a arte de ter razão - arthur schopenhauer

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[email protected] A Arte de ter Razão 38 estratagemas que podem ser usados para vencer uma discussão sem ter a razão O livro "A Arte de ter Razão", de Arthur Schopenhauer, apresenta, de modo irônico, 38 estratagemas que podem ser usados para vencer uma discussão sem ter a razão. Nas  palavras do autor, "afinal de contas é em ganhar que você está interessado, não na verdade". Alguma pessoa que eu desconheço fez um resumo dos 38 estratagemas, e venho aqui  postar eles. Também sugiro que você leia os posts sobre argumentos falaciosos, pois é em torno disso que Schopenhauer discorre em seu livro.  Nº 1. Leve a proposição do seu oponente além dos seus limites naturais; exagere-a. Quanto mais geral a declaração do seu oponente se torna, mais objeções você pode encontrar contra ela. Quanto mais restritas as suas próprias proposições permanecem, mais fáceis elas são de defender.  Nº 2. Use significados diferentes das palavras do seu oponente para refutar a argumentação dele. Exemplo: a pessoa A diz: “Você não entende os mistérios da filosofia de Kant”. A pessoa B replica: “Ah, se é de mistérios que estamos falando, não tenho como participar dessa conversa”.

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Como vencer um debate sem precisar ter razão – em 38 estratagemas', ou simplesmente Dialética erística, é um importante, porém inconcluso, acréscimo do sistema filosófico de Arthur Schopenhauer, publicado póstumo por Julius Frauenstädt

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    A Arte de ter Razo 38 estratagemas que podem ser usados para

    vencer uma discusso sem ter a razo

    O livro "A Arte de ter Razo", de Arthur Schopenhauer, apresenta, de modo irnico, 38 estratagemas que podem ser usados para vencer uma discusso sem ter a razo. Nas palavras do autor, "afinal de contas em ganhar que voc est interessado, no na verdade". Alguma pessoa que eu desconheo fez um resumo dos 38 estratagemas, e venho aqui postar eles. Tambm sugiro que voc leia os posts sobre argumentos falaciosos, pois em torno disso que Schopenhauer discorre em seu livro. N 1. Leve a proposio do seu oponente alm dos seus limites naturais; exagere-a. Quanto mais geral a declarao do seu oponente se torna, mais objees voc pode encontrar contra ela. Quanto mais restritas as suas prprias proposies permanecem, mais fceis elas so de defender. N 2. Use significados diferentes das palavras do seu oponente para refutar a argumentao dele. Exemplo: a pessoa A diz: Voc no entende os mistrios da filosofia de Kant. A pessoa B replica: Ah, se de mistrios que estamos falando, no tenho como participar dessa conversa.

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    N 3. Ignore a proposio do seu oponente, destinada a referir-se a alguma coisa em particular. Ao invs disso, compreenda-a num sentido muito diverso, e em seguida refute-a. Ataque algo diferente do que foi dito. N 4. Oculte a sua concluso do seu oponente at o ltimo momento. Semeie suas premissas aqui e ali durante a conversa. Faa com que o seu oponente concorde com elas em nenhuma ordem definida. Por essa rota oblqua voc oculta o seu objetivo at que tenha obtido do oponente todas as admisses necessrias para atingir o seu objetivo. N 5. Use as crenas do seu oponente contra ele. Se o seu oponente recusa-se a aceitar as suas premissas, use as prprias premissas dele em seu favor. Por exemplo, se o seu oponente membro de uma organizao ou seita religiosa a que voc no pertence, voc pode empregar as opinies declaradas desse grupo contra o oponente. N 6. Deixe a questo confusa mudando as palavras do seu oponente ou aquilo que ele est procurando provar. Chame uma coisa por um nome diferente: diga boa reputao ao invs de honra, virtude ao invs de virgindade, animais de sangue quente ao invs de vertebrados. N 7. Declare a sua proposio e demonstre a verdade dela fazendo ao oponente uma longa lista de perguntas. Fazendo muitas perguntas abrangentes ao mesmo tempo, voc pode ocultar aquilo que est tentando fazer com que o seu oponente admita. Voc em seguida avana o argumento a partir de uma admisso do oponente. N 8. Deixe o seu oponente furioso. Uma pessoa enfurecida menos capaz de usar o seu julgamento ou de perceber onde residem as suas vantagens. N 9. Use as respostas que o seu oponente d sua pergunta de modo a alcanar concluses diferentes ou opostas. N 10. Se o seu oponente responde a todas as suas perguntas negativamente e recusa-se a ceder em qualquer ponto, pea que ele concorde com a verso oposta das suas premissas. Isso pode confundir o seu oponente quanto ao ponto em particular a respeito do qual voc est tentando fazer com que ele ceda. Pois a natureza humana tal que, se A e B esto refletindo em conjunto, e comunicando as suas opinies um ao outro a respeito de qualquer assunto, e A percebe que os pensamentos de B sobre o mesmo assunto no so os mesmos que os seus, ele no comea revisando o seu prprio processo de raciocnio, a fim de descobrir qualquer erro que possa ter cometido, mas pressupe que o erro tenha ocorrido no raciocnio de B. N 11. Se o seu oponente admite a verdade de algumas de suas premissas, abstenha-se de pedir que ele concorde com a sua concluso. Mais tarde introduza suas concluses na conversa como coisa resolvida ou admitida por ele. O seu oponente e outros na assistncia podero ser levados a acreditar que foi de fato com a sua concluso que ele concordou. N 12. Se o argumento move-se para o terreno de idias gerais que no tm nomes particulares, voc deve usar uma linguagem ou metfora que seja favorvel sua

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    proposio. Exemplo: O que uma pessoa imparcial chamaria de f pessoal ou opo religiosa descrito pelo seu partidrio como santidade ou devoo, e pelo seu oponente como preconceito ou superstio. N 13. A fim de fazer com que o seu oponente aceite a sua proposio, apresente tambm uma contra-proposio oposta. Se o contraste for acentuado, seu oponente acabar aceitando a sua proposio para evitar parecer controverso. Exemplo: Se voc quer que ele admita que um rapaz deve fazer absolutamente qualquer coisa que o seu pai manda que ele faa, pergunte se o seu adversrio acredita que devemos em tudo desobedecer aos nossos pais. como colocar o cinza ao lado do preto e cham-lo de branco, ou colocar o cinza perto do branco e cham-lo de preto. N 14. Tente lograr o seu oponente. Se ele respondeu diversas de suas perguntas sem que as respostas inclinem-se em favor da sua concluso, avance a sua concluso triunfantemente, mesmo se no procede. Se o seu oponente for tmido ou estpido, e se voc possuir uma grande dose de descaramento e uma boa voz, essa tcnica pode funcionar. N 15. Se voc quer apresentar uma proposio que difcil de provar, coloque-a de lado por um momento. Ao invs disso, pea que o seu oponente aceite ou rejeite alguma proposio verdadeira, como se fosse atravs disso que voc fosse extrair a sua prova. Se o seu oponente rejeit-la suspeitando de alguma armadilha, voc obtm o seu triunfo demonstrando o quo absurdo o seu oponente rejeitar uma proposio que obviamente verdadeira. Se o seu oponente aceit-la, a razo permanece com voc pelo momento. Voc pode ento ou tentar demonstrar a sua proposio original ou, como no N 14, agir como se a sua proposio original tivesse sido provada pelo que o seu oponente admitiu. Essa tcnica requer um grau extremo de descaramento para que funcione, mas a experincia j comprovou inmeras vezes a sua eficcia. A Controvrsia Dialtica a arte de debater, e debater de modo a sair por cima, quer voc esteja certo ou no. N 16. Quando o seu oponente apresenta uma proposio, considere-a inconsistente com as declaraes, crenas, aes ou omisses do oponente. Exemplo: Se o seu oponente defende o suicdio, pergunte imediatamente: Ento porque voc no se enforca? Se ele observar que a sua cidade no um lugar bom para se viver, pergunte: Ento por que voc no parte no primeiro avio? N 17. Se o seu oponente pression-lo com uma evidncia contrria, voc pode com freqncia safar-se defendendo alguma distino sutil. Tente encontrar algum significado subjacente ou ambigidade na idia do seu oponente. N 18. Se o seu oponente abriu uma linha de argumentao que acabar levando inevitavelmente sua derrota, no permita que ele a leve at a sua concluso. Interrompa o debate, retire-se imediatamente ou leve o seu oponente a mudar de assunto. N 19. Se o seu oponente desafi-lo expressamente a apresentar uma objeo a algum ponto definido da sua argumentao e voc no tem mais nada a dizer, tente fazer o argumento dele menos especfico. Exemplo: Se ele pedir algum motivo pelo qual

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    determinada hiptese no deva ser aceita, fale da falibilidade do conhecimento humano e ilustre com vrios exemplos. N 20. Se o seu oponente aceitou todas ou a maior parte das suas premissas, no pea que ele concorde diretamente com a sua concluso. Ao contrrio, exponha a concluso voc mesmo como se ela tambm tivesse sido admitida. Uma pessoa pode estar objetivamente com a razo, e mesmo assim sair por baixo na opinio dos observadores (e algumas vezes na sua prpria opinio). Por exemplo, suponha que eu apresente uma prova para demonstrar uma afirmao minha. Se o meu adversrio refutar a prova, dar a impresso de estar refutando tambm a afirmao para a qual podem, no entanto, haver outras provas. Nesse caso, claro, meu adversrio e eu trocamos de posio: ele sai por cima quando, na verdade, est errado. N 21. Quando o seu oponente utilizar um argumento superficial e voc enxergar essa falsidade, refute-o estabelecendo a natureza superficial desse argumento. Melhor ainda rebater o oponente com um contra-argumento to superficial quanto o dele, s para venc-lo afinal de contas em ganhar que voc est interessado, no na verdade. Exemplo: Se o seu oponente apelar para o preconceito, para a emoo ou para ataques pessoais, devolva o ataque na mesma moeda. N 22. Se o seu oponente pedir que voc admita alguma coisa a partir da qual o ponto em discusso pode ser concludo, recuse-se a faz-lo, declarando que ele incorre em petio de princpio. N 23. Contradio e contenciosidade irritam a pessoa de modo a faz-la exagerar suas declaraes. Contradizer o seu oponente pode lev-lo a estender a sua declarao alm dos limites, e quando voc contradiz essa manifestao exagerada parece estar refutando a declarao original. Do modo correspondente, se o seu oponente tentar estender a sua prpria declarao mais do que voc tencionou, redefina os limites da sua declarao e afirme: foi isso que eu disse, e no mais do que isso. N 24. Recorra a um falso silogismo (Silogismo: A=B e B=C, ento A=C). Seu oponente faz uma declarao, e voc por falsa inferncia e distoro das idias dele extrai fora proposies no-tencionadas e absurdas da afirmao original. Fica parecendo assim que a proposio do seu oponente trouxe luz essas inconsistncias, restando a impresso de que ela mesma foi indiretamente refutada. N 25. Se o seu oponente est fazendo uma generalizao, encontre uma instncia que demonstre o contrrio. Basta uma contradio vlida para derrubar a proposio do seu oponente. Exemplo: Todos os ruminantes tem chifres generalizao que pode ser subvertida pela instncia nica do camelo. N 26. Uma manobra brilhante virar a mesa e utilizar os argumentos do seu oponente contra ele mesmo. Exemplo: Seu oponente declara: fulano ainda uma criana, voc deve fazer-lhe uma concesso. Voc retruca: justamente porque ele criana devo corrigi-lo, caso contrrio ele persistir em seus maus hbitos. N 27. Se o seu oponente surpreender voc ficando particularmente indignado diante de um argumento seu, insista nesse argumento com ainda maior zelo. Isso no apenas

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    deixar o seu oponente furioso, mas vai deixar a impresso de que voc tocou um ponto frgil na argumentao dele, e de que seu oponente est mais suscetvel a um ataque no que diz respeito a esse ponto do que voc esperava. N 28. Quando a audincia consistir de indivduos (ou uma pessoa) que no sejam autoridade no assunto, voc pode levantar uma objeo invlida e o seu oponente parecer ter sido derrotado aos olhos da sua audincia. Esta estratgia particularmente efetiva quando a sua objeo faz o seu oponente parecer ridculo, ou quando a audincia ri. Se o seu oponente tiver de fazer uma longa, prolixa e complicada explicao para corrigi-lo, a audincia no estar disposta a ouvi-lo. N 29. Se voc perceber que est sendo vencido na argumentao, crie uma diverso isto , comece de repente a falar sobre outra coisa, como se isso tivesse importncia na matria em questo. Isso pode ser feito sem medo se a diverso mostrar ter alguma relao mesmo que genrica com a questo. N 30. Apele para a autoridade ao invs de para a razo. Se o seu oponente respeita determinada autoridade ou especialista, cite essa autoridade para avanar o seu argumento. Se necessrio, cite o que essa autoridade disse em outro sentido ou circunstncia. Autoridades que o seu oponente no chegou a entender so em geral s que ele admira mais. Voc pode, se necessrio, no apenas distorcer as autoridades citadas em seu favor, mas tambm falsific-las, citando algo inteiramente inventado por voc. Falam sem pensar, e mesmo que depois percebam que esto errados, querem parecer o contrrio. O interesse da verdade d lugar aos interesses da vaidade: assim, por causa da vaidade, o que verdadeiro deve parecer falso, e o falso verdadeiro. N 31. Se sabe no ter uma resposta para os argumentos apresentados pelo seu oponente, voc pode num golpe de ironia declarar-se um juiz incompetente. Exemplo: O que voc diz ultrapassa os meus pobres poderes de compreenso. Pode muito bem ser verdade, mas no sou capaz de entender, por isso abstenho-me de expressar qualquer opinio sobre o assunto. Desta maneira voc insinua sua audincia, diante da qual permanece com uma boa imagem, de que o que seu oponente est dizendo um contra-senso. N 32. Um mtodo rpido de livrar-se da declarao de um oponente, ou de coloc-la sob suspeita, classific-la debaixo de uma categoria odiosa. Exemplo: Voc pode dizer: Isso fascismo, ou atesmo, ou nazismo, ou superstio. Fazendo essa objeo voc est pressupondo tacitamente que: 1) a declarao em questo idntica categoria mencionada ou est pelo menos contida nela; e 2) o sistema mencionado foi inteiramente rejeitado pela presente audincia. N 33. Admita as premissas do seu oponente mas negue a sua concluso. Exemplo: Isso muito bom na teoria, mas na prtica no funciona. N 34. Se voc apresenta uma pergunta ou um argumento e seu oponente no lhe d uma resposta direta, contorna-os com outra pergunta ou tenta mudar de assunto, sinal claro de que voc atingiu um ponto fraco, por vezes de forma no intencional. Voc, por assim dizer, reduziu seu oponente ao silncio. Insista, portanto, ainda mais no ponto em questo, e no deixe que seu oponente o evite, mesmo quando voc no sabe ainda em

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    que consiste a fraqueza que acaba de descobrir. Ao seguirmos estas regras com esta finalidade, no devemos nos preocupar em qualquer sentido com a verdade objetiva, porque normalmente no sabemos onde est a verdade. N 35. Ao invs de concentrar-se no intelecto do seu oponente ou no rigor de seus argumentos, concentre-se nos motivos dele. Se voc conseguir fazer com que a opinio do seu oponente, caso se mostre verdadeira, parea distintamente prejudicial ao seu prprio interesse, ele a abandonar imediatamente. Exemplo: Um clrigo est defendendo algum dogma filosfico. Demonstre que sua proposio contradiz alguma doutrina fundamental da sua igreja, e ele se ver forado a abandonar o argumento. N 36. Voc pode tambm confundir e desconcertar seu oponente atravs de grandiloqncia pura e simples. Se seu adversrio fraco ou se no deseja aparentar no ter idia sobre o que est falando, voc pode impor facilmente sobre ele algum argumento que parea profundo e erudito, ou soe como inquestionvel. N 37. Se seu oponente estiver certo mas, felizmente para voc, apresentar uma prova deficiente, voc pode com facilidade refutar a prova e em seguida alegar que refutou a posio inteira. dessa forma que maus advogados perdem boas causas. Se seu oponente for incapaz de produzir uma prova irrefutvel, voc ganhou o dia. N 38. Parta para o ataque pessoal, insultando grosseiramente, to logo perceba que seu oponente est com a vantagem. Partindo para o ataque pessoal voc abandona o assunto por completo, passando a concentrar o seu ataque na pessoa, fazendo uso de observaes ofensivas e malevolentes. Esta uma tcnica muito popular, porque requer pouca habilidade para ser colocada em prtica.