a administração educacional participativa e democrática ... · no momento que transformações...

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A Administração Educacional Participativa e Democrática Revisão Literária do Contexto dos Anos 80 RAQUEL GRISÓLIA GONÇALVES Orientadora: Mary Sue Pereira Rio de Janeiro Agosto, 2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A Administração Educacional Participativa e Democrática

Revisão Literária do Contexto dos Anos 80

RAQUEL GRISÓLIA GONÇALVES

Orientadora: Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro

Agosto, 2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A Administração Educacional Participativa e Democrática

Revisão Literária do Contexto dos Anos 80

RAQUEL GRISÓLIA GONÇALVES

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Administração Escolar e Supervisão Educacional.

Por: Raquel Grisólia Gonçalves

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Giovanni Codeça, Priscila e Tuane por toda a ajuda e pela

amizade.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia a meus Pais

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RESUMO

As políticas sociais dos Estados ‘pós-modernos’ apresentam profundas

mudanças e ressignificações. São processos oriundos de três pilares complementares:

neoliberalismo, mudança de paradigma que transformou as sociedades capitalistas;

globalização, braço cultural das transformações econômicas; e pós-modernidade,

epicentro do turbilhão econômico e cultural, convertido na faceta social de intensas

desconstruções dos arcabouços teóricos edificados na modernidade.

As transformações que varreram os arcabouços teóricos na virada do século

foram semeadas nas duas últimas duas décadas do século passado, desta forma se faz

imprenscindível a análise da década de 80. No momento que transformações no

campo da educação e da administração (gestão) caminharam unidas, a tendência de

administração educacional participativa tornou-se essêncial. No Brasil o momento

ganhou contornos mais profundos por se tratar de um período de redemocratização

política e social.

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SUMÁRIO

Introdução 07

Capítulo I - Da Democracia a Democracia Participativa 12

Capítulo II - Participação: Elemento fundamental da democracia participativa 18

Capítulo III - Gestão Democrática da Escola Pública – Proposta de administração

participativa e democrática 31

Conclusão 42

Bibliografia 45

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INTRODUÇÃO

Existe uma distância entre as propostas educacionais renovadoras

sugeridas pelos educadores brasileiros e as normas e processos

administrativos vigentes no sistema educacional. Tal distancia deve-se ao fato,

entre outros, de o sistema educacional no possuir a Flexibilidade suficiente

para, através de mecanismos administrativos mais ageis, efetivar as mudanças

que se bem como fragilidade das propostas õspecificiente educacionais, ora

adotem um discurso re novador, na prtica reramente se concretizem em uma

proposta transformadora. As contradições entre a teoria, e a prtica des tas

propostas - das mais revolucionarias as simples adaptações reformistas - e o

lento processo de reformulação administrativa tem dificultado a efetivação

destas mudanças.

Os discursos educacionais eivam-se de idéias de demo cracia, de

liberdade, de conscientização e de transforrnação, na tentativa de definir um

tipo de educação que pode ser caracterizada como transformadora e com

evidente comprometimento poltico. No entanto, na prática, nem sempre se tem

verificado a concretização destas propostas. Por isso, há necessidade de

procurar novas propostas e procedimentos administrativos e pedagógicos, que

contribuam para democratizar a escola.

Apesar de tudo, verifica-se que a administraçao educacional tem tentado

compatibilizar os seus mecanismos com as novas idéias educacionais e se

empenhado no sentido de encontrar alternativas que permitam levar adiante a

democratização da educação. Entre elas, surge como possível caminho para

as re formulações o da participação, na qual os elementos integrantes do

processo administrativo e pedag6gico desenvolvam uma ação que os defina e

trate como sujeitos do mesmo processo.

A. administração participativa se constitui basicamente numa pratica

democratica. Além disso, por se tratar de uma pratica relativamente recente no

cenario nacional, envolve uma série de aspectos de resistencia mudança

serem superados. Por exemplo, corre-se o risco do questionamento da

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validade deste tipo dedministração, frente aos diversos condicionamentos do

sistema educacional e, por extensão, da sociedade em que está inserido,

existindo, consequentemente, a ameaça do retorno as práticas administrativas

no democraticas.

É verdade que o discurso educacional bate, na atualidade, na tecla da

participação como meio de democratizaço da educação e que o discurso

administrativo em resposta está repleto de propostas participativas. Entretanto,

tendo sido, em maioria, calcado nas teorias mais conhecidas de administração

de empresas, o discurso administrativo não parece levar em conta o projeto de

uma administração efetivamente participativa. É ele, por isso, quase sempre,

desvinculado das propostas educacionais recentes (Balailai, 1987), o que tem

dificultado a implernentação de práticas participativas que tenham como

objetivo a democratização da escola em particular, e da administração de uma

forma geral.

Por outro lado, a formação do administrador escolar brasileiro é

profundamente marcada pelos textos estrangeiros trazidos direta ou

indiretamente à sala de aula, tanto pelos livros de administração educacional

como pelos de Teoria Geral da Administraço.

Tal literatura tem sido útil ao conhecimento da historia e das teorias de

administração. Todavia, raramente tem sido adaptada realidade brasileira, com

a agravante de, com frequencia, veicular elementos político-ideologicos que

nem sempre passam pelo crivo critico de quem recebe a mensagem. Este fato

prejudica a formação dos futuros administradores da educação é assim tem

dificultado a implementação de práticas participativas de administração

e,consequentemente, o processo de democratização da escola.

Desde recentemente, posiçoes criticas vem sendo registradas na

bibliografia educacional, apresntadas sob a forma de livros ou artigos que tem

contribuido para a compreensão do fenomeno participativo dentro de um

contexto sócio-politico-eco nomico e cultural. Surgem, dentre outros, os

trabalhos de Brandão (1981, 1982, 1984, 1985), evidenciando sua

preocupação com a participação na educação e na pesquisa,e a literatura de

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educação participativa, advogando uma ação de conscientização do aluno e a

sua transformação de objeto em ser (Freire, 1975, 1979). Numa linha

essencialrnente administrativa, Paro (1986) Balallai (1987) apresentam suas

reflexões sobre as possibilidades de uma postura baseada sobretudo na

participaço, e Arroyo (1979) defende a dmocratização da administração da

educação. Paralelamente, há estudos que se preocupam com o carater

legitimador da participação em educação e na administração da educação,

como os de Arroyo (1979), Gandini (1985), Melo(1984, 1985).

Apesar de tudo, a formação especifica do administrador continua

centrada nas teorias administrativas funcionalistas. Como consequência, sua

prática raramente incorpora conceitos da literatura participativa. Assim, torna-

se dificil para aqueles assim formados a utilzação de práticas participativas

capazes de levar à demodratização da escola e da educação.

Se a estrutura sócio-político-econômica e cultural da sociedado no for

efetivamente democratica, parece pouco provável que se possa ter uma

administração da educação democratica. Contudo, há vários autores que

analisaram este tipo de administração e que, como Paro (1986), assim definem

algumas das condições necessárias para que a administração escolar seja

efetivamente democrática, ou seja, ser verdadeiramente democrática. Segundo

Ferreira da Silva (1984), porém, a questão deve ser entendida de modo mais

amplo e recorda a democracia como participação da maioria e quando possível

de todos.

Existe hoje, no país, todo um movimento para a construção de uma

sociedade democratica. Trata-se de uma tarefa longa, imensa, um trabalho que

para ter êxito, vai exigir mudanças no somente nas instituições e organizações

polticas, economicas e culturais, mas no conjunto da sociedade. Ou seja, no

comportamento coletivo e individual, nas atividades públicas e privadas, na

alma do povo e de cada cidadão.

No Brasil tem-se contado permanentemente com crises e se está, agora,

em uma das mais sérias, se não a mais grave. Diante disso, clara a relevancia

da educação para a constituição de uma nação mais democrática. A diferença,

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atualmente, é que a crise nao se restringe a um ponto e está espalhada por

todo o Sistema Educacional, verificando-se igualmente noutros setores da

sociedade. Exige, consequentemente, que se busque sua solução no somente

no plano educacional, mas que ela se conjugue com interesses sociais, polticos

e economicos de transformação do país (Ferreira da Silva, 1987).

Num momento historico como este que passa o país, sem duvida é

oportuna e se constitui num tema de relevancia para educação uma proposta

de administração participativa como alternativa em busca da ocupação dos

espaços da cidadania no campo da escola e da educação.

Trata-se de um desafio e, talvez até mesmo, de uma utopia. Mas sem a

sem a construção de utopias e difícil chegar às transformações que se fazem

cada vez mais urgentes e necessarias ao campo educacional deste país. Esta

monografia possui cinco capítulos, sendo estes os pressupostos básicos para

participação democrática no processo administrativo escolar.

No primeiro, partir de diversas conceituações, chega-se a um conceito

norteador de democracia para este trabalho. No segundo, com base no

conceito de democracia adotado e na citação de diversos autores, define-se a

participação como elemento fundamental na democracia participativa. No

terceiro capítulo, em cima dos presupostos conceituais usados para a definição

de conceito de gestão participativa no processo educacional e da consulta de

bibliografia pertinente, define-se participação das comunidades no processo da

gestão educacional. No quarto, a partir do conceito utilizado para a definição do

conceito participação da comunidade no processo de gestão educacional e da

revisao de literatura pertinente, chega-se ao conceito de gestão democrática do

ensino público No quinto e ultimo capítuloo, elabora-se uma proposta de gestão

educacional participativa e democrática tal qual a revisão de literatura diz que

deva ser.

A organização da revisão de literatura neste estudo obedece a uma

lógica e metodologia nas quais destaca-se a existência de um eixo comum a

todos os conceitos definidos: o de democracia participativa. Este eixo norteador

atende a uma orientação que permite que ele se desenvolva como uma espiral,

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que se vai alargando na medida em que a ele são acrescentados novos

conceitos.

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CAPÍTULO I

Da Democracia a Democracia Participativa

Dentre outras definições dadas pelo Aurélio (2010), democracia é a

doutrina ou regime po1tico baseado nos princfpios da

soberania popular e da distribuiçao eq1itativa do p0 dera ou

seja, regime de governo que se caracteriza, em essencia, pela

liberdade do ato eleitoral,pela divisao dos poderes e pelo

controle da autoridade, isto, dos poderes de decisao e de

execuçao... (p.430)

O sentido básico do termo democracia está contido na sua etimologia:

governo (kratia) do povo (demos). Desde as suas origens na Grécia Clássica,

entretanto, este sentido básico se reveste da ambiguidade que lhe advêm do

duplo significado de demos, que ora expressa povo no sentido amplo dos

membros de uma determinada sociedade, como entendido hoje, é ora

entendido como povo no sentido de plebe, representando as grandes massas,

as camadas pobres e deseducadas que formam a maioria da população, tanto

no sentido tradicional como atual (Jaguaribe et alii, 1985).

O regime democrático contém três elementos fundamentais: povo,

liberdade e igualdade. O povo, nas diversas acepções de demos, é o titular do

poder, exercendo-o direta ou indiretamente, neste caso por intermédio de

representantes. A liberdade, ao mesmo tempo, um dos pressupostos básicos

do regime e a expressão do seu exercício, sendo a legitimidade do regime

democrático alicerçada no intento de compatibilizar a liberdade individual com a

regulamentação social. A igualdade é outro pressuposto do regime: porque os

homens sãp basicamenrte iguais que cabe a todos igual direito de participar da

direção da sociedade.

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Apesar de estes três pressupostos serem básicos no regime

democrático, nem sempre estão presentes na sua forma mais arangente.

Assim, por exemplo, embora a igualdade seja um dos pressupostos para a

democracia, a exacerbação das desigualdades sócio-político-econômico-

culturais representa o principal entrave para o funcionamento do regime

democrático (Jaguaribe et alii, 1985), fato que caracteriza.a sociedade brasilei

ra de hoje.

Dentro da Historia Moderna, a discussão em torno de democracia foi-se

desenvolvendo, principalmente, através de um confronto entre as doutrinas

politicas do liberalismo e do socialismo (Bobbio et alii, 1986).

Na concepção liberal de democracia, a participação no poder político é

reconhecida como uma das muitas liberdades individuais que o cidadão

reivindicou e conquistou contra o Estado absoluto. A participação aí é definida

como a liberdade individual que abrange o direito de exprimir a própria opinião,

de reunir-se ou de associar-se para influir na política do país e também o de

eleger representantes para o Parlamento e de ser eleito (idem, ibidem).

Na democracia socialista, o processo de democratização tem sido

entendido de dois modos: através da crítica da democracia meramente

representativa, e da consequente retomada da democracia direta através da

participaço popular (idem, ibidem)

O fato de que movimentos antitéticos como o movimento liberal

e o movimento socialista tenham ambos abraçado o ideal

democrático ao ponto de darem origem a regimes de

democracia liberal e a regimes de democracia social [. . .] pode

fazer pensar que nestes dois ultimos séculos a democracia

uma espcie de denominador comum de todos os regimes que

se desenvolveram nos países economica e politicamente mais

avançados. (Bobbio, 1988, p. 83)

No entanto,

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o conceito de democracia não permaneceu o mesmo e estar

em transformação o estado natural do regime democrático,

pois a democracia dinamica, sendo este fato decorrente da

adaptação natural dos princípios abstratos da teoria quando

forçada a submeter-se às exigencias da pratica. (Bobbio, 1986,

p.10)

Para o autor,

Por regime democrático entende-se primariamente um con

junto de regras de procedimento para a formaçao de decisões

coletivas, em que está prevista e facilitada a participação mais

ampla possivel dos interessados. (p12).

Assim, Bobbio da uma definição minima de democracia, acrescentando

que esta uma definição formal e que reflete melhor a realidade da democracia

representativa do que da democracia direta. Tal definição caracteriza a

democracia como um método aberto a todos os conteúdos que possam levá-la

à transformação mas, ao mesmo tempo, muito exigente ao solicitar o respeito

ás instituições, exatamente porque ai estão apoiadas todas as vantagens

desse mesmo método.

No entanto, mesmo considerando esta definição mínima de democracia,

não basta a existência do direito de participar as regras de procedimento. É

indispensavel que sejam garantidos aos que tem poder de decidir os chamados

direitos de liberdade de opinião, de expressão da própria opinião, de reunião e

de associação, entre outros (idem, ibidem).

Por democracia direta, entende-se a participação de todos os cidadãos

em todas as decisões a eles pertinentes. A expressão democracia

representativa significa que as deliberações coletivas, isto é, as deliberações

que dizem respeito coletividade inteira, não são tomadas diretamente por

aqueles que dela fazem parte, mas por pessoas eleitas com esta finalidade. O

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problema da passagem de uma a outra forma de democracia somente pode ser

analisado através de um continuum no qual é difícil dizer onde uma termina e

começa a outra. De fato, democracia representativa e democracia direta não

são sistemas alternativos, e sim sistemas que podem se integrar

reciprocamente. Pode-se até mesmo dizer que num sistema de democracia

integral ambas as formas de democracia são necessárias. Entretanto, quando

consideradas por si, não são suficientes (idem, ibidem).

Que a democracia direta não seja suficiente torna-se claro quando se

considera os dois institutos de democracia direta no sentido estrito da palavra:

a assembléia dos cidadãos deliberantes sem intermediários e o referendo

popular. Nenhum sistema complexo como um Estado moderno pode funcionar

apenas com um ou com o outro, nem mesmo com ambos juntamente. Mesmo

se considerarmos o momento inicial da participação em movimentos

comunitários, como, por exemplo, o do nascimento espontâneo de comites de

bairros, pode-se falar apropriadamente de democracia direta, uma vez que se

deve considerar a ocorrência natural de passagem de um movimento statu

nascenti para o de institucionalização, da sua fase espontanea para a sua

necessária organização. Portanto, tão logo assumida a legitimidadee a

regulamentaçãoda participaçãode base, a forma poresta assumida

necessariamenteserá a de democracia representativa (idem, ibidem).

Quanto ao referendo popular, é o único instituto de democracia direta de

concreta aplicabilidade ‘a maior parte dos Estados democráticos modernos,

embora não seja utilizado com freuencia (idem, ibidem).

Schumpeter (1950) analisou o entendimento do conceito clssico de

democracia e afirmou que, embora tal conceito considerasse que as decisões

políticas fossem tomadas pela cidadania e executadas pelos representantes do

povo, na realidade ocorria algo distinto. Na verdade, as decisões eram tomadas

por uma minoria de especialistas ou ativistas, competentes ou não, que eram

os políticos, cabendo aos cidadões apenas a escolha entre grupos alternativos

que disputavam o poder. Para Schumpeter:

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o método democrático é aquele arranjo institucional para

chegar a decisoes politicas em que alguns individuos adquirem

poder de decidir mediante uma disputa competitiva pelo voto

popular. (citado por Jaguaribe et alii, 1985, p.23)

Este entendimento do efetivo modo de decisão nas democracias tornou-

se dominante na teoria democrática contemporânea. Para Sartori (1955)

por razões diversas,apenas pequenas minorias, relativamente

ao conjunto da população, propenderão a se envolver,

continuamente, no processo de decisões politicas. Embora a

democracia consista em assegurar igualmente, a todos os

cidadãos, o direito e a possibilidade de se dedicarem atividade

politica, apenas uma minoria o faz. (citado por Jaguaribe, 1985,

p.23)

Para alguns críticos, na teoria política contemporânea as definições de

democracia tendem a resolver-se e a esgotar-se num elenco mais ou menos

amplo de regras do jogo, ou, como também se diz, de “procedimentos

universais”. Entretanto, estas regras estabelecem como se deve chegar ‘a

decisões política e não o que decidir. Do ponto de vista do que decidir, o

conjunto de regras não estabelece nada, excetuando-se a necessidade de

serem excluídas decisões que possam ferir uma ou mais destas regras.

(Bobbio, 1986).

Bobbio (1986) se propõe a desfazer equivocos — como os que opõem a

democracia direta à democracia representativa, procurando combinar a grande

tradição liberal com a grande tradição socialista.

A democracia é um regime de governo no qual manda o povo,

apresentando-se contemporaneamente como democracia representativa e

democracia participativa. Na primeira, o povo escolhe quem a vai representar,

deixando a tarefa de governar para os que forem eleitos. Na segunda, o povo

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escolhe seus governantes, mas não abre mão do direito de opinar diretamente

sobre certos temas (idem, ibidem).

Para apontar um índice do desenvolvimento democrático de um dado

país, este deve ser alcançado não pelo numero dos que têm direito a participar

das decisões que lhes dizem respeito, mas sim pelo número de instâncias ou

espaços nos quais podem exercer e exercem este direito. Na Itália, por

exemplo, pode-se “considerar como reforma democrática nesta direção a que

instituiu os conselhos escolares com a participação de representantes dos pais”

(Bobbib, 1986, p.56).

O Brasil optou por uma democracia representativa, mas, ultimamente, a

existência de movimentos mais participativos sinaliza indícios de tendência no

sentido da sua transformação em uma democracia participativa.

Segundo Bobbio (1986), hoje em dia, falar de processos de

democratização é referir-se à passagem da democracia no entendimento de

definição das regras do jogo para a democracia participativa, no sentido da

extensão do poder para o campo da sociedade civil em suas várias

articulações, como, por exemplo, no âmbito da escola e da fábrica. Isto

significa a ocupação de novos espaços, antes dominados por organizações do

tipo hierárquico ou burocrático.

Neste trabalho utilizo como conceito norteador desta pesquisa o de

democracia participativa. Neste tipo de democracia, o cidadão mostra a sua

vontade e as suas preferências no que se refere as decisões de problemas que

lhes dizem respeito, sendo diretamente consultado naquelas mais importantes.

O hábito de organizar-se para reivindicar seus direitos faz parte deste

processo.

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CAPÍTULO II

Participação: Elemento fundamental da democracia

participativa.

Há várias definições conceituais para participação, Ferreira da Silva

descreve a participação como interação, logo, capaz de interfirir no s

problemas e nas soluções da coletividade, o conceito inclui:

“a) a idéia de viabilidade, ou seja, de que é preciso dispor de

mecanismos que transformem uma pura aspiração de participação

efeticamente em participação. Entram, aqui, as questões ligadas a

recursos econômicos, de tempo e outras, que podem permitir ou

obstaculizar a participação;

b) a idéia de capacidade, isto é, de que há necessidade de certos

mínimos de habilidade e de habilitação para participar

significativamente. Referimo-nos às condições pessoais, de

obtenção, processamento e produção de informação, de discussão

ou desenvolvimento de argumentos e outras similares;

c) as idéias de interação e influência, quer dizer, de relacionamento

entre grupos e indivíduos de forma tal que todos possam se

expressar e afetar igualmente o processo e o conjunto da

participação, reduzindo, no possível, a concentração das

intervenções em quaisquer participantes ou o exercício da influência

sempre na mesma direção;

d) a idéia de substância, ou seja, de que a participação depende do

produto colimado e é condicionada pelos problemas e soluções em

jogo, pelas questões em discussão ou pela temática ao redor da

qual surgo ou é armada;

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e) a idéia de decisões acerca de processos, relativa aos meios e

modos de selecionar participantes e de incentivar e alcançar

qualidade na participação, e, finalmente,

f) a idéia de implementação das decisões substantivas (anotadas em

d) e processuais (apontadas em e) que concerne obediência aos

processos aceitos ou combinados e execução do necessário para

obter os produtos desejados com a participação. (Ferreira da Silva,

1984, p.294)

Bordenave (1985) estabelece níveis e graus de participação, propõe um

esquema que vai desde o simples processo de “informação-reação até a

“autogestão”. O menor grau de participação e é o de “informação” ou de

“infomação-reação”, em que são levados em consideração o processo de

divulgação das decisões tomadas em instância superior, assim como o

processo de reconsideração de decisão pela reação dos membros às

informações recebidas. Este seria, numa escala de um a sete, o nível um da

participação.

O nível dois — o de “consulta participativa” — se caracteriza pela

solicitação, por parte das instâncias decisórias superiores, de críticas,

sugestões ou dados para resolver algum problema. Marca esta consulta

facultativa o fato de ser feita se a instancia administrativa superior quiser ou

quando quiser (idem, ibidem).

Já “consulta obrigatória” feita quando, no processo administrativo, os

subordinados devem ser consultados ainda que o processo de tomada de

decisão esteja nas mãos do primeiro escalão de administração. Seria o terceiro

nível de participação (idem, ibidem).

O quarto nível, que Bordenave chamou de “elaboração-recomendação”,

é aquele em que os subordinados elaboram propostas e recomendam medidas

que a administração aceita ou rejeita, mas sempre se obrigando a justificar sua

posição (idem,ibidem).

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No quinto nível, em grau ainda superior, se encontra o processo de “co-

gestão”, no qual a administração compartilha com os membros de uma

organização os processos de tomada de decisões através de mecanismos

próprios, nos quais se incluem colegiados (idem, ibidem).

O sexto nível o da “delegação”, no qual os administrados têm autonomia

em certos campos ou jurisdições antes reservados aos administradores. Para

que o nível de “delegação” exista, é preciso que os delegados possam decidir

sem precisar consultar seus superiores (idem, ibidem).

O grau mais elevado de participação o da “auto-gestão” no qual o grupo

determina seus objetivos, escolhe seus meios e estabelece os controles

pertinentes, sem referência a uma autoridade externa (idem,. ibidem).

O modelo de democracia participativa subordina a própria construção de

uma sociedade democrática ao aumento da qualidade de participação coletiva

e politicamente organizada de sociedade civil (Brandão, 1986).

Hoje, preparar culturalmente os indivíduos significa possibilitar-lhes a

compreensão de visão de mundo presente na sociedade, para que possam agir

aceitando, transformando, participando da mudança dessa sociedade. Sem

essa compreensão, torna-se inviável a participação efetiva do indivíduo nesse

projeto cultural. E é nessa dimensão, a da inserção do . individuo na “visão de

mundo”, que se forma o individuo para a vida política. A vida política de que se

fala a cidadania, que exige a preparação e inserção do indivíduo na sua

capacidade plena no processo decisório da direção da sociedade. E isto é

função da educação, no âmbito da escola (Rodrigues, 1984).

Pretende-se adotar neste trabalho, como conceito norteador de

participação numa democracia participativa, o quinto nível de participação

proposto por Bordenave — co-gestão. Nesta, a administração compartilha com

os membros de uma organização os processos de decisão.

O modelo de democracia participativa destaca como característica

primordial o aumento da qualidade de participação coletiva e politicamente

organizada da sociedade civil. Neste modelo, os indivíduos organizam-se,

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ocupando os espaços da cidadania, no sentido de reivindicar os seus direitos e

utilizam as suas capacidades plenas de participar. Pode-se citar, como

exemplo, as escolas onde todos os envolvidos no processo educacional corpo

docente, equipe técnico-pedagógica, funcionários, alunos, pais, comunidade,

associações de moradores — participem efetivamente do orec o educacional.

a. Participação da comunidade no Processo Educacional

A participação da comunidade no processo educacional a participação

dos indivíduos das chamadas comunidades, ou seja, aquela que dá ou devolve

aos indivíduos, a grupos de pessoas ou as comunidades a possibilidade de

intervir naquilo que diretamente afete a cada qual. Com isso, as discussões

admitem mais ou menos claramente que os indivíduos, grupos e comunidades

tem nenhum ou bem pouco domínio sobre seu destino e condições

praticamente nulas para resistir a eventuais ameaças até mesmo sua

sobrevivência (Ferreira da Silva, 1985).

A conceituação de comunidade constitui uma das questões mais

controvertidas. Em obras educacionais h tamanha imprecisão que desde a

família e o bairro até o mundo tem sido considerados como comunidades

(Gomes, 1980).

Para McIver e Page, citados por Gomes (1980,p.117),

a comunidade vem a ser um grupo cujos membros vivem

juntos e partilham,não deste ou daquele interesse, mas das

condições básicas de uma vida em comum. O que a

caracteriza o fato de a vida de alguém poder ser totalmente

vivida dentro dela. Assim, um povoamento de pioneiros, aldeia,

tribo ou nação constituem comunidades, ao contrário de uma

empresa comercial ou igreja. (Gomas, 1980)

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Weber, citado por Gomes (1980, p.140),

Vê a comunidade como uma relação social em que a atitude na

nação social inspira-se no sentido subjetivo — afetivo ou

tradicional — dos participes da constituicão de um todo - uma

tropa unida por sentimentos de camaradagem, a familia, entre

outros. (Gomes, 1980)

Wirth, citado por Gomes (p.82),

ressalta o aspecto ecológico, caracterizando comunidade como

uma distribuição de homens, instituições e atividades numa

base territorial marcada pela convivência intima baseada no

parentesco e na interdependência orgânica pela

correspondência mútua de interesses.

Além da compreensão sobre o conceito de comunidade, o estudo das

relações da escola com o seu meio imediato pode valer-se da contribuição da

Sociologia Organizacional.

Considerando a escola como uma organização formal, Downs (1967)

considera que as organizações buscam expandir-se continuamente,quer

quantitativa, quer qualitativamente, mesmo não havendo maior demanda para

seus serviços. Tal expansão lhes assegura vantagens como poder, renda e

prestigio e se faz através da invenção de novas funções ou da captação das

funções de outras organizações menos dinâmicas. Neste processo, as

organizações encontram no seu “contexto de poder” atores favoráveis e

desfavoráveis. No caso da escola, que busca não só oferecer os seus serviços

tradicionais, mas também envolver a família dos alunos e a comunidade,

observa-se a tendência de ampliação dos objetivos organizacionais. através da

busca do desempenho de novas funções sociais (Downs, citado por Gomes,

1960).

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Ao satisfazer a esta tendência, a escola encontra rivais funcionais -

outros agentes educacionais, como famílias dos alunos, outras escolas e

aliados — instituições da comunidade. Na interação sobretudo com as famílias

dos alunos podem ocorrer varias situações, situadas entre o conflito e a

integração, quando respectivamente aqueles podem assumir o papel de rivais

ou aliados (Gomes, 1980).

Ferreira da Silva (1985) questiona integrar a escola com a sociedade.

Esta contextualização revela que a integração é solicitada sob os argumentos

de que a escola não esta afinada com a realidade, não prepara para a vida,

mantém as divisões sociais e impede a elaboração ou expressão do saber ou

saberes da maioria. Nessa ótica, a escola deve integrar-se com a sociedade.

Entretanto, a questão inclui igualmente a integração da escola na

sociedade, a fim de que camadas de menor força econômica e politicamente

mais fracas possam absorver os conhecimentos que conduzem as posições de

poder e transformação social. Por outro lado, há evidente carência de

envolvimento da sociedade na escola, em virtude de seus problemas

específicos, concessão de recursos adequados, de valorização do magistério

e, sobretudo, falta de respeito e apreço pelo trabalho educativo (idem, ibidem).

Não se acredita que exista no momento quem deseje que a escola

permaneça como está. Para Ferreira da Silva (1985), as discrepâncias surgem

especificamente no que se refere aos fios do tecido social, destacando se os

aspectos político e econômico. Os movimentos em curso se prendem

exatamente a estas duas linhas, o que obriga, a levar em conta não só o que

esta se modificando nas relações entre os vários grupos de interesse, como a

delicada questão de identificar a que classe ou componentes poderá servir a

integração que se adote.

Le Boterf (1982) distingue três tipos de participação das comunidades na

administração da educação: a participação definida como um processo de

informação, a participação definida como um processo de consulta, e a

participação que implique a partilha do poder.

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Na participação definida como processo de informação, embora se trate

de um nível elementar de participação, é preciso enfatizar o fato de ser esta um

direito que as classes sociais populares precisam conquistar, o que é feito

geralmente através de lutas muitas vezes difíceis. Além disso, a informação

constitui uma condição necessaria ao exercício da participaçao democrática

nas decisões. A participação das comunidades na gestão da educação supõe

que elas disponham de informações necessarias e pertinentes sobre o tipo de

gestão em pauta. Sendo assim, preciso atentar para o fato de que participar

significa muitos vezes apenas assistir a reuniões ou receber informações.

Neste sentido, muitas prestações de contas ou relatorios descreverão, com

frequência, embora erradamente, que muitas pessoas participaram das

atividades: entretanto, na verdade, elas foram apenas assistentes (idem,

ibidem), fato este que acontece na maioria das escolas deste pais.

Na participação definida como processo de consulta, as comunidades,

além de serem informadas, tem condições de reagir e expressar a sua opinião.

Trata-se, ainda, de um grau elementar de participação, onde a consulta não

acompanhada do poder de decisão. Este tipo de participação inclui, por

exemplo, as enquetes, nas quais os entrevistados são apenas considerados

como simples reservatorios de informações e nunca tem a possibilidade de

conhecer ou discutir os resultados, mesmo porque lhes é negado o poder de

decisão (idem, ibidem), como acontece em algumas escolas deste pais, onde a

administração da escola pretende passar a idéia de estar adotando uma atitude

democrática, quando, na verdade, trata-se apenas de uma atitude

“aparentemente democrática”.

Na participação que implique a partilha do poder, o âmago da questão

se situa, especificamente, em como se distribui o poder de decisão e qual a

parcela de poder das comunidades. Além disso, é necessário esclarecer como

se efetua esta participação nas decisões: de forma permanente, por intermédio

de orgãos representativos, ou de forma espóradica, através de pessoas

supostamente representativas. Em certos casos, este tipo de participação pode

tender para .a autogestão ou para a gestão direta e, neste caso, as classes

populares organizadas intervêm diretamente, desde a definição de suas

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necessidades, a formulação dos seus problemas e e seleção de prioridades,

até a elaboração de alternativas de solução (idem, ibidem). Este tipo de

participação ocorre em raras escolas brasileiras, e quando isto acontece, são

comunidades que possuem um grau relativamente alto de conscientização

sócio-político-economica e cultural.

Referindo-se à integração escola-comunidade, Almeida (1985) faz um

estudo que tem como objetivo investigar aspectos do funcionamento da APM

— Associação de Pais e Mestres — na rede oficial do ensino de 1º Grau no

Estado de São Paulo. Também procura averiguar o grau de participação dos

pais nessa organização.

De acordo com o estudo, verifica-se que a participação dos pais era

pequena, raramente alcançando um percentual superior a 60%. Era na faixa de

10% a 20% de participação que se concentrava o maior número de casos. Por

sua vez, os dados indicavam maior participação dos pais nas escolas de classe

média.

Tal fato talvez sirva para ilustrar o pressuposto de que a maior

mobilização dos pais em torno de certos objetivos escolares depende, em larga

medida, de determinados pré-requisitos de natureza sócio-economica. Por

outro lado, os apelos formais comumente feitos nas escolas através de editais,

esclarecimentos e outros meios parecem insuficientes como formas para atrair

a participação da comunidade, especialmente quando se trata de alunos

provenientes dos estratos mais baixos da populaço (idem, ibidem).

Neste sentido, a maior ou menor concentração de renda está

intrinsecamente associada ao grau de participação política demonstrado pelas

sociedades (Rama, 1985). E, consequentemente, ao grau de conscientização

social que possuem.

É de grande importância o grau de conscientização sócio-político-

econômico-cultural das comunidades a fim de exigir e cobrar uma escola de

qualidade e que atenda a todos. Destaca-se aí a importancia do papel da

escolarização, no sentido de reforçar e difundir idéias neste sentido (Demo,

1984).

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Almeida (l985) em seu estudo sobre as APMs, afirma que estas

associações, em sua maioria, concentram em seus quadros os pais que

possuem melhores condições econômicas e também maior grau de

conscientizaçao social. São estes também os que mais participam das

atividades propostas por aquela entidade, conforme os dados da pesquisa. o

que parece, estes pais tem maiores possibilidades de barganha na comunidade

e, portanto, maiores facilidades para trazer beneficios para as escolas.

Além disso, nesse mesmo estudo, pode-se verificar que os percentuais

de participação se diferenciam segundo a localização das escolas na capital ou

no interior. De acordo com a analise dos dados, depreende-se que a

participaçao dos pais no interior mais frequente que na capital. As razões disto

tal vez estejam no fato de que, nas escolas do interior, existe um

relacionamento mais próximo com a comunidade, uma vez que em cidades

menores, os contatos primarios ocorrem numa extensao maior que nos centros

densamente povoados (idem, ibidem).

E também parece que a participação dos pais na APM não transcende a

mera presença e colaboração que costumam prestar durante festas, bazares,

campanhas, realizadas com razoavel frequencia para angariar fundos,

existindo a agravante de ser a verba arrecadada por esses eventos

basicamente destinada ao pagamento de funcionrios, reformos e reparos nos

prédios e compra de material para uso da secretaria da escola. Ou seja, os

recursos são, em sua maioria, destinados manutenção da escola. Decorrente

deste fato, ocorre uma diminuição significativa nos gastos orçamentario s que

se destinam ao atendimento ao aluno, como, por exemplo, material escolar,

atendimento médico, complementação de merenda, despesas que garantem a

própria manutenção do aluno na escola (Almeida, 1985).

A escola deve integrar-se com a comunidade e esta contribuir para a

manutenção daquela e ao atendimento ao alunado carente. Entretanto, no

momento em que a escola assume este papel, ela pode perder sua função

principal — a de ensinar — e passar a exercer uma função meramente

assistencialista. Além disso, essa integração escola-comunidade não pode se

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constituir meramente com o sentido de arrecadar verbas, fazer festas, entre

outros. É muito mais que isto, envolvendo a efetiva participação dos pais nos

aspectos culturais e pedagógicos da escola e também na destinação prioritaria

dos recursos arrecadados ao atendimento do alunado.

Diante destas evidências, fica mais fácil compreender as razies que

levam, sobretudo as populações que contam com um maior grau de

mobilização comunitária, a dirigir criticas contundentes ao manuseio dos

recursos da APM. Efetivamente, torna-se difícil para elas aceitarem que

escolas da rede pública, que atendem hoje a uma clientela com tão poucos

recursos e quase sempre excluida de grande parte dos benefícios gerados pela

e para a sociedade, ainda procurem angariar os poucos recursos das familias

carentes para a manutenço do próprio estabelecimento.

Com efeito, devido s características da estrutura tributaria brasileira e

pobreza de recursos humanos e materiais prevalecentes na maioria dos

municípios, estes, salvo algumas exceções, tendem a oferecer serviços

educacionais da pior qualidade (Abrantes, 1984, citado por Campos, 1985)

Neste contesto, a questão da participação comunitaria tornase bastante

complicada. Em muitos casos, em nome da participação, o que parece existir,

na realidade, uma exploração de, mão-de-obra gratuita ou sub-remunerada,

sem o correspondente espaço de cogestão que poderia justificar o recurso ao

trabalho voluntrio e informal (Campos, 1985).

A questão crucial da participação situa-se na sua im plementação. O

descuido na criação do clima adequado, a inabilidade no envolvimento das

comunidades,a convocação dos pais e outros segmentos de forma eventual ou

para questões menores, a falta de profundidade e qualidade na preparação dos

lideres do esforço ou trabalho de integração, entre outros fatores, podem

frustrar qualquer empenho mais sério no sentido pretendido

Por isso, é preciso evitar exageros na variedade de modalida des de

integração aceitas, articular os diversos pontos decisórios envolvidos,

coordenar as diferentes atividades e utilizar meios que incentivem a

participação de todos os grupos (Ferreira da Silva, 1985).

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Qualquer experincia coletiva que tenha a capacidade de carregar a.

atmosfera com as imagens do conflito do pode pode cair vïtima de diversas

formas de rigidez. Tais formas consistem, principalmente, na formação e

elaboração de estruturas, procedimentos e outros cerimoniais que criam a

ilusão de resol ver os problemas, mas, na realidade, somente dão às pessoas

algo a desempenhar, para descarregar energias valiosas. O melhor exemplo de

abordagem ritualista dos problemas reais é a sempre presente solução de

reunir as pessoas numa comissão, na concepção ingenua de que a troca de

idéias deva produzir uma solução. Reunir pessoas para discutir problemas não

mau. Errada é a fé ingenua que acompanha tais propostas, desviando, assim,

a atenção de onde ela deveria estar (Zaleznick, 1986).

Portanto, cria-se a falsa ilusão de que, através de reuniões, haveria a

participação dos envolvidos no processo de decisão. Mas isto não ocorre. O

que ocorre é a “falsa ilusão de participação”, ou, como diria Motta (1981),

referindo-se à partícipação: as pessoas chamam para decidir quando já

estavam anteriormente decididas.

É evidente que, se a participação por um desejo efetivo e verdadeiro da

comunidade, ela poderá permitir a criação de mecanismos de influncia sobre o

poder que democratizem a gestão da escola, voltando-a para os interesses da

comunidade. No entanto, não se pode esquecer que, ao manter inalterada a

estrutura burocrática, a direção poderá manipular a participação com o intuito

de reforçar seu poder (Teixeira, 1987).

Maffesoli (1981) diz que a dominação não se faz de rosto coberto, mas

que

... a burocracia e o controle se engalanam com as cores da

participação, que funciona, então, como um instrumento cuja

função e fazer esquecer o essencial,a dominaçao generalizada.

O que chamamos de participação ou os diversos mecanismos

de representação nos conselhos, nas casas de cultura, nas.

comissões de bairros, nos departamentos e nas diversas

associações de defesa, de salvaguarda, de promoção, de

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educação, entre ou tras. Toda essa aparelhagem complexa e

amplamente diversificada permite dar satisfações inteiramente

acessórias, para alguns a impressão de desempenhare um

papel importante, ao passo que se realiza a estatização

generalizada da vida social e econômica. (p.228)

É necessário criar mecanismos que possam minimizar ou exterminar

esse excesso de burocracia, com o objetivo de se obter uma efetiva

participação comunitária.

Adotar-se-á neste trabalho, como conceito norteador de participação das

comunidades no processo educacional, o de que a participação deva dar a

grupos ou comunidades a possibilidadaa de intervir naquilo que diretamente

afete a cada qual (Ferreira da Silva, 1987), que corresponde igualmente ao

conceito de participaçao das comunidades na administraçao escolar que

implique na partilha do poder (Le Boterf, 1982). Se a parcipaçao for um desejo

efetivo e verdadeiro da comunidade, ela poder permitir a criação de

mecanismos de influência sobre o poder que possibilitem a democratização da

escola, e que estejam voltados para os interesses da comunidade.

Consequentemente, haverá uma gestoã participativa caracterizada pela

descentralização do poder, com o diretor passando a ocupar um novo papel: o

de articulador do processo de transformação da escola (Teixeira, 1987).

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CAPÍTULO III

Gestão Democrática da Escola Pública – Proposta

de administração participativa e democrática

Como ponto de partida para a definição de gestão, neste trabalho

abordam-se alguns dos diversos sentidos que Aurélio (1975) dá os conceitos

de gestão, gerência, administração, gerir e público. Entre eles, destacam-se:

gestão - “ato de gerir, gerência, administração” (p.685); administração “ação de

administrar” e “conjunto de princípios, normas e funções que tem por fim

ordenar os fatores de produção e controlar a sua produtividade e eficiência,

para se obterem determinados resultados” (p.8); administrar — “gerir negócios

públicos ou particulares” (p.38). A este trabalho interessa o conceito de gestão

de negócios públicos, e Aurélio (1975) assim define público: “relativo,

pertencente ou destinado ao povo,à coletividade”; “que é de uso de todos:

comum”, “aberto a qualquer pessoa”, “povo em geral” (p.1156). Para o citado

autor, gerir é “ter gerência sobre; administrar, dirigir” (p.665) e dirigir é dar

direçao a e encaminhar, orientar, conduzir” (p.685).

Ao conceituar gerir, Aurélio indica duas acepções: “dar direção a” e

“encaminhar, orientar e conduzir”. A autora do trabalho prefere, inicialmente,

levar em consideração o segundo conceito, por parecer mais adequado para

definir gestão democrática. Entretanto,é necessário deixar claro que o primeiro

não pode ser excluido da definição, uma vez que uma postura democrática

exige que, além de encaminhar, orientar e conduzir um processo de gestão, se

dê uma “direção a ele”, evitando cair no laissez-faire ou em anarquia. Por outro

lado, ao se adotar o conceito de “dar direção a” corre-se o risco de cair num

democratismo ou numa falsa democracia.

No que se refere ao laissez-faire ou anarquia, pode se citar a expressão

“sistemas disjuntivos”, que caracteriza um tipo de sistema organizacional onde

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a estrutura, a atividade e “o produto” só aparentemente mantén-se conectados,

fato este que vem sendo descoberto nas pesquisas sobre organizações

educacionais. Nestas organizações, se constatam tanto o dasconhecimento

das relações de causa e efeito na utilização da tecnologia educacional, como a

crescente ambigiidade dos objetivos a que estas se propoem (Wrober, 1984).

Em sistemas deste tipo, também conhecidos corno “anarquias

organizacionais”, o que se faz em termos didáticos e pedagógicos não tem

correlação causal evidente ou aproximada como que se produz (Cohen, Marsh

& Olsen, citados por Wrobei, 1984). Muito pelo contrário, o estilo

“laissezfairiano” de administração se caracteriza pela imagem de um ambiente

onde aparentemente não há elaboração de regras coletivas ou de um discurso

unificador, caracterizando um espaço sem dono (Wrobel & Lovisolo, 1985).

Quanto ao democratismo, ele pode ser entendido como o

“escamoteamento da democracia” (Silveira, 1986, p.29). Magalhães (JB,

13/5/88, 1º cad., p.11), num enfoque pragmático, define democracia como

“aquela situação em que são chamados a votar todos os que tem interesse

direto ou indireto num determinado estado de coisas”. Para ele, “no

democratismo votam apenas aqueles que tem ligação direta com as

instituições do setor” (p.11), o que caracteriza, sem sombra de dúvida, o

escamoteamento da democracia, uma vez que negado o direito de voto e

participação a cidadãos pertencentes a outros segmentos da sociedade.

Para Pereira (1985), as orgaríizações públicas possuem a característica

de pertencerem ao povo. Por isso, é necessária uma administração aberta, que

permita ampla liberdade de acesso as informações e ao que ocorre dentro

destas organizações. Portanto, é imprescindível a participação da comunidade

do povo, do contribuinte, no sentido de tomar conhecimento e até interferir na

gestão das organizações públicas, fato este que lhes é negado e que

caracteriza o democratismo.

Aurélio (1975, p.430), entre outros conceitos, no que se refere a

democratismo, propõe que se “compare/confronte democracia nesta acepção

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com ditadura (gripo do Aurélio), o que pode ser explicado pelo fato de só

alguns terem o direito de participar no poder decisório das organizações”.

Voltando ao conceito de gestão, pode-se afirmar que este, num sentido

restrito, é predominante na linguagem corrente e em alguns textos técnicos.

Neste caso, o conceito de gestão se contrapõe ao de planejamento, limitando-

se à criação das condições concretas necessárias implementação das poilticas,

planos, programas e projetos, e estando intimamente relacionado à execução

de tarefas. No sentido amplo, gestão é considerada como sinonimo de

administração e, como tal, inclui todas as funções tradicionalmente

consideradas como administrativas, tais como planejamento, organização,

direção, coordenação, alocação de recursos, controle, entre outras (Castro et

alii, 1989).

Ferreira da Silva (1987) afirma que administração é a obtenção de

configurações desejáveis de resultados atravás das organizações e ressalta

que neste conceito está incluída a determinação do que seja desejável. Esta

definição parece adequada para caracterizar a gestão num sentido amplo,

principalmente porque pressupõe uma visão projetiva ou prospectiva da

administração, isto é, voltada para o futuro, além de uma visão proativia, ou

seja, que vise uma ação concreta imedia, que viabilize mudanças.

Esta definiçao ratifica e complementa em parte o conceito de gestão

citado inicialmente neste trabalho, ou seja, “dar direção a” e “encaminhar,

orientar, conduzir”. Pode-se, portanto, acrescer a este conceito inicial o de

visão prospectiva e proativa de administração.

Na Constituição de 1988, no que se refere aos direitos sociais e

especificamente à questão da assistência social, “propõe-se a participação

comunitária como estratégia relevante de qualidade de oferta e de garantia de

acesso” (art. 204, § II) e, em educação, consagra-se, embora vagamente — a

“gestão democrática do ensino público” (art. 206, § VI) (Demo, 1988, pp.10-11).

Nestes termos, a qualidade da escola pública função do controle democrático

exercido pela sociedade civil, assim como de práticas de gestão democrática e

participativa que possam viabilizar a democratização da escola e da educação.

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É comum associar-se gestão democrática do ensino à participação,

tanto na literatura (Balailai, 1982; Mendes de Almeida, 1983; Belioni, 1986;

Gomes de Souza, 1987; Paro,1987), como em documentos representativos do

pensamento dos educadores (documento aprovado na XII Reunião Anual da

ANPEd, 1987; documento da Associaço dos Professores do Ensino Oficial do

Estado de São Paulo, 1989), como, também, do projeto mais conhecido de Lei

de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, elaborado pela Comissão de

Educação, Cultura, Esportes e Turismo da Câmara do Deputados (1989) sob a

coordenação do Deputado Jorge Haqe.

Entretanto, não pode haver uma partícipação efetiva quando o poder e a

ação estão totalmente centralizados, deduzindo-se daí que a participação

passa obrigatoriamente pela descentralização de poder e de tarefas. A este

respeito, Bobio (1986) afirma que tecnocracia e democracia são antitéticas,

uma vez a democracia sustenta-se sobre a hipótese de que todos podem

decidir a respeito de tudo, e a tecnocracia, ao contrário, pretende que sejam

convocados á decidir apenas aqueles poucos que detêm conhecimentos

específicos. Bobbio refere-se ao contínuo crescimento do aparelho burocrático

ordenado hierarquicamente do vértice à base, e, portanto, diametralmente

oposto. ao sistema democrático, e admite que os diversos graus de poder

configuram-se num sistema político como uma pirâmide. Daí pode-se constatar

que, na sociedade democrática, o poder vai da base ao vértice e, numa

sociedade burocrática, ao contrário, vai do vértice à base.

Pode-se, então, acrescentar ao conceito de gestão de mocrática

adotado neste trabalho a necessidade da descentralização do poder e de

tarefas que, sem dúvida, permitiriam uma maior participação dos envolvidos no

processo de gestão. Além disso, deve-se destacar a necessidade da existência

de um poder político ordenado da base para o vértice de uma pirâmide,

garantindo, assim, um maior grau de democratização do sistema.

Le Boterf (1982) entende como gestão do processo edu cacional tudo o

que se refere às atividades de elaboração de programas - diagnóstico de

situações, escolha dos objetivos e dos métodos e elaboração do material

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didático -, ás próprias ações de ensinar e de educar, à gestão do pessoal e dos

estudantes, à organização da utilização do tempo e à avaliação das atividades.

Motta (1981) afirma que a sociedade contemporânea tem

experimentado, em diversas instituições sociais, uma democratização cada vez

mais acentuada. Cita como exemplos a família e a escola, onde se pode

verificar uma maior repartição de poder, dando origem a novas formas de

relacionamento social, e indica que a assunção de responsabilidade e de

repartição do poder no processo de tomada de decisão está ocorrendo de

maneira cada vez mais acentuada. Esta democratização das relações sociais

dá origem a novas formas de organização nas instituições sociais, que passam

a apresentar, entre outras características, propostas de gestão com objetivos

igualmente democratizadores.

Dessa forma, não se pode conceber uma proposta democrática para

uma atividade ou serviço que não tenha objetivos igualmente

democratizadores, o que deve, sem dúvida, ser acrescentado ao conceito de

gestão democrática adotado nesta dissertação. Além disso, especificamente no

que se rerere ao processo educacional, o conceito passa a abranger as

atividades docentes e organizacionais que tenham o objetivo de garantir um

maior grau de democraticidade do sistema, assim como de maior participação

de todos os envolvidos no processo educacional.

A Associação dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo -

APEOESP (1989) sugere as seguintes condições, entre outras, para assegurar

uma efetiva gestão derocrática do processo educacional nas escolas públicas:

a presença da comunidade na discussão, implantação, implementação e

avaliação das propostas administrativo-pedagógicas nas instituições de ensino

em todos os graus; a formação, implementação e efetivo funcionamento de

Associações de Professores e Especialistas em Educação, de grêmios

estudantis, de associações de pais, de conselhos escolares, além da escolha

de dirigentes através da comunidade escolar; e a garantia da autonomia

administrativa e pedagógica necessrias ao pleno funcionamento das escolas.

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A APEOESP relaciona, portanto, a gestão democrática do processo

educacional a três questões: a participação no processo decisório, a autonomia

administrativa e a presença da comunidade na implantação, desenvolvimento e

avaliação das propostas administrativo-pedagógicas das organizações

educacionais. Estes fatores também são considerados imprescindíveis pela

autora do presente trabalho, e devem ser acrescentados ao conceito de gesto

demodrática do processo educacional.

Uma gestão democrática deve sempre procurar aliar eficiência -

emprego racional dos recursos disponíveis, inclusive tempo -, com eficácia -

cumprimento de objetivos estabelecidos - e efetividade - satisfação das

demandas da população através da formulação e obtenção de objetivos por ela

considerados desejáveis (Motta, 1972).

Depreende-se do Projeto Hage (1989) que a gestão democrática do

ensino público passa necessariamente pela participação no processo decisório,

pelo acesso às informações sobre o desempenho dos sistemas e instituições

de ensino, pela transparência no exercício de poder e pelo controle social das

ações.

Os conceitos de gestão democrática (Motta, 1972) e de gestão do

processo educacional no ensino público (Projeto Hage, 1989) serão utilizados

como conceitos norteadores desta pesquisa, acrescentando-se a eles a noção

de visão projetiva, isto é, voltada para o futuro, assim como a de visão

proativa,ou seja, que visa uma ação concreta imediata, que viabilize mudanças

(Ferreira da Silva, 1987) e, igualmente, a necessidade da participaçao efetiva

do corpo docente e discente, equipe técnico-pedagógica, funcionários, pais de

alunos, comunidade, membros da associação de moradores e da sociedade

civil em geral na definição de políticas no planejamento, implantação,

desenvolvimento, controle e avaliação das propostas administrativas e

pedagógicas das escolas públicas (APEOESP, 1989).

Como já foi dito, existe um eixo comum a todas as definições deste

trabalho: o conceito da democracia participativa, que pretende, através da

democratização da sociedade civil e das instituições, ampliar cada vez mais os

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espaços de participação do cidadão, dentro de um quadro tal que o poder não

seja apenas distribuído, mas também controlado.

Neste tipo de democracia, o cidadão continua mostrando a sua vontade

e preferências no que se refere ao processo de gestão, sendo consultado em

decisões importantes, fazendo parte desse processo a organização para

reivindicar o atendimento dos seus direitos. Este foi, resumidamente, o primeiro

conceito definido no trabalho.

Este eixo, como já foi antecipado, obedece a uma lógica tal que permite

que o trabalho se desenvolva como uma espiral cuja base vai-se alargando, na

medida em que são a ele acrescentados novos conceitos, até chegar ao

conceito de gestão democrática do ensino público.

Sendo assim, ao se definir participação como elemento fundamental da

democracia participativa, amplia-se o conceito de democracia participativa.

Da mesma forma, ao se definir participação das comunidades no

processo de gestão educacional, adicional-se ao segundo conceito a idéia de

que a comunidade atendida pela escola deva ter um grau de conscientização

sócio-politico-econômica e cultural suficientemente desenvolvido no sentido de

exigir uma escola de qualidade e que atenda a todos, fato este que será

concretizado através da criação de mecanismos de influência sobre o poder

que possibilitem a democratização da escola e estejam voltados para o

interesse da comunidade.

Igualmente, ao se definir gestão democrtica da escola, pública,

acrescentava-se ao conceito de participação das comunidades no processo

educacional as idéias de eficiência, eficácia e efetividade e os conceitos de

visão prospectiva e proativa da administração. Este quarto conceito envolve,

além da comunidade, o corpo docente e discente, bem como os funcionários, a

equipe técnico-pedagógica, membros da associação de moradores e da

sociedade civil em geral. Todos os envolvidos neste processo de gestão

democrática devem participar efetivamente na definição de políticas, no

planejamento, desenvolvimento, controle e avaliação das propostas

administrativas e pedagógicas da escola pública (APEOESP, 1987).

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Diante do exposto, cheqa-se à conclusão de que uma gestão

participativa e democrática da escola deve se apoiar nos seguintes

pressupostos:

a) Em uma sociedade como a brasileira, onde o sistema educacional

encontra-se caracterizado por um perverso dualismo (Jaguaribe et alii, 1986),

segundo o qual at um certo es trato das camadas sociais dá-se uma educação

que, embora de péssima qualidade, é considerada “boa” para aqueles a quem

se destina: o povo, os pobres; e, a partir de um estrato superior, oferece-se um

tipo de educação de melhor qualidade, disponível, porém, apenas para uma

minoria, urge uma proposta de gestão democrática onde a educação esteja

comprometida com um projeto de democratização, contribuindo para uma

sociedade mais justa e igualitária (idem, ibidem);

b) A gestão democrática do ensino público deve buscar e assegurar o

acesso e a permanência na escola de todas as camadas sociais, inclusive das

camadas populares, e a universalização, no mínimo, do ensino fundamental

(Projeto Hage, 1989);

c) Uma educação democrática deve ser gerida de uma forma igualmente

democrática. Gestão e educação democráticas são partes de um mesmo todo,

faces de uma mesma moeda; elas se intercomplementam e potencializam

(idem, ibidem);

d) Numa gestão democrática e participativa pretende-se, através da

democratização da sociedade civil e das instituições, ampliar cada vez mais os

espaços de participação do cidadão, com o poder não sendo apenas

distribuído, mas também controlado (idem, ibidem);

e) O conceito de gestão democrática e participativa não deve se

restringir apenas às condições para a implementação do que foi planejado.

Deve-se acrescentar a ele a formulação de políticas, objetivos, estratégias e

também as medidas necessárias para a sua concretização, desenvolvimento,

controle e avaliação (APEOESP, 1989);

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f) Uma proposta de gestão democrática do ensino público implica uma

concepção de algo inserido na sociedade, devendo, por isso, ser voltada pra o

bem coletivo (idem, ibidem);

g) Uma gestão democrática não pode se concretizar sem participação.

Esta, por sua vez, está relacionada fundamentalmente à descentralização do

poder e de tarefas. Por isso, o processo de decisão deve ser compartilhado

com todos os envolvidos no processo de gestão educacional (idem, ibidem);

h) Numa gestão democrática, participação é, antes de mais nada, uma

conquista, constituindo-se num processo que deve ser construído, e cada vez

mais ampliado, no dia-a-dia da escola (idem, ibidem);

i) Numa gestão democrática, deve haver a participação da comunidade

no processo de gestão educacional (idem, ibidem). Para tal, a comunidade

atendida pela escola deve ter um grau de conscientização sócio-político-

econômica e cultural suficientemente desenvolvido no sentido, de cobrar uma

escola de qualidade e que atenda a todos. Destaca-se aí a importância da

escolarização no sentido de reforçar o desenvolver o grau de conscientização

que se faz necessário;

j) No conceito de gesãto democrática, a idéia de gestão participativa se

amplia, envolvendo, além da comunidade, o corpo docente e discente, a equipe

técnico-pedagógica, funcionários, membros da associação de moradores e da

sociedade geral. Todos os envolvidos no processo educacional devem

participar efetivamente na definição de políticas, no planejamento,

desenvolvimento, controle e avaliação das propostas administrativas e

pedagógicas da escola. Além disso, devem ser assegurados espaços que

permitam captar e incorporar as propostas das entidades profissionais e

científicas, e também garantir o atendimento das aspirações e demandas da

maioria da populaça (Projeto Hage, 1989);

k) No processo de gestão democrática participam tanto a comunidade

externa à escola como a interna. A participação da comunidade externa será

concretizada, basicamente, através da criação de mecanismos de influência

que possibilitem a democratização da escola e que estejam voltados para o

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interesse da comunidade. A participação da comunidade interna retirando o

professor do isolamento da sala de aula — pode devolver—lhe a dignidade

como profissional e abrir a possibilidade de atuação e participação destacadas

no processo educacional Dessa forma, trabalho do corpo docente e discente,

da equipe técnico—pedagógica, dos funcionários, conjugado com a

participação da comunidade externa, passa, então, a ser o antecedente e o

conseqüente de diretrizes cuja formulação ajudaram a traçar, e apartir daí que

a qualidade do ensino começa a se resolver (idem, ibidem);

1) Numa gestão democrática deve ser assegurada a autonomia

administrativa, pedagógica e financeira necessárias ao pleno funcionamento da

escola pública, o que passa pela descentralização de tarefas e do poder de

deciso. Da mesma forma, a questão da autonomia envolve questões

relacionadas divisão de competências do três níveis de administração do

sistema estadual ou municipal de educação. Estes devem articular-se através

do compartilhamento de responsabilidades e da sinalização das competências

básicas e precípuas de cada um, de tal forma que seja assegurada a

autonomia da escola (APEOESP, 1989);

m) Uma gestão educacional democrática deve procurar sempre aliar

eficiência com eficácia e efetividade (Motta, 1981);

n) Uma gestão democrática passa necessariamente pela participação no

processo decisóúrio, pelo acesso dos informações sobre desempenho dos

sistemas e instituições do ensino público, pela transparência no exercício do

poder e pelo controle social das ações (Projeto Hage, 1989); e

o) Numa gestão democrática e participativa é imprenscindível a

existêncios dois fatores: visão prospectiva o proativa de administração.

A partir destes pressupostos, relacionam-se a seguir estratégias

necessárias ao planejamento, implantação, desenvolvimento, controle e

avaliação de uma proposta de administração participativa e democrática do

ensino público:

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a) Participação da comunidade na discussão, implantação,

desenvolvimento, controle e avaliação da proposta administrativa e pedogógica

da escola (Projeto Hage, 1989);

b) Incentivo à formação e ao funcionamento de associações de

professores e Especialistas, grêmios estudantis e associações de pais e

amigos da escola (APEOESP, 1989);

c) Constituição de conselhos escolares e órgãos colegiados nas escolas

públicas, com dirigentes escolhidos mediante eleições realizadas com base em

normas definidas em regimento interno (idem, ibidem);

d) participação de docentes, estudantes, funcionários, comuni dade, pais

e representantes da sociedade civil em geral na composição de órgãos

normativos e deliberativos (Conselhos Escolares e órgãos colegiados) (idem,

ibidem);

e) Participação de todos os elementos envolvidos no sistema escolar -

corpo docente e discente, equipe técnico-pedagógica, funcionários, pais,

membros da comunidade em geral, membros da associação de moradores e

da sociedade civil em geral - no processo decisório e de gesto educacional,

visando garantia da autonomia administrativa, pedagógica e financeira

necessárias ao pleno funcionamento da escola (Projeto 1989; PEOE5P, 1989);

f) Definição de politicas e as formas de sua implantação, desen

volvimento, controle e avaliação, por todos os envolvidos no processo de

gestão, resguardando o princípio da transparência administrativa (Projeto

Hage, 1989);

g) Previsão de instrumentos como, por exemplo, participação em

reuniões, processos de consulta obrigatória e periódica comunidade escolar,

garantia de acesso s informações de gestão educacional, que garantam a

interlocução da escola com a sociedade civil, através de suas entidades

organizadas, na defesa da maioria da populaço (idem, ibidem); e

h) Existência de Publicidade, transparência nos resultados obtidos na

gestão educacional (idem, ibidem).

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CONCLUSÃO

Com base nesta revisão bibliográfica, o presente estudo buscou

investigar o que caracterizou a administração educacional participativa e

democratica da escola na década de 80. Ou seja, na época um projeto de

administração em que todos os envolvidos no processo educacional - direção,

equipe pedagógica, corpo docente e discente, funcionários e comunidade -

tenham garantido o espaço para participar da busca, construção e

dssenvolvimento da democracia.

O estudo propôs a investigação especifica da seguinte questão: O que

caracterizou a administração educacional participativa e democratica no que se

refere as bases conceituais para o desenvolvimento de tal proposta?

Justificativa do Estudo

Recentemente, Balallai (1987), Flix (1984) e Paro (1906) observaram um

ponto em comum nos processos de administração participativa: a enfase dada

aos mecanismos de cooperação e engajamento. Afasta-se com isso a hipotese

de que a par ticipação seja apenas um processo que tente recuperar estes

mecanismos, e concebe-se a participação, ao contrário, como uma prática

democrática em que todos os implicados possam participar de um processo

educacional que lhes possibilite a futura inserção na sociedade. Espera-se,

desta forma, que se promovam projetos voltados para a democratização de

oportunidades acesso e permanência na escola, em igualdade de condições,

todos os cidadãos e em que se garanta um bom padrão de ensino.

Segundo Bobbio (1986), por sistema democrático entende-se hoje,

preliminarmante, um conjunto de procedimentos, dos quais a regra da maioria

é o principal, mas não é o único. Por isso, o problema exige que se exprima a

aceitação ou não destas regras e que entre outros procedimentos se esclareça

como devam ser substituídas caso não sejam aceitas. Bobbio prossegue

dizendo que o discurso sobre as vias da política num siste me dernocrático não

terminaria se não levassem em conta os interesses relativos condições de

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desenvolvimento da sociedade. Assim, ele se refere a movimentos sociais e a

movimentos de opinião que visam a defesa e promoção de direitos

fundamentais como aqueles em defesa das minorias, movimentos esses

reconhecidos numa democracia com base nos princípios da liberdade de

associação e o da liberdade de opinião, considerados co mo verdadeiras pré-

condições para o funcionamento das regras do jogo democrático.

Santos (1987), citando Parker, referindo-se aos princípios da cidadania,

afirma que todos deveriam ter os mesmos direitos de compartilhar de tudo

aquilo a que tivessem direito, nos mesmos termos que qualquer outra pessoa.

Necessidades iguais deveriam receber tratamento igual, sem nenhuma

discriminação a favor ou contra quaisquer grupos sociais, econômicos, políticos

e raciais. A idéia de cidadania implica que nenhum estigma seja associado ao

uso dos serviços sociais, quer por atitudes populares de condenação ou

dependência, quer por práticas administrativas ou padrões inferiores de

previsão de serviços.

Voltando-se para o campo da educação, Leal e Silva (1987) afirma ser

necessária a consolidação de práticas democráticas no interior da escola,

orientadas para a construção de sua autonomia, entendida como a capacidade

de articular e executar um processo educativo próprio. (p74),

Mendonça (1987), em trabalho sobre eleições de direto em escolas no

Distrito Federal, indica que através deste processo de escolha de dirigentes

vem-se procurando estabelecer mecanismos que viabilizem uma forma

participativa de administração. Segundo ele, fácil inferir que, dentro de uma

perspectiva política, um tipo de administração participativa e colegiada, com um

projeto educacional libertador, pode começar a gerar choques e confrontos

com a administração central Por isso, sob a roupagem de um discurso

progressista, a experiência permaneceu caracterizada como uma prática

verticalista adotada pelo nível central de administração, tendo, por este motivo,

fracassado.

A prática de uma administração participativa e democrática se constitui

numa proposta inovadora e, como toda inovação, sofre inúmeros processos de

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resistência. Nesta área, Aquino (1982) levanta vários fatores intervenientes na

implantação de um projeto, classificando-os em políticos, culturais, históricos e

psicológicos, e apontando como conclusão que estes vão se integrar, ajustar e

interagir, dando origem a um processo entre eles, cuja harmonia ser

comprovada somente com á prática da convivência no novo projeto. Já Hali

(1984) menciona que o aspecto básico a ser considerado é o fato de as

organizações serem conservadoras por sua própria natureza, criando, portanto,

empecilhos a adaptação de inovações.

Ao se analisar o processo de mudança, deve-se, portanto, estudar uma

série longa e complexa de percepções individuals, normas e processos de

grupo, estruturas orgânicas, pressões da comunidade e do agente de

mudanças, e códigos culturais (Huherman, 1979).

De acordo com o exposto anteriormente, é difícil não reconhecer a

importância do tema deste trabalho. Além de importante, um estudo como este

parece oportuno na medida em que pretende investigar o que caracteriza uma

administração participativa comprometida com a democratização da escola.

Com efeito, no momento em que o país retoma e avança nos caminhos da

democracia e as mudanças educacionais exigem uma nova postura

administrativa, de destacar a importância da administração participativa e

democrática, na esperança de que permita reformular princípios administrativos

e produzir mecanismos efetivamente democráticos de educação.

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ÍNDICE

Folha de Rosto 02

Agradecimentos 03

Dedicatória 04

Resumo 05

Sumário 06

Introdução 07

Capítulo I - Da Democracia a Democracia Participativa 12

Capítulo II - Participação: Elemento fundamental da democracia participativa 18

Capítulo III - Gestão Democrática da Escola Pública – Proposta de administração participativa

e democrática 31

Conclusão 42

Bibliografia 45

Índice 48