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233 PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM: compreendendo o autocuidado a Maria Aparecida BAGGIO b Filomena Maria FORMAGGIO c RESUMO Este é um estudo exploratório descritivo, de abordagem qualitativa que objetivou compreender o significado do (des)cuidado de si dos profissionais de enfermagem. Os sujeitos selecionados são auxiliares, técnicos de enfermagem e enfermeiros atuantes na rede de saúde do interior do estado do Rio Grande do Sul. Os dados foram coletados por meio de entrevistas estruturada e semi-estruturada. Da análise emergiram as categorias: compreen- dendo o cuidado de si, desvelando o descuidado de si e cuidar do outro e descuidar-se de si: que relação é essa? Os resultados desvelaram que os cuidados ao outro são considerados prioritários e o autocuidado relaciona-se ao su- primento das necessidades físicas, afetivas e sociais de cada profissional. Descritores: Autocuidado. Auto-imagem. Papel do profissional de enfermagem. RESUMEN Este es un estudio exploratorio descriptivo con un enfoque cualitativo, tiene como meta comprender el significado del descuido de sí mismos de los profesionales de enfermería. Los sujetos seleccionados son auxiliares y técnicos de enfermería y enfermeros que se desempeñan en la red de salud del interior del estado de Rio Gran- de do Sul, Brasil. Los datos fueron tomados por medio de entrevistas estructuradas y semiestructuradas. Del análisis emergieran las categorías: entendiendo el cuidado de sí mismo/a, desvendando el descuido de sí mis- mo/a y el cuidado del otro, y descuidándose a sí mismo/a: ¿qué relación es esta? Los resultados desvendaron que los cuidados al otro son considerados prioritarios y el auto cuidado se relaciona con la satisfacción de las necesidades físicas, afectivas y sociales de cada profesional. Descritores: Autocuidado. Autoimagen. Rol de la enfermera. Título: Profesional de enfermería: comprendiendo el autocuidado. ABSTRACT This is an exploratory descriptive study using qualitative approach that aimed at understanding meaning of self-care(less) of nursing professionals. The selected subjects were technicians, nursing auxiliaries, and nurses acting in the health network of the interior of the state of Rio Grande do Sul, Brazil. Data were collected using struc- tured and semi-structured interviews. The following categories emerged from the analysis: understanding self- care; disclosing lack of self-care, and caring for the other and disregarding self-care: what is this relationship? The results showed that the care for the others is considered as a priority, and that self-care is related to the supply of the physical, affective, and social needs of each professional. Descriptors: Self care. Self concept. Nurse’s role. Title: Nursing professionals: understanding self-care. ARTIGO ORIGINAL Baggio MA, Formaggio FM. Profissional de enfermagem: compreenden- do o autocuidado. Revista Gaúcha de Enfermagem 2007;28(2):233-41. Baggio MA, Formaggio FM. Nursing professionals: understanding self-care [abstract]. Revista Gaúcha de Enfermagem 2007;28(2):233. Baggio MA, Formaggio FM. Profesional de enfermería: compren- diendo el autocuidado [resumen]. Revista Gaúcha de Enfermagem 2007;28(2):233. a Artigo construído a partir da dissertação de Mestrado em Ciências da Saúde Humana da Universidade do Contestado (UnC) defendida em novembro de 2004. b Mestre em Ciências da Saúde Humana pela UnC de Concórdia, SC. Enfermeira e docente de Enfermagem da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA). c Doutora em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Docente-pesquisadora do Programa de Mestrado Multidiscipli- nar da UnC de Concórdia, SC.

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    PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM:compreendendo o autocuidadoa

    Maria Aparecida BAGGIObFilomena Maria FORMAGGIOc

    RESUMO

    Este um estudo exploratrio descritivo, de abordagem qualitativa que objetivou compreender o significadodo (des)cuidado de si dos profissionais de enfermagem. Os sujeitos selecionados so auxiliares, tcnicos deenfermagem e enfermeiros atuantes na rede de sade do interior do estado do Rio Grande do Sul. Os dados foramcoletados por meio de entrevistas estruturada e semi-estruturada. Da anlise emergiram as categorias: compreen-dendo o cuidado de si, desvelando o descuidado de si e cuidar do outro e descuidar-se de si: que relao essa? Osresultados desvelaram que os cuidados ao outro so considerados prioritrios e o autocuidado relaciona-se ao su-primento das necessidades fsicas, afetivas e sociais de cada profissional.

    Descritores: Autocuidado. Auto-imagem. Papel do profissional de enfermagem.

    RESUMEN

    Este es un estudio exploratorio descriptivo con un enfoque cualitativo, tiene como meta comprender elsignificado del descuido de s mismos de los profesionales de enfermera. Los sujetos seleccionados son auxiliaresy tcnicos de enfermera y enfermeros que se desempean en la red de salud del interior del estado de Rio Gran-de do Sul, Brasil. Los datos fueron tomados por medio de entrevistas estructuradas y semiestructuradas. Delanlisis emergieran las categoras: entendiendo el cuidado de s mismo/a, desvendando el descuido de s mis-mo/a y el cuidado del otro, y descuidndose a s mismo/a: qu relacin es esta? Los resultados desvendaronque los cuidados al otro son considerados prioritarios y el auto cuidado se relaciona con la satisfaccin delas necesidades fsicas, afectivas y sociales de cada profesional.

    Descritores: Autocuidado. Autoimagen. Rol de la enfermera.Ttulo: Profesional de enfermera: comprendiendo el autocuidado.

    ABSTRACT

    This is an exploratory descriptive study using qualitative approach that aimed at understanding meaningof self-care(less) of nursing professionals. The selected subjects were technicians, nursing auxiliaries, and nursesacting in the health network of the interior of the state of Rio Grande do Sul, Brazil. Data were collected using struc-tured and semi-structured interviews. The following categories emerged from the analysis: understanding self-care; disclosing lack of self-care, and caring for the other and disregarding self-care: what is this relationship?The results showed that the care for the others is considered as a priority, and that self-care is related to the supplyof the physical, affective, and social needs of each professional.

    Descriptors: Self care. Self concept. Nurses role.Title: Nursing professionals: understanding self-care.

    ARTIGOORIGINAL

    Baggio MA, Formaggio FM. Profissional de enfermagem: compreenden-do o autocuidado. Revista Gacha de Enfermagem 2007;28(2):233-41.

    Baggio MA, Formaggio FM. Nursing professionals: understandingself-care [abstract]. Revista Gacha de Enfermagem 2007;28(2):233.

    Baggio MA, Formaggio FM. Profesional de enfermera: compren-diendo el autocuidado [resumen]. Revista Gacha de Enfermagem2007;28(2):233.

    a Artigo construdo a partir da dissertao de Mestrado em Cincias da Sade Humana da Universidade do Contestado (UnC) defendida emnovembro de 2004.

    b Mestre em Cincias da Sade Humana pela UnC de Concrdia, SC. Enfermeira e docente de Enfermagem da Universidade Luterana do Brasil(ULBRA).

    c Doutora em Educao pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Docente-pesquisadora do Programa de Mestrado Multidiscipli-nar da UnC de Concrdia, SC.

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    1 INTRODUO

    Ao longo de minha vivncia enquanto aca-dmica do curso de Enfermagem foi possvel ob-servar a dicotomia entre o que era ensinado sobreo cuidado humano ao paciente e o que era pratica-do pelos profissionais em relao ao cuidado de si.

    Nas situaes presenciadas, o profissionalde enfermagem praticava o cuidado ao pacientepreocupado com o seu restabelecimento, esfor-ando-se na preveno de outras patologias e namanuteno da sade. Apresentava, contudo, des-caso e descuido com a prpria sade. Em outrassituaes, o professor-enfermeiro encontrava-secom a sade debilitada, mas, mesmo assim, com-parecia para ensinar o cuidado.

    Culturalmente somos educados a atender snecessidades materiais e humanistas. Inmerasvezes, porm, isto no inclui sintonizar tais prop-sitos atitude de cuidar-se, responsabilizando-sepelo autocuidado. Tal situao nos leva questoproblema deste estudo, isto : ser que o profis-sional de enfermagem est (des)cuidando desi enquanto cuida do outro em seu cotidiano?

    Portanto, o objetivo principal deste estudo,originado de uma dissertao de Mestrado(1), foicompreender o significado do (des)cuidado de sidos profissionais de enfermagem.

    2 METODOLOGIA

    Para atender ao problema norteador e aoobjetivo principal da pesquisa foi utilizada a abor-dagem qualitativa. Participaram do estudo doze pro-fissionais que atuam na rede pblica e particularno interior do Estado do Rio Grande do Sul emdiferentes locais como: Centro de Atendimento In-tegrado Sade (CAIS), postos de sade, hospi-tais filantrpicos e particulares, sendo quatro au-xiliares de enfermagem, trs tcnicos de enferma-gem e cinco enfermeiras. A faixa etria varia de25 a 46 anos e o tempo de atuao destes profis-sionais situa-se entre 3 e 26 anos. Tais sujeitos fo-ram selecionados aleatoriamente, considerando-se, porm, sua disponibilidade para a participaono estudo. Para garantir o anonimato, os sujeitos fo-ram denominados: Jasmim, Orqudea, Lrio, Heli-cnia, Margarida, Tulipa, Rosa, Violeta, Ip, Cam-lia, Bromlia e Girassol, denominao esta escolhi-da pela pesquisadora e aceita pelos sujeitos.

    A coleta de dados foi realizada por meiode entrevista com questes estruturadas e semi-estruturadas sobre o tema de estudo e obedece-ram Resoluo 196 do Conselho Nacional deSade(2). Alm disso, o estudo foi devidamenteaprovado pelo Comit de tica da Instituio. Osdados coletados foram analisados qualitativamen-te por meio da leitura e releitura das entrevistas deacordo com a anlise de contedo(3).

    Tal processo possibilitou a emergncia de al-guns indicadores de significados sugestivos. Foram,tambm, recortadas frases e/ou palavras-chave quecontemplavam especial importncia para a forma-o das unidades de registro. Posteriormente, taisunidades foram classificadas e agregadas sendo,ento, definidas as categorias a serem desenvol-vidas ao longo do estudo.

    3 REFLEXES ACERCA DO CUIDADO EDO DESCUIDADO

    Em estudos sobre o cuidado construtivo sa-lienta-se que as situaes conflituosas vivencia-das pelo profissional de enfermagem no exerc-cio da profisso, aliadas s presses do cotidia-no, provocam tenses que acarretam alteraesno seu processo de viver saudvel. Inconsciente-mente, este profissional pode se adaptar roti-na, subestimando os problemas mediante soluespaliativas. Adapta-se a essas situaes de formapassiva e inerte, o que gera conflitos internos, exa-cerbando seu sofrimento de forma lenta e grada-tiva(4).

    O trabalho da enfermagem, a exemplo dosdemais, pode comprometer o processo de viversaudvel dos seus trabalhadores. Dessa forma, aqualidade de vida destes profissionais no espaolaboral e extralaboral, bem como algumas das im-plicaes do trabalho percebido como possveldesencadeador de sade, bem-estar, doena, de-sestruturao mental e loucura(5).

    As condies de trabalho, o ambiente insti-tucional e as relaes interpessoais podem contri-buir para o (des)prazer no trabalho. As atividadesadaptadas s condies fsicas e psquicas indivi-duais, por sua vez favorecem a sade e at ser-vem de imunidade para o trabalhador. No entan-to, o contrrio pode desencadear doena fsica oumental, levando, posteriormente, a que este traba-lhador se afaste definitivamente do trabalho(6).

    Baggio MA, Formaggio FM. Profissional de enfermagem: compreenden-do o autocuidado. Revista Gacha de Enfermagem 2007;28(2):233-41.

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    Em nossa sociedade, a impresso que se tem a de que o profissional da rea da sade, o serhumano-educador-cuidador, no adoece e no secansa. Assim, aquele que presta cuidados ao outroacaba por esquecer-se de si mesmo. Desse modo,

    O grande desafio para o ser humano com-binar trabalho com cuidado. Eles no seopem, mas se compem. Limitam-se mu-tuamente, e ao mesmo tempo se comple-mentam. Juntos constituem a integralidadeda experincia humana, por um lado, liga-da materialidade, e por outro espiritua-lidade(7:97).

    O cuidador de enfermagem inserido em umaorganizao que presta servio ao outro respon-svel pela qualidade do atendimento que dispen-sado ao ser cuidado e, para tal, deve empenhar-see oferecer o melhor de si. No obstante, s orga-nizaes cabe cuidar dos cuidadores, pois a quali-dade das empresas est vinculada qualidade devida dos trabalhadores(8).

    As doenas de fundo orgnico, psicoorgni-co e psquicas esto intimamente ligadas fadigae ao sofrimento mental. Tais distrbios acarretamcrises tanto na vida social quanto profissional,inviabilizando uma vida saudvel. Assim, ao bus-car a compreenso acerca do significado do cui-dado do outro identificamos nas falas dos sujei-tos o cuidado verbal e no-verbal que significamatender s necessidades do outro com sensibili-dade, presteza e solidariedade, mediante aes decuidado realizadas para promover o conforto e obem-estar. O cuidado manifestado conjuga a inte-gridade fsica e emocional num processo de trocaentre cuidador e ser cuidado.

    possvel perceber o cuidado de enferma-gem verbal e no-verbal, quando se manifesta pormeio da conversa, do toque, com a intencionali-dade de transmitir tranqilidade, carinho, confor-to, segurana, ateno e bem-estar.

    O toque, enquanto cuidado, uma forma deaproximao humana que estimula a sensibilidadee desperta a possibilidade de troca, reciprocidadee solidariedade na assistncia(9). Nesse sentido, ossujeitos deste estudo demonstraram a preocupa-o em minimizar a dor fsica do paciente, enten-dendo, tal movimento, como manifestao do cui-dado. A administrao de drogas para minimizara dor fsica permite, a partir da aproximao do

    cuidador durante o ato de medicar, confortar opaciente que est emocionalmente fragilizado,amenizando suas angstias e medos.

    Assim, cuidar com empatia para atender aotodo uma preocupao dos profissionais de en-fermagem que buscam se colocar no lugar do ou-tro, transmitindo-lhe o que gostariam de receberse a situao fosse inversa. Alm disso, os cuida-dores tendem a assumir o cuidado do outro comose fosse o seu prprio cuidado.

    A priorizao do cuidado do outro como cui-dado de si mesmo implica sentir-se cuidado en-quanto cuida, compreendendo o outro com empa-tia, j que cuidar com empatia entender a situa-o do outro e sentir-se em proximidade e igual-dade; envolve tambm ateno s necessidadesfsicas e psquicas do ser cuidado(10). Tal movimen-to no se limita, atualmente, simples execuo detcnicas concernentes enfermagem.

    4 RESULTADOS

    O envolvimento e o processo de cuidar ma-nifestam-se na fala da cuidadora Violeta, queexperienciou uma situao em que precisou sercuidada por outro profissional de enfermagem eafirma que cuidado presena, ateno, dilo-go, fazer sentir-se bem; cuidar ter pacincia econfortar o outro, pois nenhuma medicao temo efeito de confortar, acarinhar ou dar ateno.Contudo, a confiana entre os sujeitos envolvidos(paciente e profissional) essencial para a con-solidao do cuidado, como lembra o sujeito:

    Eu j fiquei doente [...] tava ruim, me sentisozinha, mal. Ningum foi l me ver [...]. AFulana [auxiliar de enfermagem] me aten-deu super bem, foi l conversou comigo.Aquilo foi alm da medicao [...] (Violeta).

    O cuidar no considerado apenas comouma tarefa a ser executada no sentido de trataruma ferida ou auxiliar na cura de uma doena e,sim, num sentido mais amplo como um cuidado pormeio do relacionamento com o outro, como umaexpresso de interesse e carinho(11).

    Alguns profissionais buscam mecanismosindividuais de defesa para no sofrerem constan-temente. Como exemplo assinala-se a fragmenta-o da relao tcnico-paciente, sendo aquela naqual o profissional evita um contato muito prxi-

    Baggio MA, Formaggio FM. Profissional de enfermagem: compreenden-do o autocuidado. Revista Gacha de Enfermagem 2007;28(2):233-41.

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    mo ao ser cuidado como meio de se defender daprpria dor ante situaes crticas(12). Vejamos oque aponta Margarida:

    [...] no sentido de doena [...] eu no pro-curo me apegar. Mas eu no costumo meapegar porque eu acho que isso no fazbem pra gente [...] (Margarida).

    Na relao de cuidado, certos profissionaisdemonstram um envolvimento superficial com opaciente, supervalorizando os aspectos cientficos,as rotinas, os problemas burocrtico-administrati-vos, as normatizaes de tcnicas e de procedimen-tos. Estas atitudes denotam a impessoalidade docuidador, sendo a sensibilidade e a solidariedadesubstitudas pelo cumprimento de tarefas rotinei-ras, fazendo com que a relao com o paciente setorne fragmentada, fria, simplificada e, s vezes,distante, transformando o ser humano em um obje-to do cuidado(9).

    Ao buscar a compreenso do significado do(des)cuidado de si do profissional de enfermagempercebe-se que a prtica do autocuidado sofre in-fluncias sociais, ambientais, culturais e da forma-o profissional do indivduo. Envolve, tambm, apromoo do equilbrio fsico, emocional e socialem suas atividades cotidianas. Orqudea percebeque o autocuidado pouco discutido pelos pr-prios profissionais, como afirma:

    [...] porque a gente bem assim, do auto-cuidado, a gente no fala sobre isso. Agente nunca pra pra pensar isso [...](Orqudea).

    Os demais sujeitos deste estudo apontam queo cuidado de si parece, conscientemente, negli-genciado pelo profissional que cuida do outro emseu cotidiano.

    Lrio, entretanto, assevera em relao aocuidado de si:

    Eu acho que eu t cuidando de mim [...](Lrio).

    Mas, percebe que o ser humano precisa serenovar e se cuidar, pois como aponta:

    [...] acho que sempre tem alguma coisapra melhorar ou que poderia ser melhor[...] (Lrio).

    E, consciente de suas necessidades, lembra:

    [...] eu procuro fazer pelo menos o mni-mo por mim. Principalmente, nesse mo-mento da minha vida, eu t procuran-do fazer o melhor pra mim (Lrio).

    Assim, os profissionais de enfermagem ex-pressam suas experincias valorativas e seu agirfrente realidade cotidiana no que se refere aoautocuidado lembrando que, a necessidade e o de-sejo so duas foras complementares que levamao cuidado de si(10).

    4.1 Compreendendo o cuidado de si

    A prtica do cuidado de si sofre influnciassociais, ambientais, culturais e da formao profis-sional do indivduo. Envolve, tambm, os cuidadospercebidos como necessrios para os profissio-nais de enfermagem, tais como promover equi-lbrio fsico, emocional e social em suas ativida-des cotidianas, como ser possvel observar naseqncia.

    4.1.1 Fsico e esttico

    O cotidiano dos profissionais de enfermagem percebido como extenuante devido s respon-sabilidades particulares e profissionais que com-prometem o descanso, o repouso e o sono. Estes,por sua vez, so necessidades fundamentais aocuidado de si deste trabalhador, para que possasatisfazer s exigncias da sua funo e da sua vi-da. Nessa perspectiva, ter um corpo descansadogarante ao profissional de enfermagem as condi-es fsicas necessrias para desempenhar bemsuas atividades profissionais e satisfazer s exi-gncias do trabalho e da sobrevivncia(10).

    O cuidar de si, almejado pelos sujeitos, quando podem estar despreocupados com o tra-balho, sem compromisso com o horrio ou res-ponsabilidades afins, apesar de, alguns, apenas oconseguirem parcialmente(10).

    Neste estudo, percebe-se a importncia atri-buda pelos sujeitos aparncia pessoal, pois en-tendem o esttico como um cuidado de si e lem-bram que, o profissional cuida do outro conformeo cuidado que dispensa a si mesmo. Assim, Cam-lia acredita que:

    Baggio MA, Formaggio FM. Profissional de enfermagem: compreenden-do o autocuidado. Revista Gacha de Enfermagem 2007;28(2):233-41.

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    Toda mulher tem que [...] andar semprebem arrumada [...] (Camlia).

    Lrio afirma que cuidar esteticamente desi :

    [...] arrumar os cabelos, comprar umaroupa nova... (Lrio)

    O estilo esttico projeta o pensamento eo sentimento dos indivduos; reflete a maneirade sentir e experimentar em comum; favorece oestar-junto partilhando este sentimento. Por umlado, o embelezamento est sob o olhar do outroe, por outro, para que seja visto pelo outro. O queno deixa de ser o autocuidado uma forma devalorizao do outro, que remete esttica dosprazeres partilhados. O prazer, o cuidado como corpo, a qualidade de vida s adquire valor medida que favorece o desejo de estar com o ou-tro.

    4.1.2 Scio-educativo-cultural

    Os sujeitos desta pesquisa acreditam quepara cuidar de si importante buscar novos co-nhecimentos mediante leituras relacionadas suarea ou a outras, pois a leitura amplia a compre-enso da realidade. A linguagem, a exemplo daleitura, determina a cultura de uma populao.Helicnia, neste estudo, salienta a importncia dodomnio de mais de uma lngua para ampliar osaber, a comunicao e o relacionamento:

    [...] mais leitura eu acho uma coisa bemimportante. Porque no adianta tu sen-tar ali e ler meia pgina. [...] qualquer li-vro de leitura, tanto ler um romance co-mo ler um artigo cientfico, [...] eu achoque fundamental pra ti conhecer e am-pliar horizontes [...] aprender uma lngua[estrangeira] (Helicnia).

    A leitura um modo de se educar, de obterconhecimentos, crescimento pessoal, de aprendi-zagem e , para os profissionais deste estudo, ummodo de cuidar de si. Dessa forma, um povo civi-lizado se caracteriza por possuir uma massa crti-ca de leitores ativos e, por trs da diver-sidade dosportadores de textos est o livro como grande fontedo saber(13).

    4.1.3 Famlia, amigos e a interioridade do ser

    A convivncia com o outro compartilhandoos momentos em comum considerado um cui-dado de si, pois o grande prazer reside na rela-o com a famlia e os amigos. Para Jasmim, cui-dar de si:

    ter tempo pra cuidar dos meus filhos,estar com eles, [...] pros meus pais, pra mi-nha famlia... Quando d um tempinho euvou visit-los [...] estar com a minha fam-lia (Jasmim).

    Lrio salienta a importncia de uma boa ami-zade para dividir as alegrias e aflies. Externali-zar as prprias idias e compartilhar as experin-cias, visitar os amigos, os pais, sair com os filhosso modos de cuidar do outro e de si mesmo, poisuma relao saudvel consigo mesmo e com osoutros imprime generosidade s relaes huma-nas, como lembra o sujeito:

    [...] saber que as pessoas esto do teu la-do, que elas, se voc precisar pode ligaras duas, trs horas da manh e [...] conver-sar com algum... Isso cuidar de si [...](Lrio).

    Neste estudo evidencia-se, igualmente, quecuidar de si significa cuidar-se emocionalmente,avaliando as necessidades psquicas, buscando oautoconhecimento, o autoequilbrio, como apon-tam o depoimento a seguir:

    [...] a gente no s fsico, somente ps-quico, envolve sentimento... Acho que umadas coisas mais necessrias ter um equi-lbrio... [...] se tu no tem um autoequil-brio, tu no cuida de si. O psquico cons-tantemente tem que ter um autocuidado(Orqudea).

    4.2 Desvelando o descuidado de si

    O descuidado de si aparece neste trabalhoa partir, especialmente, das vozes dos sujeitos quese mostram descontentes com a aparncia fsi-ca, com a esttica propriamente dita, em funodaquilo que consideram falta de tempo para oautocuidado. Alm disso, alegam descuidado com

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    a alimentao provocando, em certa medida, can-sao fsico e mental relacionados ao tempo labo-ral, o que os leva a buscar a automedicao.

    4.2.1 Fsico e esttico

    Alguns profissionais de enfermagem se per-cebem descuidados de si, desleixados na aparn-cia esttica e consigo mesmos. A constatao deHelicnia:

    [...] de repente, tu te olha no espelho e tuv que o teu cabelo t descuidado, a tuaunha t feita... [...] Ento so coisas que tuse d conta que tu no t se cuidando,t deixando de lado os cuidados da gen-te mesma... (Helicnia).

    O sujeito, ao se perceber descuidado, pare-ce mascarar o desinteresse por si mesmo median-te a falta de tempo para se dedicar ao prprio cui-dado, neste caso, o esttico:

    Vamos dizer que eu no posso me dar aoluxo de dizer: eu marquei uma hora prafazer o meu cabelo... (Rosa).

    A falta de descanso, o estresse e o desnimoapontam o descuidado de si destes profissionais,cuja somatizao gera problemas associados, co-mo as algias pelo corpo.

    Cuidar de si? No meu caso acho que dei-xa bastante a desejar [...] tu sente cansao,tu sente desnimo [...] eu queria descan-sar, fazer alguma coisa pra passar a dorno meu corpo [...] dor muscular, eu tenhodor at nas mos [...] regio cervical [...](Ip).

    O cansao fsico um sinal de alerta, umindcio de que o corpo est no seu limite. Na per-cepo de Bromlia no conhecer a si mesma,no perceber o que o corpo est falando e norespeitar os prprios limites um descuidado:

    Ah, sei que t cansada, mas no respeitoisso ou sente vontade de sair, fazer algopor si mesma e no faz por pura preguia.Acho que isso descuidado [...] tu noouvir o que o corpo t falando [...] (Bro-mlia).

    4.2.2 Tempo e alimentao

    Para o autocuidado o profissional de enfer-magem precisa adaptar o tempo priorizando ati-vidades para buscar um equilbrio entre o tempodispensado vida profissional e pessoal, pois a partir da compreenso dos prprios limites queo trabalhador conquista tempo para si mesmo(10).

    A falta de tempo justifica o descuidado desi dos sujeitos. No entanto, ser que o tempo estto esgotado, ou seria uma desculpa para o noenfrentamento de situaes do cotidiano pessoale profissional e para o descuidado de si(14)?

    Alguns hbitos alimentares comprometema sade e o rendimento destes profissionais.

    [...] eu tenho descuidado na minha alimen-tao, comeo me alimentando ao meio-dia. [...] o caf da manh eu no tomo. Aeu fao almoo. Sempre t de dieta... [...]jantar mesmo uma hora da manh, meia-noite [...]. Tu t correndo, ento tucome de qualquer jeito (Ip).

    Lanches rpidos, substitutos das principaisrefeies no dia a dia, favorecem o desequilbriona dieta do profissional, incluindo o dficit ou o ex-cesso na ingesto de nutrientes especficos, almde a combinao inadequada dos alimentos resul-tar em cardpios montonos com alto poder desaciedade, o que favorece a ingesto calrica ele-vada(15).

    4.2.3 Automedicao

    A automedicao uma prtica que podecomprometer a sade das pessoas uma vez que,ao invs de sanar, tende a maximizar o problema,mascarando doenas, comprometendo diagnsti-cos e o tratamento precoce de uma doena maisgrave. entendida como uma medida paliativa,no efetiva, pois minimiza os sinais e sintomas, masno trata o problema que pode ressurgir poten-cializado. Soma-se a isto os riscos de intoxicaese reaes alrgicas(16).

    O profissional de enfermagem possui fcilacesso a drogas psicotrpicas, se automedica econtrola a quantidade da droga conforme seusprprios critrios. O acesso referido a disponibi-lidade em conseguir receita com um mdico dassuas relaes interpessoais, sem acompanhamen-to do tratamento, como lembra o sujeito:

    Baggio MA, Formaggio FM. Profissional de enfermagem: compreenden-do o autocuidado. Revista Gacha de Enfermagem 2007;28(2):233-41.

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    Eu fao meu tratamento [...] fluoxetina [...]e da eu me sinto melhor um pouco. Saiaquela, no sei se angstia. [...]. Eu con-tei pra Dra Fulana [residente da clnicamdica], pedi a receita pra ela, mas noque eu tenha que ir num psiquiatra... quevo me deixar meio dopada [...]. Eu no seide repente se o caminho. Um dia terminatudo isso (Violeta).

    Violeta realiza um tratamento antidepressi-vo sem o acompanhamento de um especialista dapsiquiatria, ou seja, a busca pelo profissional darea mdica foi somente para conseguir a recei-ta controlada das drogas utilizadas.

    4.2.4 Tempo laboral

    O trabalho ocupa grande espao na vida dosprofissionais de enfermagem. uma tarefa dif-cil conseguir conciliar harmoniosamente sua vi-da pessoal e profissional e estabelecer o equilbrioentre ambas, uma vez que o trabalho absorve tan-to o cotidiano destes profissionais que, conseguirum tempo para cuidar de si, quase uma faa-nha(10). Os compromissos com o trabalho, estima-dos como prioritrios, impedem a primazia do cui-dado de si em alguns casos, como aponta o relato:

    Descuidado! Se envolver muito s com oservio. Achar que o mundo gira s emtorno do servio e esquecer da gente co-mo pessoa, como famlia, como ser huma-no (Tulipa).

    Dependendo da organizao e do grau de exi-gncia do trabalho de enfermagem, podem con-duzir exausto das foras do indivduo, desen-cadeando doenas fsicas e psquicas. Dessa for-ma, o desgaste fsico gera problemas psquicosporque expressa sofrimento e insatisfao, e oinverso tambm verdadeiro(6).

    O mtodo administrativo parece muitas ve-zes dominado pela razo, gerando aes frias ecalculistas, evidenciado por uma forma autorit-ria e pouco humana de administrar(8), como afir-ma Orqudea:

    s vezes, alguma presso, desentendi-mento no trabalho ou cobrana a mais.Isso faz com que a gente entre numa es-pcie de sofrimento (Orqudea).

    A afirmao de Orqudea se enquadraria co-mo uma violncia psicolgica no local de traba-lho e ocorre como cobranas, ameaas e chanta-gens, freqentemente encontradas no cotidianoda Enfermagem(17).

    O autoritarismo dos superiores hierrqui-cos predispe ao sofrimento no trabalho poden-do trazer conseqncias sade destes profis-sionais e, proporcionalmente, ao seu desempe-nho. Tais profissionais, ento, buscam alternativasindividuais para o enfrentamento do sofrimentoencontrado, utilizando-se de mecanismos de de-fesa(6).

    A satisfao pela atividade exercida e o am-biente de trabalho (organizacional) contribuem ao(des)cuidado de si. Ao confrontar com realidadesambguas, tanto nas atividades quanto no ambien-te, o profissional poder apresentar sofrimento.Assim, a qualidade do trabalho e sua organizao,o cuidado prestado ao outro e a si mesmo, podemapresentar-se comprometidos devido inexistn-cia de adequadas condies de trabalho(18).

    A remunerao em enfermagem causa des-prazer ao trabalhador, entendida como insufici-ente, para suprir adequadamente aos seus anseiosj que, freqentemente, exercem dupla jornada detrabalho para garantir melhores salrios implican-do, assim, na intranqilidade, insatisfao e des-cuidado de si como afirma o sujeito:

    [...] dinheiro [...] faltando dinheiro tam-bm dificulta, porque se voc no temdinheiro, por exemplo, pra ir l fazer ocabelo e voc quer, eu acho que isso difi-culta [...] (Lrio).

    Lrio compreende a convivncia e os laosde amizade como uma fonte de prazer em estar-junto ao outro, no associado ao dever de estarcom, mas pelo prazer de desfrutar o momento, deexpor os seus pensamentos, interagir e comparti-lhar sentimentos com o outro e isto pode auxiliara abrandar o prprio problema, facilitando a suaresoluo. Assim se expressa o sujeito:

    As pessoas no percebem que poderiamse cuidar um pouquinho, tendo uma boaamizade... Ah! Sendo mais aberta, conver-sando mais. Acho que no percebem eacabam se descuidando de si e de ter umaboa amizade [...] (Lrio).

    Baggio MA, Formaggio FM. Profissional de enfermagem: compreenden-do o autocuidado. Revista Gacha de Enfermagem 2007;28(2):233-41.

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    4.3 Cuidar do outro e (des)cuidar de si: querelao essa?

    comum o profissional de enfermagem preo-cupar-se com o bem-estar do outro. Mas preocu-par-se somente com o outro e esquecer-se de simesmo um descuidado de si, como lembra osujeito:

    [...] a gente cuida dos outros e no cuidade si (Rosa).

    O trabalhador de enfermagem direciona suaateno ao outro, sendo subjetivamente mais for-te a garantia do cuidado do outro do que a si mes-mo(10). O depoimento a seguir assinala tal situao:

    [...] ento tem muitas coisas que eu que-ro pros outros e pra mim eu no fao [...].E eu pensei sempre mais nos outros doque em mim (Camlia).

    Tendo a formao voltada ao cuidado do ou-tro, o profissional de enfermagem no considerao cuidado de si com a mesma preocupao. Ine-vitavelmente, no ambiente de trabalho ocorremsituaes de conflitos interpessoais. Para resol-ver essas situaes preciso agir coerentemen-te, com calma e serenidade, pois uma palavra ouum gesto pode ocasionar srios danos numa re-lao. A maneira mais saudvel para vivenciarum bom relacionamento escutar os outros e es-cutar a si mesmo como gostaria que nos escu-tassem(8:74).

    Os que cuidam de si, cuidando do outro, de-monstram atitudes de enfrentamento que permi-tem a superao das dificuldades inerentes ao seutrabalho, uma vez que a construo do cuidado desi percebida a partir dos significados atribudosda prtica do cuidado do outro(5).

    Enfatizam os sujeitos que, mesmo cuidan-do do outro possvel coexistir o descuidado desi. O profissional orienta o ser que est sob seuscuidados fundamentado em seus conhecimentosem enfermagem. Porm, percebe que tais conhe-cimentos sobre cuidado no so colocados emprtica para o cuidado de si mesmo, enquantocuidador. Se o profissional est descuidado de simesmo o cuidado ao outro estar, tambm, pre-judicado, como aponta Rosa:

    [...] a gente cuida dos outros e no cui-da de si [...] a gente se descuida (Rosa).

    Para desenvolver o cuidado, o profissionalse embasa nos seus conhecimentos empricos enos conhecimentos da enfermagem, fundamenta-dos cientificamente. Mas, conforme Jasmim:

    [...] se tu no t bem contigo mesma comotu vai tentar passar pro ser que eu estoucuidando que ele tem que cuidar, que eletem que se proteger pra no adoecer, nocaso. Mas como voc vai explicar ou vaipregar uma coisa que voc no est fa-zendo no momento? (Jasmim).

    5 CONSIDERAES FINAIS

    A prtica do cuidado pelo profissional deenfermagem, objetiva prioritariamente cuidar dooutro, direcionando a atitude cuidativa para o serque est sob os seus cuidados. O cuidado de si foicompreendido como suprimento das necessidadesindividuais de sono, descanso e repouso, lazer,atividades fsicas, ateno esttica, entre outras.A relao de afetividade com o outro (amigos,familiares, colegas), que permita a expresso e atroca de sentimentos mtuos, pressuposto parao cuidado de si. Assim como oferecer ateno aosaspectos sociais, educativos e culturais de for-mao e aperfeioamento.

    A negligncia do cuidado de si parece de-correr da falta de tempo para alimentar-se ade-quadamente, cuidar-se fsica e esteticamente e,ainda, abdicar do uso do tempo para si em proldo trabalho. O apelo dos profissionais de enferma-gem para terapias com frmacos e psicofrma-cos, remete preocupao com o uso indiscrimi-nado da automedicao.

    Os sujeitos identificam que o ambiente detrabalho contribui significativamente para o des-cuidado, dada a grande demanda de atividades, exi-gncias e tarefas a cumprir, condies de poderinquestionvel de superiores, servio mal remu-nerado, jornada dupla de trabalho para garantirmelhores salrios, concomitantemente a no con-templao das suas necessidades bsicas de serhumano bio-psico-socio-espiritual.

    Abordar o (des)cuidado de si uma refle-xo que deve ser realizada por profissionais que

    Baggio MA, Formaggio FM. Profissional de enfermagem: compreenden-do o autocuidado. Revista Gacha de Enfermagem 2007;28(2):233-41.

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    cuidam de pessoas e nem sempre cuidam de si,possibilitando reconhecer a necessidade de res-gatar o cuidado do seu prprio eu para o exerc-cio pleno da profisso e da realizao como se-res humanos.

    REFERNCIAS

    1 Baggio MA. O (des)cuidado de si do profissional deenfermagem [dissertao de Mestrado]. Concrdia:Universidade do Contestado; 2004. 150 f.

    2 Ministrio da Sade (BR), Conselho Nacional deSade, Comit Nacional de tica em Pesquisa emSeres Humanos. Resoluo 196, de 10 de outubro de1996: diretrizes e normas regulamentadoras de pes-quisa envolvendo seres humanos. Braslia (DF);1997.

    3 Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisaqualitativa em sade. 4 ed. So Paulo: Hucitec; 1996.

    4 Migott AM. Cuidado construtivo: desvelando ques-tes existenciais entre o agir tico e o tcnico. PassoFundo: UPF; 2001.

    5 Radnz V. Cuidando e se cuidando: fortalecendo oself do cliente oncolgico e o self da enfermeira.Goinia: AB; 1999.

    6 Lunardi VL, Lunardi Filho WD. O trabalho do enfer-meiro no processo de viver e ser saudvel. Texto &Contexto: Enfermagem 1999;8(1):13-30.

    7 Freire P. Pedagogia da autonomia: saberes necess-rios prtica educativa. 11 ed. So Paulo: Paz eTerra; 1999.

    8 Costenaro RGS, Lacerda MR. Quem cuida de quemcuida? Quem cuida do cuidador? Santa Maria: Uni-fra; 2001.

    9 Bettinelli LA. Cuidado solidrio. Passo Fundo: Pe.Berthier; 1998.

    10 Costa ALRC. O cuidado como trabalho e o cuida-do de si no trabalho de enfermagem [dissertaode Mestrado em Enfermagem]. Florianpolis: Uni-versidade Federal de Santa Catarina; 1998. 135 f.

    11 Waldow VR. Cogitando sobre o cuidado humano.Cogitare Enfermagem 1998;3(2):7-10.

    12 Pitta A. Hospital: dor e morte como ofcio. 4a ed. SoPaulo: Hucitec; 1999.

    13 Carrero R. Um pas de poucas letras: um crculovicioso, formado por vrios e complexos fatores, fazcom que o Brasil tenha poucos leitores de livros[peridico na Internet]. Continente Multicultural2003 [citado 2003 nov 3];29. Disponvel em: http://www.boletimfsm.hpg.ig.com.br/clip4.html.

    14 Lunardi VL. Do poder pastoral ao cuidado de si: agovernabilidade na enfermagem [tese de Douto-rado em Filosofia de Enfermagem]. Florianpolis:Universidade Federal de Santa Catarina; 1997. 279 f.

    15 Pereira CAS, Castro FAF, Raele R, Priore SE,Ribeiro SMR, Bittencourt MSB, et al. Educaonutricional: a importncia da prtica diettica [p-gina na Internet]. So Paulo: Nutrio em Pauta;2002 [citado 2003 nov 4]. Disponvel em: http://www.nutricaoempauta.com.br/lista_artigo.php?cod=16.

    16 Meleiro AMAS. O mdico como paciente. So Pau-lo: Lemos; 2001.

    17 Dias HHZR. O des cuidado em sade: a violnciavisvel e invisvel no trabalho de enfermagem [dis-sertao de Mestrado em Enfermagem]. Florian-polis: Universidade Federal de Santa Catarina; 2002.125 f.

    18 Lunardi VD, Malheiro AD, Caurio DP, Lunardi Fi-lho WD, Chaplin MJ. Problemas no cotidiano dotrabalho e sua relao com o cuidado de si e o cuida-do do outro. Revista Gacha de Enfermagem 2000;21(2):110-24.

    Recebido em: 01/06/2006Aprovado em: 27/10/2006

    Endereo da autora/Authors address:Maria Aparecida BaggioRua Morom, 2664, Apt 30299.010-034, Passo Fundo, RSE-mail: [email protected]

    Baggio MA, Formaggio FM. Profissional de enfermagem: compreenden-do o autocuidado. Revista Gacha de Enfermagem 2007;28(2):233-41.