a acessibilidade de pessoas com deficiãšncia na ufmt - glaucos monteiro - artigo final

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA Turma EGP 2014 GLAUCOS LUIS FLORES MONTEIRO Disciplina A PESQUISA CIENTÍFICA: A ELABORAÇÃO DO ARTIGO Professor Dr. Alexandro Rodrigues Ribeiro A ACESSIBILIDADE DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NA UFMT Campus Cuiabá CUIABÁ-MT 2015

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A Acessibilidade de Pessoas Com Deficiãšncia Na Ufmt - Glaucos Monteiro - Artigo Final - Especialização

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

    FACULDADE DE ADMINISTRAO E CINCIAS CONTBEIS

    DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAO

    ESPECIALIZAO EM GESTO PBLICA

    Turma EGP 2014

    GLAUCOS LUIS FLORES MONTEIRO

    Disciplina A PESQUISA CIENTFICA: A ELABORAO DO ARTIGO Professor Dr. Alexandro Rodrigues Ribeiro

    A ACESSIBILIDADE DE PESSOAS COM DEFICINCIA

    NA UFMT Campus Cuiab

    CUIAB-MT

    2015

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    A ACESSIBILIDADE DE PESSOAS COM DEFICINCIA NA UFMT campus Cuiab

    Glaucos Luis Flores Monteiro1

    Disciplina A PESQUISA CIENTFICA: A ELABORAO DO ARTIGO Professor Dr. Alexandro Rodrigues Ribeiro

    Resumo

    O presente estudo analisa as condies de acessibilidade de pessoas com deficincia na

    Universidade Federal de Mato Grosso campus Cuiab, na perspectiva do espao fsico. Tem como objetivo investigar quais as aes de educao inclusiva tem sido feitas pela UFMT

    para se adequar aos significados contemporneos de acessibilidade. Por outro lado, pretende-

    se averiguar as aes que se realizaram, identificar as que atualmente esto sendo realizadas

    pelos distintos setores da UFMT e possveis articulaes de gesto. Traz como embasamento

    o princpio constitucional da incluso, que afirma o direito de todos educao, assim como

    os expostos no documento orientador do Programa Incluir Acessibilidade na Educao Superior.

    Palavras-chave: Polticas pblicas. Acessibilidade. Ensino superior.

    1 INTRODUO

    A promoo de polticas pblicas objetivando a reduo das desigualdades sociais

    iniciativa compreendida em muitas instncias da sociedade contempornea, desde meados do

    sculo XX. Acompanhando a linha evolutiva de defesa dos direitos humanos, anunciada pela

    ONU em 1948, em 1975, atravs da Resoluo ONU 2542, da qual o Brasil signatrio, foi

    firmada a Declarao dos Direitos da Pessoa Deficiente, garantindo a este grupo: o exerccio

    do seu direito de dignidade humana, integrao na sociedade, atendimento mdico,

    psicolgico, implantao de estruturas arquitetnicos, jurdicos, sociais e educacionais que

    permitam a mxima independncia dos portadores de deficincia (Organizao das Naes

    Unidas, 1975). O documento buscava garantir que a deficincia da pessoa humana fosse

    considerada na implantao das polticas pblicas e econmicas e que as pessoas portadoras

    de deficincia pudessem integrar com dignidade os diversos setores da sociedade.

    Observando o histrico na legislao brasileira, a referncia s pessoas com

    deficincia aparece a partir da Emenda n 01 Constituio de 1967 (art.175 4), com a

    expresso educao dos excepcionais (BRASIL, 1967), sendo esta considerada a primeira meno oficial pessoa com deficincia no pas. Em seguida, a Emenda n 12 da mesma

    Constituio de 1967, estabeleceu que as pessoas com deficincia tivessem assegurada a

    melhoria de sua condio social e econmica especialmente mediante: educao especial e

    gratuita; assistncia, reabilitao e reinsero na vida econmica e social do pas; proibio de

    discriminao, inclusive quanto admisso ao trabalho ou ao servio pblico e a salrios;

    possibilidade de acesso a edifcios e logradouros pblicos.

    Aps tais inovaes, somente a Constituio Federal de 1988 iria introduziu

    mudanas efetivas, que no somente fizeram referncia aos portadores de deficincia, mas amplia a ideia de Incluso. A chamada Constituio Cidad assegurou pessoa portadora de

    deficincia: proteo no mercado de trabalho; reserva de vagas em concursos pblicos;

    1 Tc. Administrativo. Universidade Federal de Mato Grosso. [email protected]

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    assistncia social; educao; dignidade humana e cidadania (BRASIL, 1988). Neste momento

    comea a ser embrionado o conceito de Educao Inclusiva no pas em concordncia com a

    tendncia mundial, visto a urgncia em promover uma educao para crianas, jovens e adultos com necessidades especiais dentro do sistema regular de ensino (OLIVEIRA, MELO, & ELALI, 2008, p. 64). Ilustrando esta evoluo histrica do tema, em 2006, Freitas

    j evidenciava:

    A dcada de 90 ficou marcada pela Conferncia Mundial da Unesco realizada na

    Tailndia, onde se introduziu a proposta de Educao para Todos. Com a aceitao

    dessas diretrizes, o Brasil se comprometeu a transformar seu sistema educacional

    para alcanar a todos de forma igualitria e com qualidade. Em 1994, na Espanha,

    uma nova proposta foi concebida, e o Brasil aceitou as condies da Declarao de

    Salamanca, sendo que a questo principal a adoo do sistema inclusivo de alunos

    com necessidades educacionais especiais (FREITAS, 2006, pp. A previso

    constitucional do direito incluso social e educacional dos portadores de

    necessidades especiais. Disponvel em: < http://www.ambito-

    juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura >) Acesso em: 22 de

    dezembro de 2014.

    Fica claro que cabe ao Estado o papel de promover, respaldar e apoiar aes em prol

    dessa reduo das desigualdades, em amplos aspectos. Neste sentido, ser analisado como tem

    sido a abordagem da problemtica da Acessibilidade fsica na UFMT, quais os elementos

    histricos envolvidos, e quais as aes efetivas no momento contemporneo.

    A Universidade pblica, enquanto espao social tem por dever, alm de fornecer uma

    educao qualitativa, apresentar condies de acessibilidade a todos, inclusive aos portadores

    de deficincias fsicas; a instituio deve modificar atitudes discriminatrias, criando comunidades acolhedoras (SANTIAGO, 2011). No tocante poltica de Educao Inclusiva em amplos sentidos, seus pressupostos filosficos compreendem a construo de uma escola

    aberta para todos.

    Uma permanente avaliao das mudanas propostas, assim como das efetivamente

    realizadas em mbito local, se faz necessria para a boa gesto da qualidade dos servios

    prestados por uma instituio pblica como a Universidade Federal de Mato Grosso. Desta

    forma justificado, situamos este trabalho no campo da pesquisa exploratria, conforme sugere

    Gil (GIL, 2008, p. 41), envolvendo as etapas: levantamento bibliogrfico; entrevistas com

    pessoas que tiveram experincias prticas com o problema pesquisado; anlise e concluses.

    A anlise dos materiais tem por objetivo compreender a problemtica da acessibilidade no

    contexto da UFMT. Neste sentido, partimos da seguinte questo: Quais as aes de educao

    inclusiva tm sido feitas pela UFMT para se adequar aos significados contemporneos de

    acessibilidade?

    No tocante aos objetivos especficos, discutiremos a questo da acessibilidade fsica,

    que medidas concretas tm sido tomadas para receber pessoas com deficincia na

    universidade? A problemtica da acessibilidade fsica de pessoas com deficincia, no campus

    UFMT de Cuiab, vem sendo discutida de que forma pelas diversas unidades administrativas?

    Estes so alguns questionamentos que esta pesquisa prope.

    2 DESENVOLVIMENTO:

    2.1 Contextualizao histrica

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    De acordo com Carvalho, a organizao dos servios para atendimento a pessoas

    com deficincia teve inicio no sculo XIX, inspirada em experincias da Europa e dos Estados Unidos da America (CARVALHO, 2011, p. 11). Em seu trabalho Educao inclusiva, a professora relata que, nas primeiras dcadas do sculo XX, o Brasil criou escolas especiais que ofereciam aos excepcionais atendimento caracterizado [...]pela vertente mdico-pedaggica, assentado no modelo clnico, com nfase na segregao em instituies

    especializadas[...] (CARVALHO, 2011, p. 12). A professora destaca ainda alguns perodos distintos em que a educao especial no Brasil foi marcada por iniciativas oficiais e

    particulares isoladas, com a criao de escolas especializadas:

    1854 Instituto dos Meninos Cegos/Instituto Benjamim Constant (IBC/RJ);

    1857 Imperial Instituto dos Surdos Mudos / Instituto Nacional da Educao de Surdos (INES/RJ);

    1926 em diante Sociedade Pestalozzi / APAE / Centros de Reabilitao (CARVALHO, 2011, p. 14);

    De 1950 a 1990 o atendimento educacional aos excepcionais foi assumido pelo

    governo federal, marcado pela criao de campanhas e leis que se aproximavam de uma nova

    tendncia mundial, que tinha como base de reflexo os direitos humanos, direitos liberdade sexual, a organizao poltico-econmica e seus efeitos na construo da sociedade e da

    subjetividade humana (CARVALHO, 2011, p. 15).

    Neste contexto, os movimentos sociais desencadeados mundialmente, no sculo XX,

    afirmam o direito de todas as pessoas vida, sade, educao, ao trabalho, garantindo a

    igualdade de direitos e de oportunidades para todo cidado, dentre eles os que possuem

    deficincia, ou portadores de necessidades especiais (PNEs), como denominado na poca.

    Tais ideias despertaram para movimentos que valorizaram os seguintes aspectos: os direitos

    dos cidados, o respeito e direito de ser diferente, a educao vista como forma de melhorar a

    qualidade de vida da pessoa com deficincia, a integrao do deficiente na sociedade.

    Deste perodo tambm, fundamental lembrar-se do texto da Constituio Federal

    que traz em seu Ttulo VIII, denominado da Ordem Social, justamente no art. 227, inc. II,

    pargrafos 1, e 2, a criao de programas visando a integrao de jovens portadores de

    necessidades especiais, atravs de facilitao dos bens e servios, garantindo o acesso

    adequado dessas pessoas (BRASIL, 1988). Ainda que a Constituio de 1988 tambm

    mencione a educao inclusiva, no art. 208, que versa sobre o dever do Estado com a

    educao, revelou-se no inciso III, que uma das garantias constitucionais seria o atendimento

    educacional especializado aos portadores de deficincia, preferencialmente na rede regular de

    ensino (FREITAS, 2006, pp. A previso constitucional do direito incluso social e

    educacional dos portadores de necessidades especiais. A previso constitucional do direito incluso social e educacional dos portadores de necessidades especiais. Disponvel em: < http://www.ambito-

    juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura > ) Acesso em: 22 de dezembro de 2014.

    Adentrando ao sculo XXI, no que tange especificamente a questo da acessibilidade

    fsica no Brasil, duas datas devem ser estabelecidas como marcos fundamentais:

    2004 o Decreto N 5.296 que regulamenta as leis nos 10.048, de 8/10/2000, que d prioridade de atendimento s pessoas que especifica, e 10.098, de

    19/12/2000, que estabelece normas gerais e critrios bsicos para a promoo

    da acessibilidade das pessoas portadoras de deficincia ou com mobilidade

    reduzida, e d outras providncias (BRASIL, 2004).

    2007 O Plano de Desenvolvimento da Educao - PDE foi aprovado pelo Presidente da Repblica Luiz Incio Lula da Silva em 24 de abril de 2007,

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    com o objetivo de melhorar a Educao no Pas, em todas as suas etapas, em

    um prazo de quinze anos. O PDE prev vrias aes que visam identificar e

    solucionar os problemas que afetam diretamente a Educao brasileira, mas

    vai alm por incluir aes de combate a problemas sociais que inibem o

    ensino e o aprendizado com qualidade. Entre as aes propostas pelo PDE, a

    de Acessibilidade especificada nos seguintes termos: as universidades tero

    ncleos para ampliao do acesso das pessoas com deficincia a todos os espaos, ambientes, materiais e processos, com o objetivo de efetivar a

    poltica de acessibilidade universal (MEC, 2007).

    2.2 O contexto universitrio

    A questo da acessibilidade fsica nas universidades est intrinsecamente ligada

    questo da Educao Inclusiva. A Conveno sobre o Direito das Pessoas com Deficincia

    (ONU, 2007), ratificada no Brasil pelos Decretos 186/2008 e 6949/2009, em seu artigo 9,

    afirma que:

    a fim de possibilitar s pessoas com deficincia viver com autonomia e participar plenamente de todos os aspectos da vida, os Estados Partes devero tomar as

    medidas apropriadas para assegurar-lhes o acesso, em igualdade de oportunidades

    com as demais pessoas, ao meio fsico, ao transporte, informao e comunicao (BRASIL, 2008 DECRETO LEGISLATIVO N 186, de 2008. Disponvel em: < ttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/congresso/DLG/DLG-186-

    2008.htm > ) Acesso em fev 2015.

    Nesse contexto, o Ministrio da Educao MEC, com base dos marcos legais polticos e pedaggicos da educao inclusiva, tem atuado para assegurar o direito de todos

    educao regular. A partir de 2008, estabelece a Poltica Nacional de Educao Especial na

    perspectiva da Educao Inclusiva, documento orientador para estados e municpios

    organizarem suas aes no sentido de transformarem seus sistemas educacionais em sistemas

    educacionais inclusivos (MEC, 2008). Conforme o item VI Diretrizes da Poltica Nacional de Educao Especial na Perspectiva da Educao Inclusiva do referido documento, na

    educao superior, a transversalidade da educao especial se efetiva por meio de aes que promovam o acesso, a permanncia e a participao dos alunos (MEC, 2008). Estas aes envolvem o planejamento e a organizao de recursos e servios para a promoo da

    acessibilidade arquitetnica, entre outras, que devem ser disponibilizados nos processos

    seletivos e no desenvolvimento de todas as atividades que envolvem o ensino, a pesquisa e a

    extenso.

    Zilsa Santiago, em seu trabalho sobre a acessibilidade de pessoas com deficincias

    nas IES, em especifico a Universidade Federal do Cear, cita que diversos autores consideram

    que o grupo de pessoas portadoras de deficincia fsica no constitui, tradicionalmente, como clientela da Educao Especial. Desta forma, a incluso facilitada pela acessibilidade fsica nos espaos escolares, no sendo necessrio nenhum outro tipo de assistncia especial

    ao aluno que tenha dificuldade de locomoo (SANTIAGO, 2011, p. 3). De acordo com as estatsticas do Censo da Educao Superior 2005, o tipo de deficincia mais frequente entre os

    alunos portadores de necessidades especiais matriculados nas Instituies de Educao

    Superior a fsica (38%). A seguir vm os estudantes com deficincia visual, que representam

    32% do total. J os deficientes auditivos detm 23% dessas matrculas (MARENGO &

    DUTRA, 2008).

  • 6

    Neste sentido, temos dois problemas inseridos: tanto a dificuldade e a iniciativa tardia do poder pblico no trato das condies de educao de pessoas com deficincia,

    quanto falta de acessibilidade ao meio ambiente fsico construdo (SANTIAGO, 2011). O que invariavelmente, na maioria das IES brasileiras, resulta situao em que dificilmente

    encontraramos uma pessoa com deficincia visual, com surdez ou at mesmo em cadeira de

    rodas transitando nas salas de aula das universidades.

    2.3 Acessibilidades no campus da UFMT - Cuiab

    A UFMT ocupa uma rea total de 4 360 hectares (contando com os 1775 ha da

    fazenda experimental) e 149 mil metros quadrados de rea construda, distribudos pelos

    campi. Conforme a pgina oficial da instituio a UFMT composta por 27 institutos e faculdades, j formou mais de 50 mil profissionais e tem, hoje, mais de 21 mil alunos em seus

    101 cursos de graduao e nos 56 de ps-graduao (UFMT, 2014). Criada atravs da Lei 5.647, de 10 de dezembro de 1970 (BRASIL, 1970), seu campus central comeou a ser

    construdo no incio daquela dcada e um dos locais mais visitados da capital, Cuiab. A

    expanso quantitativa e qualitativa da UFMT faz dela a mais abrangente instituio de ensino

    superior no Estado. Tem, portanto, o grande desafio de promover universalizao da

    acessibilidade, adequando seus edifcios obedecendo legislao vigente, eliminando as

    barreiras arquitetnicas e proporcionando a todos os usurios, sejam alunos, servidores ou

    visitantes, o acesso e a livre circulao.

    Em depoimento prestado com o objetivo de contextualizar historicamente, a

    professora Eda do Carmo P. Garcia, do Departamento de Artes do Instituto de Linguagens,

    que foi uma das precursoras em aes propositivas de acessibilidade na UFMT campus

    Cuiab, relata a formao de uma equipe multidisciplinar denominada NCLEO DE INCLUSO E EDUCAO ESPECIAL, em 2006 (CARMO, 2015). Neste momento a equipe estava ligada ao Instituto de Linguagens, com financiamentos provenientes do

    Programa de Acessibilidade na Educao Superior (Incluir) propondo aes que garantissem a

    integrao de pessoas com deficincia vida acadmica, eliminando barreiras

    comportamentais, pedaggicas, arquitetnicas e de comunicao.

    Inicialmente teve atividades voltadas para os deficientes visuais, de 2006 a 2009,

    quando foram adquiridas impressora Braille e softwares especficos, para o trabalho com esse

    pblico. A partir de 2010, [...]acontece a ampliao do pblico atendido, com a insero de projetos voltados aos deficientes auditivos e projetos de extenso visando uma mudana

    comportamental junto a setores especficos da comunidade cuiabana como: Agentes

    de Trnsito, escolas do ensino mdio, projetos de dana com surdos, elaborao de

    uma cartilha em Braille visando a capacitao do cego para utilizao do

    computador, capacitao de alunos para auxiliarem os deficientes em atividades

    acadmicas ordinrias[...] (CARMO, 2015).

    A professora relata ainda que, naquela poca, a acessibilidade fsica arquitetnica era a mais cobrada pelos setores governamentais, ao mesmo tempo em que o custo era muito

    alto e os recursos liberados pelo Incluir eram insuficientes para tais alteraes, da a equipe optar por priorizar projetos que rompessem barreiras atitudinais, dando condies as pessoas de tratarem diretamente com os portadores de deficincia deixando a soluo dos problemas arquitetnicos para a administrao superior resolver (CARMO, 2015).

    Ainda conforme Carmo (2015), em 2012, apesar de j estar subordinado Pr-

    Reitoria de Cultura, Extenso e Vivncia (PROCEV-UFMT), funcionava fisicamente no

  • 7

    Instituto de Linguagens, foi elaborado um relatrio das aes desenvolvidas e, por falta de

    interesse do pessoal envolvido, foram dadas por finalizadas as atividades do Ncleo.

    Neste momento as questes pertinentes ao tema da acessibilidade j fazem parte das

    atribuies de, pelo menos duas pr-reitorias da UFMT: a Pr-Reitoria de Assistncia

    Estudantil (PRAE-UFMT) e Pr-Reitoria de Planejamento (PROPLAN-UFMT). A PRAE tem

    por objetivo desenvolver aes institucionais no mbito da assistncia estudantil, que garantam o acesso, permanncia e o sucesso acadmico do estudante no curso desde o seu

    ingresso at a sua concluso (PRAE, 2015), tanto nos programas de graduao, como nos de ps-graduao ofertados pela UFMT. Segundo o site da PRAE-UFMT, a UFMT est

    desenvolvendo aes para a implementao do Programa de Acessibilidade na Educao

    Superior (Incluir) que prope garantir o acesso pleno de pessoas com deficincia s

    instituies federais de ensino superior, lembra ainda que o Incluir tem como principal objetivo fomentar a criao e a consolidao de ncleos de acessibilidade nas Instituies

    Federais de Ensino Superior (PRAE, 2015). Ao mesmo tempo explicita que os estudantes com deficincia que necessitam de apoio relacionado acessibilidade devem procurar a

    PRAE, na Coordenao de Polticas Acadmicas e de Aes Afirmativas, tambm convoca os

    professores ou coordenadores de cursos para que identifiquem estudantes nessas condies para entrar em contato com a PRAE (PRAE, 2015).

    A PROPLAN o rgo de Assessoramento Superior da Reitoria, que tem, entre de

    suas diversas finalidades, a de elaborar projetos e promover a realizao e fiscalizao de

    obras, reformas e servios de engenharia, manter de forma organizada as informaes e dados

    relativos s reas acadmicas e administrativas para informaes da comunidade interna e

    externa. Mais especificamente, a Coordenao de Planejamento Fsico CPF tem entre suas atribuies: Planejar e projetar as intervenes fsicas nos prdios e reas comuns da UFMT;

    Assessorar tecnicamente as diretorias das unidades nas definies de novos projetos;

    Executar, solicitar e receber projetos arquitetnicos e complementares; Executar, solicitar e

    compor o oramento; planejar obras, servios de reformas, adequaes e ampliao dos

    espaos fsicos das unidades acadmicas e administrativas dos quatro campi; Elaborar

    projetos e promover a realizao e fiscalizao de obras, reformas e servios de engenharia

    (PROPLAN, 2015).

    Tambm em depoimento prestado com o objetivo de contextualizar o que tem sido

    feito atualmente, no tocante a questo das obras e adequaes para a acessibilidade na UFMT

    campus Cuiab, Mrcia Andrade, Arquiteta da Coordenao de Planejamento Fsico CPF/PROPLAN, relata as atividades do Grupo de Trabalho de elaborao de projetos para

    Preveno de incndios e pnico, e projetos de Acessibilidade, criado em maro 2014

    subordinado a Pr-reitoria de Planejamento, e que tem sido responsvel pelos estudos sobre a necessidade de adequaes arquitetnicas e eliminao das barreiras fsicas da UFMT,

    criao dos projetos de rampas de acessos nas caladas, piso ttil, etc. (ANDRADE, 2015).

    Ainda conforme Andrade, atualmente, em todos os projetos novos da UFMT, tenta-se deixar o mais acessvel possvel. Os novos prdios

    [...] j saem com estruturas adequadas a legislao especifica, no caso a NBR 9050, com banheiros acessveis, edifcios com mais de um pavimento j tem

    elevador. Os edifcios mais antigos do campus Cuiab passaram por readequaes

    de acessibilidade, como banheiros adaptados e insero de elevadores [...] (ANDRADE, 2015).

  • 8

    Segundo declarao de Andrade, a ao da Universidade, por diversas vezes, tem sido marcada pelas aes pontuais especificas conforme as necessidades individuais tem se

    apresentado, nos diversos blocos fsicos do campus Cuiab, as intervenes principais invariavelmente so a construo de elevadores, rampas de acesso e banheiros acessveis, quando necessrio (ANDRADE, 2015).

    3 Consideraes finais

    A partir dos depoimentos e leituras, percebemos que as instituies de ensino

    superior so o espao ideal para o processo de construo da acessibilidade, devido ao seu

    carter de formadora das diferentes categorias de profissionais, alm de sua importncia de

    centro multiplicador de atitudes na sociedade. A acessibilidade um processo dinmico,

    associado no s ao desenvolvimento tecnolgico, mas principalmente ao desenvolvimento

    integral da sociedade.

    A UFMT tem se empenhado na construo de uma cultura de incluso objetivando

    incorporar parmetros de acessibilidade aos novos projetos arquitetnicos, assim como na

    realizao de obras e reformas nas edificaes j antigas do campus de Cuiab. Contudo, as aes ainda se caracterizam como contingenciais. possvel identificar que os programas no

    tem apresentado uma regularidade, que a instituio ainda no possui uma poltica inclusiva

    definida e consistente, onde as atividades parecem estar num processo sempre incipiente,

    alm de no ficar clara a existncia de uma discusso articulada, permanente, entre os

    diversos setores interessados que compem este universo. Em uma simples caminhada pelo

    campus Cuiab, pode-se perceber a falta da acessibilidade fsica adequada (vide os Anexos

    fotogrficos), apesar de todas as iniciativas promovidas pela universidade.

    Se por um lado existe todo um esforo em adaptar adequadamente, em conformidade

    com as normas tcnicas legais, alguns edifcios do campus Cuiab (sinalizao de orientao

    em Braille, piso ttil, vagas especiais nos estacionamentos, elevadores nos blocos, etc.), por

    outro, as adaptaes esbarram em equvocos administrativos, falta de gesto adequada, e at

    com a peculiar falta de cidadania de alguns usurios do campus (ao estacionar em vagas

    destinadas aos PNEs, por exemplo). Esta afirmao pode ser verificada pelos exemplos nos

    registros fotogrficos em anexo: sinalizao ttil de piso bloqueada por portas

    permanentemente fechadas, roletas dificultando o acesso ao campus (at para pessoas sem

    necessidades especiais), rampas que no levam a lugar nenhum, cones de sinalizao

    ocupando as vagas de estacionamento especial, etc.

    Podemos concluir que o atendimento s normas de acessibilidade que tem sido

    adotado, quando da elaborao de projetos para as novas edificaes, so instrumentos

    fundamentais na construo de uma Educao Inclusiva, adequada aos significados

    contemporneos de acessibilidade e, mesmo tendo sido realizadas diversas aes, ainda h

    muito para se fazer at que a Universidade atinja um nvel satisfatrio de acessibilidade em

    sua estrutura fsica. Entretanto, uma mudana atitudinal do usurio do campus um fator

    decisivo na melhoria das condies de ocupao deste espao pblico especifico, no s para

    a pessoa com deficincia, mas para toda a populao.

  • 9

    4 - ANEXOS FOTOGRFICOS

    4.1 FAeCC

    Sinalizao ttil em Braille na entrada lateral da FAeCC.

    Sinalizao ttil no piso, bloqueada pela porta de acesso.

    4.2 ICHS

    Roleta na entrada da Rua 1 (Av. Edgar Vieira).

  • 10

    Rampa na entrada da Rua 1 (Av. Edgar Vieira).

    Porta fechada na rampa da entrada da Rua 1 (Av. Edgar Vieira).

    Sinalizao ttil no piso, bloqueada pela porta de acesso (entrada saguo da cantina do

    ICHS).

  • 11

    Sinalizao ttil no piso, bloqueada pela porta de acesso (entrada saguo da cantina do

    ICHS) vista interna.

    Rampa na lateral da Rua 1 (Av. Edgar Vieira).

    4.3 IL/IE

    Roleta na entrada da Av. Fernando Correa.

  • 12

    Roleta na entrada da Av. Fernando Correa.

    Acesso ao IE/IL pelo estacionamento lateral cone bloqueando vaga especial.

    4.4 PROTOCOLO CENTRAL

    Estacionamento do Protocolo Central (Casaro) - Veculo sem autorizao ocupando vaga

    especial.

  • 13

    Protocolo Central (Casaro) inexistncia de qualquer adaptao de acessibilidade.

  • 14

    Referncias:

    ANDRADE, M. Depoimento (13 de janeiro de 2015). Grupo de Trabalho de Preveno de incndios e

    projetos de Acessibilidade / UFMT. Entrevista concedida a Glaucos Monteiro

    BRASIL. (5 de outubro de 1988). CONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Acesso em 5

    de abril de 2014, disponvel em planalto.gov.br:

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

    BRASIL. (24 de janeiro de 1967). Constituio de 1967 . Acesso em 10 de fevereiro de 2015,

    disponvel em www.planalto.gov.br:

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao67.htm

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