31 rural qualidade de segurada
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO JUIZADO
ESPECIAL PREVIDENCIÁRIO DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CIDADE-
UF.
NOME DA PARTE, parte já cadastrada
eletronicamente, vem com o devido respeito
perante Vossa Excelência, por meio de seu
procurador, propor
AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO
DE
BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE RURAL
Em face do INSTITUTO NACIONAL DO
SEGURO SOCIAL (INSS), pelos seguintes
fundamentos fáticos e jurídicos que passa a
expor:
1. DOS FATOS:
A Demandante apresentou, junto à Autarquia Previdenciária,
requerimento de benefício por incapacidade (NB: XXX.XXX.XXX-X), em
XX/XX/XXXX, na condição de segurada especial rural, sendo este
indeferido sumariamente, conforme comunicado de decisão anexo.
A razão do indeferimento se deu em virtude de alegada
inexistência de qualidade de segurada especial, sustentando que a
Requerente não logrou êxito em sua comprovação. Contudo, data
vênia, aponta-se no caso em tela erro administrativo, vez que a mesma
preenche todos os requisitos para a concessão do benefício pleiteado.
Isto porque, a Requerente trabalha na atividade de
XXXXXXXX, labor que compreende prestezas como
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, afazeres que mantém a mesma
afastada de sua atividade habitual atualmente.
Importa referir que na data do requerimento administrativo a
Requerente foi submetida a perícia médica, na qual foi constatada
sua incapacidade para o trabalho, vez que acometida de
XXXXXXXXXXXXXXX , doença cadastrada no CID 10: XXXXX.
2. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS:
Conforme já elucidado, a parte Autora preenche todos os
requisitos que autorizam a concessão de benefício por incapacidade na
condição de segurada especial, porquanto, não possui condições de
executar suas atividades laborativas, bem como, enquadra-se de pleno
nas regras impostas pelo art. 11, inciso VII, da Lei 8.213/91.
Da Incapacidade Laborativa:
A Requerente é acometida de XXXXXXXXXXXX, conforme faz
prova o atestado médico expedido pelo médico especialista em
XXXXXXXX, Dr. XXXXXXXXXXXXXX– CRM XXXX.
Insta repisar que a Demandante teve sua incapacidade
reconhecida administrativamente pela Autarquia Previdenciária,
restando inconteste o critério médico pertinente aos benefícios por
incapacidade.
Caso venha a ser apontada sua total e permanente incapacidade,
postula a concessão/conversão em aposentadoria por invalidez, a partir
da data de sua efetiva constatação. Nessa circunstância, importante se
faz a análise das situações referentes à majoração de 25% sobre o valor
do benefício, arroladas no anexo I do Regulamento da Previdência
Social (decreto nº 3.048/99).
Ainda, na hipótese de restar provado nos autos processuais que a
patologia referida tão somente gerou limitação profissional à parte
Requerente, ou seja, que as sequelas implicam em redução da
capacidade laboral e não propriamente a incapacidade sustentada,
postula a concessão de auxílio-acidente, com base no art. 86 da Lei
8.213/91.
Da Qualidade de Segurada:
Comprovada a incapacidade da Autora, restou controvertido o
preenchimento do requisito de carência e qualidade de segurada
especial inerente à Autora.
Primeiramente, cabe referir que a Demandante trabalha na
atividade de XXXXX desde o ano de XXXX até o ano de XXXX, conforme
faz prova os blocos de produtora rural anexos. Sendo assim, preenche o
requisito de carência, nos termos do artigo 25, da Lei 8.213/91.
Ademais, é arrendatária de uma área de terras no total de X
hectares pertencentes ao Sr. XXXXXXX, desde o ano de XXXXXX, local
onde realiza sua atividade como XXXXXXXX.
Mais precisamente no que tange a controvérsia dos autos acerca
da qualidade de segurada especial da parte Autora, insurge-se o INSS
com relação ao fato de a mesma receber porcentagens em grãos
referentes a suposto arrendamento de terras, conforme se nota do
Termo de Homologação de Atividade Rural constante à fl. XX do
Processo Administrativo Anexo.
Contudo, tal informação não condiz com a realidade fática
encontrada, haja vista que tais porcentagens não são percebidas em
razão de contrato de arrendamento, mas em virtude do falecimento do
avô da Requerente, Sr. XXXXXX, bem como, de seu pai, Sr.
XXXXXXXXXXXXXXX.
Ocorre que, com a ocorrência da morte de ambos, a Autora
passou a sucessora no espólio, figurando no polo ativo do processo de
inventário que tramita sob o nº XXXXXXXXXXXXX junto à Comarca de
Cidade-UF. Dos bens deixados pelo Sr. XXXXXXX encontra-se uma
gleba de terras localizadas no XXXXXX do município, localidade
conhecida como XXXXXXXXXXX, sendo esta dividida entre os
herdeiros.
Conforme se entrevê do Levantamento Planialtimétrico da Área a
ser recebida pela Sucessão de XXXXXXXXXXXXX – pai da Requerente,
esta totaliza o valor de XXXXXX hectares, sendo que a mesma será
dividida entre os XX herdeiros do Sr. XXXXXX, dentre eles a Autora.
Assim, nota-se que, dos bens a inventariar, competirá à Requerente um
total de XXXXXXXX hectares, ou seja, valor muito inferior à 4 módulos
fiscais.
Contudo, desde a abertura do processo de inventário dos bens do
Sr. XXXXX, tal procedimento não fora concluído, de modo que,
estabeleceu-se entre os herdeiros acordo verbal, onde os mesmos,
dentre eles a Requerente, concederia as terras ao também sucessor,
Sr. XXXXXXXXXXX onde este realizaria o plantio de grãos, repassando
porcentagem aos cedentes, haja vista que, antes do falecimento do de
cujus, era quem explorava as áreas.
Ou seja, a renda advinda de outra forma que não da atividade de
XXXXXXX, não se deu em razão da existência de um contrato de
arrendamento, mas pela não conclusão da divisão de terras oriundas do
processo de inventário ainda em tramitação.
Muito embora, já existam delineações acerca da divisão dos bens,
esta ainda não fora devidamente concluída em virtude de
desinteligências existentes entre os herdeiros, de forma que, a não
exploração da área que caberá à Autora dá-se unicamente no intento
de evitar conflitos até o encerramento da aludida partilha.
Ou seja, não obstante a Requerente possua direito sobre a fração
de terras, esta ainda não exerce a posse fática da mesma. E ainda, em
virtude dos conflitos ocorridos entre os familiares, optou-se por manter
o antigo possuidor no local, evitando assim, ainda mais desordens.
Aliás, não há que se falar em renda advinda de outra atividade
que não de economia familiar, haja vista que, se assim o fosse, a
Requerente não arrendaria de terceiro as terras onde desenvolve sua
atividade rural, mas sim, utilizaria àquelas que são alvo do aludido
inventário.
Ademais, a jurisprudência caminha no sentido de que a
percepção de outra fonte de renda, não descaracteriza por si só a
condição de segurado especial rural, ainda que a título de
arrendamento. Veja-se:
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE
RURAL. REQUISITOS. ATIVIDADE RURAL. INÍCIO DE
PROVA MATERIAL. ARRENDAMENTO DE PARTE DO
IMÓVEL RURAL. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA.
1. É devido o reconhecimento do tempo de serviço rural,
em regime de economia familiar, quando comprovado
mediante início de prova material corroborado por
testemunhas.
2. O arrendamento de parte da propriedade rural
não descaracteriza a condição de segurado especial,
na medida em que o conjunto probatório
demonstrou que o grupo familiar permaneceu
laborando na parte restante do imóvel.
3. Implementado o requisito etário (55 anos de idade para
mulher e 60 anos para homem) e comprovado o exercício
da atividade agrícola no período correspondente à
carência (art. 142 da Lei nº 8.213/91), é devido o
benefício de aposentadoria por idade rural.
4. Preenchidos os requisitos exigidos pelo art. 273 do
CPC – verossimilhança do direito alegado e fundado
receio de dano irreparável –, é cabível a antecipação dos
efeitos da tutela. (TRF4, APELAÇÃO CÍVEL Nº 0015442-
13.2012.404.9999, 6ª TURMA, DES. FEDERAL CELSO
KIPPER, POR UNANIMIDADE, D.E. 17.06.2013) (com
grifos acrescidos).
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO/SERVIÇO. REQUISITOS. ATIVIDADE
RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. ATIVIDADE
RURAL ANTERIOR AOS 14 ANOS DE IDADE.
ARRENDAMENTO DE PARTE DO IMÓVEL RURAL.
ATIVIDADE ESPECIAL.
1. É devido o reconhecimento do tempo de serviço rural,
em regime de economia familiar, quando comprovado
mediante início de prova material corroborado por
testemunhas. 2. Comprovado o exercício da atividade
rural, em regime de economia familiar, no período
anterior aos 14 anos, é de ser reconhecido para fins
previdenciários o tempo de serviço respectivo.
Precedentes do STJ. 3. O arrendamento de parte da
propriedade rural não descaracteriza a condição de
segurado especial, na medida em que o conjunto
probatório demonstrou que o grupo familiar
permaneceu laborando na parte restante do imóvel.
4. O reconhecimento da especialidade e o enquadramento
da atividade exercida sob condições nocivas são
disciplinados pela lei em vigor à época em que
efetivamente exercidos, passando a integrar, como direito
adquirido, o patrimônio jurídico do trabalhador. 5.
Considerando que o § 5º do art. 57 da Lei nº 8.213/91 não
foi revogado pela Lei nº 9.711/98, e que, por disposição
constitucional (art. 15 da Emenda Constitucional nº 20,
de 15.12.1998), permanecem em vigor os arts. 57 e 58 da
Lei de Benefícios até que a lei complementar, a que se
refere o art. 201, § 1º, da Constituição Federal, seja
publicada, é possível a conversão de tempo de serviço
especial em comum inclusive após 28.05.1998.
Precedentes do STJ. 6. Até 28.04.1995 é admissível o
reconhecimento da especialidade por categoria
profissional ou por sujeição a agentes nocivos, aceitando-
se qualquer meio de prova (exceto para ruído e calor); a
partir de 29.04.1995 não mais é possível o
enquadramento por categoria profissional, devendo
existir comprovação da sujeição a agentes nocivos por
qualquer meio de prova até 05.03.1997 e, a partir de
então, por meio de formulário embasado em laudo
técnico, ou por meio de perícia técnica. 7. É admitida
como especial a atividade em que o segurado ficou
exposto a ruídos superiores a 80 decibéis até 05.03.1997,
em que aplicáveis concomitantemente, para fins de
enquadramento, os Decretos nº 53.831/64, 72.771/73 e
83.080/79, e, a partir da publicação do Decreto nº
2.172/97, é considerada especial a atividade em que o
segurado ficou exposto à pressão sonora superior a 85
decibéis, tendo em vista que, se o Decreto nº 4.882, de
18.11.2003, reduziu, a partir dessa data, o nível de ruído
de 90 dB(A) estipulado pelo Decreto nº 3.048/99, para 85
dB(A), deve-se aplicar aquela norma legal desde então. 8.
Comprovado o tempo de contribuição suficiente e
implementada a carência mínima, é devida a
aposentadoria por tempo de contribuição, a contar da
data do requerimento administrativo. (TRF4, APELAÇÃO
CÍVEL Nº 0003864-87.2011.404.9999, 6ª TURMA, DES.
FEDERAL CELSO KIPPER, POR UNANIMIDADE, D.E.
23.08.2012) (com grifos acrescidos).
Assim, diante dos fatos e fundamentos expostos, não há razões
para a não configuração da condição de segurada especial da
Requerente, haja vista que labora na atividade rural de XXXXXXXX, em
regime de economia familiar, juntamente com seu companheiro, sendo
que, os rendimentos advindos do plantio de grãos em terras
pertencentes ao espólio de XXXXXXXX se dão unicamente pela não
finalização da partilha dos bens a inventariar.
Deste modo, imperiosa a produção de prova testemunhal,
juntamente das provas já produzidas, onde este juízo restará munido de
meios capazes de elucidar a veracidade dos fatos expostos.
A pretensão exordial vem amparada nos arts. 42, 59 e 86 da Lei
8.213/91 e a data de início do benefício deverá ser fixada nos termos
dos arts. 43 e 60 do mesmo diploma legal.
3. DA TUTELA DE URGÊNCIA:
Em primeiro plano, entende a parte Autora que a análise da
medida antecipatória poderá ser melhor apreciada em
sentença.
A Requerente necessita da concessão do benefício em tela para
custear a sua vida, tendo em vista que não reúne condições de executar
atividades laborativas e, consequentemente, não pode patrocinar a
própria subsistência.
Assim, após a realização da perícia pertinente ao caso, ficará
claro que a parte Autora preenche todos os requisitos necessários para
o deferimento da Antecipação de Tutela, tendo em vista que o laudo
médico fará prova inequívoca quanto à incapacidade laborativa,
tornando, assim, todas as alegações verossímeis. O periculum in mora
se configura pelo fato de que se continuar privada do recebimento do
benefício, a Demandante terá seu sustento prejudicado.
De qualquer modo, a moléstia incapacitante e o caráter alimentar
do benefício traduzem um quadro de urgência que exige pronta
resposta do Judiciário, tendo em vista que nos benefícios por
incapacidade resta intuitivo o risco de ineficácia do provimento
jurisdicional final, exatamente em virtude do fato da parte estar
afastada do mercado de trabalho e, consequentemente, desprovida
financeiramente, motivo pelo qual se tornará imperioso o deferimento
deste pedido antecipatório.
4. DO PEDIDO:
FACE AO EXPOSTO, requer a Vossa Excelência:
1) A concessão do benefício da Assistência Judiciária Gratuita, pois a
parte Autora não tem condições de arcar com as custas processuais
sem o prejuízo de seu sustento e de sua família;
2) O recebimento e o deferimento da presente petição inicial;
3) A citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, para,
querendo, apresentar defesa no prazo legal;
4) A produção de todos os meios de prova, principalmente pericial,
documental e testemunhal;
5) O deferimento da Antecipação de Tutela, com a apreciação do
pedido de implantação do benefício em sentença;
6) O julgamento da demanda com TOTAL PROCEDÊNCIA,
condenando o INSS a:
6.1) Subsidiariamente:
6.1.1) Conceder aposentadoria por invalidez e sua
majoração de 25% em decorrência da incapacidade da
parte Autora, a partir da data da efetiva constatação da
total e permanente incapacidade;
6.1.2) Conceder o benefício de auxilio doença à parte
Autora, a partir da data da efetiva constatação da
incapacidade;
6.1.3) Conceder auxílio-acidente, na hipótese de mera
limitação profissional;
6.2) Pagar as parcelas vencidas e vincendas, monetariamente
corrigidas desde o respectivo vencimento e acrescidas de juros
legais e moratórios, incidentes até a data do efetivo pagamento.
6.3) Em caso de recurso, ao pagamento de custas e honorários
advocatícios, eis que cabíveis em segundo grau de jurisdição, com
fulcro no art. 55 da lei 9.099/95 c/c art. 1º da Lei 10.259/01.
Nesses Termos,Pede Deferimento.
Dá à causa o valor de R$ XXXXXXXXXXX.
Local e Data.
AdvogadoOAB/UF