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2 9 d e a b r i l a 2 9 d e m a i o d e 2 0 1 5

D e s e g u n d a a s e x t a , d a s 9 h a s 2 0 h

D e p a r t a m e n t o C u l t u r a l - D e c u l t

G a l e r i a C a n d i d o P o r t i n a r i - U E R J

R u a S ã o F r a n c i s c o X a v i e r , 5 2 4 - M a r a c a n ã - R i o d e J a n e i r o

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A Galeria Candido Portinari é espaço privilegiado de difusão

das artes reconhecendo - nas mais variadas linguagens - valores

que distinguem cada uma delas como instância legitimada, e

legitimadora, de arte.

Nesse sentido, constitui-se em importante instrumento de

democratização das práticas institucionais que, sem criar

hierarquizações entre saberes e fazeres distintos, oferece

oportunidades iguais àqueles que têm nas artes matéria-prima

de expressão, projetos, anseios, verdades.

Por meio dessa galeria, a UERJ dá visibilidade a artistas de

diversos campos, ao abrir espaço para a exposição de conceitos

como: erudito, popular, contemporâneo, moderno, expressões

individuais e coletivas. Linguagens como: desenho, pintura,

escultura, instalação, vídeo e performance que proporcionam

ao público multiplicidade de gestos, olhares, percepções.

São oportunidades que, se por um lado únicas, por outro se

constituem, no conjunto, em uma mesma totalidade, pois se

relacionam num mesmo contexto, se comunicam, influenciam,

renovam, dinamizam no diálogo, na troca de experiências.

CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ/REDE SIRIUS/NPROTEC

P214 Pape, Cristina. 1953- Silêncios / Cristina Pape. – Rio de Janeiro : UERJ, DECULT,

Galeria Candido Portinari, 2015. 32 p. : il. ISBN 978-85-85954-57-4 Catálogo da exposição realizada no período de 29 de abril

a 29 de maio de 2015. 1. Escultura – Exposições. I. Universidade do Estado do Rio

de Janeiro. Departamento Cultural. CDU 069.9:730

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si·lên·ci·o

(latim silentium, -ii)

substantivo masculino

1. Estado de quem se abstém ou

para de falar.

2. Cessação de som ou ruído.

3. Interrupção de correspondência

ou de comunicação.

4. Omissão de uma explicação.

5. Sossego, quietude, calma.

6. Segredo, sigilo.

7. Toque nos quartéis e conventos,

depois do recolher.

8. Expressão usada para impedir de

falar ou pedir que alguém se cale.

(Dicionário Priberam da Língua Portuguesa)

abe reforçar logo de início: o título da exposição de Cristina Pape não se refere necessariamente à ausência de fala, de ruído, mas a um conjunto

de estados decorrentes de certas situações mediante as quais nos abstemos de falar. Não porque devemos nos calar, mas devido ao fato de que é em estado de suspensão que entendemos ser possível nos conectar com algo para além das realidades percebidas, uma vez que, muitas vezes, nossos sentidos só conseguem apreender em superfície o mundo a nossa volta.

Silêncio, no plural, então, refere-se a esses variados estados subjetivos de contemplação, no que tange ao expectador, e a determinadas condições de exposição em que se encontram os objetos de arte, de modo geral, no caso das peças aqui apresentadas. É no silêncio imersivo de ambos, na confluência dessas diferentes naturezas de silêncio, que a possibilidade de

C

comunicação sujeito-objeto se institui. Trata-se de um encontro fenomenológico, em que expectador e obra se singularizam na relação que estabelecem entre si: deixam de ser o que são, para juntos, tornarem-se uma experiência significativa.

Se o barulho da vida diária quase sempre nos remete à desordem, à agitação e à ansiedade, o “estar envolto consigo mesmo”, por outro lado, associa-se à calma, ao estado meditativo, à concentração. O silêncio não é falta, mas o contrário do excesso. É uma atitude, um posicionamento perante as coisas. Neste contexto de encontro no espaço expositivo, essa aproximação procura reconstituir através da experiência do expectador com a obra, de certo modo, o momento de comunhão entre a artista e aqueles objetos que, imersos no mundo, são dele momentaneamente apartados, para assim, apresentados em outro contexto, adquirirem novos e variados significados.

Ao observar silenciosamente os sons, formas, visualidades e processos da natureza, Cristina Pape debruça-se sobre seu entorno próximo. Coloca-se na condição de alguém que incorpora certos hábitos, ações, tornando-se metaforicamente parte de um habitat. Quer vivenciar a experiência animal, observar os fluxos das águas e das plantas, apropriar-se de elementos da paisagem sem ser predadora, estabelecer uma conexão mais profunda com as curtas, médias e longas durações dos ciclos naturais, observar aquilo que é repetição e aquilo que é singularidade. Isso para (re)apreender modos de viver e de fazer arte menos condicionados àqueles que a vida contemporânea parece emular e celebrar como habituais.

Junto aos rios, nas suas constantes coletas, a artista entra em sintonia com o passado geológico, compartilha da natureza da água ao esculpir vagarosamente os seixos, alisar suas superfícies e constituir uma tipologia de formas. A ação dos pássaros que perfuram a semente do coco em busca de alimento, a trama dos ninhos e dos pelos emaranhados, o acúmulo de sedimentos e de material vegetal criando estratificações, tudo corrobora para a afirmação de uma geometria orgânica, cujo rigor é o dos processos naturais e não o da racionalização humana. Assim como no caracol que, para locomover-se, precisa girar seu corpo, direcionando sua concha para o alto, a artista vê nesses processos uma série de estratégias que definem e redefinem os meios de (sua) arte.

Se o silêncio é pausa, pausa é duração. Cristina Pape continua a falar do tempo: tempo geológico, orgânico, fluido, não metrificado. O tempo da experiência. Fala de um constante estado entrópico, em que tudo retorna a estados anteriores, num constante e lento ir e vir das coisas, dos seres vivos, da natureza, do mundo. A arte ainda nos fala de modo simples daquilo que é imponderável. A sutil e silenciosa observação da paisagem, tanto quanto a transcendente e silenciosa contemplação do objeto artístico, são situações que, mais do que omitir algum sentido prévio contido nessas instâncias, nos conduz para um constante ato de retorno, de reinício, de reinterpretação do mundo, da natureza e da própria arte.

Ivair ReinaldimCurador e professor de História e Teoria da Arte da Escola de Belas Artes da UFRJ

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Penélope, quase viúva não queria novo marido, por não ser de fato ele morto. A ave à minha janela, Penélope também, não queria chocar. De dia a labuta e de noite a cama. Novo dia e ninho parecia cama de motel. De noite, quase colchonete. Penélope não queria chocar. Num arroubo outro ninho pertinho dos homens. Penélope não queria chocar.

Dia frio chuvoso durante a semana de tarde. O Jardim Botânico do Rio de Janeiro é um mar calmo. Nenhuma noiva, nenhuma barriga de nove meses, no selfies no jardim como pano de fundo. Nenhum Manet na relva.

Esquilo também fica irritado.

Grita, grita e grita. Por que não

saberia dizer, mas se irrita.

Mico, Macaco Prego, Gambá,

Porco Espinho, Saíra Sete Cores,

Gaturamo, Saí Azul, Maritaca,

Gavião, Gato, Cachorro, Barata,

Rato, Lagartixa, Mosquito, Urubu,

Sebinho, Rolinha, Sabiá, Pombo,

Aranha, Borboleta, Mariposa,

Morcego, Minhoca, Lacraia, Garça,

Gongolo, Periquito verde/vermelho,

Tucano, Coruja, Saíra Militar,

Abelha, Vespa.

Macacos prego filhotes são

como gente criança. Brincam

embolados no chão, correm, vão e

voltam. Divertem-se. Os adultos

não. Sérios, buscam guiar seu grupo.

Sérios, se esquecem de brincar.

FAUNAFLORAJambo rosa, Jambo branco,

Grumixama, Umbu, Pêssego da India, Pitomba, Borassus platanifolia, Cacau, Buriti, Bacupari, Jatobá, Ora-pró-nobis, Barriguda, Sumaúma, Cambuci, Cambuí, Pitanga, Pitanga preta, Cravo da India, Castanha do Pará, Manga, Cajá Mirim, Genipapo.Trilhas desarrumadas terra sem grama.

Jaca, Ingá e Cambucá. Clausena, serena, quase jujuba.Árvore da salsinha, Cactos, Bromélia,

Baobá, Paineira vermelha, Bambu amarelo, Palmeira Imperial, Caviúna, Mogno, Vinhático, Pau ferro, Chorona, Vitória-Régia, Lotus, Couroupita guianensis, Pau D’Alho, Ipê Rosa, Roxoe Amarelo, Bambu Gigante.

MOVIMENTOS

Etapas: Vidro e pedra. Equilíbrio

limítrofe. Flexibilidade na borracha, Mar,

Rococó. Ouro que reluz, Mercado Madureira.

Morte. Cartografias. Texto.

Não faço Arte. Opção Paleolítica.

Da Plataforma, só para saltar.

Não me enquadro. Sou ângulo pouco reto.

Acredito que vida é movimento, logo, toda

pedra se move.

Grão infinitamente menor que um grão,

tão quase nada que assusta. O corpo pesa,

envelhece, dá trabalho. Caos e organização.

Espero a vida sem corpo. Quem sabe?

Qual a idade da pedra?

Só sei que morrerei.

Gaviões sobrevoam meu quintal.

As pedras? Rolam há muito nas águas dos

rios. Quase geometria.

O gato é amarelo, meu cabelo preto, branco,

verde, castanho e cinza. Nos misturamos.

Uma pedra é uma pedra, disse um homem

certa vez.

Tudo me interessa. Debaixo da copa de

árvore espero a vida. Uma nuvem, trilha

de formigas, uma pedra, o limo. Observo.

A lente me desvenda o mundo. O Símio

e a Alavanca.

Lendas

FRAGMENTOSTextos de Cristina Pape

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MISTÉRIOfruto6 cm x 4 cm (diâmetro)2015

NINHO DE GATOSninho e pelos15 cm x 35 cm (diâmetro)2015

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GEOMETRIAcoquinhos6 cm x 3 cm 2015

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PEDRA ALADApedra e asa de saíra sete cores15 cm x 7 cm x 4 cm2015 PEDRA ALADA

detalhe

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ETERNO RETORNOferro bruto e erodido em forma fundida22 cm x 30 cm x 4 cm2015

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ARQUEOLOGIAsal grosso com água e mariposa10 cm x 25 cm (diâmetro)2015

ARQUEOLOGIAdetalhe

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OSSOS13 cm x 5 cm x 3 cm2014

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CIGARRA 5 cm x 1,5 cm2015 SEMENTE TRIPARTIDA

fruto4 cm x 4 cm (diâmetro)2015

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MARCA D’ÁGUApedra e folhade ouro 18K58 cm x 20 cm x 10 cm2015

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SAPUCAIAfruto40 cm x 25 cm (diâmetro)2015

GEOMETRIAcoquinhos1 cm x 1 cm (cada)2015

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MEU GATO E EUpelos de gato e humano57 cm x 40 cm x 17 cm2003 - 2015

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Exposições Coletivas

1987. Novos Novos – Centro Empresarial do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

1990. Art Brasil-Berlin – Bildhauerei galerie Messer-Ladwig, Berlin, Alemanha.

1992. Anéis Performáticos – Galeria da UFF, Niterói.

1992. Fünf aus Brasilien – Die Pumpe, Berlin, Alemanha.

1994. Arte Brasil Heute – Europäischen Patentamt München, München, Alemanha.

1995. Arte no Parque – Museu da República, Rio de Janeiro.

1995. Configura 2 – Dialog der Kukturen, Erfurt, Alemanha.

C r i s t i n a P a p e

1 9 5 3 , R i o d e J a n e i r o

B i ó l o g a , m e s t r e e m P s i c o l o g i a d a E d u c a ç ã o ( I E S A E / F G V ) , d o u t o r a e m

L i n g u a g e n s V i s u a i s ( E B A / U F R J ) .

P r o f e s s o r a a d j u n t a d o I n s t i t u t o d e A r t e s d a U n i v e r s i d a d e d o E s t a d o

d o R i o d e J a n e i r o .

Exposições Individuais

1990. Barrocos – Galeria Orlando Bessa, Rio de Janeiro.

1992. Mar Negro – Espaço Cultural Sérgio Porto, Rio de Janeiro.

1998. Tudo que reluz é ouro – Museu da República, Rio de Janeiro.

1996. Air du Temps – Galeria de Arte IBEU, Rio de Janeiro.

2000. Mercado Madureira – Paço Imperial, Rio de Janeiro.

2005. Cartografia do Desespero – Escola de Artes Visuais do Parque Laje, Rio de Janeiro.

2006. Fragmentos Deflagradores – UFRJ, Rio de Janeiro.

1996. Dialog Experiências alemães – Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro.

1997. Palavreiro – Galeria Lygia Clark, FUNARTE, Rio de Janeiro.

1997. Latin American Art: The University of Essex Collection – Colchester, Inglaterra.

1998. XVI Salão Nacional de Artes Plásticas – Rio de Janeiro

1998. Correspondance Leipziger Jahreaustellung 1998, Leipzig, Alemanha.

2001. Orlandia – Rua Jornalista Orlando Dantas, Laranjeiras, Rio de Janeiro.

ReitorRicardo Vieiralves de Castro

Vice-ReitorPaulo Roberto Volpato Dias

Sub-Reitoria de Extensão e CulturaRegina Lúcia Monteiro Henriques

Diretor do Departamento CulturalRicardo Gomes Lima

Coordenadora de ExposiçõesCáscia Frade

Comunicação SocialAmanda NevesJulianna Paes

Projeto GráficoAlexandre MachadoRodrigo AshtonSidiney Rocha

Revisão de TextoAmanda Neves

Organização e Projeto ExpositivoLeandro AlmeidaRejane ManhãesRoberto ReisSalete Pena

IluminaçãoEquipe da Divisão de Teatro

MonitoriaBruno StrzodaChristian PancioneGustavo MascarenhasJéssica BarretoMarina da GamaMatheus AbbadePriscila MarquesRafaela YaraThaís Videira

Equipe Técnico-AdministrativaHeloísa BarbosaRenato Cascardo

FotografiaWilton Montenegro (p. 11, 14, 18, 24-25, 28-29)Vitor Paranhos (p. 20-21, 26, 30)Cristina Pape (capa, p. 10, 12-13, 15, 17, 19, 22, 23, 27)

Realização Impressão