50319997 teoria da comunicacao i

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  • 8/7/2019 50319997 Teoria Da Comunicacao I

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    FACULDADE PAULISTA DE ARTES

    TEORIA DA COMUNICAO I - PROF MARLENE

    O PROCESSO COMUNICATIVO

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    DIMBLEBY, Richard e BURTON, Greame. Mais do que palavras: Uma introduo

    teoria da Comunicao, SP, Ed.Summus, 1990. (da pgina 15 at a 22)

    O QUE COMUNICAO?

    1 De que Maneira se realiza nossa experincia em comunicao?

    A histria de Jonh

    Jonh estava num de seus piores momentos nesta manh. Desde o instante em

    que o despertador tocou at pegar o nibus, ele no estava mais do que meioacordado. E essa meia parte era a sua pior parte. Ele queria rosnar para todos,

    inclusive para seu pai, que assobiava com toda a naturalidade, desde o momento

    em que se levantara. Foi o barulho do rdio na cozinha que obrigou Jonh a sair

    da cama. Isto, ou a msica que sua irm estava ouvindo em alto som.

    Ele gostaria de saltar escada abaixo e pegar o jornal que estava na frente da porta

    . O carteiro habitualmente o deixava ali. Ento, se isto no fosse possvel, ele

    colocaria o pacote de cereais sua frente, tentando decifrar as letras da

    embalagem atravs dos olhos semicerrados. Ele leria o rtulo da caixa de cereais,

    mal-humoradamente, procurando ofertas grtis ou concursos. Sua me,

    habitualmente, falava com ele, enquanto fritava ovos com bacon. Mas Jonh no

    tinha muito a dizer. Finalmente, olhou para o relgio, pegou o casaco e sua

    pasta, atravessou o correndo a sala, deu um at logo!, enquanto saa

    atravessando o caminho e descendo pelo atalho.

    Sobre a histria de Jonh

    Se voc estiver perguntando pelos pontos referentes comunicao nesta

    histria, e vendo previamente os fatos da ilustrao, provavelmente voc se

    referir a esses objetos como elementos comunicantes. Ideias como jornal e rdio

    so instrumentos com os quais as pessoas imediatamente associam a palavra

    comunicao. E se adicionarmos alguns itens da histria, tais como assobio ou

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    aceno da mo, ento, podemos dizer algo da nossa experincia sobre a

    comunicao atravs das coisas. Elas so meios de comunicao.

    1.1 - Meios de comunicao

    Neste caso, a comunicao definida em termos dos meios pelos quais ela se

    realiza. Se estivermos falando sobre rdio, ou pintando, por exemplo, ento

    estamos falando sobre comunicao. Isto no suficiente, porque no nos diz

    como os meios de comunicao esto sendo usados. Nem nos diz por que a

    comunicao est se realizando. Na verdade, isto no diz muita coisa. Nem nos

    d uma resposta, mesmo parcial, nossa principal pergunta: O que

    comunicao? Para respond-la devemos partir de alguma coisa. Ser til

    separar, previamente, os diversos meios de comunicao de que nos utilizamos.

    Sugerimos que, para tanto, se utilize os trs pontos que seguem:

    a) Forma de comunicao

    o caminho para se comunicar, tal como a fala, escrever, desenhar.

    Formas so elementos distintos e separados uns dos outros, tendo seus prprios

    sistemas para transmitir mensagens. A escrita utiliza palavras, que so marcas no

    papel de acordo com certas regras (gramtica).

    b) Veculos de comunicao

    So meios de comunicao, que combinam diferentes formas. Geralmente. Muito

    do que chamamos formas so meios de comunicao, que controlamos

    diretamente, tal como a comunicao no verbal (gestos, expresses faciais,

    maneira de se vestir etc.)

    Os veculos de comunicao, muitas vezes, implicam o uso de tecnologia que est

    longe do controle da maioria das pessoas. Um livro, por exemplo, um meio de

    comunicao que utiliza formas tais como palavras, fotos e desenhos.

    c) Mdias

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    So elementos de comunicao de massa de um grupo distinto dirigindo-se a

    outro, dentro do mesmo processo.

    Exemplo disso: o rdio, a televiso, o cinema e revistas.

    Essas mdias constituem, tambm, caminhos distintos que incluem inmeras

    formas de comunicao. Por exemplo, a televiso oferece palavras, imagens e

    msica. Alm disso, o termo mdia identifica esses meios de comunicao, que

    so baseados em tecnologia e que fazem uma ponte entre o Comunicador e o

    Receptor.

    Comentrios

    Algumas formas de comunicao esto contidas em si mesmas. Certoselementos, como as palavras, so necessariamente transitrios. Desaparecem

    quando pronunciadas. No h uma permanente gravao do que foi dito. J uma

    revista tem a particularidade de registrar o que se comunica, algo que

    permanece nas pginas. Podemos voltar ao que ela nos comunica no momento

    em que quisermos. Por outro lado, alguns meios de comunicao se caracterizam

    por uma tecnologia que tem como trao dominante a transmisso de mensagens.

    Exemplos disso seriam os satlites, ou outros meios que nos ajudam no processo

    de comunicao, no sentido de transmitir nossas falas, nossos escritos.

    Algumas qualidades de formas ou meios de comunicao so impostas.

    Desenhos (Histrias em quadrinhos) so apresentados como alegres e

    engraados. Mas, nem sempre so assim. Muitos filmes em desenho animado

    so srios. Interesses comerciais e produtores de cinema impuseram o hbito de

    utilizar esses meios atravs de uma determinada forma. Essa ideia nos imposta.

    Vejamos outro exemplo: tentemos a pensar que o rdio , apenas, um meio de

    transmisso. Mas a qualidade do que ele transmite tambm nos imposta e isto

    no uma consequncia nem decorre da tecnologia do rdio. O fato de que rdios

    independentes s recentemente tenham sido permitidas na Gr-Bretanha uma

    consequncia de decises governamentais. Deixando de lado problemas tcnicos,

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    tais como congestionamento das ondas de transmisso, no h qualquer razo

    lgica que impea que o rdio seja utilizado para a troca geral de mensagens.

    Todas as formas de comunicao ampliam o poder de nossos sentidos. Toda a

    comunicao que transmitimos ou recebemos para atravs dos nossos cinco

    sentidos, especialmente aquilo que se v e se ouve. Isto continua sendo verdade

    mesmo quando utilizamos elementos da tecnologia moderna para ajudar nossa

    comunicao. Um sistema de se dirigir ao pblico amplia o alcance da voz

    humana. Um gravador aumenta nossa capacidade de comunicao atravs de

    longas distncias, ou, mesmo, atravs do tempo. Ele pode ser levado de um lugar

    a outro e, ainda, ser guardado por anos e anos a fio. Os computadores so

    tambm interessantes, porque aumentam o poder de memria humana. Um

    computador no esquece o que foi dito e pode fazer o mesmo trabalho muitas

    vezes, quase infinitamente.

    Existem outros meios de comunicao em nossa vida diria. Um exemplo disso

    so os sinais de trnsito ou, ainda, sinais especiais indicando determinados

    servios ou lojas, tais como barbearias, lanchonetes. Procure verificar esses

    meios de comunicao e pergunte a voc mesmo por que eles existem e o que

    eles comunicam.

    Muitos meios de comunicao so internacionais. Alguns elementos so criados

    com inteno explcita de comunicar determinada mensagem. Isto inclui exemplos

    conhecidos, como a torre de uma igreja. algo apresentado para chamar a

    ateno sobre o edifcio, no caso da igreja, para a sua funo e para a religio.

    Contudo, importante reconhecer mensagens e significados podem ser

    entendidos em muitos casos onde os meios de comunicao so utilizados

    intencionalmente. Por exemplo, todos os dias somos inundados por mensagens a

    respeito do nosso meio ambiente. Os vizinhos no tm a inteno de nos falar

    sobre suas atividades quando usam a mquina de cortar grama. Mas,

    evidentemente ns recebemos a mensagem sobre o que eles esto fazendo

    devido ao som da mquina.

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    1.2 - A comunicao e suas conexes

    Em nossas experincias dirias verificamos que a comunicao estabelece

    determinadas conexes. As conexes so feitas entre pessoa e outra, entre um

    grupo e outro grupo. s vezes, a conexo imediata: por exemplo, quando

    falamos frente a frente. s vezes, ela demorada, retardada por exemplo:

    quando peas de propaganda se comunicam conosco atravs de cartazes de rua.

    Esta conexo feita especialmente atravs do que chamamos de formas ou

    mdia. Uma forma um meio de se estabelecer a conexo. O que escoa

    atravs da conexo so idias, crenas1, opinies e peas de informao que

    constituem o material e o contedo da comunicao.

    A televiso liga o homem com o mundo atravs de vrios programas. A palavra

    nos liga uns aos outros. Mas bom levar em conta que o fato de falar a algumno significa dizer tudo o que se tenha em mente. Feita a comunicao,

    estabelecido o contato, devemos aprender como utilizar isso da melhor forma e

    com mais habilidade.

    1.3 - A comunicao como Atividade

    Ns vivenciamos a comunicao como uma atividade.

    algo que fazemos, algo que produzimos e, ainda, algo que trabalhos quando

    recebemos ou transmitimos uma mensagem. Nesse sentido, comunicao no

    algo apenas sobre a fala, mas sobre o falar e o ouvir. No como uma fotografia,

    mas sim como fotografar e, ao mesmo tempo, ver o fotgrafo, participando do ato.

    Quando estamos falando com algum, estamos ativamente engajados em

    perceber o sentido do que a outra pessoa est dizendo, muito mais do que aquilo

    que estamos dizendo.2 Por esta mesma razo, no verdade dizer que assistir

    televiso algo inteiramente passivo. Ao contrrio, muitos grupos de pessoas

    assistem televiso ativamente engajados em participar, juntos, do programa,

    1 Os autores usam a palavra crena no no sentido religioso, mas sim como um conjunto de valores maisamplos: aquilo em que acreditamos como forma de viver em nossa sociedade, na nossa terra, na nossa cidade.

    Nesse sentido, preferimos conservar o termo (N.T.)2 Os autores tratam aqui de um fenmeno comum: as pessoas podem pensar no que vo dizer, mas no

    percebem inteiramente o que esto dizendo quando comeam a falar. algo bastante conhecido e que o leitorpoder perceber. (N.T.)

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    procurando ver o sentido desse programa, mesmo quando, simplesmente, se fica

    sentado o tempo todo.

    1.4 Comunicar aprender.

    Comunicao algo que aprendemos a fazer.

    De fato, no somente aprendemos a nos comunicar, mas tambm usamos a

    comunicao para aprender como nos comunicar. Isto o que est acontecendo

    nas escolas este momento. E acontece, tambm, quando voc l este texto pelo

    menos o que esperamos.

    Nossas experincias quando crianas incluem a lembranas de pessoas falando e

    gesticulando para ns. Aprendemos como fazemos as coisas pela prtica, atravsde tentativa e erro. H algumas pessoas que acreditam que nascemos com

    alguma experincia bsica a qual nos ajudaria a aprender como a falar e a

    entender o que nos dizem. A maior parte de nossas experincias em comunicao

    so frutos de aprendizado. Uma criana inglesa, nascida na Inglaterra, mas criada

    no Japo, ser japonesa, exceto pela aparncia.

    Essa pessoa aprenderia a comunicar como os japoneses o fazem.

    Habilidades, tal como falar ou escrever, no so naturais. Elas nos so

    transmitidas pelos pais, amigos e pela escola. E, na medida em que se vai

    crescendo, queremos aprender algo das experincias de comunicao porque

    compreendemos que isto til, por exemplo, para dizer aos outros o que

    queremos.

    O fato de a experincia em comunicao ser algo que aprendemos a fazer, tem

    importantes consequncias para o seu estudo. Isto significa que deveremos

    considerar algumas questes, tais como por que aprender, como aprender e quais

    efeitos disso sobre nossas vidas. Respostas a estas questes ajudam, ainda, em

    outros aspectos do estudo em comunicao, tais como os efeitos da televiso

    sobre as pessoas ou por que temos problemas para nos comunicar.

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    Quando examinamos exemplos de comunicao numa situao determinada, h

    mais do que estamos vendo. importante examinar, tambm, o que h por trs da

    comunicao, o que vem antes e o que vir posteriormente.

    1.5 Categorias de comunicao

    Podemos dividir nossa experincia nesse campo em quatro categorias.

    Estas categorias so baseadas no nmero de pessoas envolvidas no ato da

    comunicao. So teis tambm para tentar definir nosso campo de estudo, tais

    como os termos formas e mdia. Algumas formas ou mdias pertencem mais

    a uma categoria do que a outra, no havendo, para isso, regras absolutas.

    Vejamos:

    a) Autocomunicao comunicao consigo mesmo e para voc mesmo.

    Quando pensamos, estamos nos comunicando conosco. Podemos refletir sobre

    os acontecimentos do dia ou elaborar um problema que est em nossas cabeas.

    Problemas sobre como pensamos, por exemplo, enquanto utilizando palavras ou

    figuras, no foram ainda resolvidos.

    As pessoas falam com elas mesmas, escrevem em dirios, memrias,

    autobiografias. Produzimos e recebemos nossa prpria comunicao.

    b) Comunicao interpessoal a comunicao entre pessoas.

    Usualmente esta categoria se refere a suas pessoas interagindo frente a frente,

    face a face. H exemplos que podem ser includos nessa categoria, mesmo

    quando as pessoas esto distantes: um telefone um exemplo. Cabe lembrar que

    a comunicao face a face pode se verificar em situaes onde h mais de duas

    pessoas. Exemplo disso a situao entre familiares, um vendedor falando a

    vrios clientes ou, ainda, uma conversa entre amigos num caf.

    Tudo isto entra na categoria de contatos face a face. A nfase no falar e nas

    formas no-verbais de comunicao constitui caracterstica desta categoria.

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    d) comunicao de grupo a comunicao entre pessoas de num grupo e entre

    um grupo e outro grupo.

    Neste caso conveniente fazer mais de duas divises: pequenos grupos e

    grandes grupos. Pequenos grupos so diferentes de pares, pois renem mais de

    duas pessoas. Mas eles tambm interagem face a face. A famlia um pequeno

    grupo, como tambm formam um grupo de amigos passando a noite juntos, ou um

    comit de trabalho em reunio.

    Grandes grupos so diferentes de pequenos grupos, no somente porque eles

    so maiores, mas porque repetidamente esto juntos ou se renem com objetivos

    e propsitos que so diferentes dos pequenos grupos. Exemplo disso inclui a

    audincia de um concerto ou alguma espcie de organizao de negcios ouempresas.

    d) Comunicao de Massa a comunicao recebida ou utilizada por um grande

    nmero de pessoas.

    No possvel uma definio baseada, especificamente, em nmeros. Um

    concerto ao ar livre para milhares de pessoas pode ser, razoavelmente, chamado

    de comunicao de massa. O ponto importante que o nmero de pessoas

    envolvidas nesse momento bem maior do que se poderia chamar de grupo. De

    fato, o grande nmero de pessoas envolvidas nesse evento que faz desta

    categoria algo especial, principalmente em termos de quem capaz de controlar

    os meios de comunicao.

    H duas espcies de exemplos a citar. A mass mdia forma suma subdiviso

    onde, obviamente, estamos tratando de grandes audincias. Alm dos exemplos

    j citados, interessante adicionar algo como a indstria do CDs. O telefone e os

    correios so elementos de comunicao de massa. No existem grandes

    audincias para estas formas de comunicao. Mas tais sistemas so utilizados

    em larga escala, por milhares de pessoas a todo o momento. Por isto colocamos

    tal categoria neste nmero.

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    Comentrios

    A comunicao tambm ocorre entre mais de uma dessas categorias. Por

    exemplo: o gerente de propaganda de uma organizao toma notas

    (autocomunicao) antes de uma reunio (comunicao de grupo), depois do que

    ele coloca um anncio de jornal (comunicao de massa).

    Outro ponto que se nota no estudo de uma dessas categorias de comunicao

    contribui para o entendimento do que acontece em outras categorias. Examinando

    como as pessoas interagem num grupo de companhia de seguros, conheceremos

    como seus participantes interagem tambm em pares, o que, por fim nos leva a

    compreender como eles se comunicam consigo mesmo no processo de

    autocomunicao.

    Pondo em termos simples: a maneira como falamos com os outros depende do

    que pensamos e como vemos. A maneira de falar em grupo depende de como

    falamos com os outros, individualmente.

    O processo Comunicativo Apostila feita pela professora Lcia Filicone, Dr em

    Comunicao e Semitica pela PUC SP.

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    O que acontece quando nos comunicamos?

    Somos envolvidos num processo, no qual muitas coisas acontecem ao mesmo

    tempo. Da, vivenciamos a comunicao como uma atividade algo dinmico,

    mutante e, portanto, transformacional.

    Sob este enfoque, podemos encontrar vrias definies de diversos estudiosos

    para o processo de comunicao humana:

    a) Comunicao o intercmbio verbal do pensamento ou ideia (Jonh B. Hoben,

    1954)

    b) Comunicao o processo pelo qual compreendemos os outros e, em

    contrapartida, esforamo-nos por compreend-los. um processo variando

    constantemente em resposta situao total. ( Martin P. Andreson, 1959)

    c) Comunicao: a transmisso de informao, idia, emoo, habilidades etc.,

    pelo uso de smbolos palavras imagens, nmeros, grficos etc. o ato ou

    processo de transmisso que usualmente designamos como comunicao.

    ( Berelson e Steiner, 1964)

    d) Todo e qualquer ato de comunicao visto como uma transmisso de

    informao, consistindo em estmulos discriminativos de uma fonte para um

    receptor. (Theodore Newcomb, reedio, 1966)

    e) Comunicao uma atividade e envolve a criao e a troca de significados.

    ( Richard Dimbleby, 1985)

    f) A comunicao uma das formas pelas quais os homens se relacional entre si.

    a forma de interao humana realizada atravs do uso de signos. ( Juan D.

    Bordenave, 1987)

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    g) comunicar implica partilha regida pelas circunstncias que dominam cultura

    onde o ato comunicativo ocorre. ( Eduardo Neiva Jr, 1991)

    h) A comunicao um campo de trocas, de interaes que permitem perceber-

    nos, expressar-nos e relacionar-nos com os outros, ensinar e aprender.

    Comunicar entrar em sintonia aproximar, intercambiar, dialogar, expressar,

    influenciar, persuadir, solidarizar, comungar. ( Jos M. Moran, 1998)

    Podemos observar que todos os conceitos que aparecem nas definies acima

    fazem parte do processo de comunicao e cada definio, por sua vez, enfatiza

    um ou outro aspecto conceituvel desse fenmeno.

    Porm, numa tentativa de englobar todas as caractersticas do fenmeno

    comunicativo, procuramos definir comunicao de uma forma mais abrangente.

    COMUNICAO UM PROCESSO DE INTERAO, ISTO , DE TROCA DE

    IDAS, PENSAMENTOS, INFORMAES, CONCEITOS, DESEJOS ETC.,

    ATRAVS DE LINGUAGEM VERBAL E NO-VERBAI, COM O PROPSITO DE

    INFLUENCIAR E SURTIR EFEITO.

    Esta definio, atravs de tornar comum, passa o sentido de interao

    comunicativa (torno comum para algum que est perceptiva e psicologicamente

    ligado).

    O qu?

    * idias, pensamentos, informaes, conceitos, desejos, sentimentos etc.

    Como?

    * Com interao simblica, isto , atravs da linguagem verbal (lngua ou cdigo

    lingstico em sua manifestao oral e escrita e das linguagens no-verbais ou

    no lingsticas: visual, musical, cdigos sistemticos e sistematizados.).

    Para qu?

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    * Com inteno de influenciar intencionalmente, como agentes influentes dos

    outros e de ns mesmos e, conseqentemente, fazer surtir efeito e obter uma

    resposta, um resultado (feedback).

    Elementos ou fatores que interatuam no processo de comunicao.

    Utilizamos termos prprios da comunicao para descrever os vrios aspectos

    desse processo. Mas a teoria necessita ser posta em prtica e um dos mais

    antigos e ainda mais teis exemplos para descrever o processo de comunicao

    separ-lo em etapas. Harold Laswell, em 1948, assim o decompe:

    QUEM

    diz o QUE

    em que CANAL

    para QUEM

    e com qual EFEITO

    Tal colocao, porm, nos permite desdobr-lo nos seguintes elementos:

    Um EMISSOR e/ou FONTE EMISSORA

    dirige uma MENSAGEM

    atravs de alguma FORMA ou MEIO

    para um RECPTOR

    com um determinado EFEITO

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    Quando? E onde?

    Num CONTEXTO fsico, implicando um situao inserida em um determinado

    tempo e espao.

    Como?

    De acordo com um CONTEXTO social e psicolgico da situao de comunicao,

    pois h diferena entre falar com uma pessoa num aeroporto ou numa sala de

    aula e h, tambm, diferena se estamos falando alegres com um amigo num

    barzinho ou tristes a uma amiga num acontecimento infeliz.

    Para qu?

    Com objetivos e necessidades especficas que iro determinar diferentes funes

    das mensagens, pois todos tm necessidade de comunicar-se e todos tm um

    propsito na comunicao.

    Em sntese, em todo processo de comunicao intervm necessariamente um

    conjunto de fatores: um Emissor e/ou FONTE Emissora que perante um estmulo

    codifica, elabora e transmite para outra o RECEPTOR - uma MENSAGEM,

    atravs de um CANAL. Todo ato de comunicao, porm, acontece num

    determinado CONTEXTO. Pode ser o contexto fsico o que implica um

    determinado tempo e espao; um contexto psicolgico, englobando os

    sentimentos e as condies psquicas dos seus participantes; um contexto social,

    econmico, cultural e outros.

    MODELOS DA COMUNICAO

    Um outro meio de descrever o processo de comunicao utilizar modelos. Eles

    servem como recurso, sobretudo grfico, de apresentar uma situao

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    comunicativa. As partes do processo so ordenadas sucessivamente e nos

    permitem visualizar o processo num simples golpe de vista.

    O modelo linear

    Esse modelo tem um layout como se fosse uma linha, ligando a fonte emissora

    e/ou emissor ao receptor, atravs da mensagem codificada pelo emissor-

    codificador e decodificada pelo receptor-decodificador.

    Origem e destino constituem o ponto bsico desta comunicao, pois ela sempre

    comea em algum e termina em algum.

    A mensagem pode ser codificada com signos verbais e no- verbais, sendo,

    portanto, estruturada em linguagens lingsticas e/ou no-lingsticas.

    Vamos configurar este modelo linear no espao a seguir.

    Modelos contextualizados

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    Estes modelos somam toda a situao ou ambiente do ato comunicativo. Mostra-

    nos que o processo de comunicao se realiza de acordo com situaes

    especficas e particulares num determinado contexto fsico e psicolgico

    circundante.

    A seguir, esquematize-o no espao abaixo e crie situaes de comunicao a

    partir deste modelo.

    Somos envolvidos, porm, num processo em que muitas coisas acontecem ao

    mesmo tempo. A nossa realidade um processo e a Teoria da Comunicao

    reflete esse ponto de vista, rejeitando que os fenmenos sejam constitudos de

    elementos separados, mas sim de processos com inter-relaes dinmicas entre

    seus elementos e/ou componentes.

    A comunicao, como um iceberg, revela apenas um tero de si mesma, nvel em

    que ser acessvel manipulao, observao e mensurao de qualidade.

    Neste nvel so encontradas todas as classes de smbolos escritos ou falados, por

    intermdio dos quais seres humanos se relacionam com seu ambiente.

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    Mas, cerca de dois teros de acervo das comunicaes animais esto abaixo do

    nvel da conscincia integral. o mundo no-verbal, o mundo inexplorado das

    linguagens estranhas e silenciosas, dos sinais e smbolos em grande parte

    desconhecidos e ainda no estudados. Pelo olhar, tato, postura, murmrios e um

    sem-nmero de outras formas sutis, os animais e as pessoas comunicam-se entre

    si.

    Que mensagens no-verbais voc envia a um estudante quando pe seu brao no

    seu ombro? Quando voc no engraxa seus sapatos? Quando usa uma picante

    loo facial ou um delicado perfume? Quando lhe sorri?

    H, provavelmente, classes inteiras de agentes portadores de informaes

    desconhecidos. Os estudos atuais sobre parapsicologia, percepo extra-sensorial

    e comunicao subliminar apenas insinuam outras e incrveis cadeias decomunicao, cuja existncia no estamos ainda preparados para compreender.

    Todavia, onde quer que ocorra, a comunicao tem quatro componentes bsicos,

    que podemos assim classificar:

    1 - Fonte /emissor

    Codificador

    2 - Mensagem

    3 - Canal

    4 - Decodificador

    Receptor

    Vejamos como esses quatro componentes operam em duas situaes tpicas de

    comunicao. Imagine um princpio de incndio em sua escola. O diretor do

    estabelecimento (fonte) toca o alarme de incndio (veculo). Os estudantes e o

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    corpo docente ouvem (receptores) e abandonam o prdio (mensagem). Ou

    quando voc (receptor) volta da escola para casa, seu nariz (veculo) lhe diz que

    seu vizinho (fonte) est queimando folhas secas (mensagem). Em outras palavras,

    em troca de informao entre pessoas ou coisas tem de haver uma fonte

    emissora, um receptor, um canal de comunicao (meio/veculo) e uma

    mensagem.

    Imagine:

    - um colega espirrando em sala de aula;

    - diretor de usa faculdade anunciando que no haver aula na prxima segunda-

    feira;

    - um(a) simptico(a) garoto(a) sorrindo com charme para voc;

    - telefone tocando em seu quarto;

    - locutor de rdio informando que o trnsito das marginais est parado;

    - tele jornalista do Jornal Nacional comunicando a vitria da seleo brasileira

    sobre a italiana;

    - guarda de trnsito rodovirio, estendendo seu brao, apontando para voc parar

    no acostamento;

    - um forte cheiro de queimado durante a sesso das vinte horas no cine Eldorado;

    -Voc recebendo um telegrama confirmando sua aprovao no teste de seleo

    da Folha de So Paulo.

    EXERCCIO

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    SELECIONE UMA DAS SITUAES APONTADAS E TENTE DESCREVER

    COMO OS COMPONENTES BSICOS DA COMUNICAO OPERAM E SE

    RELACIONAM.

    s vezes, a fonte e o receptor so um s. Os guinchos, semelhantes ao sonar,

    dos morcegos, ou conversaes furtivas que muitas vezes mantemos com ns

    mesmos so exemplos de fonte e receptor no mesmo indivduo. Todavia, os

    componentes so geralmente distintos, embora cada qual modifique os outros detal modo que estejam todos interligados. Por exemplo, no se pode separar uma

    mensagem de seu veculo de transmisso sem mudar a sua forma. A mensagem

    que recebemos da leitura de uma manchete de jornal feita silenciosamente, no

    a mesma que receberemos quando o telejornalista comunica em voz alta e com

    entonaes. O veculo, em cada caso, modifica a mensagem. Na verdade, todos

    os componentes fonte, receptor, veculo e mensagem influem, de certo modo,

    uns aos outros. Para as finalidades de estudo, todavia, permite-se,

    freqentemente, isolar e examinar cada componente individualmente. Passemos,

    ento, a tratar separadamente cada elemento.

    Fonte / Emissor

    A fonte a nascente de mensagens e iniciadora do ciclo de comunicao. No

    caso dos animais, a fonte tem para cada operao um repertrio arquivado de

    resposta em potencial, que foi ampliado e desenvolvido atravs de comunicao

    anterior. A mensagem que formula e transmite so produtos de seus encontros

    anteriores com o seu meio. Por exemplo, voc tem hoje uma soma total de todas

    as espcies de informaes que vem adquirindo e as quais, consciente ou

    inconscientemente, convoca para ajud-lo a tomar decises. Se voc homem,

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    desde o memento de sua concepo est sintonizado para receber apenas certas

    espcies de informao, ao passo que muito improvvel sua capacidade de ter

    acesso s espcies de informaes que recebe uma mulher. Estas limitaes de

    sintonia influenciam as espcies de informao sua disposio aps o seu

    nascimento. Hoje voc possui um conjunto exclusivamente seu de informaes;

    no h outra coleo igual em todo mundo. Quando voc formula e envia

    mensagem s utiliza do estoque pessoal de informaes que possui.

    As fontes no-animais, tais como os computadores ou rels automticos,

    comportam-se de uma maneira diferente. No podem evoluir; isto , no podem,

    por si mesmos, aumentar ou modificar seus reservatrios de informaes, alm

    das especificaes originais. Seu limite de comportamento , por conseguinte,

    rigorosamente restrito execuo predeterminada de simples operaes. Os

    computadores tm acesso a um vasto reservatrio de informaes que lhes domuitas alternativas, mas, numa anlise final, no so capazes de agir alm de um

    nvel rigorosamente restrito e predeterminado. possvel que futuros

    computadores venham a ser capazes de rever e modificar seus prprios circuitos

    enquanto atuam. Quando e se tais sofisticados engenhos se tornarem uma

    realidade, uma nova classificao, mais ou menos entre o animal e a mquina,

    pode vir a ser criada. Mas, embora seja importante esta distino entre um animal-

    fonte e uma mquina-fonte, a qualidade bsica de todos os transmissores

    continua a mesma. A natureza da fonte, em outras palavras, no afeta sua

    funo. Penetrando num banco de memrias de dados disponveis, sintonizados

    e adquiridos, qualquer fonte estrutura e transmite uma mensagem intentada para

    mudar e controlar a forma ou o ritmo de acontecimentos ambientais.

    Comunicamos de forma a controlar, influenciar ou mudar o nosso meio e at certo

    ponto ser mudados por ele. Este o fim de toda comunicao.

    O Receptor

    O receptor o intrprete de mensagens. As espcies de deciso tomadas pelo

    receptor e sua maneira de mudar de atitude so medidas da eficincia da

    comunicao. Por exemplo, consideramos mais uma vez a escola durante o

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    princpio de incndio. Momentos antes da campainha de alarme ter tocado, um

    nmero infinito de atividades ocorriam na escola. Mas, to longe foi ouvida, a

    escola inteira cessou suas atividades para levar a efeito uma outra especfica

    evacuao do prdio. A deciso de fazer isso e a maneira de agir foram medidas

    de eficincia daquela comunicao. Se ningum tomasse conhecimento da

    campainha ou se os estudantes saltassem pelas janelas, em lugar de deixarem o

    prdio ordenadamente, a comunicao teria sido ineficiente. Ao fazer tocar o

    alarme, em outras palavras, o diretor reduziu todas as possibilidades de

    comportamentos variados a praticamente um comportamento especfico. Foi este

    o valor daquela comunicao. Desde que o propsito da operao seja influenciar

    e reduzir a variabilidade de comportamento do receptor, o receptor o ponto

    central, o piv no qual a mensagem refletida de volta fonte. Sua eficincia

    como transmissor precisa, conseqentemente, ser medida pelo comportamento do

    receptor que recebe uma mensagem.

    Tudo isto nos leva a um princpio bsico da comunicao. Os significados no

    esto na mensagem, mas nos receptores. Como fonte o nascedouro da

    mensagem, o receptor , naturalmente, a fonte dos significados. Se os estudantes

    e o corpo docente no tivessem previamente arquivado o significado de

    princpio de incndio, alarme de incndio, sada ordeira do prdio e uma srie

    de outros conceitos, a fonte no poderia esperar conseguir nada dessas

    personalidades, independentemente da forma da mensagem. Os significados

    residem assim, definitivamente, na pessoa no em palavras, gestos ou

    expresses.

    No s um receptor interpreta uma mensagem com base em seus arquivos

    prprios de conhecimento, mas atribui tambm significao a fatos, de modo que

    tendam a perpetuar a estrutura existente de sua organizao informativa. Por

    exemplo, voc levou toda a vida para adquirir os conhecimentos que tem e

    estabelecer relaes entre cada uma das suas partes e pelas. E voc disps tudo

    de uma forma ordenada, de maneira a ter sentido para si prprio. Pode no ter

    sentido para ningum mais, mas isso no vem ao caso. Seu sistema de

    classificao, da mesma forma que sua informao, somente seu, e voc

    realmente ordenar e atribuir significados s mensagens que for recebendo, de

    modo que se ajustem idia que j tem. Alguns receptores humanos fazem isto,

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    expondo-se seletivamente informao. Onde a escolha possvel, eles,

    geralmente, focalizam sua ateno somente naquelas fontes de mensagens e

    naquelas partes que tendem a reforar seu presente equilbrio. Um exemplo: o

    homem conservador tender a se expor quase exclusivamente a informaes

    ordinrias de fontes conservadores. Seus jornais, revistas, livros e mesmo seus

    amigos sero selecionados cuidadosamente em apoio sua interpretao

    particular dos fatos. Poderamos dizer o mesmo de professores, dentistas,

    acrobatas, profissionais liberais ou, de um modo geral, de todos aqueles com

    determinadas opinies sobre alguma coisa. Somente uma personalidade doentia

    se exporia repetidamente a informaes que iriam inevitavelmente destru-la.

    Sobreviver como uma organizao lgica e finalista parece ser o comportamento

    de todos os organismos.

    Quando a exposio informao desfavorvel a ponto de vista atual inevitvel,o receptor pode destorc-la selecionando e interpretando a mesma de modo a

    manter intactas as estruturas de seus dados existentes. Um estudante que teve

    algumas experincias desagradveis com a poesia, ir s aulas de literatura j

    predisposto a no gostar, faa o que fizer o professor para tornar a aula

    interessante e informativa.

    Receptores no-humanos, tais como mquinas e alguns animais no dotados de

    meios para realizar eles mesmos a seleo de dados a serem recebidos, num

    grau significativo, podem, amide, destruir a si prprios, numa espcie de busca

    de equilbrio, quando confrontados com dados incompatveis. A picada suicida do

    escorpio, quando em perigo, e a exploso de uma caldeira a vapor so exemplos

    disto. Uma caldeira, construda para suportar uma certa presso por polegada

    quadrada, pode, por exemplo, explodir quando seu limite de tolerncia excedido.

    Esta a nica maneira de poder acomodar uma tenso incompatvel com sua

    estrutura. Da mesma forma, os chamados colapsos nervosos, entre humanos,

    podem ter sua origem em excessiva informao de tenso e ansiedade que

    inunda os mecanismos humanos manuseadores da informao. O estudante que

    no pode conseguir o nvel de informao para uma aula de Fsica, mas forado

    a freqentar as aulas, confronta-se com a mesma espcie de situao

    ameaadora. Ele pode torcer e mascarar estmulos recebidos, de forma a reduzir

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    a situao, a proporo que possa manejar ou ento defrontar-se- com futuras e

    intolerveis consequncia. Aparentemente, ento, as pessoas so feitas pra

    resistir a mudanas radicais no rumo em que elas estruturam e relacional a

    informao.

    Quem no pode modificar-se, no pode aprender. E sabemos que as pessoas

    aprendem. Como poderemos concorrer para isso? E como, na qualidade de

    comunicadores, poderemos aumentar no mais alto grau as condies que

    contribuam para a recepo de novas espcies de informao? No caso parece

    superar a inibio da mudana, uma nova estrutura freqentemente aceitvel.

    Recompensa, nesse sentido, refere-se quelas espcies de informao que

    aumentam o equilbrio ou o conduzem a estgios mais estveis! Isto significa

    mudanas, parece tambm ter a capacidade de realiza mudanas quando tais

    mudanas conduzem a uma organizao mais estvel dos dados existentes.

    Uma interessante generalizao surge em conexo com a boa vontade dos

    receptores humanos de mudar e modificar comportamentos na base de uma nova

    informao. Poderia ser chamada a lei do menor esforo do comunicador. Em

    poucas palavras, ele estabelece que, na ausncia de recompensa conveniente, o

    organismo humano tender a entender apenas aquelas mensagens que requeiram

    menor esforo, em termos de mudana estrutural. Isto significa que, a menos que

    a recompensa seja bastante grande, o receptor humano s se voltar para

    aquelas fontes de informao que demandem a menor mudana de sua estrutura

    informativa. Podemos seguramente concluir, portanto, que toda aprendizagem

    uma espcie de crise de credibilidade do estudante. O aprendizado pode ser difcil

    e pode requerer um grande dispndio de energia.

    A recompensa, podemos relembrar, determinada no pela fonte mas pelo

    receptor. De acordo com alguns emissores -fontes, seu desempenho pessoal a

    sua prpria recompensa.

    A mensagem

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    Observamos que os significados residem nos receptores e no nas mensagens.

    Conseqentemente, no podemos falar de uma mensagem, exceto em termos de

    receptores individuais. Uma simples mensagem em dado momento contm tantas

    mensagens quantos forem os receptores. A fonte manda um grupo de

    mensagens, do qual cada receptor seleciona a mensagem ou parte dela que

    mantenha e realce sua prpria estrutura organizacional. Assim, o telejornalismo

    pode pensar que est transmitindo uma mensagem sobre a situao econmica

    da Inglaterra quando, no momento, telespectador pode estar observando a cor de

    sua gravata; outro, o movimento de sua boca; um outro, ainda o tom agradvel de

    sua voz. Para alguns estudantes, o alarme de incndio pode significar a

    evacuao da escola; para outros, significa ocasio para diverso, e para outros,

    ainda um semi-nmeros de coisas diferentes.

    Mas a mensagem concretiza o objetivo da fonte e/ou do emissor, pois ela existeem forma fsica atravs de palavras, sons, desenhos, grficos, sinais, gestos etc.,

    que traduzem as idias, intenes e objetivos de um cdigo, ou sistema

    convencionalizado de signos. Esse sistema baseado em regras e convenes

    trocadas e compartilhadas por aqueles que se utilizam desse cdigo.

    Para influenciar o procedimento do receptor, a fonte precisa primeiramente

    codificar a informao que deseja enviar. Codificar selecionar e ordenar um

    conjunto de smbolos (ou cdigos) significando alguma coisa para ambos a fonte

    e o receptor. Se, por exemplo, voc deseja mudar o estado do filamento de

    tungstnio de uma lmpada, para produzir luz, precisara codificar sua mensagem

    de uma maneira especfica. Voc no pode esperar que a luz entenda gritos ou

    reclamaes, sacudir as mos, ou outras formas de cdigos. Mas, ao apertar o

    interruptor da luz, acionando uma srie especfica de processos mecnicos e

    eltricos, voc ter codificado sua mensagem numa forma em que o filamento da

    lmpada pode receber.

    Do mesmo modo, se um jornalista espera que seus ouvintes entendam sua

    mensagem, precisar codific-la de forma apropriada. Ser-lhe- necessrio

    selecionar e organizar um sistema de smbolos comuns a ele e aos ouvintes. Ele

    no poder escrever e/ou expor um assunto em gals, pois, certamente, ningum

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    o entenderia. Um professor de matemtica pode empregar um sistema de

    smbolos estranho e fantstico e no sabe por que os estudantes no

    entenderam. Lembre-se de que o significado est no estudante e no no smbolo.

    Fora de cada pessoa o smbolo no tm significado.

    A codificao efetiva da informao uma das etapas mais difceis na tarefa do

    comunicador, pois exige do codificador objetividade, clareza, coeso e coerncia

    na elaborao de mensagens.

    Como os smbolos so meras representaes de acontecimentos, no podem

    evocar as espcies e o nmero de reaes do receptor que o acontecimento ir

    produzir. Se, por exemplo, um professor de Histria deseja transmitir aos

    estudantes alguma coisa sobre o perodo colonial e sobre as idias existentes que

    provocaram a Revoluo Americana, a seleo de um cdigo eficaz torna-secrucial. Suponhamos deseja informar a fregueses em potencial que sua pasta de

    dente deixa a boca fresca e hlito agradvel, que espcie de cdigo deveria usar?

    A seleo de cdigos frequentemente a chave mais importante para provocar o

    comportamento desejado. Codificar a mensagem, a fonte est longe de transmitir

    a tarefa de envi-las, pois a mensagem precisa competir, para atingir a ateno,

    com uma infinidade de outras mensagens do prprio meio. No s o receptor vai

    sendo receptculo de um fluxo de mensagens da fonte, mas, simultaneamente,

    recebe um nmero infinito de estmulos do ambiente em geral. A mensagem do

    radialista, por exemplo, compete com a ateno dos ouvintes, com mensagens

    originrias de vrios lugares, tanto dentro como fora de casa: trfego na rua,

    temperatura do ambiente, murmrios de outras pessoas e, principalmente, das

    necessidades materiais e psicolgicas.

    Havendo um objetivo a comunicar e uma resposta a obter, o comunicador espera

    que a sua comunicao seja a mais fiel possvel. Por fidelidade, queremos dizer

    que ele obter o que quer. Um codificador de alta fidelidade o que traduz a

    mensagem para o receptor com total exatido.

    Claude Shannon e Warren Weaver, em seu livro The Mathematical Theory of

    Comunicaton, 1949, analisando a questo da fidelidade eletrnica, introduziram o

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    conceito de rudo. Eles definem o rudo como qualquer fator que distorce a

    qualidade do sinal.

    Rudo e Redundncia

    denominado rudo ou interferncias tudo o que afeta a transmisso da

    mensagem. So fatores (barreiras ou filtros) que surgem ou que se colocam entre

    o emissor e o receptor no processo de comunicao. Por exemplo, falar em voz

    baixa, erros de codificao, nervosismo, falta de ateno, falta de energia eltrica,

    mancha no papel, so alguns fatores que podem ser rudos num contexto de

    comunicao.

    Os rudos podem vir dos canais de comunicao, do cdigo ou da percepo do

    emissor e receptor.

    Geralmente, os problemas na comunicao esto relacionados com esses filtros,

    pois na mente que se codifica e decodifica a mensagem e os diferentes

    aspectos da comunicao. Por isso, so importantes as informaes que temos

    sobre a fonte e/ou emissor que estamos vendo e ouvindo, pois filtramos antes de

    dizer alguma cousa ou depois de ter ouvido algo.

    As bases desse filtro partem das presunes e interpretaes que fazemos das

    mensagens e situaes de comunicao. Muitas vezes colocamos filtros em

    relao a uma mensagem falada num sotaque regional cuja credibilidade e

    autoridade esteja diminuda. A prpria BBC de Londres j demonstrou a existncia

    desses filtros entre os ouvintes de locutores, apresentadores e correspondentes

    com sotaque. Isto sugere, tambm, que os veculos de comunicao (mdia), em

    boa parte, constroem nossas crenas e valores.

    Essas crenas e valores no chegam atravs de filtros e atravs deles

    percebemos o mundo.

    A comunicao pode, portanto, ser bloqueada ou filtrada por fatores fsicos,

    semnticos ou psicolgicos.

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    Barreiras mecnicas- um problema fsico como surdez, algo na produo da fala

    como gagueira, murmrio, rouquido, defeitos de articulao podem bloquear a

    recepo, impedindo a comunicao.

    Qualquer defeito ou pane em aparelhos e equipamentos que envolvam aparelhos

    de transmisso, podem ser consideradas barreiras mecnicas. Ela est

    relacionada com a eficincia ou no dos canais de comunicao, influenciando,

    assim, no contexto e no processo de codificao.

    Barreiras semnticas Diz respeito ao significado das palavras. Palavras

    inarticuladas ou usadas inadequadamente, interpretaes aleatrias, quebra de

    convenes e outros fatores, tais como o contexto no qual o cdigo est sendo

    utilizado pode provocar bloqueio em relao ao entendimento da mensagem. Essabarreira est relacionada ao uso adequado do cdigo que estrutura a mensagem.

    Barreiras Psicolgicas relacionada seleo e interpretao das mensagens

    no processo comunicativo, de acordo com nossas presunes, crenas, valores e

    ideologias, inseridas no processo emocional que envolve as pessoas no ato

    comunicativo. Ex. preconceitos religiosos, raciais, sentimentos recalcados etc.

    Assim, alm de evitar barreiras e/ou rudos numa situao comunicativa, como

    pode uma fonte aumentar suas chances de conseguir a ateno do receptor

    visado?

    Um mtodo comum utilizao da redundncia. Isto significa que o comunicador

    pode transmitir uma quantidade limitada de informaes repetindo-as, porm,

    freqentemente, em vez de transmitir mais informaes, menos vezes. Uma luz de

    aviso que pisca repetidamente ou a campainha persistente do telefone so

    exemplos de redundncia. Um professor pode repetir certas palavras-chaves,

    escrev-las depois no quadro-negro, mandar que os alunos copiem em seus

    cadernos, revendo-as freqentemente. Tudo isto toma o tempo que o professor

    poderia usar para transmitir outras informaes. A repetio aumenta as chances

    de ateno, mas, quanta redundncia eficiente? Alguns comerciais de televiso

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    repetem o nome do produto umas dez vezes em trinta segundos. este o melhor

    uso do tempo? Como usar efetivamente a repetio um dos maiores desafios

    feitos ao comunicador.

    Pesquisas nos dizem que a nossa comunicao oral usa 50% de redundncia;

    informaes j dadas; redundncia sintticas ( subir para cima); redundncias

    gestuais (polegar para cima quando queremos dizer positivo); redundncias

    tonais( quando exclamamos Estou morto de fome!!!) e outras.

    A redundncia necessria para a inteligibilidade e clareza da mensagem, como

    tambm, para nos livrarmos de possveis rudos. No entanto, o excesso de

    redundncia pode, consequentemente gerar rudo, pois a repetio exagerada

    compromete a clareza e objetividade da mensagem prejudicando a comunicao.

    Em sntese: podemos definir a mensagem como produto fsico real do codificador-

    falante. As mensagens, regidas por cdigos, comunicam informaes. Ex.: quando

    falamos, o nosso discurso a mensagem.

    Mas, pelo menos, ao criarmos mensagens num ato comunicativo, trs fatores

    precisam ser considerados:

    1 cdigo

    2 contedo

    3 - tratamento

    Pra David K. Berlo, um cdigo pode ser definido como qualquer conjunto de

    smbolos capaz de ser estruturado de maneira a ter significado para algum. Os

    idiomas so cdigos lingsticos. A lngua portuguesa um cdigo: contm

    elementos (sons, letras, palavras etc.) que so organizados em certas ordens que

    tm significao, e no outras ordens.

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    cdigo tudo o que contm um conjunto de elementos (vocabulrio) e um

    conjunto de mtodos para comunicar esses elementos de forma significativa (a

    sintaxe)

    Para saber se determinado conjunto de smbolos constitui um cdigo, basta isolar

    seu vocabulrio e verificar se h modos sistemticos (estruturas) de combinar

    elementos.

    Os idiomas portugus, ingls, russo etc. so cdigos. Mas usamos outros cdigos

    na comunicao. A msica um deles: tem vocabulrio (as notas) e a sintaxe, os

    mtodos de combinar as notas numa estrutura que tenha sentido para o ouvinte.

    Para entender msica temos de entender o cdigo.

    O mesmo acontece com a dana, a pintura, o cinema e outras formas de

    comunicao que tenham significao. Todas exigem cdigo.

    O cdigo da produo de rdio e televiso, do desenho e redao de propaganda

    tambm exige do comunicador o conhecimento de vocabulrio disponvel e a

    capacidade de estrutur-los da forma mais positiva, ou seja, estruturar certos

    elementos de maneira a exprimir melhor o objetivo, ou obter o mximo efeito sobre

    o receptor.

    Sempre que codificamos uma mensagem, temos de saber escolher o cdigo, o

    conjunto de elementos do cdigo e o mtodo a estrutur-los. E, ao apresentar a

    mensagem que exprima o seu objetivo, a fonte emissora seleciona uma ou outra

    pea de informao, um ou outro conjunto de informaes e um ou outro conjunto

    de evidncias. Exemplo:

    O jornalista ao preparar a matria para o jornal, trata sua mensagem de vrias

    formas: seleciona palavras para um cdigo que o leitor possa decodificar e

    compreender; estrutura as informaes na forma mais objetiva, clara e

    interessante que, ao seu ver, o leitor que receber; define os tipos grficos e as

    notcias da primeira e demais pginas.

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    importante, porm ressaltar o papel do receptor numa interao simblica.

    Comunicar mais do que informar; , alm de transmitir significao, procurar

    resposta do receptor, pois qualquer fonte de comunicao se comunica com o

    propsito de influenciar /persuadir o seu receptor para obter uma resposta ou

    efeito (feedback)

    Toda interao simblica compreende um processo de emisso e recepo de

    mensagens codificadas. Em comunicao, a realidade de algum sempre

    representada para o eu e para os outros, com signos. Essa relao objeto-mundo-

    signo a representao-codificao.

    Segundo Umberto Eco, 1973, Signo para transmitir uma informao, para

    indicar algum alguma coisa que um outro conhece e quer que outros tambm

    conheam. Ele insere-se, pois, num processo de comunicao tipo:

    Fonte emissor canal mensagem - destinatrio

    SIGNO

    Processo sgnico, ou seja, a organizao complexa de muitos signos. O signo,

    porm, no apenas um elemento que est presente num processo de

    comunicao, ele uma entidade que faz parte num processo de significao.

    Um processo em que no exista significao, um processo de estmulo

    resposta, pois como vimos anteriormente a significao o uso social dos signos,

    implicando uma srie de regras que atribui ao signo um significado (codificao

    cdigo)

    J, para Suassure, signo uma entidade psquica formada de duas partes

    intimamente relacionadas: significante ou expresso e significado e contedo.

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    A relao entre o significante e o significado do signo lingustico arbitrria e

    convencional, ao passo que nos signos visuais analgica, motivada e

    convencional.

    Um sistema de signos forma um cdigo. Por exemplo:

    As palavras cadeira (cdigo da lngua portuguesa), chaise (cdigo da lngua

    francesa) chair(cdigo da lngua inglesa) representam uma pea do mobilirio que

    pode ser de madeira, ferro, plstico etc, que tem quatro ps, um assento, encosto

    e serve para sentar. Cdigo, portanto, encerra uma conveno, um contrato social,

    pelo qual as palavras cadeira, chaise, chairrepresentam uma pea do mobilirio

    acima descrito, e no qualquer outra.

    Umberto Eco define cdigo como um sistema que estabelece e organiza ossignos. Nesse caso, relacionando com o conceito de cdigo como contrato social,

    podemos dizer que h cdigos cujo contrato est mais amarrado socialmente,

    como o semforo (cdigo internacional de trnsito), e outros cujo contrato est

    mais frouxo, como os da dirias.

    Tipos de cdigos

    Pierre Guiraud, em seu livroA Semiologia, tentou organizar em tipos, os cdigos

    da linguagem.

    Divide-os em cdigos paralingustico e cdigos prticos.

    1 Cdigos Paralingusticos

    So aqueles que passam pela lngua oral, como o prprio nome diz, paralelos

    fala.

    So classificados em trs tipos:

    31

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    a) cdigos de apoio da lngua;

    b) cdigos substitutos da lngua;

    c) cdigo auxiliares da lngua

    a) cdigos de apoio da lngua

    a escrita alfabtica e, eventualmente, silbica;

    . cdigo Morse;

    . cdigo Braille;

    . alfabeto digital dos surdos-mudos;

    . as bandeirolas da marinha, da aviao, esportes, escoteiros, etc.

    , cdigos criptogrficos que substituem as letras do alfabeto por nmeros ou

    desenhos.

    Esse conjunto de cdigos, entretanto, passam pela lngua articulada s so

    compreendidos na lngua de origem a partir da qual foram recodificados. Tm

    por funo substituir a lngua cada vez que o uso da mesma dificultado p

    questes de tempo, espao etc. Como exemplo, temos no cdigo Morse, j

    em desuso, a substituio de A por .-, do B por -.-.etc.

    b) Cdigos substitutos da lngua

    Diferentes dos cdigos de apoio Ada lngua que passam, necessariamente por

    ela como suportes, os cdigos substitutos possuem um sentido prprio. Entre

    eles encontram-se os pictogramas, os ideogramas do chins, os hierglifos do

    egpcio etc. Um dos mais elaborados o cdigo dos monges trapistas,

    fundamentado na linguagem gestual com mais de 1.300 dignos.

    c) cdigos auxiliares da lngua

    A comunicao verbal oral ou falada tem como suporte o emprego de signos

    articulados e sempre acompanhada por signos paralelos como: entonao,

    ritmo, expresses faciais, gestos etc.

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    Esses cdigos auxiliares so muitos importantes em certas formas de

    expresso como teatro, a dana, os rituais e at mesmo em nossa

    comunicao cotidiana.

    Eles foram divididos por Guiraud em:

    - Cdigo prosdico

    Este cdigo desempenha importante papel na comunicao de mensagens

    afetivas / emocionais. So utilizados na comunicao de intensidade e quantidade

    de voz da palavra articulada. Pelo tom e ritmo de voz, qualificamos uma pessoa de

    meiga ou autoritria, calma ou ansiosa e podemos distinguir pela carga emocional

    colocada na palavra gooool, se o gol da seleo brasileira ou da seleo

    adversria.

    - Cdigo quinsico ou cinsico

    um cdigo auxiliar estreitamente associado fala e, particularmente, aos signos

    prosdicos. Ele utiliza as expresses fisionmicas, os gestos e a postura corporal.

    H, porm, a possibilidade de nos expressarmos e comunicarmos apenas atravs

    de signos cinsicos. Ex. quando colocamos o polegar para cima, querendo dizer

    tudo bem, ou o polegar para baixo, querendo dizer tudo mal.

    A comunicao, como processo complexo, um fenmeno de multicanais, ou

    seja, faz uso de todos os canais sensoriais.

    A teoria clssica de Ray Birdwhistell estuda a relao entre a atividade corporal e

    a estrutura da lngua e, pelo estudo dos gestos em contexto, tornou-se claro que o

    sistema cinsico tem formas que se assemelham surpreendentemente a palavra

    na lngua.

    - Cdigo proxmico

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    Fundamentado na teoria proxmica de Edward Hall, este cdigo refere-se ao uso

    do espao na comunicao. A distncia que mantemos entre ns e o nosso

    interlocutor, o lugar que ocupamos numa mesa, num cortejo etc. so signos de

    nosso estatuto social e constituem um cdigo elaborado que varia com as

    culturas.

    Hall ensinou que, assim como a linguagem varia de cultura para cultura, o mesmo

    ocorre com os outros instrumentos de interao.

    O fato de esses signos serem paralingusticos, ou seja, associados fala, no

    significa que eles s sirvam como reforo do contedo expresso pela linguagem

    verbal falada. Muitas vezes, falamos uma coisa e o no-lingstico, outra. Pierre

    Weil, em seu livro O Corpo Fala, exemplifica esta colocao

    2 Cdigos Prticos: sinais e programas

    Os cdigos prticos tm por funo regular a circulao ou os movimentos de

    conjunto, ou sistemas de instrues com vistas a efetuar um trabalho, como a

    planta de um arquiteto e um decorador, por exemplo.

    Os cdigos prticos, hoje, se multiplicam com muita rapidez em conseqncias

    das diferentes e diversas necessidades de comunicao e locomoo do homem

    nas grandes cidades.

    So tantas as funes que realizamos em pouco tempo, na vida contempornea,

    que precisamos constantemente dos cdigos prticos.

    Exemplo: as demarcaes do shopping, tanto no estacionamento como no

    interior dos mesmos.

    Para perceb-los, s sair e observar.

    Entre os sistemas de sinalizao, os mais conhecidos so os sinais de trnsito,

    circulao rodoviria, ferroviria etc. entram nessa categoria os sinais de

    advertncia, como a buzina dos carros, sirenes, sinos, alarmes etc.

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    Alguns sinais so muito simples, que compreendem sinais de substncias

    diversas e das mais variadas formas, tais como: faris, cores, imagens, avisos

    sonoros etc.

    O avano dos estudos sobre a linguagem, com a Semiologia e Semitica, passa a

    se preocupar com os cdigos no-verbais e as diferentes linguagens como

    fotografia, cinema, TV, publicidade etc. J se fala em expressividade de cmera

    (enquadramento, angulao, movimento) e a prpria montagem / edio j

    possuem um cdigo relativamente bem estabelecido.

    O Veculo / Canal

    O veculo o canal ou cadeias de canais que liga a fonte ao receptor. Juntamente

    com as mercadorias podem atingir seu destino por vrios meios de transporte, as

    mensagens podem chegar ao receptor utilizando diversas formas de veculos de

    comunicao. Ao contrrio dos meios de transporte, contudo, os veculos de

    comunicao so neutros. Eles moldam a mensagem sua prpria imagem. Voc

    j ficou indeciso alguma vez sobre o que fazer primeiro: ler um livro ou ver um

    filme? A informao levada pela palavra escrita no a mesma espcie de

    informao transmitida por um filme. Os dois veculos diferem e sua diferena

    baseia-se no que acontece informao quando conduzida por um ou por outro.

    Cada veculo exerce sua influncia suas prprias particularidades sobre a

    mensagem e, neste sentido, torna-se parte prpria da mensagem. Veculo e

    mensagem so inseparveis. Voc pode separa a mensagem da Mona Lisa do

    veculo de expresso do artista?No sem destruir a mensagem.

    Experincias no campo da privao sensorial tm fartamente ilustrado a relao

    ntima entre mensagem e veculo. Pesquisas diversas tm demonstrado que

    quando a comunicao com o meio ambiente reduzida a um mnimo, os homens

    tendem a ficar desorientados. Quando os sentidos bsicos e tradicionais da viso,

    audio, paladar, tato e olfato so bloqueados, outras cadeias ainda no

    identificadas transmitem informaes sobre o ambiente ao crebro. Nessa

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    transmisso, contudo, as mensagens so distorcidas em estranhos padres de

    alucinao que ningum parece capaz de explicar. Canais desconhecidos esto

    aparentemente formando mensagens ambientais.

    No caso das fontes no-animais, por exemplo, aparelhos eletrnicos e mecnicos,

    o veculo de transmisso predeterminado e limitado pelas propriedades fsicas

    de sua fbrica. Um interruptor de parede no tem chance de escolher um canal.

    Pode comunicar com a lmpada eltrica atravs da extenso de um fio de cobre.

    Todavia, em alguns animais, e em larga escala todos os seres humanos, existe

    uma srie de escolhas na seleo dos veculos. Um professor, por exemplo, pode

    transmitir informaes a seus alunos por meio de vrios veculos de comunicao:

    sua voz, material escrito, desenhos e grficos, televiso, filmes e fitas gravadas,

    para nomearmos uns poucos.

    At agora, tm sido relativamente limitada todas as pesquisas levadas a efeito

    sobre as vantagens de um veculo sobre outros, na conduo de certas espcies

    de informao. Qual informao mais bem transmitida visualmente atravs de

    quadros? Qual oralmente? Qual por meios de livros? Qual delas, no sendo

    verbal, pode ser feita atravs do tato? Qual atravs do exame direto e

    manipulao? possvel, que, por termos a tendncia de sobrecarregar apenas

    alguns canais, como viso e a audio, e negligenciar muitos outros, muitos

    processos de comunicao teis no sejam empregados.

    Algumas cadeias de canais partindo de ns para o meio ambiente no parecem

    estar sob nosso controle direto. O rubor facial um exemplo. Ele diz s pessoas

    que estamos preocupados ou envergonhados, que desejamos mandar mensagem

    ou no. Outro exemplo a involuntria contrao da pupila quando confrontada

    com um ou inesperado dado desagradvel. A pupila no momento dilata-se ou se

    contrai de acordo com nossa aceitao ou rejeio pessoal dos acontecimentos

    ao nosso redor Arregalamos os olhos para ver aquilo de que gostamos, mas eles

    se fecham como rejeio a coisas das quais no gostamos.

    H, ento, outros veculos ainda desconhecidos atravs dos quais avaliamos e

    influenciamos nosso ambiente?

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    Vamos verificar, observando nossas atitudes cotidianas.

    Simplificando, canal o meio que possibilita a veiculao da mensagem. o meio

    fsico que suporta, transporta e s vezes processa e at modifica a mensagem.

    Podemos, entretanto, classificar os canis de comunicao em:

    Canais naturais: aqueles que fazem parte do nosso sistema sensorial, pois a

    comunicao s se realiza atravs do ar das ondas sonoras e luminosas que

    transporta de uma fonte emissora at o destinatrio final.

    Canais artificiais: aqueles meios criados artificialmente pelo homem com o

    objetivo de ampliar os canais naturais, permitindo, assim, estender e desenvolvera nossa capacidade de emisso, transmisso e recepo da mensagem.

    Com o desenvolvimento tecnolgico, podemos vislumbrar o aparecimento de

    inmeros veculos tecnolgicos tais como o jornal, o rdio, a televiso e o

    computador, capazes de facilitar e ampliar a capacidade humana de comunicao.

    Esses canais so denominados mdias, fazendo, hoje, parte da realidade do nosso

    mundo.

    Em funo do fator meio, canal ou veculo, podemos classificar a comunicao em

    direta e indireta.

    Comunicao direta

    aquela comunicao realizada sem o auxlio de um canal artificial tecnolgico,

    utilizando apenas os canais naturais. Na comunicao interpessoal oral, que se d

    atravs da linguagem verbal falada, o canal ou veculo o ar que transporta a

    nossa voz (ondas sonoras).

    Comunicao indireta

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    aquela comunicao realizada com o auxlio dos meios de tecnolgicos

    comumente chamados de mdia.

    Mdia

    A origem do termo latina, mdium (singular e media (plural) querem dizer meio

    e meios. Em ingls os termos so usados para designar um meio (mdium) e os

    meios (media) de comunicao, pronunciando-se midium e midia. Durante algum

    tempo, no Brasil as grafias media e mda apareceram indiscriminadamente, assim

    como aparecia o plural mdias antecedido, tambm indistintamente, do artigo

    masculino (os mdias) ou feminino (as mdias). Recentemente, a palavra mdia,

    sem S, antecedida do artigo feminino (a mdia)fixou-se mais de dominantemente

    e empregada quer no sentido estrito do jornalismo o rdio e a televiso. ( Lcia

    Santaella, A cultura da Mdia)

    Temos, portanto, vrios tipos de mdia:

    . mdia impressa (jornal, revistas, folhetos, cartazes, outdoors)

    . mdia oral e/ou radiofnica (rdio);

    . mdia udio-visual e/ou televisiva (televiso);

    . multimdia (sistema com base no computador)

    Segundo Marshall McLuhan, a mdia a mensagem, no sentido da transformao

    que a mensagem sofre de acordo com o meio em que ela veiculada. Para esse

    terico, a importncia no est s na informao passada atravs da mensagem,

    mas sim no modo como ela passada. Desta forma, os diferentes contedos dos

    programas de TV acabam por ter poa importncia, se considerarmos os modos

    inteiramente novos de comunicao e conhecimento que a mdia televisiva

    implica. Segundo este mesmo estudioso, a mdia , tambm, a extenso dos

    nossos sentidos, mostrando-nos com esta afirmao estreita relao entre o

    homem e esses veculos de comunicao. Nesse enfoque, a imprensa e a

    fotografia so extenses da viso, o microfone e o rdio uma extenso da voz.

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    Entretanto, pode existir em todos os veculos de comunicao, uma certa

    quantidade de rudos, fatores dentro de um canal que interferem na mensagem.

    Por exemplo, quando voc permanece muito tempo sentado numa posio

    desconfortvel, seu p poder ficar dormente. Fica insensvel presso do cho.

    Esta condio, que interfere nas informaes do sistema ttil, rudo. Ou, em

    outro exemplo, uma dor de cabea alucinante pode introduzir um rudo no canal

    visual, tanto quanto um resfriado pode obstruir o canal do paladar com rudo.

    Assim, o rudo num veculo de comunicao no se refere necessariamente a um

    som, barulho ocasional, mas de preferncia a fatores que obstruem a informao

    em qualquer canal.

    Entropia

    Quando o nvel de rudo de um veculo atinge limites intolerveis, ocorre a

    desorganizao. Altos nveis de rudo impedem o fluxo de informaes necessrio

    para atingir o comportamento visado. O equilbrio de um sistema pode ser medido,

    conseqentemente, pela espcie e quantidade da desorganizao, chamada

    entropia, presente no sistema. A entropia em comunicao aumenta com o

    aumento da escolha do receptor e decresce se a escolha se restringe. Considere

    a seguinte frase:

    A cientista construiu rapidamente o rob enquanto comia.

    O que significa isto?

    Pelo menos quatro interpretaes diferentes podem ser feitas. O receptor livre

    para escolher uma delas. proporo que existe mais do uma escolha, pode

    ocorrer a entropia, Como as palavras e smbolos so representaes de coisas, e

    no as prprias coisas, h sempre ambigidade ou entropia na comunicao. O

    melhor que podemos fazer, reduzir a mensagem a um mnimo ou recorrer a um

    canal menos ruidoso.

    Para substituir a entropia pelo seu oposto, a negentropia, precisamos apresentar

    uma mensagem mais pertinente. As mensagens devem ser codificadas e

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    conduzidas atravs dos veculos, de forma que apresentem ao receptor um

    contedo com um mnimo de confuso. O receptor deve defrontar o menor

    nmero de escolhas possvel sobre provveis significados. A mensagem perfeita

    no lhe deveria permitir escolhas alguma, a no ser a mensagem com seu

    significado da fonte. Em outras palavras, quanto menos chances de escolha,

    maior estabilidade no sistema de comunicao. Conseqentemente a negentropia

    a estabilidade orgnica, trazida atravs da transmisso de informaes

    pertinentes vital para todas as comunicaes. Um sistema dinmico precisa

    manter os elementos de entropia e negentropia numa balana para conseguir

    atingir seu objetivo.