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HISTÓRIA HISTÓRIA

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HISTÓRIAHISTÓRIAHISTÓRIA

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QUESTÃO 01Em A ética protestante e o espírito do capitalismo,

Weber começa investigando os princípios éticos que estão na base do capitalismo, constituindo o que ele denomina o seu “espírito”. E tais princípios são encontrados na teologia protestante, mais especificamente na teologia calvinista. A partir daí, formula sua hipótese básica de trabalho, segundo a qual a vivência espiritual da doutrina e da conduta religiosa exigida pelo protestantismo teria organizado uma maneira de agir religiosa com afinidade à maneira de agir econômica, necessária para a realização de um lucro sistemático e racional.

CATANI, Afrânio Mendes. O que é capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1980.(Coleção Primeiros Passos).

Os princípios do capitalismo identificados por Weber na conduta calvinista relacionam-se ao(a) defesa da doutrina do preço justo, oriunda da

escolástica medieval. busca do enriquecimento material como forma de

conquistar a salvação. cobrança sistemática dos dízimos e sua aplicação no

mercado financeiro. consumo de bens de consumo de luxo como sinal da

eleição divina. ênfase no trabalho e na poupança como formas de

glorificação a Deus.

QUESTÃO 02O período que vai do final do século XIX aos primeiros

anos do século XX, conhecido como Paz Armada, trouxe um alinhamento das grandes potências europeias em torno de alianças que pudessem proteger e garantir seus interesses comerciais, políticos e militares. Sobre a Paz Armada e a Primeira Guerra Mundial, é correto afirmar que todas as nações europeias adotaram o serviço militar

obrigatório, ampliando sua força bélica. a indústria bélica aumentou consideravelmente os

seus recursos, produzindo novas tecnologias para a guerra.

o rompimento da política de alianças entre as potências europeias provocou a eclosão da Primeira Guerra Mundial.

a Paz Armada foi consequência da derrota da Alemanha no final da Primeira Guerra Mundial.

a ausência dos norte-americanos no conflito impediu o sucesso da política de alianças entre as potências imperialistas.

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QUESTÃO 03Quando Cristóvão Colombo atravessou o Oceano

Atlântico em 1492, pensou que tinha chegado ao leste da Ásia. Na realidade, ele tinha aberto aos europeus um caminho a um novo continente, a América. Muitos outros europeus, na maioria espanhóis, portugueses, franceses e ingleses, seguiram o caminho de Colombo para esse novo mundo. No contexto de colonização da América, pode-se afirmar que os ingleses fundaram a cidade de Plymouth e a colônia da

Baía de Massachusetts, na região chamada Nova Inglaterra. Essas colônias eram incomuns, pois seus fundadores queriam liberdade para praticar suas formas próprias de cristianismo, o que não podiam fazer na Europa.

tinham como colônias mais importantes as que ficavam na costa do Oceano Pacífico na América do Norte. Em 1607, mercadores da Companhia da Virgínia fundaram Jamestown, que se tornou o primeiro assentamento inglês permanente na América do Norte.

colonizaram exclusivamente a América. A partir de 1670, fundaram entrepostos comerciais no Canadá e diversos assentamentos em várias ilhas no mar do Caribe, sendo a maior delas a Jamaica, tomada da Espanha em 1655.

colonizaram apenas Belize, na América Central, e algumas colônias espalhadas por um território no norte da América do Sul, que se uniram para formar a Guiana Inglesa (atual Guiana), sempre utilizando o plantation como método de exploração.

utilizaram diferentes formas de colonização na América, sendo que no norte do atual território norte-americano fizeram uso da chamada colônia de exploração, caracterizada pelo escravismo, e no sul, a chamada colônia de povoamento, caracterizada pelo uso da mão de obra livre.

QUESTÃO 04A queda da burguesia e a vitória do proletariado são

igualmente inevitáveis [...]. Os proletários nada têm a perder com ela, a não ser as próprias cadeias. E têm um mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos.

MARX, K. ENGELS, F. Manifesto Comunista, 1848. (adaptado)

Esse trecho, extraído do Manifesto Comunista de Marx e Engels, foi escrito no contexto histórico marcado pelo acirramento das contradições políticas,

econômicas e sociais decorrentes do processo conhecido como Revolução Industrial.

pelos conflitos entre trabalhadores e patrões que começaram a pontuar os países capitalistas a partir da ocorrência da Revolução Russa.

pela afirmação dos Estados Unidos como potência imperialista com interesses econômicos e políticos em várias regiões do planeta.

pelo confronto entre vassalos e suseranos, no momento de ápice da crise do modo de produção feudal e de enfraquecimento da autoridade religiosa.

pelo incremento das contestações populares às diretrizes políticas implantadas pelos regimes autoritários que floresceram na Europa, na primeira metade do século XX.

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QUESTÃO 05A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros. Tudo se

transformava em lucro. As cidades tinham sua sujeira lucrativa, suas favelas lucrativas, sua fumaça lucrativa, sua desordem lucrativa, sua ignorância lucrativa, seu desespero lucrativo. As novas fábricas e os novos altos-fornos eram como as Pirâmides, mostrando mais a escravização do homem que seu poder.

DEANE, P. A Revolução Industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1979. (adaptado)

Qual relação é estabelecida no texto entre os avanços tecnológicos ocorridos no contexto da Revolução Industrial Inglesa e as características das cidades industriais no início do século XIX? A facilidade em se estabelecer relações lucrativas

transformava as cidades em espaços privilegiados para a livre iniciativa, característica da nova sociedade capitalista.

O desenvolvimento de métodos de planejamento urbano aumentava a eficiência do trabalho industrial.

A construção de núcleos urbanos integrados por meios de transporte facilitava o deslocamento dos trabalhadores das periferias até as fábricas.

A grandiosidade dos prédios onde se localizavam as fábricas revelava os avanços da engenharia e da arquitetura do período, transformando as cidades em locais de experimentação estética e artística.

O alto nível de exploração dos trabalhadores industriais ocasionava o surgimento de aglomerados urbanos marcados por péssimas condições de moradia, saúde e higiene.

QUESTÃO 06A noção clara sobre o tempo nem sempre esteve

presente na vida social cotidiana e, mesmo com o advento da Revolução Industrial, demorou até que os relógios se tornassem ferramentas acessíveis a todos. Nessa época, em muitas fábricas, os relógios eram adiantados de manhã e atrasados à noite. Nesse sentido, entende-se que a manipulação do tempo tornou-se motivo para a legalização de horas extras. acelerou a ascensão social dos trabalhadores. foi a razão da maioria das mortes nas fábricas. prejudicou o lucro dos empregadores fabris. foi usada para disfarçar abusos trabalhistas.

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QUESTÃO 07Em 1789, iniciava-se, na França, um dos eventos

mais importantes e simbólicos da história mundial, a Revolução Francesa. Assinale a alternativa que indique uma fase da Revolução e suas principais características, respectivamente. Assembleia Nacional Constituinte, período

republicano, onde em 4 de Julho de 1789 foi assinada a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão.

Constituição, período republicano, onde a maior parte do poder estava nas mãos da alta burguesia dos jacobinos.

Diretório, período republicano, marcado pela estabilização da economia e poder dos girondinos.

Consulado, período do império e expansão por Napoleão Bonaparte, que institui o Código Civil Napoleônico.

Convenção Nacional, período republicano, onde existiu a chamada fase do Terror jacobino, liderado por Robespierre.

QUESTÃO 08“Estas ruas são em geral tão estreitas que se pode

saltar de uma janela para a da casa em frente, e os edifícios apresentam por outro lado uma tal acumulação de andares que a luz mal pode penetrar no pátio ou na ruela que os separa. Nesta parte da cidade não há nem esgotos nem lavabos públicos [...] nas casas, e é por isso que as imundícies, detritos ou excrementos de, pelo menos, 50 000 pessoas são lançados todas as noites nas valetas [...] que não só ferem a vista e o olfato, como, por outro lado, representam um perigo extremo para a saúde dos habitantes. [...] Os alojamentos da classe pobre são em geral muito sujos e aparentemente nunca são limpos [...] e compõem-se, na maior parte das casas, de uma única sala [...] que muitas vezes é úmida e fica no subsolo, sempre mal mobiliada e perfeitamente inabitável, a ponto de um monte de palha servir frequentemente de cama para uma família inteira, cama onde se deitam, numa confusão revoltante, homens, mulheres, velhos e crianças.”

The Artisan, 1843. In: ENGELS, Friedrich. A Situação da classe trabalhadora na Inglaterra.Porto: Afrontamento, 1975. p. 69.

O artigo anterior, veiculado em um revista inglesa do século XIX, revela a ótica do autor sobre as contradições de vida dos camponeses que trabalhavam no interior das

propriedades burguesas logo após a realização dos cercamentos das terras.

trabalhadores artesãos que viviam na periferia das cidades industriais, exercendo, com seus próprios instrumentos, atividades em pequenas oficinas.

operários e suas famílias, que viviam nas cidades industriais a partir da Revolução Industrial.

mendigos de Londres que viviam marginalizados na sociedade porque não se adaptavam ao trabalho disciplinado da fábrica.

desempregados, já que não conseguiam pagar os aluguéis das habitações sanitárias pelos industriais para as famílias operárias.

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QUESTÃO 09No mundo árabe, países governados há décadas por

regimes políticos centralizadores contabilizam metade da população com menos de 30 anos; desses, 56% têm acesso à internet. Sentindo-se sem perspectivas de futuro e diante da estagnação da economia, esses jovens incubam vírus sedentos por modernidade e democracia. Em meados de dezembro, um tunisiano de 26 anos, vendedor de frutas, põe fogo no próprio corpo em protesto por trabalho, justiça e liberdade. Uma série de manifestações eclode na Tunísia e, como uma epidemia, o vírus libertário começa a se espalhar pelos países vizinhos, derrubando em seguida o presidente do Egito, Hosni Mubarak. Sites e redes sociais – como o Facebook e o Twitter – ajudaram a mobilizar manifestantes do norte da África a ilhas do Golfo Pérsico.

SEQUEIRA, C. D.; VILLAMÉA, L. A epidemia da Liberdade. Istoé Internacional. 2 mar. 2011. (adaptado)

Considerando os movimentos políticos mencionados no texto, o acesso à internet permitiu aos jovens árabes reforçar a atuação dos regimes políticos existentes. tomar conhecimento dos fatos sem se envolver. manter o distanciamento necessário à sua segurança. disseminar vírus capazes de destruir programas dos

computadores. difundir ideias revolucionárias que mobilizaram a

população.

QUESTÃO 10

Zappa

A charge faz alusão a uma importante transformação nas relações entre Estados Unidos e Cuba ocorrida em 2014. Trata-se da retomada de relações diplomáticas entre Estados

Unidos e Cuba. aproximação ideológica do governo de Cuba ao

capitalismo dos Estados Unidos. penetração de empresas dos Estados Unidos nos

setores produtivos de Cuba. derrubada do modelo socialista de Cuba por

dissidentes apoiados pelos Estados Unidos. recuperação dos planos de cooperação bilateral

entre Estados Unidos e Cuba.

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QUESTÃO 11Tocadas em 1 500 pelos homens de Pedro Álvares

Cabral, as terras que hoje são brasileiras foram desde então oficialmente incorporadas à Coroa portuguesa. Se haviam sido frequentadas antes, como sugere o Esmeraldo de situ orbis, e defendem alguns historiadores portugueses, disso não ficou maior registro, e não há, pois, como fugir da data consagrada e recentemente celebrada – para o bem e para o mal – por brasileiros e portugueses. Descoberto oficialmente, pois, em 1 500, sob o pontificado de Alexandre VI Bórgia, não se pode dizer, a rigor, que existisse, então, nem Brasil nem brasileiros. Vários são os sentidos dessa não existência.

SOUZA, Laura de Mello e. O nome do Brasil. Revista de História. São Paulo, 2001. n. 145. p. 6186. Disponível em: <http://revhistoria.usp.br>. Acesso em: 7 jun. 2014. (adaptado)

A chegada dos portugueses ao território que viria a ser o Brasil insere-se em um contexto marcado na Europa pelo(a) expansão feudal em busca de terras. ascensão do poder real. declínio econômico burguês. fortalecimento político da Igreja Católica. desenvolvimento industrial-fabril.

QUESTÃO 12De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e

muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém, a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente.

Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.; FARIA, R. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2001.

A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto colonizador para a nova terra. Nesse trecho, o relato enfatiza o objetivo de valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos

nativos. descrever a cultura local para enaltecer a prosperidade

portuguesa. transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o

potencial econômico existente. realçar a pobreza dos habitantes nativos para

demarcar a superioridade europeia. criticar o modo de vida dos povos autóctones para

evidenciar a ausência de trabalho.

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QUESTÃO 13

Leia o texto:“O papel das colônias era contribuir para a autossuficiência da metrópole, transformando-se em áreas reservadas de cada potência colonizadora, na concorrência com as demais.”, segundo o historiador Boris Fausto em seu livro “História do Brasil”.

FAUSTO, 1996, p. 55.

É característica do pacto colonial o(a) protecionismo mercantilista. abertura do comércio da colônia para outras

metrópoles. ausência de representantes da Coroa nas colônias. prática exclusiva da extração de metais. prática exclusiva da extração de vegetais.

QUESTÃO 14Os indígenas, munidos de instrumentos metálicos

entregues pelos europeus, incumbiam-se de cortar as árvores, desbastá-las, retirar-lhes a casca, cerrar os troncos, em dois ou três segmentos, e carregar os troncos aos ombros para as feitorias ou navios situados, por vezes, a distâncias da ordem das 15 a 20 léguas. Dois baixos-relevos quinhentistas existentes em Ruão ilustram o processo, realizado por aborígenes, de abate, preparação, transporte e embarque de pau-brasil nos navios franceses.

COUTO, Jorge. A construção do Brasil: ameríndios, portugueses e africanos, do início do povoamento a finais de quinhentos. 3. ed.

Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 311.

Sobre a atividade aludida no texto, constata-se que a atividade de extração de madeira combinou a

utilização do trabalho do africano com o indígena, mantendo padrões aceitáveis de convivência.

aproximação entre indígenas e europeus, na implantação de padrões coletivos de convivência, transmitiu as técnicas dos nativos para os europeus.

exploração de madeira de lei foi uma estratégia europeia de aproximação amigável para com os nativos, transmitindo técnicas civilizatórias europeias.

empresa mercantilista se valeu da exploração da mão de obra nativa para favorecer seus interesses lucrativos, produzindo um tipo de barbarismo ecológico.

construção do modelo de colônia passa necessariamente pela utilização dos ameríndios como os primeiros colonos, já que estes eram conhecedores da região.

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QUESTÃO 15A experiência que tenho de lidar com aldeias de

diversas nações me tem feito ver, que nunca índio fez grande confiança de branco e, se isto sucede com os que estão já civilizados, como não sucederá o mesmo com esses que estão ainda brutos.

NORONHA, M. Carta a J. Caldeira Brant. 2 jan.1751. Apud CHAIM, M. M. Aldeamentos indígenas (Goiás: 1749-1811). São Paulo: Nobel, Brasília: INL, 1983. (adaptado)

Em 1749, ao separar-se de São Paulo, a capitania de Goiás foi governada por D. Marcos de Noronha, que atendeu às diretrizes da política indigenista pombalina que incentivava a criação de aldeamentos em função das constantes rebeliões indígenas contra os brancos

colonizadores, que ameaçavam a produção de ouro nas regiões mineradoras.

da propagação de doenças originadas do contato com os colonizadores, que dizimaram boa parte da população indígena.

do empenho das ordens religiosas em proteger o indígena da exploração, o que garantiu a sua supremacia na administração colonial.

da política racista da Coroa portuguesa, contrária à miscigenação, que organizava a sociedade em uma hierarquia dominada pelos brancos.

da necessidade de controle dos brancos sobre a população indígena, objetivando sua adaptação às exigências do trabalho regular.

QUESTÃO 16Próximo da Igreja dedicada a São Gonçalo nos

deparamos com uma impressionante multidão que dançava ao som de suas violas. Tão logo viram o Vice-Rei, cercaram-no e o obrigaram a dançar e pular, exercício violento e pouco apropriado tanto para sua idade quanto posição. Tivemos nós mesmos que entrar na dança, por bem ou por mal, e não deixou de ser interessante ver numa igreja padres, mulheres, frades, cavalheiros e escravos a dançar e pular misturados, e a gritar a plenos pulmões “Viva São Gonçalo do Amarante”.

Barbinais, Le Gentil. Noveau Voyage autour du monde. Apud: TINHORÃO, J. R.As festas no Brasil Colonial. São Paulo: Ed. 34, 2000. (adaptado)

O viajante francês, ao descrever suas impressões sobre uma festa ocorrida em Salvador, em 1717, demonstra dificuldade em entendê-la, porque, como outras manifestações religiosas do Período Colonial, ela seguia os preceitos advindos da hierarquia católica

romana. demarcava a submissão do povo à autoridade

constituída. definia o pertencimento dos padres às camadas

populares. afirmava um sentido comunitário de partilha da

devoção. harmonizava as relações sociais entre escravos e

senhores.

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QUESTÃO 17Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado

porque padeceis em um modo muito semelhante o que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz e em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também ali não faltaram as canas, porque duas vezes entraram na Paixão: uma vez servindo para o cetro de escárnio, e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio.

VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, 1951. (adaptado)

O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma relação entre a Paixão de Cristo e o(a) atividade dos comerciantes de açúcar nos portos

brasileiros. função dos mestres de açúcar durante a safra de

cana. sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios. papel dos senhores na administração dos engenhos. trabalho dos escravizados na produção de açúcar.

QUESTÃO 18

Religiões no Brasil – 2007

73,8%

10,7%

7,4%

4,3%1,7% 0,7%

1,4%

Católica apostólica romana

Assembleia de Deus e evangélicas pentecostais

Sem religião

Batista e evangélica de missão

Espírita, umbanda e candomblé

Testemunha de Jeová

Católica apostólica brasileira e outras religiões

SMITH, D. Atlas da Situação Mundial. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2007. (adaptado)

Uma explicação de caráter histórico para o percentual da religião com maior número de adeptos declarados no Brasil foi a existência, no passado colonial e monárquico, da incapacidade do cristianismo de incorporar aspectos

de outras religiões. incorporação da ideia de liberdade religiosa na esfera

pública. permissão para o funcionamento de igrejas não

cristãs. relação de integração entre Estado e Igreja. influência das religiões de origem africana.

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QUESTÃO 19Após a abdicação de D. Pedro I, o Brasil atravessou

um período marcado por inúmeras crises: as diversas forças políticas lutavam pelo poder e as reivindicações populares eram por melhores condições de vida e pelo direito de participação na vida política do país. Os conflitos representavam também o protesto contra a centralização do governo. Nesse período, ocorreu também a expansão da cultura cafeeira e o surgimento do poderoso grupo dos “barões do café”, para o qual era fundamental a manutenção da escravidão e do tráfico negreiro.O contexto do Período Regencial foi marcado por revoltas populares que reclamavam a volta da

monarquia. por várias crises e pela submissão das forças

políticas ao poder central. pela luta entre os principais grupos políticos que

reivindicavam melhores condições de vida. pelo governo dos chamados regentes, que

promoveram a ascensão social dos “barões do café”. pela convulsão política e por novas realidades

econômicas que exigiam o reforço de velhas realidades sociais.

QUESTÃO 20"... todos os gêneros produzidos junto ao mar podiam

conduzir-se para a Europa facilmente e os do sertão, pelo contrário, nunca chegariam a portos onde os embarcassem, ou, se chegassem, seria com despesas tais que aos lavradores não faria conta largá-los pelo preço por que se vendessem os da Marinha. Estes foram os motivos de antepor a povoação da costa à do sertão."

Frei Gaspar da Madre de Deus, em 1797.

A leitura do fragmento nos permite inferir que no Período Colonial brasileiro, o(a) existência de um mercado interno era favorecida

pelas condições geográficas. colonização possuiu por muito tempo um caráter

litorâneo. especulação sobre o preço dos alimentos era uma

prática comum. sertão era economicamente mais importante do que

o litoral. Brasil era um importante mercado consumidor da

Europa.

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QUESTÃO 21Iniciou-se em 1903 a introdução de obras de arte

com representações de bandeirantes no acervo do Museu Paulista, mediante a aquisição de uma tela que homenageava o sertanista que comandara a destruição do Quilombo de Palmares. Essa aquisição, viabilizada por verba estadual, foi simultânea à emergência de uma interpretação histórica que apontava o fenômeno do sertanismo paulista como o elo decisivo entre a trajetória territorial do Brasil e de São Paulo, concepção essa que se consolidaria entre os historiadores ligados ao Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo ao longo das três primeiras décadas do século XX.

MARINS, P. C. G. Nas matas com pose de reis: a representação de bandeirantes e a tradição da retratística monárquica europeia. Revista do LEB, n. 44, fey. 2007.

A prática governamental descrita no texto, com a escolha dos temas das obras, tinha como propósito a construção de uma memória que afirmava a centralidade de um estado na política do

país. resgatava a importância da resistência escrava na

história brasileira. evidenciava a importância da produção artística no

contexto regional. valorizava a saga histórica do povo na afirmação de

uma memória social. destacava a presença do indígena no desbravamento

do território colonial.

QUESTÃO 22

MOREAUX, F. R. Proclamação da Independência.Disponível em: <www.tvbrasil.org.br>. Acesso em: 14 jun. 2010.

FERREZ, M. D. Pedro II.SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos.

São Paulo: Cia. das Letras, 1998.

As imagens, que retratam D. Pedro I e D. Pedro II, procuram transmitir determinadas representações políticas acerca dos dois monarcas e seus contextos de atuação. A ideia que cada imagem evoca é, respectivamente, habilidade militar – riqueza pessoal. liderança popular – estabilidade política. instabilidade econômica – herança europeia. isolamento político – centralização do poder. nacionalismo exacerbado – inovação administrativa.

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QUESTÃO 23Ninguém desconhece a necessidade que todos

os fazendeiros têm de aumentar o número de seus trabalhadores. E como até há pouco supriam-se os fazendeiros dos braços necessários? As fazendas eram alimentadas pela aquisição de escravos, sem o menor auxílio pecuniário do governo. Ora, se os fazendeiros se supriam de braços à sua custa, e se é possível obtê-los ainda, posto que de outra qualidade, por que motivo não hão de procurar alcançá-los pela mesma maneira, isto é, à sua custa?

Resposta de Manuel Felizardo de Sousa e Mello, diretor geral das Terras Públicas, ao Senador Vergueiro. In: ALENCASTRO, L. F. (Org.). História da vida

privada no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1998. (adaptado)

O fragmento do discurso dirigido ao parlamentar do Império refere-se às mudanças então em curso no campo brasileiro, que confrontaram o Estado e a elite agrária em torno do objetivo de fomentar ações públicas para ocupação das terras

do interior. adotar o regime assalariado para proteção da mão

de obra estrangeira. definir uma política de subsídio governamental para

o fomento da imigração. regulamentar o tráfico interprovincial de cativos para

sobrevivência das fazendas. financiar a fixação de famílias camponesas para

estímulo da agricultura de subsistência.

QUESTÃO 24A escravidão não há de ser suprimida no Brasil

por uma guerra servil, muito menos por insurreições ou atentados locais. Não deve sê-lo, tampouco, por uma guerra civil, como o foi nos Estados Unidos. Ela poderia desaparecer, talvez, depois de uma revolução, como aconteceu na França, sendo essa revolução obra exclusiva da população livre. É no Parlamento e não em fazendas ou quilombos do interior, nem nas ruas e praças das cidades, que se há de ganhar, ou perder, a causa da liberdade.

NABUCO, J. O abolicionismo [1883]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; São Paulo: Publifolha, 2000. (adaptado)

No texto, Joaquim Nabuco defende um projeto político sobre como deveria ocorrer o fim da escravidão no Brasil, no qual copiava o modelo haitiano de emancipação negra. incentivava a conquista de alforrias por meio de

ações judiciais. optava pela via legalista de libertação. priorizava a negociação em torno das indenizações

aos senhores. antecipava a libertação paternalista dos cativos.

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QUESTÃO 25

De volta do Paraguai

Cheio de glória, coberto de louros, depois de ter derramado seu sangue em defesa da pátria e libertado um povo da escravidão, o voluntário volta ao seu país natal para ver sua mãe amarrada a um tronco horrível de realidade!...

AGOSTINI. A vida fluminense, ano 3, n. 128, 11 jun. 1870. In: LEMOS, R. (Org.) Uma história do Brasil através da caricatura (1840-2001). Rio de Janeiro.

Letras & Expressões, 2001. (adaptado)

Na charge, identifica-se uma contradição no retorno de parte dos “Voluntários da Pátria” que lutaram na Guerra do Paraguai (1864-1870), evidenciada na negação da cidadania aos familiares cativos. concessão de alforrias aos militares escravos. perseguição dos escravistas aos soldados negros. punição dos feitores aos recrutados compulsoriamente. suspensão das indenizações aos proprietários

prejudicados.

QUESTÃO 26Negro, filho de escrava e fidalgo português, o baiano

Luiz Gama fez da lei e das letras suas armas na luta pela liberdade. Foi vendido ilegalmente como escravo pelo seu pai para cobrir dívidas de jogo. Sabendo ler e escrever, aos 18 anos de idade conseguiu provas de que havia nascido livre. Autodidata, advogado sem diploma, fez do direito o seu oficio e transformou-se, em pouco tempo, em proeminente advogado da causa abolicionista.

AZEVEDO, E. O Orfeu de carapinha. In: Revista de História. Anal, no 3. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, jan. 2004. (adaptado)

A conquista da liberdade pelos afro-brasileiros na segunda metade do séc. XIX foi resultado de importantes lutas sociais condicionadas historicamente. A biografia de Luiz Gama exemplifica a impossibilidade de ascensão social do negro forro

em uma sociedade escravocrata, mesmo sendo alfabetizado.

extrema dificuldade de projeção dos intelectuais negros nesse contexto e a utilização do Direito como canal de luta pela liberdade.

rigidez de uma sociedade, assentada na escravidão, que inviabilizava os mecanismos de ascensão social.

possibilidade de ascensão social, viabilizada pelo apoio das elites dominantes, a um mestiço filho de pai português.

troca de favores entre um representante negro e a elite agrária escravista que outorgara o direito advocatício a ele.

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QUESTÃO 27Substitui-se então uma história crítica, profunda,

por uma crônica de detalhes onde o patriotismo e a bravura dos nossos soldados encobrem a vilania dos motivos que levaram a Inglaterra a armar brasileiros e argentinos para a destruição da mais gloriosa república que já se viu na América Latina, a do Paraguai.

CHIAVENATTO, J. J. Genocídio americano: A Guerra do Paraguai. São Paulo: Brasiliense, 1979. (adaptado)

O imperialismo inglês, “destruindo o Paraguai, mantém o status quo na América Meridional, impedindo a ascensão do seu único Estado economicamente livre”. Essa teoria conspiratória vai contra a realidade dos fatos e não tem provas documentais. Contudo essa teoria tem alguma repercussão.

DORATIOTO, F. Maldita guerra: nova história da Guerra do Paraguai. São Paulo: Cia. das Letras, 2002. (adaptado)

Uma leitura dessas narrativas divergentes demonstra que ambas estão refletindo sobre o(a) carência de fontes para a pesquisa sobre os reais

motivos dessa Guerra. caráter positivista das diferentes versões sobre essa

Guerra. resultado das intervenções britânicas nos cenários

de batalha. dificuldade de elaborar explicações convincentes

sobre os motivos dessa Guerra. nível de crueldade das ações do exército brasileiro e

argentino durante o conflito.

QUESTÃO 28Após o retorno de uma viagem a Minas Gerais, onde

Pedro I fora recebido com grande frieza, seus partidários prepararam uma série de manifestações a favor do imperador no Rio de Janeiro, armando fogueiras e luminárias na cidade. Contudo, na noite de 11 de março, tiveram início os conflitos que ficaram conhecidos como a Noite das Garrafadas, durante os quais os “brasileiros” apagavam as fogueiras “portuguesas” e atacavam as casas iluminadas, sendo respondidos com cacos de garrafas jogadas das janelas.VAINFAS, R. (Org.). Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. (adaptado)

Os anos finais do I Reinado (1822-1831) se caracterizaram pelo aumento da tensão política. Nesse sentido, a análise dos episódios descritos em Minas Gerais e no Rio de Janeiro revela estímulos ao racismo. apoio ao xenofobismo. críticas ao federalismo. repúdio ao republicanismo. questionamentos ao autoritarismo.

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QUESTÃO 29TEXTO I

Em todo o país a lei de 13 de maio de 1888 libertou poucos negros em relação à população de cor. A maioria já havia conquistado a alforria antes de 1888, por meio de estratégias possíveis. No entanto, a importância histórica da lei de 1888 não pode ser mensurada apenas em termos numéricos. O impacto que a extinção da escravidão causou numa sociedade constituída a partir da legitimidade da propriedade sobre a pessoa não cabe em cifras.

ALBUQUERQUE, W. O jogo da dissimulação: Abolição e cidadania negra no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2009. (adaptado)

TEXTO IINos anos imediatamente anteriores à Abolição,

a população livre do Rio de Janeiro se tornou mais numerosa e diversificada. Os escravos, bem menos numerosos que antes, e com os africanos mais aculturados, certamente não se distinguiam muito facilmente dos libertos e dos pretos e pardos livres habitantes da cidade. Também já não é razoável presumir que uma pessoa de cor seja provavelmente cativa, pois os negros libertos e livres poderiam ser encontrados em toda parte.

CHALHOUB, S. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte. São Paulo: Cia. das Letras, 1990. (adaptado)

Sobre o fim da escravidão no Brasil, o elemento destacado no Texto I que complementa os argumentos apresentados no Texto II é o(a) variedade das estratégias de resistência dos cativos. controle jurídico exercido pelos proprietários. inovação social representada pela lei. ineficácia prática da libertação. significado político da Abolição.

QUESTÃO 30

SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Cia. das Letras, 1998. (adaptado)

Essas imagens de D. Pedro II foram feitas no início dos anos de 1850, pouco mais de uma década após o Golpe da Maioridade. Considerando o contexto histórico em que foram produzidas e os elementos simbólicos destacados, essas imagens representavam um jovem imaturo que agiria de forma irresponsável. imperador adulto que governaria segundo as leis. líder guerreiro que comandaria as vitórias militares. soberano religioso que acataria a autoridade papal. monarca absolutista que exerceria seu autoritarismo.

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QUESTÃO 31Todo poder, toda autoridade reside nas mãos do Rei

e não pode haver outra autoridade no Reino a não ser a que o Rei aí estabelece. Tudo que se encontra na extensão de nossos Estados, de qualquer natureza que seja, nos pertence [...] os Reis são senhores absolutos e têm naturalmente a disposição plena e inteira de todos os bens que são possuídos tanto pelas pessoas da Igreja como pelos seculares [...] Aquele que deu Reis aos homens quis que os respeitassem como seus lugares-tenentes, reservando apenas para si próprio o direito de examinar sua conduta. Sua vontade é que qualquer um nascido súdito obedeça sem discernimento; e esta lei tão expressa e tão universal não foi feita em favor dos príncipes apenas, é salutar ao próprio povo ao qual é imposta.

Luís XIV

No fragmento acima, o soberano francês Luís XIV apresenta sua concepção acerca do Estado absolutista. Nele, pode-se observar uma ideologia utilizada para justificar a origem do poder real, a saber Doutrina dos Dois Gládios. Teoria do Contrato Social. Doutrina das Três Ordens. Teoria do Direito Divino. Doutrina do Universalismo Pontifical.

QUESTÃO 32O trono real não é o trono de um homem, mas o

trono do próprio Deus. Três razões fazem ver que a monarquia hereditária é o melhor governo. A primeira é que é o mais natural e se perpetua por si próprio. A segunda razão é que esse governo é o que interessa mais na conservação do Estado e dos poderes que o constituem: o príncipe, que trabalha para o seu Estado, trabalha para seus filhos. A terceira razão retira-se da dignidade das casas reais.

BOSSUET, Jacques-Bénigne. A política inspirada na Sagrada Escritura. In: FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de História.

Lisboa: Plátano,1977. (adaptado).

Nenhum homem recebeu da natureza o direito de comandar os outros. A liberdade é um presente do céu, e cada indivíduo da mesma espécie tem o direito de gozar dela logo que goze da razão. Toda autoridade (que não a paterna) vem duma outra origem, que não é a da natureza. Examinando-a bem, sempre se fará remontar a uma dessas duas fontes: ou a força e violência daquele que dela se apoderou; ou o consentimento daqueles que lhe são submetidos, por um contrato celebrado ou suposto entre eles e a quem deferiram a autoridade.

DIDEROT, Denis. Autoridade política. In: FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de História. Lisboa: Plátano, 1977.

A leitura comparativa dos textos nos permite inferir que o primeiro defende a natureza benéfica da monarquia

parlamentar. segundo opõe-se às teorias políticas liberais. primeiro estabelece uma crítica ao pensamento

escolástico. segundo defende princípios políticos contratualistas. primeiro celebra o pensamento republicano.

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QUESTÃO 33Para que não haja abuso, é preciso organizar as

coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos. Assim, criam-se os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, atuando de forma independente para a efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se uma mesma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes concomitantemente.

MONTESQUIEU, B. Do espírito das leis. São Paulo: Abril Cultural, 1979. (adaptado)

A divisão e a independência entre os poderes são condições necessárias para que possa haver liberdade em um Estado. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo político em que haja exercício de tutela sobre atividades jurídicas e

políticas. consagração do poder político pela autoridade

religiosa. concentração do poder nas mãos de elites

técnico-cientifícas. estabelecimento de limites aos atores públicos e às

instituições do governo. reunião das funções de legislar, julgar e executar nas

mãos de um governante eleito.

QUESTÃO 34São verdades incontestáveis para nós: todos os

homens nascem iguais; o Criador lhes conferiu certos direitos inalienáveis, entre os quais os de vida, o de liberdade e o de buscar a felicidade; para assegurar esses direitos, se constituíram homens-governo cujos poderes justos emanam do consentimento dos governados; sempre que qualquer forma de governo tenda a destruir esses fins, assiste ao povo o direito de mudá-la ou aboli-la, instituindo um novo governo cujos princípios básicos e organização de poderes obedeçam às normas que lhes pareçam mais próprias para promover a segurança e a felicidade gerais.

Trecho da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América.

É somente na minha pessoa que reside o poder soberano... É somente de mim que os meus tribunais recebem a sua existência e a sua autoridade; [...] a plenitude desta autoridade, que eles não exercem senão em meu nome, permanece sempre em mim [...]; é unicamente a mim que pertence o poder legislativo [...]; Toda ordem pública emana de mim...

Resposta do Rei Luís XV ao Parlamento de Paris, em 1766.

Com base na análise dos textos, pode-se afirmar que apresentam visões complementares sobre a natureza

do poder. representam concepções opostas sobre a origem do

poder. marcam posições conciliadoras acerca do exercício

do poder. caracterizam regimes políticos autocráticos e

personalistas. afirmam o papel soberano do Estado e principal do

povo para o poder.

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QUESTÃO 35

TEXTO IO Estado sou eu.

Frase atribuída a Luís XIV, Rei Sol, 1638-1715. Disponível em: <http://portalprofessor.mec.gov.br>. Acesso em: 30 nov. 2011.

TEXTO IIA nação é anterior a tudo. Ela é a fonte de tudo. Sua

vontadeé sempre legal; na verdade é a própria lei.

SIEYÈS, E-J. O que é o Terceiro Estado. Apud. ELIAS, N. Os alemães: a luta pelo poder e a evolução do habitus nos séculos XIX e XX.

Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.

Os textos expressam alteração na relação entre governantes e governados na Europa. Da frase atribuída ao rei Luís XIV até o pronunciamento de Sieyès, representante das classes médias que integravam o Terceiro Estado francês, infere-se uma mudança decorrente da ampliação dos poderes soberanos do rei, considerado

guardião da tradição e protetor de seus súditos e do Império.

associação entre vontade popular e nação, composta por cidadãos que dividem uma mesma cultura nacional.

reforma aristocrática, marcada pela adequação dos nobres aos valores modernos, tais como o princípio do mérito.

organização dos Estados centralizados, acompanhados pelo aprofundamento da eficiência burocrática.

crítica ao movimento revolucionário, tido como ilegítimo em meio à ascensão popular conduzida pelo ideário nacionalista.

QUESTÃO 36O poder do estado centralizado, com os seus órgãos

onipresentes: exército permanente, polícia, burocracia, clero e magistratura – órgãos forjados segundo o plano de uma divisão do trabalho sistemática e hierárquica – tem a sua origem nos tempos da monarquia absoluta, quando serviu a sociedade da classe média nascente, como arma poderosa nas suas lutas contra o feudalismo.

ANDERSON, Perry. Linhagens do estado absolutista. Tradução de João Roberto Martins Filho. São Paulo: Brasiliense, 2004. p. 16.

A respeito do fragmento, pode-se afirmar que o Estado absolutista se desvinculou de qualquer

relação mais profunda com a burguesia nascente, já que esta era socialmente desqualificada.

aparelho burocrático absolutista tinha a finalidade de conduzir a gestão pública dos tributos estatais, apoiando a ordem feudal.

órgão de poder absoluto passava pelo exercício do poder moderador, exercido pelo rei e compartilhado pelo parlamento.

modelo de nobreza real foi constituído a partir das transformações da sociedade feudal, que colocava o rei como um importante representante da estrutura social.

estado centralizado se harmonizou com a estrutura absolutista de poder, rompendo com padrões políticos e sociais feudais.

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QUESTÃO 37Respeitar a diversidade de circunstâncias entre

as pequenas sociedades locais que constituem uma mesma nacionalidade, tal deve ser a regra suprema das leis internas de cada Estado. As leis municipais seriam as cartas de cada povoação doadas pela assembleia provincial, alargadas conforme o seu desenvolvimento, alteradas segundo os conselhos da experiência. Então, administrar-se-ia de perto, governar-se-ia de longe, alvo a que jamais se atingirá de outra sorte.

BASTOS, T. A província (1870). São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1937. (adaptado)

O discurso do autor, no período do Segundo Reinado no Brasil, tinha como meta a implantação do regime monárquico representativo. sistema educacional democrático. modelo territorial federalista. padrão político autoritário. poder oligárquico regional.

QUESTÃO 38As Brigadas Internacionais foram unidades

de combatentes formadas por voluntários de 53 nacionalidades dispostos a lutar em defesa da República espanhola. Estima-se que cerca de 60 mil cidadãos de várias partes do mundo – incluindo 40 brasileiros – tenham se incorporado a essas unidades. Apesar de coordenadas pelos comunistas, as Brigadas contaram com membros socialistas, liberais e de outras correntes político-ideológicas.

SOUZA, I. I. A Guerra Civil Europeia. História Viva, n. 70, 2009. (fragmento)

A Guerra Civil Espanhola expressou as disputas em curso na Europa na década de 1930. A perspectiva política comum que promoveu a mobilização descrita foi o(a) crítica ao stalinismo. combate ao fascismo. rejeição ao federalismo. apoio ao corporativismo. adesão ao anarquismo.

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QUESTÃO 39

Texto do Cartaz: “Amor e não guerra”Foto de Jovens em protesto contra a Guerra do Vietnã.

Disponível em: <http://goldenyears66to69.blogspot.com>. Acesso em: 10 out. 2011.

Nos anos que se seguiram à Segunda Guerra, movimentos como o Maio de 1968 ou a campanha contra a Guerra do Vietnã culminaram no estabelecimento de diferentes formas de participação política. Seus slogans, tais como “Quando penso em revolução quero fazer amor”, tornaram-se símbolos da agitação cultural nos anos 1960, cuja inovação relacionava-se ao(à) contestação da crise econômica europeia, que fora

provocada pela manutenção das guerras coloniais. organização partidária da juventude comunista,

visando o estabelecimento da ditadura do proletariado.

unificação das noções de libertação social e libertação individual, fornecendo um significado político ao uso do corpo.

defesa do amor cristão e monogâmico, com fins à reprodução, que era tomado como solução para os conflitos sociais.

reconhecimento da cultura das gerações passadas, que conviveram com a emergência do rock e outras mudanças nos costumes.

QUESTÃO 40“Ninguém é mais do que eu partidário de uma

política exterior baseada na amizade íntima com os Estados Unidos. A Doutrina Monroe impõe aos Estados Unidos uma política externa que se começa a desenhar. […] Em tais condições a nossa diplomacia deve ser, principalmente, feita em Washington [...]. Para mim a Doutrina Monroe [...] significa que politicamente nós nos desprendemos da Europa tão completamente e definitivamente como a lua da terra.”

Adaptado de Joaquim Nabuco, citado por José Maria de Oliveira Silva, “Manoel Bonfim e a ideologia do imperialismo na América Latina”,

em Revista de História, n. 138. São Paulo, jul. 1988, p.88.

Sobre o contexto ao qual o político e diplomata brasileiro Joaquim Nabuco se refere, é possível afirmar que a Doutrina Monroe a qual Nabuco se refere,

estabelecida em 1823, tinha por base a ideia de “a América para os americanos”.

Joaquim Nabuco, em sua atuação como embaixador, antecipou a política imperialista americana para tornar o Brasil o “quintal” dos Estados Unidos.

ao declarar que a América estava tão distante da Europa “como a lua da terra”, Nabuco reforçava a necessidade imediata de o Brasil romper suas relações diplomáticas com Portugal.

o pensamento americano considerava legítimas as intenções norte-americanas na América Central, bem como o apoio às ditaduras na América do Sul, desde o século XIX.

a Doutrina Monroe a que Nabuco se refere orientava o Destino Manifesto que evidenciava a unidade entre americanos e latinos.

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QUESTÃO 41À medida que o africano se integrou à sociedade

brasileira tornou-se afro-brasileiro e, mais do que isso, brasileiro. Usamos o termo afro-brasileiro para indicar produtos das mestiçagens para os quais as principais matrizes são as africanas e as lusitanas, frequentemente com pitadas de elementos indígenas, sem ignorar que tais manifestações são, acima de tudo, brasileiras.

SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2012. p. 132.

Refletindo sobre a construção da identidade cultural brasileira, é possível inferir que o(a) africano, mesmo tendo papel relevante, fica à

margem de uma influência decisiva na construção de nossa linguagem corporal.

mosaico multiétnico formador da cultura brasileira e o povo brasileiro passam, necessariamente, pela miscigenação entre lusos, indígenas e africanos.

construção dos símbolos que integram nossa condição de brasileiro deixa prevalecer a identidade lusa, que se combina aos elementos indígenas.

modelagem do povo brasileiro está relacionada à nossa micro África, que nomeia e denomina os afro-brasileiros incondicionalmente a partir dos quilombos.

campo cultural África-Brasil faz prevalecer a identidade africana sobre as demais etnias formadoras de nosso povo, subjugando o patrimônio luso.

QUESTÃO 42As origens da capoeira se perdem nas noites dos

tempos. Durante decênios, praticantes e estudiosos deram créditos a versões sem nenhum fundamento, como a de que o berço da capoeira era Palmares, e que era a arma dos escravos fugitivos. Estudos atuais apontam a hipótese mais provável de que ela foi o somatório de diversas danças rituais, praticadas em um amplo arco da África que abasteceu os navios negreiros e que se encontram no ambiente específico da escravidão brasileira. Registros documentários de Angola, na era da escravidão, revelam práticas lúdicas e marciais tradicionais muito parecidas com a capoeira que chegou com os navios negreiros. Desta forma, a capoeira seria um mosaico formado por diversas danças africanas ancestrais, que se teriam amalgamado em definitivo na terra americana.

FIGUEIREDO, Luciano (O rg.). História do Brasil para os ocupados. 1. ed. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013. p. 75.

Sobre as origens da capoeira, pode-se afirmar que é impreciso estabelecer padrões afirmativos orientados

por exatidões históricas ou metodológicas, pois a manifestação afro-brasileira está em construção.

resultado de um multiculturalismo étnico, que aproxima a Europa da África e revisita uma cultura em formação no Brasil.

consequência de uma combinação de ritmos e manifestações culturais africanas que se adaptaram à realidade específica da escravidão no Brasil.

importante, na gênese da referida manifestação, salientarmos a influência angolana, pois os documentos provam essas relações.

fundamental constatarmos que essa manifestação afro-brasileira está associada à cultura de resistência fabricada nos quilombos.

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QUESTÃO 44

Laconte e seus filhos

Juízo final

A estátua “Laconte e seus filhos”, produto do Helenismo, foi desenterrada em Roma, em 1506, e impressionou Michelangelo (1475-1564), influenciando seu trabalho artístico em “Juízo Final”. A influência da cultura clássica sobre os artistas renascentistas fica evidente na comparação entre as duas obras de arte em questão, sobretudo pela preocupação com os temas sobrenaturais e

religiosos. temática hedonista oriunda do cristianismo. ênfase na postura hierática das figuras retratadas. ausência de perspectiva e da ideia de profundidade

nas pinturas. construção dos personagens de modo naturalista.

QUESTÃO 43De repente, uma variante trágica.Aproxima-se a seca.O sertanejo adivinha-a e prefixa-a graças ao ritmo

singular com que se desencadeia o flagelo.Entretanto, não foge logo, abandonando a terra a

pouco e pouco invadida pelo limbo cadente que irradia do Ceará.

Buckle, em página notável, assinala a anomalia de não se afeiçoar nunca, o homem, às calamidades naturais que o rodeiam. Nenhum povo tem mais pavor aos terremotos que o peruano; e no Peru as crianças ao nascerem têm o berço embalado pelas vibrações da terra.

Mas o nosso sertanejo faz exceção à regra. A seca não o apavora. É um complemento à sua vida tormentosa, emoldurando-a em cenários tremendos. Enfrenta-a estoico. Apesar das dolorosas tradições que conhece através de um sem número de terríveis episódios, alimenta a todo transe a esperança de uma resistência impossível.

Os sertões, de Euclides da Cunha.

O texto não aborda apenas a seca em si, com seus flagelos, mas a cultura do nordestino com ela, afirmando ser o nordestino, antes de tudo, um forte, um guerreiro

que muda a situação e seu contexto social, nunca abandonando sua terra.

que, mesmo sabedor das condições advindas com a seca, o nordestino a enfrenta e nutre a esperança de vencê-la a todo custo.

ser natural o temor e a fuga do local, pois não há como enfrentar a seca, condição maior que qualquer ação do homem.

não haver solução para a seca por ser algo político, pois ela é a grande responsável pela manutenção do poder das oligarquias.

haver grande diferença entre o nordestino e o peruano, pois a seca pode ser resolvida, e os terremotos não.

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QUESTÃO 46A recuperação da herança cultural africana deve

levar em conta o que é próprio do processo cultural: seu movimento, pluralidade e complexidade. Não se trata, portanto, do resgate ingênuo do passado nem do seu cultivo nostálgico, mas de procurar perceber o próprio rosto cultural brasileiro. O que se quer é captar seu movimento para melhor compreendê-lo historicamente.

MINAS GERAIS. Cadernos do Arquivo 1: Escravidão em Minas Gerais. Belo Horizonte: Arquivo Público Mineiro, 1988.

Com base no texto, a análise de manifestações culturais de origem africana, como a capoeira ou o candomblé, deve considerar que elas permanecem como reprodução dos valores e

costumes africanos. perderam a relação com o seu passado histórico. derivam da interação entre valores africanos e a

experiência histórica brasileira. contribuem para o distanciamento cultural entre

negros e brancos no Brasil atual. demonstram a maior complexidade cultural dos

africanos em relação aos europeus.

QUESTÃO 45

O toque dos sinos em Minas Gerais: patrimônio cultural do Brasil

A forma de expressão do toque dos sinos relaciona sua dimensão estética à percepção sensorial e à sua função comunicativa, onde a ocasião e a estrutura do toque estão necessariamente associadas. A ocasião determina o ritmo a ser impresso ao toque: em celebrações festivas, ritmos acelerados; em ocasiões fúnebres, ritmos mais lentos e solenes. Uma forte influência da matriz cultural africana se faz presente na forma como os sinos eram e são tocados.

O toque dos sinos é expressão reveladora da identidade das cidades inventariadas e da diversidade cultural brasileira. Seus habitantes se reconhecem e se distinguem daqueles de outras cidades, porque atribuem um significado particular ao toque dos sinos, ao repertório dos toques, e ao som diferenciado de cada um dos sinos de bronze das torres das várias igrejas das suas cidades. Apenas uma parte da população em cada uma dessas cidades reconhece as mensagens transmitidas pelos toques de sinos. Dessa parte, somente uma pequena parcela é capaz de decifrar matizes nas mensagens. As ocasiões em que mais se tocam sinos são justamente as festas de santos – eventos que concedem espaço largo à alegria, ao prazer, ao lúdico –, quando a função comunicativa dos toques é menos relevante. Parte da população aprecia simplesmente a beleza dos sons dos sinos, misturados aos foguetes e ao som das bandas. O toque dos sinos, da forma como ocorre nessas cidades, é representativo de inúmeras peculiaridades, ele é capaz de promover nosso reconhecimento como uma comunidade imaginada, como brasileiros.

Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br>. Acesso em: 19 jun. 2019. (adaptado)

A leitura do fragmento permite inferir que o toque dos sinos, em Minas Gerais, constitui um importante patrimônio material, pois os

sinos usados são de origem muito antiga. ainda tem uma função comunicativa de fácil

compreensão para a maioria da população local. possui uma longa tradição prática e simbólica na

história dos grupos sociais da região. promovia a disputa entre as cidades mineiras pela

atração de fiéis na época do Barroco. sofre uma padronização comercial devido ao

desenvolvimento do turismo cultural no local.

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QUESTÃO 47No final do século XIX, as Grandes Sociedades

carnavalescas alcançaram ampla popularidade entre os foliões cariocas. Tais sociedades cultivavam um pretensioso objetivo em relação à comemoração carnavalesca em si mesma: com seus desfiles de carros enfeitados pelas principais ruas da cidade, pretendiam abolir o entrudo (brincadeira que consistia em jogar água nos foliões) e outras práticas difundidas entre a população desde os tempos coloniais, substituindo-os por formas de diversão que consideravam mais civilizadas, inspiradas nos carnavais de Veneza. Contudo, ninguém parecia disposto a abrir mão de suas diversões para assistir ao carnaval das sociedades. O entrudo, na visão dos seus animados praticantes, poderia coexistir perfeitamente com os desfiles.PEREIRA, C. S. Os senhores da alegria: a presença das mulheres nas Grandes Sociedades

carnavalescas cariocas em fins do século XIX. In: CUNHA, M. C. P. Carnavais e outras frestas: ensaios de história social da cultura. Campinas: Unicamp Cecult, 2002. (adaptado)

Manifestações culturais como o carnaval também têm sua própria história, sendo constantemente reinventadas ao longo do tempo. A atuação das Grandes Sociedades, descrita no texto, mostra que o carnaval representava um momento em que as distinções sociais eram deixadas de lado em nome

da celebração. aspirações cosmopolitas da elite impediam a

realização da festa fora dos clubes. liberdades individuais eram extintas pelas regras das

autoridades públicas. tradições populares se transformavam em matéria

de disputas sociais. perseguições policiais tinham caráter xenófobo por

repudiarem tradições estrangeiras.

QUESTÃO 48Todo homem de bom juízo, depois que tiver realizado

sua viagem, reconhecerá que é um milagre manifesto ter podido escapar de todos os perigos que se apresentam em sua peregrinação; tanto mais que há tantos outros acidentes que diariamente podem aí ocorrer que seria coisa pavorosa àqueles que aí navegam querer pô-los todos diante dos olhos quando querem empreender suas viagens.

J. P. T. Histoire de plusieurs voyages aventareux. 1600. In: DELUMEAU, J. História do medo no Ocidente: 1300-1800. São Paulo: Cia. das Letras, 2009. (adaptado)

Esse relato, associado ao imaginário das viagens marítimas da época moderna, expressa um sentimento de gosto pela aventura. fascínio pelo fantástico. terror do desconhecido. interesse pela natureza. purgação dos pecados.

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QUESTÃO 50Em seu significado mais primitivo, a palavra

patrimônio tem origem atrelada ao termo grego pater, que significa “pai” ou “paterno”. De tal forma, patrimônio veio a se relacionar com tudo aquilo que é deixado pela figura do pai e transmitido para seus filhos. Com o passar do tempo, essa noção de repasse acabou sendo estendida a um conjunto de bens materiais que estão intimamente relacionados com à identidade, à cultura ou ao passado de uma coletividade. Acerca da noção de patrimônio cultural, sabe-se que o(a) governo assume o papel de preservar e determinar a

construção da memória de uma sociedade. conhecimento sobre o patrimônio abarca uma

preocupação em democratizar os saberes e fortalecer a noção de cidadania.

chamado patrimônio imaterial abrange construções, obeliscos, esculturas, acervos documentais e museológicos, e outros itens das belas-artes.

capacidade do patrimônio em reforçar o passado e os valores comuns representa o interesse oficial do Estado e as regras impostas pela cultura erudita.

conceito de patrimônio material é tradicional e histórico, e engloba regiões, paisagens, comidas e bebidas típicas, danças, manifestações religiosas e festividades tradicionais.

QUESTÃO 49Seguiam-se vinte criados custosamente vestidos e

montados em soberbos cavalos; depois destes, marchava o Embaixador do Rei do Congo magnificamente ornado de seda azul para anunciar ao Senado que a vinda do Rei estava destinada para o dia dezesseis. Em resposta, obteve repetidas vivas do povo, que concorreu alegre e admirado de tanta grandeza.Coroação do Rei do Congo em Santo Amaro, Bahia apud DEL PRIORE, M. Festas e utopias

no Brasil colonial. In: CATELLI JR., R. Um olhar sobre as festas populares brasileiras. São Paulo: Brasiliense, 1994. (adaptado)

Originária dos tempos coloniais, a festa da Coroação do Rei do Congo evidencia um processo de exclusão social. imposição religiosa. acomodação política. supressão simbólica. ressignificação cultural.

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RESOLUÇÕES

Resolução 01Resposta correta: E

O calvinismo inaugurou uma tendência religiosa de glorificar a Deus mediante as práticas piedosas e exemplares não só na vida eclesiástica, mas também na familiar e profissional, de modo a confirmar a eleição divina para a salvação.

Resolução 02Resposta correta: B

Os anos que antecederam a Primeira Guerra Mundial foram caracterizados pela Paz Armada, ou seja, a formação de alian-ças militares e a preparação de tropas e arsenais para intimidar o inimigo.

Resolução 03Resposta correta: A

Grande parte dos ingleses que veio para a América era de perseguidos religiosos (puritanos). Por conta disso, tinham a intenção de permanecer na nova terra e fundar a Nova Ingla-terra, onde teriam o direito de liberdade religiosa, adotando o sistema de colônias de povoamento.

Resolução 04Resposta correta: A

O aprofundamento das tensões sociais, motivado pelo impac-to socioeconômico da Revolução Industrial, superestimulou o surgimento do pensamento socialista, considerado revolucio-nário para o século em questão.

Resolução 05Resposta correta: E

A Revolução Industrial Inglesa promoveu grandes transforma-ções em relação à mão de obra nas formas de produção, que acontecia com maior rapidez em relação ao período anterior, com o surgimento de grandes cidades que não possuíam in-fraestrutura, o que gerou graves problemas de moradia, saúde e higiene, caracterizando as cidades no século XIX.

Resolução 06Resposta correta: E

O tempo sempre foi manipulado, muito antes da invenção do relógio, e durante a fase da Revolução Industrial foi arma de aumento das horas de trabalho dos operários.

Resolução 07Resposta correta: E

A questão exige do aluno conhecimento geral sobre a Revolu-ção Francesa e suas diferenciadas fases. A Convenção Nacio-nal expressa a demarcação do regime republicano francês. A fase do Terror foi inaugurada como arma política e deu início à fase mais violenta da Revolução. Robespierre foi uma das principais referências dessa fase.

Resolução 08Resposta correta: C

A fábrica atrai mão de obra, que forma os centros urbanos, a estrada de ferro como meio de transporte, levando a produção e trazendo matéria-prima, e o cortiço indica as condições de vida dos operários que, sob a ótica de Engels, um dos funda-dores do pensamento socialista, evidencia a precariedade, in-salubridade, horas excessivas de trabalho e falta de condições de higiene e assistência médica.

Resolução 09Resposta correta: E

A eclosão de revoltas no mundo árabe está relacionada a fato-res socioeconômicos (inflação e desemprego) e políticos (falta de democracia e corrupção dos governantes). Nesses países árabes, curiosamente, fatores como os altos índices de urba-nização (macrocefalia) favorecem os acessos às redes sociais a despeito da baixa renda da população, o que dificulta o aces-so a esses equipamentos.

Resolução 10Resposta correta: A

A mudança histórica em questão foi o anúncio, por parte do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, do fim da rup-tura diplomática entre os dois países, abrindo caminho para o futuro fim do embargo comercial que há décadas afeta a ilha socialista.

Resolução 11Resposta correta: B

O contexto da chegada lusa ao território americano estava re-lacionado com a consolidação das monarquias nacionais ab-solutistas.

Resolução 12Resposta correta: A

O processo de conquista da América, especificamente do Bra-sil, tinha objetivos variados. Além do interesse por metais pre-ciosos, não se pode esquecer da pretensão de expandir a fé cristã em nome da fé católica, do desejo de converter os povos pagãos, como os nativos do Brasil, ao cristianismo por meio do discurso dos realizadores da chamada expansão marítima europeia. Isso fica explícito no trecho citado da carta famosa de Pero Vaz de Caminha.

Resolução 13Resposta correta: A

O protecionismo consistia em uma das principais práticas do mercantilismo e expressava o tipo de acordo feito com o pacto colonial: as colônias (os colonos que nelas habitavam e que a faziam produzir riquezas) deveriam dar exclusividade comer-cial às metrópoles, que, por sua vez, davam-lhes condições de trabalho e regularizavam a situação de exploração.

Resolução 14Resposta correta: D

Durante o período Pré-Colonial, desenvolveu-se, com autori-zação da Coroa portuguesa no Brasil, a extração de pau-brasil, uma atividade nômade e predatória que não tinha a finalidade de promover o povoamento. A mão de obra indígena era ex-plorada na prática conhecida como escambo (troca), na qual os indígenas faziam o trabalho pesado, do corte e transporte da madeira, e em troca recebiam quinquilharias europeias, ob-jetos de pouco valor. Logo a Coroa portuguesa estabeleceu o estanco, ou seja, o monopólio do produto, como uma es-tratégia de garantir ganhos imediatos, já que a madeira era explorada para alguns fins, entre eles a tinturaria de tecidos, pois liberava um corante vermelho, e a feitura de móveis.

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RESOLUÇÕES

Resolução 15Resposta correta: E

A administração pombalina era marcada pela orientação ilu-minista, com reformismo moderado. Tinha a preocupação de organizar a colonização, tentando acelerar o desenvolvimento metropolitano.A questão religiosa era outro foco da sua administração, ra-cionalizando o uso do indígena para a adaptação ao trabalho, atendendo aos interesses da metrópole.

Resolução 16Resposta correta: D

As manifestações religiosas no Brasil, durante seu processo de formação colonial, imperial e republicana, foram marcadas pela ausência de controle romanizador da Igreja Católica.Geralmente as festividades conseguiram diluir a hierarquia so-cial e provocar uma temporária socialização popular.Figuras tão distantes no âmbito econômico, como senhores e seus dependentes, aproximavam-se dentro da religiosidade ausente de regras definidas, criando uma noção comunitária de manifestação de fé.

Resolução 17Resposta correta: E

Durante o Período Colonial, o negro, principal trabalhador do sistema açucareiro, era visto como “animal falante”. Logo, seu martírio no trabalho era comparado, por alguns, com o de Cristo. Ao fazerem essas comparações, os padres jesuítas procuravam minimizar o sofrimento dos escravizados.

Resolução 18Resposta correta: D

Houve, historicamente, uma grande associação entre o estado e o catolicismo no Brasil. A expansão marítima portuguesa e a conquista da América (Brasil) se fez dentro do ideário de ex-pandir a fé cristã-católica. No Período Colonial, só era permiti-da a fé católica, havendo perseguição a protestantes, judeus, e crenças negras e indígenas. No Império (1422-1431), o estado era confessional, apresentando o catolicismo como religião oficial. A república proclamada em 1889, criou um estado laico, embora tal liberdade ficasse mais franqueada a outras igrejas cristãs, visto que, por anos, houve perseguição às crenças afro--brasileiras. Tem-se, por exemplo, registro de batidas policiais em terreiros de candomblé nos anos de 1940.

Resolução 19Resposta correta: E

A Regência (1831-1840) foi caracterizada por várias revoltas, questionando o centralismo imperial e a ordem social escravis-ta e latifundiária. Nesse momento, porém, a lavoura cafeeira já demonstra seu potencial econômico, dando lucros às elites do Sudeste (especialmente do Vale do Paraíba). Com isso, ante o apoio desta elite cafeicultora e recursos do café, o governo regencial con seguiu debelar as revoltas, manter a unidade ter-ritorial, as estruturas da grande lavoura de exportação e a mão de obra cativa.

Resolução 20Resposta correta: B

Por séculos, os colonizadores portugueses concentraram a exploração econômica do Brasil na zona litorânea, sendo res-tritas as tentativas de ocupação do interior da colônia pelos lusitanos.

Resolução 21Resposta correta: A

O apoio financeiro dado pelo governo do Estado de São Paulo para a montagem de parte do acervo do Museu Paulista de-monstra um esforço de construção de uma memória histórica que ressaltava o papel dos bandeirantes, enquanto típicos re-presentantes míticos dos paulistas, na formação territorial do Brasil.

Resolução 22Resposta correta: B

A construção do Estado Brasileiro passou por momentos eter-nizados pelas obras de arte, na tentativa de justificar suas ideo-logias e argumentações.Como o período da Independência, o país passou por um processo político questionável, do ponto de vista moral, ético e social, e fez-se necessária a montagem de D. Pedro I com o grande líder, defensor perpétuo da Nação. No caso de D. Pedro II, a instabilidade regencial mostrou um medo de frag-mentação nacional e que a imagem do imperador parecia ser a grande solução para o “caos”, associando seu governo com o controle político.

Resolução 23Resposta correta: C

Ante a decadência da escravidão, os setores latifundiários pas-saram a estimular a vinda de imigrantes europeus, achando que esses eram “superiores” e capazes de trazer o progresso ao Brasil. De início, imperou o chamado regime da parceria, em que os próprios fazendeiros traziam os imigrantes; como o regime não teve o êxito esperado (houve até revoltas dos imigrantes), buscou-se estimular o sistema do colonato, em que o governo tinha um papel de destaque na vinda dos imi-grantes. Essa questão de o governo participar ou não da vinda dos imigrantes foi alvo de debates nas instituições políticas do Império, como se percebe no texto.

Resolução 24Resposta correta: C

O Brasil, ao lado de Cuba, foi o último país da América a aca-bar com a escravidão (no caso, com a Lei Áurea, de 1888). Nas últimas décadas do século XIX, a abolição parecia inevitável. Existiam, porém, vários projetos para o fim da escravidão. Ra-dicais defendiam processos revolucionários, tal como ocorrera no Haiti, em 1791; proprietários eram contra, outros defen-diam a abolição com indenizações em virtude das “proprie-dades” que perderiam; o movimento negro, ligado à classe média, pensava na estratégia da compra das alforrias; no caso do texto de um dos mais importantes políticos do século XIX, Joaquim Nabuco, fica claro que a abolição deveria ser uma decisão legalista, via Parlamento, sem abalos profundos da or-dem social.

Resolução 25Resposta correta: A

A Guerra do Paraguai (1864-1870) foi um dos fatos mais mar-cantes do Brasil Império. A partir dela, o exército se fortale-ceu e passou a defender a abolição. Muitos dos soldados, os chamados voluntários da pátria, eram cativos, adquiridos pelo governo com a promessa de alforria após o encerramento do conflito. Com o fim da guerra, ocorreu uma contradição – os soldados negros estavam livres, mas seus parentes continua-vam sob a opressão da escravidão.

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RESOLUÇÕES

Resolução 26Resposta correta: B

A lei Áurea não apresentou um caráter democrático quando não contemplou reformas essenciais para a rein tegração do ex-escravo em sociedade nem estimulou a construção de uma legislação que implementasse um novo panorama social mar-cado por reforma educacional ou reforma agrária.Assim, o escravizado deixou a senzala e, na grande maioria dos casos, partiu para a sobrevida em cortiços, na estrutura margi-nal das cidades, ligado ao subemprego ou, ainda, à criminali-dade; outros migraram para a vida em antigos quilombos.A presente questão trata da condição de ascensão de Luiz Gama, um representante da comunidade afro-brasileira, que, em meio a tantas contradições e dificulda des que marginali-zavam o negro na transição do império para a república, fez, nesse contexto, uso do direito como instrumento de luta pela liberdade.

Resolução 27Resposta correta: D

Somos sabedores que a Guerra do Paraguai foi justificada por diferentes visões.Sob o ponto de vista tradicionalista, a guerra foi uma resposta brasileira ao imperialismo paraguaio e ao mesmo tempo uma reação eficaz do exército brasileiro.Sob o olhar de alguns historiadores paraguaios, a guerra foi apenas uma grande injustiça, cometida por potências sul-a-mericanas contra um pequeno país que buscava o desenvol-vimento autônomo.Um outra corrente esquerdista aponta que a guerra foi fruto exclusivo dos interesses imperialistas ingleses, que preten-diam se sobrepor na região.Diante de tantas correntes historiográficas que ten tam dar ex-plicação para o conflito podemos reconhecer os embates e antagonismos na tentativa de se estabelecer explicações con-vincentes.

Resolução 28Resposta correta: E

Estando no poder, no que tradicionalmente chamou-se Primei-ro Reinado (1822-1831), Pedro I governou atravessando uma crise econômica e vários embates políticos. Disso adveio um clima de grande instabilidade, como se percebe na dissolução da Assembleia Constituinte de 1823, na outorgação da Cons-tituição de 1824, na repressão à Confederação do Equador, no envolvimento do país na Guerra da Cisplatina, além de escân-dalos de corrupção.Com um governo tão autoritário, o imperador tornou-se ex-tremamente impopular, o que se agravou com a morte do jor-nalista Líbero Badaró, crítico do governo, cujo assassinato não foi devidamente explicado. Assim, ante os confrontos de ruas, que puseram em risco o sistema político, o imperador acabou abdicando em 1831.

Resolução 29Resposta correta: E

A lei Áurea não apresentou um caráter plenamente democrá-tico, não contemplou reformas essenciais para a reintegração do ex-escravo em sociedade, não estimulou a construção de uma legislação que implementasse um novo panorama social, marcado por reforma educacional ou reforma agrária.

O escravo deixou a senzala e, na grande maioria dos casos, este partiu para a sobrevida em cortiço, na estrutura marginal

das cidades, ligado ao subemprego ou, ainda, à criminalidade e alguns outros migraram para a vida em antigos quilombos.Muitos ex-proprietários de escravos que, em certo momento apoiavam a monarquia, partiram para o republi canismo sem qualquer consciência política democrática, mas apenas como uma tentativa de tirar vantagens e, ainda, aventurar alguma possível indenização.Contudo, em grau de obviedade, a lei Áurea teve significativo impacto político, impulsionando os ditames que conduziriam a república, registrando uma nova fase de nossa história social.

Resolução 30

Resposta correta: B

Analisando a conjuntura do Segundo Reinado, constatamos que, à medida que D. Pedro II amadurecia politicamente, na condição de chefe de Estado, dava prosseguimento a obser-vância da Carta outorgada de 1824, que determinava quatro poderes: executivo, legislativo, judiciário e o poder moderador, este último controlado pelo imperador, o qual deveria promo-ver a supervisão dos demais poderes. Contudo, não pode ser visto como expressão clássica do Absolutismo, mas, na prática, sugeria uma tendência centralista. Portanto, o imperador exer-cia a governabilidade segundo as leis em questão.

Resolução 31

Resposta correta: D

A Teoria do Direito Divino dos Reis foi amplamente utilizada para justificar o poder dos soberanos europeus no Estado ab-solutista moderno. De acordo com essa teoria, o poder do rei não vem dos homens, mas do próprio Deus. Portanto, somen-te a Deus o soberano teria de prestar conta de seus atos.

Resolução 32

Resposta correta: D

Enquanto o primeiro texto justifica a centralização política na figura do monarca, o segundo estabelece a necessi dade de um consentimento entre o governo e os gover nados de onde emerge a noção de contratualismo.

Resolução 33

Resposta correta: D

A ideia de Estado, em Montesquieu, quebra a ideologia ab-soluta do poder político moderno, por meio do qual o rei te-ria total autonomia de mando sobre o Estado. Para o filósofo, deveria haver a tripartição do poder para haver maior justiça social. Cada poder político seria autônomo e co-responsável pelo outro poder, impondo limites que garantiriam a não au-tocracia no Estado.

Resolução 34

Resposta correta: B

O primeiro texto, fragmento extraído da Declaração de In-dependência dos EUA, reflete os valores e o pensa mento do liberalismo político; o segundo texto, parte de um pronun-ciamento do rei francês Luís XV ao Parla mento, oferece um recorte do pensamento dos regimes absolutistas europeus.

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RESOLUÇÕES

Resolução 35Resposta correta: B

No primeiro texto, a frase atribuída ao rei Luís XIV remete aos Estados absolutistas europeus, que floresceram entre os sécu-los XVI e XVIII. No segundo texto, de autoria do abade Sieyès, clérigo que participou ativamente do processo revolucionário francês, a ideia exposta é a da associação entre a vontade po-pular e o conceito de nação, o que contrasta com o primeiro texto.

Resolução 36Resposta correta: E

O Estado absolutista foi resultado da desagregação de prá-ticas feudais no decorrer da Baixa Idade Média, em meio à decadência dos senhores feudais e nascimento de uma nova classe social, a burguesia. Figurou como um importante mo-mento de transição do feudalismo para o mercantilismo, sím-bolo da Modernidade.

Resolução 37Resposta correta: C

A tendência apresentada pelo discurso do autor maca o seu desejo frente à implementação de um padrão de autonomia para com as províncias, o que poderia conduzir a uma reflexão sobre a antecipação do modelo federalista.

Resolução 38Resposta correta: B

Os anos 1930 foram conturbados na Europa ante as disputas entre extrema esquerda (socialistas) e extrema direita (nazifa-cistas). Em 1936, uma frente de esquerda (republicanos) foi elei-ta para assumir o governo da Espanha. Diante disso, grupos conservadores (igreja, latifundiários) liderados pelo general Francisco Franco (os nacionalistas/falangistas/fascistas) tentam um golpe de Estado. O governo republicano, porém, resiste, e a Espanha mergulha em uma Guerra Civil (1936-1939). Ante à possibilidade de mais um país tornar-se fascista, milhares de voluntários formaram brigadas internacionais, indo à Espanha defender o governo republicano. A Guerra Civil foi vencida por Franco, que governou até 1975.

Resolução 39Resposta correta: C

A consciência dos jovens após a II Guerra Mundial passa a ser maior, em especial quando os movimentos da Guerra Fria passaram a “matar” jovens que defendiam os Estados “sem razão”.O cartaz exposto expressa movimentos ligados, à época, aos hippies, em que “Faça amor não faça guerra” era o ícone da contestação e da revolução sexual da década de 60 e 70. Os jovens ligavam a revolta com os movimentos de guerra à defe-sa da liberdade do corpo.

Resolução 40Resposta correta: A

A questão aborda uma ideia básica acerca da política externa dos Estados Unidos, na época do Presidente James Monroe, momento das independências na América Latina, sob cobiça do imperialismo inglês, sintetiza da na celebre frase. Deno-minada “monroísmo”, foi considerada como uma ideologia pan-americana, porém com uma visão diferente daquela pro-pugnada por Si mon Bolívar.

Resolução 41Resposta correta: B

De acordo com o texto, a identidade cultural brasileira está associada à expressão do mosaico multiétnico e artístico que caracteriza a formação brasileira e a brasilidade.

Resolução 42Resposta correta: C

A influência da cultura africana no Brasil promoveu a composi-ção das bases para a identidade brasileira, juntamente com a cultura indígena e europeia. Compreende-se a capoeira como consequência de uma combinação de ritmos e manifestações culturais africanas que se adaptaram à realidade específica da escravidão no Brasil, não se prendendo basicamente a deter-minados padrões de ataque ou de defesa nas senzalas ou qui-lombos.

Resolução 43Resposta correta: B

O texto de Euclides da Cunha discorre sobre a condição da seca e sobre a forma como o nordestino a enfrenta, mesmo sabendo dos seus flagelos e da impossibilidade perene de sua vitória, haja vista que as ajudas governamentais são sempre nulas ou insuficientes. Se o clima não muda, se a chuva não aparece, a desgraça é fato e o sertanejo tem que abandonar terras e pertences para tentar sobreviver, mesmo ficando claro no texto a proeminente força e resistência do nordestino.

Resolução 44Resposta correta: E

A produção artística renascentista apresentou, entre várias ca-racterísticas, o naturalismo, reflexo de uma nova mentalidade em efervescência na sociedade da época.

Resolução 45Resposta correta: C

O toque dos sinos em Minas Gerais configura-se como um pa-trimônio imaterial, cuja história tem profunda relação com as complexas e ricas formas de sociabilidade desenvolvidas entre os habitantes da região mineradora entre os séculos XVII e XIX.

Resolução 46Resposta correta: C

Para o Brasil, dentro da chamada escravidão Atlântica, vieram cerca de 5 milhões de africanos, sendo óbvia, assim, a con-tribuição étnica e cultural afro na formação do país. Tais con-tribuições, porém não são estáticas, sofrendo o dinamismo inerente à cultura e sua ressignificação. Portanto, manifesta-ções como capoeira e candomblé não podem ser vistas ape-nas como heranças africanas, mas também como elementos a serem compreendidos dentro do processo histórico brasileiro.

Resolução 47Resposta correta: D

As hierarquizações sociais na transição do séc. XIX para o séc. XX, no que concerne ao enquadramento das práticas cultu-rais, demonstra a tentativa das elites de sobrepor seus valo-res às massas. A questão está abordando a tentativa de elitizar as práticas carnavalescas.

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RESOLUÇÕES

Resolução 48Resposta correta: C

O texto apresenta uma máxima que se utilizava na Era das Grandes Navegações: o medo do desconhecido. A falta de conhecimento aliada às fantásticas histórias, principalmente da literatura árabe, e aos conceitos do mundo medieval, pro-moviam um sentimento de medo aos navegadores da época.

Resolução 49Resposta correta: E

Os elementos culturais são dinâmicos, sofrendo alterações em suas características e significâncias ao longo da história. No Período Colonial, festas como a Coroação do Rei do Congo, além de expressarem a religiosidade daquela sociedade, cons-tituíam-se como uma estratégia de resistência à escravidão e ao racismo. Atualmente, a referida festa denota o sentido de afirmação de uma identidade afro-brasileira. Assim, fica evi-dente a ressignificação cultural do rei dos congos.Resolução 50Resposta correta: B

Não raro, todas as vezes ao se fazer um passeio turístico, tem-se a oportunidade de contemplar e refletir mediante aos objetos e manifestações que formam o patrimônio do lugar que é visitado. Nesse sentido, a observação dos patrimônios abre caminho para que se tenha a oportunidade de se reco-nhecer e reconhecer os outros em elementos que preservam a memória e representam características da coletividade.

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