grupo.

Desenvolvimento:

1º Momento: Cumprimentarei os alunos e falarei dos objetivos da aula.

Page 59: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

59

2º momento: Solicitarei aos alunos que sentem em grupo. Explicarei para

eles que além de serem muito criativas, muitas campanhas publicitárias apelam para

o cômico, outras tentam comover o público. Enfim, algumas são apelativas como as

campanhas de venda de cerveja que quase sempre colocam mulheres bonitas e

exuberantes para fazerem seus comerciais. Pedirei que os alunos dêem exemplos

de comerciais vistos por eles.

3º momento: Solicitarei para que cada aluno (grupo) crie um produto original,

podem usar sucata, papelão, plástico, ou seja, qualquer material que acharem

conveniente para a montagem do produto.

Recursos: sala de aula, sucata, materiais diversos, cola, tesoura, canetas

coloridas, papel pardo, jornais e revistas.

Avaliação: a aula será satisfatória se todos os alunos envolverem-se

criativamente na elaboração do produto.

Realizado

Data: 06/05/2010.

Horário: 10h30min. as 11h15min.

Ao iniciar a aula, solicitei aos alunos que se organizassem em grupos de

quatro pessoas e colocassem os materiais solicitados na aula anterior sobre a mesa.

A maioria dos alunos não trouxe os materiais, então falei que eu havia trazido uma

caixa com alguns materiais, e que os colocaria no centro da sala para que cada

grupo escolhesse o que fosse necessário. Primeiro eu expliquei atividade do dia.

Falei que gostaria que cada grupo produzisse um produto para venda.

Expliquei a eles que há muitas campanhas publicitárias que são criativas, que usam

o lado cômico e até apelativo, como as mulheres exuberantes dos comerciais de

cervejas, por exemplo, e também outras propagandas que tentam comover o

público, como dia das mães. Então pedi a todos que dessem exemplos de

propagandas vistas por eles.

Os alunos deram como exemplos os comerciais do supermercado Bourbon

que são emocionantes, especialmente em datas comemorativas. Falaram do

programa da rede Globo “Casseta e Planeta”, sobre os produtos ”Tabajara”, que são

sempre cômicos ao inventarem produtos. Lembraram também das propagandas de

cervejas, em especial, uma que a atriz Juliana Paes aparece bem sensual.

Page 60: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

60

A partir das lembranças de comerciais, pedi que cada grupo se organizasse

para construír um produto para uma suposta venda, mas tendo que chamar atenção

pelo seu lado cômico, apelativo ou emocional.

Nos produtos criados pelos alunos, apareceram “Binóculos” coloridos (para

ver colorido), “Boneca da copa do mundo” feita com rolo de papel higiênico e

cabelos de lãs com as cores do Brasil (para várias utilidades na copa), “Relógio

Spike” feito de lã, palitos de churrasco e papéis (para espetar inimigos), “Cavalo

boneco” feito com rolo de papel colado com folhas coloridas e bolinhas de isopor.

Neste trabalho proporcionei aos alunos momentos de trocas de idéias, de

expor opiniões, de criação de produtos envolvendo a aprendizagem de um olhar

mais atento às imagens publicitárias que envolvem os sentimentos do consumidor.

Como afirma Marly Meira, não se referindo diretamente das imagens publicitárias,

mas às imagens em geral.

O olhar é anestesiado por uma emoção e arrastado pelo fascínio da imagem, predispondo aquele que a vê ficar imantado pela emoção, encantado. Ela propicia os meios para quem vê, de tornar-se o vidente do objeto de seu desejo virtual. Sem substituir o corpo do ser desejado, a imagem vai articular-se com imagens-lembrança, imagens-relação e imagens-percepção, vai compor fantasias, vai criar o cristal de pensamento em imagens. (2003, p. 53).

Por este motivo de imagens relacionadas a lembranças, emoções e fantasias,

é que o nosso arquivo sentimental aflora ao apelo de determinadas imagens

publicitárias, cabendo ao professor trabalhar o que é observado pelos alunos

explorando a criatividade dos mesmos nos trabalhos de produções, deixando assim,

claro ao aluno o quanto devemos desenvolver nosso olhar crítico. Pois qualquer

um pode tornar-se um criador de suas imagens, despertando no aluno um olhar mais

crítico sobre as imagens, colocando o aluno neutro entre à fonte produção e à fonte

de consumo, para uma melhor compreensão na hora de apreciar uma imagem

publicitária.

Page 61: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

61

Figura 5 – Binóculo Figura 6 - Boneca da Copa Figura 7 - Cavalo Boneco Produção da aluna Carina Produção do aluno Vinícius. Produção do aluno Rafael. Fonte: CANTO, 2010. Fonte: CANTO, 2010. Fonte: CANTO, 2010.

5.3.8 Aula 8

Planejado

Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem

publicitária”

Objetivos:

- Refletir sobre as imagens que a mídia não mostra;

- Analisar se o consumo e a mídia estão à disposição de todos;

- Perceber se as imagens que a mídia mostra está presentes em nosso

cotidiano social.

Conteúdos: imagens, mídia e consumo.

Metodologia: aula dialogada, prática reflexiva, exercício individual.

Desenvolvimento:

1º Momento: Cumprimentarei os alunos e farei a chamada.

2º momento: Comentarei sobre as imagens que a mídia, os comerciais de

TV, campanhas publicitárias e outdoors nos apresentam, são pessoas “bonitas”,

“magras”, “com bom poder aquisitivo”, “com carros bonitos e novos” e “casas

espetaculares”. A família está sempre feliz, por exemplo, (do comercial da

margarida). Colocarei no quadro algumas imagens de comerciais impressos, para

observarem.

Page 62: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

62

3º momento: Farei com os alunos algumas reflexões:

-Até onde estas imagens são a realidade do nosso dia a dia?

-O padrão de beleza adotado pela publicidade é verdadeiro?

-Quais são os instintos que as imagens publicitárias provocam em nós?

-Onde elas nos levam?

-Compramos somente o que precisamos? Ou o comercial nos leva a comprar

um pouco mais?

-Todos de nossa sociedade têm acesso a este mundo (representado)?

-O que você acha que tem de comum entre estas imagens publicitárias?

4º momento: Após comentarem suas respostas e reflexões, pedirei aos

alunos responderem as questões acima no caderno.

Recursos: sala de aula, caderno, caneta, imagens de comerciais.

Avaliação: a aula será satisfatória se todos os alunos refletirem sobre o que a

mídia não mostra e não incentiva.

Realizado

Data: 13/05/2010 – Quinta-feira.

Horário: 10h30min. Às 11h15min.

Já com todos os alunos em sala, após terem entrado do recreio, comecei a

colocar no quadro propagandas de empresas referentes a produtos de beleza, a

bebidas e a vendas de imóveis.

Com a turma já observando as imagens, comentei sobre as imagens da

mídia, os comerciais de televisão, outdoors que nos apresentam pessoas “bonitas”,

“magras”, com “bom poder aquisitivos” e famílias “alegres”.

Pedi então, que ao observarem as imagens, fizessem reflexões quanto:

-Até onde estas imagens são a realidade do nosso dia a dia?

-O padrão de beleza adotado pela publicidade é verdadeiro?

-Quais são os instintos que as imagens publicitárias provocam em nós?

-Onde elas nos levam?

-Compramos somente o que precisamos? Ou o comercial nos leva a comprar

um pouco mais?

-Todos de nossa sociedade têm acesso a este mundo (representado)?

-O que você acha que tem de comum entre estas imagens publicitárias?

Page 63: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

63

Com todas estas perguntas houve na aula reflexões e debates, onde os

alunos concluíram que: “Os comerciais nos levam sim a comprar além do que

devemos”, que “o que está representado ali não é a nossa realidade pois na

propaganda está sempre tudo lindo”, que “desperta em nós um instinto de que

devemos comprar os produtos, para que tenhamos as mesmas sensações de

alegrias e belezas das pessoas das fotos e propagandas”. Referente a relação do

que haveria em comum com as imagens observadas, sempre aparecem “felizes”,

famílias “unidas”, espaços “ótimos”, o “ideal” de beleza sempre está ali exposto, tudo

isso para vender a mensagem da imagem de consumir.

Segundo Everardo Rocha (1985, p.108):

A publicidade junta tudo magicamente. Na sua linguagem, um produto vira uma loura, o cigarro virá saúde e esporte, o apartamento vira a família feliz, o carro vira um fim de festa [...]. E assim a publicidade coloca para nós, nos comerciais, um jogo de ilusões para consumirmos seus produtos.

Logo, trabalhando na escola com as mensagens das imagens publicitárias,

estamos desenvolvendo com os alunos pensamentos que devem refletir sobre a

produção destes ou daqueles comerciais, que sugere no comercial um estilo de vida

“ideal”.

Conforme Rocha (1985, p. 26):

Estudar a produção publicitária é, dessa maneira, importante e se justifica na medida em que ela não é apenas volumosa e constante, mais que isto, ela tem como projeto “influenciar”, “aumentar o consumo”, “transformar hábitos”, “educar” e “informar”, pretedendo-se ainda capaz de atingir a sociedade como um todo.

Com o uso destas imagens do cotidiano, se faz presente uma série de

representações, fazendo do consumo um projeto de vida, ou seja, consumindo

estaria fazendo bem as sensações, emoções e o prazer.

Enfim, ficou claro nesta aula que o importante é que a interpretação dos

anúncios nos traz informações que atribuem quanto à necessidade deste consumo e

influências destas imagens em nossas vidas, como “ideal de vida”.

5.3.9 Aula 9

Page 64: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

64

Planejado

Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem

publicitária”

Objetivos: o aluno deverá atingir os seguintes objetivos:

- Conhecer o artista Jac Leirner e suas obras;

- Divulgar o trabalho de Jac Leirner para os alunos;

- Apresentar e trabalhar com arte contemporânea;

- Incentivar a coleta de um objeto (cédulas antigas) para a realização de um

trabalho;

- Promover a participação de todos os alunos na criação de uma obra de arte

baseada no artista Jac Leirner.

Conteúdos: vida e principais obras de Jac Leirner e objetos cotidianos.

Metodologia: expositiva dialogada; prática individual e em grupo e debate.

Desenvolvimento:

1º momento: após cumprimentar os alunos e fazer a chamada, explanarei

sobre a vida e as obras da artista contemporânea Jac Leirner, através da coleta de

objetos comuns, desde a década de 80 realiza uma série de trabalhos com papel

moeda. Em 1987 com a obra “Os Cem”, utiliza notas de 100 cruzeiros. Assim,

explanarei gradativamente as principais obras e as principais técnicas utilizadas para

a elaboração dos trabalhos.

Obra da série “Os cem”, 1985/87 da artista Jac Leirner

Fonte: www.heloisabuarquedehollanda.com.br/?p=967.

Page 65: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

65

2º momento: Organizarei com os alunos um varal com cédulas antigas de

dinheiro, solicitadas com antecedência. Cada aluno perfurará as notas com o furador

e passaremos uma a uma em um barbante montando um varal com as notas.

3º momento: Seguirão a aula com uma atividade escrita em uma folha

distribuída onde os alunos deverão analisar a obra desenvolvida em grupo. Bem

como, os alunos deverão debater com o grande grupo sobre o valor do dinheiro

antigo, que antes poderia comprar muitas coisas, hoje se torna apenas um papel.

Recursos: giz, quadro negro, cédulas antigas de dinheiro, barbante, lápis

preto e caderno.

Avaliação: a avaliação será satisfatória se o aluno:

- Conhecer a artista contemporânea Jac Leirner;

- Participar ativamente das atividades propostas;

- Compreender que as obras desta artista servem para mostrar o consumo e

seus males.

Realizado

Data: 20/05/2010 – Quinta-feira.

Horário: 10h30min. as 11h15min.

Cumprimentei os alunos e logo fiz a chamada. Coloquei no quadro algumas

reproduções de obras da artista Jac Leirner e perguntei aos alunos se já conheciam

a artista. Responderam que não, então comentei que iríamos trabalhar conhecendo

um pouco do trabalho da artista.

Comecei falando sobre a vida da artista, que ela é contemporânea, tem 49

anos, e nasceu em São Paulo, em 1961. Formada em Artes Plásticas, já lecionou na

Inglaterra e participou da 5ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre-RS, em 2005.

Algumas de suas obras são realizadas com uma longa coleta de objetos comuns,

freqüentemente ligadas ao universo de consumo.

Pedi que os alunos observassem a reprodução da obra “Os Cem”, que estava

no quadro. Expliquei que na década de 1980, Jac Leirner realizou uma série de

trabalhos com papel-moeda. E na obra “Os Cem”, feita em 1987, a artista utilizou

notas de 100 cruzeiros, na qual as cédulas são furadas, presas em longas tiras e

colocadas no chão.

Page 66: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

66

A partir desta explicação, comentei também sobre as suas obras com

sacolas, com carteiras de cigarros vazias e até cinzeiros tirados de aviões. Então

propus aos alunos que nos organizássemos e produzíssemos um varal de cédulas

para colocar na sala de aula como reflexão e observação, assim como na obra de

Leirner.

Distribui cédulas (sem valor) em reais e dólares. Cada aluno colocou no

barbante a sua cédula. Após já exposto o varal com as cédulas os alunos

começaram a analisar a produção, fazendo refletir o trajeto que as cédulas fazem, o

que nos trazem, a troca, a riqueza, a pobreza, desvalorização. Houve comentários

sobre a ganância que o dinheiro pode trazer e muitas vezes até mesmo a

infelicidade.

Nesta leitura da produção dos alunos, ficou claro que como as cédulas que

circulam no nosso cotidiano, que há muito mais coisas que circulam e não paramos

para observar e analisar. Alguns alunos ao observarem a produção, comentaram: “O

dinheiro assim pendurado, me faz pensar o quanto o dinheiro é importante na vida,

mais que às vezes dou importância demais a ele”.Gerando um pensamento crítico

na aluna que apesar de pouca idade, já traz consigo suas experiências de vida e

conhecimento.

Segundo Pillar, ao referir sobre o ato da leitura, deixa claro que:

É preciso, no entanto, ter claro que esta leitura, esta percepção, esta compreensão, esta atribuição de significados vai ser feita por um sujeito que tem uma determinada história de vida, em que objetividade e subjetividade organizam, de modo singular, sua forma de apreensão e de apropriação do mundo. (2002, p. 74).

Assim, muitas vezes a interpretação que o leitor faz, vem de um resgate de

lembranças de experiências anteriores, podendo então refletir resgatando

sentimentos pessoais, para ir ao encontro com que a obra nos quer passar.

Page 67: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

67

Produção do Varal de Cédulas.

Fonte: CANTO, 2010.

3.5.10 Aula 10

Planejado

Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem

publicitária”

Objetivos:

- Proporcionar uma aproximação crítica de imagens publicitárias conhecidas

por todos, com novas idéias e ponto de vista, de forma refletiva e criativa.

-Despertar a percepção, a imaginação através da construção dos trabalhos.

Conteúdos: releitura de propaganda publicitária

Metodologia: expositiva dialogada, trabalho em grupo e leitura de imagem.

Desenvolvimento:

1º Momento: Organizar em grupos de quatro alunos e escolherem uma

propaganda da mídia, nos encartes, revistas, jornais, TV, etc. Pensar sobre a

propaganda, para que público está voltada (criança, adolescentes, dona de casas,

solteiros, executivos).

2º momento: Fazer uma releitura da propaganda, mudando o público alvo, ou

seja, se a propaganda escolhida é de produtos de limpeza (sabão), voltada para a

dona de casa, como ficaria se muda para o público de executivos?

A partir da pergunta, estão livres para fazer a releitura desviando o público

alvo para um novo público. Podendo usar sua criatividade com desenhos, pinturas,

colagens, etc.

Page 68: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

68

3º momento: Cada grupo deverá apresentar a propaganda original e sua

releitura para a turma, dar opinião.

Recursos: Cartazes, papéis, colas, tesoura, revistas, jornais, lápis de cor,

pauzinhos de picolé, etc.

Avaliação: A avaliação será feita com base na observação do empenho de

cada aluno na execução da tarefa e resultado visual da releitura.

Realizado

Data: 27/05/2010 – Quinta-feira.

Horário: 10h30min. Às 11h15min.

Comecei a aula fazendo a chamada, após pedi para a turma se organizarem

em grupos de quatro pessoas. Distribui a todos os alunos propagandas de encartes,

jornais, revistas e panfletos de propagandas que são entregues em esquinas das

ruas. Todas as propagandas foram recolhidas para uma releitura destas

publicidades.

Expliquei que cada grupo teria que escolher uma propaganda, pensar sobre a

mesma, para que público está voltada, direcionada (crianças, adolescentes, donas

de casas, solteiros ou executivos). Eles deveriam fazer uma releitura da propaganda,

mudando o público alvo, ou seja, se a campanha publicitária é voltada para as donas

de casas (ex: como uma propaganda de sabão), como ficaria se mudasse para um

público de executivos, por exemplo.

A partir da explicação deixei os alunos livres para escolherem as

propagandas e comentei que eles poderiam usar a criatividade com desenhos,

pinturas, colagens, etc. Ao final do trabalho de cada grupo, eles deveriam apresentar

suas releituras das propagandas para a turma.

Houve uma grande participação de cada grupo, mas poucos aceitaram

mostrar os seus trabalhos para a turma.

No decorrer dos trabalhos, percebi que havia alguns alunos fazendo uma

cópia da propaganda, então expliquei novamente a proposta de releitura da imagem.

Como afirma Pillar (1999, p.18):

Há uma grande distância entre releitura e cópia. A cópia diz respeito ao aprimoramento técnico, sem transformação, sem interpretação, sem criação. Já na releitura há transformação, interpretação, criação com base

Page 69: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

69

num referencial, num texto visual que pode estar explícito ou implícito na obra final. Aqui o que se busca é a criação e não a reprodução de uma imagem.

Como no trabalho proposto, um dos objetivos era a releitura para a criação,

reflexão e crítica da imagem para um outro público alvo, não poderia haver somente

uma cópia.

Por ouro lado, a utilização da releitura da propaganda deixou clara a

influência da comunicação de massa: discursos presentes no rádio, televisão,

revistas, que atuam sobre os alunos muito antes de entrarem para a escola. Um

aluno relembrou uma propaganda antiga de brinquedo que ele costumava a ver nos

comerciais, entre os desenhos animados, quando ele era bem pequeno, disse o

mesmo. Assim a atividade proporcionou reflexões sobre imagens.

Segundo Barbosa (1985, p. 93); “um dos papéis da Arte é preparar o povo

para os novos modos de percepção, largamente introduzidos pela revolução

tecnológica e da comunicação de massas”.

Penso que é esta percepção visual que nós devemos explorar através das

produções dos alunos nas aulas de Arte. Com relação aos resultados das produções

dos alunos feitas através da propaganda, eles as optaram em fazer desenhos e

colagens. Somente dois grupos apresentaram a turma suas releituras na qual a

turma gostou, se tratava de uma propaganda de cerveja e sabão, no qual a mulher

tem em sua bolsa uma cerveja e o homem duas caixas de sabão em pó que ganha

de brinde, no caso, brinde este seria um amaciante de roupa.

Os demais grupos se negaram a apresentar. No momento final da aula eu

deixei que eles passassem os seus trabalhos para os colegas olharem.

Page 70: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

70

Produção da aluna Jéssica. Fonte: CANTO, 2010.

Produção da aluna Carina. Fonte: Canto, 2010.

3.5.11 Aula 11

Planejado

Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem

publicitária”

Page 71: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

71

Objetivos: o aluno deverá atingir os seguintes objetivos:

- Expressar seus desejos de presentes de natal;

- Associar o conteúdo da matéria com o Natal;

- Refletir sobre as imagens e o apelo da mídia para o consumo no natal;

Conteúdos: presentes, imagens, mídia e Natal.

Metodologia: expositiva dialogada; prática individual.

Desenvolvimento:

1º momento: farei a chamada e organizarei a turma sentada em forma de

círculo.

2º momento: Entregarei uma folha de ofício colorida para cada aluno, onde

os mesmos deverão escrever alguns dos seus desejos de natal, depois pedirei que

verifiquem se estes desejos aparecem ou são sugeridos pela mídia, ou seja, se

algum dos seus desejos aparece em encartes de lojas e supermercados, programas

de TV, propagandas de revistas e jornais.

3º momento: Exporemos estes trabalhos no quadro negro da sala de aula.

Faremos uma avaliação sobre a convocação da mídia para o consumo e como

devemos fazer uma análise crítica das imagens que vemos nestas mídias. Orientarei

os alunos para serem os mais conscientes possíveis, pois muitos produtos são caros

e não tem uma boa qualidade.

Recursos: folha de ofício colorida, lápis de cor, giz de cera, caneta hidrocor,

revistas, jornais, encartes de supermercados e lojas, quadro negro e giz.

Avaliação: A avaliação será satisfatória se o aluno:

- Expressar-se através de desenhos;

- Comparar seus desejos com a mídia;

- Perceber a importância de um olhar crítico na imagem;

- Tornar-se um consumidor mais atento.

Realizado

Data: 10/06/2010 – Quinta-feira.

Horário: 10h30min. as 11h 15min.

Iniciei a aula passando uma folha para assinarem como chamada, e avisei

que o horário havia sido modificado e nossa próxima aula seria na segunda-feira.

Page 72: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

72

Distribui folhas de ofício para todos os alunos. Pedi que cada um escrevesse

seu nome bem colorido ou desenhasse seu rosto no centro da folha. Após, ao redor

do seu nome ou do rosto desenhado, eles deveriam colocar os seus desejos de

Natal, podendo ser desenhados ou escritos. Comuniquei que se alguns de seus

desejos estivessem em encartes, eu havia disponibilizado em uma mesa vários

destes.

A procura pelas propagandas tomou conta da turma, poucos desenharam

seus desejos e menos ainda, houve quem os escrevesse.

Como resultado dos desejos, apareceram dois trabalhos escritos, declarando

desejos de felicidade no amor, na família e sucesso nos estudos. Surgiram também

meninas que se preocupam demais com a beleza, a ponto de colocarem no

trabalho, que gostariam de ganhar de Natal somente aparelhos de ginásticas para

ficarem bem magras e lindas. Elas gostariam também de ganhar bastantes roupas e

modificar todo o seu roupeiro para ficar na moda, inclusive fazer uma tatuagem.

Em nossa sociedade ocidental, o corpo tem sido um dos alvos de

investimentos, pois muitos as desejam ter uma “beleza” que nunca alcançam,

estando sempre em busca da perfeição, através da cirurgia, ginástica, roupas cada

vez mais atuais.

Segundo Mariângela Momo (2009, p.38):

Existe uma verdadeira indústria em torno da produção de corpos e desejos sobre os corpos. Moda, estética, cirurgias, adereços e tatuagens são algumas das possíveis intervenções que demonstram o quanto o corpo vem sendo invadido, ressignificado e investigado.

Esta preocupação consigo torna-se mais presente através da mídia, que

incentiva cada vez mais a busca da beleza através do consumo, que muitas vezes

torna-se uma obsessão.

Nos trabalhos dos alunos, grande parte dos desejos eram produtos

eletrônicos: celulares, TV LCD, aparelhos de som, MP4, câmeras fotográficas, todos

lançados recentemente. Isso não quer dizer que os alunos já os tinham em mãos (os

seus celulares, por exemplo), mas pelo prazer de ter um modelo de aparelho

recentemente lançado, deixando de lado o antigo.

Segundo Costa (2009, p. 37):

Page 73: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

73

A própria sociedade de consumidores estimula a antecipação do descarte e premia com a reposição constante. O telefone celular (ou a Barbie, o computador, o par de tênis, a namorada, o emprego) recém-adquirido pode ser substituído praticamente sem custo, por outro mais novo, aperfeiçoado ou conveniente. Leve o velho à loja, e ela se encarregará de livrá-lo desse incômodo do passado.

Esta aquisição pelo produto funciona quase como uma realização

pessoal,pelo fato de ter o que está na mídia, depois de adquirido automaticamente já

começam a pensar em outros produtos da mídia, sem parar para pensar se é

necessária a compra do produto ou não.

Conforme os alunos iam terminando os trabalhos, fomos fazendo

questionamentos. Como por exemplo, se havia mesmo a necessidade de adquirir

novos produtos e se estes estavam nas mídias. Após a maioria refletir que seus

desejos estão sim na mídia, também falaram que nem sempre o que está na TV é o

melhor produto.

Terminei a aula pedindo que todos tragam na próxima aula, encartes de

propagandas para novos trabalhos.

Produção da aluna Juliana. Produção do aluno Welderson. Fonte: Canto, 2010. Fonte: CANTO, 2010.

3.5.12 Aula 12

Planejado

Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem

publicitária”

Page 74: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

74

Objetivos:

- Refletir sobre aspectos positivos e/ou negativos do consumo;

- Perceber e registrar quais são os aspectos abordados nos comerciais de TV

(positivos ou negativos?);

Conteúdos: comerciais de TV e encartes, consumo, mídia.

Metodologia: reflexiva trabalho individual e criação de um cartaz.

Desenvolvimento:

1º Momento: Cumprimentar os alunos e fazer a chamada. Solicitarei para que

os alunos coloquem sobre a mesa o material solicitado na aula anterior.

2º momento: A partir desse momento, com recortes de revistas e/ou jornais,

os alunos montarão cartazes com imagens positivas e negativas (por exemplo,

propaganda de bebida alcoólica e cigarro) vistas na publicidade em geral.

3º momento: Cada aluno colara no cartaz colado no quadro negro suas

imagens e abordando os aspectos percebidos por eles nas imagens publicitárias.

4º momento: Pedirei para os alunos fazerem uma reflexão sobre, como a

mídia procura influenciar sempre de forma positiva o consumo das pessoas.

Recursos: Cola, tesoura, cartolina branca, revistas, jornais, encartes, quadro

negro e giz colorido.

Avaliação: a aula será satisfatória se os alunos identificarem aspectos

positivos e negativos das campanhas publicitárias.

Realizado

Data: 14/06/2010 – Segunda-feira.

Horário: 9h25min. as 10h10min.

Iniciei a aula fazendo a chamada, após comuniquei que estava sendo a nossa

última aula juntos e por isso eu gostaria de refletirmos sobre o que foi trabalhado

neste período de doze aulas sobre: propagandas, mídia, imagens e suas influências.

Coloquei no quadro dois cartazes, um escrito “imagens positivas” e no outro

“imagens negativas”, pedi para que cada aluno desenhasse ou recortasse dos

encartes, imagens que abordassem aspectos negativos e positivos e colassem nos

cartazes do quadro. Ressaltei a importância de perceberem a imagem de consumo

negativo e positivo.

Page 75: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

75

Cada aluno escolhia as suas imagens e iam até o quadro e as colavam no

cartaz. Após todos colarem, fiz uma reflexão sobre as imagens que eles haviam

escolhido. Com o cartaz das imagens negativas apareceram muitas bebidas, vinhos,

cervejas, licores e até uma foto de mulher. Já o cartaz das imagens positivas

apareceram mochilas, aparelhos de ginástica, sorvete, gelatina e um destaque (por

repetir muitas vezes) de fotos de mulheres com roupas íntimas e homens bonitos.

Foi repedido tantas vezes que colaram mais imagens por cima de outras.

Pedi que todos observassem os recortes colados nos cartazes e perguntei: O

que foi que eu havia pedido? Eu pedi imagens de consumo, produtos que aparecem

na publicidade, que refletissem aspectos e consumo positivo e negativo. O que

resultou no cartaz positivo foi um grande número de fotos de mulheres.

Então perguntei para a turma se não era um resultado do apelo da mídia em

colocar mulheres belas nas propagandas que estava influenciando as escolhas

deles? Comentaram que não haviam notado, mas no momento que falávamos em

positivo e propaganda, vinha à cabeça mulheres e homens exuberantes.

Segundo Costa (2009, p. 91):

Capturados pelas malhas do mercado globalizado e pelas redes de mercantilização e consumo, crianças e jovens têm sido presas fáceis da imensa teia saturada de imagens, de cintilações sedutoras, que fascinam, interpelam, convocam, regulam e governam suas vidas.

As imagens publicitárias convocam e apelam tão freqüentemente, que os

alunos geralmente não notam os seus fascino por determinados produtos, que o

mesmo vem da pessoa que o apresentou, usando sua imagem sedutora para

despertar a imaginação e assim convocar ao consumo.

Com este debate e reflexão sobre as imagens, comentei que gostaria que a

partir destas aulas em que trabalhamos com as imagens de publicidades, eles se

tornassem consumidores mais atentos em relação as imagens, sempre com um

olhar mais crítico, pois cada imagem tem mensagens a serem interpretadas.

Finalizei a aula agradecendo a colaboração e participação de todos durante

as aulas, tiramos fotos da turma e nos despedimos.

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76

Produção dos alunos. Figura 11 – Produção dos alunos. Imagens positivas. Imagens negativas. Fonte: CANTO, 2010. Fonte: CANTO, 2010.

Foto da Turma 201. Fonte: CANTO, 2010.

Page 77: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

77

CONCLUSÃO

O presente trabalho apresentou a aplicação do Projeto “A Busca da

Compreensão do Consumismo a partir da Imagem Publicitária”, que foi desenvolvido

com a turma 201 da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Affonso

Charlier situada em Canoas/RS, com o objetivo de analisar a influência da mídia no

cotidiano dos alunos, mais especificamente com a importância de trabalhar a

imagem da mídia impressa no ensino da disciplina de Artes na escola, através de

diferentes atividades desenvolvidas.

Foram 12 encontros onde observei que o adolescente de hoje mantêm

contato diário com diferentes tipos de mídias, tais como, MP3, MP4, celular,

computador, encartes, revistas, fotografias, cinema, vídeos, televisão, outdoors,

entre outras. Em todas estas mídias a presença das imagens é recorrente. Tudo

acontece muito rápido, a uma velocidade que nos leva a pensar, como trabalhar e

desenvolver a questão da “imagem nesta perspectiva da mídia” com uma

significação das imagens para os alunos?

Inicialmente, na 1ª e na 2º aula, quando da apresentação do projeto “A Busca

da Compreensão do Consumismo a partir da Imagem Publicitária” com a explanação

dos seguintes conteúdos: imagens divulgadas na televisão, na publicidade e outros

meios que usam a imagem para comunicar e o apelo ao consumo, os alunos

mostram-se bastante interessados, motivados, e estabeleci com eles desde o início

um bom relacionamento baseado no respeito e na amizade.

Os alunos demonstraram perceber que as imagens são presenças constantes

em nossas vidas, desde o nascimento deles, e elas fazem parte de nosso cotidiano.

Quando trabalhei na 2ª aula o autorretrato os alunos tiveram que fazer o seu

autorretrato com desenho e pintura, atribuindo signos (símbolos) à própria imagem.

No início da atividade a maior preocupação da turma era com quais símbolos ou

imagens iriam associar o seu autorretrato.

É possível dizer que as imagens possuem mensagens e que elas podem

influenciar muito mais do que as palavras, ou seja, muito mais que aquelas

existentes em textos verbais. Para Barbosa (2005), a imagem ocupa lugar central

nas aulas de Arte, visto que os professores assumem a idéia de que todo o aluno

deve ter acesso a meios e oportunidade de compreender os símbolos da arte.

Page 78: A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

78

Na 3ª aula os resultados em relação ao plano de aula, surgiram imprevistos,

porque alguns alunos não sabiam ou não lembravam alguns conteúdos básicos da

disciplina de Artes. Por exemplo, não lembravam o que é um desenho abstrato; o

que é um desenho figurativo e quais são as cores quentes e as cores frias.

Durante esta aula eu perguntava para mim mesma: e agora? Como foi

trabalhado isso? Será que foi? O que faço? Tem alunos que não sabem a matéria.

Então, comecei a explicar para os alunos quanto a suas dúvidas, e aprendi que ao

planejar uma aula o professor deve ficar atento a esses imprevistos, visto que, tive

que retomar o conceito de imagem abstrata, figurativa, cores quentes, cores frias. E

essa revisão não estava no planejamento da aula, mas ninguém se prepara para

imprevistos, e no meu papel de estagiário, isso é perfeitamente normal.

Porém, alguns alunos que sabiam esse conteúdo falavam “isso de novo”,

“essa matéria novamente” e confesso que me causou um certo constrangimento e

também prejudicou o andamento desta 3ª aula.

Já na 4ª, 6ª, 7ª, 11ª aulas consegui realizar o planejado e atingir os objetivos

propostos. Estas aulas foram muito significativas e prazerosas para os alunos. Deve-

se procurar conectar a Arte com o cotidiano do aluno para dar um novo significado

na atividade que lhes foi apresentada? Porque estas aulas foram satisfatórias?

Constatei que se deva ao fato de que, trabalhei dando mais liberdade para os

alunos e propus as atividades diferenciadas a eles. Ou seja, quando abordei os

conteúdos de forma resignificada, aproximando-me do cotidiano deles, verifiquei que

eles se motivaram mais e buscaram produzir, confeccionar os seus trabalhos,

apresentando aspectos relacionados com seus sentimentos, os seus desejos e

como o que gostam. Dessa forma, compreendi que tudo que os motiva e cativa, eles

fazem bem feito, com interesse, com riqueza de detalhes.

Por exemplo, na 6ª aula quando realizei uma atividade baseada na obra

Monalisa de Leonardo da Vinci, um grupo reproduziu-a com a cabeça cheia de

bombons, outro grupo fez o trabalho relacionando-a com o filme Avatar. Percebi a

criatividade através da capacidade dos alunos de produzir coisas novas e a

originalidade dos mesmos através da habilidade de trabalhar uma imagem e

reestruturá-la de outras maneiras nas produções artísticas dos trabalhos, mesmo

fazendo uma reprodução.

Os alunos apresentam bons reflexos do que as mídias do seu dia-a-dia

trazem de significativo, segundo seus interesses. Representam personagens,

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reproduzem falas e comportamentos das imagens que vêem e dos textos que

ouvem, como descrevem Coll e Colomina (1996, p. 300): “mediante a simulação de

papéis sociais nos jogos com iguais, os alunos aprendem estes papéis e tem a

oportunidade de elaborar pautas de comportamentos comunicativo, agressivo,

defensivo e cooperativo, que serão essenciais em sua vida adulta”.

A 11ª aula sobre o Natal também foi muito produtiva, os alunos expressaram

seus desejos de presentes e refletiram sobre as imagens no apelo da mídia para o

consumo nesse período, considerei a aula boa. Verifiquei que os planos de aula

associados à vida deles tiveram mais significado e mais forma artística. Porque as

atividades desta aula envolveram mais os estudantes?

Acredito que foi porque ao falar sobre o que gostariam de ganhar como

presente de Natal o tema da aula chegou perto do universo deles. Os alunos

debateram sobre o consumo e o apelo da mídia nesta data comemorativa, mas

também sobre a época; que propicia momentos de sonho, compreensão,

fraternidade e amizade. Principalmente nas atividades realizadas na escola, na

família e no trabalho, ou seja, todos os alunos acabaram envolvendo-se e

expressando-se de forma significativa nas suas produções artísticas.

A autenticidade nas respostas e argumentos utilizados, quando instigados a

escrever o que comprariam ou como gastariam o dinheiro com presentes de Natal,

resultou, em desejos diversos que referiram-se a artigos de alimentação, vestuário, a

produtos como casa, carro, celulares, máquinas fotográficas, enfim, discursos que

são identificados pela mídia subjetivando e promovendo encantamentos.

Porém, somente na 8ª aula percebi que minha prática estava com o conteúdo

muito voltado para a mídia e para publicidade. Nesta aula questionei a mim mesma:

o foco principal das aulas saiu da disciplina de Artes? Como não percebi isso antes?

Refletindo estes questionamentos, fica claro que a publicidade se alimenta da

História da Arte e vice-versa.

Observei que a minha pouca experiência em dar aulas dificultou que eu

focasse melhor meu planejamento de aula. Acredito que quando se trabalha Arte em

sala de aula, o professor deve procurar conectar a Arte com a cultura, junto à

atmosfera escolar e seu dia a dia. Portanto, ao preparar minhas futuras aulas na

prática da docência, vou procurar enfocar as aulas buscando relacionar o conteúdo

da disciplina de Artes com o cotidiano dos alunos, ou melhor, permitir que eles

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80

tragam, ainda mais, suas vivências e as expressem através de suas produções

artísticas.

Nas aulas 5ª, 9ª e 10ª o resultado não foi positivo, e não foram atingidos

totalmente os objetivos dos planos de aula. Os alunos não estavam gostando da

aula, não estavam se entendendo nos grupos, estavam desinteressados. Porque

nestas aulas os alunos estavam desmotivados e suas produções artísticas ficaram

tão simples?

Aprendi que apenas refletir e analisar sobre aspectos relacionados à imagem

na mídia, consumo e publicidade deixa as aulas muito repetitivas e maçantes. Dessa

forma, acredito que isso influenciou negativamente na minha prática e nas

produções artísticas dos alunos, visto que considerei-as um tanto simples. Poderia

ter utilizado mais técnicas e materiais concernentes à disciplina de Artes dentro do

projeto citado, ou ter usado de forma mais aprofundada, as imagens escolhidas.

Além disso, percebi que em determinados planos de aula as quantidades de

objetivos foram extensos demais o que também comprometeu o êxito da aula.

Assim, observei que trabalhar um tema muito seguido deixa os alunos

“desmotivados”. Também constatei que os alunos apresentam dificuldades em fazer

combinações, em tomar decisões que favoreçam o grupo de trabalho ao qual

pertencem. Percebe-se o egocentrismo e a divergência em opiniões sobre os

trabalhos, segundo Coll e Colomina (1996, p. 308), “há situações-tipo nas quais não

se observa progresso algum nas competências intelectuais dos participantes

quando: algum deles impõe seu ponto de vista aos outros”.

Verifiquei que trabalhar com adolescentes requer um preparo ainda maior por

parte do professor, visto que os alunos desta faixa etária costumam questionar mais,

são mais críticos, participativos e respeitam menos a figura do professor e os seus

colegas de aula.

Na 12ª aula, a última, tive um retorno bem positivo. Primeiramente, realizei

uma reflexão com a turma sobre todas as nossas aulas e comuniquei que esse era o

nosso último encontro e finalização do projeto. Trabalhei com os alunos os pontos

positivos e negativos da mídia e fiz um fechamento falando sobre como os

comerciais de TV e as propagandas influenciam nas nossas escolhas.

Os alunos concordaram e posicionaram-se de maneira positiva durante a

reflexão porque a grande maioria deles falou que agora consome produtos

diferenciados, ou seja, também compra o que não está na mídia.

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Então, considero que essa última aula foi muito satisfatória, pois os alunos

conseguiram identificar aspectos positivos e negativos das campanhas publicitárias

e demonstraram ter adquirido durante as aulas uma postura mais crítica referente à

mídia e suas mensagens, levei a uma postura crítica o aluno de que maneira?

Percebi que a compreensão das imagens publicitárias desenvolveu um olhar

crítico nos alunos que desmistificou as ideias veiculadas pela mídia. Dessa forma,

dialogando com as imagens da mídia impressa o aluno passou a ser mais crítico e

participativo, teve suas opiniões ouvidas e respeitadas durante as atividades do

projeto.

Segundo Feilitzen e Carlsson (2002), a educação para a mídia deve envolver

uma tentativa para mudar a produção da mídia e a situação na sociedade, por meio

da própria produção e participação do aluno, entre outras coisas.

O ensino de Artes hoje depende de professores que atrelem o que tem de

positivo no ensino tradicional com o que há de novo e inovador na educação

contemporânea. De educadores que queiram realizar uma prática pedagógica com

competência. E desta maneira espero poder ser a partir de agora alguém que pense

diferente e seja útil para a educação.

Refletindo sobre a minha prática, sei que errei algumas vezes, como por

exemplo: fiquei insegura e constrangida em determinadas situações e imprevistos.E

porque percebi que é difícil despertar o interesse dos alunos, o planejamento das

aulas distanciou-se dos conteúdos da Disciplina de Artes, coloquei muitos objetivos

para cada aula, verifiquei o difícil desafio que é trabalhar em grupos com os alunos e

tornei as aulas maçantes para os alunos, pois repeti alguns conteúdos durante as

aulas.

Contudo, ao final, conclui que para superar os desafios citados acima e outros

que a docência apresenta, que os professores devem buscar abordagens que

propiciam a apropriação e a reconstrução em arte da imagem que se vê nas

diferentes mídias. Levar aulas diferenciadas, com menos objetivos e com novas

maneiras de ensinar é primordial para que se possa ter sucesso na aprendizagem.

Portanto, tenho certeza que este estágio foi de suma importância para

aperfeiçoar a minha prática docente, pois amadureci e compreendi que os planos de

aula devem ser voltados para a disciplina de Artes e devem ser relacionados com o

cotidiano dos alunos. E tenho a certeza, que é apenas o começo, pois a caminhada

contínua.

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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO Questionário com o aluno Blauner

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APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO Questionário com o aluna Juliana Beltio

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APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO Questionário com o aluna Rochele Alves

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APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO Questionário com o aluno Fagner