texto e fatores de textualidade

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TEXTO Profa Nádia Costa

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  • TEXTO

    Profa Ndia Costa

  • TEXTO

    toda e qualquer manifestao da capacidade textual do ser humano (uma msica, um filme, uma escultura, um poema etc.), e, em se tratando de linguagem verbal, temos o discurso, atividade comunicativa de um sujeito, numa situao de comunicao dada, englobando o conjunto de enunciados produzidos pelo locutor (ou pelo locutor e interlocutor, no caso dos dilogos) e o evento de sua enunciao

    (Fvero e Koch, 1983, p. 25).

  • Fatores de textualidade:

    contextualizao

    coeso

    coerncia

    intencionalidade

    informatividade

    aceitabilidade

    situacionalidade

    intertextualidade

    Favero, 2009

  • Coeso e coerncia

    Coerncia

    Manifesta-se em grande parte macrotextualmente, refere-se aos modos como os componentes do universo textual, isto , os conceitos e as relaes sub jacentes ao texto de superfcie, se unem numa configurao, de maneira reciprocamente acessvel e relevante. Assim a coerncia o resultado de processos cognitivos operantes entre os usurios e no mero trao dos textos.

    Coeso: manifesta-se no nvel microtextual, refere-se aos modos como os componentes do universo textual, isto , as palavras que ouvimos ou vemos, esto ligados entre si dentro de uma sequncia.

  • Coeso e coerncia: h distines?

  • Coeso

    Um texto tem uma textura e isto que o distingue de um no texto. O texto formado pela relao semntica de coeso (p. 2).

    Hailiday e Hasan (1976) afirmam que o que permite determinar se uma srie de sentenas constitui ou no um texto so as relaes coesivas com e entre as sentenas, que criam a textura:

  • Exemplo:

    Wash and core six cooking apples. Put them into a fireproof dish.

  • Coeso

    Entende-se como um conceito semntico referente s relaes de sentido que se estabelecem entre os enunciados que compem o texto; assim, a interpretao de um elemento depende da interpretao de outro.

    O sistema lingustico est organizado em trs nveis: o semntico (significado), o lxico-gramatical (formal) o fonolgico ortogrfico (expresso). Os significados esto codificados como formas e estas, realizadas como expresses. Desse modo, a coeso obtida parcialmente atravs da gramtica e parcialmente atravs do lxico.

  • Coeso

    Meu filho no estuda nesta Universidade. Ele no sabe que a primeira Universidade do mundo romnico foi a de Bolonha. Esta Universidade possui imensos viveiros de plantas. A Universidade possui um laboratrio de lnguas.

    o item lexical Universidade vem constantemente retomado e o sintagma nominal meu filho vem pronominalizado.

  • Coeso

    Referencial

    Recorrencial

    Sequencial

  • Coeso referencial

    Substituio

    Reiterao

  • Referncia

    Funo pela qual um signo lingustico se relaciona a um objeto extralingustico. Pode ser: situacional ou exofrica (extratextual) textual ou endofrica (anafrica ou catafrica).

  • COESO

    Exofrica Te = lhe daquilo

    Endofrica

    Seus pais

    eles

  • Substituio

    Ocorre quando um componente retomado ou

    precedido por uma pro-forma (elemento gramatical

    representante de uma categoria como, por

    exemplo, o nome; caracteriza-se por baixa

    densidade smica: traz as marcas do que substitui).

    No caso de retomada, tem-se uma anfora e, no

    caso de sucesso, uma catfora.

  • ELIPSE .

  • PRONOMINALIZAO

    ANFORA

  • UMA VELA

    A VELA

    DEFINITIVIZAO

  • Tenho um automvel. Ele verde. H a hiptese de terem sido os asiticos os primeiros habitantes da Amrica. Essa hiptese bastante plausvel. Lcia corre todos os dias no parque. Patrcia faz o mesmo. Mariana e Luiz Paulo so irmos. Ambos estudam ingls e francs. Paula no ir Europa em janeiro. L faz muito frio.

  • Reiterao

    A reiterao (do latim reiterare = repetir) a repetio de expresses no texto (os elementos repetidos tm a mesma referncia).

    1. Repetio do mesmo item lexical

    1. Sinnimos: A questo da sinonmia extremamente complexa. No existe sinonmia verdadeira, j que todos os elementos lxicos so, de algum modo, diferenciados e a lngua no um espelhamento simtrico do mundo. Afinal no existe identidade semntica absoluta

  • Reiterao

    3. Hipernimos e hipnimos

    Quando o primeiro elemento mantm com o segundo uma

    relao todoparte, classeelemento, tem-se um

    hipernimo; e, quando o primeiro elemento mantm com o

    segundo uma relao partetodo, elemento classe, tem-

    se o hipnimo. Diferentemente dos hipernimos, os

    hipnimos permitem maior preciso, deixando o texto

    menos vago.

  • 4. Expresses nominais definidas

    Quando h retomadas (repeties) do mesmo fenmeno por formas diversas, esse tipo de reiterao baseia-se no nosso conhecimento do mundo e no num conhecimento somente lingustico.

    5. Nomes genricos

    Nomes gerais como gente, pessoa, coisa, negcio, lugar, ideia funcionam como itens de referncia anafrica.

    Reiterao

  • Coeso recorrencial

  • Coeso recorrencial

    A coeso recorrencial se d quando, apesar de haver re tomada de estruturas, itens ou sentenas, o fluxo informacional caminha, progride; tem, ento, por funo levar adiante o discurso.

    Constitui um meio de articular a informao nova (aquela que o escritor/locutor acredita no ser conhecida) velha (aquela que acredita conhecida ou porque est fisicamente no contexto ou porque j foi mencionada no discurso)

  • recorrncia de termos

    paralelismo (= recorrncia de estruturas)

    parfrase (= recorrncia semntica)

    recursos fonolgicos segmentais e supra-

    segmentais

    Coeso recorrencial

  • Recorrncia de termos

    Ocorrem as funes de nfase, intensificao e um meio para deixar fluir o texto.

    Irene preta Irene boa Irene sempre de bom humor [.....]

    O que h em mim sobretudo cansao No disto nem daquilo, nem sequer de tudo ou de nada: Cansao assim mesmo, ele mesmo, Cansao.

    Pedro pedreiro, pedreiro esperando o trem que j vem, que j vem, que j vem, que j vem...

  • Paralelismo Ocorre paralelismo quando as estruturas so reutilizadas, mas com diferentes contedos.

    No poema de Manuel Bandeira Irene no Cu, h no s recorrncia de termos, mas tambm de estruturas. Irene preta Irene boa Irene sempre de bom humor [.....]

    Eia! eia! eia! Eia eletricidade, nervos doentes da Matria! Eia telegrafia sem fios, simpatia metlica do Inconsciente! Eia tneis, eia canais, Panam, Kiel, Suez! Eia todo o passado dentro do presente! Eia todo futuro j dentro de ns! eia! Eia! eia! eia! Frutos de ferro e til da rvore-fbrica Cosmopolita! Eia! eia! eia-h--! Nem sei que existo para dentro. Giro, rodeio, engenho

  • Parfrase uma atividade efetiva de reformulao pela qual, bem ou mal, na totalidade ou em parte, fielmente ou no, se restaura o contedo de um texto- fonte, num texto-derivado.

    todo e qualquer texto tem uma multivocidade inerente (= muitas leituras); o enunciador faz sempre uma interpretao do texto-fonte e, assim, no s o restaura de modo diferente, mas tambm faz uma interpretao do texto derivado no momento em que o produz como parfrase.

  • Recursos fonolgicos, segmentais e supra-segmentais

    Ritmo: A durao relativa das slabas est ligada, de um lado, posio das pausas, acentos e entoao; de outro, a mudana do tempo pode constituir por si s uma funo delimitadora ou um realce.

    O silncio pode indicar: fim do texto; o locutor necessita de tempo para refletir; perdeu o interesse em prosseguir seu discurso; no pode ou no quer dar uma resposta (por exemplo, porque no quer comprometer-se abertamente); cala-se intencionalmente (por exemplo, por cortesia, para no magoar o interlocutor); a ameaa, especialmente se h uma interrupo definitiva (aposiopese).

    Se voc fizer isto, ento...

  • Entoao: o andamento da altura tonal tem, no texto, funo distintiva e demarcativa: distintiva, porquanto a melodia do texto diferente da frase, e demarcativa, porque delimita as pores textuais: h mais claramente uma entonao descendente no fim de uma sequncia e ascendente no incio de outra. Isto se torna mais evidente na lngua falada, porm no exclusivo dela.

    Recursos fonolgicos, segmentais e supra-segmentais

    Disse a sua parte at o fim, calou-se, fez ponto final e seguiu o seu caminho como um homem.

  • Recursos de motivao sonora A expressividade das vogais e das consoantes, aliteraes, ecos, assonncias etc.

    Na messe que enloirece, estremece a Quermesse; O sol, celestial girassol, esmorece... E as cantilenas de serenos sons amenos Fogem fluidas, fluindo fina flor dos fenos... As estrelas com seus halos Brilham com brilhos sinistros... Cornamusas e crtalos, Ctolas, citaras, sistros Soam suaves, sonolentos, Em suaves, lentos lamentos De acentos Graves... Suaves...

    Vozes veladas, veludosas vozes, Volpia dos violes, vozes veladas, Vagam dos velhos vrtices velozes dos ventos, vivas, vs, vulcanizadas,

  • Coeso sequencial

  • Sequenciao temporal: 1 ordenao linear dos elementos:

    2 expresses que assinalam a ordenao ou continuao das sequncias temporais:

    3 partculas temporais:

    4 correlao dos tempos verbais (consecutio temporum):

    Coeso sequencial

    Vim, vi e venci.

    Primeiro vi a moto, depois o nibus.

    No deixe de vir amanh.

    Ordenei que deixassem a casa em ordem.

    congela Se a gua atingir O C, congelar. congelou.

  • Conexo sequencial (Marcuschi, 1983)

    Repetidores: recorrncia, paralelismo e definitivizao.

    Substituidores: parfrase, pro-formas (nominais,

    verbais, adverbiais e pro-sintagmas), pronominalizao

    (anfora, catfora e exfora) e elipse.

    Sequenciadores: tempo, aspecto, disjuno, conjuno,

    contrajuno, subordinao, tema-rema.

    Moduladores: entoao e modalidades.

  • Sequenciao por conexo: Num texto, um enunciado est subordinado a outros na medida em que no s se compreende por si mesmo, mas ajuda na compreenso dos demais. Esta interdependncia semntica e/ou pragmtica expressa por operadores do tipo lgico, operadores discursivos e pausas.

    Coeso sequencial

    Os operadores discursivos tm por funo estruturar, atravs de encadeamentos, os enunciados em textos, dando-lhes uma direo argumentativa, isto , orientando o seu sentido em dada direo.

  • 1 Operadores do tipo lgico:

    Disjuno: combina proposies por meio do conector ou, que pode ser inclusivo.

    Coeso sequencial

    Quer sorvete ou chocolate? Quero os dois.

    H vagas para moas e/ou rapazes.

    Pedro ou Joo ser eleito presidente do clube.

  • Condicionalidade: conecta proposies que mantm entre si uma relao de dependncia entre a antecedente e a consequente: afirma-se no que ambas so verdadeiras, mas que a consequente ser verdadeira se a antecedente o for.

    Coeso sequencial

    Factual ou real: Se chover, no iremos festa.

    No factual ou hipottica: Se chovesse, no iramos festa.

    Contrafactual ou irreal: Se tivesse asas voaria at o Sol.

  • Causalidade: a relao de causalidade est inserida no tipo factual ou real da condicionalidade. H relao de causalidade sempre que se verifica entre duas proposies A e B uma relao de causa e consequncia:

    Coeso sequencial

    Se Paulo homem ento mortal.

  • 2. Operadores do discurso

    Coeso sequencial

    Conjuno: designa o tipo de conexo cujos contedos se adicionam. Chove e faz frio. Disjuno: trata-se da disjuno de enunciados que tm orientaes discursivas diferentes, e no da disjuno lgica j examinada em Operadores do tipo lgico. Estude bastante para os exames. Ou voc j se esqueceu d que lhe aconteceu no ano passado?

    Contrajuno: designa o tipo de conexo que articula sequencialmente frases cujos contedos se opem. Todas as frutas se conservaram, mas o morango azedou. Fez o que quis mas levou na cabea.

    Explicao ou justificao: introduz-se uma explicao de um ato anteriormente realizado: Deve ter havido um acidente, pois uma ambulncia parou na esquina.