6ª edição do jornal universitário "contemporâneo"

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6ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

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Page 1: 6ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"
Page 2: 6ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

Carta a um português solitário Seja qual for o teu caminho lembra-te que tens sempre uma escolha. Senta-te. Falar-te-ei um pouco sobre este mundo redondo que seguramos por entre

os dedos das mãos. Acabamos de entrar em 2009 e vejo na televisão uma figura altiva e séria, um rosto

conhecido e engravatado que vai respondendo sucessivamente às perguntas que um dia passaram pela cabeça de todos nós. Como pano de fundo uma manchete de curio-sidade a desvendar-me os sentidos: “Portugal em 2009”, uma perspectiva do novo ano nas palavras do Primeiro-Ministro José Sócrates.

Alguém muda de canal. Estamos numa democracia, todos podem fazer valer os seus direitos. A figura que está sentada ao meu lado diz-me que perdeu há muito a paciência para politiquices e opta firmemente pela ficção nacional num misto de euforia e desalen-to.

Subitamente, esvai-se a taxa de desemprego, a recessão, o novo estatuto dos Aço-res e a crise, enquanto a voz apaziguadora da personagem principal da novela da noite surge como que a dizer-nos que está tudo bem, que se fecharmos os olhos estará sem-pre tudo bem.

E nós vamos, deixamo-nos embalar pelo eterno enredo dos mal-amados e pelo confronto cruel entre o bem e o mal. Sorrimos à nossa própria inércia e congra-tulamo-nos com as vitórias dos heróis sobre os vilões.

É para ti que escrevo hoje. Para ti, português solitá-rio, para ti, tão português e tão só como eu, como cada um de nós.

Para ti, que mudaste de canal no dia 5 de Janeiro de 2009 quando as palavras te começaram a ferir por dentro, quando as preocupações te agudizaram a dor de um uni-verso pouco reflectido. Quando te começaste a pergun-tar se estarias seguro, se estaríamos seguros neste nosso Portugal congelado não pelos agrestes frios de Inverno mas pelas quedas constantes de degrau em degrau.

Para ti, que estás com o ânimo no chão, cansa-do de desilusões e previsões negras, para ti que te refugias na ficção para esquecer a realidade, para ti, o desafio de ir mais além, de abandonar a carca-ça do português conformado e temeroso e vestir a pele do homem que utiliza a sua força para vencer no mundo.

Editorial

Por Isa Mestre

Para ti (…) o desafio de ir mais além, de abandonar a carcaça do por-

tuguês conformado e temeroso e vestir a pele do homem que utiliza a sua for-

ça para vencer no mundo.

Page 3: 6ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

Proprietária: Profª Doutora Aurízia Anica Directora: Isa Mestre Sub-Directora: Sofia Trindade Redactor Principal: Adriano Narciso Direcção de Arte: Fábio Lima Secretariado: Sofia Trindade Fotografia: Catarina Andrêz Daniel Candeias Mariana Soares Tânia Marques Política: Fábio Rocha Manuela Vaz Marta Neves Martin Mendes Mónica Gaião Sociedade: Marta Miranda Ana Filipa Pereira Carla Martins Raquel Rodrigues Rita Caeiro Economia: David Marques Paula Bicho Grethel Ceballos Cultura: Joana Gonçalves João Marujo Marta Baguinho Inês Samina Vanessa Costa Daniel Pereira Desporto: Fábio Lima Susana Apolónio Pedro Carrega David Marques Fábio Moreira

Ficha Técnica

Índice

• Sociedade …….....................4

• Cultura ……………………….6

• Economia…...………………..8

• Desporto………...................11

• Política………......................15

• Olhar Contemporâneo….....18

• Crónicas…………………….20

Vive o presente, sê o futuro. Sê... Contemporâneo.

Page 4: 6ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

O Tribunal de Torres Novas decidiu no dia 9 de Janeiro que a guarda da menina Esmeralda Porto é do seu pai biológico, Baltazar Nunes, pondo fim a este processo complicado e conflituoso que abalou o país.

Este processo litigioso sobre quem fica-

va com a guarda da menor arrastava-se já há alguns anos. De um lado o pai biológi-co, que sempre afirmou que nunca tinha esquecido a menina e que queria estar pre-sente na sua vida; do outro, os pais afectivos, que adoptaram Esmeralda em pequena e que sempre cuidaram dela como uma verdadeira filha.

Este acórdão faz assim cumprir uma decisão judicial de Julho de 2004 que já fora confirmada pelo Supremo Tribunal de Justiça.

No entanto, os pais afectivos prometem não desistir. “Vou lutar através de meios legais para

444 Sociedade

Pai biológico fica com Esmeralda

demonstrar que a menina deve ficar comigo que é o que ela quer”, expressou Luís Gomes. Estes meios devem passar pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

Entretanto, a menor fica sob a guarda do pai biológico com quem já se encontrava desde o iní-cio das férias de Natal. Quanto às visitas dos pais afectivos, estão nas mãos de Esmeralda, afirmou Baltazar Nunes.

Foto

: Pu

blico

por Raquel Rodrigues

Baltazar Nunes (à direita) acabou por vencer na justiça

O ano que passou ficou marcado por 45 mulheres mor-tas pelos seus companheiros ou ex-companheiros.

Cada vez mais são visíveis

casos de mulheres vítimas mor-tais de violência doméstica. Este facto conduziu a uma nova pro-posta de lei sobre violência doméstica, sendo que os agres-sores vão passar a ser apresen-tados ao juiz em 48 horas.

A violência doméstica é um problema universal que atinge milhares de pessoas, em grande número de vezes de forma silen-ciosa e dissimuladamente. Trata-se de um problema que acontece em ambos os sexos e não costu-ma obedecer a nenhum nível social, económico, religioso ou

cultural específico. Este fenómeno pode ter diver-

sas manifestações. A violência física é o uso da força com o

objectivo de ferir, deixando ou não marcas evidentes, são comuns murros, agressões com diversos objectos e queimaduras por objectos ou líquidos quentes. A violência psicológica ou emo-cional, às vezes tão ou mais pre-judicial que a física, é caracteriza-da pela rejeição, desvalorização, discriminação, humilhação, des-respeito e vinganças. Trata-se de uma agressão que não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes para toda a vida. A violência ver-bal normalmente dá-se em simul-tâneo com a violência psicológi-ca.

Para atenuar este problema e o seu número de vítimas mortais, a UMAR (União das Mulheres Alternativa e Resposta) continua a trabalhar para clarificar aspec-tos importantes na luta contra a violência de género.

Mulheres vítimas de violência doméstica por Carla Martins

Foto: APAV

APAV luta contra o silêncio das mulheres

Page 5: 6ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

Sociedade

555

O estatuto disciplinar dos fun-cionários públicos que entrou em vigor no passado dia 1 de Janei-ro, afirma que os professores que não sigam os procedimentos de avaliação requeridos pelo minis-tério, poderão sofrer sansões que passam pela suspensão de 90 dias da actividade lectiva, sem direito a receber ordenado duran-te esse período.

O advogado Luís Filipe Carva-lho explica que a lei 58/2008, faz com que os professores tenham de preencher fichas de autoava-liação e, se não cumprirem isso, podem ser alvo de processos disciplinares.

Se os professores não cumpri-rem o seu dever e, por conse-quência, violarem os seus deve-res a pena que se aplica pode chegar a ir de uma simples repreensão até à demissão.

"O estatuto prevê a suspen-

são directa, que pode ir de 20 a 90 dias, sem direito a remuneração, para aqueles que violem procedimentos da avaliação do desem-penho. Ou seja, os avaliados que por acção ou omissão não cumpram a ava-liação estão a infrin-gir uma regra que pode levar directa-mente à suspensão", frisou Luís Filipe Carvalho. Para o advogado, "esta nor-ma é de uma gravi-dade bastante consi-derável e demonstra a importância dada pelo Governo à obrigação da avaliação dos funcionários públi-cos, e não só à dos professores", afirmou ao Diário de Notícias.

Mário Nogueira, Secretário-geral da Fenprof, apelou aos pro-

por Marta Miranda

fessores para não entregarem a sua autoavaliação e afirmou que estes não têm nada a recear quanto a estas ameaças do ministério.

Portugueses ignoram perigos do álcool

O estudo realizado pela empresa Gfk sobre o consumo de bebidas alcoólicas realizado em 17 países europeus afirmou que a cerveja é preferida pela maioria dos homens portugue-ses (55%), enquanto que as mulheres bebem mais vinho e espumante (49 %). As mulheres colocam em último lugar os lico-res, as bebidas destiladas, os cocktails e as vodkas.

Nos vários países inquiridos, chegou-se à conclusão que a maioria das bebidas consumidas tanto por homens como por mulheres são o vinho e a cerve-ja, enquanto que 68% dos portu-gueses afirmam que a idade faz aumentar a preferência pelo vinho.

Professores demitidos

Em Por-tugal, as m u l h e r e s dizem ter m e n o s resistência ao álcool, comparan-do com os h o m e n s que, segun-do o estudo, precisam de mais de cinco bebi-das para se s e n t i r e m alterados.

Apesar das taxas elevadas de consumo de álcool, o estudo revela que os portugueses inquiri-dos não estão preocupados com os problemas de saúde que pos-

por Raquel Rodrigues

sam surgir com o consumo de álcool. Para 41% dos homens e 33% das mulheres, a bebida torna-os mais divertidos.

Crise do ensino continua a ser uma realidade

Foto: Google images

Foto

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a.com

.br

Acidentes rodoviários matam 260 mil crianças por ano

A cerveja continua a ser da preferência dos homens

Page 6: 6ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

Milhões de pessoas já aceitaram morder a maçã. A série literária (e agora, fílmi-ca) Twilight é um fenómeno no mundo inteiro.

A “moda” já dura há alguns

anos do outro lado do oceano, mas só no último ano se tem vindo a alargar ao resto do mundo. Milhões de pessoas já leram os livros e viram o (até agora, único) filme da saga que foi colocada ao nível de Harry Potter: a saga Twilight.

A autora Stephenie Meyer, de 35 anos, garante que a ideia para o primeiro livro da saga - o Crepúsculo (editado em 2005) - surgiu de um sonho que a mes-ma teve numa noite de Junho de 2003. Do sonho faziam parte uma adolescente e um rapaz extremamente bonito, brilhante e… vampiro. Assim, nasceu a história da personagem Isabella Swan, uma adolescente de 17 anos que se muda para a cida-de de Forks e vê a sua vida mudar radicalmente, tendo que vencer os perigos ao apaixonar-se pelo vampiro Edward. Este

666

Os vampiros que conquistaram o mundo

faz parte dos Cullen, uma família vampírica particu-larmente original. Aliás, pode dizer-se que toda esta trama, que é tida como uma das mais belas histórias de amor, e que conta com aventura, romance e fantasia, é rica em originalidade e foge à imagem comum de vam-piro que todos temos.

A saga conta ainda com mais três livros: Lua Nova, Eclipse e Breaking Dawn (ainda não editado em Portugal). Ao todo, os livros já venderam mais de 30 milhões de cópias em todo o mundo e foram traduzidos em 37 línguas diferentes. Está previsto para o presente mês o lançamento de Twilight Saga: The Official Guide onde a autora relata tudo o que é necessário saber sobre o uni-verso Twilight e crê-se também que, embora este tivesse sido recentemente alvo de pirataria, Stephenie Meyer editará Mid-night Sun que consiste na nar-ração da história de Crepúsculo na óptica de Edward Cullen. Fora da saga, a autora já lançou também o romance de ficção científica The Host.

Foto

: tnsj.p

t

Uma metáfora de vida por Saramago

Argentina e na Colômbia. Apresentando todas as conhe-

cidas marcas linguísticas de Sara-mago, o décimo oitavo romance do autor descreve-nos o percurso realizado pelo elefante Salomão - oferecido por D. João III em 1551 ao seu primo, o Arquiduque Maxi-miano - desde a capital portugue-sa à Áustria.

A ideia surgiu a Saramago durante um jantar em Salzburgo,

por Vanessa Costa

por Vanessa Costa

Concluído em Agosto de 2008 e lançado no momento em que se comemora o décimo ani-versário da atribuição do Prémio Nobel da Literatura a José Sara-mago, o novo romance do con-ceituado escritor português “A Viagem do Elefante” ocupa, des-de então, o top de vendas de livros de ficção em Portugal, na

Stephenie Meyer singra na literatura

Cultura

Apesar de a história já ter acabado literariamente, os fãs desta saga ainda podem espe-rar por muito mais pois para além do filme baseado no Cre-púsculo que estreou em Portu-gal no passado mês, a Summit Entertainment acabou de com-prar o direito dos outros três livros para adaptação ao cine-ma.

no restaurante Elefant. Informado da História, o escritor resolveu escrever a sua versão, auxiliado por alguns documentos sobre a viagem de Salomão.

Ao longo do livro viajamos com o elefante num percurso que se revela, afinal, uma metáfora de vida.

Um livro imprescindível.

Page 7: 6ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

José Luís Peixoto lança mais uma obra

777 Cultura

A colectânea de poemas onde o banal é poetizado F

oto

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«Um Homem com sorte»

Nicholas Sparks é um romancista norte-americano que nasceu a 31 de Dezembro de 1965. Natural de Omaha, Nebraska, o escritor cresceu em Fair Oaks na Califórnia e vive actualmente na Carolina do Norte com a família, onde tem vindo a criar muitas das suas obras.

«O Diário da Nossa Pai-

xão» («The Notebook», 1999) foi o seu primeiro romance, tendo tido um enorme êxito após a adaptação do livro para filme, em 2004. Seguiram-se-lhe outros, como «As Palavras que Nunca te Direi» («Message in a Bottle», 1999) e «Um Momento Inesque-cível» («A Walk to Remember», 1999), também eles grandes sucessos editoriais, assim como

por Joana Gonçalves

por Marta Baguinho

Nicholas Sparks, um homem de sucesso

grandes sucessos de bilheteira, após as suas adaptações para versões cinematográficas.

«Um homem com sor-te» («The Lucky one»,2008) é o seu último romance. Este, pela mão da Editora portuguesa Pre-sença, chega a Portugal contan-do com o total de 292 páginas e narra a história de um homem, Logan Thibault, que durante a maior parte da sua vida sempre se considerou comum. Porém, a fotografia de uma mulher encon-trada nas areias do deserto no Iraque, dá à sua vida um toque que nada tem de comum. Esta, que ao princípio é encarada como um talismã, depressa se revela um risco, que pode custar a Thibault tudo aquilo que lhe é querido.

Foto

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Nascido em Portalegre, em 1974, José Luís Peixoto recebe prémio de literatura Daniel Faria 2008.

Tendo as suas obras inseri-

das em duas categorias, ficção e poesia, o escritor conta já com um leque invejável de obras. Na ficção, entre outros, encontramos Morreste-me (ano 2000), Uma casa na escuridão (2002), Antídoto (2003), Cemi-tério de panos (2006), Cal (2007). Na poesia deparamo-nos com A Criança em Ruínas (2001), A Casa, a Escuridão (2002) e a sua obra mais recen-te Gaveta de papéis (2008).

O título desta última obra surge da estrutura da obra, que

se apresenta dividida em partes diversas, “é como se fossem papéis numa gaveta que acaba por ser um lugar de ordem. Também a escrita é sempre um ordenar de uma perspectiva”, afirmou José Luís Peixoto no Gabinete de Imprensa da Câmara Municipal de Penafiel.

Galardoada com o prémio de poesia Daniel Faria 2008, insti-

tuído pelo Município de Penafiel juntamente com a Quasi Edi-ções, esta “gaveta aberta” mos-tra-nos, em 88 páginas de pura magia e de agradável leitura, diversos temas e objectos: foto-grafias de cidades, recortes de jornal, postais, bilhetes usados …

Page 8: 6ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

«O caminho para Portugal sair da quase estagnação económica é estreito mas existe»

Cavaco Silva

nómica, que afecta toda a zona euro, os Estados Unidos e o Japão – não esquecendo os países que, por completa impo-tência económica e/ou governa-tiva, também passam por tem-pos delicados – parecem estar o Brasil, a China, a Índia e, até mesmo, a ressuscitada Rússia.

“Próspero” ano novo A taxa de inflação prevista

pelo Banco de Portugal para 2009 é de cerca de 1%. Foi pro-metido aos portugueses que, para já, as tarifas dos transpor-tes públicos não vão aumentar. Porém, alguns produtos e servi-ços irão sofrer aumentos muito superiores à inflação. O preço do pão registará um aumento superior a 5%, depois do preço dos cereais ter baixado 40%. Por sua vez, a luz ficará mais cara 4,3%.

888

O Ano das Tormentas

Iniciado um novo ano, avizi-nham-se novas dificuldades para o povo português. E quem o diz são as duas principais autoridades governamentais de Portugal, credibilizando o que inúmeros economistas já prog-nosticaram há muito. Cavaco Silva, logo no dia de ano novo, resolveu dar a “boa nova” aos portugueses: “O caminho para Portugal sair da quase estagna-ção económica é estreito mas existe”. Quem partilha da mes-ma opinião que o Presidente da República é José Sócrates, que não perdeu tempo e, logo no dia a seguir, afirmou que o ano de 2009 será “O Cabo das Tor-mentas”.

Segundo dados avançados recentemente, a economia nacional irá regredir 0,1% no presente ano, não se compa-rando, contudo, aos decrésci-mos superiores a 2,5% que se vão registar em Espanha e na Alemanha. Imunes à crise eco-

Foto

: Getty

Imag

es

por David Marques

José Sócrates revela cepticismo face aos tempos que se avizinham

Economia

Tarefa difícil Dia após dia, a crença na

capacidade de resolução dos problemas é cada vez menor. O Governo, que outrora promete-ra criar 150 mil postos de traba-lho, falhou redondamente e é agora apelidado, por muitos, de promíscuo. O fardo que o Exe-cutivo socialista carrega é cada vez mais pesado e tem pela frente a árdua tarefa de fazer face a uma situação bem mais complexa do que aquela com que se deparou quando tomou posse há 4 anos.

Será que o “estreito” e pérfi-do “Cabo das Tormentas” algu-mas vez conseguirá ser ultra-passado para que seja alcança-da a, por agora, utópica Boa Esperança? Resta esperar para ver.

Page 9: 6ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

999 Economia

AUTO-ESTRADAS

A partir do novo ano será

mais caro circular nas auto-

estradas. Uma viagem de

Lisboa ao Porto custará mais

45 cêntimos do que em 2008,

sendo que da capital para o

Algarve, o aumento também

ronda valores semelhantes.

As portagens das pontes que

ligam a margem sul do Tejo a

Lisboa também sofrerão

inflações entre os 3,85 e os

4,44%.

Breves

SÓCRATES EXPLICA-SE AOS PORTUGUESES

Em Grande Entrevista à

SIC, no passado dia 5, o pri-

meiro-ministro português

afirmou que o Governo tem

“o dever de agir em situações

de emergência”. José Sócra-

tes aproveitou ainda para

deixar um recado aos que

duvidam da utilidade dos

investimentos públicos leva-

dos a cabo pela sua adminis-

tração: “Irresponsabilidade é

não fazer investimento públi-

co”.

FOMENTAR A EXPORTAÇÃO

Com base no plano de

luta contra a crise, o Governo

português vai pôr em prática

medidas de apoio ao crédito

para a exportação. O objecti-

vo é facilitar a vida às peque-

nas e médias empresas que

enfrentam graves dificulda-

des de subsistência e de com-

petitividade.

Segundo dados apurados

por analistas do Barclays

Capital, a economia japonesa

poderá ter sofrido uma con-

tracção superior a 12% em

2008. Há 34 anos que a

segunda maior economia

mundial não apresentava

números tão negativos.

JAPÃO EM RECESSÃO

O primeiro-ministro José Sócra-tes afirmou, em Lisboa, na inaugu-ração da exposição sobre os 10 anos da criação do euro e da União Económica e Monetária, que «O euro é um dos maiores suces-sos do projecto europeu».

Segundo Sócrates, a moeda única

trouxe benefícios à Europa, à política económica e financeira e ao desen-volvimento económico.

Salienta ainda o primeiro-ministro que, sem o euro, a resposta à actual crise financeira e económica teria sido ainda mais dolorosa e difícil.

Também para o ministro das Finanças, o balanço de 10 anos da moeda única é claramente positivo e prova de uma maior integração europeia, de maiores facilida-des nos pagamentos e de um fortalecimento do papel da Europa no mundo. «A actual crise veio reforçar a importân-cia do euro», afirma Teixeira dos Santos.

O governador do Banco de Portugal disse que o euro foi uma «experiência de sucesso», de que o crescimento da credi-bilidade do Banco Central Europeu (BCE) é um sinal.

Desde a sua criação, em 1999, o euro valorizou 20 por cento contra o dólar e 40 por cento contra a libra esterlina, segundo Constâncio, e as reservas internacionais em euros passaram de 18 para 27 por cento.

«As notas de euro repre-sentam uma circulação mone-tária superior à das notas de dólar».

Os 10 anos da Moeda Única

por Paula Bicho O euro é hoje «uma moeda robus-ta e credível», acrescentou Constân-cio.

Vítor Constâncio referiu ainda que o euro significou uma descida da inflação (de 3,0 por cento, nos 10 anos antes do euro, para 2,0 por cen-to, nos 10 anos após criação moeda única) e do desemprego (de 10 para 7,0 por cento).

No mesmo período, foram criados 18 milhões de empregos na Zona Euro e 15 milhões nos EUA, notou o governador do Banco de Portugal.

Para o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barro-so, o «euro é um dos maiores suces-sos da integração europeia» e tradu-ziu-se em «estabilidade económica, taxas de juro baixas, crescimento e emprego».

«O euro trouxe emprego e estabilidade», asseveram, categóricos e optimistas, Durão Barro-

so, o Governo e o Banco de Portugal.

Durão congratula-se pelo sucesso do Euro

Foto

: Getty

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Page 10: 6ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

101010 Economia

do barril caiu abaixo dos US$ 34, o menor valor em cinco anos.

“Grande parte da volatilida-de a que estamos a assistir nos preços resulta do vasto leque de notícias geopolíticas”, disse Michael Lynch, presidente do Strategic Energy & Economic Research, à Bloomberg.

Os conflitos em Gaza cria-ram preocupações em relação ao fornecimento do Médio Oriente, a maior região produto-ra da commodity. O temor de uma redução da oferta condi-cionou o incremento dos preços do petróleo.

"A geopolítica tinha desapa-recido do cenário do petróleo nos últimos meses, mas, o petróleo ganhará algum prêmio com os últimos ataques de Israel a Gaza", afirmou Olivier Jakob, consultor da Petroma-trix.

Apesar dos dias de tensão no mercado, é difícil que a crise chegue realmente a prejudicar os embarques de petróleo. Israel convocou os seus reser-vistas e enviou tanques para a

A crise financeira foi mote em 2008. Passado um ano crítico para a economia mun-dial, entramos em 2009 sem júbilo.

Depois de um ano de mar-

cadas alterações, o petróleo entrou em 2009 em alta. Nos últimos dez dias (antes do 5 de Janeiro), influenciada pelos conflitos na Faixa de Gaza, a cotação da commodity dispa-rou.

Na segunda-feira dia 5, o preço do barril WTI (West Texas Intermediate), negociado em Nova York, atingiu US$ 46,99 – uma alta de 24% em relação ao valor de fecho do dia 26 de Dezembro, véspera do início dos conflitos. Em Lon-dres, o barril do Brent1 era negociado a 38,87%, com valo-rização de 23% frente à cota-ção do fim dos negócios de 26 de Dezembro.

Até ao início dos conflitos no Médio Oriente, a percenta-gem máxima de descida do preço do barril era de mais de 70% face ao pico da cotação de US$ 147 em Julho do ano passado. O recuo da cotação provinha das expectativas de recessão nos países desenvol-vidos, que sugeriam menor demanda do produto.

Com o objectivo de frear a brusca queda, no dia 17 de Dezembro a Organização dos Países Exportadores de Petró-leo (OPEP) decidiu por uma redução suplementar recorde na produção diária de petróleo dos países do bloco, de 2,2 milhões de barris. Apesar dis-so, dois dias depois a cotação

Preços do petróleo aumentam

por Grethel Ceballos

Foto

: Fin

ancial T

imes

fronteira com a Faixa de Gaza, mas o grupo Hamas controla a Faixa e tem apoio do Irão, um dos maiores produtores de petróleo no mundo.

Angola, o mais recente Estado-membro da OPEP, assumiu a liderança do cartel no dia 1 de Janeiro e quer esta-bilizar preços do petróleo à escala mundial.

Tendo definido a sua priori-dade, o ministro Angolano do Petróleo garante que será posi-tivo reduzir em 80% a produção mundial. A nova quota de pro-dução angolana é de 1,51 mil milhões de barris por dia, menos 19% do que a produção de Novembro, o que significa que o país está a realizar o maior corte percentual de todos os países membros da OPEP. Para se enquadrar nos novos limites, Angola reduziu a produ-ção da matéria-prima em 244.000 barris diários.

A nova presidência da OPEP acredita que o preço ideal deveria variar entre os 70 e os 75 dólares por barril.

Preço do petróleo tem oscilado bastante nos últimos tempos

Page 11: 6ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

111111 Desporto

Mundo rende-se à magia de CR7

Das ruas do Funchal para Old Trafford, do Andorinha para o Manchester United, do menino que fazia magia com os pés ao melhor do mundo, resu-mir-se-ia em poucas palavras a ascensão meteórica de Cristia-no Ronaldo, não fosse a sua capacidade técnica estonteante e o seu drible traiçoeiro.

Com apenas onze anos o

Sporting já cobiçava o seu talento e o menino de ouro da Madeira acabou mesmo por rumar a Alva-lade num passo decisivo para o seu futuro.

Na época 2002/2003, com apenas 17 anos, Laszlo Boloni viu nele um jogador em ascen-são, lançando-o na equipa princi-pal do Sporting. Desde cedo o público percebeu que estava perante uma das maiores pro-messas do futebol português e, aos poucos, Ronaldo foi ocupan-do o vazio que a ausência do ful-gor de Luís Figo deixara no povo português.

Em 2003, o talento de Ronal-do parecia não caber nos relva-dos portugueses e o Manchester United, num golpe astuto e pers-picaz, não perdeu a oportunidade de juntar o jovem português ao seu plantel já recheado de estre-las.

De olhar rebelde e finta traqui-na, Cristiano cedo conquistou os ingleses, herdando o 7 de Best, Cantona ou Beckham e fazendo sonhar até os mais cépticos.

Reconhecido pelo seu dom, Cristiano Ronaldo sentiu de perto a afeição de milhares de adeptos que, jogo após jogo, entoaram o seu nome na doce canção da vitória.

E porque de vitórias se faz o percurso deste jovem, juntam-se

aos seus títulos uma quantidade infindável de tro-féus que vão desde a Bota de Ouro (melhor marcador da E u r o p a ) (2007/2008), ao prémio de melhor jogador, avança-do e marcador da Liga dos Campeões Euro-peus 2007/2008 e a Bola de Ouro, prémio atribuído pela c o n c e i t u a d a revista France Football.

E m b a l a d o pela conquista da Liga Milioná-ria e do campeo-nato inglês, o número sete da selecção portu-guesa viu o seu nome inscrito entre os nomeados a Melhor Jogador do Mundo. A partir desse momento todos nos enchemos de ansiedade, nós portugueses, e Cristiano, porque apesar da gran-de época e dos títulos conquista-dos em 2007/2008, a sua nomea-ção era partilhada com outros jogadores, também eles com mui-ta qualidade. Todos fazíamos figas para que o fenómeno portu-guês conquistasse este título. Por outro lado, os outros candidatos faziam-nos pensar duas vezes e, por vezes, temer uma injustiça. Fernando Torres, Xavi, Káka e o fortíssimo candidato, Leonel Mes-si, comparado a Maradona, eram os nomes mais receados no leque de nomeados.

Chegava a noite da grande decisão, em Zurique. Todos os portugueses e admiradores de Cristiano Ronaldo esperavam com inquietação que Pelé abrisse o envelope e dissesse aquilo que queríamos ouvir. E foi do mesmo

que, após grande impaciência, saiu o nome do menino-prodígio português, que aos 23 anos ganhava o título de melhor joga-dor do mundo, tornando-se no segundo português a vencer, depois de Luís Figo em 2001.

Já com o troféu nas mãos, mas com poucas palavras, Cris-tiano disse mesmo querer repetir o feito, e continuar a trabalhar para marcar presença nas futuras nomeações do melhor jogador do mundo.

Fez-se história novamente em Portugal, e esta tem a assinatura de Cristiano Ronaldo. Uma memorável proeza desportiva alcançada por este jogador de futebol luso, amado e acarinhado, certamente, por todos aqueles que acompanham a par e passo a sua carreira, por todos os que vibram com as suas fintas e, por todos os que gritam golo quando ele marca.

Obrigado Ronaldo!

* Com Fábio Moreira

Foto

: FIF

A por Isa Mestre *

Ronaldo recebeu de Pelé o prémio mais esperado

Page 12: 6ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

121212

Transferências escasseiam em tempo de crise

Desporto

por Fábio Lima *

to do Campinense, o regresso do treinador Ivo Soares acabou por marcar a equipa que conse-guiu este fim-de-semana ven-cer por duas bolas a zero, dis-tanciando-se das restantes equipas.

Por fim, o Silves, mais uma das equipas algarvias em pro-va, voltou a perder contra o Costa da Caparica por 3-0, tor-nando-se deste modo um forte candidato à descida.

nada 2-2 frente ao Reguengos, num resultado considerado posi-tivo para os leões de Faro. Assim, o Farense soma e segue continuando no grupo da frente na tentativa de lutar por um lugar de acesso à 2ª Divisão Nacional.

Outra das equipas algarvias em prova foi o Messinense que recebeu em sua casa o Cova da Piedade num jogo que viria a acabar num empate a zeros.

Por sua vez, em terrenos lou-letanos, mas desta feita no redu-

O futebol regional ao pormenor

O Louletano assegurou este fim-de-semana a permanência no segundo lugar da III Divisão, série F, levando de vencido o Quarteirense por três bolas a zero e aproximando-se assim de forma decisiva do primeiro classificado com quem disputa-rá o jogo da próxima jornada: o Farense.

Por seu turno, o líder do campeonato empatou esta jor-

por Pedro Carrega

Perto de se dobrar a primei-ra metade do período de trans-ferência, as contratações de peso que têm caracterizado outras épocas tardam em che-gar. Parece que os efeitos da crise já chegaram ao futebol e até mesmo os grandes magna-tas, que adoptaram o futebol como o seu hobbie favorito, já não estão dispostos a cometer as loucuras de outros tempos.

Entre empréstimos e contrata-

ções de baixo custo, o Manches-ter City - incentivado pelos milhões do seu novo proprietário, Mansour Bin Zayed Al-Nahyan - parece ser a equipa mais abasta-da, adquirindo o passe de Wayne Bridge ao Chelsea, por 12 milhões de Euros. Ainda por ter-ras de Sua Majestade, também o Tottenham abriu os cordões à bolsa para resgatar o seu antigo ponta-de-lança, Jermain Defoe. O Manchester United foi mais prudente e, sem se fazer valer de verbas astronómicas, decidiu apostar em Ritchie de Laet, jovem defesa belga do Stoke City e em duas promessas sérvias

avançado brasileiro vai permane-cer nas tropas de Mourinho até ao fim da época.

Por cá, e como o dinheiro não abunda, apenas há lugar para empréstimos. O Benfica empres-tou o incompreendido Fábio Coentrão ao Rio-Ave e André Carvalhas ao Olhanense, clube que lidera a 2ª Liga. Por sua vez, Cissokho resolveu abandonar o clube Sadino, para rumar ao Futebol Clube do Porto, enquanto Rabiola está prestes a abandonar os dragões para reforçar o clube de Olhão.

* Com David Marques

provenientes do Partizan de Bel-grado. Por sua vez, Luís Boa Mor-te trocou o West Ham pelo Hull City, do ex-benfiquista Geovanni.

Em Itália, o maior destaque vai para o Milan, que contratou por empréstimo o Hollywoodesco David Beckham, por dois meses e meio. Menos sonantes, mas tal-vez de maior interesse para os portugueses, é a contratação de Manuel da Costa pela Juventus, que deixa a Fiorentina após uma estadia pouco feliz. Terminado está o dilema de Adriano: Massi-mo Moratti, Presidente dos nera-zurri, afirmou que o possante

Foto

: telegrap

h.co

.uk

David Beckham foi emprestado ao Milan por 2 meses e meio

Page 13: 6ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

131313 Desporto

Tetraplégico “autorizado” a suicidar-se

Daniel James, um jovem de 23 anos e antigo interna-cional inglês ficou tetraplé-gico em Março de 2007 ao deslocar as vértebras C6/C7 durante um treino no seu clube, o Nuneaton.

Sendo James, antes desta

tragédia, uma pessoa saudá-vel e activa, a paralisia fez com que se tornasse uma pes-soa dependente dos seus familiares 24 horas por dia. Essa situação nunca foi aceite pelo jovem, que chegou mes-mo a tentar por três vezes o suicídio, sem êxito, devido à sua limitação.

O fim do sofrimento do jovem inglês aconteceu no dia 12 de Setembro, quando a sua família decidiu levá-lo à Suíça, onde a eutanásia não é consi-derada crime, à clínica das

Foto

: EP

A

Selecção feminina falha apuramento

VOLEIBOL

A selecção feminina de voleibol falhou o apuramen-to para o mundial de 2010, apesar das duas vitórias em solo inglês, na cidade de Sheffield, no inicio da sema-na passada.

A equipa portuguesa orien-

tada pelo cubano Juan Diaz entrou em competição no dia 2 de Janeiro, entrando a vencer ante a equipa da casa – Grã-Bretanha – por 3-2 (25-22; 25-27; 18-25; 27-25; 15-9), num encontro em que as jogadoras lusas começaram a perder mas deram a volta ao jogo, impondo um surpreendente domínio, vencendo o jogo na negra por 15-9. No encontro

seguinte, um dia depois, contra a con-génere israe-lita, as joga-doras lusas foram derro-tadas por esclarecedo-res 3-0 (16-25; 18-25; 25-27), sem margem para dúvi-das em face ao jogo totalmente dominado pelas jogadoras do Médio Oriente, deixando a decisão da passagem à próxi-ma fase a depender de tercei-ros. No último jogo, frente à selecção montenegrina, Portu-gal venceu por 3-0 (25-18; 25-20; 25-14), batendo a selecção

por Fábio Lima

RÂGUEBI

por Fábio Moreira

balcânica da melhor forma. Porém não deu para o apura-mento, visto que os israelitas venceram a Grã-Bretanha por 3-0, terminando esta primeira fase sem sets perdidos, ven-cendo nove. Resta à selecção portuguesa, esperar pela próxi-ma fase de apuramento.

Selecção lusa deixou boa impressão em Inglaterra

Dignitas (organização que auxilia doentes em estado ter-minal).

Ainda que nas leis britâni-cas a morte assistida preveja sentenças até 14 anos de pri-são, a procuradoria inglesa resolveu não penalizar a famí-lia de Daniel James que sofria também com as condições em que o filho vivia - "Ele não caminhava, não tinha as mãos funcionais, sentia constantes dores nos dedos, era inconti-nente, tinha espasmos incon-troláveis nas pernas e precisa-va de assistência 24 horas por dia. Dizia que não estava pre-

parado para uma vida de segunda categoria", explicou várias vezes Julie James, mãe de Daniel. Após várias opera-ções e oito meses de reabilita-ção, as suas melhorias eram escassas. "Ninguém podia amar mais um filho do que nós. Se ele conseguisse viver assim, continuaríamos a tratá-lo com o mesmo amor. Mas ele era determinado e queria libertar-se da prisão em que se tinha transformado o seu cor-po", completou Julie, que se despediu do filho acompanha-da do marido, Mark, e das duas filhas.

«Ele era determinado e queria libertar-se da prisão em que se tinha

transformado o seu corpo» Mãe de Daniel James

Page 14: 6ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

141414

HAMILTON CONDECORADO

O campeão de Formula 1

em título, Lewis Hamilton, foi

condecorado pela Rainha Isa-

bel II, por mérito desportivo,

tornando-se assim Membro do

Império Britânico. Juntamente

com Hamilton, Chris Hoy

recebeu o título de Cavaleiro e

a Rebecca Adlington foi con-

gratulada com a Ordem do

Império Britânico.

LAMY NAS 24H DE DAYTONA

T o y o t a , M c L a r e n ,

Renault, Williams e Red Bull

já garantiram presença nos

testes de Fórmula 1 no Autó-

dromo Internacional do

Algarve, entre os dias 18 e 22

de Janeiro. Renault e Wil-

liams trazem novo carro,

Toyota traz o carro já apre-

sentado em Dezembro.

PORTIMÃO ACOLHE F1

O piloto português foi

convidado a participar na 24

horas de Daytona, naquela

que é a corrida inicial do

Grand-Am Rolex Sports Car

Series. Pedro Lamy, que ven-

ceu em 2007 o campeonato

Le Mans Serie, deverá acom-

panhar Wayne Taylor, Max

Angelelli e Brian Frisselle na

luta pela mítica prova ameri-

cana.

Desporto

PAU GASOL ALCANÇA 10 MIL PONTOS

O espanhol Pau Gasol

tornou-se no segundo euro-

peu a atingir a fasquia dos 10

mil pontos no menor espaço

de tempo na NBA. O extremo

dos Lakers demorou 8 anos a

atingir esta fasquia, mais um

que o alemão Dirk Nowitzki.

O feito foi alcançado na vitó-

ria 113-100 ante os Utah

Jazz, num jogo em que Gasol

fez 21 pontos, 11 recupera-

ções e 6 assistências.

Breves

Começou, no passado dia 3 de Janeiro, a mais prestigiada e exigente prova de todo-o-terreno do mundo – o Dakar. Num cenário diferente do habi-tual, a prova realiza-se em solo sul-americano, alternando entre gravilha, lama, areia, dunas ou pântano, muito mais exigente em termos de variedade de terrenos que qualquer outro Dakar.

A aventura começou em solo argenti-

no, com a primeira tirada a ser vencida por Nasser Al-Atthyah. Nas motos, Marc Coma em KTM venceu e Paulo Gonçal-ves foi o melhor português (15º lugar). Na etapa 2, Carlos Sainz vence e coloca-se no primeiro posto da classificação, bene-ficiando dos minutos perdidos pelo ante-rior líder. Em motos, Paulo Gonçalves voltou a ser o melhor português, desta feita no 18º posto, numa tirada vencida por Verhoeven. Ainda em motos, nota para o desaparecimento de Paul Terry, que viria a ser encontrado dois dias depois, sem vida, vítima de um edema pulmonar devido à ingestão de um produ-to estragado.

Na etapa seguinte, Nasser Al-Atthyah é primeiro e aproxima-se de Sainz. Nas motos, Coma vence e Hélder Rodrigues ficou no Top 10, ascendendo ao 13º lugar na geral. Na 4ª etapa, Carlos Sainz bateu numa luta bem acesa, Al-Atthyah. Coma volta a vencer e Hélder Rodrigues ascen-de de novo na geral, para o 8º posto.

Na etapa número 5, Al-Atthyah sobe ao 1º posto, depois da vitória por parte de De Villiers e a perda de tempo por Sainz. Em motos, Hélder Rodrigues é quinto na etapa, subindo ao sexto lugar da geral, numa etapa vencida por Johan Street.

As habituais complicações do Dakar chegaram na sexta etapa, onde Sainz e Peterhansel capotaram e os camiões ficaram retidos pouco antes do CP1, deixando bloqueada uma enorme caravana de automóveis atrás de si, sendo que todos eles foram penali-zados em 200 horas por terem falhado o controlo de final de etapa no fim do dia - incluindo três pilo-tos portugueses. Ainda

na sequência dos problemas ligados ao CP1, o líder até então, Al-Atthyah foi des-classificado por ter falhado 8 pontos de controlo – podia falhar até 4. Quanto a resultados, De Villiers venceu e Sainz recuperou o primeiro posto. Nas motos, Després vence e Hélder Rodrigues perde um lugar.

Na 7ª especial, tudo andou mais cal-mo, com Sainz a vencer – novamente. Lopéz venceu em motos e Hélder Rodri-gues manteve a sua posição. No dia seguinte à sétima especial foi o dia de descanso, antes da entrada no Chile. Após o dia de descanso, Sainz volta a vencer e Després também imita o piloto espanhol em motos. Hélder Rodrigues tem um mau desempenho e perde dois lugares, passando para 8º. À 9ª tirada, Sainz conquista a quinta vitória. Em motos Verhoeven vence, Hélder Rodri-gues fica em 7º, ascendendo ao 6º lugar na geral.

Por fim, naquela que era a etapa mais longa e mais exigente da prova – pese embora tenha sido encurtada devido a problema de segurança – houve razões de sobra para emoção. O líder em motos, Marc Coma, tomou uma má direcção e perdeu-se no meio do areal, bem como muitos outros. Em função disso, Hélder Rodrigues aproveitou da melhor maneira e ficou no 4º lugar na etapa, subindo ao quinto posto na geral.

Com cinco etapas pela frente, Hélder Rodrigues perfila-se como sendo o princi-pal candidato a levar bem longe o nome de Portugal neste Dakar, que curiosa-mente desagrada muito ao piloto lisboeta. Para que Hélder Rodrigues faça história na competição terá que percorrer os 1250 km em falta, e se possível tentar elevar o nível para alcançar o tão almejado pódio.

Dakar nas Pampas sorri em português

DESP. MOTORIZADOS

por Fábio Lima

Foto

: record

.pt

Hélder Rodrigues leva a bandeira lusa pelas Pampas

Page 15: 6ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

151515

Este é já considerado um dos maiores ataques de sempre no Médio Oriente

por Fábio Rocha

Israel ataca Hamas na faixa de Gaza

No passado dia 27 de Dezembro, o governo israelita iniciou o lançamento de uma ofensiva aérea contra o Hamas (Partido sunita palestiniano) na faixa de Gaza, tendo como objectivo responder e pôr fim aos ataques e tiros de foguetes contra alvos israelitas.

Destes primeiros ataques

resultaram centenas de vítimas mortais e milhares de feridos, entre eles diversos membros do Hamas. Neste período, Israel diz ter destruído mais de 30 alvos. Destacam-se universidades, ministérios, um edifício do parla-mento, túneis de contrabando e oficinas de fabricação de rocket´s. Dizem também ter morto uma das principais caras do Hamas, Nizar Rayan. Para fazer contra a estes ataques e baixas no lado palesti-niano, Khaled Mechaal, chefe do Hamas exilado, apelou a uma terceira intifada, a uma revolta por parte de todos os palestinianos contra Israel.

Enquanto isso, foram muitos os apelos internacionais para fazer com que Israel parasse com os bombardeamentos e entrasse em conversações diplomática com o Hamas, apelos que não foram acedidos pelos responsá-

veis israelitas. Muitas foram tam-bém as manifestações feitas em cidades de todo o mundo como forma desagrado contra esta ofensiva. Milhares de pessoas saíram às ruas para se mostra-rem descontentes e contra estes ataques de Israel

O ataque, embora tenha sido uma surpresa para a comunidade internacional, já era há muito esperado, pois Israel tinha sido alvo de atentados e lançamento de rocket´s por parte do Hamas.

Durante a semana, enquanto o conflito aéreo se ia desenrolan-do, Israel começou mobilizar o seu exército e artilharia junto à fronteira com Gaza. Esperava-se assim uma ofensiva terrestre em grande escala. Foi no dia 3 de

Janeiro que Israel decidiu dar inicio a uma ofensiva terrestre e entrar dentro de Gaza, mas só no dia seguinte se iniciou em força a entrada de soldados e tanques, que rapidamente tomaram o con-trolo de vários pontos estratégi-cos dentro da cidade. Aqui come-çou a batalha directa com os combatentes e apoiantes do Hamas. Até este momento mais de 460 palestinianos já tinham sido mortos.

No Inicio da ofensiva e quan-do este conflito começou a ficar mais duro, Israel impediu por diversas vezes a entrada dentro de Gaza de camiões da ONU que transportavam ajuda humanitária. Mais tarde acabou por ceder aos pedidos de várias entidades inter-nacionais, deixando assim passar essa preciosa ajuda aos habitan-tes de Gaza.

Muitas têm sido as tentativas por parte de diversas entidades mundiais, como a ONU, UE, USA, para convencer os responsáveis israelitas e um cessar-fogo, mas até agora nenhum desses pedi-dos foi aceite. Sarkozy, Presiden-te da República Francesa, e nes-te momento presidente da União Europeia tem sido das figuram que mais tem tentado intervir na tentativa que o Estado de Israel volte atrás e considere que a melhor opção para resolver este problema, seja uma solução diplomática.

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A movimentação de tanques fazer prever uma ofensiva terrestre

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Política

Page 16: 6ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

161616 Política

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Chuva de críticas para José Sócrates F

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m

por Marta Neves

José Sócrates (á direita) foi protagonista de um debate aceso, na SIC

À entrevista que José Socrates deu no passado dia 5 de Janei-ro,a primeira de 2009, não falta-ram criticas dos partidos de oposi-ção. O objecto de crítica foi sobre-tudo a postura que o primeiro ministro mantém relativamente à crise.

O vice-presidente do PSD afir-mou que na entrevista ficou a descoberto a arrogancia do Pri-meiro Ministro no que diz respeito à afronta com o Presidente da República.

Aguiar Branco, vice-presidente do PSD realça também que a entrevista mostrou a incompetên-cia de José Socrates, visto que o orçamento de estado para 2009 mostrou-se completamente irrea-lista.

Ao que parece, o primeiro ministro não ofereçeu segurança aos portugueses quando confir-mou que Portugal entrará, infeliz-mente, em recessão, ao contrário do que o Governo sempre tinha

afirmado, e esta contradição poderá significar as falhas no combate à crise.

Carlos Gonçalves, do PCP, acusou o Primeiro-Ministro de se esconder atrás da crise e de pres-tar serviço aos grandes interes-ses. Na entrevista, José Socrates havia dito que não salvou institui-ções bancárias, salvou sim as

famílias portuguesas. Segundo João Semedo, do

BE, esta entrevista mostrou um Primeiro-ministro atrapalhado, pois durante a entrevista Socrates não conseguiu encontrar razões para a situação económica do país, para o desemprego e para a crise social que se vive actual-mente.

China combate a pirataria

Dois contratorpedeiros chi-neses juntaram-se à coligação naval, constituída por navios americanos, russos, indianos e de vários países da NATO, que patrulha o Golfo de Aden, junto à costa da Somália.

Desde que chegaram à região

têm recebido pedidos de assistên-cia de pelo menos 15 embarca-ções. Trata-se da primeira vez que navios da marinha chinesa saem de águas territoriais há mui-tos séculos.

Piratas somalis têm, até ao momento, atacado mais de 100 navios, tendo raptado cerca de 40. O golfo de Aden liga o Mar

Vermelho ao Oceano Índi-co, sendo um i m p o r t a n t e ponto de p a s s a g e m entre a Euro-pa e a Ásia. Todos os anos, 20.000 cargue iros , petroleiros e navios mer-cantes pas-sam por ele para chegar ao canal do Suez. No entanto, pelo menos uma companhia de transportes já não utiliza esta rota, preferindo a circum-navegação do continente Africano, de modo a evitar ata-ques piratas.

Entretanto, piratas nigerianos libertaram uma tripulação de um

navio francês capturado ao largo da costa do país. Um porta-voz de Bourbon, a empresa proprietária, recusou-se a comentar se foi efectuado algum pagamento de resgate. Acções de violência como esta já levaram a um decréscimo de 20% da produção petrolífera da Nigéria deste 2006.

por Martin Mendes

China entra na luta contra a pirataria nos mares

Page 17: 6ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

171717 Política

JOÃO JARDIM CRITICA “GRUPINHOS” NO PSD

Alberto João Jardim em

entrevista à SIC, criticou cer-

tos “grupos” do PSD por impe-

direm a sua candidatura à pre-

sidência do partido no passado.

Questionado com a possibili-

dade da sua candidatura à lide-

rança do PSD respondeu

“Como é que vou assumir as

responsabilidades se não me

querem?”. Aproveitou também

para elogiar as “qualidades

excepcionais” de Ferreira Leite.

BLAIR PARA PRESIDENTE DA UE

Tony Blair, ex-primeiro

ministro britânico e actual

enviado para o Médio Oriente

é visto como favorito para

ocupar o novo cargo de Presi-

dente da UE. A discussão

sobre este assunto tem estado

parada desde Junho com a

rejeição do Tratado de Lisboa

pelos Irlandeses, no entanto

55%, actualmente já apoiam o

mesmo Tratado, segundo o

Sunday Independent.

OBAMA MANTÉM TRADIÇÃO

A tradição seguida pelos

ex-presidentes da Casa Branca

irá continuar a ser seguida, a

primeira deslocação oficial de

Obama ao estrangeiro terá

como destino o Canadá, como

f o i , n o p a s s a d o d i a

12,oficialmente revelado pelos

assessores do Presidente elei-

to.

Breves

OLIVEIRA E COSTA EM SILÊNCIO

Oliveira e Costa, ex presi-

dente do BPN e da Sociedade

Lusa de Negócios, fez voto de

silêncio durante a comissão de

inquérito parlamentar sobre o

processo de nacionalização do

BPN. Nuno Melo, deputado do

CDS lamenta esta atitude,

dizendo que se tratou de “uma

oportunidade perdida”

Soares quer verdade quanto aos voos da CIA por Marta Neves

Mário Soares, antigo primeiro-ministro e Presidente da República, opinou recentemente, durante uma conferência sobre “Contributos para uma Estratégia Nacional”, no Instituto de Defesa Nacional, sobre um dos temas que muito tem dado que falar na actualidade política portuguesa, os voos para Guantanamo que, suposta-mente e secretamente transportavam prisioneiros de guerra provenientes do médio oriente e terão feito escala em território nacional.

Soares defendeu que Portugal devia ter tornado públicos esses voos e não devia tê-los escondido, subju-gando-se a vontades e poderes exte-riores. Para o antigo chefe de estado, Portugal devia ter tomado posições públicas em relação a este tema, pois desta forma iríamos estar a ser iguais a nós próprios e dessa forma “ganhar o nosso espaço”. Referiu que Portugal devia “manter uma cultura de indepen-dência ética e a coragem de erguer a voz na defesa da coerência dos nos-sos valores e não sermos a ´maria` vai com as outras” . Referiu também que Guantanamo é um exemplo de extre-mo desrespeito dos direitos humanos

e que Portugal d e v i a zelar por e s s e s mesmos direitos, n ã o devendo “ aguar-dar em s i lênc io q u a n d o as coisas s ã o manifes-tamente c o n t r á -rias em relação” aos “próprios valores”.

Nesta conferência, Mário Soares, aproveitou também criticar negativa-mente a administração de George W. Bush, que oficialmente termina esta segunda-feira. Soares classificou esta administração como “infeliz”, criticando as ofensivas militares de que esta foi responsável (Afeganistão e Iraque). Lançou também duras críticas À Alian-ça Atlântica (OTAN), por esta ter sido um braço armado dos Estados Unidos da América.

Hillary Clinton pretende mudar diplomacia americana

Hillary Clinton, futura secretária de Estado do novo governo de Barack Obama, responsabilizou-se no passado dia 13 de Janeiro de 2009, a liderar uma diplomacia já harmonizada com o mundo e prometeu também uma nova perspectiva no que diz respeito ao Irão.

Durante uma audição no Senado, onde se confirmaria a nomeação de Hillary Clinton para o cargo de secretá-ria de Estado, a mesma afirmou que os E.U.A não podem resolver os proble-mas todos do mundo absolutamente sozinhos, tal como o mundo não conse-gue resolver os seus problemas sem o E.U.A.

Hi l lary af irmou também que “Devemos usar aquilo que se entende por ‘poder inteligente’, recorrendo a

todas as ferramentas à nossa disposi-ção”, ou seja, defendeu uma diplomacia inteligente, onde futuramente tomará recurso a outras formas de influência.

Desta forma, a nova secretária de Estado vai tentar uma nova perspectiva com o Irão, visto que o que tentaram antigamente não havia funcionado. Estas novas tentativas serão através do diálogo, mesmo ainda não existindo certezas do êxito.

Hillary, afirmou também que está interessada em abrir portas ao diálogo para tentar contornar o comportamento do Irão, será difícil saber com antece-dência o resultado.

A futura secretária de Estado, afir-mou também que a nova administração tem intenção de colaborar em comum com a Rússia e a China, no que diz respeito ao combate à recessão inter-nacional e à proliferação nuclear.

por Marta Neves

Mário Soares quer verdade

Page 18: 6ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

Olhar Contemporâneo

181818

Mogway

Mouse

Page 19: 6ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

Filipe Ruivo Guerreiro nasceu em 1989, em Faro. Actual-mente é aluno do 2º ano do curso de Ciências da Comuni-cação na Universidade Nova de Lisboa. Encontra na foto-grafia uma nova forma de criar e manipular a realidade que fotografa. Os seus traba-lhos encontram-se expostos na galeria online http://half-pipe.deviantart.com/. A par

deste passatempo, no ano de 2006, participou como representante português na expedição Ruta Quetzal e, em 2007, voltou a representar a comu-nidade lusíada em Paris aquando da vitória num concurso europeu de produção audiovisual.

Paralelamente a estes projectos adquire expe-riência jornalística no jornal i-NOVA, desempe-nhando funções de relações externas e de fotógra-fo.

Olhar Contemporâneo

191919

Patetic

Coins

Page 20: 6ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

202020 Olhar Contemporâneo

Page 21: 6ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

212121 Crónicas

João Aguiar, marketing, merchandising & media do priorado do cifrão

por Artur Ribeiro Gonçalves

Nunca li o The Da Vinci Code de Dan Brown. A minha aversão pelos bestsellers é anti-ga e persistente. Limitei-me a ver o filme. Sem grande entu-siasmo. As frases bombásticas que acompanham as edições impressas dessas obras provo-cam-me uma urticária incurável. Já o disse várias vezes e volto a repeti-lo. João Aguiar parece partilhar a mesma opinião. Só que o faz de forma bem mais criativa nas páginas d’ O Priora-do do Cifrão, uma paródia bem humorada aos designados «romances teológicos» tão em voga hoje em dia, onde a

«cultura de massas» impera ine-xoravelmente.

Os capítulos iniciais da ficção portuguesa conduzem-nos, abruptamente, ao ambiente peculiar do «mundo dos livros» de grande tiragem, todo ele feito por encomenda e à escala plane-tária. Centra-se no modelo ameri-cano referido e transforma-o no «The Caravaggio Papers» de «Ben Browning». A «teoria da conspiração», típica do género, desenvolve-se à sombra do mis-terioso «Priorado do Simão». As principais coordenadas do pasti-che são evidentes. Depois, a tra-ma narrativa envereda por outros percursos discursivos bem mais sinuosos do que os do mero fabrico eficiente de êxitos literá-rios. O sucesso editorial é inegá-vel, mas passageiro. A descober-ta incessante de códigos/papéis perdidos, a proliferação de infalí-veis fórmulas de deus, a explora-ção metódica desse filão esotéri-co, mais não são do que subter-fúgios romanescos para denun-ciar algo de muito mais

«assustador»: o aproveitamento da «crise em que a nossa socie-dade está mergulhada até à ponta das orelhas…». O usufru-to continuado da instabilidade criada, esse, está na mão de quem detém o poder, de quem manipula a informação, de quem engendra os cifrões.

Para entender melhor a men-sagem de João Aguiar, haverá que ler alguns dos títulos ante-riormente publicados. Sobretudo os últimos. Limitar-me-ei ao «Enfim, o Paraíso» (1990), conto de antecipação política mais tar-de ampliado no romance O Jar-dim das Delícias (2005). A acção nesses relatos situava-se num futuro ainda distante, utópico, numa Federação Europeia já concretizada, mas moribunda. A retratada neste terceiro acto do drama representa-se num palco global da actualidade, perante a indiferença dos espectadores. Essa a lição do texto. O alerta. A ironia trágica por excelência des-te nosso mundo contemporâneo.

Agradecimentos: Artur Gonçalves Filipe Ruívo Guerreiro

http://www.contemporaneocc.blogspot.com/