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19 Fatores de textualidade As palavras têm o poder de destruir e de curar. Quando são ao mesmo tempo sinceras e gentis, elas podem mudar nosso mundo. Zuangzi Na aula anterior, estudamos as noções de texto e os aspectos da comunicação. Esta aula tem o objetivo de que você consiga identificar, nos textos, os fatores de tex- tualidade, bem como usar esses mesmos fatores em suas produções escritas. Como está dito na primeira aula, um texto/discurso é uma unidade, uma intera- ção entre interlocutores, interpelados como sujeitos a partir de um lugar social. Vimos, também, que as materialidades podem ser as mais variadas: desde uma palavra, como “Uai!”, até um capítulo de romance. Mas, para que seja realmente uma unidade de comunicação, há fatores que caracterizam a textualidade. Fatores de textualidade Beaugrande e Dressler (1983) apontam sete fatores de textualidade: Coerência; Coesão; Intencionalidade; Aceitabilidade; Situacionalidade; Informatividade; Intertextualidade. Os fatores internos ao texto, intrínsecos, devem estar claros e presentes. São eles: coesão, coerência e intertextualidade. Os demais fatores, enunciados por Beaugrande e Dressler, estão na periferia do texto, até no contexto. A seguir, vamos tratar sobre cada um deles.

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texto sobre textualidade

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Fatores de textualidade

As palavras têm o poder de destruir e de curar.

Quando são ao mesmo tempo sinceras e gentis,

elas podem mudar nosso mundo.

Zuangzi

Na aula anterior, estudamos as noções de texto e os aspectos da comunicação. Esta aula tem o objetivo de que você consiga identificar, nos textos, os fatores de tex-tualidade, bem como usar esses mesmos fatores em suas produções escritas.

Como está dito na primeira aula, um texto/discurso é uma unidade, uma intera-ção entre interlocutores, interpelados como sujeitos a partir de um lugar social. Vimos, também, que as materialidades podem ser as mais variadas: desde uma palavra, como “Uai!”, até um capítulo de romance. Mas, para que seja realmente uma unidade de comunicação, há fatores que caracterizam a textualidade.

Fatores de textualidadeBeaugrande e Dressler (1983) apontam sete fatores de textualidade:

Coerência;

Coesão;

Intencionalidade;

Aceitabilidade;

Situacionalidade;

Informatividade;

Intertextualidade.

Os fatores internos ao texto, intrínsecos, devem estar claros e presentes. São eles: coesão, coerência e intertextualidade. Os demais fatores, enunciados por Beaugrande e Dressler, estão na periferia do texto, até no contexto. A seguir, vamos tratar sobre cada um deles.

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CoerênciaA coerência é responsável pela unidade semântica, pelo sentido do texto, envol-

vendo não só aspectos lógicos e semânticos, mas também cognitivos. Esse fator não está no texto, mas se constrói a partir dele, envolvendo autor e leitor. Com sua expe-riência de vida, o autor cria uma determinada situação, com uma finalidade. O leitor, também usando seus conhecimentos e experiências, vai produzir uma leitura em que o sentido se faz presente.

Vejamos um exemplo em que o sentido do texto fica incoerente, fica truncado: “No sertão as casas ficaram alagadas devido ao mau tempo, embora não tenha chovido e a seca fosse intensa”. Ora, existem dois motivos para as casas alagarem: vazamento de água e chuva. Ativando nossas experiências e conhecimento de mundo, verificamos que, em região de seca, no sertão, pela forma como as pessoas valorizam a água, não haveria possibilidade de vazamento; por outro lado, não chovera. Temos uma incoe-rência cognitiva na qual o sentido está ausente.

CoesãoA coesão garante a unidade do texto por meio do uso adequado dos conheci-

mentos gramaticais e lexicais. Enquanto a coerência está diluída no texto, a coesão aparece claramente no texto. Por isso, afirma-se que, por meio da construção, se perce-be a coesão, que pode ser entendida como a “liga” do texto.

Observe que, no exemplo “Estava dormindo porque o sol nasceu”, o texto fica in-coerente devido ao uso indevido da conjunção “porque”, que dá ideia de causa. O cor-reto seria usar um operador argumentativo de tempo. A frase ficaria: “Estava dormindo quando o sol nasceu”.

Enquanto a “coerência” é subjacente ao texto, a coesão é revelada por meio das marcas linguísticas, dos índices formais na estrutura da sequência linguística e superfi-cial do texto que lhe dá um “fio condutor”.

Coesão é a ligação, a relação de nexos que se estabelecem entre os elementos que constituem uma superfície textual.

IntencionalidadeEssa característica refere-se à competência do autor em elaborar um texto coe-

rente e coeso, com a finalidade de atingir o objetivo que pretende ou deseja explicitar.

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Por exemplo, se quero viajar e viajo, normalmente o meu desejo causará o evento que representa, o ato de viajar com todos os outros necessários para realizar a viagem. Há, portanto, conexão interna entre a causa e o efeito, porque se tenho um desejo (viagem), que é a causa, vai originar um efeito, que é eu viajar.

AceitabilidadePara que o texto seja aceito, deve apresentar coesão e coerência, além de ser útil e

ter relevância. Precisa, também, ter verdade, mesmo sendo ficção, mesmo que seja um simulacro do real; ter autenticidade e quantidade: um número tal de informações que permitam ao leitor tomar posse do texto, sem que haja vazios e lacunas que tornem o texto sem sentido. A cooperação do leitor faz-se presente desde que o autor corres-ponda a uma necessidade do leitor.

Analisando a frase “Aquele rapaz disse isso”, podemos afirmar que essa frase solta não pode atender às necessidades do leitor. Que rapaz? Disse o quê?

Note a diferença:

Paulo Lima Duarte, autor conceituado (aquele rapaz), disse que todos nós pre-cisamos rever o que escrevemos a fim de estarmos certos de ter feito o melhor (disse isso).

SituacionalidadeO texto deve estar adequado a um contexto, situado em relação aos fatos em

volta dele. Deve ter compatibilidade com a situação, ser coerente com o contexto em que aparece. Vejamos o texto a seguir:

A jovem motorista de 25 anos estacionou seu carro em vaga de idoso no sho-pping. Uma senhora idosa, que estava para estacionar naquele espaço, esperou a jovem sair do carro e disse:

– Poderia me dar o telefone de seu dermatologista ou de seu cirurgião plástico?

Sem entender direito, a jovem perguntou:

– Por quê? Como?

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A senhora respondeu:

– Ora, porque você está muito bem conservada.

Compreendemos esse diálogo devido à situacionalidade. Vaga de idoso é re-servada para pessoas acima de 60 anos. É claro que a jovem de 25 terá a aparência correspondente a essa idade, daí a ironia da senhora ao querer saber quais médicos teriam efetuado aquela maravilha: uma idosa com aparência de 25 anos.

InformatividadeRefere-se às informações que são colocadas no texto. É um aspecto delicado, pois

informações demais deixam o texto sem criatividade e até infantilizado; por outro lado, se faltar de informações, o texto não atinge o objetivo de comunicabilidade. Um texto criativo pode ter menor informatividade, ser menos previsível, no entanto, ser interes-sante, envolvente, desde que venha ligado a dados conhecidos.

Vejamos o exemplo desse texto jornalístico:

No México, os comerciais dirigidos a crianças precisam trazer alguma mensa-gem educativa. Os anunciantes podem mostrar as crianças se entupindo de sucri-lhos ou de chocolate, desde que no pé da tela corra um letreiro com os dizeres ‘Coma legumes e verduras’ ou ‘Escove os dentes três vezes ao dia’

(Disponível em: <http://www.escritoresalagoanos.com.br/texto/2140>).

IntertextualidadeVem a ser a relação de um texto com outros textos. Para identificar a intertextua-

lidade, é importante uma história de leituras, uma vez que um texto se constrói em cima de um “já-dito”. A intertextualidade acontece da seguinte forma: existe um texto primeiro e sobre ele se constrói um outro, com passagens, versos ou frases que permi-tem ao leitor identificá-lo, relacionando-o com o primeiro. O segundo texto fica, diga-mos, “contaminado” pelas ideias ou pela construção daquele sobre o qual se constrói. E esse processo é contínuo, pois há sempre um “a-dizer” marca da incompletude da linguagem. Portanto, intertextualidade é o processo de produzir um texto construído como absorção ou transformação de outros textos, e um discurso se elabora em “vista” do outro.

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Estamos entrando no campo do dialogismo de Bakhtin – “em que o outro” per-passa, atravessa, condiciona o discurso do “eu”. Por exemplo, a primeira experiência de linguagem a criança aprende da mãe e dos familiares que a cercam. À medida que cresce, ela vai elaborar sua própria linguagem – até esquecendo a origem primeira. O seu discurso será então uma elaboração sobre as outras vozes, outros discursos. Por exemplo: o discurso citado será colocado entre aspas e em nota, indica-se o autor e de onde ele foi retirado – mas essa citação deve ser tecida no texto.

O conceito de intertextualidade diz respeito ao processo de construção, reprodu-ção ou transformação do sentido – um novo texto que tem como suporte um outro. Veja um exemplo:

Pero Vaz de Caminha, na carta ao rei de Portugal, diz: “As águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la, tudo dará nela, por causa das águas que tem” (CASTRO, 1996, p. 97).

No início dos anos 1980, houve um movimento iniciado no Sul do Brasil, que pre-tendia separar o chamado “sul maravilha” do Nordeste. Um dos argumentos usados foi o seguinte:

O Nordeste atrasa o Sul, os nordestinos são preguiçosos e usam a seca como desculpa. Caminha mesmo escreveu para o rei: “A terra é tão maravilhosa que nela se plantando tudo dá”. (Transcrito de uma entrevista na TV)

O entrevistado transformou e manipulou o que Caminha escreveu realizando um apagamento significativo. Na carta, Caminha fala das águas, e o entrevistado deu ênfase para terra.

Às vezes, produz-se um apagamento intencional do já-dito, pois a intenção é dizer algo novo. No exemplo, há uma voz institucionalizada – Caminha – que é usada como argumento de autoridade.

Para a compreensão global de um texto, muitas vezes, é preciso entender as alu-sões e referências que ele faz a outros textos. No exemplo citado, se o ouvinte da entre-vista não tem conhecimento do texto primeiro, a Carta ao rei, por ocasião da descoberta do Brasil, poderá inocentemente ou ingenuamente concordar com o entrevistado.

Tendo Foucault como fonte teórica, Courtine (1981 apud BRANDÃO, s.d., p. 78) distingue comportamentos linguísticos que constroem a intertextualidade:

O domínio da memória – É o texto preexistente – que a memória discursiva separa e elege numa determinada contingência histórica. É o texto que subjaz

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ao texto novo – ausente na escritura, mas presente na memória pelas seme-lhanças ou rompimentos que o novo texto traz.

Constitui o domínio da memória uma voz sem nome, fruto de todo conhe-cimento dominado por um leitor. Como tal é irrepresentável, pois vem a ser tudo o que sabemos, e aqui não está significando memória como antônimo de esquecimento, mas todo o saber de um indivíduo.

Um domínio da atualidade – Trata-se de sequências discursivas do passado reatualizadas. É um campo de presença. É o texto atual fundado sobre o outro. É um texto que sobre outro que surge da semelhança ou da ruptura.

Um domínio de antecipação – Segundo Courtine, revela o caráter aberto da relação discursiva. São as possibilidades que um texto oferece de ser repetido, refeito em outra circunstância, trazendo novos sentidos. “Se há um ‘sempre-já’ do discurso, pode-se acrescentar que haverá um ‘sempre-ainda’” É impossível atribuir um fim a um processo discursivo. Há sempre novas possibilidades, novas intertextualidades.

Vamos exemplificar os três itens anteriores com uma parte da letra da música Monte Castelo, de Renato Russo.

Ainda que eu falasse a língua dos homens

E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

Para compor esse texto, Renato Russo se valeu do domínio da memória, pois o trecho em questão faz parte da carta de São Paulo aos Coríntios, 13, 1 e 2: “Se eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos e não tivesse amor, [...] eu nada seria”. Essa carta foi escrita entre os anos 50 e 51 d.C. Esse é o domínio da memória.

O domínio da atualidade se faz presente no momento em que Renato Russo compôs essa letra e acrescentou uma parte da carta de Paulo e outra do soneto de Camões, que também é do domínio da memória. O modo como reuniu suas ideias às de Paulo aos Coríntios e ao soneto de Camões traz para o domínio da atualidade um texto do passado.

Quanto ao domínio da antecipação, qualquer autor pode fazer uso dos dizeres da Carta de São Paulo e trazer para o domínio da atualidade, do seu modo, com seus critérios. É um texto sempre disponível para novas interpretações, novas construções a partir dele. Esse é o sempre-ainda.

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Fatores de textualidade

A percepção das relações intertextuais, da referência de um texto a outro, de-pende do repertório do leitor. Daí a importância da leitura, para ter a compreensão do texto e ao mesmo tempo para o despertar da criticidade – da leitura crítica e conscien-te. Por exemplo, uma pessoa pode muito bem cantar toda a música Monte Castelo sem jamais saber que parte dela vem dos anos 50/51 d.C., o mesmo acontecendo com o soneto de Camões que faz parte da música.

Ao ler o texto, é preciso levar em conta os seguintes aspectos:

Dialogismo - É a presença do eu e do outro. No caso da música Monte Castelo, estão presentes eu-leitor e o outro-compositor. Há um leitor inscrito no texto do autor, alguém em quem ele pensa no momento da composição.

Polifonia - Refere-se às várias vozes do texto. No texto Monte Castelo, nós temos claramente as vozes de Paulo, de Camões, de Renato Russo.

Intertextualidade - Diz respeito a vários textos que se entrecruzam no tempo e no espaço. Está visível a intertextualidade no texto, observam-se textos que se entretecem.

As formas de intertextualidade em evidência são: citação, paráfrase, paródia.

A citação consiste em apresentar um discurso de outro no próprio discurso. Acon-tece quando escrevemos um trabalho ou uma pesquisa e, para referendar o que pre-tendemos provar, citamos outro autor. Essa citação vem marcada por aspas, nome do autor e do livro em que ela aparece. Outra forma de citação é a de ditados populares ou frases do senso comum presentes na cultura de um país.

A paráfrase consiste em reafirmar, com palavras diferentes, o mesmo sentido de outro texto. A paráfrase consiste no “mesmo” dito de outra forma. Trata-se do já-dito, o estável, o retorno constante ao mesmo. Há um texto que é a matriz do sentido – e essa matriz é repetida com o mesmo sentido, mas com outras palavras – há um deslo-camento sem que haja traição ao seu significado primeiro. Por exemplo, Caetano, na letra da música Sampa, diz: “Narciso acha feio o que não é espelho”. Nesse caso, temos uma paráfrase da mitologia grega.

A paródia estabelece uma ruptura com o texto primeiro. O distanciamento é ab-soluto. A linguagem torna-se dupla sendo impossível a fusão de vozes: é uma escrita transgressora, que engole e transforma o texto primitivo, articula-se sobre ele, reestru-tura-o, mas, ao mesmo tempo, o nega – estabelecendo a intertextualidade e possibili-tando a dupla leitura. A paródia não se reduz a uma mera repetição do texto primitivo, mas soa como um eco deformado e as palavras do outro se revestem de algo novo e se tornam bivocais. Leia os textos a seguir para ver como ocorre a paródia.

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Texto Primeiro

No Meio do CaminhoCarlos Drummond de Andrade

No meio do caminho tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

tinha uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra

Nunca esquecerei desse acontecimento

na vida de minhas retinas tão fatigadas

Nunca me esquecerei desse acontecimento

que no meio do caminho

tinha uma pedra

tinha uma pedra no

meio do caminho

no meio do caminho

tinha uma pedra

Parafraseando Drummond – Intertextualidade

No Meio do CaminhoNilza Cercato

No meio do caminho tinha aqueles olhos

tinha aqueles olhos no meio do caminho

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Fatores de textualidade

tinha aqueles olhos

no meio do caminho tinha aqueles olhos.

Nunca esquecerei desse acontecimento

na vida de minhas retinas tão fatigadas.

Nunca me esquecerei desse acontecimento

que no meio do caminho

tinha aqueles olhos.

Tinha aqueles olhos no meio do caminho

No meio do caminho tinha aqueles olhos.

Ah! Que olhos!!! Seguem-me até hoje.

Depois de ter visto como acontecem as formas de textualidade, podemos concluir que:

uma estrutura nunca está constituída completa e perfeitamente, uma vez só e para sempre, antes da leitura que a tira do limbo e a repõe em movimento, no ato interpretativo que cada leitura engaja – “[...] mas se elabora em relação a uma outra estrutura”(MAINGUENEAU, 1989, p. 39) –, o que quer dizer que podemos ter um texto voltando, com significados diferentes, desde que o autor ponha em funcionamento a linguagem e as condições de produção;

quando dizemos “[...] todo texto é absorção e transformação de outro texto” (MAINGUENEAU, 1989, p. 39), trazemos a questão da citação, com a qual um texto não resulta nem direta nem exclusivamente de uma língua natural, mas de outros textos, seus predecessores.

Proponho a você que leia a letra da música Bom Conselho, de Chico Buarque, e procure relacionar com os ditados populares que seguem o texto. Veja como o autor trabalha a intertextualidade. Divirta-se.

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Bom ConselhoChico Buarque

Ouça um bom conselho

que eu lhe dou de graça

Inútil dormir que a dor não passa

Espere sentado

Ou você se cansa

Está provado,

quem espera nunca alcança

Venha, meu amigo

Deixe esse regaço

brinque com meu fogo

tenha se queimar

Faça como eu digo

Faça como eu faço

Aja duas vezes antes de pensar

Corro atrás do tempo

Vim de não sei onde

Devagar é que não se vai longe

Eu semeio vento na minha cidade

Vou pra rua e bebo a tempestade

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Fatores de textualidade

Provérbios populares“Uma boa noite de sono combate os males”

“Quem espera sempre alcança”

“Faça o que eu digo, não faça o que eu faço”

“Pense, antes de agir”

“Devagar se vai longe”

“Quem semeia vento, colhe tempestade

(Disponível em: http://<www.thefreelibrary.com/revisitando o conceito de proverbio.-

a020011751>.)

Espero que tenha notado como a intertextualidade está presente em nosso coti-diano. Nem sempre é fácil identificar se há intertextualidade, por isso eu recomendo leitura. Quanto mais você conhecer, mais fácil será identificar a origem de uma paródia ou analogia, ou paráfrase.

Síntese

Os fatores de textualidade são relevantes para oferecer sentido ao texto. Quando um texto está incoerente, ou sem coesão, por exemplo, não há como estabelecer o sentido adequado. Outros elementos situam-se em torno desses dois, que são fundamentais.

Questão para reflexão

Reflita sobre a frase de Maingueneau (1989, p. 39): “Um discurso não vem ao mundo numa inocente soletude, mas constrói-se por meio de um já-dito em relação ao qual toma posição.”

Leitura indicada

Para complementar seu estudo, leia o capítulo “Atividades e estratégias de pro-cessamento textual”, do livro O Texto e a Construção de Sentido, de Ingedore Koch, da Editora Contexto, 2000.

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Sites indicados

<www.foa.org.br/cadernos/edicao/04/57>.

<www.slideshare.net/cleiantjohnny/4o-dia-tp5-os-princpios-da-textualidad>.

Referências

BEAUGRANDE, R. A.; DRESSLER, W. U. Introduction to Text Linguistics. London, Long-man, 1983.

CASTRO, Silvio. A Carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L & PM, 1996.

CHAROLLES, Michel. Introduction aux Problèmes de la Cohérence Textuelle. Paris: Langue Française, 1978.

KOCH, Ingedore G. Villaça. Desvendando os Segredos do Texto. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

______. O Texto e a Construção de Sentidos. São Paulo: Contexto, 2000.

LYONS, John. Linguagem e Linguística: uma introdução. Rio de Janeiro: LTC, 1969.

MAINGUENEAU, D. Novas Tendências em Análise de Discurso. SP, Campinas: Pontes, 1989.

ORLANDI, Eni P. Discurso e Leitura. Campinas: Cortez/Editora da Unicamp, 1988.

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