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8˚ Encontro da ABCP
01 a 04/08/2012, Gramado, RS
Área temática: Segurança Pública e Segurança Nacional
Título do trabalho: Políticas Públicas e Homicídios
Autores:
Gláucio Ary Dillon Soares (IESP/UERJ)
Sonia Terron (IBGE1, Espacio Alacip)
Andreia Cidade Marinho (IESP/UERJ)
Resumo:
No Brasil, a segurança pública é jurisdição dos governos estaduais. A análise
de alguns estados como SP, MG e RJ mostra que a implementação de
políticas públicas inteligentes, frequentemente coincide com as mudanças do
governo do estado. Elas alteraram as tendências ao crescimento das taxas de
homicídio. Porém, em muitos estados isso não aconteceu. Não conhecemos as
covariatas políticas das alterações nas tendências nas taxas de homicídio. Não
conhecemos as espacialidades da expansão, nem da redução das taxas de
homicídios. Esse trabalho pretende sanar essas lacunas.
Calcularemos as taxas usando os dados do SIM sobre os dados populacionais
do IBGE. Para a análise espacial, inclusive da independência entre as
tendências municipais, assim como para a apresentação de mapas que
retratam as mudanças, incluiremos tanto estados nos que as mudanças nos
governos estaduais não produziram modificações nas taxas de homicídio,
quanto estados nos que estas mudanças foram acompanhadas de crescimento
ou decréscimo nas mesmas. Dadas as limitações de espaço, trabalharemos
com alguns estados apenas.
1 O IBGE está isento de qualquer responsabilidade pelas opiniões, informações, dados e
conceitos emitidos neste artigo, que são de exclusiva responsabilidade do autor.
1
1. INTRODUÇÃO
A desconstrução de mitos é uma das funções mais importantes dos
cientistas políticos e sociais. Não obstante, os próprios cientistas são
vulneráveis, diríamos muito vulneráveis, a mitos, particularmente em países
que pesquisam pouco o tempo e o espaço onde vivem e teorizam muito,
importando explicações de tempos e espaços muito diferentes. Essa
extrapolação mutila: há mais a respeito do espaço e do tempo do que dois
vetores abstratos e vazios: espaço é contexto e o tempo também.
É indispensável introduzir uma dose de institucionalismo na análise. A
jurisdição primária da segurança pública não é a mesma em todos os tempos e
lugares. No Brasil, desde 1988, ela cabe, constitucionalmente, aos estados. Na
Colômbia, a jurisdição é municipal, o que concede maior peso às decisões,
políticas e programas desse nível. Uma virtude do conhecimento comparado é
trazer à tona a influência dessas instituições que, sem a comparação,
permaneceriam submersas por serem quase invariantes dentro de cada país.
Neste trabalho analisamos mudanças nas taxas de homicídios por cem
mil habitantes, relacionando-as com mudanças demonstráveis nos governos
estaduais, argumentando, sem poder demonstrar, que as mudanças
observadas foram influenciadas por políticas públicas.
Para demonstrar que o que acontece nos estados não é um simples
reflexo de políticas nacionais, usaremos estados cujas taxas de homicídio
seguiram trajetórias muito diferentes no mesmo período. No mínimo, podemos
concluir que as influências da nação não são as mesmas sobre diferentes
estados ou regiões e/ou que se forem semelhantes, não são suficientes para
anular ou reverter as tendências dos estados e seus comportamentos, e
políticas de segurança, benéficas ou não.
Há duas perspectivas a respeito de mortes violentas. Uma as vê como
fatalidades, inevitáveis, que tinham que acontecer. Se fossem assim, então não
haveria nada a fazer. Aconteceriam aleatoriamente, sem relação com nada.
Seriam imprevisíveis. Mas não são fatalidades, nem têm que acontecer. São
evitáveis. As taxas de mortes violentas são mais altas em algumas regiões do
mundo do que em outras, em alguns países do que em outros, em algumas
regiões do que em outras, em alguns estados do que em outros. Há variância
2
entre esses agregados. As mortes violentas, sobretudo as devidas a acidentes
e homicídios, são mais baixas nos países mais desenvolvidos política e
civicamente do que nos demais. As grandes desigualdades entre as taxas de
acidentes e de mortos mostra que não são fenômenos aleatórios nem obras do
acaso. Cultura cívica, homens e governos, através de políticas públicas,
contribuem para aumentar ou reduzir o risco do cidadão de morrer
violentamente. E, como demonstraremos através das taxas de homicídios,
mudanças substanciais, para melhor ou para pior, podem acontecer a prazo
relativamente limitado, entre cinco e dez anos.
Organizamos a análise em três seções de acordo com a escala de
observação. Na primeira fazemos uma comparação entre as duas maiores
regiões do país: a sudeste e a nordeste. Em seguida comparamos estados de
cada uma delas: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, da região sudeste;
e Alagoas, Bahia, Pernambuco e Ceará, da nordeste. Finalmente, fazemos
uma análise espacial ao nível municipal da distribuição geográfica das taxas
nos estados de São Paulo e Bahia, que mostraram tendências opostas no
período de 1999 a 2009. Nas duas primeiras seções são observadas as taxas
anuais no período de 1980 a 2009, na terceira são analisados os anos de 1999,
2004 e 2009. Ocasionalmente, alguns dados mais recentes serão usados. Ao
final, algumas conclusões e dois apêndices, um com as notas metodológicas, e
outro com a relação dos governadores e partidos eleitos para os períodos de
governo de 1979 a 2010.
2. COMPARANDO AS REGIÕES SUDESTE E NORDESTE
A comparação entre as taxas de homicídio das regiões Sudeste e Nordeste
ilustra
como as trajetórias regionais podem ser iguais ou diferentes,
como regiões, como médias, podem usar nova legislação federal para
melhorar a segurança pública ao mesmo tempo que outras não o fazem,
criando diferenças, e
como medidas estaduais inteligentes – ou a sua ausência – podem
pesar nas médias regionais e provocar diferenças entre as taxas
regionais, que são médias estaduais ponderadas (pela população).
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No Gráfico 1 observa-se que, durante praticamente uma década, a taxa
média de homicídios do Sudeste e do Nordeste covariaram, seguiram a mesma
tendência ao crescimento, relativamente moderada e previsível. Não obstante,
a partir de 1988/89/90, o crescimento no Sudeste se acelerou (em termos
técnicos, a derivada segunda passou a ser positiva). O homicídio numa região
cresceu mais rápido do que na outra, criando um hiato, um espaço para a
morte regionalmente desigual. O Sudeste se afirmou como a região mais
violenta do Brasil. A partir de 1995, a taxa do Sudeste atingiu certa
estabilidade, num patamar alto, entre 34 e 35 mortes por cem mil habitantes.
Esse patamar regional mascara diferenças entre os estados, pois a redução
em São Paulo se iniciou mais cedo do que as de Minas Gerais e do Estado do
Rio.
Gráfico 1: Taxas de homicídio por 100 mil habitantes., regiões Nordeste e Sudeste,
1980 a 2009
Fonte: SIM / DATASUS
2003 foi um ano importante por várias razões: a promulgação do
Estatuto do Desarmamento, que possibilitou às polícias organizadas em
estados com cultura cívica mais avançada, retirar de circulação armas,
instrumentos da morte, e os criminosos, agentes da morte, que as portavam. O
4
porte ilegal de armas passou a ser crime. O resultado não se fez esperar: as
taxas de homicídio pararam de crescer no Sudeste e continuaram crescendo
no Nordeste. Entre 2005 e 2006, as linhas de tendência se cruzaram e as taxas
de homicídio do Sudeste passaram a ser mais baixas do que as do Nordeste:
houve uma inversão com sérias consequências – o espaço da morte passou a
ser mais elevado no Nordeste, mais em função da redução do Sudeste do que
do crescimento do Nordeste. No fim do período a taxa do Sudeste se
aproximava da metade da taxa do Nordeste.
Essa análise também nos mostra como bons governos podem salvar
muitas vidas em prazo relativamente curto: dois mandatos de governadores,
dez anos ou um pouco menos.
3. ANALISANDO ALGUNS ESTADOS DO SUDESTE E DO NORDESTE
3.1 SÃO PAULO, MINAS GERAIS E RIO DE JANEIRO
A comparação entre os três maiores estados do Sudeste (São Paulo,
Minas Gerais e Espírito Santo) revela que não há um só percurso válido para
os estados da região (Gráfico 2). Entre 1980 e 1999, a taxa de homicídios no
Estado de São Paulo cresceu paulatinamente, enquanto no Rio de Janeiro
houve um zigue-zague, com ascensos e descensos, em patamar mais alto que
o das taxas de São Paulo. Os dois estados apresentaram movimento
descendente desde o início da década de 2000.
Minas Gerais, por sua vez, permaneceu como um dos estados com mais
baixas taxas de homicídio do país durante o mesmo período de quase duas
décadas. A partir de 1999, houve uma elevação das taxas. A inversão desta
tendência começou a ser percebida em meados de 2004/2005. Na sequencia
analisamos a evolução das taxas de homicídio de cada um destes estados.
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Gráfico 2: Evolução da taxa de homicídios em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, 1980 a 2009
Fonte: DATA-SUS (SIM).
Homicídio em São Paulo:
Entre 1980 e 1999, a taxa de homicídios no Estado de São Paulo
cresceu paulatina e previsivelmente 1,2 por 100 mil habitantes ao ano (Gráfico
3). Percorreu os governos de Paulo Maluf (ARENA), Franco Montoro, Orestes
Quércia e Luis Antônio Fleury Filho (PMDB) sem que a tendência ao
crescimento fosse invertida de maneira estável. Houve, apenas, flutuações
conjunturais.
Com a ascensão de Mario Covas (PSDB) em 1995, foram introduzidos
os primórdios de uma política inteligente de segurança pública que passou a
enfatizar a tecnificação da polícia e seu treinamento. Os resultados somente
começaram a aparecer a partir de 1999. No período de 1999 a 2009, dos
governos Covas (segundo mandato, interrompido pela morte do governador),
Geraldo Alckmin e José Serra (PSDB), houve um decréscimo acelerado na
taxa de homicídios de 3,6 por 100 mil habitantes ao ano (Gráfico 3). A taxa de
homicídios que alcançara alarmantes 44 mortes por 100 mil habitantes em
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1999 caiu para 15,8 em 2009, patamar próximo das registradas trinta anos
antes, no início da década de 80.2
Gráfico 3: Evolução da taxa de homicídios em São Paulo, 1980 a 2009
Fonte: DATA-SUS (SIM).
Homicídio no Rio de Janeiro:
Os dados do Rio de Janeiro permitem uma avaliação positiva de alguns
governos e negativa de outros. As variações que acompanham mudanças de
governo sublinham o poder das políticas públicas e matizam a influência de
processos contínuos, de longa maturação – eles não explicam bem as
mudanças de curto prazo que acompanham as mudanças de governo.
Houve um claro zigue-zague entre 1980 e 1999, que incluiu ascensos e
descensos (Gráfico 4). Houve uma tendência ao crescimento durante o
primeiro governo Brizola e o governo Moreira Franco. Houve um descenso
claro dos anos iniciais de um governo de linha duríssima, impopular entre os
estudiosos, o de Marcello Alencar (PSDB). Posteriormente, a taxa se
estabilizou num patamar alto. A partir de 2003, como resultado das políticas
implementadas pelo Secretário Beltrame, as taxas desceram continuamente.
Novos dados revelam que continua o descenso dos homicídios no Estado do
Rio de Janeiro. Dados relativos aos cinco primeiros meses deste ano (2012)
mostram uma redução de perto de oito por cento em relação a igual período no
ano anterior, quando foram assassinadas 1.945 pessoas, que se traduzem em
161 homicídios a menos do que no mesmo período em 2011. Se somarmos os
2 Só podemos imaginar porque essas políticas não foram implementadas antes, e chorar as
vidas que não foram salvas.
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latrocínios (que não são computados separadamente na maior parte do mundo
com estatísticas confiáveis), o ganho é menor, 142 vidas.
Gráfico 4: Evolução da taxa de homicídios no Rio de Janeiro, 1980 a 2009
Fonte: DATA-SUS (SIM).
Homicídio em Minas Gerais:
Durante quase duas décadas, desde que temos dados, começando em
1979-1980, Minas Gerais se firmou como um dos estados com mais baixas
taxas de homicídio do país, abaixo de 10 por cem mil habitantes, nível abaixo
do qual a violência é definida como uma epidemia, de acordo com a OMS
(Gráfico 5). A partir de 1994, elas começaram a crescer e cresceram mais
rapidamente a partir de 1999. Em relativamente poucos anos, Minas passou a
ser um estado violento, com uma taxa que era mais do que o triplo da sua taxa
“histórica”.
Em 2003, a entrada de pessoa competente nos altos níveis da Defesa
Civil inverteu a tendência ao crescimento. Minas usou bem as facilidades da
Lei do Desarmamento e, em seis anos, a taxa de homicídios baixou
sensivelmente. Usando o resultado de pesquisas, concentrou seus esforços em
populações masculinas, jovens, de baixa renda, um foco ilustrado pelo
programa “Fica Vivo”. Concentrou, também, os esforços em retirar da rua os
reincidentes, cuja taxa de comissão de crimes violentos é altíssima. Essa baixa
continua: em anos recentes, Minas Gerais mostra excelentes resultados no
combate aos crimes violentos, particularmente os contra a pessoa. Esses
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resultados demonstram que o efeito das políticas inteligentes é duradouro,
caso elas sejam mantidas. Entre 2008 e 2010, os crimes violentos sofreram
importantes reduções: de quase setenta mil, para 59 mil, baixando a 50 mil e
seiscentos. Os crimes violentos contra a pessoa sofreram uma redução
considerável no mesmo período: 11.232; 9.503 e 8.935. Finalmente, os
homicídios registrados pela PMMG caíram abruptamente, de 6.770, 5.028 e
4.075. Foram 1.742 vidas salvas em 2009, 2.645 em 2010, num total de 4.437
vidas salvas em dois anos, em relação a quantos teriam morrido se se
mantivessem os níveis de 2008.
Gráfico 5: Evolução da taxa de homicídios no Rio de Janeiro, 1980 a 2009
Fonte: DATA-SUS (SIM).
3.2 ALAGOAS, BAHIA, PERNAMBUCO E CEARÁ
A comparação entre alguns estados do Nordeste (Bahia, Ceará,
Pernambuco e Alagoas), tal como no Sudeste, revela que não há um só
percurso válido para todos os estados da região (Gráfico 6). Embora haja um
claro crescimento dos homicídios no Nordeste como um todo, há padrões
diferentes entre os estados.
Pernambuco apresenta uma trajetória que difere das demais da região,
crescendo rapidamente até 1999. Os estados da Bahia e de Alagoas seguem
um traçado semelhante, com ascensão após 1999. O Ceará apresenta um
padrão de relativa estabilidade até 1992; e depois uma tendência ao
crescimento.
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Gráfico 6: Evolução da taxa de homicídios na Bahia, Ceará, Pernambuco e Alagoas, 1980 a 2009
Fonte: DATA-SUS (SIM).
Homicídios na Bahia e Alagoas:
Os estados da Bahia e de Alagoas seguem um traçado semelhante:
oscilações moderadas até 1999 e, a partir de então, uma explosão nos
homicídios, como se observa no Gráfico 7(a). Em níveis diferentes, a
aceleração pós-1999 é semelhante nos dois estados, como se observa no
gráfico da dispersão entre as duas séries temporais (Gráfico 7b), e o risco
relativo entre eles varia pouco a partir daí.
Gráfico 7: Evolução (a) e correlação (b) da taxa de homicídios na Bahia e Alagoas,
1980 a 2009
Fonte: DATA-SUS (SIM).
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Estes são dois dos estados que mais devem preocupar a cidadania,
devido à aceleração do crescimento da taxa de homicídios: na Bahia cresce
2,96 por ano desde 2000 (Gráfico 8).
Gráfico 8: Evolução da taxa de homicídios na Bahia, 1980 a 2009
Fonte: DATA-SUS (SIM).
Já em Alagoas a taxa de homicídios cresce 4,27 por ano no período da
aceleração, a partir de 2000. (Gráfico 9).
Gráfico 9: Evolução da taxa de homicídios em Alagoas, 1980 a 2009
Fonte: DATA-SUS (SIM).
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Homicídios no Ceará:
O Ceará apresenta um padrão de relativa estabilidade até 1992; a partir
daí se observa uma tendência ao crescimento (Gráfico 10), menor do que a
que caracterizou Alagoas e Bahia a partir de 1999. Iniciando o período com
taxas relativamente muito mais altas do que as da Bahia, nos últimos anos
suas taxas foram mais baixas porque as da Bahia cresceram mais rapidamente
– a interseção entre as taxas se deu em 2005.
Gráfico 10: Evolução da taxa de homicídios no Ceará, 1980 a 2009
Fonte: DATA-SUS (SIM).
Homicídios em Pernambuco:
Em Pernambuco, cuja trajetória difere das demais da região, foi o inicio
do governo de Jarbas Vasconcellos (1999-2006) que começou uma
transformação, com uma baixa modesta nas taxas, que se acelerou a partir e
2007, com o governo de Eduardo Campos (Gráfico 11). No primeiro dos dois
governos citados, a tendência ao crescimento é controlada, dando lugar a uma
discreta redução na taxa de homicídios, que se acentua no governo de
Eduardo Campos. Ao escrevermos esse trabalho, a taxa pernambucana se
situa claramente abaixo da alagoana e se aproxima rapidamente da baiana.
Enquanto a pernambucana decresce, a baiana cresce.
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Gráfico 11: Evolução da taxa de homicídios no Pernambuco, 1980 a 2009
Fonte: DATA-SUS (SIM).
A trajetória de Pernambuco tem algumas semelhanças com a de Minas
Gerais: primeiro controle do crescimento, logo seguido de modesta redução da
taxa, que antecede um terceiro período, de queda mais rápida da taxa de
homicídio.
4. ANALISANDO OS MUNICÍPIOS DE SÃO PAULO E BAHIA NO PERÍODO
1999 A 2009
Nas seções anteriores comparamos a evolução das taxas de homicídio
nas regiões sudeste e nordeste, bem como em alguns estados destas duas
regiões, remetendo à implementação ou não de políticas públicas. Nesta seção
analisamos o que ocorreu ao nível municipal em dois destes estados - São
Paulo e Bahia, que registraram trajetórias opostas no período de 1999 a 2009.
Em São Paulo a taxa de homicídios caiu, enquanto a Bahia registrou
crescimento.
Queremos saber qual a distribuição geográfica das taxas de homicídios
nos dois estados, e se o padrão espacial se manteve ao longo do período de
descenso em São Paulo, e de ascenso na Bahia. Para tanto analisamos as
taxas nos anos de 1999, 2004 e 2009. Utilizamos mapas de desvio padrão,
Índice de Moran e mapas de cluster das taxas municipais. No cálculo das taxas
empregamos o método empírico bayseano espacial, um dos recomendados
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para a redução do problema de instabilidade da variância das taxas (ver
apêndice 1: notas metodológicas).
Em São Paulo de acordo com as distribuições apresentadas nos gráficos
de box plot (Grafico 12), são as taxas de homicídio mais altas (outliers) que
diminuem mais.
Gráfico 12: Box Plot das taxas de homicídio por 100 mil habitantes dos municípios de São Paulo, calculadas pelo método bayesiano empírico espacial
1999 2004 2009
Fonte: DATA-SUS (SIM)
Os mapas de desvio-padrão (Mapa 1) mostram a dispersão das taxas de
homicídio dos municípios, em relação à média das taxas de todos os
municípios. Mostram que, dos 645 municípios paulistas, em cada ano
analisado cerca 62% (400) se mantém abaixo da média. As legendas
informam que a média das taxas caiu de 16,4 homicídios por 100 mil habitantes
em 1999, para 14,6 em 2004, e para 10,9 em 2009. Destacam-se com as mais
altas taxas os municípios da mesorregião metropolitana de São Paulo e
entorno, além dos municípios de São José dos Campos, Campinas, Bragança
Paulista, Itanhaém, Moji das Cruzes, e gradativamente Ubatuba,
Caraguatatuba e arredores da zona litorânea do Estado.
Os diagramas de espalhamento de Moran e respectivos índices de
Moran (Mapa 2) revelam que o padrão inicial era o mais concentrado, com a
formação do grande cluster da mesorregião metropolitana de São Paulo e
entorno. O índice de Moran em 1999 é de 0,48. Em 2004 passa a 0,40, e
14
depois a 0,23 em 2009. Além das taxas terem baixado em vários municípios,
há também uma desconcentração geográfica que esmaece gradativamente os
limites das áreas mais críticas. A grande queda nas taxas ocorre na região
metropolitana de São Paulo. Ainda assim, o mapa de cluster de 2009 (Mapa 2)
consegue delimitar o grupamento litorâneo onde as taxas são as mais altas da
distribuição deste ano.
A análise visual dos mapas mostra que o padrão geoespacial se mantém
concentrado na região metropolitana / litorânea, e pontual no interior, embora o
cluster metropolitano tenha se modificado/expandido. Os índices de Moran
bivariados, calculados para os anos de 1999-2004 e 4004-2009, são
relativamente altos (0,66 e 0,53, respectivamente), e confirmam esta
semelhança.
Em síntese, no estado de São Paulo as taxas de homicídio baixaram de
maneira homogênea ao nível municipal, embora com destaque para a queda
das taxas altíssimas dos municípios da região metropolitana, e para a
manutenção do padrão de concentração de taxas altas nesta região e na faixa
litorânea.
Na Bahia a distribuição das taxas se torna cada vez mais dispersa nos
anos analisados, como se observa nos gráficos de box plot (Gráfico 13), e
mostram-se mais assimétricas a medida que as taxas mais altas (outliers) se
distanciam progressivamente da mediana.
Gráfico 13: Box Plot das taxas de homicídio por 100 mil habitantes dos municípios da Bahia, calculadas pelo método bayesiano empírico espacial
1999 2004 2009
Fonte: DATA-SUS (SIM)
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Mapa 1 – Distribuição espacial das taxas de homicídio nos municípios de São Paulo, 1989, 1999 e 2009 (Mapas de Desvio Padrão)
Fonte: DATA-SUS (SIM), IBGE (malha de municípios Censo 2010).
Nota: taxas calculadas pelo método Spatial Empirical Bayes (GeoDA).
1999
2004
2009
16
Mapa 2 – Concentração das taxas de homicídio nos municípios de São Paulo, 1989, 1999 e 2009 (Mapas de Cluster e Diagrama de Espalhamento de Moran)
1999
2004
2009
Fonte: DATA-SUS (SIM), IBGE (malha de municípios
do Censo 2010). Nota: mapa de cluster elaborado
pelo método LISA Empirical Bayes Rate (GeoDA),
p= 0,05.
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Os mapas de desvio padrão (Mapa 3) mostram que, dos 417 municípios
baianos, a cada ano analisado cerca 60% (260) se mantém abaixo da média.
As legendas informam que a média das taxas subiu de 5,2 homicídios por 100
mil habitantes em 1999, para 8,2 em 2004, e para 18 em 2009. Destacam-se
com as mais altas taxas os municípios do norte baiano (Juazeiro, Sobradinho e
vizinhança) e aqueles ao longo da costa litorânea, nas microrregiões
Metropolitana de Salvador, Ilhéus-Itabuna, Porto Seguro e proximidades.
Os diagramas de espalhamento de Moran e respectivos ïndices de
Moran (Mapa 4) revelam que o padrão inicial era geograficamente disperso,
sem a formação significativa de clusters. O índice de Moran em 1999 é de 0,18.
Em 2004 passa a 0,38, e depois a 0,53 (2009), revelando que além das taxas
terem subido em vários municípios, há também uma concentração crescente
que delimita as regiões mais críticas gradativamente. O mapa de cluster de
2009 (Mapa 4) mostra que as microrregiões de Ilhéus-Itabuna e Porto Seguro
se unem em um grande cluster de taxas muito altas, assim como a
microrregião metropolitana se une à de Feira de Santana e municípios do
entorno.
Embora a análise visual dos mapas mostre uma aparente manutenção
dos padrões espaciais, isso não se comprova com os índices de Moran
bivariados, calculados para os anos de 1999-2004 e 4004-2009, relativamente
baixos (0,34 e 0,40, respectivamente). Em síntese, na Bahia as taxas de
homicídio subiram de maneira diferenciada no nível municipal, com tendência à
maior concentração no entorno de Salvador, Feira de Santana, Ilhéus, Itabuna
e Porto Seguro.
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Mapa 3 – Distribuição espacial das taxas de homicídios nos municípios da Bahia, 1989, 1999 e 2009 (Mapas de Desvio Padrão)
Fonte: DATA-SUS (SIM), IBGE (malha de municípios Censo 2010).
Nota: taxas calculadas pelo método Spatial Empirical Bayes (GeoDA).
1999
2004
2009
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Mapa 4 – Concentração das taxas de homicídio nos municípios da Bahia, 1989, 1999 e 2009 (Mapas de Cluster e Diagrama de Espalhamento de Moran)
1999
2004
2009
Fonte: DATA-SUS (SIM), IBGE (malha de municípios
do Censo 2010). Nota: mapa de cluster elaborado
pelo método LISA Empirical Bayes Rate (GeoDA),
p=0,05.
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5. CONCLUSÕES
Este trabalho tem dois objetivos que interagem: aumentar o
conhecimento e contribuir para políticas públicas que reduzam o risco de
homicídio.
Risco? Sim: em criminologia, não existe “resolver”, mas sim “reduzir os
riscos”, e essa redução depende do desenvolvimento de políticas públicas
baseadas em conhecimento.
Como são essas políticas públicas? Não há milagres, nem medidas
milagrosas capazes de “resolver” o problema da violência. Programas que
ganham notoriedade e até nome próprio, como Tolerância Zero ou Fica Vivo,
incluem muitos subprogramas e muitas medidas discretas. São pacotes. E
reduzem o risco. Como nos referimos a grandes populações, ganhos
percentuais pequenos significam milhares de vidas salvas. Esse é o conceito
de risco.
Governos que salvaram muitas vidas, implementaram políticas públicas
inteligentes, baseadas em pesquisa e conhecimento. Há muitos exemplos de
redução de mortes violentas: o Tolerância Zero, o Paz no Trânsito no DF, a
redução dos homicídios nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, dos
municípios de Diadema, de Bogotá, de Medellín e muitos outros programas
salvaram dezenas de milhares de vidas. Resultaram de medidas inteligentes,
propostas por pesquisadores e não por ideólogos, que foram implementadas
por prefeitos e governadores informados e com vontade política. Infelizmente,
essas qualidades escasseiam entre nossos políticos e a recente explosão dos
homicídios em vários estados do Nordeste e do Norte atesta o despreparo das
elites governantes.
No Brasil, a jurisdição da Segurança Pública é, predominantemente,
estadual, tal qual determinado pela Constituição, Art. 144,§ 6º, que lê “As
polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva
do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.”
Esse dispositivo transforma os estados no principal nível institucional
para analisar o efeito das políticas públicas sobre a violência. O contraste entre
21
as tendências das taxas de homicídio do Sudeste e do Nordeste, e entre os
estados que compõem essas regiões, no mesmo período, demonstra a
importância desse nível.
Porém, aumentos e reduções nas taxas de homicídio não dependem
apenas da população desses estados, mas também de seus governos. Bons
governos estaduais implementam programas inteligentes e salvam vidas.
Quantas vidas? Há duas maneiras padronizadas de estimar esse
número: tomar o ano anterior à implementação de políticas públicas como
base, ou tomar a média das taxas dos anos anteriores como base, subtraindo
dessa base o número real de mortos. A diferença representa o número de
vidas salvas no ano estudado. Outra maneira toma em conta as tendências
anteriores: a partir delas, estimamos valores das taxas de homicídio para a
unidade territorial em questão (como o estado ou o município), em cada mês
ou ano subtrai desse valor a taxa real observada e o resto representa as vidas
salvas. Infelizmente, elas também se aplicam aos aumentos, e os restos
representam vidas perdidas.
Onde quer que olhemos, permanece válida a afirmação: bons governos
salvam vidas.
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BIBLIOGRAFIA
ANSELIN, L. (2005), Exploring Spatial Data with GeoDaTM: A Workbook. Disponível em: http://geodacenter.asu.edu/system/files/geodaworkbook.pdf.
ANSELIN, L. (2003), GeoDa 0.9 User’s Guide. Urbana-Champaign: University of Illinois. Disponível em: http://geodacenter.org/downloads/pdfs/geoda093.pdf.
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APÊNDICE 1: NOTAS METODOLÓGICAS
Nossa fonte primária de dados é o Sistema de Informações de
Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde (DATA-SUS). Analisamos as taxas
estaduais de homicídio no período de 1980 a 2009, último ano disponibilizado
pelo SIM até o momento de construção da base de dados para este estudo.
Para elaboração dos mapas utilizamos taxas de homicídio calculadas para os
municípios partir do microdado do SIM, apuradas segundo o município de
ocorrência do homicídio. As taxas foram calculadas em relação à população
municipal informada pelo IBGE nos respectivos anos.3
As taxas de homicídio municipais foram georeferenciadas para a análise
espacial. Utilizamos as malhas municipais disponibilizadas pelo IBGE (Sinopse
do Censo 2010) em formato Shape (Sirgas 2000, escala 1: 2.500.000). Como a
malha municipal é de 2010, há os casos de municípios que foram sendo
instalados durante o período em estudo. Estes casos não receberam
tratamento especial. Por exemplo, um determinado município instalado após
2002, permaneceu na base de dados com taxa zero neste ano e anteriores.
Consideramos que para os fins propostos da análise espacial exploratória este
procedimento não prejudica a identificação dos padrões espaciais. Outras
análises podem requerer tratamento específico destes casos.
No caso de taxas, além do problema metodológico da agregação de
contagens em áreas – conhecido como falácia ecológica, que reduzimos com a
adoção do município como unidade de análise, há o problema da instabilidade
da variância. Devido às taxas altas obtidas nas unidades territoriais de menor
contingente populacional, por exemplo, numa primeira leitura dos mapas
podemos ter uma falsa impressão, pois estes municípios, na verdade, têm
poucas ocorrências, mas se destacam em cores fortes devido as taxas
elevadas. 3 Fontes da população estadual e municipal empregada no cálculo das taxas: 1980, 1991, 2000
e 2010: IBGE - Censos Demográficos; 1996: IBGE - Contagem Populacional; 1981-1990, 1992-1999, 2001-2006: IBGE - Estimativas preliminares para os anos intercensitários dos totais populacionais, estratificadas por idade e sexo pelo MS/SE/Datasus; 2007-2009: IBGE - Estimativas elaboradas no âmbito do Projeto UNFPA/IBGE (BRA/4/P31A) - População e Desenvolvimento. Coordenação de População e Indicadores Sociais.
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Uma das técnicas para minimizar a instabilidade da variância das taxas
é a estimação bayesiana empírica que supõe que as taxas das diferentes
regiões estão autocorrelacionadas, e leva em conta o comportamento dos
vizinhos para estimar uma taxa mais realista para as regiões de menor
população. No estimador bayesiano empírico as regiões têm suas taxas re-
estimadas aplicando-se um peso inversamente proporcional à população da
região. Assim, unidades com baixo contingente populacional apresentam
reduções, enquanto unidades mais populosas mantêm taxas mais próximas
das originalmente medidas.
O estimador bayesiano pode ser generalizado para incluir efeitos
espaciais: o estimador bayseano espacial. Neste caso é feito a estimativa
bayesiana localmente, convergindo em direção a uma média local e não a uma
média global. Aplica-se o mesmo método anterior, considerando-se como
região a vizinhança. Este foi o método empregado neste estudo.
Utilizamos o sistema GeoDa para o cálculo do estimador bayseano
espacial, as análises de autocorrelação espacial (Índice de Moran) e a
produção dos mapas de cluster e diagramas de espalhamento de Moran.
O Índice de Moran é similar ao coeficiente de correlação de Pearson, e
também varia no intervalo entre 1 e -1. Os valores positivos indicam
autocorrelação espacial positiva (existência de clusters), e quanto mais próximo
de 1, mais agrupado regionalmente é o padrão.
Os mapas de cluster classificam a unidade espacial em quatro
categorias: alto-alto, alto-baixo, baixo-alto e baixo-baixo. Na identificação do
binômio, o primeiro alto da categoria alto-alto, por exemplo, refere-se à variável
na unidade espacial (neste caso o município) em relação à média em todos os
municípios. O segundo alto refere-se à variável nos grupamentos de municípios
e seus vizinhos, em relação à média destes grupamentos. Se o município é
classificado como alto-alto, a taxa de homicídio é alta, em relação à média das
taxas em todos os municípios, e também a média no grupo de vizinhos é alta.
A quinta categoria refere-se às unidades não significativas.4
4
Sobre métodos para tratamento do problema da instabilidade da variância nas taxas
disponibilizados no GeoDa, conferir Anselin (2003, 2005). Sobre autocorrelação espacial, Índice de Moran global (univariado e bivariado), mapas de cluster e matrizes de vizinhança, diagramas de espalhamento de Moran, conferir (Smith, Goodchild, and Longeley 2007) e Terron (2009, 56-68).
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APÊNDICE 2: GOVERNADORES ELEITOS (DIRETA E INDIRETAMENTE) E
PARTIDOS, POR PERÍODO DE GOVERNO, 1979 a 2010
Tabela 1 - São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro
Fonte: TSE.
Tabela 2 - Alagoas e Bahia
Fonte: TSE.
Tabela 3 - Pernambuco e Ceará
Fonte: TSE.
Período São Paulo Minas Gerais Rio de Janeiro
Governador Partido Governador Partido Governador Partido
1979-1982 Paulo Maluf ARENA Francelino Pereira ARENA Chagas Freitas MDB/PP
1883-1986 Franco Montoro PMDB Tancredo Neves PMDB Leonel Brizola PDT
1987-1990 Orestes Quércia PMDB Newton Cardoso PMDB Moreira Franco PMDB
1991-1994 Luis Fleury Filho PMDB Hélio Garcia PRS Leonel Brizola PDT
1995-1998 Mário Covas PSDB Eduardo Azeredo PSDB Marcello Alencar PSDB
1999-2002 Mário Covas PSDB Itamar Franco PMDB Anthony Garotinho PDT
2003-2006 Geraldo Alckmin PSDB Aécio Neves PSDB Rosinha Garotinho PSB
2007-2010 José Serra PSDB Aécio Neves PSDB Sérgio Cabral PMDB
Período Alagoas Bahia
Governador Partido Governador Partido
1979-1982 Guilherme Palmeira PDS Antonio Carlos Magalhães PFL
1883-1986 Divaldo Suruagy PDS João Durval Carneiro PDS
1987-1990 Fernando C de Mello PMDB Waldir Pires PMDB
1991-1994 Geraldo Bulhões Barros PMDB Antonio Carlos Magalhães DEM
1995-1998 Divaldo Suruagy PMDB Paulo Souto DEM
1999-2002 Ronaldo Santos PSB Cesar Borges DEM
2003-2006 Ronaldo Santos PSB Paulo Souto DEM
2007-2010 Teotônio Vilela Filho PSDB Jacques Wagner PT
Período Pernambuco Ceará
Governador Partido Governador Partido
1979-1982 Marco Maciel PFL Virgilio Távora PDS
1883-1986 Roberto Magalhães Melo PPS Gonzaga Mota PMDB
1987-1990 Miguel Arraes PSB Tasso Jereissati PSDB
1991-1994 Joaquim F de Carvalho PTB Ciro Gomes PSDB
1995-1998 Miguel Arraes PSB Tasso Jereissati PSDB
1999-2002 Jarbas Vasconcelos PMDB Tasso Jereissati PSDB
2003-2006 Jarbas Vasconcelos PMDB Lucio Alcântara PR
2007-2010 Eduardo Campos PSB Cid Gomes PSB