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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI WALLACE DA SILVA PEREIRA A ADOÇÃO DO PROCESSO ELETRÔNICO DE ATOS DE PESSOAL NO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA Biguaçu (SC) 2014

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI

WALLACE DA SILVA PEREIRA

A ADOÇÃO DO PROCESSO ELETRÔNICO DE ATOS DE PESSOAL NO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA

Biguaçu (SC)

2014

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI

WALLACE DA SILVA PEREIRA

A ADOÇÃO DO PROCESSO ELETRÔNICO DE ATOS DE PESSOAL NO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA

Monografia apresentada como

requisito parcial para a obtenção do título

de Bacharel, na Universidade do Vale de

Itajaí, Centro de Ciências Sociais e

Jurídicas.

Profa. MSc. Helena Nastassya Paschoal Pítsica UNIVALI – Centro de Ciências Sociais e Jurídicas. Orientadora Profa. MSc. Bruna Vaz Alves UNIVALI – Centro de Ciências Sociais e Jurídicas. Membro

Prof. MSc. Paulo Roberto Riccioni Gonçalves UNIVALI – Centro de Ciências Sociais e Jurídicas. Membro

Biguaçu, 11/11/2014.

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DEDICATÓRIA

Ao meu Pai do Céu por ter me dado a paciência, saúde e força necessária

para superar as dificuldades.

A UNIVALI, com o seu corpo docente, direção e administração que me deram

a oportunidade para a criação deste trabalho.

Em especial a minha orientadora MSc Helena Nastassya Paschoal Pítsica,

pelas horas que investiu no meu sonho, materializando-se após as suas correções e

incentivos.

Aos meus pais, in memoriam, pelo o que sou hoje, eticamente e moralmente,

e por eles, muitas das vezes, acreditarem mais em mim do que eu mesmo.

A minha família, em especial a minha esposa, que me deu o aporte e o

carinho necessário para que o aparecimento de obstáculos fossem apenas um

retardo e nunca uma opção para a desistência.

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale

do Itajaí, a Coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e a Orientadora

de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Biguaçu-SC, 27/10/2014.

Wallace da Silva Pereira

Bacharel

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SUMÁRIO

RESUMO..................................................................................................................... 7

ABSTRACT ................................................................................................................. 8

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9

1 A INTERNET .......................................................................................................... 12

1.1 A REVOLUÇÃO DA INFORMAÇÃO ................................................................... 12

1.2 A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO .................................................................... 14

1.3 ALDEIA GLOBAL E INTERNET .......................................................................... 17

1.4 O PODER GERAL DA INTERNET E O CIBERESPAÇO.................................... 19

1.5 A ORIGEM DA INTERNET NO BRASIL ............................................................. 24

1.6 O MARCO CIVIL DA INTERNET ........................................................................ 30

2 O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA ...................... 33

2.1 O CONTROLE DOS GASTOS PÚBLICOS ......................................................... 33

2.2 O CONTROLE SOCIAL E A INTERNET ............................................................. 36

2.3 O TRIBUNAL DE CONTAS NO BRASIL............................................................. 45

2.4 O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA ..................... 54

2.5 O PROCESSO DE FISCALIZAÇÃO DE ATOS DE PESSOAL ........................... 58

3 O PROCESSO ELETRÔNICO DE ATOS DE PESSOAL NO TRIBUNAL DE

CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA ...................................................... 60

3.1 DIREITO A PRIVACIDADE E A INTIMIDADE .................................................... 60

3.2 O PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE ....................................................................... 63

3.3 LEI 12.527/2011 – A LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO................................... 67

3.4 LEI 11.419/2006 - A LEI DO PROCESSO ELETRÔNICO .................................. 76

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3.5 O PROCESSO ELETRÔNICO DE ATOS DE PESSOAL NO TRIBUNAL DE

CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA ....................................................... 80

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 87

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS .................................................................. 90

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo principal identificar que a adoção do

Processo Eletrônico de Atos de Pessoal no Tribunal de Contas de Santa Catarina

trouxe a consonância dos institutos jurídicos que estão agrupados no binômio:

celeridade e segurança jurídica.

A necessidade de um serviço público transparente e de qualidade exige

do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina estar sempre buscando

instrumentos jurídicos para acompanhar as novas relações virtuais que o avanço da

tecnologia da informação traz para a sociedade.

O programa de computador que operacionaliza a criação e a instrução

dos autos do Processo Eletrônico de Atos de Pessoal, no Tribunal de Contas do

Estado de Santa Catarina, a partir da Internet, traz em seu núcleo a relativização dos

direitos a intimidade e a privacidade, com os princípios da publicidade. Assim, a

Egrégia Corte de Contas Catarinense estará sempre visando ser uma fonte de

informação célere e confiável.

Palavras-chave: Ciberespaço – Direito Digital - Tribunal de Contas –

Transparência - Processo Eletrônico.

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ABSTRACT

This paper has as main purpose identify that the adoption of the Eletronic

Process of Acts is Staff of the Audit Office from Santa Catarina brought consonance

of legal institutions that are grouped in the binomial: Celerity and legal certainty.

The need of a quality transparent public service requires from the Audit

Office from Santa Catarina to be always seeking legal instruments to keep with the

development of new virtual relations that the advancement of information technology

brings to society.

The computer program that operationalizes the creation and instruction of

the Autos in the Audit Office from Santa Catarina, from the internet, brings in its

center the relativization of the rights to privacy and intimacy, with the principles from

advertising. Therefore, the Elegy Audit Office from Santa Catarina will always be

aiming to be a renowned and reliable source of information.

Keywords: Cyberspace – Digital Law – Audit Office – Transparent -

Eletronic Process.

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INTRODUÇÃO

O Processo Eletrônico de Atos de Pessoal adotado no Tribunal de Contas

do Estado de Santa Catarina, instituído pela Instrução Normativa N. TC-10/2010,

revogada, pela Instrução Normativa N. TC-11/2011, alicerçada pela Resolução N.

TC-60/2011, à luz do princípio constitucional da publicidade, e do direito a

privacidade e a intimidade, persegue a relativização com tais institutos e busca uma

consonância com a Lei do Processo Eletrônico, a Lei 11.419/2006 e, com a Lei

Federal de Acesso à Informação, a Lei 12.527/2011.

O presente trabalho monográfico não tem como foco esgotar o espectro

doutrinário a cerca do princípio da publicidade e do direito a privacidade e a

intimidade, ou de outros institutos jurídicos que foram relacionados aqui, com o

objetivo de ajudar a teorizar os problemas encontrados na operacionalização da

implantação do Processo Eletrônico de Atos de Pessoal no Tribunal de Contas do

Estado de Santa Catarina, frente aos novos avanços da tecnologia da informação.

Alguns princípios e direitos constitucionais foram muito evidenciados com

o advento do processo eletrônico no ordenamento jurídico Nacional, dentre eles: da

publicidade, economicidade, do desenvolvimento sustentável, da eficácia, da

eficiência, da legitimidade, da motivação, do contraditório e da ampla defesa e da

duração razoável do processo. Assim, a presente pesquisa visa a identificar se o

Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina alcançou a satisfação de tais

princípios e direitos, ao implantar a partir de um programa de computador, o

Processo Eletrônico de Atos de Pessoal.

O acadêmico, atualmente, está a frente da Coordenação de

Desenvolvimento e Manutenção de Aplicativos do Tribunal de Contas do Estado de

Santa Catarina. Em 2011, deparou-se com o desafio profissional de desenvolver,

juntamente com os seus pares, um programa de computador, para a criação do

Processo Eletrônico de Atos de Pessoal na egrégia Corte de Contas Catarinense.

Assim, teve que participar de estudos da Lei do Processo Eletrônico, Lei

11.419/2006, como também da Lei de Acesso à Informação, Lei 12.527/2011.

Na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 são

observados diversos dispositivos que buscam a garantia da publicidade dos atos e

fatos da Administração Pública. Assim, a pesquisa buscou identificar se os

instrumentos legais instituídos pelo Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina,

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com objetivo de alicerçar juridicamente o Processo Eletrônico de Atos de Pessoal,

são suficientes para não ferirem tais preceitos constitucionais e, se estão também

recepcionando o direito a privacidade e a intimidade das partes.

A Lei Federal do Processo Eletrônico, 11.419/2006, trouxe diversos

benefícios ao mundo jurídico como também ao Meio Ambiente. O Processo

Eletrônico é ecologicamente correto e é de suma importância para que o aparato

jurídico torne-se mais sustentável. Identificar se o Processo Eletrônico de Atos de

Pessoal do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina está nesse viés, se

trouxe economia para a Corte de Contas Catarinense, passa a ser também objeto

desta pesquisa.

O Processo Eletrônico de Atos de Pessoal visa a facilitar o acesso da

sociedade à justiça buscando com segurança a tutela jurisdicional que a ela foi

concedido sem ferir a sua privacidade e a sua intimidade mesmo possibilitando a

publicidade dos atos e fatos dos autos, quando estes não ultrapassarem os limites

de visibilidade constitucionais.

A avaliação da implantação do Processo Eletrônico de Atos de Pessoal

no Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina é de grande importância para a

própria instituição, pois para o caso de ser positiva, poderão ser alavancados novos

recursos para a desmaterialização de outros tipos de processos de fiscalização ou

administrativos da Corte de Contas Catarinense.

O método de abordagem do presente trabalho monográfico será o

dedutivo, que é a técnica argumentativa que parte do geral, do amplo, para se

chegar as especificidades.

No capítulo um, a pesquisa desvendou através do surgimento da Internet,

como nasceu a Sociedade da Informação e como a mesma está imbuída na

necessidade da preservação do princípio constitucional da publicidade e no

ordenamento jurídico Brasileiro.

No capítulo dois, a pesquisa descreveu a história do órgão de controle

Tribunal de Contas, e mais precisamente o Tribunal de Contas do Estado de Santa

Catarina, bem como, os tipos de processos de fiscalização que são de sua

competência, dando ênfase ao processo de fiscalização de Atos de Pessoal,

norteador deste trabalho monográfico.

No capítulo 3, a presente pesquisa relacionou, dentre outros, o princípio

da publicidade e o direito da privacidade e da intimidade com os instrumentos

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jurídicos instituídos pelo Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina como

também outras legislações que surgiram e que alicerçaram o nascimento do

Processo Eletrônico de Atos de Pessoal.

O presente trabalho monográfico se encerra com as Considerações

Finais, nas quais são sintetizadas as contribuições sobre o surgimento do Processo

Eletrônico de Atos de Pessoal no Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina.

Na elaboração desta monografia foi utilizada pesquisa bibliográfica,

constituída principalmente de livros e de artigos científicos, análises de legislações

que são inerentes ao tema e levantamento de alguns dados do Banco de Dados do

Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina.

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CAPÍTULO 1

A INTERNET

1.1 A REVOLUÇÃO DA INFORMAÇÃO

A Revolução da Informação preconizada por Toffler é descrita como a

terceira onda das grandes e fundamentais mudanças na história da humanidade.1 A

primeira onda, como revela o autor foi a Revolução Agrícola de 10.000 anos atrás,

onde o homem descobre a agricultura e, de nômade, vira sedentário iniciando a

construção de cidades.2 Nesta primeira grande mudança, o homem buscou a

sociedade agrária como grande fonte de riqueza, pois estava inserido num ambiente

que pouco evoluía e não havia nenhuma outra fonte de informação a não ser

originada da família, da igreja e da escola.3

A segunda onda foi a revolução industrial que se deu início logo após a

invenção da máquina a vapor, em 1776.4 Nesta segunda onda, Toffler revela que

como consequência criou-se um mercado de consumo e dentre as diversas

mudanças que ocorreram nessa época foram o fim da escravidão e o surgimento

dos empregos.5 Já nesta etapa da evolução da história da humanidade, Toffler relata

que a fábrica passou a ser a geradora de recursos econômicos e financeiros, sendo

1 CAVALCANTI, Elmano Pontes. Revolução da informação: algumas reflexões. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v.1, n.1, 2ºsem., 1995. Disponível em: <http://www.ancibe.com.br/artigos%20de%20si/artigo%20-%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20da%20informa%C3%A7%C3%A3o%20-%20algumas%20reflex%C3%B5es.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2014, p.1.

2 PAIXAO, Allisson. Alvin Toffler diz em livro que internet democratiza informação. 180graus, Piauí, 25 de março de 2010. Disponível em: <http://180graus.com/banda-larga/alvin-toffler-diz-em-livro-que-internet-democratiza-informacao-309460.html>. Acesso em: 7 mar. 2014.

3 HAMZE, Amelia. As ondas da vida e do conhecimento. Brasil Escola, Barretos. Disponível em: <http://educador.brasilescola.com/gestao-educacional/ondas-da-vida-e-conhecimento.htm>. Acesso em: 10 mar. 2014.

4 CAVALCANTI, Elmano Pontes. Revolução da informação: algumas reflexões. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v.1, n.1, 2ºsem., 1995. Disponível em: <http://www.ancibe.com.br/artigos%20de%20si/artigo%20-%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20da%20informa%C3%A7%C3%A3o%20-%20algumas%20reflex%C3%B5es.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2014, p.1.

5 PAIXAO, Allisson. Alvin Toffler diz em livro que internet democratiza informação. 180graus, Piauí, 25 de março de 2010. Disponível em: <http://180graus.com/banda-larga/alvin-toffler-diz-em-livro-que-internet-democratiza-informacao-309460.html>. Acesso em: 7 mar. 2014.

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a maior impulsionadora na criação de empregos.6 O conhecimento era originado dos

jornais, das revistas, do rádio e da televisão.7

A terceira onda, a qual Toffler retrata como sendo o resultado do rápido

avanço da tecnologia da informática e da telecomunicação, compreende desde a

criação do computador, o ENIAC (Eletronic Integrator and Calculator), em 1947, até

hoje. Assim, o autor futurista identifica neste período, uma gigantesca melhora no

armazenamento, processamento e recuperação da informação.8

Garcia descreve esse momento como sendo de suma importância para a

internacionalização das relações:9

A evolução dos sistemas informáticos proporcionou a internacionalização das relações humanas – sociais, jurídicas, acadêmicas, profissionais, a relativização das distâncias geográficas, a interação múltipla instantânea entre indivíduos em escala mundial e a democratização internacional da informação, que, popularizando-se, deixou de ser um bem caro, pouco acessível e centralizado.

Pinheiro também narra, com maestria, este período:10

A Revolução da Informação, plantada em 1957, com a criação do primeiro mainframe, marcou o começo da digitalização da sociedade. [...] Somos reflexo não apenas de nosso conhecimento, do ―penso, logo existo‖, mas de nossa expressão, do ―comunico-me, logo existo‖.

O conhecimento é a matéria prima deste turbilhão de informação de

posse da sociedade. É através do binômio conhecimento e informação que se

agrega valor aos produtos desenvolvidos por esta sociedade. É neste momento

onde ocorre o aparecimento da terminologia Capital Intelectual.11

6 HAMZE, Amelia. As ondas da vida e do conhecimento. Brasil Escola, Barretos. Disponível em: <http://educador.brasilescola.com/gestao-educacional/ondas-da-vida-e-conhecimento.htm>. Acesso em: 10 mar. 2014.

7 HAMZE, Amelia. As ondas da vida e do conhecimento. Brasil Escola, Barretos. Disponível em: <http://educador.brasilescola.com/gestao-educacional/ondas-da-vida-e-conhecimento.htm>. Acesso em: 10 mar. 2014.

8 CAVALCANTI, Elmano Pontes. Revolução da informação: algumas reflexões. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v.1, n.1, 2ºsem., 1995. Disponível em: <http://www.ancibe.com.br/artigos%20de%20si/artigo%20-%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20da%20informa%C3%A7%C3%A3o%20-%20algumas%20reflex%C3%B5es.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2014, p.1.

9 GARCIA, Flúvio Cardinelle Oliveira. Ciberespaço: formas de regulamentação. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 1907, 20 set. 2008. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/11747>. Acesso em: 20 jul. 2014.

10 PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2010, p.37-38.

11 HAMZE, Amelia. As ondas da vida e do conhecimento. Brasil Escola, Barretos. Disponível em: <http://educador.brasilescola.com/gestao-educacional/ondas-da-vida-e-conhecimento.htm>. Acesso em: 10 mar. 2014.

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1.2 A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

Para Hamze, quando a autora revela o pensamento de Toffler, denomina-

se Sociedade da Informação esta que é detentora deste Capital Intelectual a qual

não possui como conceito de analfabetos sendo somente aqueles que não sabem

ler e escrever e sim, aqueles que não sabem aprender, desaprender e reaprender.12

O analfabetismo digital é exposto na passagem da obra de Garcia quando

o mesmo expõe que além dos problemas comumente tratados tem importância

também àqueles que fazem menção ao analfabetismo digital:13

Hodiernamente, a preocupação se volta, a par de outros problemas políticos, econômicos e sociais, à erradicação do analfabetismo digital, vez que, na Era da Informação, mais do que saber ler e escrever, é preciso que cada indivíduo esteja familiarizado com a informática a fim de não ser socialmente marginalizado.

Pinheiro destaca em sua obra o pensamento de Toffler quando descreve

que nos anos 70, emergia-se a Sociedade da Informação, a qual seria regida por

dois relógios: um analógico e outro digital. Assim ela narra o pensamento do autor:14

[...] O relógio analógico seria aquele cuja agenda segue um tempo físico, vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. O relógio digital seria aquele cuja agenda segue um tempo virtual, que extrapola os limites das horas do dia, acumulando uma série de ações que devem ser realizadas simultaneamente.

Para Alquino Júnior, o analfabetismo digital traz diversos problemas na

área jurídica, dentre eles o autor ressalta15:

Todo esse manancial de inovações carreia em si, não obstante, um farto conjunto de problemas que se tornaram objeto de discussão, especialmente no campo jurídico, que dizem respeito a questões relativas as fraudes eletrônicas, a invasão de privacidade, a segurança, aos crimes digitais, a validade dos documentos eletrônicos, entre outras.

Para Almeida Filho, a invenção da prensa, por Gutenberg, no século XV,

a qual provocou um maior acesso a informação, já poderia ser considerada, a

época, a verdadeira Sociedade da Informação. Contudo, considera o termo aplicado

12

HAMZE, Amelia. As ondas da vida e do conhecimento. Brasil Escola, Barretos. Disponível em: <http://educador.brasilescola.com/gestao-educacional/ondas-da-vida-e-conhecimento.htm>. Acesso em: 10 mar. 2014.

13 GARCIA, Flúvio Cardinelle Oliveira. Ciberespaço: formas de regulamentação. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 1907, 20 set. 2008. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/11747>. Acesso em: 20 jul. 2014.

14 PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2010, p.47.

15 AQUINO JÚNIOR, Geraldo Frazão de. Contratos eletrônicos: a boa-fé objetiva e a autonomia da vontade. Curitiba: Juruá, 2012, P.102.

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de forma errônea, pois, sendo esse um slogan a denominação Sociedade da

Comunicação se apresenta, no curso da história, como sendo o mais adequado.

Portanto o autor submete-se a pensar que essa Sociedade da Comunicação não se

despertou após o crescimento da Internet no mundo, pois já se revelava, há muito

tempo, com a referida invenção.16

Almeida Filho vai além, permite-se corroborar com esta ideia de que a

Internet não fora a base da Sociedade da Informação, quando expõe Gilberto Dupas

no momento em que o próprio afirma que o conceito de Sociedade da Informação já

se podia ser apregoado, nos anos 60 do século XX, em consequência da forte

organização sindical e de movimentos que acabaram por modificar

comportamentos.17

O confronto dos pensadores, sobre a terminologia Sociedade da

Informação, inicia-se onde se deu o primeiro passo para a Revolução da Informação,

ora para alguns pensadores, plantada em 1957, com a criação do primeiro

mainframe18, ora para outros, há 10 anos antes, com a criação do mesmo

computador19. Para retratar bem o desconforto sobre o tema, Almeida Filho narra

José de Oliveira Ascensão quando da passagem de sua obra20:

Quando se está diante da terminologia sociedade da informação observamos haver difusão de ideias controversas. Para alguns doutrinadores, como José de Oliveira Ascensão21, a terminologia não é apropriada, tratando-se, como afirma, de um slogan e sendo correto admitir-se uma sociedade da comunicação. Na concepção de Ascensão, a sociedade da informação está ligada à ideia da Internet, dentro do contexto de sua obra. [...] A complexidade do tema envolvendo a terminologia sociedade da informação se alarga na

16

ALMEIDA FILHO, José Carlos de Araújo. Processo eletrônico e teoria geral do processo eletrônico: a informatização judicial no Brasil. 4. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2011, p.50.

17 DUPAS, Gilberto. Ética e poder na sociedade da informação. 2 ed., São Paulo: EDUSP, 2000 apud ALMEIDA FILHO, José Carlos de Araújo. Processo eletrônico e teoria geral do processo eletrônico: a informatização judicial no Brasil. 4. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2011, p.50.

18 PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2010, p.37.

19 CAVALCANTI, Elmano Pontes. Revolução da informação: algumas reflexões. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v.1, n.1, 2ºsem., 1995. Disponível em: <http://www.ancibe.com.br/artigos%20de%20si/artigo%20-%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20da%20informa%C3%A7%C3%A3o%20-%20algumas%20reflex%C3%B5es.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2014, p.1.

20 ALMEIDA FILHO, José Carlos de Araújo. Processo eletrônico e teoria geral do processo eletrônico: a informatização judicial no Brasil. 4. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2011, p.50.

21 ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito da internet e da sociedade da informação. Rio de Janeiro: Forense, 2002 apud ALMEIDA FILHO, José Carlos de Araújo. Processo eletrônico e teoria geral do processo eletrônico: a informatização judicial no Brasil. 4. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2011, p.49.

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mesma medida em que outros autores atribuem ideias e datas diversas para a mesma questão.

Pinheiro alerta para a seguinte reflexão: Não mais que 40 anos, a Internet

era somente um projeto, e o termo globalização não tinha deixado a sua marca na

história, pois a busca da informação era cara, centralizada e com poucos adeptos.22

Para Pinheiro, essa Sociedade da Informação esta carente de

conhecimento, pois o excesso de informação dá ao indivíduo a impressão que está,

a cada dia, sempre desatualizado. A autora ainda descreve que há uma

interdependência completa, globalizada, interativa e em rede.23

Ainda sobre o excesso de informação e absorção do conhecimento por

essa Sociedade da Informação, Almeida Filho permite-se avaliar o assunto quando

revela um trecho de sua obra, com a passagem:24

A sociedade da informação tecnológica trouxe a lume um maior acesso ao conhecimento. Ocorre que, paralelamente a este acesso, trouxe também uma gama de desinformação. Excesso de informação, paradoxalmente, gera desinformação.

Hamze relata que essa Sociedade da Informação vive um período

fortemente caracterizado pelo consumo internacional proporcionalizado pela

globalização originada pela universalização da produção e do consumo.25

Para Paixão, a terceira onda ou a Revolução da Informação preconizada

por Toffler é a Internet. É através dela que se permite essa globalização e

universalização de produtos e consumo. É a Internet que desmassifica os meios de

comunicação, pois hoje qualquer cidadão pode se comunicar através da rede com o

mundo.26

Garcia também ratifica esse momento do surgimento da internet, ao

descrever o pensamento de Toffler, na seguinte passagem:27

22

PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2010, p.43. 23

PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2010, p.37. 24

ALMEIDA FILHO, José Carlos de Araújo. Processo eletrônico e teoria geral do processo eletrônico: a informatização judicial no Brasil. 4. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 56.

25 HAMZE, Amelia. As ondas da vida e do conhecimento. Brasil Escola, Barretos. Disponível em: <http://educador.brasilescola.com/gestao-educacional/ondas-da-vida-e-conhecimento.htm>. Acesso em: 10 mar. 2014.

26 PAIXAO, Allisson. Alvin Toffler diz em livro que internet democratiza informação. 180graus, Piauí, 25 de março de 2010. Disponível em: <http://180graus.com/banda-larga/alvin-toffler-diz-em-livro-que-internet-democratiza-informacao-309460.html>. Acesso em: 7 mar. 2014.

27 GARCIA, Flúvio Cardinelle Oliveira. Ciberespaço: formas de regulamentação. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 1907, 20 set. 2008. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/11747>. Acesso em: 20 jul. 2014.

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Evidencia-se, a toda prova, o que Alvin Toffler, nos anos 70, chamou de a Terceira Onda, caracterizada pela revolução do conhecimento, da inteligência e da tecnologia e pela descentralização da informação, contexto hoje consolidado pela nova era inaugurada pela Internet.

Pinheiro expõe que um dos maiores teóricos das comunicações, Marshall

McLuhan, tinha uma visão contraposta sobre uma sociedade ora enraizada na

escrita, surgida com o advento da Imprensa, fruto da invenção de Gutemberg no

século XV, já descrita aqui, anteriormente, ora de uma sociedade voltada para o

visual, onde a TV e o cinema foram os seus precursores. O autor lembra que a

sociedade vinculada a Imprensa escrita, pouco inovava fazendo com que houvesse

um chamamento maior para o dinamismo causado pela sociedade visual. São esses

indivíduos da sociedade visual que desenvolveram o alicerce para o surgimento da

Aldeia Global.28

1.3 ALDEIA GLOBAL E INTERNET

McLuhan já previa uma Aldeia Global totalmente imbuída no cotidiano das

pessoas. O autor vislumbrava que o número das conexões entre os indivíduos iria

ser cada vez maior.29 Contudo para Recuero a Internet é a Aldeia Global de

McLuhan concretizada muito além do que o teórico tinha previsto. A autora revela

uma aldeia com diversas vias duplas de comunicação, onde a construção do

conhecimento dá-se em milésimos de segundos, onde a comunicação abrange

todas as suas possibilidades.30

Pinheiro descreve a preocupação dos pensadores Nietzsche e

Wittgenstein na forma de se comunicar com os indivíduos dessa Aldeia Global

quando faz referência na passagem de sua obra:31

Pois estamos falando do ser humano, não de máquinas. Segundo Nietzsche, ―a linguagem é a expressão adequada de todas as realidades‖. Ou seja, se não usarmos a linguagem adequada, estaremos deturpando a realidade. E vale ainda mencionar Wittgenstain: ―Os limites de minha linguagem significam os limites de

28

PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2010, p.49. 29

PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2010, p.49. 30

RECUERO, Raquel da Cunha. A Internet e a nova revolução na comunicação mundial. PUC-RS, Porto Alegre, dezembro de 2000. Disponível em: <http://www.raquelrecuero.com/revolucao.htm>. Acesso em: 26 fev. 2014.

31 PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2010, p.41.

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meu próprio mundo‖. Logo, enquanto falarmos de tecnologia, estamos falando para um universo limitado de indivíduos.

Vesce revela de forma bem estereotipada a Aldeia Global, de McLuhan,

quando a autora descreve em uma passagem:32

Ao perceber a agilidade e rapidez com que os meios de comunicação desenvolviam novas tecnologias McLuhan previu um novo conceito de sociedade: completamente interconectada e tomada pelas mídias eletrônicas. Essas novas mídias ao aproximar as pessoas de toda parte permitiriam a elas conhecer-se e comunicar-se, como em uma aldeia.

A diversidade de informações na Internet causada pela individualidade do

conhecimento, o qual é denominado, por Toffler, de overchoice, o qual gera para o

indivíduo escolhas infinitas, isso sim, para Pinheiro, é que transcendeu os

pensamentos de uma Aldeia Global do teórico McLuhan.33

Para Pinheiro, a Internet é a consolidação da terceira onda. A autora

expõe o motivo: tudo devido ao surgimento da tecnologia digital, apoiada na

velocidade da transmissão da informação bem como na descentralização da

mesma.34

Vesce confirma que a revolução tecnológica presente na vida do homem

moderno, traz a inserção, ao mundo, dessa Sociedade da Informação, por meio de

comunidades virtuais:35

É inegável que a revolução cibernética-tecnológica afeta os mais variados aspectos da vida cotidiana, com a inserção de contextos virtuais, como círculos eletrônicos de amizade, por meio de comunidades virtuais, e da possibilidade de ―navegar‖ pelo mundo, tornando o presente cada vez mais próximo da idéia de aldeia global.

Sobre o convívio dessa sociedade nesse ambiente virtual, e a sua

demasiada exposição é retratada por Pinheiro, num trecho de sua obra36:

Vivemos a era da informação. Mas o que isso significa? Estamos mais acessíveis, mais acessados, mais expostos. Passamos para uma comunicação mais dinâmica e rápida. Deixamos de ter amigos no bairro e passamos a ter amigos no mundo todo. Mas este cenário vai além da amizade ou da mera busca de informações. Com a chegada do comércio eletrônico e dos bancos online, a Internet

32

VESCE, Gabriela E. Possolli. Ciberespaço. InfoEscola. Disponível em: <http://www.infoescola.com/internet/ciberespaco/>. Acesso em: 1 out. 2014.

33 PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2010, p.49.

34 PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2010, p.48.

35 VESCE, Gabriela E. Possolli. Ciberespaço. InfoEscola. Disponível em: <http://www.infoescola.com/internet/ciberespaco/>. Acesso em: 1 out. 2014.

36 PINHEIRO, Patrícia Peck; SLEIMAN, Cristina Moraes. Direito digital no dia a dia. São Paulo: Saraiva, 2009, p.1.

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passou a ser mais transacional. Na verdade, hoje, não estar na Internet significa quase estar fora do próprio mercado.

A partir de usuários conectados a computadores e demais periféricos,

formando uma rede, é que se tem um novo espaço, como expõe Vesce:37

O surgimento da Internet como uma rede mundial de computadores, veio confirmar essas expectativas ao criar um novo espaço para a expressão, conhecimento e comunicação humana. Porém trata-se de um espaço que não existe fisicamente, mas virtualmente: o ciberespaço. Termo que foi idealizado por William Gibson, em 1984, no livro Neuromancer, referindo-se a um espaço virtual composto por cada computador e usuário conectados em uma rede mundial.

Para Recuero, a Internet é considerada o mais completo meio de

comunicação que já fora criado pelo homem. A autora explica que é através da

Internet que se pode conjugar, com muita propriedade, a interatividade e a

massividade com as duas características principais dos meios de comunicação, que

antecederam a rede mundial de computadores, que são a linguagem e a escrita.38

1.4 O PODER GERAL DA INTERNET E O CIBERESPAÇO

Para a formação de um Estado e, por conseguinte uma sociedade

necessita-se para sua constituição: um território, uma nação e um povo. O Poder

Geral da Internet, descrito por Almeida Filho remonta a concepção de uma nova

sociedade, sem um território delimitado, sem uma nação específica e sem um

determinado povo. Por conseguinte o autor depara-se com uma celeuma ao

considerar esses indivíduos interconectados entre si, como uma Sociedade da

Informação que reside nessa Aldeia Global. Celeuma causada pelo enraizamento do

postulado o qual os teóricos do direito não conseguem dissociar o conceito de

sociedade do Estado.39

37

VESCE, Gabriela E. Possolli. Ciberespaço. InfoEscola. Disponível em: <http://www.infoescola.com/internet/ciberespaco/>. Acesso em: 1 out. 2014.

38 RECUERO, Raquel da Cunha. A Internet e a nova revolução na comunicação mundial. PUC-RS, Porto Alegre, dezembro de 2000. Disponível em: <http://www.raquelrecuero.com/revolucao.htm>. Acesso em: 26 fev. 2014.

39 ALMEIDA FILHO, José Carlos de Araújo. Processo eletrônico e teoria geral do processo eletrônico: a informatização judicial no Brasil. 4. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2011, p.45.

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Assim, Pinheiro brinda com uma passagem de seu texto a concepção

dessa nova sociedade, a qual é órfã de paradigmas consolidados há séculos pelos

teóricos do direito:40

Os desafios jurídicos do Direito Digital incluem a quebra de paradigmas, a descentralização, a dificuldade em definir limites territoriais e físicos, a velocidade com que as decisões devem ser tomadas e a crescente capacidade de resposta dos Indivíduos. A Internet gera uma infinidade de nações virtuais – pessoas, empresas e instituições de várias partes do mundo unidas por interesses os mais variados.

O Poder Geral da Internet que é regido por essa Sociedade da

Informação, o qual não possui barreiras geofísicas devido à velocidade que a

mensagem chega ao seu receptor, fazem com que Almeida Filho relate a sua

estranheza por esse super poder de informação estar solto, sem ter um balizador ou

um poder central.41

As relações sociais geradas por essa Sociedade da Informação,

realizadas nesse mundo virtual, sem extremos, contudo muito real, é consolidada

através da reflexão de Recuero identificada num trecho de sua obra:42

[...] E um espaço inteiramente constituído de informação, como a Internet, passa a ter um papel central nessa nova sociedade, tanto em termos de circulação de capital, como em termos de reconfiguração do espaço e das relações sociais. Este espaço, denominado por muitos como ciberespaço, ou espaço virtual é o cerne da revolução desta virada de século. O ciberespaço é um não lugar. Não concreto, não físico, mas real.

O Poder Geral da Internet é visto de forma mais socializada como

descreve Recuero quando a autora menciona o pensamento do teórico Pierre Lèvy,

o qual a partir dessa comunicação de muitos para muitos, que a Internet

proporciona, identifica um futuro democrático para a humanidade.43

Corroborando essa ideia que a Internet trará um futuro democrático para

a humanidade, Almeida Filho cita uma passagem, também do teórico Pierre Lèvy,

40

PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2010, p.50. 41

ALMEIDA FILHO, José Carlos de Araújo. Processo eletrônico e teoria geral do processo eletrônico: a informatização judicial no Brasil. 4. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2011, p.45.

42 RECUERO, Raquel da Cunha. A Internet e a nova revolução na comunicação mundial. PUC-RS, Porto Alegre, dezembro de 2000. Disponível em: <http://www.raquelrecuero.com/revolucao.htm>. Acesso em: 26 fev. 2014.

43 RECUERO, Raquel da Cunha. A Internet e a nova revolução na comunicação mundial. PUC-RS, Porto Alegre, dezembro de 2000. Disponível em: <http://www.raquelrecuero.com/revolucao.htm>. Acesso em: 26 fev. 2014.

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em 1998, onde ele prevê, sob essa óptica democrática, a criação de um cenário

para o século XXI:44

O mais alto grau do tempo real concerne às organizações. Ateliês flexíveis aos groupwares, as redes digitais permitem, de pouco tempo para cá, uma relativa desmaterialização das estruturas organizacionais. Última desterritorialização: os organogramas, os procedimentos de produção, as arquiteturas administrativas são transferidos para os softwares e, assim, mobilizados flexibilizados. A empresa virtual adapta-se em tempo real às transformações do mercado. Aproximo-nos aqui das paragens do Espaço do saber. Mas não o atingiremos acelerando mais ainda. É preciso que um salto qualitativo. Outras velocidades, outras intensidades animam os intelectuais coletivos.

A ideia de Internet democrática de Pierre Lèvy não é utópica, contudo

recebe diversas críticas de outros pensadores. Pois se duvida que a Internet fruto do

capitalismo possa se opor a ele, como também há ruídos para aceitar que a Internet

é democrática se há tanta falta de acesso a rede mundial de computadores em

diversos países do Terceiro Mundo.45

Almeida Filho ainda reforça que esse poder democrático denominado

como o Poder Geral da Internet foi aceito pelo mundo. Conta que o órgão mundial

responsável por estabelecer as regras do uso da Internet – ICANN (Internet

Corporation for Assigned Names and Numbers) é uma entidade sem fins lucrativos e

de âmbito internacional, o qual dentre outras funções é responsável pela geração

dos números de protocolo de Internet (IP), pela designação de identificações de

protocolo, pelo controle do sistema de nomes de domínios de primeiro nível com

códigos genéricos e de países e, também possui funções de administração central

da rede de servidores.46

Para Garcia fica explícito que com o aparecimento da Internet

estabeleceu-se, sem precedentes, um novo espaço de interatividade do homem.

44

LEVY, Pierre. A inteligência coletiva – por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Loyola, 1998 apud ALMEIDA FILHO, José Carlos de Araújo. Processo eletrônico e teoria geral do processo eletrônico: a informatização judicial no Brasil. 4. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2011, p.46.

45 RECUERO, Raquel da Cunha. A Internet e a nova revolução na comunicação mundial. PUC-RS, Porto Alegre, dezembro de 2000. Disponível em: <http://www.raquelrecuero.com/revolucao.htm>. Acesso em: 26 fev. 2014.

46 ALMEIDA FILHO, José Carlos de Araújo. Processo eletrônico e teoria geral do processo eletrônico: a informatização judicial no Brasil. 4. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2011, p.45.

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Assim, o autor avalia o que o teórico Pierre Lévy identifica como um novo celeiro da

informação:47

O advento da Internet e suas tecnologias de informação estabeleceram um novo espaço de convivência e interação humana que, abarcando meios de acesso à informação e de comunicação nunca dantes imaginados, configura-se num ambiente virtual heterogêneo o qual transcende as fronteiras nacionais e, posto que descentralizado, não se subjuga ao domínio exclusivo de qualquer operador ou Estado, permitindo a livre manifestação do pensamento e de expressão daqueles que dele fazem uso. A este espaço de comunicação, de sociabilidade, de organização e de transação, onde Pierre Lévy afirma também existir um novo mercado da informação e do conhecimento, denomina-se ciberespaço ou espaço cibernético.

Conforme Garcia, o Ciberespaço tem o seguinte significado para a

UNESCO48 (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a

Cultura)49:

[...] o ciberespaço é um novo ambiente humano e tecnológico de expressão, informação e transações econômicas. Consiste em pessoas de todos os países, todas as culturas e linguagens, e todas as idades e profissões fornecendo e requerendo informações; uma rede mundial de computadores interconectados por infra-estruturas de telecomunicação que permitem à informação fornecida ou requerida ser processada e transmitida digitalmente.

Percebe-se que a Internet e o Ciberespaço não se confundem, logo não

são sinônimos. Pois nas palavras de Garcia a primeira é a infraestrutura tecnológica

que permite que a sociedade tenha a conexão, de muitos pra muitos. A segunda é

esse espaço virtual, desterritorializado, que essa mesma sociedade possui para

interagir entre si. Assim destaca o autor50:

Note-se, porém, que ciberespaço e Internet não se confundem e, portanto, tecnicamente, não são sinônimos. O primeiro se revela como uma construção inteiramente artificial, criada pelo homem e seus sistemas informáticos, que identifica um espaço virtual, sem domínio físico e, portanto, desarraigado de qualquer território geográfico, onde os internautas interagem por meio da infra-estrutura tecnológica da rede mundial de computadores.

47

GARCIA, Flúvio Cardinelle Oliveira. Ciberespaço: formas de regulamentação. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 1907, 20 set. 2008. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/11747>. Acesso em: 20 jul. 2014.

48 UNESCO. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, Brasília. Disponível em: http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/. Acesso em: 30 set. 2014.

49 GARCIA, Flúvio Cardinelle Oliveira. Ciberespaço: formas de regulamentação. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 1907, 20 set. 2008. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/11747>. Acesso em: 20 jul. 2014.

50 GARCIA, Flúvio Cardinelle Oliveira. Ciberespaço: formas de regulamentação. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 1907, 20 set. 2008. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/11747>. Acesso em: 20 jul. 2014.

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Nesse mesmo contexto, Vesce comenta sobre esse espaço onde a

Sociedade da Informação cria diversos relacionamentos51:

Pode-se afirmar que o ciberespaço diz respeito a uma forma de virtualização informacional em rede. Por meio da tecnologia, os homens, mediados pelos computadores, passam a criar conexões e relacionamentos capazes de fundar um espaço de sociabilidade virtual.

A origem da palavra Ciberespaço é de origem inglesa. A origem da

palavra Ciberespaço bem como a sua relação com a palavra cibernética é revelada

num trecho da obra de Garcia52:

O termo ciberespaço provém do inglês cyberspace e foi extraído do romance Neuromancer, de William Gibson, escritor de ficção científica norte-americano. Publicado em 1984, o livro narra a história de um homem projetado em uma rede de informações. Consigne-se, por oportuno, que a cibernética é ―a ciência que estuda as comunicações e o sistema de controle não só nos organismos vivos, mas também nas máquinas‖

Garcia vai além, e também destaca a utilização da palavra cibernética ao

longo da história53:

[...] a palavra cibernética foi utilizada pela primeira vez no século XIX por Ampère, porém somente se popularizou, mormente na acepção hoje conhecida, quando Norbert Wiener, matemático norte-americano, escreveu os livros Cibernética, em 1948, e Cibernética e Sociedade, em 1950, revisado em 1954, onde defendeu, em síntese, a importância do estudo das mensagens e facilidades de comunicação entre homem-máquina, máquina-homem e máquina-máquina para a melhor compreensão da sociedade. Com a Internet e a tecnologia telemática, os sistemas informáticos tornaram-se um dos objetos de estudo da cibernética.

Então é no Ciberespaço que o homem realiza os atos de vontade de

forma virtual, através das máquinas, da informática e das telecomunicações,

contudo com as mesmas prerrogativas que no mundo presencial. Hoeschl ressalta

em sua obra54:

Após o contato com tais abordagens, é possível o esboço de uma noção mais palpável do que seja o objeto em tela, o ciberespaço.

51

VESCE, Gabriela E. Possolli. Ciberespaço. InfoEscola. Disponível em: <http://www.infoescola.com/internet/ciberespaco/>. Acesso em: 1 out. 2014.

52 GARCIA, Flúvio Cardinelle Oliveira. Ciberespaço: formas de regulamentação. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 1907, 20 set. 2008. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/11747>. Acesso em: 20 jul. 2014.

53 GARCIA, Flúvio Cardinelle Oliveira. Ciberespaço: formas de regulamentação. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 1907, 20 set. 2008. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/11747>. Acesso em: 20 jul. 2014.

54 HOESCHL, Hugo Cesar. Ciberespaço é o melhor produto da revolução das comunicações. Consultor Jurídico, 17 maio 2014. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2004-mai-17/ciberespaco_melhor_produto_revolucao_comunicacao?pagina=3>. Acesso em: 10 set. 2014.

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Trata-se de um ambiente gerado eletronicamente, formado pelo homem, as máquinas, a informática e as telecomunicações, onde é possível a prática de atos de vontade, dotado de limites diversos dos tradicionais, norteado e dimensionado fisicamente por comprimentos de onda e freqüências, ao invés de pesos e medidas materiais, e não constituído por átomos, mas por correntes energéticas.

Assim, identifica-se que a tecnologia da rede mundial de computadores

trouxe agilidade na comunicação e interatividade do homem moderno, contudo

trouxe também impactos importantes no direito, principalmente quando o objeto em

tela é o espaço, o tempo, o indivíduo, a sociedade e a privacidade.55

1.5 A ORIGEM DA INTERNET NO BRASIL

Nesse diapasão de contradições o Brasil não poderia ficar de fora. A

origem Nacional da Internet foi marcada pela demora em relação aos países

chamados de Primeiro Mundo. Segundo Muller foi em setembro de 1988, depois de

mais de 10 anos de atraso, através de conexões no mundo acadêmico é que se deu

inicio ao contato com a Internet no Brasil. Foi através do Laboratório Nacional de

Computação Científica (LNCC), localizado no Rio de Janeiro, é que se conseguiu o

primeiro acesso a BitNet, com uma conexão de 9.600 bits por segundo, realizada

com a universidade de Maryland, nos Estados Unidos.56

Passado a primeira conexão a Internet, ainda no meio acadêmico, a

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em dois meses,

e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), somente em maio de 1989,

ligaram-se também à Bitnet. A primeira, através de uma conexão com o Fermi

National Accelerator Laboratory (Fermilab), em Chicago, e a segunda, através da

Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), ambas nos Estado Unidos.57

55

AQUINO JÚNIOR, Geraldo Frazão de. Contratos eletrônicos: a boa-fé objetiva e a autonomia da vontade. Curitiba: Juruá, 2012, P.105.

56 GUIZZO, Érico. Internet: O que é, o que oferece, como conectar-se. São Paulo: Ática, 1999 apud MULLER, Nicolas. O começo da internet no Brasil. Oficina da Net, Santa Cruz do Sul, 10 de março de 2013. Disponível em: <http://www.oficinadanet.com.br/artigo/904/o_comeco_da_internet_no_brasil>. Acesso em: 2 mar. 2014.

57 GUIZZO, Érico. Internet: O que é, o que oferece, como conectar-se. São Paulo: Ática, 1999 apud MULLER, Nicolas. O começo da internet no Brasil. Oficina da Net, Santa Cruz do Sul, 10 de março de 2013. Disponível em: <http://www.oficinadanet.com.br/artigo/904/o_comeco_da_internet_no_brasil>. Acesso em: 2 mar. 2014.

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Muller retrata que a Fapesp criou a rede ANSP (Academic Network at São

Paulo). As universidades de São Paulo (USP), de Campinas (Unicamp), a Estadual

Paulista (Unesp), a Federal de Minas Gerais (UFMG), e a Federal do Rio Grande do

Sul (UFRS) e, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT)

foram interligadas a ANSP.58

Pinheiro lembra que o Ministério das Comunicações externalizava a

vontade, que o governo Brasileiro apregoava de dizer não ao monopólio da

prestação de serviço ao acesso a Internet, o qual até o final de 1994 era da

Embratel. Concretizando o pensamento, a autora revela que o governo publicou a

Norma 004, aprovada pela Portaria número 148, de 31 de maio de 199559, a qual

regulava o uso de meios de rede pública de telecomunicações para o provimento e a

utilização de serviços de conexão a Internet, a qual marcaria o nascimento comercial

do sistema no País.60

Sendo à época, com o advento do Ciberespaço Brasileiro, um ambiente

sem fronteiras estabelecidas e sem submissão a tratados, convênios e constituições,

o Governo Brasileiro, num primeiro momento ao deparar-se com o novo e com

receio de gerar uma obsolescência na estrutura da rede mundial, bem como de

engessar as relações sociais conquistadas pelo Ciberespaço, teve como reação a

entrega da Internet para a iniciativa privada. 61

Para alertar a necessidade que havia de termos uma norma para tutelar

as diversas relações já em uso dentro do Ciberespaço Brasileiro, caracterizado pela

transnacionalidade e descentralização, Garcia descreve em sua obra:62

[...] não se afigura esdrúxulo afirmar que a rede de indivíduos que interagem no ciberespaço constitui uma sociedade virtual e, por conseguinte, carece de normativos que tutelem as diversificadas relações que podem ser formadas e mantidas entre os milhões de

58

GUIZZO, Érico. Internet: O que é, o que oferece, como conectar-se. São Paulo: Ática, 1999 apud MULLER, Nicolas. O começo da internet no Brasil. Oficina da Net, Santa Cruz do Sul, 10 de março de 2013. Disponível em: <http://www.oficinadanet.com.br/artigo/904/o_comeco_da_internet_no_brasil>. Acesso em: 2 mar. 2014.

59 BRASIL. ANATEL. Portaria n. 148/1995, 31 maio 1995. Aprova a Norma nº 004/95 - Uso da Rede Pública de Telecomunicações para acesso à Internet. Disponível em: <http://legislacao.anatel.gov.br/normas-do-mc/78-portaria-148>. Acesso em: 30 set. 2014.

60 PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2010, p.44.

61 PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2010, p.44.

62 GARCIA, Flúvio Cardinelle Oliveira. Ciberespaço: formas de regulamentação. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 1907, 20 set. 2008. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/11747>. Acesso em: 20 jul. 2014.

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internautas que dela são participantes. A despeito de toda a inovação tecnológica que representam e de suas características intrínsecas de transnacionalidade e descentralização, convergem as opiniões no sentido da inadmissibilidade de um espaço cibernético sem qualquer tipo de regulamentação.

Ainda sobre a transnacionalidade, Garcia adverte que o instituto da

transnacionalização deverá balizar a proteção do ser humano:63

As demandas transnacionais se justificam a partir da necessidade de criação de espaços públicos para tratar de questões referentes a fenômenos novos que serão ineficazes se tratados somente dentro do espaço do tradicional Estado nacional. Estes fenômenos novos se identificam com os chamados ―novos‖ direitos ou ―novos‖ direitos fundamentais. Para evitar equívocos de fundo meramente ideológico, certamente que se faz necessário afirmar que as demandas transnacionais não tratam somente de questões relacionadas com a globalização econômica como alguns autores pretendem, e sim com fundamentais questões de direitos relacionadas com a sobrevivência do ser humano no planeta. A globalização econômica pode estar na base de algumas questões transnacionais, mas não é sua principal fonte e fundamentação, a principal justificativa da necessidade de transnacionalização do direito é a necessidade de proteção do ser humano e dentro dessa perspectiva também se encontra a proteção de seu entorno natural.

Para marcar bem esse tempo de onde as relações jurídicas já estavam

ocorrendo no Ciberespaço, contudo com regras próprias sem normas balizando

esse ambiente, Aquino Júnios descreve64:

O novo espaço no qual as relações jurídicas são levadas a efeito está dissociado do ambiente físico. As interações realizam-se no ciberespaço, caracterizado pela maleabilidade (qualquer um pode interagir na rede), pela não territorialidade (não conhece limites geográficos) e pela constante mutação (tudo muda continuamente). Funciona segundo regras próprias, não se submetendo a uma autoridade central. Não conhece ordem ou hierarquia e exerce influência sobre os demais sistemas, propagando-lhes o efeito da desterritorialização.

Vesce alerta para o impacto que esse ambiente virtual, trouxe para a

sociedade, quando narra em uma passagem o pensamento de Manuel Castells:

O espaço cibernético intensificou transformações sociais nos mais diversos campos da atividade humana, é o que Manuel Castells chama de sociedade em rede. No campo da produção de

63

GARCIA, Marcos Leite. Transnacionalidade, "novos" direitos fundamentais e UNASUL: novas perspectivas para o século XXI. Âmbito Jurídico. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10619>. Acesso em: 20 set. 2014.

64 AQUINO JÚNIOR, Geraldo Frazão de. Contratos eletrônicos: a boa-fé objetiva e a autonomia da vontade. Curitiba: Juruá, 2012, p. 105-106.

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mercadorias surgiram as empresas virtuais que têm a internet como base de atuação, mas também ocorreram importantes alterações sócio-culturais e políticas que atingiram as principais mídias em decorrência do aceleramento dos meios de comunicação e de informação. Com o ciberespaço constituiu-se um novo espaço de sociabilidade que é não-presencial e que possui impactos importantes na produção de valor, nos conceitos éticos e morais e nas relações humanas.

Para Aquino Júnior teria diversas formas do Governo Brasileiro regular o

Ciberespaço, quando ressalta em sua obra65:

O problema da regulação da internet é uma vexata questio. O Estado deve regular ou poderia haver autorregulação? Um Estado nacional poderia regular uma rede que opera mundialmente? Nesse novo ambiente, tem-se que levar em conta que o direito não é inflexível às transformações da sociedade, devendo o jurista enfrentar a complexidade dos novos problemas que se apresentam.

A anarquia extremista e radical que um grupo de indivíduos persiste em

balizar, o ambiente virtual, é retratada num ponto o qual Garcia traz a publicação da

Declaração de Independência do Ciberespaço66:

Existe, contudo, uma ínfima minoria que insiste em defender uma anarquia extremista e radical no ciberespaço, propugnando a liberdade irrestrita de expressão e de manifestação de pensamento e salientando que qualquer forma de limitar quaisquer condutas dos internautas seria inaceitável e ilegítima. A tentativa de se estabelecer um espaço cibernético anômico pode ser verificada na Declaração de Independência do Ciberespaço67, proclamada em Davos, na Suíça, e publicada na revista Wired em fevereiro de 1996. Sua autoria é atribuída a John Perry Barlow, ativista norte-americano co-fundador da Electronic Frontier Foundation – EFF e professor da Harvard Law School´s Berkman Center for Internet and Society, que a confeccionou em reação à promulgação da Telecom Reform Act (Lei de Reforma das Telecomunicações), nos EUA, a qual impunha limitações e facultava interferências estatais no funcionamento e no uso da Internet e do espaço cibernético.

Thomas Hobbes reflete que para mantermos a estabilidade social há a

necessidade de um conjunto mínimo de regras, desta feita Garcia traz em sua obra

um trecho mencionando o famoso filósofo68:

65

AQUINO JÚNIOR, Geraldo Frazão de. Contratos eletrônicos: a boa-fé objetiva e a autonomia da vontade. Curitiba: Juruá, 2012, p. 108.

66 GARCIA, Flúvio Cardinelle Oliveira. Ciberespaço: formas de regulamentação. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 1907, 20 set. 2008. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/11747>. Acesso em: 20 jul. 2014.

67 BARLOW, John Perry. Declaração de independência do ciberespaço. DHNET, Natal. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/ciber/textos/barlow.htm>. Acesso em: 30 set. 2014.

68 GARCIA, Flúvio Cardinelle Oliveira. Ciberespaço: formas de regulamentação. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 1907, 20 set. 2008. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/11747>. Acesso em: 20 jul. 2014.

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É mister ressaltar que toda lesão ou ameaça de lesão aos direitos do cidadão, seja ele internauta compulsivo ou indivíduo avesso a qualquer tipo de tecnologia, deve ser coibida a fim de serem resguardados o desenvolvimento e a estabilidade sociais. Dúvidas não há de que a vida pacífica em sociedade necessita, imperiosamente, de um conjunto mínimo de regras que estabeleça a ordem social e rechace, com a devida punição, condutas nocivas que coloquem em risco a harmonia e a convivência tranqüila da comunidade. Já no século XVII, sustentava o filósofo inglês Thomas Hobbes que "qualquer governo é melhor que a ausência de governo. O despotismo, por pior que seja, é preferível ao mal maior da Anarquia, da violência civil generalizada, e do medo permanente da morte violenta69".

Ainda sobre o tema autorregulamentação Pinheiro consegue identificar a

possibilidade da criação de regras de condutas dentro do Direito Digital a partir dos

interessados em manter a paz e a harmonia no Ciberespaço:70

O Direito Digital tem como principio normativo a Autorregulamentação, ou seja, o deslocamento do eixo legislativo para os participantes e interessados diretos na proteção de determinado direito e na solução de determinada controvérsia. Sendo assim, o Direito Digital possibilita uma via paralela que não a via legislativa para criar regras de conduta para a sociedade digital ditadas e determinadas pela própria sociedade.

Garcia consegue fazer uma reflexão sobre o tema e diferencia a

autorregulamentação com a possível, a época, normatização do Ciberespaço pelo

Estado71:

Não obstante a flagrante apologia à anomia do espaço cibernético, abstrai-se da própria Declaração de Independência do Ciberespaço, em especial nos trechos propositadamente grifados, a possibilidade de uma auto-regulação da sociedade virtual em detrimento a eventual coerção imposta pela lei estatal, o que, a rigor, não deixa de ser uma espécie de regulamentação, não imperativa, das condutas perpetradas por meio da Internet visando a reduzir e dirimir conflitos entre os internautas e garantir a segurança, a tranqüilidade e o bem-estar daqueles que interagem no ciberespaço. De fato, o que diferencia a auto-regulação de um ato normativo do Estado é a circunstância de que, naquela, as regras são geradas e trazidas ao conhecimento de todos sem a necessidade da participação pública ou estatal, motivo pelo qual é também denominada regulação privada.

Com a Internet aberta ao mercado privado, a autorregulamentação já era

uma realidade e diversos serviços foram disponibilizados para essa Sociedade da

69

HOBBES, Thomas. Leviatã. Org. por Richard Tuck. São Paulo: Martins Fontes, 2003. 70

PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2010, p.90-91. 71

GARCIA, Flúvio Cardinelle Oliveira. Ciberespaço: formas de regulamentação. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 1907, 20 set. 2008. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/11747. Acesso em: 20 jul. 2014.

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Informação que cada vez mais sedenta de conhecimento, poderia agora, gerar mais

e mais Capital Intelectual. É a Aldeia Global do futurista McLuhan que não parava de

crescer. 72

Acerca desse momento, onde ocorre um crescimento exponencial da

Internet Brasileira, Pinheiro narra numa passagem73:

[...] Significam que a sociedade brasileira está plenamente inserida numa rede global de Indivíduos e, ao mesmo tempo, que estes adquirem capacidade de resposta cada vez maior, jurídica e cultural, às suas demandas.

Nesse ritmo a Internet a partir de 1996, ganhava mais lares em

consequência, ora pela melhora considerável nos serviços prestados pela Embratel,

ora pela competitividade do mercado privado em disponibilizar mais serviços através

da Internet ao cidadão.74

Para conter e estabilizar o Ciberespaço Brasileiro, criando um mercado

regulatório a cerca das condutas na utilização da Internet, Araújo expõe que antes

de pensar-se em Marco Civil da Internet, aqui no Brasil, já havia sido criado o

Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br75:

O Comitê Gestor da Internet – CGI.br, criado pela Portaria Interministerial nº 147, de 31 de maio de 199576 e alterada pelo Decreto Presidencial nº 4.829, de 3 de setembro de 200377, é formado por representantes do governo, do setor empresarial, do terceiro setor e da comunidade acadêmica. Este é o fórum público

72

GUIZZO, Érico. Internet: O que é, o que oferece, como conectar-se. São Paulo: Ática, 1999 apud MULLER, Nicolas. O começo da internet no Brasil. Oficina da Net, Santa Cruz do Sul, 10 de março de 2013. Disponível em: <http://www.oficinadanet.com.br/artigo/904/o_comeco_da_internet_no_brasil>. Acesso em: 2 mar. 2014.

73 PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2010, p.44.

74 GUIZZO, Érico. Internet: O que é, o que oferece, como conectar-se. São Paulo: Ática, 1999 apud MULLER, Nicolas. O começo da internet no Brasil. Oficina da Net, Santa Cruz do Sul, 10 de março de 2013. Disponível em: <http://www.oficinadanet.com.br/artigo/904/o_comeco_da_internet_no_brasil>. Acesso em: 2 mar. 2014.

75 ARAÚJO, Edmar. Eu sou favorável ao marco civil da internet. Medidas de Fé, 26 mar. 2014. Disponível em: <http://medidasdefe.com/2014/03/26/eu-sou-favoravel-ao-marco-civil-da-internet/>. Acesso em: 30 set. 2014.

76 BRASIL. CGI.BR - Comitê Gestor da Internet no Brasil. Portaria Interministerial n. 147/1995, 31 maio 1995. Assegurar qualidade e eficiência dos serviços ofertados, justa e livre competição entre provedores, e manutenção de padrões de conduta de usuários e provedores, e considerando a necessidade de coordenar e integrar todas as iniciativas de serviços Internet no país. Disponível em: <http://www.cgi.br/portarias/numero/147>. Acesso em: 30 set. 2014.

77 BRASIL. CGI.BR - Comitê Gestor da Internet no Brasil. Decreto n. 4.829, 3 set. 2003. Dispõe sobre a criação do Comitê Gestor da Internet no Brasil - CGI.br, sobre o modelo de governança da Internet no Brasil, e dá outras providências. Disponível em: <http://cgi.br/pagina/decretos/108>. Acesso em: 30 set. 2014.

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que, muito antes da discussão sobre o Marco Civil, já deliberava sobre a internet no Brasil.

Assim, chegava o Marco Civil da Internet78, percebe-se que mais uma

vez, o Estado, busca regular conteúdos, privacidade e neutralidade79. O Marco Civil

da Internet veio com o intuito de regular o Ciberespaço Brasileiro, como também de

unificar todos os instrumentos regulatórios que sem êxito, não conseguiram

pacificar, até o momento, as dúvidas judiciais inerentes a matéria.

1.6 O MARCO CIVIL DA INTERNET

Araújo alerta que não é de hoje que o Estado busca a normatização de

serviços de telecomunicação, aqui no Brasil, como a TV, o Rádio, a Telefonia, e a

TV a Cabo80:

A TV e o Rádio brasileiros são regulados pelo Estado. Sofrem censuras como a proibição de propagandas de cigarro, publicidade para crianças, etc. O Estado é soberano nesta questão? Não, absolutamente. Há o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, por exemplo, organização privada que luta pelo cumprimento do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária. A TV a cabo no Brasil é outro exemplo. Há uma explícita diferenciação de serviços ofertados e não há neutralidade neste serviço prestado no País. Quer mais canais? Pague mais caro, simples. Por fim, falemos da Telefonia. Há neutralidade nos serviços prestados pelas empresas telefônicas no Brasil? Ou se eu, que moro em Brasília, ao ligar para uma pessoa que mora na Paraíba, vou pagar o mesmo valor caso ligasse para meu vizinho? A resposta é óbvia: o preço depende do tipo de ligação que se realiza. Mais: é graças a possibilidade de acessar o conteúdo de ligações e SMS – Short Message Service que a polícia, por exemplo, pode investigar pessoas suspeitas de cometer crimes.

Souza expõe a fala do ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, onde

ele externaliza a necessidade da criação de 3 (três) textos jurídicos para proteger a

78

BRASIL. Lei n. 12.965, de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm>. Acesso em: 30 set. 2014.

79 ARAÚJO, Edmar. Eu sou favorável ao marco civil da internet. Medidas de Fé, 26 mar. 2014. Disponível em: <http://medidasdefe.com/2014/03/26/eu-sou-favoravel-ao-marco-civil-da-internet/>. Acesso em: 30 set. 2014.

80 ARAÚJO, Edmar. Eu sou favorável ao marco civil da internet. Medidas de Fé, 26 mar. 2014. Disponível em: <http://medidasdefe.com/2014/03/26/eu-sou-favoravel-ao-marco-civil-da-internet/>. Acesso em: 30 set. 2014.

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internet no País: marco civil da internet, lei de proteção de dados pessoais e

modernização da Lei de Segurança Nacional81:

[...] deve acelerar a elaboração de três textos jurídicos para proteger a internet no País: marco civil da internet, lei de proteção de dados pessoais e modernização da Lei de Segurança Nacional. Para o ministro, o marco civil deve ser defendido pelo Brasil como política de Estado a ser adotada no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) como "marco cibernético internacional". "O marco civil vem tarde, mas por que não torná-lo um mecanismo internacional?", indicou. "A internet não pode ser arma de guerra, senão de paz" [...] O ministro informou ainda que o país é "carente de textos jurídicos" para regulamentar a internet e que o Ministério da Justiça finaliza lei estabelecendo as regras para proteção de dados. "Tenho participado das reuniões de elaboração do texto de proteção dos dados, que estabelece que as pessoas são donas de deus dados em cadastros", indicou, conforme antecipou o iG . "Acredito que, depois do Ministério da Justiça, ele será tratado com absoluta brevidade na Casa Civil para ser encaminhado ao Congresso.‖

Pereira, em entrevista sobre o Marco Civil da Internet, com Demi

Getschko, presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR - NIC.br

que implementa as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil –

CGI.br, revela que nos anos 80 o Governo e nem as instituições privadas

conseguiam prever o crescimento da Internet no Brasil:82

[...] nos anos 1980, estávamos maravilhados com o correio eletrônico. Já era uma grande coisa poder trocar e-mails com todo o mundo. Eliminava os dias de espera do correio tradicional e eventuais erros na compreensão por telefone. Mas tudo isso na época era voltada para a academia. A segunda leva de usuários importantes, que começou pelo inicio dos anos 1990, eram as ONGs. No Brasil, posso lembrar do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, ligado ao Betinho. A terceira onda foi dos provedores, que no Brasil tiveram uma grande vantagem.

Nesse cenário crescente da Internet no Brasil, o Poder Público em geral

já tinha em suas mãos diversas ferramentas que possibilitariam exercer de forma

mais célere, as obrigações constitucionais que a ele foi incumbido. Pois se por um

lado há o compromisso constitucional de o Brasil manter-se um Estado Democrático

81

SOUZA, Nivaldo. Ministro da justiça sugere internacionalização do marco civil da internet. Último Segundo, IG Brasília, 24 set. 2013. Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2013-09-24/ministro-da-justica-sugere-internacionalizacao-do-marco-civil-da-internet.html>. Acesso em: 30 set. 2014.

82 PEREIRA, Demétrio Rocha. Marco civil é defesa contra lei em excesso. Diário Catarinense, Florianópolis, 1º. jun. 2014. Entrevista, p.35-37.

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de Direito com um ideal de democracia, fiscalização e transparência, por outro lado

há, agora, a Internet que sem dúvida iria facilitar essa empreitada.

Assim, para o Poder Público além de municiá-lo, ainda mais, para o

devido cumprimento do seu dever constitucional, o avanço da Internet, no Brasil,

também permitiria que o cidadão conseguisse atuar, em concomitância com o

próprio Poder Público, no papel de agente fiscalizador ativo.

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CAPÍTULO 2

O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA

2.1 O CONTROLE DOS GASTOS PÚBLICOS

Na busca de um modelo democrático ideal, o Estado Brasileiro, visando o

controle dos gastos públicos, estuda regras e padrões que devem ser respeitados

pela Sociedade. A eficiência, honestidade e observância dessas regras, que

constituem os balizadores da burocracia, regem os atuais sistemas de controle dos

gastos públicos.83

Assim, acerca do controle ideal dos gastos públicos Martins relata:84

[...] O grau de controle considerado ideal naturalmente varia de uma situação para outra. [...] A descoberta do ponto de equilíbrio ideal para cada situação é de fundamental importância para se manter em harmonia a convivência entre liberdade e controle.

Corroborando com a ideia de Martins, para Campos uma sociedade

organizada é aquela que encontrou o ponto de equilíbrio ideal entre liberdade e

controle. Essa sociedade tem como característica fundamental possuir cidadãos que

conseguem exigir um desempenho do serviço público aceitável. São cidadãos

sabedores de seus direitos e buscam um sistema de controle de gastos públicos

eficiente.85

A busca pela prestação do serviço público de qualidade e o controle deste

serviço pelo cidadão, está garantida na Constituição da República Federativa do

Brasil de 1988, no seu art. 37:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...]

83

MARTINS, Carlos Estevan. Governabilidade e controles. FGV - Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v.23, n.1, 1989. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/viewArticle/9174>. Acesso em: 22 mar. 2014, p. 9.

84 MARTINS, Carlos Estevan. Governabilidade e controles. FGV - Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v.23, n.1, 1989. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/viewArticle/9174>. Acesso em: 22 mar. 2014, p.10.

85 CAMPOS, Anna Maria. Accountability: quando poderemos traduzi-la para o português. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, 24(2)30-50.fev./abr.. Disponível em: <http://ebape.fgv.br/sites/ebape.fgv.br/files/rap8_0.pdf>. Acesso em: 2 fev. 2014, p. 34

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§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta, regulando especialmente: I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços; II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII; III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.

A relação e formas de controle entre o Estado e a sociedade podem ser

vista sob três aspectos segundo Martins. O controle exercido pela sociedade sobre o

Estado é um deles. Martins afirma a ideia de Campos, que em sociedades onde há

uma harmonia entre liberdade e controle, essas são mais organizadas e atuantes.

Essas sociedades reúnem-se através de associações as quais externalizam suas

ideias, e conseguem que elas sejam colocadas em práticas de forma muito mais

rápida, mostrando um papel de agente fiscalizador ativo.86

Martins segue descrevendo que o segundo aspecto da relação de

controle é o do Estado sobre a sociedade. O Estado possui ferramentas que

demonstram o controle do poder político através dos órgãos do poder Judiciário, o

Congresso Nacional, as Assembleias Estaduais, as Câmaras Municipais, o sistema

eleitoral e os Tribunais de Contas. A cada ano torna-se mais difícil o controle do

Estado sobre a sociedade, pois devido à grande mutabilidade de suas leis, abrem-se

brechas tornando-as mazelas jurídicas insanáveis. Suas interpretações equivocadas

criam métodos de burla da lei cada vez mais frequentes, criando uma sociedade

com conceitos errados de como resolver seus problemas, a não ser que seja através

de métodos corruptos. Em consequência, a sociedade fica desequilibrada, onde o

Estado não tem o controle, apenas uma parcela da população consegue o que quer,

e a outra parcela fica à mercê de um poder político falho, tornando pobres mais

pobres, e ricos mais ricos.87

86

MARTINS, Carlos Estevan. Governabilidade e controles. FGV - Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v.23, n.1, 1989. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/viewArticle/9174>. Acesso em: 22 mar. 2014, p.14-17.

87 MARTINS, Carlos Estevan. Governabilidade e controles. FGV - Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v.23, n.1, 1989. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/viewArticle/9174>. Acesso em: 22 mar. 2014, p.14-17.

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Sobre a preocupação de que forma o Estado legisla nessa sociedade,

crítica e de posse de muita informação, Ribas Junior revela com maestria a partir de

um trecho de sua obra:88

Os governos, nos estados democráticos de direito, devem organizar-se, agir e reagir de acordo com a lei. Esta lei, contudo, não pode deixar de ter em seu conteúdo, formal e material, legitimidade. E essa legitimidade decorre de algo além do universo legal. É aquele ponto em que a ética surge como fonte e conjunto de valores.

E o terceiro e último aspecto de controle descrito por Martins, diz respeito

ao Estado controlando o Estado, onde os mais altos supervisionam o trabalho dos

hierarquicamente mais baixos. Pensadores mostram que o Estado que não

consegue controlar a si próprio, não conseguirá controlar sua própria sociedade,

prejudicando ainda mais, as outras relações já demonstradas por Martins, entre o

Estado e a sociedade. Pois juntas, todas dão o suporte necessário para que o Poder

Público torne-se mais ágil e eficiente.89

Cella ressalta a importância da Internet na busca de aperfeiçoar a ideia de

uma Sociedade de Controle90 e de uma Sociedade Disciplinar91 quando o foco é a

fiscalização de um serviço público de qualidade:92

Há muito se tem tratado a ideia de sociedade disciplinar e sociedade de controle, consagradas, por exemplo, nas obras de Michel Foucault e Gilles Deleuze. A contemporaneidade trouxe inúmeros desdobramentos em relação aos conceitos atribuídos por Foucault e Deleuze, sendo que muitos desses resultados foram previstos pela

88

RIBAS JUNIOR, Salomão. Ética, governo e sociedade. Florianópolis: Tribunal de Contas, 2006, p. 44.

89 MARTINS, Carlos Estevan. Governabilidade e controles. FGV - Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v.23, n.1, 1989. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/viewArticle/9174>. Acesso em: 22 mar. 2014, p.14-17.

90 DELEUZE, Gilles. Post-scriptum sobre as sociedades de controle. Tradução de Peter Pal Pelbart. 34 ed. Rio de Janeiro: Conversações, 1992. [in L´Autre Journal, n. 1, maio 1990]. Disponível em: <http://www.portalgens.com.br/filosofia/textos/sociedades_de_controle_deleuze.pdf>. Acesso em: 07 out. 2014.

91 FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1987. [Surveiller et punir]. Disponível em: <http://comunicacaodasartesdocorpo.files.wordpress.com/2013/11/foucault-michel-vigiar-e-punir.pdf>. Acesso em: 20 set. 2014. p. 127.

92 CELLA, José Renato Gaziero; ROSA, Luana Aparecida dos Santos. Utilização dos dados obtidos de forma eletrônica como fator possibilitador de crimes nas esferas privada e pública: o controle social estabelecido com outra face. III Congresso de Iniciação Científica e Pós-Graduação, Curitiba, v.22, n.3, 2014. Disponível em: <http://www2.pucpr.br/reol/pb/index.php/cicpg?dd1=13409&dd99=view&dd98=pb>. Acesso em: 5 out. 2014.

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análise de acontecimentos por esses pensadores. [...] Entretanto continua-se em busca do entendimento da evolução das sociedades no que tange ao poder e a sua manutenção, ao direito, à ética e aos possíveis resultados sociais futuros.

Os atuais Órgãos de Controle Externo Brasileiros na tentativa de propor

uma maior transparência da Administração Pública e permitir que a Sociedade da

Informação consiga adentrar-se nos gastos públicos, sendo mais um a gerir as

instituições públicas, possibilita, através da Internet, um mecanismo a mais para o

Controle Social.

2.2 O CONTROLE SOCIAL E A INTERNET

Com objetivo de aproximar cada vez mais a Sociedade da Informação,

das instituições públicas, os Órgãos de Controle Externo Brasileiros produzem

cartilhas a fim de aproximar e disseminar, desmistificando, termos complexos da

Administração Pública ao cidadão:93

No âmbito governamental, os mais importantes sistemas de informação se destinam essencialmente às atividades de controle dos dados relativos às receitas e despesas efetuadas. Uma divisão mais detalhada com o objetivo de facilitar a compreensão de quais informações estão disponíveis nos sistemas de informação governamentais é a seguinte: 1. Administração financeira: registro, acompanhamento e controle da execução orçamentária e da regularidade contábil dos órgãos governamentais. É onde o cidadão pode buscar informações sobre os valores orçados para as áreas de atuação do governo e acompanhar se os valores previstos estão sendo aplicados. Outra informação útil nesses sistemas é a de convênios estabelecidos com outras esferas de poder (federal, estadual e municipal), bem como com entidades filantrópicas e ONGs. 2. Recursos Humanos: é aqui que os bancos de dados de controle de pessoal e de controle e processamento do pagamento dos servidores são alimentados. São informações essenciais para acompanhamento da lisura do processo de contratação dos governos, no que se refere ao ingresso dos servidores através de concursos, casos de nepotismos, etc. 3. Controle de Patrimônio: oferece apoio à administração do patrimônio imobiliário dos governos através do controle dos seus imóveis – quais são, em que local estão e quais suas características. Pode-se ainda identificar os usuários dos imóveis, quais são os regimes de utilização e período de ocupação dos imóveis. Informações desse tipo são importantes, pois permitem identificar situações de mau uso do dinheiro público

93

CEARÁ. Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará. Controle social das contas públicas, Universidade Aberta do Nordeste. Ceará. Disponível em: <http://www.tcm.ce.gov.br/site/_arquivos/servicos/downloads/2010/curso_controle_social/tcm-10.pdf>. Acesso em: 5 out. 2014.

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através de privilégios aos usuários dos imóveis públicos. 4. Compras Governamentais: um dos sistemas mais importantes para ser acompanhado pelo cidadão, pois nele estão as informações sobre contratos, licitações e fornecedores. Pode-se acompanhar licitações e contratos, emissão de empenho, publicação no Diário Oficial e depois o acompanhamento das notas fiscais e ateste das faturas. 5. Planejamento: visa a ajudar as Secretarias de Planejamento na execução das atividades de análise do planejamento qualitativo e quantitativo dos órgãos; definição dos limites de despesa; exame da execução física e financeira; e gestão do fluxo de recursos dos programas prioritários do governo.

O Ministério da Educação dá outro exemplo de como a Sociedade da

Informação pode aproximar-se mais da Administração Pública e ter um

conhecimento mais amplo dos programas de Políticas Públicas do Governo. A

Internet, mais uma vez, é uma aliada importante neste contexto, pois o Fundo

Nacional de Desenvolvimento da Educação – FUNDEB está externalizando em seu

site, o seu programa para a educação de crianças, desde a creche, e de jovens e

adultos, até o final do ensino médio acionando o seu maior fiscalizador, os membros

dos conselhos de acompanhamento e controle social do FUNDEB, que são os pais,

professores, diretores de escolas, servidores, estudantes e a secretaria municipal ou

estadual de educação:94

Os recursos do Fundeb são distribuídos de forma automática (sem necessidade de autorização ou convênios para esse fim) e periódica, mediante crédito na conta específica de cada governo estadual e municipal. A distribuição é realizada com base no número de alunos da educação básica pública, de acordo com dados do último censo escolar, sendo computados os alunos matriculados nos respectivos âmbitos de atuação prioritária, conforme art. 211 da Constituição Federal. Ou seja, os municípios recebem os recursos do Fundeb com base no número de alunos da educação infantil e do ensino fundamental, e os estados, com base no número de alunos do ensino fundamental e médio.

A conquista da transparência pela Sociedade da Informação, dos atos e

fatos originados dos serviços públicos, dá-se pela absorção dos conceitos de

Sociedade de Controle95, de Gilles Deleuze e, de Sociedade Disciplinar96, de Michel

94

BRASIL. Ministério da Educação. FUNDEB. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Site FUNDEB. <http://www.fnde.gov.br/financiamento/fundeb/fundeb-apresentacao>. Acesso em: 30 set. 2014.

95 DELEUZE, Gilles. Post-scriptum sobre as sociedades de controle. Tradução de Peter Pal Pelbart. 34 ed. Rio de Janeiro: Conversações, 1992. [in L´Autre Journal, n. 1, maio 1990]. Disponível em: <http://www.portalgens.com.br/filosofia/textos/sociedades_de_controle_deleuze.pdf>. Acesso em: 07 out. 2014.

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Foucault, no modelo atual da Administração Pública. Lopes no tocante a esse tema,

inicia, descrevendo que um medo assolou a Europa na segunda metade do século

XVIII, ambientes escuros sombrios passavam a ser rejeitados pela população. A

autora revela que os ambientes à época não permitiam a visibilidade das coisas o

que iria de encontro com as novas políticas propostas naquele momento97:

Um medo assombrou a Europa, na segunda metade do séc. XVIII. Os cemitérios, conventos, hospitais e prisões suscitavam uma onda de desconfiança e rejeição. Eram ambientes escuros que impediam a visibilidade das coisas, das pessoas e das verdades. Estes ambientes eram incompatíveis com a nova ordem política. Pelo que era necessário eliminar esta obscuridade e escuridão, de modo a dar lugar à transparência e visibilidade.

Batista, explica os estudos de Michel Foucault, em sua obra Vigiar e

Punir, sobre a Sociedade Disciplinar98, a qual para o filósofo francês nascera em

meados do século XVIII:99

A sociedade disciplinar nasce em meados do século XVIII europeu, e nela passa a existir as chamadas instituições disciplinares, com suas técnicas para o adestramento do indivíduo. Posteriormente, no século XIX, vemos aparecer a biopolítica com o fim de cuidar da vida da população. Pois, nas técnicas disciplinares o que importa é fabricar o corpo individual, localizado nas instituições [...]. Sendo que ambas podem ser caracterizadas como modos distintos de poder, mas complementares.

Ainda sobre o tema de obscuridade e escuridão, que gerava um

desconforto na Europa no século XVIII, Tadeu expõe a partir de Michel Foucault e a

sua Sociedade Disciplinar100, Jeremy Bentham, jurista inglês que através de um

96

FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1987. [Surveiller et punir]. Disponível em: <http://comunicacaodasartesdocorpo.files.wordpress.com/2013/11/foucault-michel-vigiar-e-punir.pdf>. Acesso em: 20 set. 2014. p. 127.

97 LOPES, Ana Isabel; SANTOS, Sónia. Da sociedade disciplinar à sociedade de controle. Universidade de Lisboa. Disponível em: <http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/sociedade%20disciplinar/index.htm>. Acesso em: 20 set. 2014.

98 FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1987. [Surveiller et punir]. Disponível em: <http://comunicacaodasartesdocorpo.files.wordpress.com/2013/11/foucault-michel-vigiar-e-punir.pdf>. Acesso em: 20 set. 2014. p. 127.

99 BATISTA, Fábio. Michel Foucault: sociedade disciplinar e biopolítica. Mundo Filosófico, 28 dez. 2010. Disponível em: <http://www.mundofilosofico.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=247:michel-foucault-sociedade-disciplinar-e-biopolitica&catid=3:filosofia&Itemid=2>. Acesso em: 20 set. 2014.

100 FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1987. [Surveiller et punir]. Disponível em: <http://comunicacaodasartesdocorpo.files.wordpress.com/2013/11/foucault-michel-vigiar-e-punir.pdf>. Acesso em: 20 set. 2014. p.127.

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projeto arquitetônico, chamado de Panóptico101, geraria a transparência necessária

aos ambientes mais sensíveis para sociedade: penitenciárias, manicômios,

internatos, etc...Tadeu narra com clareza os feitos de Jeremy Bentham102:

[...] Para dizer tudo em uma palavra, ver-se-á que ele é aplicável, penso eu, sem exceção, a todos e quaisquer estabelecimentos, nos quais, num espaço não demasiadamente grande para que possa ser controlado ou dirigido a partir de edifícios, queira-se manter sob inspeção um certo número de pessoas. Não importa quão diferentes, ou até mesmo quão opostos, sejam os propósitos: seja o de punir o incorrigível, encerrar o insano, reformar o viciado, confinar o suspeito, empregar o desocupado, manter o desassistido, curar o doente, instruir os que estejam dispostos em qualquer ramo da indústria, ou treinar a raça em ascensão no caminho da educação, em uma palavra, seja ele aplicado aos propósitos das prisões perpétuas na câmara da morte, ou prisões de confinamento antes do julgamento, ou casas penitenciárias, ou casas de correção, ou casas de trabalho, ou manufaturas, ou hospícios, ou hospitais, ou escolas.

Sobre o projeto, Panóptico103, de Jeremy Bentham, no século XVIII, na

Europa, e o nascimento de alguns conceitos que evidenciava a Sociedade

Disciplinar104, de Michel Foucault, Lopes também descreve a solução dada pelo

jurista inglês para o problema da falta de visibilidade das prisões, o qual acarretava

preocupação à população:

O problema das prisões, foi o que tomou maior ênfase. Era tema de estudo e discussão na sociedade da época. A situação de ―escola de vício e de crime‖ e lugar ―desprovido de higiene‖ forçou a procura de um projecto de reorganização das prisões. O Panóptico de Geremy Bentham foi caracterizado como a ―figura arquitectural‖ ideal.

101

TADEU, Tomaz. O panóptico de Jeremy Bentham. Organização de Tomaz Tadeu; traduções de Guacira Lopes Louro, M. D. Magno, Tomaz Tadeu. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. [Panopticon]. Disponível em: <http://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/81000/mod_resource/content/1/TC%20O%20pan%C3%B3ptico.pdf>. Acesso em: 20 set. 2014.

102 TADEU, Tomaz. O panóptico de Jeremy Bentham. Organização de Tomaz Tadeu; traduções de Guacira Lopes Louro, M. D. Magno, Tomaz Tadeu. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. [Panopticon]. Disponível em: <http://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/81000/mod_resource/content/1/TC%20O%20pan%C3%B3ptico.pdf>. Acesso em: 20 set. 2014.

103 TADEU, Tomaz. O panóptico de Jeremy Bentham. Organização de Tomaz Tadeu; traduções de Guacira Lopes Louro, M. D. Magno, Tomaz Tadeu. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. [Panopticon]. Disponível em: <http://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/81000/mod_resource/content/1/TC%20O%20pan%C3%B3ptico.pdf>. Acesso em: 20 set. 2014.

104 FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1987. [Surveiller et punir]. Disponível em: <http://comunicacaodasartesdocorpo.files.wordpress.com/2013/11/foucault-michel-vigiar-e-punir.pdf>. Acesso em: 20 set. 2014. p. 127.

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O filósofo Michel Foucault, ovacionava de forma positiva a ideia do projeto

Panóptico105, de Jeremy Benthan, pois já vislumbrava ali um Controle Social mais

amplo, como também uma visão dos desdobramentos do poder da Sociedade da

Informação em fiscalizar os que fiscalizam. Em sua obra Vigiar e Punir, o filósofo

francês descreve com detalhes o projeto de Jeremy Benthan106:

O Panóptico de Benthan é a figura arquitetural dessa composição. O princípio é conhecido: na periferia, uma construção em anel; no centro, uma torre; esta é vazada de larga janelas que se abrem sobre a face interna do anel; a construção periférica é dividida em celas, cada uma atravessando toda a espessura da construção; elas têm duas janelas: uma para o interior, correspondendo as janelas da torre; outra, que dá para o exterior, permite que a luz atravesse a cela de lado a lado. Basta então colocar um vigia na torre central e em cada cela trancar um louco, um doente, um condenado, um operário ou um escolar.

Ainda sobre a ideia do projeto Panóptico107, de Jeremy Benthan, Lopes

narra uma passagem do filósofo francês Michel Foucault108:

Segundo Foucault o Panóptico despertou interesse, pelo facto de ser aplicável a muitos domínios diferentes. Não se tratava apenas de uma prisão. O Panóptico, é um princípio geral de construção, um dispositivo polivalente de vigilância, uma máquina óptica universal das concentrações humanas.

Tadeu captura um momento onde se identifica claramente os

desdobramentos que autora portuguesa, Lopes, descreve sobre o projeto

Panóptico109, de Jeremy Benthan, como sendo uma ponte importante para que a

Sociedade da Informação pudesse fiscalizar os que fiscalizam:110

105

TADEU, Tomaz. O panóptico de Jeremy Bentham. Organização de Tomaz Tadeu; traduções de Guacira Lopes Louro, M. D. Magno, Tomaz Tadeu. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. [Panopticon]. Disponível em: <http://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/81000/mod_resource/content/1/TC%20O%20pan%C3%B3ptico.pdf>. Acesso em: 20 set. 2014.

106 FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1987. [Surveiller et punir]. Disponível em: <http://comunicacaodasartesdocorpo.files.wordpress.com/2013/11/foucault-michel-vigiar-e-punir.pdf>. Acesso em: 20 set. 2014. p. 165-167

107 TADEU, Tomaz. O panóptico de Jeremy Bentham. Organização de Tomaz Tadeu; traduções de Guacira Lopes Louro, M. D. Magno, Tomaz Tadeu. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. [Panopticon]. Disponível em: <http://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/81000/mod_resource/content/1/TC%20O%20pan%C3%B3ptico.pdf>. Acesso em: 20 set. 2014.

108 LOPES, Ana Isabel; SANTOS, Sónia. Da sociedade disciplinar à sociedade de controle. Universidade de Lisboa. Disponível em: <http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/sociedade%20disciplinar/index.htm>. Acesso em: 20 set. 2014.

109 TADEU, Tomaz. O panóptico de Jeremy Bentham. Organização de Tomaz Tadeu; traduções de Guacira Lopes Louro, M. D. Magno, Tomaz Tadeu. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

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Esse contexto era a Rússia absolutista. Não sendo uma ―simples idéia de arquitetura‖, o Panóptico fazia referência aos temas e às preocupações comuns que organizavam o ambiente para o qual ele era projetado. Além de oferecer uma solução para o problema imediato de ―quem guarda os guardas?‖, o estabelecimento fazia referência aos objetivos da visita organizada por Potemkim e aos dualismos característicos da cultura russa.

Para Lopes, a visão do filósofo francês Michel Foucault em sua obra

Vigiar e Punir111 revela que o Panóptico112, de Jeremy Benthan, dá o subsídio

necessário para que haja um entendimento uníssono sobre o poder de punir e o

poder de fiscalizar. A autora já traz indícios de uma linha de raciocínio que ao dar

um maior poder de visibilidade para a Sociedade da Informação nos atos e fatos da

Administração Pública, dá também uma facilidade a mais para que a mesma

fiscalize:113

Foucault vê o Panóptico como uma ―diabólica peça de maquinaria‖, um microcosmo idealizado da sociedade do séc. XIX. Onde a disciplina se torna institucionalizada nas prisões, nas escolas, nos hospitais e nos asilos. Esta age mediante a interiorização de uma sujeição que era implantada nas mentes através da vigilância. Servia para corrigir os prisioneiros, para cuidar dos doentes, instruir os estudantes, guardar os loucos, fiscalizar os operários, fazer trabalhar os mendigos e ociosos. Em cada uma das suas aplicações, permitia aperfeiçoar o exercício do poder. O Panóptico constituiu ou ajudou a construir, uma forma de poder no final do séc. XVIII. Este poder, passou a imperar nas prisões, hospitais, fábricas, conventos e escolas, aperfeiçoando gradualmente o seu alcance até aos indivíduos. Ao contrário da escuridão das masmorras ou da punição exemplar transformada em espectáculo, o poder disciplinar projecta

[Panopticon]. Disponível em: <http://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/81000/mod_resource/content/1/TC%20O%20pan%C3%B3ptico.pdf>. Acesso em: 20 set. 2014.

110 TADEU, Tomaz. O panóptico de Jeremy Bentham. Organização de Tomaz Tadeu; traduções de Guacira Lopes Louro, M. D. Magno, Tomaz Tadeu. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. [Panopticon]. Disponível em: <http://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/81000/mod_resource/content/1/TC%20O%20pan%C3%B3ptico.pdf>. Acesso em: 20 set. 2014, p. 194.

111 FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1987. [Surveiller et punir]. Disponível em: <http://comunicacaodasartesdocorpo.files.wordpress.com/2013/11/foucault-michel-vigiar-e-punir.pdf>. Acesso em: 20 set. 2014.

112 TADEU, Tomaz. O panóptico de Jeremy Bentham. Organização de Tomaz Tadeu; traduções de Guacira Lopes Louro, M. D. Magno, Tomaz Tadeu. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. [Panopticon]. Disponível em: <http://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/81000/mod_resource/content/1/TC%20O%20pan%C3%B3ptico.pdf>. Acesso em: 20 set. 2014.

113 LOPES, Ana Isabel; SANTOS, Sónia. Da sociedade disciplinar à sociedade de controle. Universidade de Lisboa. Disponível em: <http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/sociedade%20disciplinar/index.htm>. Acesso em: 20 set. 2014.

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luz sobre cada condenado, baseando-se na visibilidade, na regulamentação minuciosa do tempo e na localização precisa dos corpos no espaço. Isto possibilita o controle, o registro e a acumulação de saber sobre os indivíduos vigiados, de forma a torná-los dóceis e úteis à sociedade. Instaura-se assim uma nova tecnologia do poder, que se torna cada vez mais complexa e abrangente. Passa-se então do Panóptico ao panoptismo.

Com o apogeu da Sociedade Disciplinar, de Michel Foucault, no início do

século XX, houve após a Segunda Guerra Mundial, a evolução dos modelos de

Sociedade Disciplinar, que aqui, Cella, anteriormente, já descrevia, para novas

formas de socialização os quais revelaram a Sociedade de Controle114, de Gilles

Deleuze115.

Ângelo expõe esse momento de evolução da Sociedade Disciplinar para a

Sociedade de Controle, a qual tem como base a autoconstrução do conhecimento

pelo indivíduo, não sendo escravo de outro, mas de si mesmo no tocante a sua

formação:116

Do molde à modulação. Na sociedade disciplinar, as formas de poder de confinamento apresentam e trabalham dentro de uma linguagem analógica. No controle, essa linguagem ganha um caráter de sistema e se expressa numericamente, não necessariamente na forma binária. A capacidade de variação dessa linguagem permite a escapatória do molde, tão comum aos confinamentos da disciplina (escola, fábrica, hospitais etc.), e a apresentação dos controles como modulação. Deleuze dá o exemplo da empresa que, ao substituir a fábrica, modula o salário do empregado a partir de uma competição (formação) permanente. Não se trata mais de moldar o indivíduo, mas de automodular suas ações competitivas.

Lopes evidencia que o advento da Sociedade de Controle117, não foi uma

transição e sim uma evolução da Sociedade Disciplinar. A autora revela novas

formas de poder, o controle não precisa ser onipresente, pode ser virtual:118

114

DELEUZE, Gilles. Post-scriptum sobre as sociedades de controle. Tradução de Peter Pal Pelbart. 34 ed. Rio de Janeiro: Conversações, 1992. [in L´Autre Journal, n. 1, maio 1990]. Disponível em: <http://www.portalgens.com.br/filosofia/textos/sociedades_de_controle_deleuze.pdf>. Acesso em: 07 out. 2014.

115 LOPES, Ana Isabel; SANTOS, Sónia. Da sociedade disciplinar à sociedade de controle. Universidade de Lisboa. Disponível em: <http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/sociedade%20disciplinar/index.htm>. Acesso em: 20 set. 2014.

116 ÂNGELO, Miguel. Biopolítica e sociedade de controle: notas sobre a crítica do sujeito entre Foucault e Deleuze. Estéticas da Biopolítica. Disponível em: <http://www.revistacinetica.com.br/cep/miguel_angelo.htm>. Acesso em 7 out. 2014.

117 DELEUZE, Gilles. Post-scriptum sobre as sociedades de controle. Tradução de Peter Pal Pelbart. 34 ed. Rio de Janeiro: Conversações, 1992. [in L´Autre Journal, n. 1, maio 1990]. Disponível em:

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No Panóptico, o controle faz-se por meio da visibilidade total e permanente dos indivíduos. Assim, este dispositivo tornou-se o paradigma dos sistemas sociais de controle e vigilância total. Nas sociedades actuais, o princípio do Panóptico continua plenamente activo mas agora exerce-se nas novas formas de controle implementadas pelas novas tecnologias. A quase omnipresença destas, traz consigo novas práticas e novas relações de poder. Por possuírem apenas uma parcela mínima de materialidade, não necessitam de construções específicas. Os novos dispositivos são instalados no interior de todos os espaços já existentes. Na sociedade disciplinar o observador está presente e em tempo real a observar e a vigiar os indivíduos. Na sociedade de controle esta vigilância torna-se rarefeita e virtual. Todavia, o efeito causado nos indivíduos parece ser o mesmo: são ao mesmo tempo visíveis e incapazes de ver. Tanto nas sociedades disciplinares, quanto nas sociedades contemporâneas, os indivíduos sentem-se controlados pela força penetrante do olhar, tornando-se assim ―dóceis‖e ―úteis‖.

Gilles Deleuze, em sua obra, deixa transparecer a busca da renovação

constante pela Sociedade de Controle em aperfeiçoar o mundo jurídico:119

Nas sociedades de disciplina não se parava de recomeçar (da escola à caserna, da caserna à fábrica), enquanto nas sociedades de controle nunca se termina nada, a empresa, a formação, o serviço sendo os estados metaestáveis e coexistentes de uma mesma modulação, como que de um deformador universal. Kafka, que já se instalava no cruzamento dos dois tipos de sociedade, descreveu em O processo as formas jurídicas mais temíveis: a quitação aparente das sociedades disciplinares (entre dois confinamentos), a moratória ilimitada das sociedades de controle (em variação contínua) são dois modos de vida jurídicos muito diferentes, e se nosso direito, ele mesmo em crise, hesita entre ambos, é porque saímos de um para entrar no outro.

Acerca da virtualização do poder através da Sociedade de Controle120, de

Gilles Deleuze, Ângelo visualiza o momento da modernidade e as transformações na

socieadade:121

<http://www.portalgens.com.br/filosofia/textos/sociedades_de_controle_deleuze.pdf>. Acesso em: 07 out. 2014.

118 LOPES, Ana Isabel; SANTOS, Sónia. Da sociedade disciplinar à sociedade de controle. Universidade de Lisboa. Disponível em: <http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/sociedade%20disciplinar/index.htm>. Acesso em: 20 set. 2014.

119 DELEUZE, Gilles. Post-scriptum sobre as sociedades de controle. Tradução de Peter Pal Pelbart. 34 ed. Rio de Janeiro: Conversações, 1992. [in L´Autre Journal, n. 1, maio 1990]. Disponível em: <http://www.portalgens.com.br/filosofia/textos/sociedades_de_controle_deleuze.pdf>. Acesso em: 07 out. 2014, p. 3.

120 DELEUZE, Gilles. Post-scriptum sobre as sociedades de controle. Tradução de Peter Pal Pelbart. 34 ed. Rio de Janeiro: Conversações, 1992. [in L´Autre Journal, n. 1, maio 1990]. Disponível em: <http://www.portalgens.com.br/filosofia/textos/sociedades_de_controle_deleuze.pdf>. Acesso em: 07 out. 2014.

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Da alavanca à informática. O sistema mecânico simples cedeu à complexidade dos sistemas computacionais. O grande acesso, via Internet, às mais possíveis compras retrata bem a lógica do novo capitalismo: o importante é a venda de serviços e a compra de ações. Nesse capitalismo, ―as conquistas de mercado se fazem por tomada de controle e não mais por formação de disciplina, por fixação de cotações mais do que por redução de custos, por transformação do produto mais do que por especialização da produção‖; enfim, ele cria um homem que ―não é mais o homem confinado, mas o homem endividado‖. 122

Para Deleuze, na Sociedade de Controle, a transparência é uma arma

fundamental no combate a corrupção:123

O marketing é agora o instrumento de controle social, e forma a raça impudente dos nossos senhores. O controle é de curto prazo e de rotação rápida, mas também contínuo e ilimitado, ao passo que a disciplina era de longa duração, infinita e descontínua.

Percebe-se que a consolidação dessas relações entre a sociedade e o

Estado, vem sendo aperfeiçoada no passar do tempo. Das ferramentas do controle

do Poder Político citadas por Martins aos modelos de sociedade retratados por

Michel Foucault e Gilles Deleuze, houve, no mundo um imenso progresso.

Na busca de estar em consonância com o modelo de sociedade à época,

o Poder Político dentre os inúmeros institutos de controle criou os Tribunais de

Contas.

Em 1215, a Inglaterra criou uma Corte de Contas. Na França, batizada de

Chambre de Comptes, a corte de contas francesa foi criada em 1319, contudo

somente fiscalizava quem não pagava tributos, e não quem administrava de forma

irresponsável o erário público, logo, em favor da Coroa e não para o povo. Com a

Revolução Francesa, em 1789, é extinto o Chambre de Comptes e nasce o Tribunal

121

ÂNGELO, Miguel. Biopolítica e sociedade de controle: notas sobre a crítica do sujeito entre Foucault e Deleuze. Estéticas da Biopolítica. Disponível em: <http://www.revistacinetica.com.br/cep/miguel_angelo.htm>. Acesso em 7 out. 2014.

122 DELEUZE, Gilles. Post-scriptum sobre as sociedades de controle. Tradução de Peter Pal Pelbart. 34 ed. Rio de Janeiro: Conversações, 1992. [in L´Autre Journal, n. 1, maio 1990]. Disponível em: <http://www.portalgens.com.br/filosofia/textos/sociedades_de_controle_deleuze.pdf>. Acesso em: 07 out. 2014, p. 5.

123 DELEUZE, Gilles. Post-scriptum sobre as sociedades de controle. Tradução de Peter Pal Pelbart. 34 ed. Rio de Janeiro: Conversações, 1992. [in L´Autre Journal, n. 1, maio 1990]. Disponível em: <http://www.portalgens.com.br/filosofia/textos/sociedades_de_controle_deleuze.pdf>. Acesso em: 07 out. 2014, p. 5.

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com a denominação de Cour de Comptes, que funciona, atualmente, nos mesmos

moldes. 124

Assim, a partir de um cenário mundial favorável, o qual vislumbrava a

eficácia do modelo de organismo de fiscalização dos gastos públicos, o Brasil tem

em sua história desde o período do Império até hoje, a busca do aperfeiçoamento do

controle dos gastos públicos através dos Tribunais de Contas.125

2.3 O TRIBUNAL DE CONTAS NO BRASIL

Melo descreve que antes da criação do Tribunal de Contas no Brasil,

havia organismos, os quais se reportavam a Portugal, para o controle das finanças

públicas:126

No Brasil, no ano de 1680, foram criadas as Juntas das Fazendas das Capitanias e a Junta da Fazenda do Rio de Janeiro, ambas jurisdicionadas à Portugal, para o controle das finanças públicas. Em 1808, instalou-se, por ordem de Dom João VI, o Erário Régio. Neste ano, foi criado também o Conselho da Fazenda que tinha como função principal acompanhar a execução da despesa pública. O Conselho da Fazenda foi transformado em Tesouro da Fazenda na Constituição de 1824.

Ainda durante o período do Império, vários políticos defenderam a criação

de um Tribunal de Contas. Em junho de 1826, surgiu a primeira tentativa concreta da

criação da corte de contas Brasileira. Foi quando Visconde de Barbacena (Felisberto

Caldeira Brandt) e José Inácio Borges levaram ao Senado o projeto de lei, contudo

não prosperou. Ainda em 1845, o ex-ministro Manoel Alves Branco, também sem

sucesso, defendeu a criação da corte de contas Brasileira. Assim, somente no

período Republicano, em novembro de 1890, o então ministro da fazenda, Rui

Barbosa, firmou através do texto constitucional a criação do primeiro Tribunal de

Contas do País – O Tribunal de Contas da União (TCU).127

124

SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Tribunal de Contas de Santa Catarina: 50 anos de história. Florianópolis: Tribunal de Contas, 2006, p.32.

125 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Tribunal de Contas de Santa Catarina: 50 anos de história. Florianópolis: Tribunal de Contas, 2006, p.35.

126 MELO, Verônica Vaz de. Tribunal de contas: história, principais características e importância na proteção do patrimônio público brasileiro. Âmbito Jurídico, Rio Grande. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11198>. Acesso em: 20 jul. 2014.

127 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Tribunal de Contas de Santa Catarina: 50 anos de história. Florianópolis: Tribunal de Contas, 2006, p.35.

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Segundo Melo, o primeiro Tribunal de Contas do País foi criado através

do Decreto 966-A128 de 07 de novembro de 1890, e sua instalação ocorreu no ano

de 1893. A criação de um Tribunal de Contas foi recepcionada pela primeira vez

num texto constitucional a partir da Constituição de 1891, no seu art. 89. Neste

artigo assegura ao Tribunal de Contas a competência para verificar se as rubricas de

receita e se os itens de despesa estão dentro da legalidade antes de serem

apreciadas pelo Congresso Nacional.129

Vide a redação do art. 89 da Constituição de 1891130:

Art 89 - É instituído um Tribunal de Contas para liquidar as contas da receita e despesa e verificar a sua legalidade, antes de serem prestadas ao Congresso. Os membros deste Tribunal serão nomeados pelo Presidente da República com aprovação do Senado, e somente perderão os seus lugares por sentença.

Com o crescimento da população e os avanços na busca de um ideal

Estado Democrático de Direito buscava-se a descentralização da fiscalização do

erário pelo TCU criando os primeiros tribunais de contas nos estados da Federação.

O primeiro Tribunal de Contas Estadual (TCE) foi em 1899, no estado do Piauí, o

qual se instalou em 1º. de agosto de 1899. O segundo Tribunal de Contas Estadual

foi o da Bahia, criado em 1915. Na sequência houve a criação dos tribunais de

contas de São Paulo, em 1924 e do Rio de Janeiro, em 1936.131

Melo narra que a Constituição de 1934132, ampliou os poderes do Tribunal

de Contas da União, o qual agora teria também a função de acompanhar a

execução orçamentária:133

128

BRASIL. Decreto Nº 966 A, 7 nov. 1890. Crêa um Tribunal de Contas para o exame, revisão e julgamento dos actos concernentes á receita e despeza da Republica. Disponível em: <http://www.jacoby.pro.br/normas/decr_966_1890.html>. Acesso em: 20 set. 2014.

129 MELO, Verônica Vaz de. Tribunal de contas: história, principais características e importância na proteção do patrimônio público brasileiro. Âmbito Jurídico, Rio Grande. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11198>. Acesso em: 20 jul. 2014.

130 BRASIL. Constituição dos Estados Unidos do Brasil: promulgada em 24 de fevereiro de 1891. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao91.htm>. Acesso em: 20 jul. 2014.

131 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Tribunal de Contas de Santa Catarina: 50 anos de história. Florianópolis: Tribunal de Contas, 2006, p.38-39.

132 BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil: promulgada em 16 de julho de 1934. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao34.htm>. Acesso em: 20 set. 2014.

133 MELO, Verônica Vaz de. Tribunal de contas: história, principais características e importância na proteção do patrimônio público brasileiro. Âmbito Jurídico, Rio Grande. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11198>. Acesso em: 20 jul. 2014.

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Já a Constituição de 1934, ampliou as competências do Tribunal de Contas da União, conferindo a este órgão a função de proceder ao acompanhamento da execução orçamentária, do registro prévio das despesas e dos contratos, proceder ao julgamento das contas dos responsáveis por bens e dinheiro público e oferecer parecer prévio sobre as contas do Presidente da República.

Vide o art. 99, da Constituição de 1934134 a qual mantém a egrégia Corte

de Contas e também atribui ao órgão de controle, o acompanhamento da execução

orçamentária:

Art 99 - É mantido o Tribunal de Contas, que, diretamente, ou por delegações organizadas de acordo com a lei, acompanhará a execução orçamentária e julgará as contas dos responsáveis por dinheiros ou bens públicos.

A Constituição de 1937135, outorgada, apelidada como Polaca, lança o

Estado Novo do Presidente Getúlio Vargas, no País e, ameaça a liberdade dos

tribunais de contas.136 Melo, retrata que à época todas as atribuições trazidas pela

Constituição de 1934 foram recepcionadas pela Constituição de 1937, com exceção

a de oferecer parecer prévio sobre as contas presidenciais.137

Foi a partir da Constituição de 1946138, que o País novamente foi

direcionado ao caminho da democracia. Com a Constituição de 1946, no seu art. 18

e 22, o novo texto constitucional recepcionava a criação de novos tribunais de

contas nos estados da Federação.139

O Art. 18, da Constituição de 1946:

Art 18 - Cada Estado se regerá pela Constituição e pelas leis que adotar, observados os princípios estabelecidos nesta, Constituição. § 1º - Aos Estados se reservam todos os poderes que, implícita ou explicitamente, não lhes sejam vedados por esta Constituição.

O Art. 22, da Constituição de 1946:

134

BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil: promulgada em 16 de julho de 1934. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao34.htm>. Acesso em: 20 set. 2014.

135 BRASIL. Constituição dos Estados Unidos do Brasil: outorgada em 10 de novembro de 1937. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao37.htm>. Acesso em: 20 jul. 2014.

136 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Tribunal de Contas de Santa Catarina: 50 anos de história. Florianópolis: Tribunal de Contas, 2006, p.39-47.

137 MELO, Verônica Vaz de. Tribunal de contas: história, principais características e importância na proteção do patrimônio público brasileiro. Âmbito Jurídico, Rio Grande. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11198>. Acesso em: 20 jul. 2014.

138 BRASIL. Constituição dos Estados Unidos do Brasil: promulgada em 18 de setembro de 1946. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/web/instituicao/historia>. Acesso em: 20 jul. 2014.

139 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Tribunal de Contas de Santa Catarina: 50 anos de história. Florianópolis: Tribunal de Contas, 2006, p.39-47.

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Art 22 - A administração financeira, especialmente a execução do orçamento, será fiscalizada na União pelo Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de Contas, e nos Estados e Municípios pela forma que for estabelecida nas Constituições estaduais.

Assim, nascia o TCE do Paraná, em 1947, o TCE do Amazonas, em

1950, o TCE de Goiás, em 1952 e o TCE de Mato Grosso, em 1953. O TCE de

Santa Catarina somente foi criado em 1955.140

Melo lembra que Constituição de 1946141 manteve todas as atribuições da

Constituição de 1937 e acresceu também a competência do Tribunal de Contas, a

julgar a legalidade das concessões de aposentadorias, reformas e pensões.142

A Constituição de 1967143 trouxe novamente um retrocesso ao aparato

fiscalizador do Tribunal de Contas. Conforme Melo, na Constituição de 1967 o

Tribunal de Contas não tinha mais autonomia para julgar a legalidade das

concessões de aposentadorias, reformas e pensões como também a de análise

prévia dos atos e fatos geradores de despesas:144

Na Constituição de 1967, houve o enfraquecimento do Tribunal de Contas. Nesta Constituição, ocorreu a exclusão da atribuição de o Tribunal de Contas examinar e julgar previamente os atos e contratos geradores de despesas. Todavia, o Tribunal de Contas continuou a ter a função de apontar falhas e irregularidades que, se não sanadas, seriam objeto de representação ao Congresso Nacional. Retirou-se também a competência do Tribunal de Contas de julgar a legalidade das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, tendo o Tribunal competência apenas para a apreciação da legalidade para fins de registro.

140

SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Tribunal de Contas de Santa Catarina: 50 anos de história. Florianópolis: Tribunal de Contas, 2006, p.39-47.

141 BRASIL. Constituição dos Estados Unidos do Brasil: promulgada em 18 de setembro de 1946. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/web/instituicao/historia>. Acesso em: 20 jul. 2014.

142 MELO, Verônica Vaz de. Tribunal de contas: história, principais características e importância na proteção do patrimônio público brasileiro. Âmbito Jurídico, Rio Grande. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11198>. Acesso em: 20 jul. 2014.

143 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1967: promulgada em 24 de janeiro de 1967. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao67.htm>. Acesso em: 20 jul. 2014.

144 MELO, Verônica Vaz de. Tribunal de contas: história, principais características e importância na proteção do patrimônio público brasileiro. Âmbito Jurídico, Rio Grande. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11198>. Acesso em: 20 jul. 2014.

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Vide art. 73, parágrafo 8º, da Constituição de 1967145, o qual retira o

poder da egrégia corte de contas a julgar a legalidade das concessões de

aposentadorias, reformas e pensões:

Art 73 - O Tribunal de Contas tem sede na Capital da União e jurisdição em todo o território nacional. [...] § 8º - O Tribunal de Contas julgará da legalidade das concessões iniciais de aposentadorias, reformas e pensões, independendo de sua decisão as melhorias posteriores.

A partir da promulgação da Constituição da República Federativa do

Brasil de 1988146, as cortes de contas do Brasil, novamente podiam comemorar, pois

o seu poder de fiscalização estava cada vez mais fortalecido tanto no tocante a

amplitude de sua atuação, bem como nas matérias que seriam de sua autonomia e

competência a julgar. 147

Segundo Melo, novamente, os tribunais de contas a partir da Constituição

da República Federativa do Brasil de 1988, tomariam força e vigor. A autora destaca

que de acordo com o atual texto constitucional, esse fortalecimento da corte de

contas deu-se devido à forma de positivação de sua atual composição.148

A atual composição do Tribunal de Contas está descrito na Constituição

da República Federativa do Brasil de 1988, no seu art. 73149:

Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96. § 1º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos: I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade; II - idoneidade moral e reputação ilibada;

145

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1967: promulgada em 24 de janeiro de 1967. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao67.htm>. Acesso em: 20 jul. 2014.

146 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).

147 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Tribunal de Contas de Santa Catarina: 50 anos de história. Florianópolis: Tribunal de Contas, 2006, p.135-136.

148 MELO, Verônica Vaz de. Tribunal de contas: história, principais características e importância na proteção do patrimônio público brasileiro. Âmbito Jurídico, Rio Grande. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11198>. Acesso em: 20 jul. 2014.

149 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).

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III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública; IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior. § 2º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos: I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antigüidade e merecimento; II - dois terços pelo Congresso Nacional. § 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40. § 4º - O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentos do titular e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional Federal.

Melo descreve que o Tribunal de Contas da União é composto por nove

ministros que possuem as mesmas garantias, prerrogativas, vencimentos e

impedimentos dos ministros do Supremo Tribunal de Justiça. Já os Tribunais de

Contas dos Estados são formados respeitando os preceitos da Constituição da

República Federativa do Brasil de 1988 como também de acordo com o disposto nas

respectivas Constituições Estaduais. No geral, é integrado por sete conselheiros,

sendo quatro escolhidos pela Assembléia Legislativa e três pelo Governador do

Estado, conforme está descrito na Súmula 653, do Supremo Tribunal Federal.150

No tocante a composição dos Tribunais de Contas dos Estados a Súmula

653, do Supremo Tribunal Federal define:151

SÚMULA Nº 653 NO TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL, COMPOSTO POR SETE CONSELHEIROS, QUATRO DEVEM SER ESCOLHIDOS PELA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA E TRÊS PELO CHEFE DO PODER EXECUTIVO ESTADUAL, CABENDO A ESTE INDICAR UM DENTRE AUDITORES E OUTRO DENTRE MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO, E UM TERCEIRO A SUA LIVRE ESCOLHA.

Na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu art.

71, estão definidas as competências do Tribunal de Contas:152

150

MELO, Verônica Vaz de. Tribunal de contas: história, principais características e importância na proteção do patrimônio público brasileiro. Âmbito Jurídico, Rio Grande. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11198>. Acesso em: 20 jul. 2014.

151 BRASIL. STF. Supremo Tribunal Federal. Site STF. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=jurisprudenciaSumula>. Acesso em: 30 set. 2014.

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Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento; II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

152

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).

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§ 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. § 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. § 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo. § 4º - O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.

Melo alerta para a ampliação do poder do Tribunal de Contas quando

editada a Súmula 347, do Supremo Tribunal Federal a qual prevê que também será

de competência do Tribunal de Contas a análise de atos do Poder Público:153

As Cortes de Contas tiveram, inclusive, reconhecida pelo STF, através da súmula no 347, a competência para apreciar a constitucionalidade de leis e atos do Poder Público. Desta forma, as atribuições dos Tribunais de Contas ultrapassaram as discussões sobre a legalidade no controle orçamentário, financeiro, contábil operacional e patrimonial, fortalecendo-se a atribuição de fiscalização baseada na legitimidade do órgão e no princípio da economicidade.

Segue na íntegra o conteúdo da Súmula 347, do Supremo Tribunal

Federal:154

SÚMULA Nº 347 O TRIBUNAL DE CONTAS, NO EXERCÍCIO DE SUAS ATRIBUIÇÕES, PODE APRECIAR A CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E DOS ATOS DO PODER PÚBLICO.

Neto confirma a ampliação do poder do Tribunal de Contas na

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988:155

A Constituição Federal de 1988, além de consolidar as conquistas advindas com a Carta de 1946, ampliou as atribuições do Tribunal de Contas, acrescentando a competência para exercer a fiscalização operacional, ao lado da financeira, orçamentária, contábil e patrimonial. E além do exame sob o aspecto da legalidade, introduziu a competência para avaliar os aspectos da legitimidade e economicidade dos atos da Administração Pública direta e indireta.

153

MELO, Verônica Vaz de. Tribunal de contas: história, principais características e importância na proteção do patrimônio público brasileiro. Âmbito Jurídico, Rio Grande. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11198>. Acesso em: 20 jul. 2014.

154 BRASIL. STF. Supremo Tribunal Federal. Site STF. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=jurisprudenciaSumula>. Acesso em: 30 set. 2014.

155 NETO, Michel Cury. Os tribunais de contas e sua função de controle externo no Brasil. JUSBRASIL, 2013. Disponível em: <http://michelcury.jusbrasil.com.br/artigos/111945805/os-tribunais-de-contas-e-sua-funcao-de-controle-externo-no-brasil>. Acesso em: 2 jul. 2014.

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No que se refere a responsabilização solidária do Ordenador de Despesa

que omitir qualquer irregularidade dentro da esfera Municipal ou Estadual, está

definida no art. 74, na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.156

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. § 1º - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. § 2º - Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

Os Tribunais de Contas fiscalizam os procedimentos licitatórios, podendo

expedir medidas cautelares para evitar futura lesão ao erário e garantir o

cumprimento de suas decisões. Autonomia essa ratificada em decisão do Supremo

Tribunal Federal.157

Melo revela que na Constituição da República Federativa do Brasil de

1988 vedou a criação de novos Tribunais de Contas Municipais:158

A Constituição federal veda a criação de Tribunais, Conselhos e órgãos de contas municipais (art. 31 § 4º da CRFB/88). Porém, os municípios que já possuíam tais instituições anteriormente à CRFB/88 poderão mantê-las. Os demais municípios terão o controle externo da Câmara Municipal realizado com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados e Ministério Público.

156

NETO, Michel Cury. Os tribunais de contas e sua função de controle externo no Brasil. JUSBRASIL, 2013. Disponível em: <http://michelcury.jusbrasil.com.br/artigos/111945805/os-tribunais-de-contas-e-sua-funcao-de-controle-externo-no-brasil>. Acesso em: 2 jul. 2014.

157 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Diário oficial eletrônico n. 1487, Florianópolis, 2014. Disponível em: <http://consulta.tce.sc.gov.br/Diario/dotc-e2014-06-13.docx>. Acesso em: 2 out. 2014. p. 4.

158 MELO, Verônica Vaz de. Tribunal de contas: história, principais características e importância na proteção do patrimônio público brasileiro. Âmbito Jurídico, Rio Grande. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11198>. Acesso em: 20 jul. 2014.

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O art. 31 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, o

qual prevê a vedação da criação de novos Tribunais de Contas Municipais, como

também define o controle externo e interno do Município:

Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei. § 1º - O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver. § 2º - O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal. § 3º - As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei. § 4º - É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.

Como já foi mencionado aqui, foi a partir da Constituição de 1946159, que

possibilitou o País a criação de novos tribunais de contas nos estados da União. É

nesta época, em 1955 que nascia o Tribunal de Contas do Estado de Santa

Catarina.

2.4 O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA

O Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina foi criado através da

Lei Estadual 1.366, de 4 de novembro de 1955160. Onde então foi sancionada pelo

governador a época, Irineu Bornhausen a criação da Corte de Contas

Catarinense.161

No art. 1º. e 2º., da Lei Estadual 1.366/1955 já são definidas a sua

jurisdição e a sua composição inicial:

Art. 1º Fica criado o Tribunal de Contas do Estado, com sede em sua Capital e jurisdição em todo o território de Santa Catarina. Art. 2º O Tribunal de Contas compõem-se de:

159

BRASIL. Constituição dos Estados Unidos do Brasil: promulgada em 18 de setembro de 1946. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/web/instituicao/historia>. Acesso em: 20 jul. 2014.

160 SANTA CATARINA. Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina. Lei n. 1.366, 4 nov 1955. Cria o Tribunal de Contas do Estado e dá outras providências. Disponível em: <200.192.66.20/alesc/docs/1955/1366_1955_lei.doc>. Acesso em: 26 jul. 2014.

161 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Site TCE/SC. Instituição. História. Tribunal de Contas de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/web/instituicao/historia>. Acesso em: 4 abr. 2014.

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55

I - Corpo Deliberativo; II - Corpo Instrutivo; III - Representação da Fazenda.

Antes da conquista, os catarinenses tiveram que aguardar a aprovação da

criação da Corte de Contas Catarinense desde 1950, quando por iniciativa do

governador Aderbal Ramos da Silva, o Projeto de Lei 141/50 de 30 de outubro de

1950 foi submetido a votação na casa legislativa, o qual, antes, teve que passar por

várias comissões de Finanças e de Constituição e Justiça.162

No início, os juízes não possuíam o controle de todo o Orçamento do

Estado de Santa Catarina. A estrutura adotada pela Corte de Contas Catarinense

era uma adaptação das regras usadas na Itália e na Bélgica.163 O sistema de

controle era prévio canalizado diretamente sobre as contas do Executivo,

alcançando de 30 (trinta) a 35% (trinta e cinco por cento) do orçamento do Estado

catarinense. A sua composição a época, era de sete juízes, dois procuradores, um

auditor e trinta funcionários.164

Atualmente, o Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina é

composto de sete conselheiros e três auditores. Possui cerca de 500 servidores

divididos em trinta unidades organizacionais conforme previsto na Portaria N. TC -

0252/2014165. A Resolução N. TC – 89/2014166 define a estrutura e a respectiva

competência dessas unidades organizacionais.167

162

SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Site TCE/SC. Instituição. História. Tribunal de Contas de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/web/instituicao/historia>. Acesso em: 4 abr. 2014.

163 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Tribunal de Contas de Santa Catarina: 50 anos de história. Florianópolis: Tribunal de Contas, 2006, 2006, p.54.

164 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Site TCE/SC. Instituição. História. Tribunal de Contas de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/web/instituicao/historia>. Acesso em: 4 abr. 2014.

165 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Portaria n. TC-0252/2014, 15 abr. 2014. Dispõe sobre a consolidação da Organização Administrativa do Tribunal de Contas do Estado, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/sites/default/files/PORTARIA_N_TC_0252_2014_ESTRUTURA_ORGANIZACIONAL_DO_TCESC_rep_0_0.pdf>. Acesso em: 2 out. 2014.

166 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Resolução n. TC-89/2014, 28 abr. 2014. Dispõe sobre a estrutura e a competência dos Órgãos Auxiliares do Tribunal de Contas do Estado, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/sites/default/files/RESOLUCAO_N._TC_89_2014%20ESTRUTURA_E_COMPETENCIAS_0_0.pdf>. Acesso em: 2 out. 2014.

167 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Site TCE/SC. Instituição. Composição. Tribunal de Contas de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/instituicao/composicao>. Acesso em: 2 out. 2014.

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Os conselheiros compõem o Pleno, órgão responsável pelas decisões do

Tribunal. Os auditores são os substitutos dos conselheiros. A administração

superior, composta pela Presidência, Vice-Presidência e Corregedoria-Geral, é eleita

pelos conselheiros para um mandato de dois anos. A reeleição pode ocorrer apenas

para um período de igual duração. O Tribunal de Contas do Estado de Santa

Catarina tem sede em Florianópolis/SC, e tem jurisdição em todo o Estado de Santa

Catarina.168

Os sete conselheiros que integram o Pleno, três são escolhidos pelo

governador do Estado, com aprovação da Assembleia Legislativa do Estado de

Santa Catarina (Alesc), sendo dois, alternadamente, dentre auditores e membros do

Ministério Público junto ao Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Os

outros quatro conselheiros são originados da Assembleia Legislativa Catarinense.

De acordo com o preceito constitucional, no seu art. 73, da Constituição da

República Federativa do Brasil de 1988169, somente serão nomeados Brasileiros

com mais de 35 anos e menos de 65 anos, idoneidade moral e reputação ilibada,

notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de

administração pública e que tenham exercido, por mais de dez anos, função pública

ou atividade profissional que exija tais conhecimentos.170

Os agentes políticos são os conselheiros. Os conselheiros possuem as

mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos

desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado, mandato vitalício e não podem

dedicar-se à atividade político-partidária.171

Os conselheiros que atualmente estão na ativa no Tribunal de Contas do

Estado de Santa Catarina são: Julio Garcia – Presidente; Luiz Roberto Herbst –

Vice-Presidente; César Filomeno Fontes – Corregedor-Geral; Luiz Eduardo Cherem

168

SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Site TCE/SC. Instituição. Composição. Tribunal de Contas de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/instituicao/composicao>. Acesso em: 2 out. 2014.

169 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).

170 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Site TCE/SC. Instituição. Composição. Tribunal de Contas de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/instituicao/composicao>. Acesso em: 2 out. 2014.

171 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Site TCE/SC. Instituição. Composição. Tribunal de Contas de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/instituicao/composicao>. Acesso em: 2 out. 2014.

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– Supervisor do ICON; Wilson Wan-Dall; Herneus De Nadal; Adircélio de Moraes

Ferreira Junior. 172

Os auditores substituem os conselheiros nos seus afastamentos por

motivo de férias, licenças, faltas, ausências ou impedimentos. Também relatam

processos nas sessões do Pleno. Atualmente, três auditores atuam no Tribunal de

Contas do Estado de Santa Catarina, que foram nomeados pelo governador do

Estado, após aprovação em concurso público. Fora da função em substituir os

conselheiros, os auditores têm as mesmas garantias e impedimentos que os juízes

de Direito de última entrância. 173

Os auditores que atualmente estão na ativa no Tribunal de Contas do

Estado de Santa Catarina são: Cleber Muniz Gavi; Gerson dos Santos Sicca;

Sabrina Nunes Iocken.

Os processos de fiscalização que, atualmente, estão sob a égide do

Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina são:174

I – Parecer Prévio das Contas do Chefe do Executivo; II – Tomada de Contas dos administradores e demais responsáveis por bens, dinheiros e valores públicos; III – Processo de tomada de contas de gestão ou de exercício; IV – Tomada de Contas Especial; V – Apreciação da legalidade dos atos de admissão, aposentadoria, pensão, revisão de proventos, reforma e transferência para reserva remunerada; VI – Inspeções, Auditorias, Acompanhamentos e Monitoramentos; VII – Consultas relativamente dúvida suscitada na aplicação de dispositivos legais e regulamentares concernentes à matéria de sua competência; VIII – Denúncias, previstas no § 2º do art. 74 da Constituição da República Federativa do Brasil 175, que permite aos cidadãos, sindicatos ou partidos políticos levarem ao conhecimento dos Tribunais de Contas eventuais irregularidades na aplicação de recursos públicos, concretizando o chamado controle social; IX – Representações, instrumentos ordinários de atuação do Ministério Público de Contas, como também de outros legitimados,

172

SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Site TCE/SC. Instituição. Composição. Tribunal de Contas de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/instituicao/composicao>. Acesso em: 2 out. 2014.

173 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Site TCE/SC. Instituição. Composição. Tribunal de Contas de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/instituicao/composicao>. Acesso em: 2 out. 2014.

174 FREITAS, Juarez; MILESKI, Hélio Saul. Manual de boas práticas processuais dos tribunais de contas. Brasília-DF; Cuiabá-MT: ATRICON; Instituto Rui Barbosa; TCE-SC, 2013, p. 23-24.

175 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).

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tais como parlamentares, membros do Ministério Público dos Estados e da União, e por fim de qualquer interessado na regularidade nos procedimentos licitatórios.

Do item V - Apreciação da legalidade dos atos de admissão,

aposentadoria, pensão, revisão de proventos, reforma e transferência para reserva

remunerada serão extraídas as seguintes espécies norteadoras do estudo, do

presente trabalho monográfico: Registro de Ato de Aposentadoria, Registro de Ato

de Transferência para a Reserva Remunerada, Registro de Ato de Reforma,

Retificação de Ato Aposentatório, Retificação de Ato de Reforma, Retificação de Ato

de Transferência para a Reserva Remunerada e Revogação de Registro de Ato

Aposentatório.176

2.5 O PROCESSO DE FISCALIZAÇÃO DE ATOS DE PESSOAL

Dentre as matérias de mais relevância e que sempre tiveram como objeto

de fiscalização, os Atos de Pessoal foram sempre analisados pela Corte de Contas

Catarinense. Desde o primeiro Parecer Prévio sobre a prestação de contas do

governo, competência ano 1955, até hoje. O Parecer Prévio número 1/56 relatava

que dentre outros itens, houve um gasto de despesa com pessoal na ordem de

41,63% (quarenta e um vírgula sessenta e três por cento) do total da despesa

daquele ano.177

Importante salientar que até o aparecimento da Constituição de 1946, o

Tribunal de Contas não tinha competência para julgar a legalidade das concessões

de aposentadorias, reformas e pensões. Assim determinava o art. 77, inciso III, da

Constituição de 1946178:

Art 77 - Compete ao Tribunal de Contas: [...] III - julgar da legalidade dos contratos e das aposentadorias, reformas e pensões.

176

SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Portaria n. TC-0189/2014, 18 mar. 2014. Reorganiza os tipos de processos para fins de autuação e distribuição aos relatores e organização da pauta das sessões do Tribunal Pleno. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/site/legislacao/arquivos/portaria_n__tc_0189-2014_consolidada.pdf>. Acesso em: 2 maio 2014.

177 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Tribunal de Contas de Santa Catarina: 50 anos de história. Florianópolis: Tribunal de Contas, 2006, p.64.

178 BRASIL. Constituição dos Estados Unidos do Brasil: promulgada em 18 de setembro de 1946. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/web/instituicao/historia>. Acesso em: 20 jul. 2014.

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59

O Processo de Fiscalização de apreciação da legalidade dos atos de

aposentadoria, pensão, revisão de proventos, reforma e transferência para reserva

remunerada é um procedimento administrativo que advém do poder de controle em

Atos de Pessoal do Tribunal de Contas. O objetivo principal deste instrumento é de

realizar o controle de legalidade, com a finalidade de ser concedido ou não o registro

aos atos de aposentadorias, reformas e pensões, conforme a Constituição da

República Federativa do Brasil de 1988, em seu art. 71, inciso III.179

O art. 71, inciso III, da Constituição da República Federativa do Brasil de

1988:180

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: [...] III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo poder público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório;

Atualmente, o Processo de Fiscalização de Atos de Pessoal, dentro do

Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina está definido, de forma consolidada

na Portaria N. TC-0189/2014181.

179

FREITAS, Juarez; MILESKI, Hélio Saul. Manual de boas práticas processuais dos tribunais de contas. Brasília-DF; Cuiabá-MT: ATRICON; Instituto Rui Barbosa; TCE-SC, 2013, p. 36.

180 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).

181 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Portaria n. TC-0189/2014, 18 mar. 2014. Reorganiza os tipos de processos para fins de autuação e distribuição aos relatores e organização da pauta das sessões do Tribunal Pleno. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/site/legislacao/arquivos/portaria_n__tc_0189-2014_consolidada.pdf>. Acesso em: 2 maio 2014.

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CAPÍTULO 3

O PROCESSO ELETRÔNICO DE ATOS DE PESSOAL NO TRIBUNAL

DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA

3.1 DIREITO A PRIVACIDADE E A INTIMIDADE

Para Almeida Filho, há lacunas a serem preenchidas quando o mote da

discussão é a dicotomia entre a publicidade e a intimidade no processo eletrônico:182

Como conciliar a dicotomia entre publicidade e intimidade? Somente adotando critérios de ponderação de princípios. Todavia, o que nos causa grande preocupação, ao tentarmos defender uma relativização do princípio da publicidade, é o excesso de poder que se conferirá ao magistrado e a possibilidade de os mesmos não atentarem para a valoração dos princípios em questão.

O Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina possui diversos

dispositivos para as tratativas dos incidentes processuais que poderão ocorrer no

Processo de Fiscalização de Atos de Pessoal. Dentre os incidentes que poderão

suscitar nos processos de Atos de Pessoal é o Pedido de Vista aos autos que ainda

não possuem decisão definitiva. Este dispositivo está regulado no Regimento Interno

do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina, no seu art. 144183:

Art. 144. O interessado, o responsável ou o procurador habilitado poderão pedir vista com carga e a juntada de documentos ao Relator, bem como examinar no Tribunal e extrair cópia de processo, obedecidos os procedimentos e requisitos previstos em Resolução e em especial: I - o responsável e o interessado, ou procurador habilitado, têm direito de examinar os respectivos processos no recinto do Tribunal, podendo requerer vista do processo pelo prazo de cinco dias e, ainda, retirá-lo do Tribunal pelo prazo legal sempre que lhes competir falar nos autos por determinação do Relator, do Plenário ou da Câmara, salvo as hipóteses previstas neste Regimento e em resolução; II - o advogado tem direito de: a) examinar, no recinto do Tribunal, autos de qualquer processo, salvo as hipótese previstas neste Regimento e em Resolução;

182

ALMEIDA FILHO, José Carlos de Araújo. Processo eletrônico e teoria geral do processo eletrônico: a informatização judicial no Brasil. 4. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 135.

183 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Resolução n. TC-06/2001, 3 dez. 2001. Regimento Interno do Tribunal de Contas de Santa Catarina. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/files/file/biblioteca/REGIMENTO_INTERNO_CONSOLIDADO.pdf>. Acesso em: 26 jul. 2014.

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a) examinar, no recinto do Tribunal, autos de qualquer processo de controle, bem como extrair cópia do mesmo, salvo as hipóteses previstas neste Regimento e em Resolução; b) requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer processo de controle pelo prazo de cinco dias, bem como retirá-los do Tribunal pelo prazo legal, sempre que lhe competir neles falar por determinação do Relator, do Plenário ou das Câmaras; c) retirar em carga processo encerrado ou arquivado pelo prazo de dez dias, exceto se apensado a outro processo em andamento, mediante solicitação deferida pela autoridade competente. § 1º Ao receber os autos, o responsável, o interessado ou o procurador assinarão termo de responsabilidade. § 2º Havendo mais de um interessado ou responsável e sendo comum a eles o prazo, só em conjunto ou mediante prévio ajuste por petição nos autos, poderão os mesmos ou seus procuradores retirar o processo do Tribunal. § 3º A vista de processo transcorrerá em local especificamente destinado aos advogados e procuradores. § 4º É facultada ao responsável ou ao interessado, em qualquer etapa do processo, requerer a juntada de documentos e comprovantes de fatos novos ou supervenientes que afetem o mérito do processo, mediante expediente dirigido ao Relator.

Santos corrobora que as partes como também os seus procuradores

deverão ter acesso irrestrito aos autos do processo eletrônico, contudo também tem

suas restrições quanto à terceiros:184

No tocante às partes e seus procuradores, esta garantia não pode sofrer qualquer restrição, porquanto é necessária ao pleno e efetivo exercício do contraditório e da ampla defesa [...] No entanto, com relação a terceiros estranhos à lide, a publicidade do processo e dos atos praticados poderá sofrer mitigação por exigência do próprio interesse público no sigilo das informações, ou quando houver a necessidade de se preservar a intimidade das partes envolvidas.

Com o advento do Processo Eletrônico de Atos de Pessoal no Tribunal de

Contas do Estado de Santa Catarina, houve a necessidade de garantir as partes o

direito a privacidade e a intimidade, como também a facilidade de visualizar o

respectivo processo eletrônico através da Internet, quando ocorrer o Pedido de Vista

nos autos de Atos de Pessoal.

Assim, a Corte de Contas Catarinense buscou regrar para os autos que

ainda estiverem sem decisão definitiva, através da Portaria N. TC-0786/2012 em seu

art. 7º, em consonância com o que está definido Constituição da República

184

SANTOS, Fabiano Francisco dos; VERSOLA, Humberto Luiz. O princípio da publicidade processual processo judicial eletrônico. Revista jurídica das Libertas Faculdades Integradas, n. 1, ano 3. Disponível em: <http://www.libertas.edu.br/revistajuridica/downloadpdf.php?r=revistajuridica3/rj0104>. Acesso em 11 out. 2014.

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Federativa do Brasil de 1988, no seu art. 93, inciso IX, o acesso as suas respectivas

peças através do Pedido de Vista. Segue a redação do art. 7º da Portaria N. TC-

0786/2012185:

Art. 7º São de acesso restrito ao titular e procurador da unidade jurisdicionada, ao responsável e seus respectivos procuradores e aos usuários internos com perfil específico, os autos de processo: I – de aposentadoria por invalidez; II - que contenham informações pessoais e informações classificadas como sigilosas pelas unidades fiscalizadas; III – de denúncia e representação antes da decisão de admissibilidade responsável; § 1º São de acesso restrito aos usuários internos com perfil específico os processos eletrônicos incluídos na pauta da sessão. § 2º O Relator poderá, mediante despacho fundamentado, determinar restrição de acesso a autos de processo eletrônico quando o acesso irrestrito comprometer a fiscalização em andamento.

Vale ressaltar que a Portaria N. TC-0786/2012186 traz em seu parágrafo

segundo, a possibilidade do Relator do Processo Eletrônico de Atos de Pessoal, de

forma discricionária, classificar no momento de deferir o Pedido de Vista, se uma ou

mais laudas serão consideradas pessoais ou sigilosas, impedindo o seu acesso

irrestrito.

No art. 93, inciso IX, da Constituição da República Federativa do Brasil de

1988, o Relator busca o embasamento necessário para classificar as laudas

consideradas sigilosas:187

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: [...] IX - IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais

185

SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Portaria n. TC-0786/2012, 14 dez. 2012. Estabelece critérios para vista dos autos de processo eletrônico através da sala virtual disponibilizada do sistema. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/sites/default/files/leis_normas/portaria_n__tc_786-2012_consolidada.pdf>. Acesso em: 2 maio 2014.

186 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Portaria n. TC-0786/2012, 14 dez. 2012. Estabelece critérios para vista dos autos de processo eletrônico através da sala virtual disponibilizada do sistema. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/sites/default/files/leis_normas/portaria_n__tc_786-2012_consolidada.pdf>. Acesso em: 2 maio 2014.

187 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).

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a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;

Assim a Corte de Contas Catarinense, ao introduzir o Processo Eletrônico

de Atos de Pessoal e operacionalizar eletronicamente o Pedido de Vista,

descongestiona a justiça tornando-a mais célere e efetiva, no entanto preserva as

informações observadas nas laudas classificadas como pessoais ou sigilosas, pelas

unidades fiscalizadas, bem como aquelas de cunho pessoal ou, que pelo próprio

Relator do processo, for considerada de caráter proibitivo a sua visualização

indiscriminada.

Zilio descreve bem essa necessidade da Sociedade da Informação em

obter a informação de forma célere, contudo não ferindo os preceitos do direito a

privacidade e a intimidade já arraigadas no ordenamento jurídico Nacional:188

Neste ínterim, sabe-se que a forma eletrônica confere maior agilidade ao processo, de modo que há um significativo ganho de tempo em relação à forma física tradicional. Porém, conforme vem sendo exposto, outros valores precisam ser considerados conjuntamente à agilidade e mesmo à publicidade. Sendo assim, a privacidade e a intimidade das partes merecem sobrepujar frente à rapidez processual, de forma que a segurança do processo deve ser preservada, no concernente aos valores alhures expostos.

Contudo há também no ordenamento jurídico Brasileiro o princípio

constitucional da publicidade e novamente traz-se a lume a necessidade da

divulgação dos atos decisórios dos Processos Eletrônicos de Atos de Pessoal -

registro de aposentadorias, transferências para a reserva remunerada, reformas e

pensões. O princípio constitucional da publicidade exige a ampla divulgação dos

atos e fatos praticados pela Administração Pública.

3.2 O PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

Santos confirma o desejo pela Sociedade da Informação em ter uma

justiça mais célere e efetiva, e revela que a justiça tem dado a contrapartida

necessária:189

188

ZILIO, Daniela. O Princípio da publicidade processual e o processo eletrônico. e-GOV, Florianópolis, 3 nov. 2012. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-princ%C3%ADpio-da-publicidade-processual-e-o-processo-eletr%C3%B4nico>. Acesso em: 2 maio 2014.

189 SANTOS, Fabiano Francisco dos; VERSOLA, Humberto Luiz. O princípio da publicidade processual processo judicial eletrônico. Revista jurídica das Libertas Faculdades Integradas, n. 1, ano 3. Disponível em:

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[...] temática é relevante na medida em que a sociedade contemporânea, marcada pelo desenvolvimento tecnológico, clama por uma justiça célere e efetiva. A relevância da matéria ainda se justifica levando-se em consideração que os diversos tribunais do país têm aderido à tecnologia, desenvolvendo sistemas informatizados para o processamento de demandas judiciais, bem como para prática e comunicação dos atos processuais, com a finalidade de modernizar suas rotinas e aperfeiçoar a prestação jurisdicional.

Sobre o respeito jurisdicional que o processo eletrônico deverá manter

frente aos institutos até agora elencados, Zilio defende a necessidade da proteção

da intimidade e da privacidade das partes:190

[...] frente ao processo eletrônico e a demanda de publicidade dos atos processuais, salienta-se que o princípio em voga deve ser respeitado tal qual deve ser na forma tradicional. De seu turno, a proteção da intimidade e da privacidade das partes, nos casos em que isto se torna uma medida necessária, não diminui o direito à publicidade, e sim o torna ainda mais importante, havendo apenas uma relativização, que visa, como fim último, a proteção das partes, e, como consequência lógica, a garantia da transparência processual.

O princípio da publicidade está previsto no art. 37, caput da Constituição

da República Federativa do Brasil de 1988 e em outros dispositivos específicos que

são inerentes ao direito a informação sobre os assuntos de cunho públicos.

Está definido no art. 37, caput da Constituição da República Federativa do

Brasil de 1988191:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

Na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 há também

um dispositivo constitucional que trata sobre a obrigatoriedade em dar publicidade

<http://www.libertas.edu.br/revistajuridica/downloadpdf.php?r=revistajuridica3/rj0104>. Acesso em 11 out. 2014.

190 ZILIO, Daniela. O Princípio da publicidade processual e o processo eletrônico. e-GOV, Florianópolis, 3 nov. 2012. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-princ%C3%ADpio-da-publicidade-processual-e-o-processo-eletr%C3%B4nico>. Acesso em: 2 maio 2014.

191 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).

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dos atos e fatos da Administração Pública, o qual está previsto no art. 5º, inciso

XXXIII192:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

No tocante a obtenção de certidões na Administração Pública, o texto da

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, recepciona a demanda no

seu art. 5º, inciso XXXIV193:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;

Além dos dispositivos acima, ainda persiste um na Constituição da

República Federativa do Brasil de 1988, no art. 5º, inciso LXXII194 que trata do

instituto do habeas data:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] LXXII - conceder-se-á "habeas-data": a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;

192

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).

193 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).

194 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).

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b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

Santos alerta para o excesso de publicidade das laudas dos processos

eletrônicos:195

Ocorre que o excesso de publicidade na divulgação das peças e informações que integram os autos processuais pode ser inconveniente e gerar prejuízos às próprias partes. Informações alocadas em sites da internet a respeito de processos em andamento podem permanecer por tempo indefinido, o que justifica o cuidado com a publicidade dos atos processuais.

O Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina com o objetivo de

municiar de forma célere o seu fluxo de trabalho, como também de satisfazer essa

Sociedade da Informação, preconizada por Toffler, e buscando como norte o

conceito de tribunal sustentável e em consonância com as ondas de Cappelletti,

trouxe para o Processo Eletrônico de Atos de Pessoal diversos elementos que serão

detalhados, oportunamente, que buscam o estreitamento com o princípio da

publicidade, sedimentado na Constituição da República Federativa do Brasil, de

1988, no art. 5º, inciso LX.

O art. 5º, inciso LX, da Constituição da República Federativa do Brasil de

1988, define o que poderá ser restrito a publicidade:196

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;

Zilio retrata com clareza sobre a necessidade de o processo eletrônico

estar acompanhando o avanço social da Aldeia Global, denominada por McLuhan:197

Da mesma forma, a publicidade processual se torna cada vez mais presente frente aos rumos que o processo (na sua concepção jurídica) vem tomando. Com a informatização do processo, o acesso

195

SANTOS, Fabiano Francisco dos; VERSOLA, Humberto Luiz. O princípio da publicidade processual processo judicial eletrônico. Revista jurídica das Libertas Faculdades Integradas, n. 1, ano 3. Disponível em: <http://www.libertas.edu.br/revistajuridica/downloadpdf.php?r=revistajuridica3/rj0104>. Acesso em 11 out. 2014.

196 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).

197 ZILIO, Daniela. O Princípio da publicidade processual e o processo eletrônico. e-GOV, Florianópolis, 3 nov. 2012. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-princ%C3%ADpio-da-publicidade-processual-e-o-processo-eletr%C3%B4nico>. Acesso em: 2 maio 2014.

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às informações oriundas da relação processual em tutela se torna extremamente democrático, uma vez que com o acesso à internet, munidas de algumas informações, as próprias partes podem verificar o andamento de seus processos, de modo que, sem dúvidas, a tecnologia, neste aspecto, facilitou e muito o acompanhamento processual.

Santos, ratifica a necessidade de uma discussão mais ampla acerca do

impacto do princípio da publicidade frente ao direito a intimidade e a privacidade:198

Quanto ao princípio da publicidade dos atos processuais, acredita-se na necessidade de sua relativização quando se tratar de processo judicial eletrônico. Com efeito, a publicidade restrita ou especial é medida que se impõe para conciliar o princípio constitucional da publicidade com o direito fundamental à intimidade e privacidade dos litigantes, os quais poderão ficar vulneráveis diante da amplitude que os meios eletrônicos proporcionam em termos de divulgação da informação na rede mundial de computadores.

As celeumas jurídicas começam a se dissipar com o advento da Lei

Federal de Acesso à Informação, 12.527/11199, a qual traz o preenchimento de

algumas lacunas, trazidas à tona, com o surgimento do processo eletrônico.

A Lei 12.527/2012, a Lei de Acesso a Informação regulou, disciplinando o

direito ao acesso público de determinadas informações, os seguintes artigos: art. 5º,

inciso XXXIII; art. 37, § 3º, inciso II e do art. 216, § 2º todos da Constituição da

República Federativa do Brasil de 1988.

3.3 LEI 12.527/2011 – A LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO

Sobre as demandas judiciais que cercam o princípio da publicidade e o

direito a privacidade e a intimidade, Zilio expõe a dicotomia entre os dois institutos:

A dicotomia entre o principio constitucional a publicidade dos atos processuais e os direitos a privacidade e a intimidade é realmente uma questão a ser pensada, mormente se colocada em pauta sob a ótica do processo eletrônico. O sopesamento destes valores deve ser levado em consideração, de maneira a haver a preservação dos

198

SANTOS, Fabiano Francisco dos; VERSOLA, Humberto Luiz. O princípio da publicidade processual processo judicial eletrônico. Revista jurídica das Libertas Faculdades Integradas, n. 1, ano 3. Disponível em: <http://www.libertas.edu.br/revistajuridica/downloadpdf.php?r=revistajuridica3/rj0104>. Acesso em 11 out. 2014.

199 BRASIL. Lei n. 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm>. Acesso em: 10 jun. 2014.

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interesses das partes, bem como da garantia a publicidade processual.

A Lei 12.527/2011 deverá ser observada por todos os órgãos e entidades,

sejam eles federais, estaduais, distritais ou municipais, pelos poderes Legislativo,

Executivo e Judiciário, bem como pela Administração Pública direta e indireta. Assim

está definida a abrangência da Lei de Acesso à Informação200 nos seus artigos: art.

1º e art. 2º:

Art. 1o Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim de garantir o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal. Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei: I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério Público; II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Art. 2o Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realização de ações de interesse público, recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres. Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as entidades citadas no caput refere-se à parcela dos recursos públicos recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das prestações de contas a que estejam legalmente obrigadas.

Para satisfazer a Sociedade de Controle de Gilles Deleuze201, a

12.527/2011 define que determinadas informações de cunho público devam ser

publicadas na Internet, independentemente, se foram ou não solicitadas pela

sociedade. Assim, ficam definidas, quais as informações que possuem a

200

BRASIL. Lei n. 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm>. Acesso em: 10 jun. 2014.

201 DELEUZE, Gilles. Post-scriptum sobre as sociedades de controle. Tradução de Peter Pal Pelbart. 34 ed. Rio de Janeiro: Conversações, 1992. [in L´Autre Journal, n. 1, maio 1990]. Disponível em: <http://www.portalgens.com.br/filosofia/textos/sociedades_de_controle_deleuze.pdf>. Acesso em: 07 out. 2014.

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obrigatoriedade de se tornarem públicas, no art. 7º, da Lei de Acesso à

Informação202:

Art. 7o O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter: I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou obtida a informação almejada; II - informação contida em registros ou documentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos; III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado; IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada; V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços; VI - informação pertinente à administração do patrimônio público, utilização de recursos públicos, licitação, contratos administrativos; e VII - informação relativa: a) à implementação, acompanhamento e resultados dos programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem como metas e indicadores propostos; b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores. § 1o O acesso à informação previsto no caput não compreende as informações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. § 2o Quando não for autorizado acesso integral à informação por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o acesso à parte não sigilosa por meio de certidão, extrato ou cópia com ocultação da parte sob sigilo. § 3o O direito de acesso aos documentos ou às informações neles contidas utilizados como fundamento da tomada de decisão e do ato administrativo será assegurado com a edição do ato decisório respectivo. § 4o A negativa de acesso às informações objeto de pedido formulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1o, quando não fundamentada, sujeitará o responsável a medidas disciplinares, nos termos do art. 32 desta Lei. § 5o Informado do extravio da informação solicitada, poderá o interessado requerer à autoridade competente a imediata abertura de sindicância para apurar o desaparecimento da respectiva documentação.

202

BRASIL. Lei n. 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm>. Acesso em: 10 jun. 2014.

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§ 6o Verificada a hipótese prevista no § 5o deste artigo, o responsável pela guarda da informação extraviada deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas que comprovem sua alegação.

Para normatizar aplicabilidade da Lei 12.527/2011203 no Tribunal de

Contas do Estado de Santa Catarina, a egrégia Corte de Contas Catarinense criou

um novo instrumento para definir as informações que seriam disponibilizadas a

sociedade. A Resolução N. TC-71/2012204 disciplina a divulgação e o acesso a

informação produzida ou custodiada pelo Tribunal de Contas Catarinense.

O Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina trouxe como um dos

pilares da Resolução N. TC-71/2012205 a preocupação da egrégia Corte de Contas

de Santa Catarina em estar em consonância com o princípio da publicidade:

Considerando que o cumprimento do princípio da publicidade pelo Tribunal de Contas do Estado compreende a integralidade, a integridade, a transparência, a divulgação e a criação dos meios para o amplo acesso às informações referentes à gestão administrativa, orçamentária e financeira, bem como aos resultados da atuação do Tribunal de Contas no exercício do controle externo;

No art. 5º da Resolução N. TC-71/2012206 são definidas quais as

informações que possuem o caráter público e como serão publicadas através do Site

do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina:

203

BRASIL. Lei n. 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm>. Acesso em: 10 jun. 2014.

204 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Resolução n. TC-71/2012, 22 out. 2012. Estabelece procedimentos para a divulgação e o acesso à informação produzida ou custodiada pelo Tribunal de Contas de Santa Catarina, em cumprimento à Lei (federal) n. 12.527, de 18 de novembro de 2011, e altera as Resoluções ns. TC-09/2002 e TC-28/2008. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/content/resolu%C3%A7%C3%A3o-n-tc-0712012>. Acesso em: 2 out. 2014.

205 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Resolução n. TC-71/2012, 22 out. 2012. Estabelece procedimentos para a divulgação e o acesso à informação produzida ou custodiada pelo Tribunal de Contas de Santa Catarina, em cumprimento à Lei (federal) n. 12.527, de 18 de novembro de 2011, e altera as Resoluções ns. TC-09/2002 e TC-28/2008. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/content/resolu%C3%A7%C3%A3o-n-tc-0712012>. Acesso em: 2 out. 2014.

206 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Resolução n. TC-71/2012, 22 out. 2012. Estabelece procedimentos para a divulgação e o acesso à informação produzida ou custodiada pelo Tribunal de Contas de Santa Catarina, em cumprimento à Lei (federal) n. 12.527, de 18 de novembro de 2011, e altera as Resoluções ns. TC-09/2002 e TC-28/2008. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/content/resolu%C3%A7%C3%A3o-n-tc-0712012>. Acesso em: 2 out. 2014.

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Art. 5º Serão divulgadas no sítio do Tribunal de Contas disponibilizado no domínio www.tce.sc.gov.br, no mínimo, informações sobre: I – competências; II - estrutura organizacional; III - autoridades; IV - relações institucionais; V - diretrizes estratégicas; VI - orientações sobre o acesso à informação produzida pelo Tribunal de Contas; VII - unidades, atribuições e respectivos responsáveis; VIII - funcionamento do serviço de informações ao cidadão; IX – endereço e telefones das respectivas unidades; X - horário de funcionamento; XI - horário de atendimento ao público; XII - perguntas mais frequentes sobre o Tribunal de Contas e respectivas respostas; XIII - gestão orçamentária e financeira; XIV - resultados dos programas, projetos e ações do Tribunal; XV – despesa e receita; XVI - procedimentos licitatórios, incluindo editais e resultados das licitações do Tribunal de Contas; XVII - dispensas e inexigibilidades de licitação do Tribunal de Contas; XVIII - contratos celebrados; XIX - gestão de pessoas; XX - concursos públicos; XXI - programa de estágio; XXII - relatórios institucionais estabelecidos em lei; XXIII - prestação de contas anual; XXIV - o exercício do controle externo; XXV – glossário de termos técnicos. § 1º A divulgação das informações relativas à gestão orçamentária e financeira do Tribunal de Contas deve observar os requisitos de transparência exigidos pela Lei Complementar n. 101, de 04 de maio de 2000, com as alterações promovidas pela Lei Complementar n. 131/2009, e pela Lei n. 12.527/2011. § 2º As informações referidas nas alíneas XIII a XV poderão ser acessadas diretamente no portal do Tribunal de Contas ou, mediante indicação de acesso, no portal do Governo do Estado que promova a transparência da Administração Pública. § 3º As informações inerentes à gestão de pessoas serão atualizadas sempre que houver mudanças na respectiva estrutura e devem conter, pelo menos: I - quantitativo de cargos em comissão e funções de confiança, ocupados e vagos; II - quantitativo de cargos efetivos ocupados e vagos; III – quantitativo de cargos distribuídos por unidade; IV - estrutura remuneratória dos servidores, Conselheiros e Auditores; V - relação dos Conselheiros e Auditores; VI - listagem dos servidores, com indicação daqueles cedidos a outros órgãos e entidades da Administração Pública e daqueles que se encontram à disposição do Tribunal de Contas; VII - atos de provimento e de vacância dos cargos em comissão e das funções de confiança;

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VIII – indicação das normas legais e regulamentares concessivas de vantagens financeiras. § 4º O conjunto de informações sobre o programa de estágio deve reunir, no mínimo, registros sobre editais do processo seletivo, resultados da seleção e o quantitativo de estagiários distribuídos por unidade. § 5º As informações referentes aos contratos de terceirização de mão de obra indicarão o detalhamento dos postos de trabalho e respectivos ocupantes.

Para as informações produzidas pelo Tribunal de Contas do Estado de

Santa Catarina, como as instruções de processos de fiscalização e administrativos,

o art. 6º da Resolução N. TC-71/2012207 determina quais as informações que serão

disponibilizadas aos usuários do Site do TCE/SC.

Art. 6º As informações produzidas pelo Tribunal de Contas na instrução de processos administrativos e de controle externo serão disponibilizadas em seu portal na internet após a edição do respectivo ato decisório, que, no caso de processo de controle, pode ser acórdão, decisão, parecer prévio e despacho do relator ou decisão singular, e, no caso de processo administrativo, corresponderá ao ato do Presidente ou do ordenador de despesa formalmente designado. § 1º É facultado ao Presidente, nos processos administrativos, e aos Relatores, nos processos de sua relatoria, autorizar a divulgação, no portal, de informações e/ou documentos integrantes dos respectivos processos antes da edição do ato decisório. § 2º Não serão divulgadas no portal peças de processo que contenham informações pessoais em respeito à intimidade, honra, vida privada e imagem das pessoas a que elas se referirem. § 3º O Tribunal de Contas divulgará em seu portal o nome dos responsáveis por sua alimentação e supervisão.

No art. 22 da Resolução N. TC-71/2012208, o Tribunal de Contas do

Estado de Santa Catarina ratifica o dever de proteger à informação sigilosa e

pessoal, e no seu parágrafo primeiro e seguintes, define e regulamenta o acesso:

Art. 22. É dever do Tribunal de Contas proteger a informação sigilosa e pessoal por ele produzida ou custodiada, mediante estabelecimento dos respectivos controles de acesso e divulgação.

207

SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Resolução n. TC-71/2012, 22 out. 2012. Estabelece procedimentos para a divulgação e o acesso à informação produzida ou custodiada pelo Tribunal de Contas de Santa Catarina, em cumprimento à Lei (federal) n. 12.527, de 18 de novembro de 2011, e altera as Resoluções ns. TC-09/2002 e TC-28/2008. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/content/resolu%C3%A7%C3%A3o-n-tc-0712012>. Acesso em: 2 out. 2014.

208 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Resolução n. TC-71/2012, 22 out. 2012. Estabelece procedimentos para a divulgação e o acesso à informação produzida ou custodiada pelo Tribunal de Contas de Santa Catarina, em cumprimento à Lei (federal) n. 12.527, de 18 de novembro de 2011, e altera as Resoluções ns. TC-09/2002 e TC-28/2008. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/content/resolu%C3%A7%C3%A3o-n-tc-0712012>. Acesso em: 2 out. 2014.

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§ 1º São sigilosas, nos termos da Lei (federal) n. 12.527, de 18 de novembro de 2011, as informações submetidas temporariamente à restrição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado. § 2º Serão mantidas sob sigilo as informações contidas em documentos integrantes de processo de controle externo, classificadas como sigilosas pelas unidades fiscalizadas. § 3º O Relator poderá, mediante despacho fundamentado, restringir o acesso à informação contida em documentos integrantes de processo de controle externo, ao verificar que a sua divulgação poderá comprometer a fiscalização em andamento.

A Resolução N. TC-71/2012209 está em consonância com a Lei

12.527/2012, pois define como na lei Federal, no art. 23 e, regulamenta o acesso da

informação pessoal, nos artigos art. 24 e art. 25:

Art. 23. São pessoais, nos termos da Lei (federal) n. 12.527, de 18 de novembro de 2011, as informações relacionadas à pessoa natural identificada ou identificável. Parágrafo único. O tratamento das informações pessoais deve ser feito de forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais. Art. 24. As informações pessoais a que se refere o artigo anterior: I – terão seu acesso restrito, independentemente de classificação de sigilo, pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da data da sua produção, a agentes públicos autorizados e à pessoa a que elas se referirem; II – poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso da pessoa a que elas se referirem. Art. 25. Podem acessar as informações de que trata o artigo anterior, além da pessoa a que elas se referirem: I – o dirigente máximo do órgão público a que se referir o processo ou a pessoa por ele credenciada, no caso de processo de controle externo; II – o procurador habilitado nos autos; III – os servidores do Tribunal de Contas. Parágrafo único. A classificação e o tratamento das informações pessoais contidas em documentos integrantes de processos administrativos e de processo de controle externo, em tramitação ou encerrados, serão objeto de regulamento específico.

209

SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Resolução n. TC-71/2012, 22 out. 2012. Estabelece procedimentos para a divulgação e o acesso à informação produzida ou custodiada pelo Tribunal de Contas de Santa Catarina, em cumprimento à Lei (federal) n. 12.527, de 18 de novembro de 2011, e altera as Resoluções ns. TC-09/2002 e TC-28/2008. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/content/resolu%C3%A7%C3%A3o-n-tc-0712012>. Acesso em: 2 out. 2014.

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Para as informações não localizadas no Site do Tribunal de Contas do

Estado de Santa Catarina, a Resolução N. TC-71/2012 prevê, no seu art. 12, que

qualquer usuário poderá pedir informação de interesse. Segue o que está definido

no art. 12:210

Art. 12. O pedido de acesso à informação será dirigido ao Serviço de Informações ao Cidadão e deve conter o nome do requerente, a qualificação, o endereço para resposta, incluindo número do telefone e correio eletrônico, e a especificação da informação desejada. Parágrafo único. O pedido de acesso não precisa ser justificado e deve ser feito, preferencialmente, pelos meios eletrônicos disponibilizados no portal do Tribunal na internet.

No tocante ao deferimento do pedido de acesso às informações não

localizadas no Site do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina, o art. 14 e o

art. 15 da Resolução N. TC-71/2012, assim o regulamenta:211

Art. 14. O Serviço de Informações ao Cidadão deve atender imediatamente ao pedido de acesso, se a informação estiver disponível. Art. 15. Não sendo possível conceder o acesso imediato, o Serviço de Informações requisitará a informação ou repassará o pedido às unidades competentes ou às autoridades indicadas nos incisos I e II do art.13 para fornecimento da informação requerida em prazo não superior a 20 (vinte) dias. Parágrafo único. O prazo mencionado no caput poderá ser prorrogado por mais 10 (dez) dias, desde que justificado expressamente pela unidade competente, com ciência ao interessado.

O art. 18 da Resolução N. TC-71/2012 esclarece que para o caso do

acesso ao usuário não for concedido, em decorrência da tipificação da respectiva

informação desejada, ser de cunho pessoal ou sigiloso, o usuário poderá interpor

recurso:212

210

SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Resolução n. TC-71/2012, 22 out. 2012. Estabelece procedimentos para a divulgação e o acesso à informação produzida ou custodiada pelo Tribunal de Contas de Santa Catarina, em cumprimento à Lei (federal) n. 12.527, de 18 de novembro de 2011, e altera as Resoluções ns. TC-09/2002 e TC-28/2008. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/content/resolu%C3%A7%C3%A3o-n-tc-0712012>. Acesso em: 2 out. 2014.

211 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Resolução n. TC-71/2012, 22 out. 2012. Estabelece procedimentos para a divulgação e o acesso à informação produzida ou custodiada pelo Tribunal de Contas de Santa Catarina, em cumprimento à Lei (federal) n. 12.527, de 18 de novembro de 2011, e altera as Resoluções ns. TC-09/2002 e TC-28/2008. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/content/resolu%C3%A7%C3%A3o-n-tc-0712012>. Acesso em: 2 out. 2014.

212 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Resolução n. TC-71/2012, 22 out. 2012. Estabelece procedimentos para a divulgação e o acesso à informação produzida ou custodiada pelo Tribunal de Contas de Santa Catarina, em cumprimento à Lei (federal) n. 12.527,

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Art. 18. O Serviço de Informações ao Cidadão comunicará ao interessado o indeferimento do pedido, informando-lhe sobre o direito de recorrer, prazos e condições para a interposição do recurso, com a indicação da autoridade competente para a sua apreciação.

Para Zilio, o advento da realidade tecnológica trazida pela Revolução da

Informação e culminada com a propagação da utilização da Internet, fomentando

ainda mais o Ciberespaço Brasileiro, em muito democratizou a justiça:213

Assim sendo, com o advento da realidade tecnológica e com o avanço cada vez mais acelerado de tais mecanismos, o processo informatizado tende a ser realidade cada vez mais presente na atividade jurisdicional, tornando cada vez mais democrático o acesso aos atos processuais, consagrando, aí, a publicidade. Do mesmo modo, de certo que o processo eletrônico garante maior celeridade e, com isso, maiores facilidades às partes.

O Site do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina está em

consonância com a Lei 12.527/2011, além de conter as informações obrigatórias as

quais são reguladas pela referida lei, possibilita ao cidadão desconhecedor desse

novo ordenamento jurídico, conhecer sobre o seu direito de obter informações de

cunho público, através de uma mensagem aos seus usuários que acessarem o

espaço ―Transparência e Acesso à Informação‖:214

Na prática, este espaço agiliza o acesso, facilita a compreensão e trata a informação como bem público. Nosso principal objetivo, em cumprimento à Lei de Acesso à Informação — Lei Federal nº 12.527/2011 —, e em sintonia com outras iniciativas já adotadas pelo TCE/SC, é aumentar a transparência da gestão pública, promover a cidadania e oferecer mais um instrumento para a operação do controle social.

O acesso a informação aos atos e fatos da Administração Pública,

constitui um importante instrumento para o Controle Social. A Lei de Acesso à

Informação é mais um instrumento jurídico que busca regulamentar o Ciberespaço

Brasileiro. Com a definição de regras e padrões de acessibilidade as informações de

de 18 de novembro de 2011, e altera as Resoluções ns. TC-09/2002 e TC-28/2008. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/content/resolu%C3%A7%C3%A3o-n-tc-0712012>. Acesso em: 2 out. 2014.

213 ZILIO, Daniela. O Princípio da publicidade processual e o processo eletrônico. e-GOV, Florianópolis, 3 nov. 2012. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-princ%C3%ADpio-da-publicidade-processual-e-o-processo-eletr%C3%B4nico>. Acesso em: 2 maio 2014.

214 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Site TCE/SC. Transparência e Acesso à Informação. Tribunal de Contas de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/transparencia-acesso-a-informacao>. Acesso em: 2 out. 2014.

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caráter público, a Lei 12.527/2011215 municia o Processo Eletrônico para que ele

traga mais transparência com segurança aos seus usuários.

3.4 LEI 11.419/2006 - A LEI DO PROCESSO ELETRÔNICO

Um dos objetivos principais do processo como função jurisdicional do

Estado é de através do Direito Processual, pacificar os conflitos. Assim, o Estado

prestará a tutela jurisdicional sempre que for, pela parte, impulsionado. Neste viés, o

Estado precisa descongestionar o canal que liga as partes ao acesso à justiça

disponibilizando um melhor exercício de cidadania.216

Sobre a necessidade da entrega tempestiva da prestação jurisdicional,

Santos destaca: 217

A Constituição consagra em seu bojo o direito fundamental de acesso à justiça, impondo aos órgãos do Poder Judiciário a obrigação de prestar a tutela jurisdicional em tempo razoável. Por outro lado, o que se vê na realidade é um Judiciário com estrutura precária e apegado a ritos, práticas burocráticas e formalismos excessivos, que consequentemente emperram a entrega tempestiva da prestação jurisdicional. Exige-se, assim, a modernização do aparelhamento judiciário e da administração da justiça a fim de otimizar as rotinas e práticas forenses para uma efetiva entrega da prestação jurisdicional.

Almeida Filho, em sua obra revela nesta passagem, essa concepção da

necessidade de descongestionar o canal que leva a sociedade à Justiça

parafraseando Cappelletti:218

Analisando a função social do processo, com mecanismos de facilitação de acesso à Justiça, como preconizava Cappelletti, vivenciamos a denominada terceira onda. As soluções práticas para

215

BRASIL. Lei n. 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm>. Acesso em: 10 jun. 2014.

216 ALMEIDA FILHO, José Carlos de Araújo. Processo eletrônico e teoria geral do processo eletrônico: a informatização judicial no Brasil. 4. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 56.

217 SANTOS, Fabiano Francisco dos; VERSOLA, Humberto Luiz. O princípio da publicidade processual processo judicial eletrônico. Revista jurídica das Libertas Faculdades Integradas, n. 1, ano 3. Disponível em: <http://www.libertas.edu.br/revistajuridica/downloadpdf.php?r=revistajuridica3/rj0104>. Acesso em 11 out. 2014.

218 ALMEIDA FILHO, José Carlos de Araújo. Processo eletrônico e teoria geral do processo eletrônico: a informatização judicial no Brasil. 4. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 56.

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os problemas de acesso à Justiça219 se apresentam, sob o enfoque do processualista ibérico, através de três ondas [...]

As três ondas que Cappelletti descreve são uma forma de sistematizar

uma desburocratização do acesso à Justiça, pois nelas está à assistência judiciária

para os pobres, a representação dos interesses públicos e uma nova concepção de

acesso à Justiça.220

A Lei 11.419/2006221 de 19 de dezembro de 2006 dispõe sobre a

informatização do processo judicial no Brasil. É dividida em 4 (quatro) capítulos: no

primeiro deles trata em três artigos (arts. 1º ao 3º) sobre a informatização do

processo judicial no Brasil. No segundo capítulo (arts. 4º ao 7º), disciplina a

comunicação eletrônica dos atos processuais. No terceiro capítulo (arts. 8º a 13),

trata de questões inerentes à tramitação do processo eletrônico. No último e quarto

capítulo, estabelece as disposições gerais e finais (arts. 14 a 22).222

A partir da Lei 11.419/2006 houve alterações importantes em alguns

dispositivos do Código de Processo Civil223, dentre eles o art. 154:

Art. 154. Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, Ihe preencham a finalidade essencial. Parágrafo único. Os tribunais, no âmbito da respectiva jurisdição, poderão disciplinar a prática e a comunicação oficial dos atos processuais por meios eletrônicos, atendidos os requisitos de autenticidade, integridade, validade jurídica e interoperabilidade da Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP - Brasil. (Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006)

219

CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Tradução de Ellen Gracie Northfleet. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 2002. [Access to justice: The worldwide movement to make rights effective. A general report] apud ALMEIDA FILHO, José Carlos de Araújo. Processo eletrônico e teoria geral do processo eletrônico: a informatização judicial no Brasil. 4. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 56.

220 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Tradução de Ellen Gracie Northfleet. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 2002. [Access to justice: The worldwide movement to make rights effective. A general report.], p. 31.

221 BRASIL. Lei n. 11.419, de 19 de dezembro de 2006. Dispõe sobre a informatização do processo judicial; altera a Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11419.htm>. Acesso em: 10 jun. 2014.

222 SANTOS, Fabiano Francisco dos; VERSOLA, Humberto Luiz. O princípio da publicidade processual processo judicial eletrônico. Revista jurídica das Libertas Faculdades Integradas, n. 1, ano 3. Disponível em: <http://www.libertas.edu.br/revistajuridica/downloadpdf.php?r=revistajuridica3/rj0104>. Acesso em 11 out. 2014.

223 BRASIL. Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5869.htm>. Acesso em: 20 jul. 2014.

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§ 2º Todos os atos e termos do processo podem ser produzidos, transmitidos, armazenados e assinados por meio eletrônico, na forma da lei. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

Santos, alerta que a Lei 11.419/2006 disciplina a assinatura eletrônica

através da utilização de um Certificado Digital para garantir a autoria e a origem de

um documento eletrônico:224

Para garantir a origem e a autoria de um documento eletrônico, assinado digitalmente pelo emissor, é preciso que este possua um Certificado Digital que, segundo se extrai do sítio do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação – ITI225, consiste em ―um documento eletrônico, assinado digitalmente por uma terceira parte confiável, que identifica uma pessoa, seja ela física ou jurídica, associando-a a uma chave pública‖.

O art. 1º, parágrafo 2º, inciso III, alínea a, da Lei 11.419/2006 descreve o

que autor revela:226

Art. 1o O uso de meio eletrônico na tramitação de processos judiciais, comunicação de atos e transmissão de peças processuais será admitido nos termos desta Lei. [...] § 2o Para o disposto nesta Lei, considera-se: [...] III - assinatura eletrônica as seguintes formas de identificação inequívoca do signatário: a) assinatura digital baseada em certificado digital emitido por Autoridade Certificadora credenciada, na forma de lei específica;

Donizetti, em sua obra, faz menção a ICP-BRASIL227 como credenciadora

oficial Brasileira de Autoridade Certificadora, esta tem como função expedir

Certificado Digital aos usuários interessados em assinar documentos digitalmente:228

O certificado digital, expedido por Autoridade Certificadora (AC), credenciada pela ICP-Brasil, possibilita a universalização da

224

SANTOS, Fabiano Francisco dos; VERSOLA, Humberto Luiz. O princípio da publicidade processual processo judicial eletrônico. Revista jurídica das Libertas Faculdades Integradas, n. 1, ano 3. Disponível em: <http://www.libertas.edu.br/revistajuridica/downloadpdf.php?r=revistajuridica3/rj0104>. Acesso em 11 out. 2014.

225 BRASIL. ITI. Instituto Nacional de Tecnologia da Informação. Site ITI. Disponível em: <http://www.iti.gov.br/>. Acesso em: 30 set. 2014.

226 BRASIL. Lei n. 11.419, de 19 de dezembro de 2006. Dispõe sobre a informatização do processo judicial; altera a Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11419.htm>. Acesso em: 10 jun. 2014.

227 BRASIL. Medida Provisória n. 2.200-2, 24 ago. 2001. Institui a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, transforma o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação em autarquia, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/mpv/Antigas_2001/2200-2.htm>. Acesso em: 2 out. 2014.

228 DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 13 ed., Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. p. 278-279.

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assinatura digital. Tal como carteira de identidade, que a pessoa só precisa ter uma, também a assinatura digital poderá ser única.

O Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina preocupado em

manter os Certificados Digitais ativos dos servidores que trabalham nos processos

eletrônicos de fiscalização e administrativos, preparou um aplicativo e disponibilizou

na sua rede interna, para que o servidor seja avisado via correio eletrônico da data

de validade do seu Certificado Digital ou, somente para a visualização da referida

data, quando o mesmo vier a fazer uma eventual consulta através do seu nome ou

CPF.

No tocante a comunicação dos atos processuais, a Lei 11.419/2006

previu duas situações. Acerca dessa regulamentação, Santos expõe o art. 4º da Lei

de Processo Eletrônico:229

A Lei de Informatização do Processo Judicial previu duas situações para a comunicação eletrônica dos atos processuais: a) mediante publicação no Diário da Justiça eletrônico (art. 4º); b) por meio eletrônico em portal próprio àqueles que se cadastrarem no Poder Judiciário, segundo as regras instituídas pelos respectivos órgãos.

O art. 4º da Lei 11.419/2006 assim define:230

Art. 4o Os tribunais poderão criar Diário da Justiça eletrônico, disponibilizado em sítio da rede mundial de computadores, para publicação de atos judiciais e administrativos próprios e dos órgãos a eles subordinados, bem como comunicações em geral. § 1o O sítio e o conteúdo das publicações de que trata este artigo deverão ser assinados digitalmente com base em certificado emitido por Autoridade Certificadora credenciada na forma da lei específica. § 2o A publicação eletrônica na forma deste artigo substitui qualquer outro meio e publicação oficial, para quaisquer efeitos legais, à exceção dos casos que, por lei, exigem intimação ou vista pessoal. § 3o Considera-se como data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico. § 4o Os prazos processuais terão início no primeiro dia útil que seguir ao considerado como data da publicação. § 5o A criação do Diário da Justiça eletrônico deverá ser acompanhada de ampla divulgação, e o ato administrativo

229

SANTOS, Fabiano Francisco dos; VERSOLA, Humberto Luiz. O princípio da publicidade processual processo judicial eletrônico. Revista jurídica das Libertas Faculdades Integradas, n. 1, ano 3. Disponível em: <http://www.libertas.edu.br/revistajuridica/downloadpdf.php?r=revistajuridica3/rj0104>. Acesso em 11 out. 2014.

230 BRASIL. Lei n. 11.419, de 19 de dezembro de 2006. Dispõe sobre a informatização do processo judicial; altera a Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11419.htm>. Acesso em: 10 jun. 2014.

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correspondente será publicado durante 30 (trinta) dias no diário oficial em uso.

Percebe-se novamente a preocupação do legislador em dar a

credibilidade jurídica na publicação eletrônica do Diário Oficial, quando no parágrafo

primeiro, do art. 4º, da Lei 11.419/2006, há, obrigatoriamente, a necessidade das

informações serem assinadas digitalmente.

O Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina disponibiliza no seu

Site, a consulta do Diário Oficial Eletrônico na íntegra. O início da publicação

eletrônica em detrimento à publicação no Diário Oficial do Estado foi a partir do dia 5

de maio de 2008. A norma que regulamenta a publicação de forma eletrônica do

Diário Oficial do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina foi a Resolução N.

TC-18/2007231.

Zilio acredita que a consonância do principio da publicidade e o direito a

intimidade e a privacidade dentro do processo eletrônico, trará celeridade,

efetividade e a segurança, valores muito esperados pela Sociedade da

Informação:232

Com o sopesamento de tais garantias, portanto, haverá um processo mais otimizado, contando com maior celeridade, maior publicidade dos atos e porque não, maior preservação de dados que realmente precisam ser preservados. Finalmente, o processo eletrônico é uma criação tecnológica que veio somar forças para a justiça e para o dizer o direito. Uma vez respeitadas as prerrogativas retro expostas, este mecanismo só tem a trazer ganhos à atividade jurisdicional e a todos que precisam ou um dia precisarão demandar em juízo.

3.5 O PROCESSO ELETRÔNICO DE ATOS DE PESSOAL NO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA

Santos destaca que o processo eletrônico deverá ter como base proteger

os direitos e garantias fundamentais da Constituição da República Federativa do

Brasil de 1988:233

231

SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Resolução n. TC-18/2007, 5 dez. 2007. Dispõe sobre a instituição do Diário Oficial Eletrônico do Tribunal de Contas. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/sites/default/files/leis_normas/resolucao_n_18-2007_consolidada.pdf>. Acesso em: 2 out. 2014.

232 ZILIO, Daniela. O Princípio da publicidade processual e o processo eletrônico. e-GOV, Florianópolis, 3 nov. 2012. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-princ%C3%ADpio-da-publicidade-processual-e-o-processo-eletr%C3%B4nico>. Acesso em: 2 maio 2014.

233 SANTOS, Fabiano Francisco dos; VERSOLA, Humberto Luiz. O princípio da publicidade processual processo judicial eletrônico. Revista jurídica das Libertas Faculdades Integradas, n.

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Destaque-se ainda, que o processo eletrônico deverá surgir como instrumento de consolidação do processo civil do Estado Constitucional, pautado nos direitos e garantias fundamentais estabelecidos na Constituição como forma de concretizar a segurança jurídica e a igualdade perante o Direito, impondo que a ordem jurídica seja certa e estável, promovendo o atendimento às necessidades concretas das pessoas que pleiteiam a tutela de seus interesses. Não há Estado Constitucional e nem mesmo Direito quando se verifica tratamento diferenciado nas decisões do Poder Judiciário.

Como descrito, anteriormente, o Processo de Fiscalização de Atos de

Pessoal, dentro do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina está definido,

de forma consolidada na Portaria N. TC-0189/2014234, e, ganhou um aliado

importantíssimo na busca da eficiência da celeridade, efetividade e publicidade e

com isso um maior controle dos gastos públicos de pessoal quando da sua

virtualização, a partir da Instrução Normativa N. TC-10/2010 revogada, no outro ano,

pela Instrução Normativa N. TC-11/2011235 alicerçada pela Resolução N. TC-

60/2011236.

Assim, nascia o Processo Eletrônico de Atos de Pessoal, através da

Instrução Normativa N. TC-11/2011237, a qual dispõe sobre a publicidade e remessa,

por meio eletrônico, de informações e documentos necessários ao exame da

1, ano 3. Disponível em: <http://www.libertas.edu.br/revistajuridica/downloadpdf.php?r=revistajuridica3/rj0104>. Acesso em 11 out. 2014.

234 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Portaria n. TC-0189/2014, 18 mar. 2014. Reorganiza os tipos de processos para fins de autuação e distribuição aos relatores e organização da pauta das sessões do Tribunal Pleno. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/site/legislacao/arquivos/portaria_n__tc_0189-2014_consolidada.pdf>. Acesso em: 2 maio 2014.

235 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Instrução Normativa n. TC-11/2011, 16 nov. 2011. Dispõe sobre a remessa, por meio eletrônico, de informações e documentos necessários ao exame da legalidade de atos de admissão de pessoal e de concessão de aposentadoria, reforma, transferência para a reserva e pensão, ao Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/site/legislacao/arquivos/instrucao_normativa_n_11-2011_consolidada.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2014.

236 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Resolução n. TC-60/2011, 19 dez. 2011. Regulamenta o processo eletrônico no âmbito do Tribunal de Contas de Santa Catarina. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/site/legislacao/arquivos/resolucao_n_60-2011_consolidada.pdf>. Acesso em: 2 maio 2014.

237 SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Instrução Normativa n. TC-11/2011, 16 nov. 2011. Dispõe sobre a remessa, por meio eletrônico, de informações e documentos necessários ao exame da legalidade de atos de admissão de pessoal e de concessão de aposentadoria, reforma, transferência para a reserva e pensão, ao Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/site/legislacao/arquivos/instrucao_normativa_n_11-2011_consolidada.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2014.

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legalidade de atos de admissão de pessoal e de concessão de aposentadoria,

reforma, transferência para a reserva e pensão, ao Tribunal de Contas do Estado de

Santa Catarina.

Para operacionalizar o Processo Eletrônico de Atos de Pessoal no

Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina, a Diretoria de Informática

juntamente com a Diretoria de Atos de Pessoal, desenvolveram um programa de

computador, na Internet, para que todos os jurisdicionados da Corte de Contas

Catarinense pudessem de forma, célere e eficiente, enviar as informações

necessárias para a constituição e posterior instrução dos autos de Atos de

Pessoal.238

Com envio digital das informações para a constituição do Processo

Eletrônico de Atos de Pessoal, o Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina

está em conformidade com o conceito de tribunal sustentável, como também com o

que apregoa a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no seu art.

37239, quando o respectivo ordenamento jurídico trata da prestação do serviço

público de qualidade.

Donizetti descreve o avanço que a justiça Brasileira obteve após o

nascimento da Lei 11.419/2006240, a qual dentre os benefícios que trouxe ao

ordenamento jurídico Nacional, trouxe também o aumento da conscientização

ecológica em nosso País:241

De qualquer forma, não se pode negar o grande avanço representado pela Lei n. 11.419/2006, que dispõe sobre a informatização do processo judicial. O conjunto das alterações levadas a efeito por essa norma significa que em breve não haverá mais autos físicos, que enfim ficar-se-á livre da papelada, cuja guarda, além de ocupar grandes espaços físicos nos fóruns, implica elevados gastos financeiros para a conservação e, o que é mais

238

SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. Manual do sistema e-Sfinge aposentadoria e pensão, mar. 2011. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/files/ManualE-SfingeAposentadoriaPensao_2013.pdf>.

239 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).

240 BRASIL. Lei n. 11.419, de 19 de dezembro de 2006. Dispõe sobre a informatização do processo judicial; altera a Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11419.htm>. Acesso em: 10 jun. 2014.

241 DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 13 ed., Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. p. 120.

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grave, o corte de centenas de milhares de árvores por ano somente para registrar os atos processuais.

Pinheiro traz a tona à importância de uma Sociedade da Informação sem

papel, contudo adverte que o processo eletrônico não é sinônimo de processo sem

documento, atualmente a sociedade digital está muito melhor documentada:242

Estamos a caminho de uma sociedade sem papel, mas não sem documentos, como já previsto pelo próprio Código de Processo Civil brasileiro, documento é um escrito capaz de ter compreensão humana, independentemente de qual suporte esteja (pode ser papel, tecido, parede, hard disk, outros). A sociedade digital está muito melhor documentada, com mais controles, com mais transparência, só precisamos agora quebrar o paradigma cultural e atualizar nossos usos e costumes para atender a toda esta nova realidade empresarial e governamental.

O Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina nesse viés ecológico

conseguiu uma economia financeira com a virtualização do processo de Atos de

Pessoal. A partir do Sistema de Processos – SIPROC percebesse que no período de

2011 a 2014, da instrução processual até o seu julgamento, a Corte de Contas

Catarinense no Processo Eletrônico de Atos de Pessoal utilizou em torno de 186.973

laudas.

Conforme empresa especializada na análise do impacto ambiental no

consumo de papel, o Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina deixou de

consumir o equivalente a 25 árvores. A mesma empresa revela que 186.973 laudas

é o equivalente a uma tonelada de papel produzida, e para a industrialização de uma

tonelada de papel utiliza-se 100.000 litros de água.243

Dentre os princípios já elencados aqui, o princípio constitucional da

duração razoável do processo tem um vínculo forte com a formalização e tramitação

de um processo eletrônico. Afinal, inserido a partir da Emenda Constitucional

45/2004244, no art. 5º, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

242

PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2010, p. 286. 243

NDDigital Technologies. Green Carbon, Bom Retiro. Disponível em: <http://www.nddgreencarbon.com/si/site/0100>. Acesso em: 2 out. 2014.

244 BRASIL. Emenda Constitucional nº 45, de 30 de dezembro de 2004. Altera dispositivos dos arts. 5º, 36, 52, 92, 93, 95, 98, 99, 102, 103, 104, 105, 107, 109, 111, 112, 114, 115, 125, 126, 127, 128, 129, 134 e 168 da Constituição Federal, e acrescenta os arts. 103-A, 103B, 111-A e 130-A, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm>. Acesso em: 2 out. 2014.

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tem como condão a celeridade processual. Assim, está definido no art. 5º, inciso

LXXVIII da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988:245

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

O princípio constitucional da duração razoável do processo é destacado

por Santos quando o autor revela a importância da implantação do processo

eletrônico para a Sociedade da Informação:246

No que tange ao princípio da duração razoável do processo, destaca-se a contribuição dos meios eletrônicos para a eliminação ou redução das etapas mortas ou tempos inúteis do trâmite processual, uma vez que muitas diligências e rotinas inúteis que atravancam a marcha procedimental e que procrastinam a entrega da prestação jurisdicional serão automatizadas, resultando em ganho de tempo para as atividades que realmente implicam no deslinde do processo.

Neste diapasão, Donizetti confirma a importância da celeridade

processual, contudo observa desde já, que se deve cuidar para não ir de encontro

com os princípios já previamente arraigados no ordenamento jurídico Nacional:247

É importante observar que a almejada celeridade processual não pode ser levada a extremos. O processo, como já demonstramos, pressupõe uma série de atos e procedimentos (contraditório, ampla defesa, produção de provas, recursos), diligências que inevitavelmente impedem a rápida solução do litígio, mas que, mesmo assim, hão de ser observadas. A celeridade não tem valor absoluto, e deve ser estudada e aplicada sempre em conjunto com os demais preceitos que regem o processo.

O Governo do Estado de Santa Catarina preocupado com o tema

celeridade processual alterou a Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado de

245

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).

246 SANTOS, Fabiano Francisco dos; VERSOLA, Humberto Luiz. O princípio da publicidade processual processo judicial eletrônico. Revista jurídica das Libertas Faculdades Integradas, n. 1, ano 3. Disponível em: <http://www.libertas.edu.br/revistajuridica/downloadpdf.php?r=revistajuridica3/rj0104>. Acesso em 11 out. 2014.

247 DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 13 ed., Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. p. 89

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Santa Catarina248, através da Lei Complementar N. 588/2013249. Sobre a mudança

significativa no prazo de julgamentos dos processos novos e, nos que já estão em

trâmite, que trouxe o novo ordenamento jurídico, Lambranho adverte: 250

A lei complementar 588, sancionada pelo governador Raimundo Colombo (PSD) em 14 de janeiro de 2013, criou um regime de transição para o arquivamento dos casos há mais tempo em análise pelo tribunal. Processos com mais de cinco anos têm, desde a publicação da norma estadual, o prazo de dois anos para serem julgados.

Na busca de facilitar ainda mais a operacionalização do Processo

Eletrônico de Atos de Pessoal, o Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina

disponibilizou através do programa ora desenvolvido, um quadro de notificação para

o envio de diligências, audiências e outros incidentes necessários ao processo de

fiscalização, cientificando o jurisdicionado de forma mais célere e segura. Neste

contexto, Santos confirma a atual facilidade que as ferramentas desenvolvidas para

a Internet, propiciam aos seus usuários:251

Com o objetivo de dar transparência à atividade jurisdicional, os atos processuais devem, em regra, ser públicos. Com a utilização dos meios eletrônicos o princípio da publicidade encontra o seu ápice em razão da amplitude, simplicidade e rapidez com que se disseminam as informações através destes canais. A implantação do Diário da Justiça Eletrônico e a possibilidade de se ter acesso às manifestações, despachos e decisões proferidas no curso do processo através das páginas dos tribunais são exemplos que ratificam esta característica, uma vez que a intimação através destes meios em substituição aos métodos tradicionais, potencializa uma maior publicidade e celeridade na comunicação dos atos processuais.

248

SANTA CATARINA. Governo do Estado de Santa Catarina. Lei Complementar n. 202, 15 dez. 2000. Institui a Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina e adota outras providências. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/files/file/biblioteca/LEI_ORGANICA_CONSOLIDADA.pdf>. Acesso em: 2 out. 2014.

249 SANTA CATARINA. Governo do Estado de Santa Catarina. Lei Complementar n. 588, 14 jan. 2013. Acrescenta artigo à Lei Complementar nº 202, de 2000, que institui a Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina e adota outras providências. Disponível em: <http://server03.pge.sc.gov.br/LegislacaoEstadual/2013/000588-010-0-2013-002.htm>. Acesso em: 2 out. 2014.

250 LAMBRANHO, Lúcio. Tribunal de contas do estado tem cerca de 500 processos pendentes desde 1991. Notícias do Dia, Florianópolis, 9 jun. 2014. Disponível em: <http://ndonline.com.br/florianopolis/noticias/171846-tribunal-de-contas-do-estado-possui-cerca-de-500-processos-pendentes-desde-1991.html>. Acesso em: 3 out. 2014.

251 SANTOS, Fabiano Francisco dos; VERSOLA, Humberto Luiz. O princípio da publicidade processual processo judicial eletrônico. Revista jurídica das Libertas Faculdades Integradas, n. 1, ano 3. Disponível em: <http://www.libertas.edu.br/revistajuridica/downloadpdf.php?r=revistajuridica3/rj0104>. Acesso em 11 out. 2014.

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Atualmente o Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina ainda não

normatizou de que maneira irá aplicar a Lei Complementar N. 588/2013252. Assim,

enquanto um novo ordenamento jurídico não vier, o órgão de controle externo

catarinense irá perseguir através de sua atual Legislação e explorando os recursos

tecnológicos galgados pelo Ciberespaço, uma consonância com o binômio

celeridade e, segurança jurídica.

252

SANTA CATARINA. Governo do Estado de Santa Catarina. Lei Complementar n. 588, 14 jan. 2013. Acrescenta artigo à Lei Complementar nº 202, de 2000, que institui a Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina e adota outras providências. Disponível em: <http://server03.pge.sc.gov.br/LegislacaoEstadual/2013/000588-010-0-2013-002.htm>. Acesso em: 2 out. 2014.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Revolução da Informação trouxe a partir do avanço da tecnologia a

internacionalização das relações entre diversas sociedades no mundo. O

conhecimento atravessa os continentes e todas as camadas sociais. Então surgem

os novos paradigmas sociais, os conceitos propostos para uma sociedade não

tecnológica caem no desuso e surgem novos, dentre eles o da Sociedade da

Informação.

A Internet veio para potencializar a socialização do conhecimento. Essa

Sociedade da Informação agora trafegando em estradas largas de fluxo rápido, e em

todas as direções inicia sua trajetória a descoberta de mais e mais aplicabilidade

para o seu conhecimento adquirido. Com diversas relações surgindo formando

enormes Aldeias Globais democráticas, interconectando-se entre si, inicia-se um

espaço transnacional, um poder que ultrapassa fronteiras, o Ciberespaço.

Com diversos atos de vontade sendo realizados neste ambiente sem

fronteiras, começam a surgir os primeiros imbróglios jurídicos no Ciberespaço. O

ordenamento jurídico não poderia ficar inerte com as formas virtuais, inéditas,

utilizadas nas novas relações sociais que aparecem a cada dia, as quais estavam

sendo tratadas com as mesmas prerrogativas que no mundo presencial.

O Direito Digital vem saneando esses conflitos através dos novos

ordenamentos jurídicos criados pelo Estado. Quando ameaçado e criticado o Estado

busca com a autorregulamentação o controle dessa Sociedade de Informação sem

controle. Na verdade, o Estado não imaginava o crescimento exponencial que

Internet traria para a abrangência do conhecimento de sua sociedade. E não foi

célere para conter e estabilizar o Ciberespaço.

O Marco Civil da Internet no Brasil é um excelente exemplo da inércia da

máquina legislativa em não se antever as relações sociais virtuais vigentes hoje em

dia. O marco regulatório da Internet, no Brasil, é um instrumento maduro e visa

unificar todos os instrumentos que até o momento não conseguiam pacificar as

dúvidas jurídicas existentes.

O Poder Público frente ao Ciberespaço, e preocupado em trazer um

serviço público célere e eficiente, utiliza-se da Internet e esse turbilhão de

conhecimento dessa Sociedade da Informação para fazer um chamamento para que

ela exerça o papel de agente fiscalizador ativo.

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Da história para a contemporaneidade, os Tribunais de Contas de todo o

País tiveram juntamente com o surgimento desse novo aparato tecnológico, novas

cartas constitutivas que trouxeram a estagnação em alguns momentos como

também novidades para o exercício de seu dever constitucional.

Com o Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina não foi diferente,

desde a sua criação até os dias atuais, procura estar sempre na vanguarda

tecnológica para realizar um serviço público de qualidade, e aproveitou o momento

favorável, o qual incentivaria, incessantemente, até os dias de hoje, a Sociedade da

Informação a trazer a lume o seu direito constitucional na utilização de serviços

públicos, céleres e seguros.

A transparência é a chave para a Sociedade da Informação servir como

agente fiscalizador ativo. A visibilidade virtual da vida real trouxe da antiguidade para

os dias atuais uma Sociedade de Controle imersa na informação. O ordenamento

jurídico Nacional com a abertura de informações que no passado eram tratadas

como sigilosas, são agora, abertas aos usuários que visitam os Sites dos órgãos

públicos de todo Brasil.

Com o advento da desmaterialização dos processos de fiscalização e

administrativos, o Tribunal de Contas aproveita os novos ordenamentos jurídicos e

se instrumentaliza, internamente, quando do processamento das informações dos

autos de Atos de Pessoal, frente aos novos desafios impostos pelo Ciberespaço e

suas relações virtuais, como também a essa transparência governamental,

utilizando-se do Direito Digital para alcançar um serviço público célere e seguro.

Para tanto o Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina deverá

modernizar-se ainda mais juridicamente para que as mazelas que o estagnaram no

passado não venham a acometê-lo, hoje em dia, em novos tempos. Os

ordenamentos jurídicos estudados no Direito Digital vieram para pacificar as lides

que eram dadas como insolúveis. O posicionamento da Egrégia Corte de Contes

Catarinense na retirada da publicação de todos os autos de Atos de Pessoal, já com

decisão definitiva, da Internet, tem como objetivo não conflitar com o direito a

intimidade e a privacidade das partes interessadas. Contudo, provoca um temor na

Sociedade de Controle acerca de um possível retrocesso frente a tantos avanços

realizados desde a implantação do processo eletrônico, no órgão de Controle

Externo Catarinense.

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A celeridade conquistada na tramitação e na cientificação dos

jurisdicionados a partir dos incidentes processuais acometidos, nos autos eletrônicos

de Atos de Pessoal, possibilitou a criação de indicadores que possibilitaram a busca

e a firmação de uma melhora consubstancial na tutela jurisdicional prestada pelo

Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina.

A criação de novos instrumentos jurídicos ou a alterações dos já

existentes possibilitará a própria Corte de Contas Catarinense em deliberar sobre

uma maior relativização do princípio da publicidade e do direito a privacidade e a

intimidade não deixando de cumprir a sua contrapartida com a Sociedade da

Informação.

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REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS

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