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  • TICA NO SERVIO PBLICO

  • Didatismo e Conhecimento 1

    TICA NO SERVIO PBLICO

    TICA NO SERVIO PBLICO

    Prof. Bruna Pinotti Garcia.Advogada e pesquisadora. Scia da EPS&O Consultoria

    Ambiental. Conciliadora do Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. Mestre em Teoria do Direito e do Estado pelo Centro Universitrio Eurpides de Marlia (UNIVEM) - bolsista CAPES.

    A tica composta por valores reais e presentes na sociedade, a partir do momento em que, por mais que s vezes tais valores apaream deturpados no contexto social, no possvel falar em convivncia humana se esses forem desconsiderados. Entre tais valores, destacam-se os preceitos da Moral e o valor do justo (componente tico do Direito).

    Se, por um lado, podemos constatar que as bruscas transformaes sofridas pela sociedade atravs dos tempos provocaram uma variao no conceito de tica, por outro, no possvel negar que as questes que envolvem o agir tico sempre estiveram presentes no pensamento filosfico e social. Alis, um marco da tica a sua imutabilidade: a mesma tica de sculos atrs est vigente hoje, por exemplo, respeitar ao prximo nunca ser considerada uma atitude antitica. Outra caracterstica da tica a sua validade universal, no sentido de delimitar a diretriz do agir humano para todos os que vivem no mundo. No h uma tica conforme cada poca, cultura ou civilizao: a tica uma s, vlida para todos eternamente, de forma imutvel e definitiva.

    Quanto etimologia da palavra tica: No grego existem duas vogais para pronunciar e grafar a vogal e, uma breve, chamada epslon, e uma longa, denominada eta. thos, escrita com a vogal longa, significa costume; porm, se escrita com a vogal breve, thos, significa carter, ndole natural, temperamento, conjunto das disposies fsicas e psquicas de uma pessoa.1

    A tica passa por certa evoluo natural atravs da histria, mas uma breve observao do iderio de alguns pensadores do passado permite perceber que ela composta por valores comuns desde sempre consagrados.

    Entre os elementos que compem a tica, destacam-se a Moral e o Direito. Assim, a Moral no a tica, mas apenas parte dela. Neste sentido, Moral vem do grego Mos ou Morus, referindo-se exclusivamente ao regramento que determina a ao do indivduo.

    Assim, Moral e tica no so sinnimos, no apenas pela Moral ser apenas uma parte da tica; mas principalmente porque enquanto a Moral entendida como a prtica, como a realizao efetiva e cotidiana dos valores; a tica entendida como uma filosofia moral, ou seja, como a reflexo sobre a moral. Moral ao, tica reflexo.

    A tica est presente em todas as esferas da vida de um indivduo e da sociedade que ele compe e fundamental para a manuteno da paz social que todos os cidados (ou ao menos

    1 CHAU, Marilena. Convite Filosofia. 13. ed. So Paulo: tica, 2005.

    grande parte deles) obedeam os ditames ticos consolidados. A obedincia tica no deve se dar somente no mbito da vida particular, mas tambm na atuao profissional, principalmente se tal atuao se der no mbito estatal.

    O Estado a forma social mais abrangente, a sociedade de fins gerais que permite o desenvolvimento, em seu seio, das individualidades e das demais sociedades, chamadas de fins particulares. O Estado, como pessoa, uma fico, um arranjo formulado pelos homens para organizar a sociedade de disciplinar o poder visando que todos possam se realizar em plenitude, atingindo suas finalidades particulares.

    O Estado tem um valor tico, de modo que sua atuao deve se guiar pela moral idnea. Mas no propriamente o Estado que atico, porque ele composto por homens. Assim, falta tica ou no aos homens que o compem. Ou seja, o bom comportamento profissional do funcionrio pblico uma questo ligada tica no servio pblico, pois se os homens que compem a estrutura do Estado tomam uma atitude correta perante os ditames ticos h uma ampliao e uma consolidao do valor tico do Estado.

    Alguns cidados recebem poderes e funes especficas dentro da administrao pblica, passando a desempenhar um papel de fundamental interesse para o Estado. Quando estiver nesta condio, mais ainda, ser exigido o respeito tica. Afinal, o Estado responsvel pela manuteno da sociedade, que espera dele uma conduta ilibada e transparente.

    Quando uma pessoa nomeada como servidor pblico, passa a ser uma extenso daquilo que o Estado representa na sociedade, devendo, por isso, respeitar ao mximo todos os consagrados preceitos ticos.

    Todas as profisses reclamam um agir tico dos que a exercem, o qual geralmente se encontra consubstanciado em Cdigos de tica diversos atribudos a cada categoria profissional. No caso das profisses na esfera pblica, esta exigncia se amplia.

    No se trata do simples respeito moral social: a obrigao tica no setor pblico vai alm e encontra-se disciplinada em detalhes na legislao, tanto na esfera constitucional (notadamente no artigo 37) quanto na ordinria (em que se destacam o Decreto n 1.171/94 - Cdigo de tica - a Lei n 8.429/92 - Lei de Improbidade Administrativa - e a Lei n 8.112/90 - regime jurdico dos servidores pblicos civis na esfera federal).

    Em geral, as diretivas a respeito do comportamento profissional tico podem ser bem resumidas em alguns princpios basilares.

    Segundo Nalini2, o princpio fundamental seria o de agir de acordo com a cincia, se mantendo sempre atualizado, e de acordo com a conscincia, sabendo de seu dever tico; tomando-se como princpios especficos:

    - Princpio da conduta ilibada - conduta irrepreensvel na vida pblica e na vida particular.

    - Princpio da dignidade e do decoro profissional - agir da melhor maneira esperada em sua profisso e fora dela, com tcnica, justia e discrio.

    2 NALINI,JosRenato.ticageraleprofissional.8.ed.So Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

  • Didatismo e Conhecimento 2

    TICA NO SERVIO PBLICO

    - Princpio da incompatibilidade - no se deve acumular funes incompatveis.

    - Princpio da correo profissional - atuao com transparncia e em prol da justia.

    - Princpio do coleguismo - cincia de que voc e todos os demais operadores do Direito querem a mesma coisa, realizar a justia.

    - Princpio da diligncia - agir com zelo e escrpulo em todas funes.

    - Princpio do desinteresse - relegar a ambio pessoal para buscar o interesse da justia.

    - Princpio da confiana - cada profissional de Direito dotado de atributos personalssimos e intransferveis, sendo escolhido por causa deles, de forma que a relao estabelecida entre aquele que busca o servio e o profissional de confiana.

    - Princpio da fidelidade - Fidelidade causa da justia, aos valores constitucionais, verdade, transparncia.

    - Princpio da independncia profissional - a maior autonomia no exerccio da profisso do operador do Direito no deve impedir o carter tico.

    - Princpio da reserva - deve-se guardar segredo sobre as informaes que acessa no exerccio da profisso.

    - Princpio da lealdade e da verdade - agir com boa-f e de forma correta, com lealdade processual.

    - Princpio da discricionariedade - geralmente, o profissional do Direito liberal, exercendo com boa autonomia sua profisso.

    - Outros princpios ticos, como informao, solidariedade, cidadania, residncia, localizao, continuidade da profisso, liberdade profissional, funo social da profisso, severidade consigo mesmo, defesa das prerrogativas, moderao e tolerncia.

    Vale destacar que, se a tica, num sentido amplo, composta por ao menos dois elementos - a Moral e o Direito (justo); no caso da disciplina da tica no Setor Pblico a expresso adotada num sentido estrito - tica corresponde ao valor do justo, previsto no Direito vigente, o qual estabelecido com um olhar atento s prescries da Moral para a vida social. Em outras palavras, quando se fala em tica no mbito do Estado no se deve pensar apenas na Moral, mas sim em efetivas normas jurdicas que a regulamentam, o que permite a aplicao de sanes. Veja o organograma:

    Logo, as regras ticas do setor pblico so mais do que regulamentos morais, so normas jurdicas e, como tais, passveis de coao. A desobedincia ao princpio da moralidade caracteriza ato de improbidade administrativa, sujeitando o servidor s penas previstas em lei. Da mesma forma, o seu comportamento em relao ao Cdigo de tica pode gerar benefcios, como promoes, e prejuzos, como censura e outras penas administrativas. A disciplina constitucional expressa no sentido de prescrever a moralidade como um dos princpios fundadores da atuao da administrao pblica direta e indireta, bem como outros princpios correlatos. Assim, o Estado brasileiro deve se conduzir moralmente por vontade expressa do constituinte, sendo que imoralidade administrativa aplicam-se sanes.

    1. CDIGO DE TICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR PBLICO CIVIL DO PODER

    EXECUTIVO FEDERAL: DECRETO N 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994

    Considerados os princpios administrativos basilares do art. 37 da CF, destaca-se a existncia de um diploma especfico que estabelece a ao tica esperada dos servidores pblicos, qual seja o Decreto n 1.171/94.

    Vale lembrar que o Cdigo de tica foi expedido pelo Presidente da Repblica, considerada a atribuio da Constituio Federal para dispor sobre a organizao e o funcionamento da administrao pblica federal, conforme art. 84, IV e VI da Constituio Federal: IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execuo; [...] VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) organizao e funcionamento da administrao federal, quando no implicar aumento de despesa nem criao ou extino de rgos pblicos; b) extino de funes ou cargos pblicos, quando vagos. Exatamente por causa desta atribuio que o Cdigo de tica em estudo adota a forma de decreto e no de lei, j que as leis so elaboradas pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional).

    O Decreto n 1.171/94 um exemplo do chamado poder regulamentar inerente ao Executivo, que se perfaz em decretos regulamentares. Embora sejam factveis decretos autnomos3, no o caso do decreto em estudo, o qual encontra conexo com diplomas como as Leis n 8.112/90 (regime jurdico dos servidores pblicos federais) e Lei n 8.429/92 (lei de improbidade administrativa), alm da Constituio Federal.

    Disto extrai-se que a adoo da forma de decreto no significa, de forma alguma, que suas diretrizes no sejam obrigatrias: o servidor pblico federal que desobedec-las estar sujeito apurao de sua conduta perante a respectiva Comisso de tica, que enviar informaes ao processo administrativo disciplinar, podendo gerar at mesmo a perda do cargo, ou aplicar a pena de censura nos casos menos graves.

    3 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed. So Paulo: Saraiva, 2011.

  • Didatismo e Conhecimento 3

    TICA NO SERVIO PBLICO

    DECRETO N 1.171 DE 22 DE JUNHO DE 1994Aprova o Cdigo de tica Profissional do Servidor Pblico

    Civil do Poder Executivo Federal.O PRESIDENTE DA REPBLICA, no uso das atribuies

    que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo em vista o disposto no art. 37 da Constituio, bem como nos arts. 116 e 117 da Lei n 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n 8.429, de 2 de junho de 1992,

    DECRETA:Art. 1 Fica aprovado o Cdigo de tica Profissional do

    Servidor Pblico Civil do Poder Executivo Federal, que com este baixa.

    Art. 2 Os rgos e entidades da Administrao Pblica Federal direta e indireta implementaro, em sessenta dias, as providncias necessrias plena vigncia do Cdigo de tica, inclusive mediante a Constituio da respectiva Comisso de tica, integrada por trs servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego permanente.

    Pargrafo nico. A constituio da Comisso de tica ser comunicada Secretaria da Administrao Federal da Presidncia da Repblica, com a indicao dos respectivos membros titulares e suplentes.

    Art. 3 Este decreto entra em vigor na data de sua publicao.Braslia, 22 de junho de 1994, 173 da Independncia e 106

    da Repblica.ITAMAR FRANCORomildo CanhimOs principais elementos que podem ser extrados do prembulo

    do Cdigo de tica so: - Trata-se de um diploma expedido pelo Presidente da

    Repblica poca e, como tal, permanece vlido at que seja revogado, isto , at sobrevir outro de contedo incompatvel (revogao tcita) ou at outro decreto ser expedido para substitu-lo (revogao expressa). O decreto aceita, ainda, reformas e revogaes parciais: no caso, destaca-se o Decreto n 6.029/07, que revogou alguns incisos do Cdigo.

    - Parmetros para o contedo do decreto: os incisos do artigo 84, j citados anteriormente, remetem ao poder regulamentar o Executivo; os artigos da Lei n 8.112/90 referem-se aos deveres e proibies do servidor pblico federal; os artigos da Lei n 8.429/92 tratam dos atos de improbidade administrativa.

    - O decreto conferiu um prazo para cada uma das entidades da administrao pblica federal direta ou indireta para constituir em seu mbito uma Comisso de tica que ir apurar as infraes ao Cdigo de tica. Com efeito, no h nenhuma facultatividade quanto ao dever de respeito ao Cdigo de tica, pois ele se aplica tanto na administrao direta quanto na indireta.

    - A Comisso de tica ser composta por: trs servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego permanente. Isto , excluem-se servidores temporrios.

    - A constituio e a composio da Comisso devero ser informadas Secretaria da Administrao Federal da Presidncia da Repblica.

    ANEXOCdigodeticaProfissionaldoServidorPblico Civil do Poder Executivo Federal

    CAPTULO ISeo I

    Das Regras Deontolgicas

    O Direito como valor do justo estudado pela Filosofia do Direito na parte denominada Deontologia Jurdica, ou, no plano emprico e pragmtico, pela Poltica do Direito4. Deontologia uma das teorias normativas segundo as quais as escolhas so moralmente necessrias, proibidas ou permitidas. Portanto inclui-se entre as teorias morais que orientam nossas escolhas sobre o que deve ser feito, considerada a moral vigente. Por sua vez, a deontologia jurdica a cincia que cuida dos deveres e dos direitos dos operadores do Direito, bem como de seus fundamentos ticos e legais, conoslidando o valor do justo. Por isso, os incisos que se seguem traduzem o comportamento moral esperado do servidor pblico no s enquanto desempenha suas funes, mas tambm em sua vida social.

    Para bem compreender o contedo dos incisos que se seguem, importante pensar: se eu fosse a pessoa buscando atendimento no rgo pblico em questo, como eu gostaria de ser tratado? Qual o tipo de funcionrio que eu gostaria que fosse responsvel pela soluo do meu problema? Enfim, basta lembrar da regra de outro da moralidade, pela qual eu somente devo fazer algo se racionalmente desejar que todas as pessoas ajam da mesma forma - inclusive em relao a mim, ou seja, age de tal modo que a mxima de tua vontade possa valer-te sempre como princpio de uma legislao universal5.

    I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficcia e a conscincia dos princpios morais so primados maiores que devem nortear o servidor pblico, seja no exerccio do cargo ou funo, ou fora dele, j que refletir o exerccio da vocao do prprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes sero direcionados para a preservao da honra e da tradio dos servios pblicos.

    - Primeiramente, vale compreender o sentido de algumas palavras do inciso: por dignidade, deve-se entender autoridade moral; por decoro, compostura e decncia; por zelo, cuidado e ateno; por eficcia, a produo do efeito esperado.

    - Na verdade, tudo isto abrange o que o inciso chama de conscincia dos princpios morais: sei que devo agir de modo que inspire os demais que me rodeiam, isto , exatamente como o melhor cidado de bem; no desempenho das minhas funes, devo me manter srio e comprometido, desempenhando cada uma das atribuies recebidas com o maior cuidado e ateno possvel, evitando erros, de modo que o servio que eu preste seja o melhor que eu puder prestar.

    - No basta que o funcionrio aja desta forma no exerccio de suas funes, porque ele participa da sociedade e fica conhecido nela.

    4 REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19. ed. SoPaulo: Saraiva, 2002.5 KANT, Immanuel. Crtica da Razo Prtica. Traduo Paulo Barrera. So Paulo: cone, 2005, p. 32.

  • Didatismo e Conhecimento 4

    TICA NO SERVIO PBLICO

    O desempenho de cargo pblico, por sua vez, faz com que ele seja visto de outra forma pela sociedade, que espera dele uma conduta ilibada, ou seja, livre de vcios e compulses. Discrio a palavra-chave para a vida particular do servidor pblico, preservando a instituio da qual faz parte. Por exemplo, quem se sentiria bem em ser atendido por um funcionrio que sempre visto embriagado em bares ou provocando confuses familiares, por mais que os servios por ele desempenhados sejam de qualidade?

    II - O servidor pblico no poder jamais desprezar o elemento tico de sua conduta. Assim, no ter que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e 4, da Constituio Federal.

    - Este inciso traz alguns binmios abrangidos pelo conceito de tica que se contrapem. Com efeito, o servidor deve sempre escolher o conveniente, o oportuno, o justo e o honesto. No caso, parte-se das escolhas de menor relevncia para aquelas fundamentais, que envolvem a opo pelo justo e honesto. Estes so os principais valores morais exigidos pelo inciso.

    - Vale proporcionar estudar o artigo 37 da Constituio Federal, ao qual o inciso em estudo faz remisso:

    Art. 37. A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia e, tambm, ao seguinte: [...]

    4 - Os atos de improbidade administrativa importaro a suspenso dos direitos polticos, a perda da funo pblica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao errio, na forma e gradao previstas em lei, sem prejuzo da ao penal cabvel.

    No caso, o inciso remete cabea do artigo, que traz os princpios da administrao pblica, que so:

    LegalidadeImpessoalidadeMoralidadePublicidadeEficinciaPara memorizar: veja que as iniciais das palavras formam o

    vocbulo LIMPE, que remete limpeza esperada da Administrao Pblica. de fundamental importncia um olhar atento ao significado de cada um destes princpios, posto que eles estruturam todas as regras ticas prescritas no Cdigo de tica e na Lei de Improbidade Administrativa, tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho6 e Spitzcovsky7:

    a) Princpio da legalidade: Para o particular, legalidade significa a permisso de fazer tudo o que a lei no probe. Contudo, como a administrao pblica representa os interesses da coletividade, ela se sujeita a uma relao de subordinao, pela qual s poder fazer o que a lei expressamente determina (assim,

    6 CARVALHO FILHO, Jos dos Santos. Manual de direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.7 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. So Paulo: Mtodo, 2011.

    na esfera estatal, preciso lei anterior editando a matria para que seja preservado o princpio da legalidade). A origem deste princpio est na criao do Estado de Direito, no sentido de que o prprio Estado deve respeitar as leis que dita.

    b) Princpio da impessoalidade: Por fora dos interesses que representa, a administrao pblica est proibida de promover discriminaes gratuitas. Discriminar tratar algum de forma diferente dos demais, privilegiando ou prejudicando. Segundo este princpio, a administrao pblica deve tratar igualmente todos aqueles que se encontrem na mesma situao jurdica (princpio da isonomia ou igualdade). Por exemplo, a licitao reflete a impessoalidade no que tange contratao de servios. O princpio da impessoalidade est correlato ao princpio da finalidade, pelo qual o alvo a ser alcanado pela administrao pblica somente o interesse pblico. Com efeito, o interesse particular no pode influenciar no tratamento das pessoas, j que deve-se buscar somente a preservao do interesse coletivo.

    c) Princpio da moralidade: A posio deste princpio no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de uma espcie de moralidade administrativa, intimamente relacionada ao poder pblico. A administrao pblica no atua como um particular, de modo que enquanto o descumprimento dos preceitos morais por parte deste particular no punido pelo Direito (a priori), o ordenamento jurdico adota tratamento rigoroso do comportamento imoral por parte dos representantes do Estado. O princpio da moralidade deve se fazer presente no s para com os administrados, mas tambm no mbito interno. Est indissociavelmente ligado noo de bom administrador, que no somente deve ser conhecedor da lei, mas tambm dos princpios ticos regentes da funo administrativa. TODO ATO IMORAL SER DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS IMPESSOAL, da a intrnseca ligao com os dois princpios anteriores.

    d) Princpio da publicidade: A administrao pblica obrigada a manter transparncia em relao a todos seus atos e a todas informaes armazenadas nos seus bancos de dados. Da a publicao em rgos da imprensa e a afixao de portarias. Por exemplo, a prpria expresso concurso pblico (art. 37, II, CF) remonta ao iderio de que todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de servidores do Estado. Diante disso, como ser visto, se negar indevidamente a fornecer informaes ao administrado caracteriza ato de improbidade administrativa. Somente pela publicidade os indivduos controlaro a legalidade e a eficincia dos atos administrativos. Os instrumentos para proteo so o direito de petio e as certides (art. 5, XXXIV, CF), alm do habeas data e - residualmente - do mandado de segurana.

    e) Princpio da eficincia: A administrao pblica deve manter o ampliar a qualidade de seus servios com controle de gastos. Isso envolve eficincia ao contratar pessoas (o concurso pblico seleciona os mais qualificados ao exerccio do cargo), ao manter tais pessoas em seus cargos (pois possvel exonerar um servidor pblico por ineficincia) e ao controlar gastos (limitando o teto de remunerao), por exemplo. O ncleo deste princpio a procura por produtividade e economicidade.

  • Didatismo e Conhecimento 5

    TICA NO SERVIO PBLICO

    Alcana os servios pblicos e os servios administrativos internos, se referindo diretamente conduta dos agentes.

    Ainda, o inciso faz referncia ao 4, que traz as consequncias dos atos de improbidade administrativa, que podero variar conforme o grau de gravidade (uma das sanes possveis a de obrigar o servidor a devolver o dinheiro aos cofres pblicos, o que se entende por ressarcir o errio).

    III - A moralidade da Administrao Pblica no se limita distino entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da idia de que o fim sempre o bem comum. O equilbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor pblico, que poder consolidar a moralidade do ato administrativo.

    - Bem e mal so conceitos que transcendem a esfera particular. O servidor pblico no deve pensar por uma pessoa, mas por toda a sociedade. Assim, no se deve agir de uma forma para beneficiar um particular - ainda que isso possa ser um bem para ele, injusto para com a sociedade que uma pessoa seja tratada melhor que a outra. O fim da atitude do servidor o bem comum, ou seja, o bem da coletividade. O coletivo sempre deve prevalecer sobre o particular.

    - Por isso, o servidor deve equilibrar a legalidade, que o respeito ao que a lei determina, e a finalidade, que a busca do fim da preservao do bem comum. Assim, o respeito lei fundamental, mas a atitude do servidor no pode cair numa burocratizao sem sentido, ou seja, o respeito s mincias da lei no pode prejudicar o bem comum, sob pena de violar a moralidade.

    IV- A remunerao do servidor pblico custeada pelos tributos pagos direta ou indiretamente por todos, at por ele prprio, e por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade administrativa se integre no Direito, como elemento indissocivel de sua aplicao e de sua finalidade, erigindo-se, como consequncia, em fator de legalidade.

    V - O trabalho desenvolvido pelo servidor pblico perante a comunidade deve ser entendido como acrscimo ao seu prprio bem-estar, j que, como cidado, integrante da sociedade, o xito desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimnio.

    - O cidado paga impostos e demais tributos apenas para que o Estado garanta a ele a prestao do melhor servio pblico possvel, isto , a manuteno de uma sociedade justa e bem estruturada. O mesmo dinheiro que sai dos bolsos do cidado, inclusive do prprio servidor pblico, o que remunera os servios por ele prestados. Por isso, agir contra a moral to insultante, mais que um aproveitamento da mquina estatal, um desrespeito ao cidado honesto que paga parte do que recebe ao Estado.

    - Assim, para bem aplicar o Direito preciso agir conforme a moralidade administrativa, sob pena de mais que violar a lei, tambm desrespeitar o bem comum e prejudicar a sociedade como um todo - inclusive a si prprio.

    - No mais, os dispositivos chamam ateno vedao de que o servidor receba do particular qualquer verba extra: sua remunerao j paga pelo particular, por meio dos impostos, no devendo pretender mais do que aquilo. Isto no significa que o patrimnio do servidor seja apenas o seu salrio - h um patrimnio inerente boa prestao do servio, proporcionando a melhoria da sociedade em que vive.

    VI - A funo pblica deve ser tida como exerccio profissional e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor pblico. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada podero acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional.

    - Reiterando o que foi dito no inciso I, o Cdigo de tica lembra que um funcionrio pblico carrega consigo a imagem da administrao pblica, ou seja, no servidor pblico apenas quando est desempenhando suas funes, mas o tempo todo. Por isso, no importa ser o melhor funcionrio pblico da repartio se a vida particular estiver devassada, isto , se no agir com discrio, coerncia, compostura e moralidade tambm na vida particular. Isso implica em ser um bom pai/me, uma pessoa livre de vcios, um cidado reservado e cumpridor de seus deveres sociais.

    VII - Salvo os casos de segurana nacional, investigaes policiais ou interesse superior do Estado e da Administrao Pblica, a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo constitui requisito de eficcia e moralidade, ensejando sua omisso comprometimento tico contra o bem comum, imputvel a quem a negar.

    - Como visto, a publicidade um princpio basilar da administrao pblica, ao lado da moralidade. Como tal, caminha lado a lado com ela. No cabe ao servidor pblico negar o acesso informao por parte do cidado, salvo em situaes especiais.

    - ATENO: O dispositivo autoriza que os atos administrativos no sejam pblicos em situaes excepcionais, quais sejam segurana nacional, investigaes policiais e interesse superior do Estado e da Administrao Pblica.

    VIII - Toda pessoa tem direito verdade. O servidor no pode omiti-la ou false-la, ainda que contrria aos interesses da prpria pessoa interessada ou da Administrao Pblica. Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hbito do erro, da opresso ou da mentira, que sempre aniquilam at mesmo a dignidade humana quanto mais a de uma Nao.

    - Mentir uma atitude contrria moralidade esperada do servidor pblico, ainda mais se tal mentira se referir funo desempenhada, por exemplo, negando a prtica de um ato ou informando erroneamente um cidado. No existe uma hiptese em que mentir aceito: no importa se dizer a verdade implicar em prejuzo Administrao Pblica.

    - Se o Estado errar, e isso pode acontecer, no dever se eximir de seu erro com base em uma mentira, pois isto ofende a integridade dos cidados e da prpria Nao. Para ser um bom pas, no preciso se fundar em erros ou mentiras, mas sim se esforar ao mximo para evit-los e corrigi-los.

    IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao servio pblico caracterizam o esforo pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao patrimnio pblico, deteriorando-o, por descuido ou m vontade, no constitui apenas uma ofensa ao equipamento e s instalaes ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade que dedicaram sua inteligncia, seu tempo, suas esperanas e seus esforos para constru-los.

  • Didatismo e Conhecimento 6

    TICA NO SERVIO PBLICO

    - Quem nunca chegou a uma repartio pblica ou cartrio e recebeu um tratamento ruim por parte de um funcionrio? Infelizmente, esta uma atitude comum no servio pblico. Contudo, o esperado do servidor que ele atenda aos cidados com ateno e boa vontade, fazendo tudo o possvel para ajud-lo, despendendo o tempo necessrio e tomando as devidas cautelas.

    - Estabelece o artigo 186 do Cdigo Civil: aquele que, por ao ou omisso voluntria, negligncia ou imprudncia, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilcito. Este o artigo central do instituto denominado responsabilidade civil, que tem como elementos: ao ou omisso voluntria (agir como no se deve ou deixar de agir como se deve), culpa ou dolo do agente (dolo a vontade de cometer uma violao de direito e culpa a falta de diligncia), nexo causal (relao de causa e efeito entre a ao/omisso e o dano causado) e dano (dano o prejuzo sofrido pelo agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econmico e no econmico)8.

    - Mais do que incmodo, maltratar um cidado que busca atendimento pode caracterizar dano moral, isto , gerar tamanho abalo emocional e psicolgico que implique num dano. Apesar deste dano no ser econmico, isto , de a dor causada no ter meio de compensao financeiro que a repare, o juiz estabelecer um valor que a compense razoavelmente.

    - Por sua vez, deteriorar o patrimnio pblico caracteriza dano material. No caso, h um correspondente financeiro direto, de modo que a condenao ser no sentido de pagar ao Estado o equivalente ao bem destrudo ou deteriorado.

    X - Deixar o servidor pblico qualquer pessoa espera de soluo que compete ao setor em que exera suas funes, permitindo a formao de longas filas, ou qualquer outra espcie de atraso na prestao do servio, no caracteriza apenas atitude contra a tica ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos usurios dos servios pblicos.

    - Este inciso um desdobramento do inciso anterior, descrevendo um tipo especfico de conduta imoral com relao ao usurio do servio pblico, qual seja a de deix-lo esperando por atendimento que seja de sua competncia. Claro, a espera algo natural, notadamente quando o atendimento estiver sobrecarregado. O que o inciso pretende vetar que as filas se alonguem quando o servidor enrola no atendimento, enfim, age com preguia e desnimo.

    XI - O servidor deve prestar toda a sua ateno s ordens legais de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso e o acmulo de desvios tornam-se, s vezes, difceis de corrigir e caracterizam at mesmo imprudncia no desempenho da funo pblica.

    - Dentro do servio pblico h uma hierarquia, que deve ser obedecida para a boa execuo das atividades. Seria uma desordem se todos mandassem e se cada qual decidisse que funo iria desempenhar. Por isso, cabe o respeito ao que o superior determina, executando as funes da melhor forma possvel.

    8GONALVES,CarlosRoberto.ResponsabilidadeCivil.9.ed.So Paulo: Saraiva, 2005.

    - Negligncia a omisso no agir como se deve, isto , deixar de fazer aquilo que lhe foi atribudo. As condutas negligentes devem ser evitadas, de modo que os erros sejam minimizados, a ateno seja uma marca do servio e a retido algo sempre presente. Imprudncia, por sua vez, o agir sem cuidado, sem zelo, causando prejuzo ao servio pblico.

    XII - Toda ausncia injustificada do servidor de seu local de trabalho fator de desmoralizao do servio pblico, o que quase sempre conduz desordem nas relaes humanas.

    - O servidor pblico tem obrigao de comparecer religiosamente em seu local de trabalho no horrio determinado. Todas as ausncias devem ser evitadas e, quando inevitveis, devem ser justificadas.

    - Os demais funcionrios e a sociedade sempre ficam atentos s atitudes do servidor pblico e qualquer percepo de relaxo no desempenho das funes ser observada, notadamente no que tange a ausncias frequentes.

    XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura organizacional, respeitando seus colegas e cada concidado, colabora e de todos pode receber colaborao, pois sua atividade pblica a grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento da Nao.

    - O bom desempenho das funes a o agir conforme o esperado pela sociedade implica numa boa imagem do servidor pblico, o que permite que ele receba apoio dos demais quando realmente precisar.

    Seo IIDos Principais Deveres do Servidor Pblico

    XIV - So deveres fundamentais do servidor pblico:

    - Embora se trate de outra seo do Cdigo de tica, h continuidade no tratamento do agir moral esperado do servidor pblico. No caso, so elencados alguns deveres essenciais que devem ser obedecidos.

    a) desempenhar, a tempo, as atribuies do cargo, funo ou emprego pblico de que seja titular;

    b) exercer suas atribuies com rapidez, perfeio e rendimento, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situaes procrastinatrias, principalmente diante de filas ou de qualquer outra espcie de atraso na prestao dos servios pelo setor em que exera suas atribuies, com o fim de evitar dano moral ao usurio;

    - Cabe ao servidor pblico desempenhar todas as atribuies inerentes posio de que seja titular de forma eficiente.

    - Situaes procrastinatrias so aquelas que adiam a prestao do servio pblico. Procrastinar significa enrolar, adiar, fugir ao dever de prestar o servio, lerdear. Cabe ao servidor pblico no deixar para amanh o que pode fazer no dia e agilizar ainda mais o seu servio quando houver acmulo de trabalho ou de filas, inclusive para evitar dano moral ao cidado.

    c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade do seu carter, escolhendo sempre, quando estiver diante de duas opes, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum;

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    TICA NO SERVIO PBLICO

    - Honestidade, retido, lealdade e justia so valores morais consolidados na sociedade, refletindo o carter da pessoa. O servidor pblico deve erigir tais valores, sempre fazendo a melhor escolha para a coletividade.

    d) jamais retardar qualquer prestao de contas, condio essencial da gesto dos bens, direitos e servios da coletividade a seu cargo;

    - Prestar contas uma atitude obrigatria por parte de todos aqueles que cuidam de algo que no lhe pertence. No caso, o servidor pblico cuida do patrimnio do Estado. Por isso, sempre dever prestar contas a respeito deste patrimnio, relatando a sua situao e garantindo que ele seja preservado.

    e) tratar cuidadosamente os usurios dos servios aperfeioando o processo de comunicao e contato com o pblico;

    f) ter conscincia de que seu trabalho regido por princpios ticos que se materializam na adequada prestao dos servios pblicos;

    g) ser corts, ter urbanidade, disponibilidade e ateno, respeitando a capacidade e as limitaes individuais de todos os usurios do servio pblico, sem qualquer espcie de preconceito ou distino de raa, sexo, nacionalidade, cor, idade, religio, cunho poltico e posio social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes dano moral;

    - A atitude tica esperada do servidor pblico consiste em exercer suas funes de forma adequada, sempre atendendo da melhor forma possvel os usurios.

    - Para bem atender os usurios, preciso trat-los com igualdade, sem preconceitos de qualquer natureza. Vale lembrar que o tratamento preconceituoso e mal-educado caracteriza dano moral, cabendo reparao.

    h) ter respeito hierarquia, porm sem nenhum temor de representar contra qualquer comprometimento indevido da estrutura em que se funda o Poder Estatal;

    i) resistir a todas as presses de superiores hierrquicos, de contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidas em decorrncia de aes imorais, ilegais ou aticas e denunci-las;

    - O respeito hierarquia algo necessrio ao setor pblico, pois se ele no existisse as atividades seriam desempenhadas de forma desorganizada, logo, ineficiente. Isso no significa, contudo, que o servidor deva obedecer a todas as ordens sem question-las, notadamente quando perceber que a atitude de seu superior contraria os interesses do bem comum.

    - So atitudes que no podem ser aceitas por parte dos superiores ou de pessoas que contratem ou busquem servios do poder pblico: obteno de favores, benefcios ou vantagens indevidas, imorais, ilegais ou antiticas. Ao se deparar com estas atitudes, dever denunci-las.

    j) zelar, no exerccio do direito de greve, pelas exigncias especficas da defesa da vida e da segurana coletiva;

    - O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores pblicos possuem o direito de greve, devendo se atentar pela preservao da sociedade quando exerc-lo.

    Enquanto no for elaborada uma legislao especfica para os funcionrios pblicos, dever ser obedecida a lei geral de greve para os funcionrios privados, qual seja a Lei n 7.783/89.

    l) ser assduo e frequente ao servio, na certeza de que sua ausncia provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo negativamente em todo o sistema;

    m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou fato contrrio ao interesse pblico, exigindo as providncias cabveis;

    n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, seguindo os mtodos mais adequados sua organizao e distribuio;

    - Os trs incisos acima reiteram deveres constantemente enumerados pelo Cdigo de tica como o de comparecimento assduo e pontual no local de trabalho, o de comunicao de atos contrrios ao interesse pblico (inclusive os praticados por seus superiores) e o de preservao do local de trabalho (mantendo-o limpo e organizado).

    o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com a melhoria do exerccio de suas funes, tendo por escopo a realizao do bem comum;

    - Frequentemente, so promovidos cursos de aperfeioamento pela prpria instituio, sem contar aqueles disponibilizados por faculdades e cursos tcnicos. Cabe ao servidor pblico participar sempre que for benfico melhoria de suas funes.

    p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao exerccio da funo;

    - A roupa vestida pelo servidor pblico tambm reflete sua autoridade moral no exerccio das funes. Por exemplo, absurdo chegar ao local de trabalho utilizando bermuda e chinelo, refletindo uma imagem de descaso do servio pblico. As roupas devem ser sbrias, compatveis com a seriedade esperada da Administrao Pblica e de seus funcionrios.

    q) manter-se atualizado com as instrues, as normas de servio e a legislao pertinentes ao rgo onde exerce suas funes;

    - A regulamentao das funes exercidas pelos rgos administrativos est sempre mudando, cabendo ao servidor pblico se manter atualizado.

    r) cumprir, de acordo com as normas do servio e as instrues superiores, as tarefas de seu cargo ou funo, tanto quanto possvel, com critrio, segurana e rapidez, mantendo tudo sempre em boa ordem.

    - A alnea reflete uma sntese do agir moral esperado do servidor pblico, refletindo a prestao do servio com eficincia e respeito lei, atendendo ao bem comum.

    s) facilitar a fiscalizao de todos atos ou servios por quem de direito;

    - As atividades de fiscalizao so usuais no servio pblico e, por isso, os ficais devem ser bem atendidos, cabendo ao servidor demonstrar que as atividades atribudas esto sendo prestadas conforme a lei determina.

    t) exercer com estrita moderao as prerrogativas funcionais que lhe sejam atribudas, abstendo-se de faz-lo contrariamente aos legtimos interesses dos usurios do servio pblico e dos jurisdicionados administrativos;

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    TICA NO SERVIO PBLICO

    - Prerrogativas funcionais so garantias atribudas pela lei ao servidor pblico para que ele possa bem desempenhar suas funes. No cabe exerc-las a torto e direito, preciso ter razoabilidade, moderao. Assim, quando invoc-las, o servidor pblico ser levado a srio.

    u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua funo, poder ou autoridade com finalidade estranha ao interesse pblico, mesmo que observando as formalidades legais e no cometendo qualquer violao expressa lei;

    - O servidor pblico deve agir conforme a lei determina, observando-a estritamente, preservando assim os interesses da sociedade.

    v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe sobre a existncia deste Cdigo de tica, estimulando o seu integral cumprimento.

    - O Cdigo de tica o principal instrumento jurdico que trata das atitudes do servidor pblico esperadas e vedadas. preciso obedecer suas diretrizes e aconselhar a sua leitura queles que o desconheam.

    Seo IIIDas Vedaes ao Servidor PblicoXV - vedado ao servidor pblico;

    - Nesta seo, so descritas algumas atitudes que contrariam as diretrizes do Cdigo de tica. Trata-se de um rol exemplificativo, ou seja, que pode ser ampliado por um juzo de interpretao das regras ticas at ento estudadas.

    - ATENO: no ser necessrio gravar todas estas regras se o candidato se atentar ao fato de que elas se contrapem s atitudes corretas at ento estudadas. Por bvio, no agir da forma estabelecida caracteriza violao dos deveres ticos, o que proibido.

    a) o uso do cargo ou funo, facilidades, amizades, tempo, posio e influncias, para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem;

    - O cargo pblico para a sociedade, no para o indivduo. Por isso, ele no pode se beneficiar dele indevidamente.

    b) prejudicar deliberadamente a reputao de outros servidores ou de cidados que deles dependam;

    - Causar intrigas no trabalho, fazer fofocas e se negar a ajudar os demais cidados que busquem atendimento uma clara violao ao dever tico.

    c) ser, em funo de seu esprito de solidariedade, conivente com erro ou infrao a este Cdigo de tica ou ao Cdigo de tica de sua profisso;

    - Como visto, dever do servidor pblico denunciar aqueles que desrespeitem o Cdigo de tica, bem como obedec-lo estritamente. No deve pensar que cobrir o erro do outro algo solidrio, porque todos os erros cometidos numa funo pblica so prejudiciais sociedade.

    d) usar de artifcios para procrastinar ou dificultar o exerccio regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou material;

    - O trabalho no deve ser adiado, mas sim prestado de forma rpida e eficaz, sob pena de causar dano moral ou material aos usurios e ao Estado.

    - Na esfera penal, pode incidir no crime de prevaricao (art. 319, CP).

    e) deixar de utilizar os avanos tcnicos e cientficos ao seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister;

    - A incorporao da tecnologia aos servios pblicos, aproximando-o da sociedade, chamada de governana eletrnica. Cabe ao servidor pblico saber lidar bem com tais tecnologias, pois elas melhoram a qualidade do servio prestado.

    f) permitir que perseguies, simpatias, antipatias, caprichos, paixes ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o pblico, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores;

    - O funcionrio pblico deve agir com impessoalidade na prestao do servio, tratando todas as pessoas igualmente, tanto os usurios quanto os colegas de trabalho.

    g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda financeira, gratificao, prmio, comisso, doao ou vantagem de qualquer espcie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua misso ou para influenciar outro servidor para o mesmo fim;

    - A remunerao do servidor pblico j paga pelo Estado, fomentada pelos tributos do contribuinte. No cabe ao servidor buscar bnus indevidos pela prestao de seus servios, seja solicitando (caso que caracteriza crime de corrupo - art. 317, CP), seja exigindo (restando presente o crime de concusso - art. 316, CP). Caso o faa, se sujeitar s penas cveis, penais e administrativas.

    h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encaminhar para providncias;

    - Caso o faa, alm das sanes cveis e administrativas, incorre na prtica do crime de falsificao de documento pblico, com aumento de pena pela condio de funcionrio pblico (art. 297, caput e 1 do CP).

    i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do atendimento em servios pblicos;

    - Como visto, o funcionrio pblico deve atender com eficincia o usurio do servio, prestando todas as informaes da maneira mais correta e verdadeira possvel, sem mentiras ou iluses.

    j) desviar servidor pblico para atendimento a interesse particular;

    - Todos os servidores pblicos so contratados pelo Estado, devendo prestar servios que atendam ao seu interesse. Por isso, um servidor no pode pedir ao seu subordinado que lhe preste servios particulares, por exemplo, pagar uma conta pessoal em agncia bancria, telefonar para consultrios para agendar consultas, fazer compras num supermercado.

    l) retirar da repartio pblica, sem estar legalmente autorizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao patrimnio pblico;

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    TICA NO SERVIO PBLICO

    - Os bens que se encontram no local de trabalho pertencem mquina estatal e devem ser utilizados exclusivamente para a prestao do servio pblico, no podendo o funcionrio retir-los de l. Se o fizer, responde civil e administrativamente, bem como criminalmente por peculato (art. 312, CP).

    m) fazer uso de informaes privilegiadas obtidas no mbito interno de seu servio, em benefcio prprio, de parentes, de amigos ou de terceiros;

    - As informaes que so acessadas pelo funcionrio pblico somente devem ser aproveitadas para o bom desempenho das funes. No cabe fazer fofocas, ainda que sem nenhum interesse de obter privilgio econmico, ou seja, apenas para aparentar importncia por mera vaidade pessoal. possvel que caracterize crime de violao de sigilo funcional (art. 325, CP).

    n) apresentar-se embriagado no servio ou fora dele habitualmente;

    - Trata-se de ato tpico de falta de decoro e retido, valore morais inerentes boa prestao do servio pblico.

    o) dar o seu concurso a qualquer instituio que atente contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana;

    p) exercer atividade profissional atica ou ligar o seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso.

    - O servidor pblico, seja na vida privada, seja no exerccio das funes, no deve se filiar a instituies que contrariem a moral, por exemplo, que incitem o preconceito e a desordem pblica. Afinal, o servidor pblico um espelho para a sociedade, devendo refletir seus valores tradicionais.

    CAPTULO IIDAS COMISSES DE TICA

    XVI - Em todos os rgos e entidades da Administrao Pblica Federal direta, indireta autrquica e fundacional, ou em qualquer rgo ou entidade que exera atribuies delegadas pelo poder pblico, dever ser criada uma Comisso de tica, encarregada de orientar e aconselhar sobre a tica profissional do servidor, no tratamento com as pessoas e com o patrimnio pblico, competindo-lhe conhecer concretamente de imputao ou de procedimento suscetvel de censura.

    - Com efeito, as Comisses de tica possuem funo de orientao e aconselhamento, devendo se fazer presentes em todo rgo ou entidade da administrao direta ou indireta.

    XVII - Revogado pelo Decreto n 6.029/07 (art. 25).XVIII - Comisso de tica incumbe fornecer, aos organismos

    encarregados da execuo do quadro de carreira dos servidores, os registros sobre sua conduta tica, para o efeito de instruir e fundamentar promoes e para todos os demais procedimentos prprios da carreira do servidor pblico.

    - Alm de orientar e aconselhar, a Comisso de tica fornecer as informaes sobre os funcionrios a ela submetidos, tanto para instruir promoes, quanto para alimentar processo administrativo disciplinar.

    XIX a XXI - Revogados pelo Decreto n 6.029/07 (art. 25).

    XXII - A pena aplicvel ao servidor pblico pela Comisso de tica a de censura e sua fundamentao constar do respectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com cincia do faltoso.

    - A nica sano que pode ser aplicada diretamente pela Comisso de tica a de censura, que a pena mais branda pela prtica de uma conduta inadequada que seja praticada no exerccio das funes. Nos demais casos, caber sindicncia ou processo administrativo disciplinar, sendo que a Comisso de tica fornecer elementos para instruo.

    XXIV - Para fins de apurao do comprometimento tico, entende-se por servidor pblico todo aquele que, por fora de lei, contrato ou de qualquer ato jurdico, preste servios de natureza permanente, temporria ou excepcional, ainda que sem retribuio financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer rgo do poder estatal, como as autarquias, as fundaes pblicas, as entidades paraestatais, as empresas pblicas e as sociedades de economia mista, ou em qualquer setor onde prevalea o interesse do Estado.

    - Este ltimo inciso do Cdigo de tica de fundamental importncia para fins de concurso pblico, pois define quem o servidor pblico que se sujeita a ele.

    - Elementos do conceito de servidor pblico: a) Instrumento de vinculao: por fora de lei (por exemplo,

    prestao de servios como jurado ou mesrio), contrato (contratao direta, sem concurso pblico, para atender a uma urgncia ou emergncia) ou qualquer outro ato jurdico ( o caso da nomeao por aprovao em concurso pblico) - enfim, no importa o instrumento da vinculao administrao pblica, desde que esteja realmente vinculado;

    b) Servio prestado: permanente, temporrio ou excepcional - isto , ainda que preste o servio s por um dia, como no caso do mesrio de eleio, servidor pblico, da mesma forma que aquele que foi aprovado em concurso pblico e tomou posse; com ou sem retribuio financeira - por exemplo, o jurado no recebe por seus servios, mas no deixa de ser servidor pblico;

    c) Instituio ou rgo de prestao: ligado administrao direta ou indireta, isto , a qualquer rgo que tenha algum vnculo com o poder estatal. O conceito o mais amplo possvel, abrangendo autarquias, fundaes pblicas, empresas pblicas, sociedades de economia mista, enfim, qualquer entidade ou setor que vise atender o interesse do Estado.

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    TICA NO SERVIO PBLICO

    2. CDIGO DE TICA DA ANVISA - RDC 141, DE 30 DE MAIO DE 2003

    Um cdigo de tica nico para cada organizao, mas certas questes so universais e aplicveis em qualquer mercado. Ele traz de forma clara e objetiva os princpios, diretrizes e regras da instituio, alm de ser um documento de fcil compreenso para todos os pblicos a quem se aplica. Para sua credibilidade, indispensvel a coerncia entre o que falado e o que praticado. Ser levado a conhecimento no s do pblico interno, mas tambm do externo, servindo de instrumento para o crescimento da confiabilidade na instituio. O Cdigo de tica da Anvisa no tem fora de lei, embora alguns de seus dispositivos encaixem-se no teor de alguma lei. Logo, por si s, no gerar punies fora do mbito administrativo da Anvisa.

    Quanto ao Cdigo de tica da Anvisa, interessante notar a apresentao elaborada pelo procurador-geral Hlio Pereira Dias, a qual introduz o texto do documento na pgina da Anvisa, mostrando um pouco a perspectiva que cercou a sua elaborao:

    Apresentao, por Hlio Pereira Dias, Procurador-geral da Anvisa

    O estudo das obrigaes morais dos indivduos no seio de uma comunidade a que se empresta o termo deontologia (do grego deon, dever), compreende o ato moral, assim entendida uma ao consumada na presena ou com a participao de outrem, envolvendo a escolha de alternativas, os meios empregados, a influncia dos impulsos, a censura da conscincia, os fins desejados e a formulao de juzos. Na estrutura desse mesmo ato se integrariam o motivo, a vontade, os fins o resultado e o nexo.

    O ato moral no fugiria a essa estrutura, alm de sujeitar-se aos aspectos ticos, vale dizer, por si mesmo (conscincia), pela classe, pela comunidade, pelo estado e pela histria.

    Na poca das Agncias esses princpios sobrelevam, tanto mais que delas se esperam condutas retas, no campo da tica pontuadas pela transparncia dos atos praticados pelos agentes do poder pblico. Seus atos ho de ser como aparentam. o que deles se espera.

    Embora o Cdigo de tica no tenha fora de lei, sua fora deriva justamente do fato de que ele representa um compromisso moral e poltico.

    A Diretoria Colegiada da Anvisa aprovou o Cdigo de tica da Agncia, conforme Resoluo - RDC n 141, de 30 de maio de 2003 (revoga a RDC n 133, de 15/5/02), publicada no Dirio Oficial da Unio de 2 de junho de 2003, com a seguinte redao:

    Abaixo, segue o teor do Cdigo de tica da Anvisa, recomendando-se uma leitura atenta, eis que geralmente cobrado o exato contedo do texto nos testes de concursos pblicos para cargo na instituio.

    CAPTULO IDas Diretrizes Institucionais

    Art. 1 A Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria - Anvisa, autarquia especial vinculada ao Ministrio da Sade tem como finalidade institucional promover a sade da populao, por intermdio do controle sanitrio da produo e da comercializao de produtos e servios submetidos vigilncia sanitria, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionadas, bem como o controle de portos, aeroportos e fronteiras, competindo ainda Anvisa coordenar o Sistema Nacional de Vigilncia Sanitria e desenvolver a poltica de Vigilncia Sanitria do pas, definida pelo Ministrio da Sade e homologada pelo Conselho Nacional de Sade.

    - Autarquia uma pessoa jurdica administrativa com relativa capacidade de gesto dos interesses a seu cargo, embora sob controle do Estado, de onde se originou, ou ainda, a pessoa jurdica de direito pblico, integrante da Administrao Pblica, criada por lei para desempenhar funes que, despidas de carter econmico, sejam prprias e tpicas do Estado9. Em suma, a Anvisa dotada de relativa autonomia, permanecendo vinculada ao Ministrio da Sade.

    - O seu objetivo a promoo da sade da populao e, para isso, exerce o controle sanitrio dos produtos que so fabricados e comercializados, bem como dos servios que liguem-se a estes produtos.

    - No entanto, a Anvisa no funciona apenas como rgo fiscalizatrio, tambm sendo responsvel pela coordenao do Sistema Nacional de Vigilncia Sanitria e pelo desenvolvimento da poltica de vigilncia sanitria no Brasil. Logo, no s fiscaliza como expede diretrizes e recomendaes que visem a no violao do nvel de adequao sanitria esperado.

    1 A Anvisa tem, como espao de atuao, a regulao sanitria objetivando promoo do bem-estar social.

    2 A Anvisa tem, como misso, proteger e promover a sade da populao, garantindo a segurana sanitria de produtos e servios e participando da construo de seu acesso.

    3 A Anvisa tem, por valores institucionais, a transparncia dos atos, o conhecimento como fonte da ao, o esprito de cooperao e o compromisso com os resultados.

    - Espao de atuao significa foco, rea de interesse; misso quer dizer objetivo, finalidade; valores institucionais so os princpios que inspiram a atuao institucional.

    CAPITULO IIDos Objetivos do Cdigo de tica

    Art. 2 O Cdigo de tica tem por objetivo:I - tornar claro que o exerccio funcional na Anvisa pressupe

    adeso a normas de conduta previstas neste Cdigo;II - estabelecer as regras de conduta inerentes ao vnculo

    funcional com a Anvisa;

    9 CARVALHO FILHO, Jos dos Santos. Manual de direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

  • Didatismo e Conhecimento 11

    TICA NO SERVIO PBLICO

    III - preservar a imagem e a reputao do servidor, cuja conduta esteja de acordo com as normas estabelecidas neste Cdigo;

    IV - evitar a ocorrncia de situaes que possam suscitar conflitos, envolvendo interesse privado, aes filantrpicas e atribuies do servidor;

    V - criar mecanismo de consulta, destinado a possibilitar o prvio e pronto esclarecimento de dvidas quanto correo tica de condutas especficas;

    VI - dar maior transparncia s atividades da Anvisa.- O artigo 2 delimita a finalidade do Cdigo de tica,

    basicamente: mostrar ao funcionrio que para trabalhar na Anvisa ter que respeit-lo, delimitando regras de conduta; e evitar conflitos entre a ao do funcionrio e o comportamento institucional esperado, inclusive permitindo consultas; desta forma, preserva-se a imagem do funcionrio e da instituio.

    CAPTULO IIIDos Princpios e Deveres Funcionais Gerais

    Art. 3 Todo servidor da Anvisa, independentemente da posio ocupada na estrutura organizacional da agncia, merecedor da confiana da sociedade, devendo pautar-se pelos princpios da legalidade, impessoalidade, publicidade, eficincia, moralidade e probidade.

    - Quando do estudo do inciso II do Decreto n 1.171/94 estes princpios foram abordados especificadamente, embora no seja demais lembrar que eles se encontram no artigo 37, caput da Constituio Federal e devem ser respeitados por todo e qualquer funcionrio pblico, posto que direcionam o agir da Administrao Pblica.

    Art. 4 O servidor da Anvisa no poder valer-se do vnculo funcional para auferir benefcios ou tratamento diferenciado, para si ou para outrem, junto a outras pessoas, entidades pblicas, privadas ou filantrpicas, nem utilizar-se, em proveito prprio ou para terceiros, de meios tcnicos e recursos humanos ou materiais a que tenha acesso em razo do exerccio funcional nesta Agncia.

    - No exerccio de um cargo pblico o nico interesse em vista o pblico, nunca o particular, muito menos o prprio. Logo, prticas como carteiradas (p. ex., diz que funcionrio da Anvisa e que ir fiscalizar um restaurante e aproveita para comer no local ou para entrar de graa no caso de um estabelecimento pago), argumentos de autoridade (voc sabe com quem est falando?) e semelhantes no so aceitas. Da mesma forma, a estrutura de recursos e bens pertence Anvisa, no podendo ser utilizada pelo funcionrio para fins diversos que os de interesse da Anvisa.

    Art. 5 Cabe ao servidor respeitar a capacidade individual de todo cidado, sem preconceito de raa, cor, religio, sexo, nacionalidade, idade, cunho poltico ou posio social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhe dano moral.

    - O princpio da dignidade da pessoa humana deixa claro que todo ser humano tem direitos humanos que devem ser respeitados pelos demais pelo simples fato de ser uma pessoa, independentemente de caractersticas fsicas, psicolgicas, culturais, religiosas, etc.

    Afinal, a dignidade da pessoa humana identifica um espao de integridade moral a ser assegurado a todas as pessoas por sua s existncia no mundo, relacionando-se com a liberdade e com os valores do esprito, expressando um valor civilizatrio incorporado ao patrimnio da humanidade e tendo em seu ncleo o mnimo existencial.10

    - Ligado dignidade da pessoa humana est o princpio da igualdade, pelo qual todos os seres humanos so considerados iguais, merecendo o mesmo tratamento, salvo quando a sua prpria condio exigir um tratamento diferenciado (princpio da igualdade material), por exemplo, no caso de um portador de deficincia.

    - A prtica de qualquer ato ilcito contra uma pessoa que busque atendimento caracteriza dano moral, sendo vedada.

    Art. 6 So deveres fundamentais do servidor da Anvisa:I - desempenhar plenamente as atribuies do vnculo

    funcional;- Deve ser eficiente na prestao de servios.II - exercer as atribuies com rapidez, perfeio e rendimento,

    evitando atraso na prestao dos servios;- Deve ser pontual e competente.III - ser probo, reto, leal e justo, escolhendo sempre a melhor

    e a mais vantajosa opo para o bem comum;- Deve ser honesto e agir corretamente perante os demais,

    sempre visando o interesse da coletividade nas suas escolhas administrativas.

    IV - jamais retardar qualquer prestao de contas, condio essencial da gesto dos bens, direitos e servios da coletividade;

    - Prestar contas significa discriminar para o rgo competente a Administrao Pblica questes inerentes a despesas e receitas que tenham ficado a cargo do servidor. Com isso, garante-se que ele est desempenhando de forma tica suas funes.

    V - ter conscincia de que o trabalho regido por princpios ticos que se materializam na adequada prestao dos servios pblicos;

    - O respeito a todo arcabouo tico possibilita a correta prestao dos servios pblicos.

    VI - resistir e denunciar todas as presses de superiores hierrquicos, de contratantes, de interessados e de outros que visem obter quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidas em decorrncia de aes imorais, ilegais ou no ticas;

    - A hierarquia deve ser respeitada, mas ordens contrrias tica no devem ser acatadas. Da mesma forma, o comportamento inadequado de uma pessoa que busque os servios deve ser denunciado (p. ex., fornece dinheiro para que o fiscal no autue o estabelecimento).

    VII - ser assduo e frequente ao servio;- Dever de pontualidade e assiduidade (comparecimento nos

    dias e horrios especificados, justificando em caso de ausncia).VIII - comunicar imediatamente aos superiores qualquer ato

    ou fato contrrio ao interesse pblico, exigindo as providncias cabveis;

    10 BARROSO, Lus Roberto. Interpretao e Aplicao da Constituio. So Paulo: Saraiva, 2003.

  • Didatismo e Conhecimento 12

    TICA NO SERVIO PBLICO

    - Dever de informar os superiores a respeito das funes de fiscalizao desempenhadas.

    IX - participar de movimentos e estudos que se relacionem com a melhoria do exerccio das atribuies;

    - A Anvisa tem interesse no aperfeioamento constante de seus funcionrios, o que deve melhorar a qualidade dos servios.

    X - apresentar-se ao servio com vestimenta adequada;- Vestir-se adequadamente exterioriza o respeito para com a

    instituio, bem como a adoo de uma postura discreta, o que esperado de um servidor pblico.

    XI - manter-se atualizado com os instrumentos legais pertinentes s atribuies funcionais;

    - As diretrizes sanitrias esto em constante atualizao, as quais devem ser de conhecimento do servidor: no basta passar no concurso e esquecer de estudar, preciso se atualizar.

    XII - facilitar a superviso das atividades desenvolvidas;- A superviso das atividades por superiores necessria para

    o bom desempenho das finalidades institucionais, no devendo ser obstado.

    XIII - exercer, com estrita moderao, as prerrogativas funcionais, abstendo-se de faz-lo contrariamente aos interesses dos usurios do servio pblico e dos jurisdicionados administrativos;

    - Prerrogativas funcionais so direitos inerentes ao cargo desempenhado, p. ex., livre acesso a estabelecimentos que comercializem ou fabriquem produtos para fins de fiscalizao. No cabe utilizar as prerrogativas para interesses pessoais.

    XIV - abster-se de exercer a funo, poder ou autoridade com finalidade estranha ao interesse pblico, mesmo que observando as formalidades legais e no cometendo qualquer violao expressa lei;

    - Dever de compatibilidade entre as funes exercidas na Anvisa e eventuais funes que lhe sejam atribudas fora dela. P. ex., no h problemas em dar aulas numa faculdade, mas no correto abrir uma consultoria para auxiliar na obteno de autorizaes na Anvisa.

    XV - guardar sigilo sobre assuntos de trabalho;- Dever de sigilo profissional. Afinal, no exerccio do cargo o

    funcionrio ter acesso a informaes privilegiadas.XVI - denunciar ato de ilegalidade, omisso ou abuso de

    poder, de que tenha tomado conhecimento, indicando elementos que possam levar respectiva comprovao, para efeito de apurao em processo apropriado;

    - O servidor deve denunciar qualquer ato ilcito que presencie, fornecendo as provas possveis para apurao administrativa e judicial.

    XVII - atender convocao da Comisso de tica - CEAnvisa.

    - A Comisso de tica da Anvisa um rgo criado nos termos do Decreto n 1.171/94, o qual determina no inciso XVI que cada instituio (inclusive autarquias) crie em seu mbito uma Comisso de tica que fiscalize o cumprimento dos preceitos ticos do decreto, anteriormente estudado, podendo orientar e aconselhar o servidor, bem como aplicar pena de censura em caso de violao tica profissional.

    CAPITULO IVDosDeveresEspecficoseDasProibies

    SEO IDa Relao com a Instituio

    Art. 7 Cabe ao servidor em exerccio na Anvisa:I - identificar-se com a filosofia organizacional, sendo um

    agente facilitador e colaborador na implantao de mudanas administrativas e polticas;

    II - estabelecer e manter um clima corts no ambiente de trabalho, no alimentando discrdia e desentendimento;

    III - cumprir e fazer cumprir o Cdigo tica;IV - atender requisies da CEAnvisa.- O artigo 7 tambm traz deveres dos servidores, mas

    especficos em relao Anvisa, consistentes em: estar de acordo com a poltica institucional, manter um ambiente saudvel e sem discusses no local de trabalho, cumprir o Cdigo de tica e atender s requisies da Comisso de tica da Anvisa.

    Art. 8 vedado ao servidor:I - utilizar-se da amizade, grau de parentesco ou outro tipo

    de relacionamento com qualquer servidor em qualquer nvel hierrquico para obter favores pessoais ou estabelecer uma rotina de trabalho diferenciada em relao aos demais;

    - O servidor no pode se aproveitar de sua posio para obter vantagens, para beneficiar-se, uma vez que no desempenho de suas funes deve se ater somente ao interesse pblico.

    II - prejudicar deliberadamente outros servidores, no ambiente de trabalho;

    - No cabe nenhuma atitude antitica contra colegas de trabalho, seria uma violao do dever de coleguismo e lealdade.

    III - retirar da repartio pblica, sem estar legalmente autorizado, qualquer documento ou bem pertencente ao patrimnio pblico;

    - O acervo de bens e documentos vinculado a uma instituio pertence exclusivamente a ela, no aos seus funcionrios.

    IV - fazer uso de informaes privilegiadas, obtidas no mbito interno de seu servio, em benefcio prprio, de parentes, de amigos ou de terceiros;

    - Trata-se de quebra do dever de sigilo, pois cabe segredo profissional em relao s informaes que se acesse em decorrncia do exerccio de um cargo.

    V - apresentar-se ao servio alcoolizado ou sob efeito de substncias psicoativas;

    - A pessoa deve se apresentar no local de trabalho em condies de desempenhar adequadamente suas funes e evidente que algum alcoolizado ou drogado no se enquadra nestas condies.

    VI - prejudicar deliberadamente a reputao de outros servidores ou de cidados;

    - No cabe fazer fofoca visando comprometer a reputao de servidores ou pessoas atendidas no desempenho das funes.

    VII - desviar recursos humanos e/ou recursos materiais para atendimento de interesse particular;

    - Como dito, toda e qualquer ao do servidor deve se voltar para o interesse pblico.

    VIII - alterar ou deturpar o teor de documentos;

  • Didatismo e Conhecimento 13

    TICA NO SERVIO PBLICO

    - Os documentos vinculados instituio devem se ater verdade, no cabendo a alterao por qualquer motivo.

    IX - ausentar-se das suas funes sem prvio conhecimento e anuncia de seus superiores.

    - Qualquer falta ao servio deve ser justificada.Art. 9 As audincias com pessoas fsicas ou jurdicas, no

    pertencentes Administrao Pblica direta ou indireta de qualquer um dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios ou de organismo internacional do qual o Brasil participe, interessadas em deciso de alada do servidor, prescindem obrigatoriamente:

    I - de solicitao formal pelo prprio interessado, com especificao do tema a ser tratado e a identificao dos participantes, e;

    II - de registro especfico, que dever ser mantido para eventual consulta.

    - Caso uma pessoa fsica ou jurdica queira se consultar com a Anvisa, no sendo ela vinculada ao Estado, dever solicitar previamente de maneira formal e permitir o registro do que foi discutido na audincia.

    Seo IIDa Relao com a Sociedade

    Art. 10. dever do servidor ser corts, ter urbanidade, disponibilidade e ateno com o cidado.

    - Em suma, o cidado deve ser bem tratado pelo servidor, com educao, civilidade, ateno.

    Art. 11. vedado ao servidor:I - o uso do vnculo funcional, facilidades, amizades, tempo,

    posio e influncias, para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem;

    - O Cdigo refora o tempo todo que o cargo ocupado no deve servir para a obteno de qualquer favorecimento, para si ou para terceiro.

    II - usar de artifcios para retardar ou dificultar o exerccio regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou material;

    - Se uma pessoa tem um direito, este deve ser assegurado o mais rpido possvel.

    III - permitir que perseguies, simpatias, antipatias, caprichos, paixes ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o pblico, com os jurisdicionados administrativos ou com os demais servidores, independentemente da posio hierrquica;

    - Trata-se de violao do princpio da impessoalidade.IV - pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer

    tipo de ajuda financeira, gratificao, prmio, comisso, doao ou vantagem de qualquer espcie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua misso ou para influenciar outro servidor para o mesmo fim;

    - O servidor no deve receber nenhum valor ou qualquer vantagem que no sejam assegurados por lei, correspondentes estritamente remunerao pelas funes.

    No cabe aceitar qualquer vantagem patrimonial por parte de particulares para desempenhar sua funo, p. ex., decidindo primeiro sobre os procedimentos de quem tenha pago a quantia ou mentindo sobre alguma informao relativa adequao sanitria do ambiente porque o proprietrio pagou por isso

    V - iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite de atendimento;

    - Clara violao do dever de verdade.VI - prejudicar deliberadamente a reputao profissional de

    outro servidor;- No cabe qualquer atitude que vise prejudicar um servidor.VII - ser, em funo do esprito de solidariedade, conivente

    com conduta em desacordo com a lei ou infrao a este Cdigo.- No importa se o funcionrio amigo ou simplesmente no

    contrrio a atitudes antiticas: se presenciar uma violao deve denunci-la.

    Seo IIIDa Relao com outras Instituies

    Art. 12. Ficam vedados atos, cujo propsito possa ser substancialmente afetado por informao da qual o servidor tenha conhecimento privilegiado, para fim especulativo ou favorecimento para si ou para outrem, assim como:

    I - prestar servios ou aceitar proposta de trabalho junto aos usurios desta instituio, de natureza eventual ou permanente, ainda que fora de seu horrio de expediente desde que os vnculos externos no gerem conflito de interesse.

    II - o exerccio na Anvisa de servidores que forem scios, responsveis ou acionistas de qualquer categoria, ou que prestam servios a empresas ou estabelecimentos sujeitos a vigilncia sanitria.

    III - a participao de gerncia ou administrao de empresa privada, de sociedade civil ou o exerccio do comrcio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditrio.

    IV - prestar informaes sobre matria que: a) no seja da sua competncia especfica; eb) constitua privilgio para quem solicita ou que se refira a

    interesse de terceiro;V - dar o seu concurso a qualquer instituio que atente

    contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana;VI - exercer atividade profissional no tica ou ligar o seu

    nome a empreendimentos de cunho duvidoso.- O artigo 12 salvaguarda o no desempenho de funes

    incompatveis pelo servidor e o respeito ao dever de fidelidade institucional, no fornecendo informaes indevidas a outras instituies. Basicamente, o servidor no poder se vincular como scio ou funcionrio a qualquer instituio ou empresa que se relacione com a Anvisa, salvo se a participao acionria no permitir interferir nas atividades usuais da empresa. No obstante, ainda que teoricamente compatveis, no podem ser desempenhadas funes ligadas a empreendimentos de cunho ilcito ou imoral, p. ex., prostituio, trfico de drogas, etc.

  • Didatismo e Conhecimento 14

    TICA NO SERVIO PBLICO

    Art. 13. No ato da admisso, os servidores ficam obrigados a declarar em formulrio especfico eventuais vnculos funcionais ou empregatcios e que, estes vnculos externos no geram conflito de interesses com o exerccio na Anvisa.

    Pargrafo nico. Fica dispensado da exigncia de que trata este artigo o profissional, sem vnculo com a Anvisa, participante de comisso ou grupo de trabalho criados com fim especfico, durao determinada e no integrantes da estrutura organizacional desta agncia.

    - Se houver algum vnculo do funcionrio com outra instituio ou empresa dever declarar, exceto se este for de membro de comisso ou grupo de trabalho com fim especfico e durao determinada, os quais no componham a estrutura da Anvisa.

    Art. 14. Fica vedado receber presente, transporte, hospedagem, quaisquer vantagens ou favores, assim como aceitar convites para almoos, jantares e festas.

    1 permitida a participao em seminrios, congressos e eventos semelhantes, desde que seja respeitado o interesse de representao institucional da Anvisa e que seja previamente autorizada pela Diretoria Colegiada.

    2 No se consideram presentes, para os fins deste artigo, aqueles que:

    no tenham valor comercial; sejam distribudos de forma generalizada por

    entidades de qualquer natureza a ttulo de cortesia, propaganda, divulgao habitual ou por ocasio de eventos especiais ou datas comemorativas, desde que no ultrapassem o valor de R$ 100,00 (cem reais).

    3 No caso de destinao de remunerao, vantagem ou presente que no possam ser recusadas ou devolvidas, estes devero ser imediatamente incorporados ao patrimnio da Anvisa ou destinados a programas sociais oficiais.

    - No cabe receber qualquer remunerao que no a prevista por lei para a funo desempenhada. Presentes, viagens, convites para festas so modos de remunerar indiretamente o servidor pblico, o que pode comprometer sua imparcialidade no desempenho das funes. Por isso, somente se autoriza o comparecimento a congressos e eventos similares, exigindo-se ainda assim autorizao da diretoria colegiada. No caso dos presentes, se no puderem ser devolvidos devero ser incorporados ao patrimnio da Anvisa. Contudo, no se consideram presentes bens sem valor comercial ou cujo valor comercial no seja superior a R$100,00 (na ltima hiptese apenas se a distribuio for generalizada e de alguma forma se vincular a evento comemorativo/propaganda/cortesia).

    REFERNCIAS

    CARVALHO FILHO, Jos dos Santos. Manual de direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

    CHAU, Marilena. Convite Filosofia. 13. ed. So Paulo: tica, 2005.

    GONALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed. So Paulo: Saraiva, 2005.

    KANT, Immanuel. Crtica da Razo Prtica. Traduo Paulo Barrera. So Paulo: cone, 2005.

    LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed. So Paulo: Saraiva, 2011.

    NALINI, Jos Renato. tica geral e profissional. 8. ed. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

    REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19. ed. So Paulo: Saraiva, 2002.

    SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. So Paulo: Mtodo, 2011.

    ANOTAES

  • Didatismo e Conhecimento 15

    TICA NO SERVIO PBLICO

    EXERCCIOS

    1. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Tcnico Judicirio) Considerando a tica no servio pblico, assinale a opo correta.

    a) O servidor pblico deve demonstrar cortesia em situaes de atendimento ao pblico, com destaque para aquelas pessoas com quem j tenha familiaridade.

    b) A dignidade o principal valor que norteia a tica do servidor pblico.

    c) Com relao administrao pblica, a moralidade limita-se distino entre o bem e o mal.

    d) Espera-se que o servidor pblico sempre atue com respeito hierarquia.

    e) A boa vontade deve estar sempre presente no comportamento do servidor pblico em quaisquer situaes e em qualquer tempo de seu cotidiano.

    2. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Tcnico Judicirio) Em sua atuao profissional, o servidor pblico deve

    a) prestar informaes sigilosas sociedade, visto que toda pessoa tem direito verdade.

    b) colaborar com seus colegas apenas quando solicitado.c) realizar suas atividades com afinco e resolutividade.d) realizar suas atividades com rapidez, mesmo que ocorram

    algumas imperfeies ou erros.e) abster-se de exercer sua funo em situaes de insegurana

    profissional.

    3. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Tcnico Judicirio) O comportamento profissional do servidor pblico deve ser orientador por princpios e valores orientados a

    a) ganhar sempre para o crescimento e engrandecimento da nao.

    b) resolver os problemas imediatos e depois pensar nos futuros.

    c) aproveitar as oportunidades, mesmo com incidncia de risco de improbidade.

    d) agir, se comportar e demonstrar atitudes relacionadas tradio dos servios pblicos.

    e) realizar suas atribuies em um ritmo confortvel para si e buscar ter qualidade de vida sempre.

    4. (FCC - 2012 - INSS - Perito Mdico Previdencirio) Considere duas hipteses:

    I. Fernanda, servidora pblica civil do Poder Executivo Federal, tem sido vista embriagada, habitualmente, em diversos locais pblicos, como eventos, festas e reunies.

    II. Maria, tambm servidora pblica civil do Poder Executivo Federal, alterou o teor de documentos que deveria encaminhar para providncias.

    Nos termos do Decreto no 1.171/1994,a) ambas as servidoras pblicas no se sujeitam s disposies

    previstas no Decreto no 1.171/1994.

    b) apenas o fato descrito no item II constitui vedao ao servidor pblico; o fato narrado no item I no implica vedao, vez que a lei veda embriaguez apenas no local do servio.

    c) apenas o fato descrito no item I constitui vedao ao servidor pblico, desde que ele seja efetivo.

    d) ambos os fatos no constituem vedaes ao servidor pblico, embora possam ter implicaes em outras searas do Direito.

    e) ambos os fatos constituem vedaes ao servidor pblico.

    5. (FCC - 2012 - INSS - Perito Mdico Previdencirio) Nos termos do Decreto n 1.171/1994, a pena aplicvel ao servidor pblico pela Comisso de tica a de censura e sua fundamentao

    a) no necessria para a aplicao da pena; no entanto, exige-se cincia do faltoso.

    b) constar do respectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com cincia do faltoso.

    c) constar do respectivo parecer, assinado apenas pelo Presidente da Comisso, com cincia do faltoso.

    d) no necessria para a aplicao da pena, sendo dispensvel tambm a cincia do faltoso.

    e) constar do respectivo parecer, assinado apenas pelo Presidente da Comisso, sendo dispensvel a cincia do faltoso.

    6. (CESGRANRIO - 2011 - FINEP - Tcnico - Apoio Adm e Secretariado) Dentre as regras deontolgicas do Cdigo de tica Profissional do Servidor Pblico Civil do Poder Executivo Federal, destaca-se o(a)

    a) dever de garantir a publicidade de todo e qualquer ato administrativo, ensejando sua omisso comprometimento tico contra o bem comum

    b) dever de exercer suas funes com cortesia e boa vontade, sob pena de causar dano moral ao cidado maltratado.

    c) dever de exercer sua funo pblica com zelo e dignidade, sendo sua vida privada independente do seu bom conceito na vida funcional.

    d) obrigao de decidir no apenas entre o legal e o ilegal, mas entre o honesto e o desonesto, consoante os valores ticos que cada indivduo possui.

    e) obrigao de dizer a verdade, salvo quando contrria aos interesses da pessoa interessada ou da Administrao Pblica.

    7. (CESGRANRIO - 2011 - FINEP - Analista - Jurdica) A comisso de tica, prevista no Cdigo de tica Profissional do Servidor Pblico, Decreto n 1.171/1994, encarregada de

    a) criar novas diretrizes que contribuam para aplicao do Cdigo de tica do respectivo rgo.

    b) encaminhar cpia dos autos s autoridades competentes quando estas constatarem a possvel ocorrncia de ilcitos penais ou civis, suspendendo o servidor infrator at o fim do processo judicial.

    c) aplicar a pena de suspenso do servidor pblico infrator, com fundamentao escrita e assinada por todos os seus integrantes.

  • Didatismo e Conhecimento 16

    TICA NO SERVIO PBLICO

    d) transferir o servidor pblico infrator, com a devida fundamentao.

    e) fornecer os registros sobre a conduta tica dos servidores aos organismos encarregados da execuo do quadro de carreira.

    8. (CESGRANRIO - 2011 - FINEP - Analista - Jurdica) Joo Paulo, cidado brasileiro, foi maltratado em um rgo pblico do Executivo Federal. O servidor pblico que o atendeu no foi solcito e nem tentou ajud-lo a encontrar a informao desejada. O servidor justificou sua atitude dizendo que aquela no era sua funo e que no tinha a obrigao de fazer o trabalho de outro servidor que se encontrava de licena. Em vista do ocorrido, Joo Paulo deve

    a) aguardar o retorno do funcionrio responsvel pela rea especfica, visto que no pode denunciar o servidor apenas porque foi maltratado.

    b) denunciar Comisso de tica do respectivo rgo o servidor que agiu de modo atico ao ser descorts e no buscar agilizar o trabalho de seu setor.

    c) instaurar um processo por dano moral contra o servidor infrator, uma vez que no pode, enquanto cidado, provocar a atuao da Comisso de tica do respectivo rgo.

    d) buscar outro funcionrio do setor que possa fazer por ele a denncia Comisso de tica do respectivo rgo.

    e) retornar com um advogado para certificar-se de que a conduta do servidor est de acordo com a lei, visto que somente poder denunci-lo Comisso de tica se comprovada a ilegalidade.

    9. (INSTITUTO CIDADES - 2009 - UNIFESP - Analista de Tecnologia da Informao) Nos termos do Cdigo de tica Profissional do Servidor Pblico Civil do Poder Executivo Federal, assinale a alternativa CORRETA:

    a) A moralidade da Administrao Pblica se limita distino entre o bem e o mal.

    b) O servidor no pode omitir ou falsear a verdade, ainda que contrria aos interesses da prpria pessoa interessada ou da Administrao Pblica.

    c) facultado ao servidor se manter atualizado com as instrues, normas de servio e legislao pertinentes ao rgo onde exerce suas funes.

    d) direito do servidor pblico o uso do cargo ou funo, facilidades, amizades, tempo, posio e influncias, para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem.

    10. (FUNIVERSA - 2010 - MTur - Agente Administrativo) Em relao ao Cdigo de tica Profissional do Servidor Pblico Civil do Poder Executivo Federal, de que tratam o Decreto n 1.171/1994 e o Decreto n 6.029/2007, assinale a alternativa correta.

    a) Se um servidor houver de avaliar a prtica de ato inerente sua funo e verificar que se trata de ato legal e oportuno, saber que, automaticamente, ter sido atendido o elemento tico do ato.

    b) Apesar de relevante, o componente da moralidade do ato administrativo est fora do universo da legalidade; aspecto extralegal do ato.

    c) Para que um ato atenda aos princpios ticos, no basta levar em conta o aspecto da economicidade.

    d) Em virtude da proteo constitucional privacidade, os atos da vida particular do servidor pblico no devem ser considerados para nenhum efeito funcional.

    e) A fim de preservar as pessoas envolvidas e os legtimos interesses do poder pblico, os atos administrativos, em princpio, no devem ser divulgados.

    11. (FUNIVERSA - 2011 - EMBRATUR - Tcnico Especializado II) O Cdigo de tica do Servidor Pblico Civil do Poder Executivo Federal informa que a conduta dos agentes pblicos deve ser pautada pelas regras deontolgicas. Acerca desse tema, assinale a alternativa correta.

    a) A legalidade deve ser o princpio ainda predominantemente utilizado como baliza de julgamento para a prtica dos atos administrativos.

    b) A conduta de um servidor pblico em sua vida privada somente a ele diz respeito e no afeta seu conceito funcional, em face da falta de conexo entre as referidas esferas.

    c) O Cdigo de tica do Servidor Pblico Civil do Poder Executivo Federal reconhece expressamente a ocorrncia de grave dano moral aos usurios de servios pblicos nos casos de demora na prestao desses servios.

    d) A ausncia ao trabalho de um servidor invariavelmente provoca a desmoralizao da imagem do servio pblico, em face da desordem nas relaes humanas a que so submetidos os administrados.

    e) A publicidade de todos os atos administrativos constitui requisito de eficcia e moralidade deles.

    12. (UFF - 2009 - UFF - Assistente Administrativo) De acordo com o Cdigo de tica Profissional do Servidor Pblico Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo Decreto n 1.171/94, a pena aplicvel ao servidor pela Comisso de tica de:

    a) advertncia;b) aposentadoria compulsria;c) censura;d) demisso;e) suspenso.

    13. (CESPE - 2010 - DPU - Agente Administrativo) Assinale a opo correta acerca da comisso de tica prevista no Cdigo de tica Profissional do Servidor Pblico Civil do Poder Executivo Federal.

    a) As aes de tica no devem guardar correlao com outros procedimentos administrativos da organizao, como, por exemplo, a promoo de servidores.

    b) Para fins de apurao de comprometimento tico entende-se como servidor apenas o concursado, mesmo que ainda no estvel.

  • Didatismo e Conhecimento 17

    TICA NO SERVIO PBLICO

    c) A comisso de tica deve ser formada, preferencialmente, pelos dirigentes da organizao.

    d) comisso de tica vedado fornecer informaes acerca dos registros da conduta tica dos servidores.

    e) Qualquer rgo ou entidade que exera atribuies delegadas pelo poder pblico dever criar uma comisso de tica.

    14. (CESPE - 2010 - DPU - Agente Administrativo) Ao tomar cincia de que um subordinado seu praticou ato que contraria o Cdigo de tica Profissional do Servidor Pblico Civil do Poder Executivo Federal, a despeito de no se tratar de uma ilegalidade propriamente dita, o servidor dever

    a) instaurar um inqurito administrativo visando apurar o desvio tico.

    b) encaminhar as informaes ao MP, que poder oferecer, ou no, a denncia ao Poder Judicirio.

    c) dever, em funo do esprito de solidariedade, chamar esse subordinado para conversar e dar-lhe uma nova oportunidade.

    d) encaminhar a situao para o comit de tica, que apreciar o caso concreto.

    e) retirar o servidor da funo que exerce e, a partir desse momento, acompanh-lo, evitando que exera qualquer outra funo.

    15. (CESGRANRIO - 2008 - ANP - Tcnico Administrativo) Qual das afirmaes a seguir est em DESACORDO, com o Cdigo de tica, Decreto no 1.171, de 22 de junho de 1994, includas suas alteraes posteriores, e com a Constituio Federal de 1988?

    a) O trabalho de uma comisso de tica pblica deve ser pautado pelos princpios constitucionais da administrao pblica, pelos princpios legais atinentes aos processos administrativos e pelos princpios especficos de sua norma regulamentar constituitiva, dentre outros.

    b) O Cdigo de tica dispe que deve haver tratamento corts e com boa vontade aos administrados.

    c) O Cdigo de tica aplicvel no somente aos servidores pblicos, mas tambm queles que sejam, de alguma forma, ligados ao rgo federal, mesmo que excepcionalmente.

    d) Uma comisso de tica pblica, aps a devida instruo preliminar, pode decidir pela pena de suspenso de um servidor, por falta de urbanidade.

    e) Um cidado pode dirigir uma petio, com reclamao sobre falta de urbanidade no tratamento recebido em rgo federal

    16. (CESGRANRIO - 2008 - ANP - Analista Administrativo - Contabilidade) Tendo como referncia o Cdigo de tica, aprovado pelo Decreto n 1.171, de 22 de junho de 1994, includas suas alteraes posteriores, bem como as disposies pertinentes da Lei n 8.112, de 11 de dezembro de 1990, consolidada com as suas vrias alteraes posteriores, analise as afirmaes a seguir.

    I - O referido cdigo s aplicvel aos servidores efetivos, no vinculando os servidores temporrios.

    II - A comisso de tica tem como atribuio fornecer dados, para utilizao nos processos de progresso funcional dos servidores.

    III - A formao de uma comisso de tica especfica, no mbito dos diversos rgos federais, compulsria.

    IV- A comisso de tica pode aplicar a pena de suspenso, prevista na Lei n 8.112, de 1990, considerada sua alterao no referido Decreto.

    (So) verdadei