29 encontro luso galaico de qufmi ca · 29 encontro luso galaico de qufmi ca porto 20 a 22 novembro...

10
...... __. .. \- 29 ENCONTRO LUSO GALAICO DE QUfMI CA PORTO 20 a 22 NOVEMBRO 1986 VO SALPICAO VO PLANAL TO MZRANVES MARTINS E LETICIA M. UNIVERSIOAOE . DE T RAS - CS ..:MONTES E fl.L TO ··aOURO

Upload: others

Post on 25-Jul-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: 29 ENCONTRO LUSO GALAICO DE QUfMI CA · 29 encontro luso galaico de qufmi ca porto 20 a 22 novembro 1986 caracteriza~ao vo salpicao vo planal to mzranves comc~.~9.a.o martins e leticia

......__. ..

\-

29 ENCONTRO LUSO GALAICO DE QUfMI CA

PORTO 20 a 22 NOVEMBRO 1986

CARACTERIZA~AO VO SALPICAO VO PLANAL TO MZRANVES

COMC~.~9.A.O MARTINS E LETICIA M. FERNANVE~ UNIVERSIOAOE .DE TRAS - CS ..:MONTES E fl.L TO ··aOURO

Page 2: 29 ENCONTRO LUSO GALAICO DE QUfMI CA · 29 encontro luso galaico de qufmi ca porto 20 a 22 novembro 1986 caracteriza~ao vo salpicao vo planal to mzranves comc~.~9.a.o martins e leticia

IN'IRODU~O

A norte de Portugal, a designa~ao generica de ·s alpicao , pr odu ­

to apreciado da salsicharia tradicional , e utilizada para designar um en­

chide volumoso , curado pelo fume, variando na materia prima, condimenta­

~ao e tecnologia utilizada segundo a regiao de produ~eo. Assim, ondeexi~

te a produ~ao de vinho, este surge coma principal constituinte da condi­

menta~ao, rareando ou sendo mesmo substituido par agua nas zonas planal­

ticas onde a produ~ao de vinho nao tern expressao.

Cam a mesma designe~·ao, surg::!m produtos. que · de comum tern a penes

o aspecto exterior, princi~almente a fo rme, ja que a cor podera variar do

castanho escuro nos salpi coes de vinho ao avermelhado nos de colorau.

No amouo do Projecto de "E-!J.tudo da Sa..fAJ..c..hcuU..a TJt.adJ..uonal. Po!!::_

;tugue6a.11, cujo objective visa um.conhecimento aprofunda do dos produtos

seu controle e normalizayao, realizou-se a caracteriza~ao do selpicao do

Planelto Mirandes (Con~efho~ de ~UAanda. do Vo~o, MogadoUJt.o e VJ..mJ..o~o l

sob o panto de vista tecnologico, qu{mico e fisico-quimico.

··.

Page 3: 29 ENCONTRO LUSO GALAICO DE QUfMI CA · 29 encontro luso galaico de qufmi ca porto 20 a 22 novembro 1986 caracteriza~ao vo salpicao vo planal to mzranves comc~.~9.a.o martins e leticia

- 2 -

~lA.TERD\1 E ~iltTOOOS

Para conhecimento da mat~ria prima e processo techologico, foi

utilizada a t~cnica de entrevista directa ao produ~or artesanal(*]. ten­

do sido efectuadas 3 entrevistas par freguesia. num total de 174.

0 estudo analitico realizou-se em 58 amostras de selpicaa

adquiridas directamente no produtor, uma par freguesia .

Apos recepc;:ao da ama stra no labarat·orio, procedeu-se a uma apr~

cia~ao sumaria dos caracteres organolepticos, seguindo-se a sua prepara­

c;:aa, sob a forma de uma pasta homogenea a partir da qual faramefectuadas

as analises f{sico - qui mica e quimica.

Na dete~inac;:aa do pH, foi utilizado a potenciometro Orion-

- 601A.

A actividade da .agua (awl determinou-se par exposic;:ao das amos

tras em camaras cam atmosfera de humidade relativa controlada. par solu­

c;:ao salina saturada a, 25°C, cloreto de sodio (75% HR) , sulfato de amonio

(79% HR), cloreto de potassic .(84% ·HR). cloreto d e baric (89% HR) (Serra

no Moreno, 1979) . 0 resultado experimental d~aw obteve-se par interpel~

c;:ao grafica dos va lores des perdas e a umentos de peso percentuais das

amcstras e~p~Etas 24 haras nas referidas c~maras. /

A composic;:ao quimica bruta estabeleceu-se de acordo cam as me­

todos de analise da A. O. A. C. (1975) exceptuando-se a detgrminac;:ao doteor

em azoto total- Norma Portuguesa NP- 1612(1979) .

A analise estatistica dos dados foi efectuada no Centra de Cal

culo da UTAO.

( * ) fti,tl1.e.vi;.,tM 'J(.e.aLf..za.dM c.om a. c.o.ta.boJt.cu;iio da. VJA.e.c.c;.iio Re.g-<.o na.,t de. Ag!t.:!:_

c.u..ttwr...'l de. Tiw.-6 - o.o - Mo ;n;te.,6 •

Page 4: 29 ENCONTRO LUSO GALAICO DE QUfMI CA · 29 encontro luso galaico de qufmi ca porto 20 a 22 novembro 1986 caracteriza~ao vo salpicao vo planal to mzranves comc~.~9.a.o martins e leticia

- 3 -

RESULTAOOS

Pela an~lise das entrevistes directas aos produtores ~rtesanais

verificou-se que 98,28% dos entrevistados desti na a sua produ~ao

au auto-consume.

0 processo tecnologico utilizedo compreendeu as seguintes etapas :

1~ ESCOLHA OA MATERIA PRIMA

Predominante - carne de l ombo de suino

Em pequena percentagem - cerne da pa e/ou da perna

2~ MIGA D~S CARNES

Fragmenta~ao manual de carne em tro~os de 4 a 5cm de comprimen-

to .

3~ CONOIMENTA~Ao

Agua, sal, alho L louro, cclorau , oregaos e, em certos casos cas

cas. de laranja e malagueta.

A quantifica~ao dos condimento~ nao foi possivel determinar, fa

zendo os produtores, apos 6 ha res de "a.do bo", prove; e rectifi­

ca~ao de temperas.

4~ REPOUSO OA MASSA

l a 7. 0ias nos l.~0cslhos de Vimioso e MiranGd Go uouro ;

2 a 3 dias no Concelho de Mogadouro.

5~ ENCHIMENTO

Em tripa grossa de parco ateda numa extremidade e costurada na

outra, constituindo pe~as de 15 a 18cm de comprimento.

6~ CURA

Lareira tredicional - temperaturas elevadas nos primeiros dias ,

permanecendo 1,5 a 2 meses submeti do a leve aquecimento e fuma­

gem, sendo utilizada lenha de cervalho, giesta e freixo .

7~ Cm!SERVA!;AO

Azeite, oleo, banha ou em emb~ente natural (adega ou oispense) .

Page 5: 29 ENCONTRO LUSO GALAICO DE QUfMI CA · 29 encontro luso galaico de qufmi ca porto 20 a 22 novembro 1986 caracteriza~ao vo salpicao vo planal to mzranves comc~.~9.a.o martins e leticia

<:J•

·'\

\ •. :' -·~~ ·.,;f:' . . ,...f,. '•

VALl lnES DA CDMPDSI!;J\0 F1SICO-QUfMICA E QU1MICA DO SALPIC/\0 DO PLAN/\LTO MIRANOtS

PROTE1N/\S LOlES pH aw HUMIOADE GORDURA TOTAlS ~ CINZ/\S

% % % %

1 5 ,91 0,82 35 , 97 20 ,03 34 }04 8 , 99

2 5 , 91 0,82 32 , 53 2'1,70 33 , 07 8,53

3 5 , 84 0 ,82 34,14 20,83 36 ,46 8 , 32

X GLOB/\L 5,09 0 , 82 34 , 21 21,85 34 , 52 0 , 61

OP 0,033 0 , 00 1,72 2 , 50 1 , 75 0 , 34

CV 0,056 0,00 0,050 0,114 0 , 507 0 , 039

LOTE 1 - VIMIOSO LOTE 2 - MIRANOA DO DOURO ·- LOTE 3 - MOGAOOURO

CLORETIJ DE

SDDIO %

7 , 41

6 , 90

G, 53

6,97

0 , 44

0 , 063

Page 6: 29 ENCONTRO LUSO GALAICO DE QUfMI CA · 29 encontro luso galaico de qufmi ca porto 20 a 22 novembro 1986 caracteriza~ao vo salpicao vo planal to mzranves comc~.~9.a.o martins e leticia

- 5 -

pH e ew EM PROOUTOS SIMILARES AD Sf'.LPICAD DO (Pi:.AI\IALTO MIRAI\IDES

PROOUTD pH aw AUTDRES

SALSICHAD FRANCcS 5,19 a 5,2 D,7 5 a 0,85 tHEFTEL Cl976)

S2:LSICHAD FRANCeS 5, 3 0 , 84 BARRAUD E

BILLDN (198D)

SALSICHAD ESFANHOL s, D 0 ,78 LEON CRESPD

et al,. ~ (1978)

SALSICHAO ESPANHOL 5,96 D,l34 SERRANO MD RENO

(1978)

SALAME IT ALIAI-JD 5, 5 CANTONI et al. ~

(1972)

CHOURI~D PORTUGUES G~2 SOUSA E RIBEIRD

! (Industrial) (1983)

SALPICAD DE VILA REAL 5,94 D, 89 CONCEI~AD MAR-

TINS et al .~

( trebalho pare

publica£;aol

SALPICAO DO PLANALTO 5,89 D, 82 \ MIRANOES I

I

Page 7: 29 ENCONTRO LUSO GALAICO DE QUfMI CA · 29 encontro luso galaico de qufmi ca porto 20 a 22 novembro 1986 caracteriza~ao vo salpicao vo planal to mzranves comc~.~9.a.o martins e leticia

(.[) -CARACTERIZA~AD QUIMICA BRJTA DE VARIDS ENCHIDOS

~

I

PRO DU TO HUMIDADE GOROURA P'~OTElNAS CINZAS CLORETO DE SOOIO AUT ORES

% % -o "0 % %

'

SALSICHAo FRANCES 30 , 00 45 , 00 35 , 00 - - CHEFTEL (1976)

SALSICI~O ESPANHOL 26,60 46,60 13 , 30 5, 34 4, 03 SERRANO MORENO (1979) ~

CHOURICO LSPANHOL 21 , 50 45,40 J0 , 25 5,67 . 3 , 99 BARRANCO SANCI-IU ( 1984) ,_

CHOURICO IDRTUGUES 30 , 07 43 , 08 10 , 88 7,52 - MARQUES DE ABRI:U e'f; al. , ( 1962)

CHOUR it;O PUI~TUGUES 34,14 40,26 20 , 33 5,59 3,99 SDUSA E RIBEmll ( 1983) ( i ndu s t1· La1 J

CHOUfUl;O PURTUGUeS 37 , 29 40,51 :?.1,52 6, 31 - PALMINHA ( 19841 ( indus tr La1 )

SALPICAO DE PORTALEGRE 29 , 30 40 , 30 20, 82 9,51 8,66 CHAGAS PAIVA cl tado par POVOAS JANEIRO ( 19 48)

MAGRO 43 , 00 19,00 28,00 9,50 8,20 GONt;ALVES FERRU!iA E SALPICAO

IGOROO (sern re- 32,50 36,70 7.0,50 9,71 8 , 70 SILVA GRACA (1 !161 ) -fsrenciar a origemJ

SALPIC/\0 01 · VILA REAL 49,00 15.02 28,11 7,23 6,04 CONCEit;Jl'.O MARTINS et al.~ (traba lho para pub lica-c;aal

SALPI CAO DU PLANALTO 34 , 21 21,85 34 , 52 8 , 61 ' 6,97 MIR/\NDES

Page 8: 29 ENCONTRO LUSO GALAICO DE QUfMI CA · 29 encontro luso galaico de qufmi ca porto 20 a 22 novembro 1986 caracteriza~ao vo salpicao vo planal to mzranves comc~.~9.a.o martins e leticia

- 7 -

CONCLUSOES

/

Oest i no da produ~ao do salpi cao , na sua quase t otalidade para au­

t o-consumo, interno e externa ( emigrantes), veri fi cc:ndo-.se di fi -. (

culdade de aquisi9ao des te produto no mercado.

A te.cnologia utilizada nos tres Concelhos da zona do Planal to Mi -

randes nao ap resenta diferen~as significativas, concluindo tratar

- se de uma zona homogenea.

0 salpicao do Planal t o Mirandes apresenta caracteristicas confor­

mes ~ Norma Portuguese NP-581(1969) ~

Os parametros analisados , qui micos e fisico-quimicos nao aprese~

tam diferen~as . significativas entre os lotes correspondentes·aos

tres Concelhos, confirmando tratar-se de um produt o cam caracte­

risticas homogeneas .

Oa compara~ao dos parametros analiticos estudados no s alpicao do

Planalto Mirandes cam produtos similares nacionais e estr~ngeiros~

res sal tarn' alguma_s di feren~as signi ficativas, j usti ficada·s pe la di - J

feren~a da materia-prima, e do processo tecnologico utilizado .

Embora o pH do salpiceo (5,89 ± 0,03) seja superior a media dos

valores recomenrlA0os Dela Directive Co~u~itar~a 77/7~ r .E.E . CS.J

- 5, 2), este produto poder-se-a considerar biologicamente estavel

par apresentar urn valor de aw=0,82 (Dir ective C. E.E. aw ~ 0,91) .

0 baixo val or de aw resulta do facto do produto apresentar urn el~

vado tear em cloret o de s odio (6,79 ± 0,44%), valor excessivoqua~

do comparado cam enchidos estrangeiros, os q.uais apresentam teores

mais de acordo cam a necessidade de redu~ao do conteudo em cloreto

de sodio nos eliment os.

Considera- se viavel a obten~ao de um produto de melhor qualidade,

reduzindo a dose de cloreto de sodio, que ~ adicionado em ex~esso

par a permitir a estabiliza~~o biol6gica , se se obtiver urn pH fi -

nal mais beixo no produto . Para isso , sera necessaria criarcondi

urn aba~xamento do pH e uma melhoria nas qualidades organol~pticas

do produto, situa~~o que pode ser conseguida pela utiliza~ao de

um processo tecnologico mais adequado .

Page 9: 29 ENCONTRO LUSO GALAICO DE QUfMI CA · 29 encontro luso galaico de qufmi ca porto 20 a 22 novembro 1986 caracteriza~ao vo salpicao vo planal to mzranves comc~.~9.a.o martins e leticia

- 6 -

8I6LIOGRP..FIA

(

A.O.A.C., 1975- Official methods of analysis, 12 ed . Association of of­

ficial ana1itica1 chemists, Washington, O.C ..

BARRAUO, C.L . e J.BILLON, 1880 - L' activite de l'eau (aw)des produitsca~

nes , signification du point de vue de la conversation .

RTVP.. (155) :5-6.

BARRANCO SANCHEZ, A., 1984 - Maturacion del chorizo en condiciones natu-

ra1es- Tesina de Licenciatura, 105pp ..

CANTON!, C.,S .O'AU6ERT e G. RUFFO ,l972 - Ricerca sulla maturazione del sa

lame 11 lleJtone-6e.". Industria A1imentari (87):5pp . .

CHEFTEL,J.C. e H.CHEFTEL, 1976- Introdiccion a la Bioq~imica y.Tecnolo­

gia de los A:limentos. Acribia, C.eds) I: 333pp . .

GONC:ALVES FERREIRA, F .A. e .M.E .SIL.YA GRAC:A, 1961- Tabela · de Composit;ao /

Quimica dos Alimentos Portugueses. Institute Superiorde

Higiene Or.RICAROO JORGE .. ~36-37.

I cnl\l cR:::sPo , := .. R.MILLA!'!. r: .t:\.SFRRJl.~Jr. MORFNO, 1978 ·- c~r..hjo s Qufr":~ir,., :: du-

rante la maduracion del ~alchichon . Archives de Zoo -

tecnia 27 (106) : 105-116.

MARQUES DE ABREU,F.M., A.A. OIAS CORREIA e A.A . LOPES MARTINS, 1962 - Con

tribuit;ao para o estudo dos produtos de Salsicharia P.or

guesa. 0 chourit;o de carne Boletim Pecuario, (l ) :185 -J

- 302 .

NORMA PORTUGUESA, 1979 - Carnes derivados e produtos carneos - Oetermina

~eo do azoto total. NP-1612.

NOR~A PORTUGUESA DEFINITIVA, 1969 - Enchidos Portugueses . Salpicao . Oefi

nit;eo e carecteristicas NP-591.

PALMI1HA , M. F . M. L., 1984 - Chourit;a de car ne de fabrica~~o industrial

CErccte:is~iccs tec~olOgices e qu~micc~ . OTIA (34)pp . 7 .

Page 10: 29 ENCONTRO LUSO GALAICO DE QUfMI CA · 29 encontro luso galaico de qufmi ca porto 20 a 22 novembro 1986 caracteriza~ao vo salpicao vo planal to mzranves comc~.~9.a.o martins e leticia

8

PdVOAS JANEIRO,P.,l948- Na96es de sa1sicharie. Biblioteca· Rura1,(eds)I:

:l4Spp ..

SERRi\NO MORENO, A., 1979 - Eva1ucion de varias microflo.ras y su interde -

pendencia con las condiciones fisica-quimicas durante

la maduracion del Salshichon. A1imentaria ( 100) :39-56.

SOUSA, P.M . e A.M. ROORIGUES RIBEiRO, 1983- Chouri9o de carnePortugues . .

Tecnologia da Produ9ao e Caracteriza9ao Quimica, Micr~

bio1ogica e T-ecno1ogica . Industria A1imentar:l4- 23 .