5ª edição do jornal universitário "contemporâneo"

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5ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

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Page 1: 5ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"
Page 2: 5ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

Entraste devagar, ao início aquele mundo incomo-dou-te, apertou-te as têmporas contra uma realidade desconhecida, contra um nada onde tudo pode aconte-cer.

Sentaste-te ao computador cansado de um dia de trabalho, de um par de horas de papéis em cima da secretária e gravata apertada ao pescoço. Pensaste que estavas farto, que ao fim de uns anos todos nos cansamos da vida que escolhemos.

Tiveste ainda tempo de reagir à idiotice do avatar que se movimentava no ecrã. Eras tu, diziam eles.

Como podia ser? Tu, que chegaras a casa e desa-pertaras a gravata e apenas tiveras tempo de ligar a tua máquina de ilusões e premir o botão verde do teu mun-do secreto. Como poderias estar ali?

Second Life. Era esse o nome da droga que te vicia-ra. Ouviras falar dela através de amigos e souberas que simulava em alguns aspectos a vida real e social do Ser Humano.

Afinal, existirá algo melhor que um narcótico que nos mantém sóbrios no nosso próprio mundo?

Cansado do trabalho, da família e da aparência deci-diste optar por uma nova vida, aquela que se construía entre ti e o monitor, aquela que partilhavas com milha-res de pessoas por todo o mundo, aquela vida onde a identidade é o que menos interessa.

Já não eras tu, eras um boneco ao qual chamavam avatar, um boneco com um nome, com uma aparência, com uma vida que tu próprio podias criar.

Um boneco que corre, que anda, que voa, que con-versa e que sente, um boneco comandado à distância por ti, comandado pela solidão feroz de uma “primeira vida” que nem sempre nos traz sorrisos no lugar das lágrimas.

Apetecia-te por vezes esquecer este mundo para viver apenas nesse, onde podes comprar casas, carros, roupas… e, vê bem, até podes voar. Onde o dinheiro não tem preço e onde o preço raramente implica dinhei-ro.

Esqueceste-te do mais importante: da realidade, da realidade à qual, por mais dura que seja, não podemos fugir, da realidade que nos lembra todos os dias de quem somos e o que fazemos aqui. Lembra-te sempre, podes fugir mas não te podes esconder.

Proprietária: Profª Doutora Aurízia Anica Directora: Isa Mestre Sub-Directora: Sofia Trindade Redactor Principal: Adriano Narciso Direcção de Arte: Fábio Lima Secretariado: Sofia Trindade Fotografia: Catarina Andrêz Daniel Candeias Mariana Soares Tânia Marques Política: Fábio Rocha Manuela Vaz Marta Neves Martin Mendes Mónica Gaião Sociedade: Marta Miranda Ana Filipa Pereira Carla Martins Raquel Rodrigues Rita Caeiro Economia: David Marques Paula Bicho Grethel Ceballos Cultura: Joana Gonçalves João Marujo Marta Baguinho Inês Samina Vanessa Costa Daniel Pereira Desporto: Fábio Lima Susana Apolónio Tânia Branquinho Pedro Carrega David Marques Fábio Moreira

Editorial

Por Isa Mestre

Ficha Técnica

Page 3: 5ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

Índice • Sociedade …….....................4

• Cultura ……………………….6

• Economia…...………………..9

• Desporto………...................12

• Política……….....................16

• Olhar Contemporâneo….....18

• Crónicas…………………….20

Vive o presente, sê o futuro. Sê... Contemporâneo.

Page 4: 5ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

No passado dia 4 de Dezembro, no Complexo Pedagógico do Cam-pus da Penha da Universidade do Algarve, realizou-se uma palestra sobre a importância e o contributo que a avaliação externa tem para a melhoria do ensino nas escolas.

A palestra contou com a presença

do Reitor da UAlg, João Guerreiro, do Delegado Regional do Algarve da IGE (Inspecção Geral da Educação) Joa-quim Gago Pacheco e do Inspector-Geral da IGE José Maria Azevedo.

O «Contributo da avaliação externa para a melhoria das escolas» foi o tema da palestra que a Escola Superior da Educação, da UAlg, realizou em parceria com a Inspec-ção Geral de Educação (IGE). Com início marca-do para as 18h30m, num ambiente animado e descontraído, a sala foi enchendo, e a palestra começou 25m depois do previsto.

O Presidente do Conselho Directivo da Escola Superior de Educação da UAlg, Jorge Tomás Ferreira dos Santos agradeceu a todos os pre-sentes e fez referência ao desenvolvimento do sistema de ensino que a UAlg tem proporciona-do, sobretudo através da formação de professo-res. Em seguida, proferiu umas breves notas sobre o Inspector-geral da IGE, José Maria Aze-vedo.

Seguidamente, o Delegado Regional do Algarve da IGE, Joaquim Gago Pacheco, tomou a palavra. «A ESE está viva e faz boas activida-des pela educação», disse, introduzindo assim a temática sobre a avaliação externa das escolas. Em continuação afirmou que a avaliação externa é um elemento fundamental para melhorar o sis-tema de ensino presente nas escolas, que cada vez mais se preocupam em melhorar os resulta-dos dos alunos. Joaquim Pacheco mencionou o facto das escolas, até aos nossos dias, terem vivido na tranquilidade face aos resultados dos seus alunos, daí a importância que a avaliação externa tem agora, pois dá corpo às escolas e exige-lhes mais trabalho e dedicação. No entan-to, e apesar da importância que estas avaliações têm, o Delegado Regional do Algarve da IGE recordou que «não pode haver fantasmas críticos sobre nós [avaliadores externos]», porque estes não penalizam as escolas, dão-lhes sim oportuni-

444 Sociedade

UAlg e a avaliação externa das escolas

dades para melhorar o seu sistema de ensino, em função dos resultados obtidos nas avaliações.

Depois da intervenção do Delegado Regional do Algarve da IGE, foi a vez de José Maria Azeve-do, Inspector-Geral da IGE, tomar a palavra. De forma a ir ao encontro das palavras do Delegado Regional, José Maria Azevedo exprimiu que a utili-dade da avaliação externa «depende do uso que os seus destinatários lhe queiram dar». Segundo o próprio, a avaliação externa das escolas não é obrigatória. No entanto, referiu que qualquer esco-la pode propor-se à mesma. Mencionou, ainda, que a avaliação externa é relevante para o desen-volvimento escolar, uma vez que «fomenta nas escolas uma interpretação sistemática sobre as suas práticas e resultados, a auto-avaliação e a participação social; reforça a capacidade das esco-las para que estas desenvolvam a sua autonomia; regula o seu sistema educativo; e contribui para melhores resultados escolares».

A palestra terminou por volta das 20h05m com umas breves notas acerca dos objectivos da ava-liação externa das escolas, salientando-se o facto de esta apoiar sobretudo as escolas com notas insuficientes e com mais dificuldades. Ficou salien-te o facto de esta avaliação não penalizar as esco-las, mas sim dar-lhes mais oportunidades para melhorarem o seu sistema de ensino. Realizou-se depois um debate, onde os participantes, através das suas intervenções, se mostraram interessados na temática.

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por Marta Baguinho

Joaquim Gago Pacheco a discursar na palestra

A importância da avaliação externa das escolas foi debatida na Universidade do Algarve

Page 5: 5ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

Sociedade

555

O Eurogru-po para os ani-mais apresen-tou queixa na C o m i s s ã o Europeia con-tra Portugal, por manter par-ques zoológi-cos em condi-ções inadequa-das.

O Eurogrupo

que representa as organizações de protecção animal de quase todos os Esta-dos -M em bros da União Euro-peia apresentou formalmente uma queixa junto da Comissão Europeia, pela forma como mui-tos parques zoológicos portugue-ses se encontram inadequados

às necessidades dos animais. Estas falhas nos jardins zooló-

gicos portugueses abrangem não só a situação degradante em que se encontram muitos dos ani-

por Marta Miranda

mais, como tam-bém o facto de muitos dos par-ques não esta-rem legalizados. O Eurogrupo que em 2002 já tinha

visado as autorida-des portuguesas e prestado auxilio para alterar esta situação, encontra-se desapontado com a ineficácia das autoridades, que nada fizeram para alterar esta situação. Assim, se Portugal nada fizer para melhorar as condi-

ções dos animais que se encon-tram nestes parques, o Eurogru-po procede com uma queixa no tribunal Europeu de Justiça.

Acidentes rodoviários continuam a matar

Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revelam que todos os anos morrem cerca de 830 mil crianças no Mundo, sendo grande parte vítima de aciden-tes rodoviários.

A falta de medidas de pre-

venção poderia evitar mil mortes anuais, não só ao nível dos aci-dentes nas estradas mas tam-bém na prevenção de traumatis-mos, lesões e ferimentos nas crianças.

As principias causas de mor-te de crianças por acidente são

Zoológicos acusados de ilegalidades

os acidentes rodoviários, que ceifam a vida a cerca de 260 mil crianças, os afo-gamentos que vitimizam perto de 175 mil, as q u e i m a d u r a s que matam 96 mil e as quedas e intoxicações que matam 47 e 45 mil crianças, respectivamente.

Destes acidentes, as crianças que sobrevivem ficam com sequelas bastante graves para o resto das suas vidas.

São sequelas que resultam de

por Carla Martins

descuidos que podem ser evita-dos por parte dos adultos. Importa, por isso, reforçar a prevenção deste tipo de aciden-tes que tantas vezes têm trági-cas consequências.

Eurogrupo queixa-se de falta de condições dos ZOO’s nacionais

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Acidentes rodoviários matam 260 mil crianças por ano

Page 6: 5ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

Detentor de uma vasta experiência e voz singular no teatro europeu contemporâneo, Krzysztof Warlikowski apresen-ta-nos os “Purificados” de Sarah Kane, prometendo-nos ultrapassar a barreira do sonho e fixar-nos na realidade cruel em que vivemos.

Grace, uma heroína que viveu a morte do irmão, decide investir no seu percurso, assu-mindo uma personalidade forte e exclusiva. São constantes as palavras que matam e as ima-gens que nos inquietam e ator-mentam. As personagens pren-dem-se nos detalhes e o peso de cada uma é crucial no desenrolar da história.

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“Purificados”, a nudez e a crueldade da vida

É possível sentir o estranho conforto entre o lado psicológico e o metafórico, numa alegoria ao abandono, à tristeza e à soli-dão. O encenador polaco pre-tende, deste modo, alertar-nos para a descoberta da luz e da redenção em momentos som-brios e dolorosos.

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‘Tempo’ leva arte a Portimão

De modo a celebrar a abertu-ra do Tempo (nome escolhido para o teatro municipal), a direc-ção deste mesmo espaço elabo-rou um festival que teve inicio no dia 5 de Dezembro e decorrerá até 21 de Dezembro. O edifício

onde ante-riormente já funcionavam o tribunal e a biblioteca, é composto por 5 anda-res, tendo o a u d i t ó r i o p r i n c i p a l capacidade para quase 500 pessoas e o secun-dário uma lotação de 170 lugares.

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por Inês Samina

por Vanessa Costa

Fachada principal do novo teatro municipal de Portimão

O novo teatro municipal de Portimão foi oficialmente inau-gurado na passada quinta-feira, 11 de Dezembro, dia da cidade.

“Purificados” estará em cena no Teatro São João no Porto

Cultura

A promessa de experiência de vida na sua nudez e cruelda-de, num espectáculo a não per-der, dias 5 e 6 de Dezembro no Teatro Nacional de São João, no Porto, pelas 21h30m.

O Tempo dispõe também de uma sala polivalente onde decorrerão ensaios e apresen-tações e de um salão onde existe uma “biblioteca-café”.

Dispondo de equipamentos de uma sofisticação extrema e de alguns dos melhores técni-cos especializados na área, esta estrutura é já considerada “a mais moderna no sul do país”, como refere João Ventu-ra. O director do Tempo garan-te também uma “forte e diver-sificada programação” já a partir do próximo ano, estando já a programação para o 1º trimestre de 2009 concluída e para o 2º quase terminada. Fica então a promessa de o Tempo levar teatro, música, dança, arte circense e muitas outras artes à população porti-monense.

Page 7: 5ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

Pedro Pinheiro, um nome a relembrar

777 Cultura

Cinema luso perde grande actor

O actor e dramaturgo Pedro Pinheiro faleceu no dia 13 de Novembro de 2008, com 68 anos, vítima de cancro.

Pedro Pinheiro era um dos protagonistas da série exibida pela SIC, “Malucos do Riso”, onde celebrizou a frase: “Ai Costa, a vida Costa…”.

O último trabalho ao qual emprestou o seu dom da representação foi o fil-me “Amália”, já disponível nas salas de cinema.

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Durante os quarenta e cinco anos de carreira, o actor ganhou notorie-dade através de novelas e séries líderes de audiência, como “Tudo por Amor”, “Fascínios”, “Maré Alta” e “Capitão Roby”.

Como dramaturgo, Pedro Pinheiro destacou-se com a peça “Encontro com Rita Hayworth”, galardoada com o Gran-de Prémio de Teatro Por-tuguês em 2000.

Morreu Alçada Baptista

Alçada Baptista, conhecido escritor da nossa praça, mor-reu dia 7 de Dezembro às 15:00H, em Lisboa.

Abandonando-nos aos 81

anos, o escritor e jornalista deixa-nos como legado a vasta obra publicada na área da ficção e ensaio e o cunho, na sociedade portuguesa, das suas iniciativas pelos direitos do homem e pela liberdade, que marcam uma vida de inquietações políticas e sociais.

A sua escrita “de afectos”, influenciada pelo cristianismo e por pensadores como Emmanuel Moulier e Teillard de Chardin, cativou muitos leitores. Segundo o autor um dia explicou "a minha obra escrita vende-se muito por uma razão simples, porque eu sou talvez o primeiro escritor que não teve vergonha dos afectos”.

Foi um dos fundadores da revista “O Tempo e o Modo” e

editor da Moraes Editora, onde promoveu jovens escritores.

Foi candidato pela Oposição Democrática nas eleições para a Assembleia Nacional e assessor para a Cultura.

Após o 25 de Abril, administrou o jornal ‘O Dia’ e presidiu ao Insti-tuto Português do Livro até 1986.

Foi sócio da Academia Brasilei-ra de Letras, da Academia das

por Joana Gonçalves

por Sofia Trindade

Alçada Baptista foi escritor empenhado nos Direitos Humanos

Ciências de Lisboa e da Academia Internacional de Cultura Portugue-sa, desempenhando um importante papel no estreitamento das rela-ções de Portugal com o Brasil.

Foi sepultado dia 8 de Dezem-bro no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, onde lhe foi prestada a últi-ma homenagem por parte da famí-lia, amigos e admiradores.

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Page 8: 5ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

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Antena 1 apoia a digressão de ‘Portugalex’ pelo país

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«A VERDADEIRA TRETA»

«PORTUGALEX, Portugal em 50 minutos»

O Contemporâneo sugere…

por Joana Gonçalves

Em jeito de crítica humorística da actualidade, Portugalex passa da rádio para o palco. Idealizada pelas Produções Fictícias, ence-nada por António Pires e com tex-tos de Patricia Castanheira, Susa-na Romana e Fábio Benídio, visa relatar todo um ano de aconteci-mentos.

António Machado e Manuel

Marques que formam, na Antena 1 e na Antena 3, a dupla de Portu-galex, são os que lhe dão vida nesta sua faceta teatral. Recordar figuras públicas, bem como peri-pécias que marcaram Portugal

neste último ano, é o objectivo desta “viagem” de 50 minutos pelo país.

O Teatro São Luiz, em Lisboa,

será, até dia 20 de Dezembro, o palco para esta peça que promete apresentar uma caricatura da actualidade.

Zézé e Toni estão de regres-so com a peça A Verdadeira Treta. Espera-se mais do mes-mo, ou seja, conversa da treta.

A peça centra-se no diálo-

go trocado pelos dois acto-res, José Pedro Gomes e António Feio, traduz-se num “mix” de ignorância e con-vencimento que caracteriza Zézé e Toni pertencente à espécie dos "Chico-Espertus Lusitanus".

Nesta nova peça, a dupla vai a uma caixa Multibanco para levantar dinheiro e Zézé não se lembra do código. Como conversa puxa conver-sa, o duo passa uma imensi-dão de tempo a falar de tre-tas.

É feita uma abordagem a personagens da literatura portuguesa e do desporto, aos problemas citadinos, às figuras de séries televisivas e

até a Maddie. Mas também ao preço do petróleo, às operações plásticas, à segurança, educa-ção, saúde e ao aumento dos juros bancários. O humor e o mal dizer são presenças assíduas

nesta peça com temas contem-porâneos, banais e quotidianos da realidade portuguesa. É este o grande truque para ficarmos com um sorriso de orelha a ore-lha.

O cenário propositada-mente simples, traduz-se apenas em duas cadeiras e num cinzeiro ao meio, obri-gando-nos a puxar mais pela imaginação e a captar-mos a qualidade da lingua-gem dos actores. A essência da comédia é a “filosofia do disparate” e onde ambos se achinca-lham mutuamente, desper-tando o riso do público. Note-se que os dois actores iniciaram este bem sucedi-do projecto no Auditório Carlos Paredes, em 1997 e, desde então esgotaram já as mais importantes salas de espectáculos do Pais. O Coliseu do Porto será palco desta comédia de 10 a 14 de Fevereiro.

por Daniel Pereira

Cultura

Foto: Google Images

Invicta recebe a ‘Verdadeira Treta’

Page 9: 5ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

vamos regressar para níveis que pareciam impossíveis há 5 meses”, adiantou à Bloomerang.

Contrariamente, e para evitar que tal aconteça, a OPEP tem mar-cada uma reunião que terá lugar no dia 17 de Dezembro em Oran, na Argélia, onde vai estar em cima da mesa um eventual novo corte pro-dutivo. Recorde-se que os 11 paí-ses que constituem a organização que produz 40% do petróleo mun-dial defendem que o preço médio do crude deveria rondar os 80 dóla-res por barril.

Desde o passado dia 11 de Julho, data em que atingiram o his-tórico recorde de 147 dólares, as cotações do petróleo já registaram perdas superiores a 70% em Lon-dres e em Nova Iorque.

999

‘Ouro negro receia tornar-se prata’

Economia

Cotação do ‘ouro negro’ vol-tou a cair para mínimos que não se registavam desde Janeiro de 2005. Nem mesmo as ameaças de cortes produtivos evitam a queda dos preços do crude que, de acordo com analistas da matéria, prometem não ficar por aqui.

Há uns meses parecia impossí-

vel, mas a verdade é que o preço do barril de petróleo já sofreu uma desvalorização superior a 100 dóla-res desde que atingiu o máximo histórico de 147 dólares em Julho passado. Na quinta-feira (dia 5 de Dezembro), o barril de Brent era negociado em Londres a 39,66 dólares.

Os factores que mais têm contri-buído para esta descida recorde prendem-se com os receios de agravamento da crise internacional, quebra do consumo dos combustí-veis, aposta crescente nas energias renováveis e, mais recentemente, o anúncio do Governo dos Estados Unidos de que a economia da maior potência do mundo perdeu mais de 500 mil postos de trabalho, só no passado mês de Novembro.

Nem mesmo a política de cortes produtivos levada a cabo pela OPEP – leia-se que em Novembro a produção diária foi reduzida em cerca de 1,5 milhões de barris – tem funcionado para estancar uma descida que parece não ficar por aqui. De acordo com o MERRIL Lynch, entidade bancária multina-cional, prevê-se um corte no preço do petróleo para valores na ordem dos 25 dólares.

Já James Ritterbush, presidente da Ritterbusch & Associates, pare-ce partilhar a mesma opinião: “Os preços poderão consolidar-se neste nível por uma semana, mas depois vão descer novamente. Parece que

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: Getty

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por David Marques

DESEMPREGO NOS EUA

Os sectores secundário e

terciário da maior economia

do mundo perderam 533 000

postos de trabalho em

Novembro. Em relação ao

mês anterior, a taxa de

desemprego nos Estados Uni-

dos subiu de 6,5% em Outu-

bro para os 6,7%.

Breves

APOSTA SEGURA

Apesar da crise financei-

ra, a EDP está disposta a

apostar 2,7 mil milhões de

euros em parques eólicos nos

EUA, até 2012. De acordo

com o Presidente do Conse-

lho de Administração da

empresa, António Mexia, os

Estados Unidos continuam a

ser o país onde a aposta é

mais segura.

JUROS MAIS BAIXOS NOS EUA

A Reserva Federal norte-

americana baixou os juros em

0,50 por cento. Com esta

descida, a taxa de juros fixou-

se nos 0,25 pontos percen-

tuais. A medida tem como

objectivo a promoção do

crescimento económico para

travar a crise de confiança

actual.

O Tribunal de Contas

divulgou recentemente um

relatório que conclui que a

Casa da Música da Cidade

Invicta custou mais 77

milhões de euros do que o

previsto inicialmente. A der-

rapagem financeira é conse-

quência dos quatro anos a

mais que a construção levou

para ser acabada.

CASA DA MÚSICA DO PORTO

OPEP pondera novo corte produtivo em breve

OPEP defende que o preço do crude deveria rondar os 80 dólares

Page 10: 5ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

101010 Economia

as marcas brancas ( ou os pro-dutos próprios dos hipermerca-dos e supermercados) e os arti-gos tradicionais é agora menor do que no início do ano.

Duarte Raposo Magalhães, presidente da Centromarca, explicou que, apesar desta subida nos preços dos produtos brancos, estes continuam “a não estar associados a objecti-vos de vendas. Há uma estraté-gia de canibalização por parte da distribuição em relação aos produtores”, uma vez que estas empresas não têm de pagar

Segundo dados da Centro-marca, Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca, que através dos seus associados representam mais de 800 marcas, o custo médio dos produtos de marcas bran-cas cresceu 14% entre Janeiro e Setembro de 2008, mais do triplo do aumento de 4% verifi-cado nos preços dos restantes produtos, que são tradicional-mente mais caros. Isto significa que a diferença de preços entre

Marcas brancas triplicam custos

por Paula Bicho

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para ter os seus próprios produ-tos nas prateleiras dos estabe-lecimentos comerciais, ao con-trário das restantes marcas.

De acordo com um estudo da TNS, nos primeiros seis meses deste ano o consumo destes produtos aumentou, representando 23,4% do valor total gasto pelas famílias portu-guesas, o maior valor de sem-pre, quando em 2006, o consu-mo destes produtos era de 18%.

Mineira (STIM) demandava o recomeço da actividade e espe-rava pelo desfecho das nego-ciações impulsionadas pelo ministério da Economia. A dele-gação do STIM reivindicava a “manutenção dos postos de trabalho, a reintegração dos trabalhadores que foram pres-sionados a rescindir contrato e a viabilidade da empresa.”

No passado 6 de Dezem-bro Manuel Pinho, ministro da Economia, confirmou a venda das minas de Aljustrel ao grupo português MTO, que detém a Martifer. O ministro afiançou a criação de mais empregos.

O acordo foi estabelecido

entre a Lundin Mining, proprie-tária da Pirites Alentejanas, que explora as minas, e a MTO, empresa que detém 41% da Martifer e que é administrada pelos irmãos Carlos e Jorge Martins, presidente e vice-presidente da empresa, respec-tivamente.

A laboração nas Pirites Alentejanas foi interrompida no passado 13 de Novembro, devido à baixa cotação do zin-co no mercado. O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria

Pinho confirma venda das minas de Aljustrel

por Grethel Ceballos

Embora as opiniões entre os trabalhadores difiram relativa-mente à venda, Manuel Pinho garantiu que a solução encon-trada é "a melhor prova de que o Governo não dá só importân-cia à banca, dá muita importân-cia às empresas e ao empre-go". Com o acordo atingido é possível que as minas voltem à actividade já em Janeiro.

Manuel Pinho garantiu 700 empregos com a venda das minas

Page 11: 5ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

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mês em que teriam que pagar os impostos e, ainda, o subsí-dio de Natal. A Associação Empresarial de Portugal desta-cou que iria tomar uma posição, dado que a maioria das peque-nas empresas teria dificuldades em cumprir os compromissos financeiros.

A nova resolução, que cons-ta de um despacho do secretá-rio de Estado dos Assuntos Fis-cais, Carlos Lobo, foi funda-mentada pelo facto da «publicação tardia» do diploma ratificado pela Assembleia da

Economia

A indústria automóvel terá uma linha de crédito de 200 milhões de euros para apoio às exportações.

O primeiro-ministro, José

Sócrates, sustenta que o plano

acordado entre o Governo e os fabricantes de automóveis e componentes visa apoiar as insuficiências financeiras a empresas, a par do ajustamen-to do perfil industrial e tecnoló-gico do sector e de um incenti-vo à procura.

Este plano visa melhorar a competitividade e preservar o emprego no sector e foi lança-

Os Ministérios das Finan-ças e da Administração Públi-ca anunciaram, no passado 7 de Dezembro, a prorrogação do prazo de liquidação do Pagamento por Conta de 15 para 31 de Dezembro.

O prazo foi, inicialmente,

antecipado, depois de ter entra-do em vigor a medida que coa-gia o pagamento até ao dia 15. A alteração alarmou os empre-sários, que diziam enfrentar uma séria falta de liquidez num

“Balão de oxigénio” para Indústria automóvel

Mais 15 dias para pagar imposto

por Grethel Ceballos

por Paula Bicho

República «se ter traduzido num curto espaço de tempo para as empresas cumprirem esta obrigação fiscal, num qua-dro de dificuldades conjuntu-rais». O alargamento do prazo não terá «quaisquer acréscimos ou penalidades para os contri-buintes que não possam cum-prir, dentro do novo prazo defi-nido na lei recentemente publi-cada, a referida obrigação», lê-se no comunicado. Assim sen-do, as empresas terão mais 15 dias para saldar o pagamento por conta.

Auto-Europa em Palmela é das empresas que mais representa no PIB

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do para salvar a indústria nacio-nal ligada ao sector automóvel, que representa 15% das expor-tações nacionais, com desta-que para as operações da Auto-Europa e da Peugeot-Citroen, e emprega 50 mil pessoas.

O plano anunciado a 3 do corrente mês, inclui uma verba de 300 milhões de euros para o seguro de crédito a exporta-ções, 150 milhões de euros para financiar fusões e aquisi-ções no sector e ainda um pro-grama de qualificação de Recursos Humanos (cerca de 10 mil profissionais) no valor de 70 milhões de euros.

Dentro do pacote de 900 milhões de euros estão ainda os incentivos ao abate de veí-culos e à compra de veículos não poluentes.

A origem dos fundos reparte-se entre o Orçamento de Esta-do (100 milhões de euros), fun-dos comunitários (200 milhões de euros) e banca.

Page 12: 5ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

Os miúdos londrinos não se encolheram perante os portistas, e durante o primeiro tempo foram trocando a bola no meio campo com algum brio, porém quando chegava a hora de rematar, o cenário era bem diferente. Ao invés, o Porto quando chegava à baliza inglesa, fazia tremer Almu-nia. O golo dos dragões surgiu aos 39 minutos, com Bruno Alves a cabecear de forma perfeita para o fundo das redes.

No segundo tempo, o Arsenal forçou o ritmo ofensivo, abrindo espaço para o ataque portista, que chegou ao segundo golo por Lisandro aos 54 minutos. Com dois golos de avanço, os homens da casa passaram a controlar o jogo e até podiam ter feito o ter-ceiro tento.

O futuro de ambos os conjun-tos decide-se no dia 19, no sor-teio para os oitavos-de-final.

121212 Desporto

Do pesadelo até ao sonho num instante...

O Sporting de Braga con-quistou um lugar nos 16-Avos-de-Final da Taça UEFA depois de vencer na Holanda o Hee-renveen.

Num encontro em que ambas

as equipas tinham a obrigação de vencer para se manterem na cor-rida para o apuramento, foi o Sp. Braga que entrou mais perigoso, com Renteria a bater a oposição defensiva e rematar para uma excelente defesa do guardião holandês. A equipa da casa res-pondeu de imediato por Roy Bee-ren num remate que falhou por pouco o alvo.

Com o Heerenveen por cima na partida, foi uma questão de minutos até que Sibon, de livre directo, colocasse o conjunto caseiro na frente do marcador, à passagem do minuto 19. Os bra-carenses responderam de ime-diato, sempre por intermédio de Renteria.

E foi mesmo o avançado inter-nacional colombiano que, aos 35 minutos, aproveitou da melhor maneira um belo cruzamento de Meyong para empatar a partida.

Na etapa complementar, os homens da casa tiveram mais bola mas era o Braga que, fruto da sua capacidade de luta, ia marcando posição. Ao minuto 11 da segunda parte, Luís Aguiar no segundo livre que dispôs, não perdoou. Remate colocadíssimo do uruguaio, com a bola a bater

na trave antes de entrar, para o golo da vantagem dos minhotos.

Até final da partida, Eduardo revelou-se essencial na preserva-ção da vitória, após um bom par de defesas complicadas.

Com a vitória em Heerenveen e a derrota do Portsmouth na Ale-manha, o Sp. Braga garante o apuramento, sendo certo que defrontará um primeiro classifica-do. O sorteio está marcado para dia 19, em Genebra.

Leões e Dragões imperiais na ‘Champions’

FC Porto e Sporting vence-ram na derradeira jornada, frente a Arsenal e Basileia, res-pectivamente.

Com o apuramento já garanti-

do, o Sporting deslocou-se a Basileia para defrontar a equipa local, jogando apenas pelo prestí-gio e pelo dinheiro da vitória.

Apostando numa equipa com-posta por elementos de segunda linha, Paulo Bento queria dar oportunidade de jogo aos menos utilizados, caso de Tiago, Vukce-vic e Djaló. Foi mesmo Djaló que marcou o golo solitário da partida, à passagem do minuto 19, depois de uma jogada bem desenhada por Derlei e Izmailov na ala direi-ta.

O Basileia apenas reagiu aos 25 minutos, tal o domínio sportin-guista, com Benjamin Huggel a

atirar de zona frontal, mas ao lado. Após este lance, o Basel passou a surgir mais vezes no ataque, o que abriu mais espaços para o contra-ataque leonino, com Djaló a ser o mais interventi-vo.

No segundo tempo, o Sporting entregou o domínio da partida aos helvéticos, apostando no contra-ataque, porém sem resul-tado práticos. Mesmo com uma maior pressão suíça perto do final, o Sporting garantiu mais um triunfo, o quarto no grupo.

No outro jogo luso na Liga Milionária, o FC Porto venceu, no Estádio do Dragão, o Arsenal por 2-0.

Ao contrário de Arsene Wen-ger, que optou por rodar mais uma vez o seu plantel, com a juventude a ser a palavra de ordem, Jesualdo Ferreira apostou no seu melhor «onze» para ata-car o primeiro posto do grupo.

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: record

.pt

por Fábio Lima

por Fábio Lima

Luís Aguiar de novo decisivo, garante passagem aos Oitavos de Final

Page 13: 5ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

mesmo a equipa de Albufeira a protagonizar a surpresa da jor-nada, com a derrota no reduto do Machados, por 2-1. Porém, mesmo vencendo, a equipa de São Brás de Alportel continua na zona de àgua.

Na luta pela permanência, Almancilense e Quarteira ven-ceram os respectivos jogos, ficando empatados no 11º lugar com 11 pontos.

Por seu turno, o Salgados venceu o Armacense por 1-0, dando mais um passo rumo à manutenção. No 9º posto segue o Salir, que foi golear o Ginásio de Tavira por 4-0.

Por fim, destaque para o Sambrazense que foi a única equipa a vencer fora, derrotan-do o Guia por 2-1. P.C.

continua no segundo posto, a um ponto do líder Cova da Piedade, que venceu em Reguengos por 3-0.

O Quarteirense foi ao Barreiro golear a equipa local por expres-sivos 3-0, o qual permitiu a ascensão ao 10º posto. Por fim, o Campinense recebeu o Lusita-no de Évora, num encontro que terminou com um nulo.

Esp. Lagos não vacila

No Campeonato Distrital da 1ª Divisão jogou-se mais uma ronda, com o Esperança de Lagos a não perder pontos.

Os comandados de Paulo Nunes receberam e golearam o Estombarenses por 5-0. Soman-do agora 34 pontos, mais sete sobre o segundo, o Ferreiras. Foi

131313

O futebol regional ao pormenor

Farense regressa às vitórias Cumpriu-se no passado fim

de semana a última jornada da primeira volta do Campeonato Nacional da 3ª Divisão.

O Farense recebeu o Silves e finalmente conseguiu vencer, por 1-0, após um excelente golo de Pintassilgo que regres-sa assim, ao seu clube de ori-gem. Este golo deu aos algar-vios a sua primeira vitória no seu próprio reduto esta tempo-rada. Com este resultado a equipa de António Barão con-seguiu aproximar-se da zona de subida, estando a um ponto do Lusitano de Évora.

No outro derby algarvio des-ta jornada, o Louletano ganhou em S. Bartolomeu de Messines por 3-0. O conjunto louletano

Taça sem Benfica e com Valdevez ‘tomba-gigantes’

Realizou-se no passado fim de semana, mais uma elimina-tória da Taça de Portugal. Entre surpresas e confirma-ções, o Valdevez vai fazendo história.

Um dos jogos mais aguarda-

dos nesta edição da Taça de Por-tugal, Leixões vs. Benfica, os actuais segundo e primeiro, res-pectivamente, na Liga Sagres, terminou com um empate a zero no tempo regulamentar. Tempo esse onde o equilíbrio foi cons-tante, tal como a chuva que caiu sobre o relvado durante quase todo o encontro. O prolongamen-to não veio alterar o resultado, apenas exigiu maior espírito de sacrifício e músculo por parte dos jogadores. Tudo a zero, e o encontro foi mesmo para as gran-des penalidades, onde após nove transformações que resultaram em golo, o espanhol Reyes per-

equipas apenas da Liga Sagres. Noutros jogos, o FC Porto,

após uma primeira parte empata-da a zero, conseguiu levar de vencida a equipa do Cinfães por 4-1; a Naval venceu o Portimo-nense por 3-0; o Nacional foi à Trofa vencer por 4-2; o Guima-rães venceu o V. Setúbal por 1-0, no Bonfim só após o prolonga-mento a equipa da casa conse-guiu o golo da vitória por 1-0 e o Paços de Ferreira que começou a perder, venceu o Vizela por 4-1.

Desporto

por Fábio Moreira

Leo Souza converte o primeiro penálti, que deu vantagem de 2-0 ao Valdevez

Foto

: francefo

otb

all.fr

mitiu a defesa de Beto, passando o Leixões aos quartos-de-final da prova.

Nos Arcos de Valdevez feste-jou-se mais uma vitória na Taça de Portugal. A equipa arcuense voltou a eliminar uma equipa da Liga Vitalis (pela 4ª vez consecuti-va), desta feita foi o Stª Clara. Uma tarde feliz para Leo Souza, o atacante brasileiro fez hattrick na vitória por 3-1 nos Arcos de Val-devez. Os minhotos estão agora nos quartos de final da competi-ção juntamente com um leque de

Page 14: 5ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

141414

Breves

HONDA ABANDONA F1

O presidente Takeo Fukui

da marca nipónica informou

na semana passada que a Hon-

da não vai participar no Mun-

dial de 2009, por não ter

encontrado um investidor.

Trata-se da primeira «baixa»

em causa da crise económica

a abater-se sobre a Formula 1.

FEDERER FALHA ESTORIL OPEN

O tenista suíço não irá

lutar para revalidar o título do

Estoril Open. Segundo infor-

mação no seu site, Federer irá

apenas competir em três pal-

cos em terra batida. Não dei-

xando de parte a participação

nos míticos Roland Garros,

Wimbledon e o Open dos

EUA.

250cc SAI, ENTRA MOTO2 EM 2011

A classe 250cc irá deixar

de existir no Mundial de

Velocidade de Motociclismo

a partir de 2011, passando a

chamar-se Moto2. Serão usa-

das motos a quatro tempos,

com uma cilindrada máxima

de 600cc. Os motores das

equipas podem ser compra-

dos pelas rivais por 20 mil

euros uma hora depois da

prova.

Loeb termina a vencer

AUTOMOBILISMO

Desporto

Atletas lusas conquistam três medalhas

O penta-campeão mundial de ralis, Sébastian Loeb, terminou o campeo-nato da melhor forma, a vencer em Gales.

O piloto francês já havia garantido o

ceptro no rali anterior, mas no Rali da Grã-Bretanha – o único que o gaulês não havia vencido – quis vencer para juntar mais um à sua longa lista de vitó-rias. O rali não foi fácil para o piloto da Citroen, tendo até partido para a última especial com dois segundos de atraso para Jari-Matti Latvala, tendo no final da mesma especial vencido por 14 segun-dos, terminando o rali com 12 escassos segundos de vantagem. No lugar mais baixo do pódio ficou o espanhol Daniel Sordo a 1 min 20 seg do vencedor.

Loeb conquistou onze vitórias em quinze possíveis, demonstrando bem o seu domínio no mundial de ralis. Outra conquista com a marca de Loeb foi o título de construtores, que fugia à Citroen desde 2005 e que estava na posse da Ford, vencedora em 2006 e 2007.

Os portugueses em prova estiveram a bom nível. Armindo Araújo cotou-se pelo sétimo lugar no agrupamento de produção, terminando o mundial no oita-vo posto com 14 pontos. O outro piloto luso, Bernardo Sousa, foi o 9º classifica-do, finalizando o mundial com 12 pontos.

Nota final para mais uma prestação de Valentino Rossi no rali britânico, com o piloto transalpino a fazer uma excelen-te recuperação desde o 54º para o 12º lugar final, num rali que começou muito mal para o campeão de MotoGp.

A Selecção Nacional feminina sagrou-se campeã da Europa de corta-mato, pela sexta vez na sua história, no campeonato que se realizou em Bruxelas, na Bélgica.

A prova mais ansia-

da, e onde residiam as maiores esperanças lusas de conquistar medalhas, era sem dúvi-da a feminina de seniores. Toda esta expectativa e confiança imposta à equipa nacional foi então retribuída, uma vez que foram três as medalhas alcançadas pelas “pernas” das atle-tas portuguesas. Ouro, prata e bron-ze. São estes os troféus que passa-rão a fazer parte da história desta fantástica equipa feminina. A meda-lha de bronze foi ganha pela atleta Inês Monteiro e a melhor medalha em prova, a de prata, foi conseguida por Jessica Augusto. A vencedora da

prova foi a atleta queniana naturalizada holandesa, Hilda Kibet. A prestação do colectivo feminino neste europeu de Corta-Mato valeu ainda a medalha de ouro, fazendo com que Portugal saia da Bélgica com uma medalha de cada metal.

Na competição masculina, o ucra-niano Serhiy Lebid voltou a vencer, pela oitava vez. O atleta luso mais bem colo-cado foi Rui Pedro Silva, terminando no oitavo posto.

por Fábio Moreira

por Fábio Lima

COI RETIRA MEDALHAS OLIMPICAS

Os atletas bielorrussos

Vadim Devyatovskiy e Ivan

Tsikhan viram as suas meda-

lhas serem retiradas pelo

COI. A decisão do Comité

Olímpico Internacional deve-

se a analise que indicavam a

presença de níveis anormais

de testosterona na final (17 de

Agosto) de lançamento do

martelo.

Jessica Augusto e Inês Monteiro ao lado da holandesa Hilda Kibet

Foto

: EP

A

ATLETISMO

Page 15: 5ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

propósito disto, Gustavo Lima questiona-se “se estamos con-tra o Presidente do COP, por que as federações apoiam a sua recandidatura”.

Por seu turno, o medalha de ouro em Pequim, Nelson Évora, declarou sentir-se usado pelo P r e s i d e n t e d o C O P , “Comemorei a medalha junto dos que mais gostava e, se alguém se aproveitou disso para dar a sua opinião, esperei o tempo certo para mostrar o que pensava”. “ (O Comandan-te) devia ter vergonha e admitir o seu erro, (…) porque quando nós erramos também o faze-mos, somos nós que damos a cara no final das provas”, criti-cou o atleta do Benfica. Termi-nou as suas declarações com uma frase irónica, afirmando que Pequim 2008 foi “uma via-gem de barco sem comandan-te”.

Com eleições marcadas para Março de 2009, vários nomes têm sido apontados para suceder/concorrer a Vicente Moura, como João Lagos ou Vasco Lynce.

estou farto e vou abandonar a vela", admitiu emocionado o velejador luso que se cotou por um prestigioso quarto posto na classe Laser. Já dias antes, Vanessa Fernandes havia criti-cado os atletas por terem «falta de atitude», afirmações de que Vicente Moura se demarcou prontamente.

Posto isto, depois de divul-gado o relatório da missão por-tuguesa a Beijing ’08, a Comis-são de Atletas Olímpicos, pela voz do seu Presidente Nuno Fernandes, afirmou no Estádio Nacional no passado dia 2 de Dezembro, que não iria apoiar a recandidatura de Vicente Moura. “O presidente do COP não se tem portado à altura dos atletas. Fomos abandonados quando mais precisávamos de apoio”, criticou o ex-saltador à vara do FC Porto. Nuno Fer-nandes chegou a ponto de admitir que se demitiria do car-go na CAO, caso Vicente Mou-ra fosse reeleito.

Por parte do Presidente do COP, as únicas declarações foram no sentido de apenas dar crédito às Federações, “Os meus interlocutores são as federações. É com elas que falo e preparo o futuro do COP”, disse Vicente Moura. É neste aspecto que se centra nova polémica, visto que os atletas na sua maioria estão contra a candidatura de Vicente Moura e as Federações estão a favor, excepto a de Atletismo. A

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Guerra aberta entre atletas e Vicente Moura

OLIMPICOS

Quatro meses depois, os resultados da missão lusa em Pequim 2008 ainda dão que falar. Atletas contra a recandi-datura de Vicente Moura ao quarto mandato no COP (Comité Olímpico de Portugal) e as Federações a apoiar a recondução do «Comandante».

Muita tinta correu, muito se

escreveu, muito se especulou acerca da prestação portugue-sa nos Jogos Olímpicos chine-ses e a polémica parece estar para durar. Tudo começou quando, ainda com os Jogos Olímpicos longe do fim, Vicente Moura confessou que, face aos fracos resultados da comitiva, não se iria recandidatar ao car-go de Presidente do COP. Uma semana e duas medalhas (ouro de Nelson Évora e prata de Vanessa Fernandes) depois, o mesmo admitiu que se terá equivocado e estaria a conside-rar recandidatar-se. Desde logo se ouviu um «coro de asso-bios» devido a essas declara-ções, com Gustavo Lima a che-gar a ponto de declarar que iria abandonar a competição. "O que eu sofri para chegar aqui foi muito. As pessoas podem rir, podem gozar por eu estar a chorar. Mas eu sofri muito e já

151515 Desporto

por Fábio Lima

Desempenho de Vicente Moura continua a desagradar

«Pequim 2008 foi uma viagem de barco sem comandante»

Nélson Évora

Nélson Évora e Nuno Fernandes

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: Lu

sa

Page 16: 5ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

Polícia não tem mãos a medir perante tamanha revolta

161616 Política

por Martin Mendes

Grécia a ferro e fogo

O “berço da Europa” tem sido o palco de violentos con-frontos entre manifestantes e autoridades desde o dia 6 de Dezembro, quando um polícia disparou sobre um rapaz de 15 anos. As alegações do que terá sucedido divergem, mas o que é certo é que o indivíduo em questão, Alexandros Grigoro-poulos, foi declarado morto num hospital de Atenas pouco depois.

Após a notícia da sua morte,

grupos de esquerda envolveram-se violentamente com a polícia, confrontos que têm continuado até ao dia presente. Até ao momento, pelo menos 13 polícias ficaram feridos, e foram feitos milhões de euros de estragos em infra-estruturas, automóveis e lojas. A violência alastrou do bair-ro estudantil de Exarcheia para toda a cidade de Atenas, e poste-riormente para outras cidades gregas, tendo-se por f im “derramado “ para fora das pró-prias fronteiras, inspirando tumul-tos semelhantes, embora mais passageiros, em várias cidades europeias, incluindo Londres, Copenhaga, Madrid e Barcelona.

A Grécia é um país que, como Portugal, tem um passado ditato-rial, cujo regime caiu em 1974. Contudo, as semelhanças aca-bam aqui. Enquanto que, por cá, foram as Forças Armadas que acabaram com o regime de Direi-ta, na Grécia foram violentas revoltas estudantis, fortemente reprimidas pelo regime. Até aos dias de hoje, é proibida pela Constituição a entrada de polícia nos campi universitários.

Pode ser de difícil compreen-são para nós, mas à cultura grega é inata uma profunda desconfian-ça pela autoridade, proveniente não só dos acontecimentos acima referidos, mas também a uma percepção de que existe nela um grande nível de corrupção e incompetência. Lembremo-nos

que a Grécia foi ocupada por potências estrangeiras durante grande parte da sua história, e percebe-se melhor a profunda antipatia que se sente por toda a autoridade que se imponha. Jun-tam-se escândalos de corrupção governamentais, salários baixos (comparativamente à Europa dos 15), níveis de desemprego altos, e uma crise económica com fins incertos, e tem-se uma situação potencialmente explosiva entre as mãos. A morte do jovem às mãos da Polícia foi o catalizador: é, já, o décimo dia de protestos, aos quais se juntaram já uma greve geral, e confrontações entre os próprios manifestantes e morado-res e donos de estabelecimentos das zonas afectadas, assim como grupos de extrema-direita.

Muitos manifestantes dizem agora que só vão parar com a queda do governo. Por outro lado, o Primeiro-Ministro grego parece determinado em sobrevi-ver à crise, e diz que o que o país necessita neste momento é de uma “mão firme”. O que é certo é que com a crise económica actual, sendo já a recessão um facto, os distúrbios poderão piorar com o aumento do desemprego. Stathis Anestis, da Confederação Geral dos Trabalhadores Gregos, estima que 100 mil postos de tra-balho se irão perder no próximo ano, o que significam 5% adicio-nais á taxa de emprego. Resta esperar e ver o aspecto das ruas de Atenas quando isso suceder.

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FP

Enormes manifestações após a morte do jovem de 15 anos

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Page 17: 5ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

171717 Política

MARCA ‘OBAMA’ CONTINUA EM VOGA

Há uma loja em Washing-

ton que vende tudo aquilo que

contenha a face do futuro Pre-

sidente dos EUA. De camiso-

las a frascos de tomate, pas-

sando pelos habituais peluches

e bonés. As vendas triplicam

quando comparadas com os

outros presidentes.

DUNCAN SECRETÁRIO DA EDUCAÇÃO

Barack Obama escolheu o

director das Escolas Públicas

de Chicago, Arne Duncan,

para o cargo de Secretário da

Educação. Obama afirmou que

Duncan irá lutar para melhorar

a qualidade dos professores e

das escolas. Margaret Spelling,

já apelidou Duncan de líder

“visionário” e reformista, sen-

do a pessoa certa para o cargo.

SANTANA CONFIRMADO PARA LISBOA

Santana Lopes foi formal-

mente anunciado como candi-

dato pelo PSD às Autárquicas

de 2009, para a Câmara de

Lisboa. A escolha de Santana

foi uma proposta da líder do

partido, sendo que Castro

Almeida a considerou como

sendo "totalmente pacífica" na

Comissão Política Nacional do

partido.

Breves

O SAPATO QUE NÃO SERVIA A G. W. BUSH

Na despedida do Iraque,

George W. Bush foi premiado

com um par de sapatos arre-

messados por um jornalista

local. Na cultura árabe o acto

de atirar a alguém sapatos é

dos maiores insultos. Bush em

tom irónico disse que não

podia aceitar, visto que aquele

número não lhe servia.

Portugal vai entrar em recessão em 2009

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por Marta Neves

Devido ao investimento em queda no terceiro trimes-tre deste ano, o governador do Banco de Portugal aprova a recessão, ou seja, afirma que Portugal vai iniciar o ano de forma negativa.

Segundo o Diário Económi-

co, os economistas são tam-bém da opinião de Vítor Cons-tâncio, e adiantam ainda que Portugal só verá recuperação em 2010.

Vítor Constâncio admite que “no terceiro trimestre tivemos um cresci-mento negativo”, confirmando-se assim a entrada de Portugal na recessão.

O ministro das finanças também preparou os Portugueses para as dificuldades que se vão fazer sentir no próximo ano, afirmando que o mais importante agora é “discutir o que fazer para resistir a estas dificul-dades”.

Rui Constantino, economista-chefe do Banco Santander, acrescenta que “falar de recessão técnica é correcto, mas dá uma ideia errada: o que vemos agora não é muito diferente daquilo a que assistimos a trimestres anteriores”.

Para concluir, Vítor Constâncio acre-dita que o método para combater a crise é o governo usar a politica orçamental e acrescenta ainda que as previstas desci-das de impostos serão temporárias.

Vítor Constâncio confirma recessão

Portugal dará asilo político a prisioneiros de Guantánamo

por Martin Mendes

O governo português disponibilizou-se a dar asilo político a prisioneiros de Guantánamo que não podem regressar aos seus países de origem. Entre cin-quenta e sessenta indivíduos detidos em Guantánamo receberam luz verde para serem libertados. No entanto, estes não podem ser repatriados por se temer pela sua segurança, e como nenhum país se tem disponibilizado para lhes dar asilo político, permane-cem na prisão.

Numa carta à União Europeia, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, apelou à boa vontade europeia para ajudar os Estados Uni-dos: «A nova administração americana está empenhada na resolução desse problema, precisa do apoio europeu e o sinal que pretendemos dar foi a dis-ponibilidade do governo português para cooperar com a UE e a adminis-tração europeia [na resolução deste] problema».

John Bellinger, assessor do Secretariado de Estado norte-americano, considerou a iniciativa portuguesa “uma iniciativa significan-te, a qual apreciamos muito”. Acres-centou, também, que devido às leis americanas no que toca à imigração, dar-lhes asilo nos próprios Estados Unidos provar-se-ia “extremamente difícil”.

A maioria dos indivíduos em ques-tão são de etnia Uigur, um povo que habita na China, e que alberga um movimento de independência. O úni-co país que até agora se disponibili-zou para receber prisioneiros de Guantánamo foi a Albânia, que vai dar asilo a cinco indivíduos uigures. Um tribunal norte-americano deu, em Outubro, ordem para que fosse con-cedido asilo a outros 17 nos próprios Estados Unidos, no entanto, este pro-cesso tem se atrasado devido a pro-cessos de apelação por parte das autoridades competentes.

Page 18: 5ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

Olhar Contemporâneo

Olhar Natalício

Árvore gigante na Alameda da República, Portimão, 2008

Fachada da Câmara Municipal de Lagos, 2008

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Portas de Mértola, Beja, 2008

Foto: Mariana Soares Foto: Catarina Andrêz

Foto: Tânia Marques

Page 19: 5ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

Olhar Contemporâneo

Praça Infante Dom Henrique em Lagos, 2008

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Rua do Comércio em Portimão, 2008 Câmara Municipal de Portimão, 2008

Foto: Tânia Marques

Foto: Catarina Andrêz Foto: Catarina Andrêz

Page 20: 5ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

202020 Crónicas

Para não dizer que não falei da avaliação

por Vítor Reia-Baptista

Dizia o meu amigo e colega Domingos Fernandes, há apenas poucos dias, que avaliar é das coisas mais difíceis de fazer, de implementar, de estruturar, de planificar, de implicar, de aferir, de reavaliar e, sobretudo, de evi-tar que os processos de avaliação mais problemáticos e eventual-mente menos fiáveis, sejam-no lá porque razão for, venham a mar-car para todo o sempre as carrei-ras e as vidas dos avaliados. E dizia ele: «isto é assim para os professores e é assim para os alunos». Ou será que a avaliação só é problemática e eventualmen-te menos fiável quando se aplica aqueles que têm voz organizada através dos sindicatos, das pró-ordens, ou de outras associações e plataformas de intervenção pública que lhes amplificam as preocupações, eventualmente legítimas?

Aliás, legítimas seguramente, porque como já se disse, isto da avaliação é mesmo coisa muito séria, fartinha de ser estudada, investigada, depurada, reformula-da, redimensionada, enfim rein-ventada, mas sem grande suces-so, convenhamos, pelo menos aqui neste luso-quintal em que nos alcovitamos. Não fora esse falhanço e já teríamos certamente

corrigido, como resultado de algu-ma avaliação mais séria, rigorosa e sistemática, alguns erros de base que nos colocam nos níveis europeus mais baixos das dife-rentes literacias que se pensa de algum modo poder medir ou com-parar, ou seja avaliar.

E aos alunos que todos os períodos, semestres e anos des-cambam para fora do sistema educativo, vítimas dessa mesma complexidade avaliativa que não se compadece com os seus pro-blemas individuais, sociais, cultu-rais ou cognitivos, nem com a falta de tempo, de paciência ou de competência dos seus profes-sores para os enfrentar, a esses alunos quem é que lhes amplifica as preocupações quando não encontram emprego digno ou quando chegam ao ensino supe-rior (último reduto de estaciona-mento estudantil e barbitúrico colectivo para o estado geral de desemprego em antevisão) sem saber escrever fluentemente pelo menos numa língua, sem conse-guir dominar algumas operações fundamentais de cálculo quotidia-no, sem ler o que quer que seja com mais de 2 parágrafos segui-dos que não trate de bola e, sobretudo, sem bases nem cultu-ra de questionário, de reflexão, de análise, de síntese, nem, muito menos, de crítica fundamentada? Quem? As associações de pais? Que durante tanto tempo foram vistas como empecilho necessá-rio para dar um ar de modernida-de, mas a evitar por todos os meios possíveis e imaginários que metessem o bedelho nos redutos sigilosos das escolas, (claro, os níveis de literacia da população em geral não são alheios a essas associações, logo…)? A Tutela? Ou seja o Ministério que agora está na mira de quase todas as espingardas, mesmo as mais arrivistas? Nem a

brincar aos «Magalhães» a Tutela é capaz de identificar os proble-mas do sistema que gerou e que mantem, quanto mais a dar voz aos famélicos da educação, víti-mas dos telemóveis, dos impro-périos dos media e de outras dia-tribes consumistas, mas formado-ras, de pé nas carteiras quando deveriam estar sentados a ouvir coisas que a maior parte das vezes não lhes dizem respeito porque não têm quaisquer condi-ções de as assimilar, nem os pro-fessores de as avaliar, quais flo-res de estufa desconexa e des-conchavada ao suposto abrigo das intempéries educacionais. Então…?

Pois eu também não sei, aliás, cada vez mais só sei que nada sei, como dizia o outro. Mas, apa-rentemente, as tutelas e as corpo-rações das esferas educativas parecem saber, uma vez que sempre que abrem a boca é para reafirmar a pés juntos que dali não saem, dali ninguém os tira. Já vi chegar ditaduras ao poder (várias infelizmente) por cami-nhos falaciosos menos convictos. E a educação, ou antes a falta dela, é meio caminho andado para da dita-mole se chegar à dita-dura (aliás, já alguém se pergun-tou o que faz uma coisa chamada Inspecção Escolar – só o nome…, bem, provavelmente é uma espécie de ASAE das esco-las, até melhor informação – Ins-pecta? Inspecta o quê? E quem? E porquê? E com que efeito? Então e não avalia…?

Olhem, depois não digam que não falei das flores.

(E já agora podem sempre ver e ouvir o comentário do JMF do Público, que dá uma no cravo e outra na ferradura, mas verdade se diga , que em matéria de ava-liação, é muito difícil não dar).

07/12/2008

in www.atirateaomar.blogspot.com

Page 21: 5ª edição do Jornal Universitário "Contemporâneo"

212121 Crónicas

Saramago e os fascínios do elefante

por Artur Gonçalves

Saiu mais um romance de Saramago. No passado, teria corrido a uma livraria para o comprar e decifrar de imediato. Desta feita, fui mais comedido. Adquiri-o sem precipitações e resolvi guardar a leitura para o Natal. Um bom propósito para cumprir à risca. O fascínio do título, todavia, foi mais forte. Lembrei-me de um outro de Lobo Antunes em que se equa-cionava a lendária Memória de Elefante. O subconsciente tem destas perversidades. Ao che-gar a casa, já o tinha folheado

de fio a pavio. Abreviando, em menos de um ai, já conhecia todas as aventuras/desventuras d’ A Viagem do Elefante. Afinal, o livro não falava de hospitais, nem de psiquiatras, nem de divórcios, nem dos traumas da guerra colo-nial. Respirei de alívio.

Conta-nos, isso sim, a epo-peia do elefante Salomão desde a corte de D. João III em Lisboa até à de Maximiliano da Áustria em Viena. Corriam os anos de 1551-1552 e a época era fértil em embaixadas exóticas. D. Manuel I já brindara o Papa Leão X com um outro paquiderme em 1514, que o povo romano bapti-zaria de Annone e a arte renas-centista de Rafael imortalizaria. A ideia da peregrinação até é curio-sa e convida aos grandes resu-mos. Não o farei. O original será sempre mais proveitoso. A mes-tria do autor é esmagadora. Ini-mitável.

Alguém muito próximo confi-denciou-me ter feito as pazes

com Saramago. Tinha voltado à velha ironia-humor-sarcasmo. Pessoalmente, dispenso apazi-guar-me com quem nunca me desavim abertamente. Mantive-me fiel à sua escrita, mas perdi um pouco o encanto dos tempos áureos em que as passarolas e jangadas nos conduziam ao uni-verso encantado do real maravi-lhoso. Continuou a cativar-me, mas deixou de me surpreender. A fasquia foi colocada tão alto pelo próprio romancista, que agora nem ele mesmo a conse-gue ultrapassar. São os parado-xos da genialidade.

Chegou a vez do elefante nos convidar a acompanhá-lo nessa sua jornada pela Europa dos Impérios Quinhentistas. Aceitemos o desafio. Partamos com ele. Façamo-nos à estrada. Em boa hora. Já. Sem demoras nem hesitações. É que, como se afirma n’ O Livro dos Itinerários: «sempre chegamos ao sítio aon-de nos esperam».

Próxima Edição: 15 de Janeiro de 2009 Agradecimentos: Vítor Reia-Baptista Artur Gonçalves

http://www.contemporaneocc.blogspot.com/