535-2534-1-pb
TRANSCRIPT
-
Revista Brasileira de Geografia Fsica 06 (2012) 1457-1472
Agra, J. U. M.; Klink, J. M.; Rodrigues, G. G. 1457
ISSN:1984-2295
Revista Brasileira de
Geografia Fsica
Homepage: www.ufpe.br/rbgfe
Monitoramento da Piscicultura em Reservatrios:
Uma Abordagem Ecolgica
Janaina Ucha Medeiros Agra1, Janine Michaela Klink
2, Gilberto Gonalves Rodrigues
3
1Graduanda em Cincias Biolgicas da Universidade Federal de Pernambuco - Recife-PE, Brasil.
[email protected]; 2Graduanda em Cincias Biolgicas da Universidade de Cincias Aplicadas - Bremen,
Alemanha. [email protected]; 3Professor adjunto da Universidade Federal de Pernambuco - Recife-PE, Brasil.
Artigo recebido em 09/09/2012 e aceito em 10/10/2012
R E S U M O
O biomonitoramento utiliza ferramentas que avaliam os componentes estruturais e funcionais do ecossistema. O estudo
da decomposio foliar, que se prope a refletir a qualidade funcional do ecossistema aqutico, aliado aos dados das
variveis fsicas e qumicas da gua, amplia a sensibilidade e a robustez dos ensaios. A expanso da piscicultura em
reservatrios do rio So Francisco demanda estudos que avaliem sua capacidade suporte, para garantir sua
sustentabilidade. O presente estudo objetivou analisar dados fsicos e qumicos da gua e a velocidade da decomposio
foliar em reas onde ocorrem atividades de piscicultura no municpio de Itacuruba-PE. Foi aplicada uma ANOVA
(fator-nico) para as anlises estatsticas das variveis fsicas e qumicas da gua e uma anlise de covarincia para a
decomposio foliar, em cada estao de coleta. Dados de temperatura e oxignio dissolvido de fundo e superfcie
diferiram entre si, e apenas o oxignio dissolvido da superfcie diferiu entre as estaes de coleta (p
-
Revista Brasileira de Geografia Fsica 06 (2012) 1457-1472
Agra, J. U. M.; Klink, J. M.; Rodrigues, G. G. 1458
1. Introduo
1.1 Biomonitoramento
A anlise da qualidade ambiental dos
reservatrios para a utilizao de suas guas
em atividades diversas como o consumo
humano e animal, irrigao e aquicultura tem
sido relevante em um contexto mundial. As
anlises para avaliam o impacto de uma ao
antrpica devem associar s anlises fsicas e
qumicas da gua as anlises biolgicas, visto
que estas so fundamentais para se conseguir
uma maior confiabilidade dos resultados
(Brandimarte et al., 2007).
Uma vez que a integridade do
ecossistema pode ser avaliada por um
componente estrutural (e.g. composio de
espcies, abundncia, densidade e ndices de
diversidade) e outro funcional (e.g. produo
primria, consumo e decomposio)
(Minshall, 1996), o biomonitoramento deve
utilizar ferramentas que reflitam esses dois
componentes. Os macroinvertebrados
bentnicos tm sido amplamente utilizados
para avaliar a integridade dos ecossistemas
aquticos e geralmente so utilizados como
ferramentas que refletem o componente
estrutural do ecossistema. Por viverem na
interface sedimento-gua e por possurem
pouca mobilidade, eles so efetivos para
anlises em nvel de comunidades (Rosenberg
& Resh, 1993; Goulart & Callisto, 2003;
Rodrigues, 2006; Queiroz et al., 2008).
Quanto s qualidades funcionais do ambiente,
Gessner e Chauvet (2002) propem que o
biomonitoramento deve ser baseado em
processos ecolgicos, sendo a decomposio
foliar e a colonizao por macroinvertebrados
bentnicos um instrumento que possibilita
diagnosticar a integridade funcional do
ecossistema.
Aliar diferentes tcnicas que propem
refletir a complexidade dos ecossistemas com
dados obtidos em procedimentos
padronizados e conhecidos (e.g. variveis
fsicas e qumicas) amplia a sensibilidade e a
robustez dos ensaios, minimizando seus erros.
Por isso, importante a ampliao dos
estudos para que seja possvel obter
concluses mais seguras quanto s novas
propostas metodolgicas de
biomonitoramento, em especial aquelas
aplicadas em regies tropicais, onde a
diversidade especfica maior.
O presente trabalho objetivou a
aplicao de uma metodologia que associa
variveis fsicas, qumicas e biolgicas para o
biomonitoramento da atividade de
piscicultura em reservatrios. Para isto foi
considerado a anlise de dados fsicos e
qumicos da gua e a velocidade da
decomposio foliar em reas onde ocorrem
atividades de piscicultura.
1.2 A piscicultura em reservatrios do Rio
So Francisco
indiscutvel a importncia que o rio
So Francisco exerce sobre a vida daqueles
que vivem s suas margens ou na rea de sua
influncia. Seu histrico, muitas vezes
contraditrio, de desenvolvimento econmico
-
Revista Brasileira de Geografia Fsica 06 (2012) 1457-1472
Agra, J. U. M.; Klink, J. M.; Rodrigues, G. G. 1459
e social que se iniciou com a minerao do
ouro, a expanso da pecuria e da
monocultura, o desmatamento, o crescimento
urbano e a construo das usinas hidreltricas
produziram um grande impacto ambiental e
social (Queiroz, 2008). Sendo assim, o uso
indevido de suas guas conduziu o colapso
destes empreendimentos e isto tem sido uma
das grandes preocupaes da atualidade. Por
isso, estudos relativos qualidade ambiental
deste ecossistema so imprescindveis.
A produo hidreltrica do rio So
Francisco representa 17% da capacidade de
todo pas (ANEEL, 2012), mas a construo
de barragens ao longo do rio exerceu forte
impacto social queles que dependiam da
pesca, direta ou indiretamente, visto que a
oferta de pescado diminuiu
consideravelmente. Assim, a piscicultura
tornou-se uma alternativa para o
restabelecimento do mercado pesqueiro nas
reas de reservatrio do rio So Francisco
(CODEVASF, 2011).
Atualmente, o rio So Francisco
referncia em produo pesqueira, tanto para
subsistncia quanto para o comrcio, devido
ao seu vasto potencial. So onze
represamentos, que equivalem a cerca de 20%
da rea ocupada por todas as represas do pas
(Soares et al., 2007), sendo o reservatrio de
Itaparica um dos que apresenta um grande
potencial para o desenvolvimento da
piscicultura (Barros, 2004).
A piscicultura, como qualquer outra
atividade antrpica, exerce um impacto
ambiental especfico, principalmente no
tocante gua nas reas onde esto instaladas.
Os resultados desta atividade apresentam
caractersticas distintas, de acordo com uma
srie de fatores, que incluem a quantidade e a
qualidade da rao que oferecida aos peixes
como alimento e da gua utilizada para o
abastecimento, alm da intensidade do cultivo
e das caractersticas do organismo (Henry-
Silva & Camargo, 2008). Apesar da atividade
de piscicultura em tanques-rede ser
considerada menos impactante do que outras
formas de cultivo, a dependncia dos peixes
ao raoamento implica em um impacto
ambiental, devido ao aumento de nutrientes
(e.g. compostos nitrogenados e fsforo) no
sedimento e gua. Sendo assim, apesar do
grande investimento e expanso da
piscicultura em reservatrios ao longo do rio
So Francisco, so necessrios estudos mais
aprofundados a respeito da capacidade de
suporte dessas guas (Soares, 2007), na
tentativa de garantir a sustentabilidade deste
tipo de empreendimento.
2. Material e Mtodos
2.1 rea de estudo
O reservatrio de Itaparica (Figura 1),
localizado no sub-mdio So Francisco, foi
fundado em 1988 (Gunkel, 2007). Este
reservatrio est localizado entre a divisa dos
Estados de Pernambuco e Bahia, em uma
regio de clima semi-rido, com temperaturas
mdias anuais de 27 C (Gunkel, 2007).
No municpio de Itacuruba-PE, que
-
Revista Brasileira de Geografia Fsica 06 (2012) 1457-1472
Agra, J. U. M.; Klink, J. M.; Rodrigues, G. G. 1460
possui reas s margens do reservatrio de
Itaparica, a piscicultura vem sendo estimulada
por uma srie de projetos com apoio
governamental e tambm de empresas
privadas (CODEVASF, 2011). A piscicultura
na regio vem sendo a principal fonte de
renda dos moradores da cidade e da regio
circunvizinha.
O estudo foi realizado neste reservatrio
entre os meses de maro e julho de 2012, na
Fazenda Braspeixe (848'8.37"S,
3844'36.28"O), que se localiza na zona rural
da cidade de Itacuruba-PE. A fazenda tem
produzido tilpia do Nilo (Oreochromis
niloticus (Linnaeus, 1758)) em 20 tanques-
rede de 218m3, com uma produo mdia de
12 toneladas de tilpia por tanque-rede.
Figura 1. Mapa de localizao do estudo no Reservatrio Itaparica, rio So Francisco, entre os
estados de Pernambuco e Bahia, Brasil (mapa editado por Juliana Agra). Fonte: Google Earth
(2012).
2.2 Mtodos
O levantamento dos dados baseou-se
em uma anlise do metabolismo do
ecossistema, a partir da aplicao da tcnica
de litter bags (bolsas de folhedo) seguindo
Benfield, Paul & Webster (1979), para
analisar a decomposio foliar.
As bolsas de decomposio foram
confeccionadas com material tipo nylon com
malha de abertura 10,0 X 2,0mm preenchidas
-
Revista Brasileira de Geografia Fsica 06 (2012) 1457-1472
Agra, J. U. M.; Klink, J. M.; Rodrigues, G. G. 1461
com 4,0 0,02g de folhas de craibeira
(Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. &
Hook. f ex S. Moore), previamente secas em
temperatura ambiente e posteriormente
levadas estufa a 60 C por 48h. Um total de
20 unidades amostrais foi instalado em cada
estao de coleta. Trs estaes de coleta
foram dispostas em tanques-rede pertencentes
empresa de piscicultura BRASPEIXE e
mais duas estaes foram instaladas distante
dos tanques-rede, como pontos controle. As
estaes de coleta foram escolhidas de acordo
com as caractersticas fsicas e geogrficas da
rea de estudo, considerando a direo das
correntes e do vento (Figura 2).
Figura 2. A. Mapa da distribuio das estaes de coleta no reservatrio de Itaparica e a estao de
apoio da empresa Braspeixe localizada na margem terrestre. B. Foto de um tanque-rede associado a
uma estao de coleta (casa de apoio flutuante).
As estaes de coleta A e E
correspondem s estaes controle, onde no
h tanques-rede instalados. As estaes B, C e
D possuem quatro tanques-rede conectados a
uma casa de apoio flutuante para cada tanque.
As estaes de coleta controle distam 100
metros das estaes de criao de peixe mais
prximas (Quadro 1).
Quadro 1. Descrio da localizao geogrfica das estaes de coleta, tempo de atividade de
piscicultura de cada conjunto de tanques-rede e profundidade em cada estao.
Estaes de
Coleta Coordenadas
Tempo de
atividade
Profundidade mdia
(m)
A 848'9.00"S, 3844'45.10"O controle 6,54
B 848'12.20"S, 3844'44.20"O ~300 dias 7,14
C 848'18.30"S, 3844'43.00"O ~90 dias 7,65
D 848'23.70"S, 3844'43.20"O ~10 dias 8,52
E 848'25.70"S, 3844'47.20"O controle 6,24
-
Revista Brasileira de Geografia Fsica 06 (2012) 1457-1472
Agra, J. U. M.; Klink, J. M.; Rodrigues, G. G. 1462
Apenas nas estaes de coleta B e D
foram acrescentadas quatro bolsas extras, que
foram resgatadas aps 24 horas de exposio,
para mensurar a perda inicial da massa foliar
(lixiviao) ocorrida por efeito de transporte e
impactos fsicos no incio do experimento. Tal
perda foi desprezada nos clculos de
decomposio foliar, sendo o peso inicial
considerado apenas a partir de 24 horas. Para
as estaes de coleta A, C e E foi obtida a
mdia entre as massas das folhas das bolsas
de folhedo de 24 horas das estaes de coleta
B e D.
Todas as bolsas de folhedo coletadas ao
longo do experimento foram embaladas,
individualmente, em papel jornal e secas por
48h em estufa a 60 C. Trs bolsas de folhedo
foram coletadas, por estao de coleta, aps
15, 30, 60, 90 e 120 dias de exposio. Assim,
foi possvel calcular a velocidade da perda de
massa foliar por estao de coleta atravs da
aplicao do modelo exponencial onde a
decomposio foliar segue a seguinte frmula
(Graa et al., 2005):
Mt = Mo . e-kt
Mt = massa foliar ao final do experimento
Mo = massa foliar aps 24 horas de experimento
k = coeficiente de decomposio foliar
t = tempo
A decomposio foliar em cada estao
de coleta foi comparada atravs de anlise de
covarincia (ANCOVA), seguida pela
aplicao de teste Tukey HSD, utilizando o
programa estatstico R, verso 2.11.0.
Paralelamente, foram mensurados, em
campo, a temperatura e o oxignio dissolvido
(O.D.) da gua de fundo e superfcie com
ajuda de uma sonda tipo AT-
150/Microprocessado/Alfakit. Para medir os
demais parmetros fsicos e qumicos foram
coletadas amostras de gua de fundo e
superfcie com o auxlio de um coletor tipo
Van Dorn. As amostras de gua foram
armazenadas em garrafas de 500 mL (tipo
PET) em um recipiente de isopor com gelo
at serem refrigeradas a 10 C constante. As
amostras foram analisadas dentro de um
perodo de 24 horas. As concentraes de
fsforo total, amnia, nitrito, nitrato
(Espectrofotmetro tipo Spektro Kit/AT
100P/Alfakit) e pH (pH-metro tipo
SL110/Solar Instrumentao LTDA) foram
medidas em laboratrio, de acordo com o
manual de procedimentos da Alfakit (2012).
Para as variveis fsicas e qumicas da
gua foi realizada uma anlise de varincia
(ANOVA) de fator-nico, para avaliar se
houve diferena significativa entre as estaes
de coleta e entre superfcie e fundo (p < 0,05).
3. Resultados e Discusso
3.1 Parmetros fsicos e qumicos da gua
Na rea estudada, a temperatura no
variou, significativamente, tanto entre as
estaes de coleta como entre as amostras de
fundo e superfcie, oscilando em torno da
mdia de 27,3 1,0C na superfcie e de
26,9 0,6C no fundo. O pH apresentou
-
Revista Brasileira de Geografia Fsica 06 (2012) 1457-1472
Agra, J. U. M.; Klink, J. M.; Rodrigues, G. G. 1463
diferena significativa apenas entre fundo e
superfcie (F=0,180; p=0,004), com mdias de
7.67 0.29 e 7.91 0.28, respectivamente
(Figura 3).
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
A B C D E
pH Superfcie
pH Fundo
Temperatura
Figura 3. Valores mdios de pH da gua de superfcie e fundo e temperatura mdia da gua de
superfcie. Medies entre 12 de maro e 8 de julho de 2012 nas estaes de coleta A-E.
Os valores mdios dos demais
parmetros fsicos e qumicos das reas
amostradas e respectivos enquadramentos
seguindo Resoluo No357 de 17 de maro de
2005 do Conselho Nacional de Meio
Ambiente (CONAMA) para guas de Classe
2, como esto classificadas as guas do rio
So Francisco, que so destinadas a diferentes
usos, incluindo a piscicultura, apresentaram
variao (Tabela 1).
Tabela 1. Valores mdios dos parmetros fsicos e qumicos da gua nas estaes de coleta A-E
entre 12 de maro e 8 de julho de 2012, no reservatrio de Itaparica-PE, em reas com piscicultura.
S = Superfcie, F = Fundo, O.D. = Oxignio Dissolvido
A B C D E CONAMA
classe 2
S F S F S F S F S F
NO2 0,005 0,000 0,005 0,000 0,011 0,005 0,016 0,005 0,016 0,000 < 1,00 mg/L
NH3 0,000 0,004 0,002 0,000 0,000 0,008 0,000 0,002 0,000 0,000 < 3,70 mg/L
NO3 1,03 1,05 1,15 0,73 0,68 1,14 0,92 1,46 1,31 1,08 < 10,0 mg/L
Ptotal 0,148 0,057 0,228 0,183 0,206 0,143 0,188 0,189 0,166 0,107 < 0,05 mg/L
O.D. 7,05 5,34 5,16 5,29 7,14 5,35 7,05 4,89 8,05 5,94 > 5,00 mg/L
Assim como nas medidas de
temperatura, no houve diferena significativa
entre as concentraes de nitrito, nitrato,
amnia e fsforo, tanto entre as estaes de
coleta como entre as estaes do fundo e da
superfcie. Tal homogeneidade mostra uma
no estratificao trmica e qumica neste
ambiente lntico, implicando em boas
-
Revista Brasileira de Geografia Fsica 06 (2012) 1457-1472
Agra, J. U. M.; Klink, J. M.; Rodrigues, G. G. 1464
condies para o cultivo de tilpias em
tanque-rede, considerando padres definidos
pela CODEVASF (2010).
As concentraes de oxignio
dissolvido (Figura 4) apresentaram diferena
significativa, tanto entre as estaes de coleta
do fundo e da superfcie (F=6,417; p=0,0146)
como entre as estaes de coleta na superfcie
(F= 8,912; p=0,0003). Na estao B, a
concentrao de oxignio dissolvido na
superfcie (5,16 mg/L) quase atingiu o limite
mnimo sugerido pelo CONAMA 2005. Tal
distino em relao s demais estaes de
coleta pode ter sido devido instalao de
tanques-rede em uma rea com guas mais
paradas. Baccarrin (2002) observou que, em
criaes de tilpia do Nilo, os teores de
oxignio dissolvido na gua reduziam com o
aumento da biomassa de peixes, devido ao
raoamento e aos metablitos dos peixes
(Henry-Silva & Camargo, 2008).
0
2
4
6
8
10
A B C D E
Estaes de coleta
Superfcie
Fundo
Figura 4. Mdia das concentraes de oxignio dissolvido (mg/L) nas estaes de coleta A-E do
fundo e da superfcie. Medies realizadas entre 12 de maro e 8 de julho de 2012, ao longo das
estaes de coleta.
As concentraes das diferentes formas
de nitrognio dissolvidas na gua
apresentaram valores bem inferiores aos
limites mximos exigidos pelo CONAMA
(2005). Nveis semelhantes de concentrao
tambm foram constatados por Gunkel
(2007), em duas reas de piscicultura em
tanque-rede no reservatrio Moxot e, por
Melo (2007), no reservatrio Itaparica.
O contrrio ocorreu com as
concentraes de fsforo total para todos as
estaes de coleta, que excederam os nveis
aconselhados pelo CONAMA (2005), (
-
Revista Brasileira de Geografia Fsica 06 (2012) 1457-1472
Agra, J. U. M.; Klink, J. M.; Rodrigues, G. G. 1465
montante do trecho em estudo para o mesmo
perodo.
Estudos sobre converso alimentar em
tilpias cultivadas em tanques-rede e o
impacto causado pela utilizao de raes
mostram que o peixe pode reter de 10 a 30%
do fsforo disponvel em sua dieta; tal
porcentagem depender do tipo de rao
(Kubtiza, 1999). Para salmondeos criados em
tanques-rede foi constatado um
aproveitamento de apenas 1/4 do fsforo e do
nitrognio oferecido pelo raoamento,
enquanto o restante permaneceu no ambiente
aqutico, dissolvido na gua (10% do fsforo;
65% do nitrognio) ou no sedimento (65% do
fsforo; 10% do nitrognio) (Bergheim apud
Henry-Silva & Camargo, 2008). Tais
propores esto muito abaixo dos 40% da
reteno alimentar desejvel (Kubtiza, 1999).
Na rea de estudo, apesar de no haver
diferena significativa entre as estaes de
coleta para os valores de fsforo total,
possvel observar uma tendncia de aumento
das suas concentraes em locais onde
existem tanques-rede (Figura 5).
Figura 5. Mdia das concentraes de fsforo total (Ptotal) em mg/L em estaes de coleta A-E de
superfcie e do fundo. Medies obtidas entre 12 de maro e 8 de julho de 2012, ao longo das
estaes de coleta.
3.2 O processo de decomposio foliar em
reas de piscicultura
As bolsas de folhedo foram expostas
por um perodo mximo de 120 dias ou at
enquanto as bolsas apresentavam material
foliar. Nas estaes de coleta controle (A e E)
e na estao de coleta D o resgate foi feito at
o perodo de 90 dias. Na estao E, as bolsas
de decomposio do perodo T60 foram
acidentalmente perdidas, sendo assim, no
existem dados de massa foliar para este
perodo, restando os dados relativos aos
perodos de T15, T30,e T90 dias.
A perda de massa foliar por lixiviao,
ocorrida no perodo de 24 horas, foi de
16,42% (estao de coleta B) e de 17,42%
(estao de coleta D). Geralmente, a perda de
massa foliar por lixiviao ocorre entre 10 a
-
Revista Brasileira de Geografia Fsica 06 (2012) 1457-1472
Agra, J. U. M.; Klink, J. M.; Rodrigues, G. G. 1466
20% (Rodrigues, 2006).
As primeiras bolsas de folhedo a
reterem apenas 10% da massa pertenciam
estao D, com apenas 60 dias de exposio.
Com 90 dias de exposio, as bolsas das
estaes A e E apresentaram taxas de 6,53 e
6,33%, respectivamente. Foram necessrios
120 dias para que as bolsas nos pontos B
(4,89%) e C (10,84%) atingissem baixo nvel
de perda de massa foliar (Figura 6).
Figura 6. Remanescente de massa foliar de craibeira (Tabebuia aurea) ao longo do tempo de
permanncia na gua (maro a julho de 2012) nas estaes de coleta A-E no reservatrio de
Itaparica (rio So Francisco).
Verificou-se, assim, que um perodo de
120 dias de exposio, usando bolsas de
folhedo contendo folhas de craibeira, foi
suficiente para a avaliao da taxa de
decomposio da matria vegetal. Estes
experimentos, devido facilidade de
exposio e custos, podem ser realizados em
diferentes perodos do ano (estao seca
estao chuvosa) e repetidos com acurcia.
De acordo com Petersen e Cummins (1974), o
processo de decomposio foliar est
diretamente ligado s condies fsicas,
qumicas e composio biolgica do
ecossistema aqutico. Sendo assim, a
utilizao desta metodologia para anlise
limnolgica e biomonitoramento oferece a
vantagem de fornecer um entendimento
integrado dos fenmenos e eventos que
ocorrem durante o tempo de exposio das
bolsas contendo material vegetal.
A craibeira, planta nativa do bioma
caatinga e frequentemente associada a
crregos na regio do semirido (Cabral et al.,
2003), mostrou-se adequada aplicao do
mtodo, devido sua consistncia, tamanho e
forma. As bolsas com folhedo de espcies
-
Revista Brasileira de Geografia Fsica 06 (2012) 1457-1472
Agra, J. U. M.; Klink, J. M.; Rodrigues, G. G. 1467
vegetais nativas da circunvizinhana de
reservatrios favorecem a colonizao da
fauna de invertebrados bentnicos atravs dos
recursos oriundos da degradao foliar
(Rodrigues, 2006). Sendo assim, a partir da
exposio destas bolsas de folhedo possvel
analisar, inclusive, a colonizao destes
organismos e, ao final, estimar sua densidade,
abundncia, riqueza e diversidade, permitindo
a caracterizao da estrutura da comunidade
macrobentnica.
A Tabela 2 apresenta os valores de k,
aplicando a funo exponencial de
decaimento aps o final do experimento para
cada estao de coleta separadamente.
Tabela 2. Valores do coeficiente de decomposio dirio (-k) de Tabebuia aurea para cada estao
de coleta.
EC k (dia -1
)
A k90 = - 0,0303
B k120= - 0,0252
C k120= - 0,0185
D k60 = - 0,0386
E k90 = - 0,0307
Segundo Petersen e Cummins (1974),
os valores encontrados para -k so
considerados rpidos, sempre que k > 0,01.
Tais valores podem estar relacionados
morfologia e composio qumica das folhas,
caractersticas limnolgicas locais (e.g.,
temperatura e pH), alm da participao direta
de organismos decompositores (fungos e
bactrias) e invertebrados detritvoros.
Contudo, os distintos valores do coeficiente
de decomposio foliar para cada estao de
coleta tambm refletem as variaes locais a
que esto submetidas as unidades amostrais
(Rodrigues, 2006).
As anlises estatsticas relativas perda
de massa foliar apontaram diferena
significativa entre os tratamentos, o tempo de
decomposio e os tratamentos ao longo do
tempo (trat:tempo) (Tabela 3).
Tabela 3. Valores da anlise estatstica de covarincia (ANCOVA) referente regresso da massa
foliar ao longo do tempo em cinco tratamentos distintos (estaes de coleta).
gL SQ MSQ F Pr (>F)
Tratamento 4 2.121 0.5302 20.6453 2.712e-09 ***
Tempo 4 102.819 25.7048 1000.876 < 2.2e-16 ***
Trat:tempo 16 2.64 0.165 6.4243 9.020e-07 ***
Resduos 40 1.027 0.0257
Significncia: 0 *** 0.001 ** 0.01 * 0.05 . 0.1 1
-
Revista Brasileira de Geografia Fsica 06 (2012) 1457-1472
Agra, J. U. M.; Klink, J. M.; Rodrigues, G. G. 1468
Os resultados das anlises estatsticas
entre as estaes de coleta, que agrupam as
estaes de coleta que no apresentaram
diferena significativa e mostram os valores
de p para as estaes que diferem
significativamente, so mostrados na Figura
7.
Figura 7. Mapa mostrando resultado da aplicao de testes estatsticos comparativos entre as
estaes de coleta A-E.
O fato da decomposio foliar na
estao D no apresentar diferena
significativa entre a estao de coleta controle
E e, ao mesmo tempo, diferir
significativamente (p
-
Revista Brasileira de Geografia Fsica 06 (2012) 1457-1472
Agra, J. U. M.; Klink, J. M.; Rodrigues, G. G. 1469
atividade por dez meses.
Estudos que avaliam a decomposio
em reas de interferncia antrpica
constataram um aumento ou diminuio das
taxas de decaimento, de acordo com o
impacto em questo. A poluio por
mineradoras amplamente conhecida, por
reduzir as taxas de decomposio, assim
como reas sobre a influncia de inseticidas
aplicados agricultura (Webster & Benfield,
1986; Gessner & Chauvet, 2002). Por outro
lado, Pascoal et al. (2001; 2003) vm
observando que a adio de nutrientes, como
fsforo e nitrognio, como consequncia de
atividades humanas tem acelerado esse
processo.
Sob a influncia direta da piscicultura
na rea de estudo, a decomposio foliar foi
significantemente menor nas estaes B (k = -
0,0252) e C (-0,0185). Estes valores
encontrados para tais estaes de coleta
podem estar relacionados ao tempo em que a
atividade de cultivo vem sendo desenvolvida
naqueles mesmos locais. No somente o
tempo da atividade em um mesmo local pode
influenciar o processamento da taxa de
decomposio, mas, tambm, a quantidade de
peixes cultivados nos tanques-rede. As
estaes B e C foram aquelas que
apresentaram o maior valor de biomassa do
cultivo no perodo do estudo. A localizao
mais interna na baia tambm pode ter
colaborado com o acmulo dos nutrientes e
metablitos advindos da atividade de
piscicultura, diferentemente do que ocorreu
com a estao D.
A diferena na decomposio foliar
entre os pontos avaliados confirma a relao
direta entre as unidades amostrais e a rea de
exposio (Royer & Minshall apud Barbosa,
2005), visto que reas localizadas a 100
metros de distncia de uma rea com tanques-
rede apresentam decaimento foliar
significativamente maior do que nos pontos
onde peixes so cultivados. No entanto, a
mesma correlao de dados no pde ser feita
com as variveis fsicas e qumicas
analisadas, por elas no apresentarem
diferena significativa entre as estaes de
coleta, com exceo dos nveis de oxignio
dissolvido na superfcie.
O processo de decomposio foliar, por
si s, um ponto de partida para o
desenvolvimento de tcnicas que avaliem a
integridade das funes de um corpo dgua
(Gessner & Chauvet, 2002). Apesar de
diversos estudos comprovarem que a entrada
de nutrientes, em especial o nitrognio,
acelera a decomposio foliar (Webster &
Benfield, 1986; Pascoal et al., 2001; Pascoal
et al., 2003), destaca-se a necessidade de
estudos mais aprofundados para investigar as
causas que causam uma desacelerao da
decomposio em reas de piscicultura.
4. Concluso
No presente estudo, a aplicao do
mtodo de decomposio foliar com a
utilizao de litter bags, aliado s anlises
fsicas e qumicas da gua, se mostrou como
-
Revista Brasileira de Geografia Fsica 06 (2012) 1457-1472
Agra, J. U. M.; Klink, J. M.; Rodrigues, G. G. 1470
uma ferramenta eficaz para medir o
componente funcional do ecossistema e
avaliar a interferncia da piscicultura de
tilpias em tanque-rede, na rea de influncia
da atividade no reservatrio.
5. Agradecimentos
Os autores agradecem a empresa
Braspeixe por conceder sua rea em atividade
de piscicultura e o apoio logstico necessrio
para a realizao deste estudo. Agradecemos
ao consultor Engenheiro de Pesca, Cleiton
Passos, pelas contribuies tcnicas quanto ao
cultivo de tilpia em tanques-rede. Aos
pescadores da Braspeixe, por toda a ajuda nos
trabalhos de campo. Agradecemos a
Universidade Estadual da Bahia (UNEB) por
permitir o uso das instalaes fsicas. Ao Prof.
Dr. Ricardo Nogueira, por ceder os kits de
anlise de gua e nos assessorar nas visitas
mensais UNEB, e ao servidor, Sr. Robrio
Lima, por garantir a realizao de todas as
anlises em tempo hbil.
6. Referncias
AGNCIA NACIONAL DE ENERGIA
ELTRICA ANEEL. Disponvel em:
Acesso em: 18 Jul 2012.
Baccarin, A.E. (2002). Impacto ambiental e
parmetros zootcnicos da produo de tilpia
do Nilo (Oreochromis niloticus) sob
diferentes manejos alimentares. Jaboticabal.
56p. (Tese de Doutoramento. Universidade
Estadual Paulista, Jaboticabal).
Barbosa, A.F. (2005). Desenvolvimento de
Metodologia para Anlise de Impacto e
Monitoramento Ambiental a partir do Estudo
do Metabolismo de Sistemas Aquticos
Utilizando os Processos de Decomposio e
Colonizao Foliar por Macroinvertebrados
como Indicativo da Qualidade Ecolgica da
gua. Monografia (bacharelado)
Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre.
Barros, A.C. (2004). Evoluo dos fatores
hidrobiolgicos no reservatrio de Itaparica
Rio So Francisco (1987, 1989 e 2002).
Dissertao (mestrado) Universidade
Federal de Pernambuco. Recife - CTG.
Gesto e Polticas ambientais.
Benfield, E. F; Paul, R. W. Jr. & Webster, J.
R. (1979). Influence of exposure technique on
leaf breakdown rates in streams. OIKOS. 33:
386-391.
Brandimarte, A.L; Shimizu, G.Y; Anaya, M.;
Kuhlmann, M.L. (2007). Amostragem de
Invertebrados Bentnicos. In: Bicudo, C.E. de
M. & Bicudo, D. de C. (Org.) Amostragem
em Limnologia. So Carlos: RiMa, 2d. p
213-228.
Cabral, E.L; Barbosa, D.C.A; Simabukuro,
E.A. (2003). Armazenamento e germinao
de sementes de Tabebuia aurea (Manso)
-
Revista Brasileira de Geografia Fsica 06 (2012) 1457-1472
Agra, J. U. M.; Klink, J. M.; Rodrigues, G. G. 1471
Benth. & Hook. F. Ex. S. Moore. Acta bot.
bras. 17(4): 609-617.
CODEVASF - Companhia De
Desenvolvimento Dos Vales Do So
Francisco E Do Parnaba (2010). Manual de
criao de peixes em tanque-rede. Elaborao:
Instituto Ambiental Brasil Sustentvel
(IABS). Braslia-DF.
CODEVASF - Companhia De
Desenvolvimento Dos Vales Do So
Francisco E Do Parnaba Disposvel em:
Acesso
em: 23 Set 2011.
CONSELHO NACIONAL DE MEIO
AMBIENTE. Resoluo CONAMA n 357,
de 17 de maro de 2005. Dispe sobre a
classificao dos corpos de gua e diretrizes
ambientais para o seu enquadramento, bem
como estabelece as condies e padres de
lanamento de efluentes.
Dirio Oficial da Unio. n. 53, de
18/03/2005, p. 58-63. Disponvel em:
. Acesso em: 25 de Jun
2012
Goulart, M.D.C; Callisto, M. (2003).
Bioindicadores de qualidade de gua como
ferramenta em estudos de impacto ambiental.
Revista da FAPAM, ano 2, n 1.
Gessner, M. O; Chauvet, E. (2002). A case for
using litter breakdown to assess functional
stream integrity. Ecol. Appl., 12: 498-510.
Graa, M.A.S., F. Brlocher, M.O. Gessner.
(2005). Methods to study litter
decomposition, - a practical quide. Springer
Verlag, Dortdrecht, Netherlands. 329 p.
Gunkel, G. & Sobral, M. C. (2007). Reservoir
and river basin management: Exchange and
experiences from Brazil, Portugal and
Germany, 1st edition, Universittsverlag TU
Berlin, Berlin. 279 p.
Henry-Silva, G.G.; Camargo, A.F.M. (2008).
Impacto das atividades de piscicultura e
sistemas de tratamento de efluentes com
macrfitas aquticas relato de caso. B. Inst.
Pesca, So Paulo, 34(1): 163-173.
Kubtiza, F. (1999). Tanques-rede, raes e
impacto ambiental. Rev. Panorama da
Piscicultura. Vol. 9, No 51. Janeiro/Fevereiro
1999. p. 44-50.
Melo, G.L. (2007). Estudo da qualidade da
gua do reservatrio de Itaparica localizado
na bacia do rio So Francisco. Dissertao
(mestrado) Universidade Federal de
Pernambuco. CTG. Programa de ps-
graduao em Engenharia Civil.
Minshall, G. W. (1996). Bringing biology
back into water quality assessments. Pages
289324 in Committee on inland aquatic
ecosystems. Freshwater ecosystems:
-
Revista Brasileira de Geografia Fsica 06 (2012) 1457-1472
Agra, J. U. M.; Klink, J. M.; Rodrigues, G. G. 1472
revitalizing educational programs in
limnology. Water Science and Technology
Board, Commission on Geosciences,
Environment, and Resources, National
Research Council, USA.
Pascoal, C; Cssio, F; Gomes, P. (2001). Leaf
breakdown rates: a measure of water quality?
International Review of Hydrobiology, 86,
407-416.
Pascoal, C; Pinho, M; Cssio, F; Gomes, P.
(2003). Assessing structural and functional
ecosystem condition using leaf breakdown:
studies on a polluted river. Freshwater
Biology 48, 2033-2044.
Petersen, R.C. & Cummins K.W. (1974). Leaf
processing in a woodland stream. Freshwater
Biol. 4: 343-368.
Queiroz, J.F.; Silva, M.S.G.M.; Trivinho-
Strixino, S. (2008). Organismos bentnicos:
Biomonitoramento da qualidade da gua.
Jaguarina: Embrapa Meio Ambiente, 91p. il.
Rodrigues, G.G. (2006). Decomposio foliar
em sistemas ecolgicos. In: MARIATH,
J.E.A. & SANTOS, R.P. (Org.). Os avanos
da botnica no incio do sculo XX:
morfologia, taxonomia, ecologia e gentica:
Conferncias, plenrias e simpsios do 57
Congresso Nacional de Botnica. Porto
Alegre: p.732-736.
Rosenberg, D. M. & Resh, V.H. (1993).
Introduction to freshwater biomonitoring and
benthic macroinvertebrates. In: Freshwater
biomonitoring and benthic
macroinvertebrates. (eds.) Rosenberg, D.M.
and Resh, V.H. Chapman and Hall, New
York, pp. 1-9.
Royer T. V; Minshall G.W. (2003). Controls
on leaf processing in streams from spatial-
scaling and hierarchical perspectives. Journal
of the North American Benthological Society:
September 2003, Vol. 22, No. 3, pp. 352-358.
Soares, M.C.F.; Lopes, J.P.; Bellini, R.;
Menezes, D.Q. (2007). A piscicultura no Rio
So Francisco: possvel conciliar o uso
mltiplo dos reservatrios? Rev. Bras. Enga.
Pesca 2[2].
Soares, G. G. & Monteiro Camargo, A. F.
(2008). Impacto das atividades de piscicultura
e sistemas de tratamento de efluentes com
macrfitas aquticas Relato de caso, B.
Instituto de Pesca, So Paulo, 34(1):163-173.
11 p.
Webster, J.R; Benfield, E.F. (1986). Vascular
plant breakdown in freshwater ecosystems.
Ann. Rev. Ecol. Syst. 17:567-94.