7 - carga movel e li
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CARGA MÓVEL RODOVIÁRIA
EVOLUÇÃO DAS NORMAS BRASILEIRAS
Inicialmente a NB-6 de 1943 previa as seguintes classes: Classe I – Pontes situadas em rodovias federais ou estaduais ou principais ligações entre
estas. Consideração de duas possibilidades de trem-tipo: • Multidão p, compressor B em uma faixa e caminhão B nas demais faixas; • Compressor C isolado.
Classe II – Pontes situadas em ligações secundárias com previsão de veículos pesados. Consideração de duas possibilidades de trem-tipo:
• Multidão p, compressor A em uma faixa e caminhão A nas demais faixas; • Compressor B isolado.
Classe III – Pontes situadas em ligações secundárias não incluídas na classe II. • Multidão p, compressor A em uma faixa e caminhão A nas demais faixas.
VEÍCULOS DA NB-6 DE 1943:
CARGAS DISTRIBUÍDAS:
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A partir de 1960 a NB-6 passou a indicar as classes 36, 24 e 12, respectivamente para
rodovias com as características das classes I, II e III da NB-6 de 1943. Os veículos anteriores
(compressor e caminhão) foram substituídos por um único veículo com peso total de 360 kN,
240 kN e 120 kN, respectivamente para as classes 36, 24 e 12, números indicativos da massa
em tonelada. A carga distribuída (multidão) passou a ser decomposta em duas parcelas
distintas: p na faixa do veículo e p’ no restante da pista e nos passeios, cujos valores são
fixados em função da classe.
VEÍCULOS DA NB-6 DE 1960
CARGAS DISTRIBUÍDAS:
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A partir de 1984 a NBR-7188 substituiu a NB-6 e passou a indicar as classes 45, 30 e 12. Os
dois veículos mais pesados (36 e 24) da NB-6/60 foram substituídos por veículos com peso
total de 450 kN e 300 kN. O veículo de 120 kN permaneceu com as mesmas características.
A carga distribuída passou a ser considerada de forma diferente: p na pista e p’ nos passeios,
cujos valores são fixados em função da classe.
VEÍCULOS DA NBR-7188 DE 1984
DISPOSIÇÃO DAS CARGAS DISTRIBUÍDAS:
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CARGA MÓVEL FERROVIÁRIA (NBR-7189)
COEFICIENTE DE IMPACTO – NBR 7187
Para as cargas na pista deve-se ainda considerar a majoração devido ao efeito dinâmico,
através do chamado coeficiente de impacto:
CARGA RODOVIÁRIA
� = 1,4 − 0,007 ≥ 1,0 CARGA FERROVIÁRIA
φ = 0,001�1600 − 60√ + 2,25l� ≥ 1,2
Onde � é o comprimento, em metros, de cada vão teórico do elemento carregado. No caso de vãos desiguais, em que o menor vão seja maior ou igual a 70% do maior, permite-se
considerar a média dos vãos teóricos. No caso de vão em balanço � é tomado igual ao dobro de seu comprimento.
Não se deve considerar a placa de aproximação como um vão para determinação do
coeficiente de impacto.
Concentr.
q (vagão carregado)
q' (vagão descarreg.)
Q (kN)
360 120 20 360 1,0 2,0 2,0
270 90 15 270 1,0 2,0 2,0
240 80 15 240 1,0 2,0 2,0
170 25 15 170 11,0 2,5 5,0
TB
CARREGAMENTO
Distribuído (kN/m)
Distâncias
a (m)
b (m)
c (m)
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TREM TIPO EM SEÇÃO TRANSVERSAL CELULAR Considera-se um elemento estrutural de viga único, com seção celular, sob flexão e torção.
EXEMPLO – Classes 30 e 45
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TREM TIPO LONGITUDINAL –
SEÇÃO CELULAR
EXEMPLO – Classe 45: carga por eixo = 150kN
Admitindo-se um vão de 16,0m o coeficiente de impacto é:
φ = 1,4 − 0,007 × 16,0 = 1,288 (quatro algarismos significativos)
A carga distribuída por unidade de comprimento longitudinal é:
� = �3,0kN/�� × 2,85m! + �5,0kN/�� × 1,288 × 8,25m! = 61,7 "# �$
A carga distribuída no trecho de posicionamento do veículo tipo é:
�′ = &3,0kN�� × 2,85m' + �5,0kN/�� × 1,288 × 5,25m! = 42,4 "# �$
A carga concentrada por eixo, considerando-se o impacto é:
( = 1,288 × 150kN = 193,2kN
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TREM TIPO LONGITUDINAL HOMOGENIZADO
A NBR-7188 permite homogeneizar a carga distribuída, descontando-se a resultante
correspondente à área de projeção do veículo (no caso 3,0m x 6,0m).
Admitindo-se o mesmo coeficiente de impacto (=1,288), a carga distribuída por unidade de
comprimento longitudinal mantém-se a mesma (=61,7 kN/m)
E a carga concentrada por eixo, do veículo homogeneizado, considerando-se o impacto é:
(* = 1,288 × �450kN − 5,0kN/�� × 18,0��!3+,-./ = 154,6kN
Os valores dos trens-tipos das mais recentes normas podem ser resumidos como a seguir:
Carga p Carga p’Peso total
(kN)Eixo (kN) Roda (kN)
Peso total (kN)
Eixo (kN) Roda (kN)
12 3,0 120 80 (traz.) / 40 40 (traz.) / 20 66 44 (traz.) / 22 22 (traz.) / 11
24 4,0 240 80 40 186 62 31
36 5,0 360 120 60 306 102 51
12 4,0 120 80 (traz.) / 40 40 (traz.) / 20 48 32 (traz.) / 16 16 (traz.) / 8
30 300 100 50 210 70 35
45 450 150 75 360 120 60
Veículo Homogenizado
NB-6 1960
NBR-7188 1984
Veículo TipoCarga distribuída
(kN/m2)
3,0
3,05,0
Norma Classe
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EXEMPLO
Recomendação do Manual de
Projetos de Obras de Arte
Especiais do DNER
ESQUEMA ESTRUTURAL
COEFICIENTE DE IMPACTO
Visando simplificar a análise de carga móvel pode-se tomar, a favor da segurança, como único
coeficiente de impacto o maior valor pertinente.
Lembrando que para cálculo do coeficiente de impacto desconsidera-se o vão da placa de
aproximação observa-se que a superestrutura da ponte apresenta extremos em balanço com
5,0m. Neste caso a norma indica tomar � = 2 × 5,0� = 10,0� e assim, para um único
coeficiente de impacto tem-se:
φ = 1,4 − 0,007 × 10,0 = 1,330
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CARGAS DISTRIBUÍDAS – ESQUEMA TRANSVERSAL
CARGA DISTRIBUÍDA LONGITUDINAL VEÍCULO CLASSE 45
� = 2 × �3,0kN/�� × 1,85m! + �5,0kN/�� × 1,330 × 7,20m! = 59,0 "# �$
CARGA POR EIXO VEÍCULO CLASSE 45 COM CARGA DISTRIBUÍDA HOMOGENIZADA
( = 1,330 × �450kN − 5,0kN/�� × 18,0��!3+,-./ = 1,330 × 120kN = 159,6kN
TREM TIPO LONGITUDINAL – SEÇÃO CELULAR
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PONTE METADE CARREGADA - TREM TIPO DE TORÇÃO
Carga distribuída:
� = �3,0kN/�� × 1,85m! + �5,0kN/�� × 1,330 × 3,60m! = 29,5 "# �$
Momento torçor distribuído:
� = �3,0kN/�� × 1,85m! × 4,925m + �5,0kN/�� × 1,330 × 3,60m! × 1,80m = 70,4 "#. � �$
Momento torçor concentrado:
1 = �3,10m + 1,10m! × 60kN × 1,330 = 335,2kN. m
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TREM TIPO EM SEÇÃO TRANSVERSAL EM DUAS VIGAS
Considera-se que cada viga é um elemento estrutural absorvendo uma parcela de carga.
Para determinação do trem tipo longitudinal admite-se que a parcela de carga absorvida por
cada viga seja definida a partir de uma linha de influência de reação de um modelo simplificado
onde a seção transversal é considerada como uma viga biapoiada, com a seguir
exemplificado:
CARGA DISTRIBUÍDA LONGITUDINAL VEÍCULO CLASSE 45
� = 23,0 "# ��$ × �1,386 + 1,106!2 × 1,85m3 + �5,0 "# ��$ × 1,330 × 1,045
2 × 6,90m!= 30,9 "# �$
Observa-se que o valor resulta em cerca de 50% daquele correspondente à seção celular com
mesma geometria viária.
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CARGA DA RODA DO VEÍCULO CLASSE 45 COM CARGA DISTRIBUÍDA HOMOGENIZADA
( = 1,330 × �450kN − 5,0kN/�� × 18,0��!64.56/ = 1,330 × 60,0kN = 79,8kN�porroda!
CARGA POR EIXO NO TREM TIPO LONGITUDINAL:
( = 79,8"# × �0,970 + 0,667! = 130,6kN
TREM TIPO LONGITUDINAL – SEÇÃO COM DUAS VIGAS
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DETERMINAÇÃO DAS SOLICITAÇÕES DECORRENTES DE CARGA MÓVEL
As solicitações em uma seção transversal dependem da posição do trem tipo, sendo definidos
dois valores extremos (máximo e mínimo). Para se definir em quais posições o trem tipo deve
ser posicionado vale-se do conceito de linha de influência.
A linha de influência (L.I.) de determinada solicitação corresponde ao diagrama da solicitação
devido a uma carga unitária considerada sucessivamente em cada abscissa do esquema
estrutural. As ordenadas das L.I.’s são marcadas no diagrama diretamente sobre a posição da
carga unitária.
EXEMPLO: LINHAS DE INFLUÊNCIA DE REAÇÃO DE APOIO EM VIGA BI APOIADA
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Admitindo-se para a viga bi-apoiada o trem tipo a seguir:
A reação máxima Ra é então determinada carregando-se a viga com o trem tipo na seguinte
posição:
O valor da reação máxima pode ser determinado diretamente a partir da linha de influência,
multiplicando-se as cargas concentradas pelas respectivas ordenadas e adicionando-se ao
produto da área pela carga distribuída.
<=>á@ = �1,000 + 0,700 + 0,400! × 145,0 + &5,002 ' × 35,0 = 392"#
Linhas de influência para cortantes e momentos fletores podem ser determinadas da mesma
forma, considerando-se a carga unitária percorrendo diversas posições. Pode-se também
definir as equações das linhas de influência examinando-se as solicitações despertadas pela
carga unitária em uma posição genérica, definida pela abscissa x, como a seguir:
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LINHAS DE INFLUÊNCIA DE CORTANTES E DE MOMENTOS FLETORES
Considerando-se uma seção de estudo “S” situada a 2,00m do apoio esquerdo:
Momentos Fletores e Cortantes para a carga unitária à esquerda da seção “S“
Momentos Fletores e Cortantes para a carga unitária à direita da seção “S“
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A partir das expressões determinadas, convencionando-se valores positivos abaixo do eixo da
viga, podem ser traçadas então as seguintes linhas de influência:
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Observa-se a partir da L.I.Qs que podem ser definidos os seguintes valores extremos:
AB>á@ = �0,600 + 0,300! × 145,0 + &0,600 × 3,002 ' × 35,0 = 162,0"#
AB>íD = −�0,100 + 0,400! × 145,0 − &0,400 × 2,002 ' × 35,0 = −86,5"#
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No caso dos momentos fletores, a seção só apresenta valores máximos positivos, sendo o
valor mínimo, nulo, correspondente situação de ausência de carga móvel.
EB>á@ = �0,300 + 1,200 + 0,600! × 145,0 + &1,200 × 2,002 + 1,200 × 3,00
2 ' × 35,0 = 410"#
Os traçados das linhas de influência para vigas bi-apoiadas podem ser generalizados
conforme apresentado a seguir:
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No caso de viga com balanços o procedimento é semelhante, bastando prolongar as linhas,
como ilustrado a seguir:
100
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PRINCÍPIO DE MÜLLER-BRESLAU
A linha de influência de uma solicitação pode ser determinada eliminando-se o vínculo a esta
solicitação na seção em estudo e impondo-se um deslocamento unitário decorrente de uma
solicitação associada positiva, como exemplificado a seguir:
L.I.R
L.I.Q
L.I.M
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O princípio de Müller-Breslau permite definir com simplicidade a forma das linhas de influência,
mesmo de estruturas mais complexas. A determinação dos valores das ordenadas é também
possível, mas isto tende a ser trabalhoso.
Com princípio de Müller-Breslau em conjunto com as técnicas de traçado das linhas de
influência de vigas bi-apoiadas podem ser traçadas facilmente as linhas de estruturas
isostáticas com rótulas internas, como a do exemplo inicial, conforme ilustrado a seguir:
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SUGESTÃO DE EXERCÍCIOS DE LINHAS DE INFLUÊNCIA
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Tomando como exemplo a determinação da envoltória de cortantes e de momentos fletores na
seção “S”, situada na quarta parte do vão central, tem-se:
CORTANTE
AB>á@ = �0,75 + 0,675 + 0,60! × 157,2 + &0,75 × 15,02 + 0,25 × 9,0
2 ' × 58,3 = 712"# AB>íD = −�0,175 + 0,25 + 0,156! × 157,2 − &0,25 × 5,0
2 + 0,25 × 9,02 ' × 58,3 = −193,4"#
MOMENTO FLETOR
EB>á@ = �3,75 + 3,375 + 3,00! × 157,2 + &3,75 × 5,02 + 3,75 × 15,0
2 ' × 58,3 = 3778"#. �
EB>íD = −�2,344 + 3,75 + 2,625! × 157,2 − &3,75 × 9,02 + 1,25 × 9,0
2 ' × 58,3 = −2682"#. �
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VIGAS HIPERESTÁTICAS
No caso de vigas hiperestáticas pode-se aplicar o princípio de Müller-Breslau para traçado
esquemático das linhas de influência e a partir destas posicionar o carregamento.
CORTANTE
MOMENTO FLETOR
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EXEMPLO DE ANÁLISE AUTOMÁTICA - PROGRAMA FTOOL
Cortantes
AB>á@ = 667,5"# AB>íD = −100,5"#
Momentos Fletores
EB>á@ = 1450"#. � EB>íD = −313,5"#. �
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ENVOLTÓRIA DE CORTANTES (kN)
Viga Isostática
Viga Hiperestática
ENVOLTÓRIA DE MOMENTOS FLETORES (kN.m)
Viga Isostática
Viga Hiperestática