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1. Introdução O sistema de transporte coletivo assume papel fundamental nos deslocamentos diários da população brasileira, sendo responsável por 30% dos deslocamentos. Esta importância insere-se na responsabilidade do planejamento de transportes, uma vez que não é necessário apenas atender à necessidade de deslocamentos por transporte coletivo, mas sim propor e proporcionar meios de melhorar a qualidade dos serviços ofertados, de forma a tornar tal serviço confiável, confortável e econômico. A configuração dos sistemas de transporte tem grande influência na ocupação e uso do solo, impactando a eficiência econômica das cidades e contribuindo para alterar sua estrutura espacial urbana. Assim, é de fundamental importância o planejamento adequado do sistema de transportes de uma cidade, com ênfase no sistema de transporte público coletivo, devido, principalmente, a esta capacidade de impactar a estrutura espacial urbana. O principal objetivo desse trabalho é avaliar o transporte coletivo na cidade de Manaus com base nos índices de qualidade, quantificando e analisando os dados obtidos, para então apontar os índices com maior número de insatisfação.

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pesquisa da qualidade do transporte publico urbano na cidade de Manaus terminal 3

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1. IntroduoO sistema de transporte coletivo assume papel fundamental nos deslocamentos dirios da populao brasileira, sendo responsvel por 30% dos deslocamentos. Esta importncia insere-se na responsabilidade do planejamento de transportes, uma vez que no necessrio apenas atender necessidade de deslocamentos por transporte coletivo, mas sim propor e proporcionar meios de melhorar a qualidade dos servios ofertados, de forma a tornar tal servio confivel, confortvel e econmico.A configurao dos sistemas de transporte tem grande influncia na ocupao e uso do solo, impactando a eficincia econmica das cidades e contribuindo para alterar sua estrutura espacial urbana. Assim, de fundamental importncia o planejamento adequado do sistema de transportes de uma cidade, com nfase no sistema de transporte pblico coletivo, devido, principalmente, a esta capacidade de impactar a estrutura espacial urbana.O principal objetivo desse trabalho avaliar o transporte coletivo na cidade de Manaus com base nos ndices de qualidade, quantificando e analisando os dados obtidos, para ento apontar os ndices com maior nmero de insatisfao.

2. Qualidade no Transporte PblicoA qualidade no transporte pblico deve englobar todas as pessoas envolvidas no processo, tanto passageiros e comunidade quanto funcionrios empresrios e governo. Para se obter a qualidade global do transporte pblico necessrio que todos os envolvidos saibam seus direitos e deveres e que cada categoria saiba tambm os direitos e deveres das demais, possibilitando assim o intercmbio de ideias e sugestes de melhorias.Existem alguns fatores que so medidos para se classificar a qualidade do transporte pblico. So doze os principais fatores que influem na qualidade do transporte pblico urbano: acessibilidade, freqncia de atendimento, tempo de viagem, lotao, confiabilidade, segurana, caractersticas dos veculos, caractersticas dos locais de parada, sistema de informaes, conectividade, comportamento dos operadores e estado das vias. Abaixo descreveremos detalhadamente cada um desses fatores.a) Acessibilidade: Est associada facilidade de chegar ao local de embarque no transporte coletivo e de sair do local de desembarque e alcanar o destino final da viagem. A avaliao da qualidade da acessibilidade pode ser feita por dois parmetros, um deles objetivo: a distncia de caminhada do local de origem da viagem at o local de embarque e do local de desembarque at o destino final e o outro, subjetivo: a caracterizao da comodidade nos percursos a p

b) Frequncia de Atendimento: Est relacionada ao intervalo de tempo da passagem dos veculos de transporte pblico, o qual afeta diretamente o tempo de espera nos locais de parada para os usurios que no conhecem os horrios e chegam aleatoriamente aos mesmos, bem como influi na flexibilidade de utilizao do sistema para os usurios que conhecem os horrios. e zero at o valor do intervalo entre atendimentos, sendo a espera mdia igual a metade desse intervalo. A avaliao da qualidade da freqncia de atendimento pode ser realizada com base no intervalo de tempo entre viagens consecutivas.

c) Tempo de Viagem: Corresponde ao tempo gasto no interior dos veculos e depende da velocidade mdia de transporte e da distncia percorrida entre os locais de embarque e desembarque. A velocidade de transporte depende do grau de separao da via de transporte pblico do trfego geral, da distncia entre os locais de parada, das condies da superfcie de rolamento, das condies do trnsito e do tipo de tecnologia dos veculos. A falta de pavimentao das vias por onde passam os nibus, assim como a existncia de buracos, lombadas e valetas, reduz a velocidade, aumentando o tempo de percurso. a relao entre os tempos de viagem por transporte pblico e por carro, devendo ser considerados os dois sentidos de viagem.

d) Lotao: Diz respeito quantidade de passageiros no interior dos coletivos. O ideal seria que todos os passageiros pudessem viajar sentados. Isso, contudo, aumentaria muito o custo do transporte. A presena de usurios em p, desde que no excessiva, perfeitamente aceitvel. O problema surge quando a quantidade de passageiros em p elevada, devido ao desconforto decorrente da excessiva proximidade entre as pessoas e limitao de movimentos, que dificulta as operaes de embarque e desembarque. A avaliao da qualidade do parmetro lotao pode ser feita com base na taxa de pessoas em p por metro quadrado que ocupam o espao livre no interior dos veculos.

e) Confiabilidade: Est relacionada ao grau de certeza dos usurios de que o veculo de transporte pblico vai passar na origem e chegar ao destino no horrio previsto, com, evidentemente, alguma margem de tolerncia. Definido dessa maneira, o parmetro confiabilidade engloba a pontualidade (grau de cumprimento dos horrios) e a efetividade na realizao da programao operacional (porcentagem de viagens programadas realizadas). A avaliao da confiabilidade pode ser realizada pela porcentagem de viagens programadas no realizadas por inteiro ou concludas com atraso superior a cinco minutos ou adiantamento maior que trs minutos.

f) Segurana: No seu aspecto mais geral, a segurana compreende os acidentes envolvendo os veculos de transporte pblico e os atos de violncia (agresses, roubos, etc.) no interior dos veculos e nos locais de parada (pontos, estaes e terminais). No caso do transporte pblico, a segurana deve estar focada na freqncia de acidentes envolvendo os veculos de transporte coletivo. O parmetro segurana pode ser avaliado pelo ndice de acidentes significativos envolvendo a frota de veculos de transporte pblico a cada 100 mil quilmetros percorridos.

g) Caractersticas dos Veculos: A tecnologia e o estado de conservao dos veculos de transporte so fatores determinantes na comodidade dos usurios. No que se refere tecnologia, os seguintes fatores so determinantes do grau de conforto dos passageiros: microambiente interno no veculo (temperatura, ventilao, nvel de rudo, umidade do ar, etc.), dinmica (acelerao horizontal e vertical, variao da acelerao, nvel de vibrao, etc.), tipo de banco (forma anatmica e existncia ou no de estofamento) e arranjo fsico (nmero e largura das portas, largura do corredor, posio da catraca, nmero e altura dos degraus das escadas, etc.). No que diz respeito ao estado de conservao dos veculos, contam a idade, a limpeza, o aspecto geral e a existncia ou no de rudos decorrentes de partes soltas. No caso dos nibus, a qualidade do parmetro caractersticas dos veculos pode ser avaliada com base nos seguintes fatores: idade, nmero de portas, largura do corredor e altura dos degraus das escadas.

h) Caractersticas dos locais de parada: Em relao s caractersticas fsicas dos locais de parada, os seguintes aspectos so importantes sinalizao adequada, caladas com largura suficiente para os usurios que esto esperando e os pedestres que passam e existncia de cobertura e bancos para sentar (sobretudo nos locais de maior movimento). A avaliao das caractersticas dos locais de parada pode ser feita com base nos seguintes parmetros: sinalizao adequada, existncia de cobertura, banco para sentar e aparncia dos objetos sinalizadores e abrigos.

i) Sistema de informaes: O sistema de informaes aos usurios envolve os seguintes pontos: disponibilidade de folhetos com os horrios e itinerrios das linhas e a indicaodas estaes (terminais) de transferncia e principais locais de passagem colocao do nmero e do nome das linhas, bem como dos horrios de passagem ou intervalos, no caso das linhas de maior freqncia, nos locais de parada; mapa geral simplificado da rede de linhas no interior das estaes (terminais) e dos veculos, se for o caso; fornecimento de informaes verbais por parte de motoristas e cobradores; quiosques para o fornecimento de O fator sistema de informaes pode ser avaliado por meio dos seguintes aspectos: disponibilidade de folhetos com itinerrios e horrios das linhas, colocao do nmero e do nome das linhas que passam nos locais de parada e seus respectivos horrios ou intervalos e existncia de quiosques nas estaes (terminais) principais para fornecimento de informaes e recebimento de reclamaes e sugestes (pessoalmente e por telefone).

j) Conectividade: Designa a facilidade de deslocamento dos usurios de transporte pblico entre dois locais quaisquer da cidade. Essa facilidade avaliada pela porcentagem de viagens que no necessita de transbordo e pelas caractersticas dos transbordos realizados. Dessa forma, a conectividade depende diretamente da configurao espacial da rede de linhas e da existncia ou no de integrao fsica e tarifria. Indiretamente, depende dos intervalos entre atendimentos nas diversas linhas, pois os tempos de espera nos transbordos dependem desses intervalos, exceto nos raros casos em que a operao sincronizada no tempo. O fator conectividade na prtica pode ser avaliado com base nos seguintes parmetros: porcentagem de viagens com necessidade de realizar transbordo, existncia de integrao fsica, existncia de integrao tarifria e tempo de espera para continuar a viagem.

k) Comportamento dos operadores: Os seguintes aspectos so importantes em relao ao comportamento dos motoristas: conduzir o veculo com habilidade e cuidado, tratar os passageiros com respeito, esperar que os usurios completem as operaes de embarque e desembarque antes de fechar as portas, responder a perguntas dos usurios com cortesia, no falar palavras inconvenientes, etc. A avaliao do fator comportamento dos operadores pode ser feita com base nos seguintes itens: condutores dirigindo com habilidade e cuidado e condutores e cobradores prestativos e educados.

l) Estado das Vias: Em relao ao estado das vias por onde passam os coletivos, o aspecto mais importante a qualidade da superfcie de rolamento, a fim de evitar as freqentes redues e aumentos da velocidade devido presena de buracos, lombadas e valetas, os solavancos provocados por esses elementos e a existncia de poeira ou lama no caso das vias no pavimentadas. rana e conforto aos passageiros. A avaliao do estado das vias pode ser feita com base nos seguintes aspectos: existncia ou no de pavimentao, buracos, lombadas e valetas pronunciadas, bem como de sinalizao adequada.

3. Estudo da Qualidade do Transporte no Terminal 3 da cidade de ManausO Terminal 3 o objeto de estudo desse trabalho, ele fica localizado na Avenida Noel Nutels, s/n Cidade Nova I. De acordo com dados da SMTU (Superintendncia Municipal de Transportes Urbanos) ele foi inaugurado em 14 de Dezembro de 2012, possui uma rea total de 12736,24m. e atende a 43 linhas de nibus e aproximadamente 40 mil passageiros por dia.

Figura 1 - Vista do Terminal 3 (2015)

A pesquisa foi feita atravs de um questionrio elaborado pelos alunos que foi aplicado a 75 usurios aleatrios do terminal no dia da visita. O questionrio utilizado para pesquisa mostrado a seguir:

Qualidade de transporte

N da Linha:Nome do usurio:Trajeto:1. Como voc qualifica o seu acesso ao transporte pblico?2. Em sua opinio como voc pode classificar o tempo de viagem do seu embarque ao seu desembarque?

3. No seu ponto de vista como voc qualifica o tempo de espera e a pontualidade em relao ao TBP?

4. Como voc classifica o a pontualidade das linhas do TPB que voc utiliza? 5. Em relao a divulgao de horrios como voc classificaria essa informao?6. D sua opinio sobre a disponibilizao de mapas nas linhas do TPB? 7. Como voc se sente em relao disponibilizao de informaes sobre as linhas do TPB por telefone?

8. Nas paradas de nibus que voc costuma utilizar, quantas delas possuem cobertura?

9. Do seu percurso dirio, do embarque ao desembarque, quantos nibus voc precisa utilizar?

10. Em relao pergunta anterior, aproximadamente quanto tempo ou quantos metros voc caminha at o prximo embarque?

11. Em relao disponibilidade de integrao, como voc classifica?

12. Em mdia nos nibus que voc costuma utilizar, ao seu ponto de vista, a quantidade de nibus que possui acessibilidade para cadeirantes suficiente? Justifique.

13. Em relao acessibilidade de idosos e deficientes fsicos, como voc classificaria?

14. Como voc classificaria o seu grau de satisfao em relao ao respeito dos motoristas com os usurios?

15. Qual seu grau de satisfao em relao ao espao nas linhas que voc utiliza? 16. Qual seu grau de satisfao as condies de acessibilidade e mobilidade do Terminal 3? Justifique.Os resultados obtidos sero apresentados em forma de grficos de porcentagens e nmero de usurio.

a) acessibilidade

b) freqncia de atendimento

c) tempo de viagem

d) lotao

e) confiabilidade

d) segurana

e) caractersticas dos veculos

f) caractersticas dos locais de parada

g) sistema de informaes

h) conectividade

i) comportamento dos operadores e estado das vias

l) estado das vias:

m) quadro geral

4. ConclusoDe acordo com e pesquisa de campo realizada no terminal T3 na cidade de Manaus no bairro Cidade Nova, os ndices com mais altos ndices de insatisfao dos usurios so comportamento dos operadores, segurana e lotao. A regio Norte onde est localizado o terminal em estudo possui o maior nmero de usurios de nibus em Manaus, cerca de 197.700 usurios de acordo com dados do SINETRAN-AM.A questo da violncia no interior dos veculos e nos locais de parada extrapola o sistema de transporte pblico, devendo ser tratada como um problema de segurana da comunidade. A lotao excessiva tem relao com a quantidade de pessoas que utilizam o transporte coletivo e a quantidade de veculos oferecidos para fazer o transporte. Na cidade de Manaus segundo a SMTU existem 10 empresas de transporte pblico convencional (nibus) e um total de 1620 nibus incluindo frota operante e reserva para uma cidade com 3.905.483 habitantes com aproximadamente 620.000 usurios de nibus. O alto ndice em relao ao comportamento de operadores pode ser resolvidos com alto investimento em treinamentos internos e fiscalizao por meio das empresas de transporte.O objetivo do trabalho foi alcanado com sucesso. As empresas do sistema de transporte pblico no Brasil, esto modificando as suas condutas de atuao, de maneira a poderem incorporar qualidade em seus processos internos e externos. O usurio, sob este novo comportamento administrativo, passa ento a estar presente e a exigir uma participao decisiva no processo de planejamento do transporte pblico. Com esta integrao entre as vises de qualidade de usurios, operadores e gestores, o sistema de transporte pblico ganha uma nova condio de operao, permitindo a este ampliar a sua atuao, com qualidade e eficincia

Bibliografia

FERRAZ, Antonio Clovis Pinto; TORRES, Isaac Guilhermo Espinosa. Transporte Pblico Urbano. 2. ed. So Carlos: Rima, 2004. KNEIB, Erica C. Anlise da Relao entre Polos Geradores de Viagens e Oferta de Transporte Coletivo. Universidade Federal de Gois, 2011http://smtu.manaus.am.gov.br/terminais-de-integracao/http://smtu.manaus.am.gov.br/coletivo/