observações sôbre a malária na amazônia...

62
191 Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira * Publicado originalmente em Revista do Serviço Especial de Saúde Pública, v. 1, n. 1, p. 3 – 60, 1947. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira* Deane, L. M. Êste trabalho é um resumo de observações feitas sôbre distribuição, transmissão e controle da Malária, pelo Programa da Amazônia do Serviço Especial de Saúde Pública, no período de julho de 1942 a junho de 1946. Anteriormente, haviam sido procedidos na região, em diferentes épocas, vários estudos sôbre o Paludismo ou os seus transmissores, salientando-se os que seguem. Em 1905, Goeldi publicou os resultados de suas observações sôbre os mosquitos do Pará, incluindo anofelinos 1 . Em 1907, Craig relatou o fracasso, em parte devido à Malária, da primeira tentativa de construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré 2 . Newstead e Thomas, em 1910, deram notas sôbre os mosquitos da região amazônica 3 e no mesmo ano Thomas descreveu as condições sanitárias e as doenças prevalentes em Manáus, compreendida a Malária 4 . Entre 1909 e 1914 e depois em 1936 e 1937, observações sôbre o Paludismo e anofelinos foram feitas em diversos pontos do vale por Peryassú 5, 6 . Em 1910, Oswaldo Cruz estudou a incidência da Malária na Estrada de Ferro Madeira Mamoré e deu sugestões práticas para o seu controle. Em 1912, Lovelace, em trabalho sôbre a etiologia

Upload: others

Post on 10-Jan-2020

5 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

191Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

* Publicado originalmente em Revista do Serviço Especial de Saúde Pública, v. 1, n. 1,p. 3 – 60, 1947.

Observações sôbre a Malária naAmazônia brasileira*

Deane, L. M.

Êste trabalho é um resumo de observações feitas sôbredistribuição, transmissão e controle da Malária, pelo Programa daAmazônia do Serviço Especial de Saúde Pública, no período de julhode 1942 a junho de 1946.

Anteriormente, haviam sido procedidos na região, emdiferentes épocas, vários estudos sôbre o Paludismo ou os seustransmissores, salientando-se os que seguem.

Em 1905, Goeldi publicou os resultados de suasobservações sôbre os mosquitos do Pará, incluindo anofelinos1. Em1907, Craig relatou o fracasso, em parte devido à Malária, da primeiratentativa de construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré2.Newstead e Thomas, em 1910, deram notas sôbre os mosquitos daregião amazônica3 e no mesmo ano Thomas descreveu as condiçõessanitárias e as doenças prevalentes em Manáus, compreendida aMalária4. Entre 1909 e 1914 e depois em 1936 e 1937, observaçõessôbre o Paludismo e anofelinos foram feitas em diversos pontos dovale por Peryassú5, 6. Em 1910, Oswaldo Cruz estudou a incidência daMalária na Estrada de Ferro Madeira Mamoré e deu sugestões práticaspara o seu controle. Em 1912, Lovelace, em trabalho sôbre a etiologia

Page 2: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

192 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

do beri-beri, descreveu a grande incidência do Paludismo durante aconstrução recem-terminada da estrada referida7. O mesmo autor em1913 publicou um artigo sôbre a etiologia palustre da Febrehemoglobinúrica, com dados da Amazônia8. No mesmo ano, CarlosChagas divulgou seus estudos de parasitologia e sintomatologia daMalária, feitos na viagem que realizou pelos rios Amazonas, Solimões,Purús, Acre, Juruá e Negro em 1912 e 19139. Em 1916, Alfredo daMatta descreveu a Malária como principal causa da mortalidade emManáus10 e Sousa Araújo, em 1923, estudou essa moléstia como ogrande motivo de despopulação da região11. Em 1926, Strong, Shattuck,Bequaert e Wheeler discutiram o Paludismo na Amazônia em relatórioda expedição que fizeram para estudar a nosologia dessa área12. Em1931, Davis demonstrou ser o Anopheles darlingi vetôr de Malária emBelém13 e em 1933 Shannon confirmou as observações desse autor ediscutiu sôbre bases modernas a distribuição e a importância dasespécies de anofelinos do vale amazônico14. O mesmo Davis, em 1934,citou os Estados de Pará e Amazonas como os que forneceram a maiorproporção de fragmentos de fígado positivos para Malária, em examesde material obtido por viscerotomia no Brasil15. Em 1940, EvandroChagas e colaboradores realizaram, pela primeira vez, um inquéritosistemático de Malária que abrangeu 49 localidades distribuídas empontos escolhidos de tôda a Amazônia, mas do qual apenas resultadosparciais estão publicados de modo esparso. Galvão, Damasceno eMarques, em 1942, deram conta de seus estudos sôbre a biologia dosvetores de Malária de importância epidemiológica em Belém do Pará16.No mesmo ano, Galvão e Damasceno17 e Galvão18 e em 1944 Galvão eDamasceno19 apresentaram novos dados sôbre os anofelinos da região.

Page 3: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

193Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

Map

a 1

– A

maz

ônia

bra

sile

ira

Page 4: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

194 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

Resultados parciais dos trabalhos que vêm sendo feitossôbre Malária pelo Programa da Amazônia do Serviço Especial de SaúdePública, têm sido divulgados em publicações de Causey, Deane, Deanee Britto de Mello20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28; 29.

O presente relato será dividido nas partes seguintes:

1 a região.2 distribuição da Malária.3 transmissão da Malária.4 controle da Malária.

1 A REGIÃO

A Amazônia brasileira, coincidindo aproximadamente coma zona geográfica oficialmente considerada região Norte do país,abrange os Estados de Amazonas e Pará e os Territórios de Acre,Guaporé, Rio Branco e Amapá (Mapa 1) e compreende uma área de3.600.000 quilômetros quadrados ou 41,5 por cento da superfície doBrasil. Mais de metade da região é uma planície raza que se espalha deOeste a Leste ao longo do curso do rio Amazonas e afluentes. A menorlargura da planície perto da embocadura da bacia, aparentementeparadoxal, explica-se pelo fato de que, antes do período terciário, aságuas do atual Amazonas corriam do Oriente para o Ocidente,despejando num mar perto das atuais fronteiras do Brasil com o Perú ea Colômbia; o levantamento dos Andes no período terciário represouas águas do rio, criando um enorme lago, que forçou então uma saídapara o Atlântico. A planície, onde se encontra a mais densa e contínuaformação florestal do mundo, é tão raza, que na fronteira com o Perú,a cêrca de 3 mil quilômetros da foz do Amazonas, a altitude do terrenoé somente de 65 metros; em Brasiléa, na fronteira com a Bolívia, a3.300 quilômetros da embocadura, é de 160 metros e em Bôa Vista doRio Branco é de 90 metros. De um e outro lado da planície o terreno se

Page 5: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

195Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

eleva gradualmente mas, só nos limites com as Guianas, a Venezuela ea Colômbia e no Guaporé é que há verdadeiras serras contínuas(Mapa 2).

Existem apenas duas estações, uma chuvosa e outra, ditasêca, em que chove menos. A distribuição das chuvas pode ser vista noMapa 3. Dentre as localidades onde mais chove, contam-se Clevelândia,com 3.240 milímetros anuais, Uaupês, com cerca de 2.960, e Belém,com cerca de 2.800. Os meses mais secos são usualmente outubro enovembro em Belém; julho, agôsto e setembro em Manáus; junho, julhoe agôsto em Sena Madureira e de dezembro a março em Bôa Vista doRio Branco. Os meses mais chuvosos são em geral março em Belém,março e abril em Manáus, de dezembro a fevereiro em Sena Madureirae de maio a julho em Bôa Vista do Rio Branco.

Page 6: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

196 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

Map

a 2

– A

maz

ônia

bra

sile

ira,

rel

evo

do s

olo

Page 7: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

197Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

Map

a 3

– A

maz

ônia

bra

sile

ira,

plu

vim

étri

a em

mm

Page 8: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

198 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

Enchentes anuais, que ocorrem entre março e junho,inundam extensas áreas, principalmente nos altos rios.

As variações de temperatura são pequenas na maior partedo vale, exceto no alto Amazonas, onde se fazem sentir as chamadasfriagens, que são ondas de frio decorrentes de degelos andinos, advindasbruscamente durante os meses de junho a agôsto nos rios Negro, Juruá,Purús, Acre e Madeira e em que a temperatura pode ir abaixo de 5graus centígrados, como acontece em Brasiléa. Em Belém a temperaturamédia é 25,6 com 35,1 de máxima absoluta e 18,5 de mínima absoluta;em Manáus, já a oscilação é ligeiramente maior, média sendo 26,6, amáxima 37,8 e a mínima 17,6; em Uaupês, bem mais a Oeste,influenciada pelas friagens e pelos ventos quentes dos planos daVenezuela, a oscilação é bem maior, média sendo cerca de 25, a máxima38 em setembro e a mínima 12,6 em julho; em Sena Madureira, a médiaé cerca de 24,5, a máxima 37,8 em novembro e a mínima 5,2 em agôsto.

Os tipos de terreno principais na região são os igapós ouflorestas permanentemente alagadas; as várzeas, que são áreas queinundam nas grandes enchentes e que perto da embocadura do Amazonassão lavadas duas vêzes por dia pelas águas das marés; e as terras firmes,que compreendem ora terrenos florestados, ora campos, situados quer àsmargens dos rios quer mais para dentro e que em geral não alagam.

Os 1.500.000 habitantes da Amazônia (onde há, portantoem média 0,4 de pessôa por quilômetro quadrado), são em grandemaioria caboclos, isto é, mestiços de brancos com índios; seguem-senumericamente brancos, mulatos e outros produtos de mestiçagem, osnegros puros constituindo minoria. Índios semi-civilizados representamparte apreciável da população dos altos rios, entre os quais ainda vivemrestos de muitas tribos selvagens que, refugiando-se em zonas até agorapouco acessíveis aos civilizados, têm conseguido escapar ao extermínio.Dentre os estrangeiros, predominam os portugueses e sírios, sendoreduzido o número de japonêses que se agruparam em diversos trechosdo vale numa tentativa fracassada de colonização.

Page 9: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

199Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

Mais de três quartos da população vivem em pequenosagrupamentos distribuídos às margens dos rios ou alguns quilômetrospara dentro, e menos de um quarto se aglomera em cidades relativamentegrandes, como Belém e Manáus, com cerca de 200 mil e 70 milhabitantes respectivamente, e em pequenas cidades e vilas, cujapopulação varía entre poucas centenas a menos de dez mil pessoas, eonde em geral as condições de higiene, e conforto são muito precárias.

As vias principais de transporte são, naturalmente, os riose igarapés. A quilometragem de estradas de rodagem é negligível,limitando-se estas às proximidades das cidades, a ponto de ser apreciávelo número de indivíduos do interior, embora jamais tenham visto umautomóvel, são familiarizados com o avião. Há menos de 750quilômetros de vias férreas, distribuídos entre Belém e Bragança (294quilômetros), entre Alcobaça e Água Limpa (86 quilômetros) e entrePorto Velho e Guajará-Mirim (366 quilômetros).

As fontes de renda dos habitantes são principalmenteborracha, a castanha, óleos vegetais, madeira de lei, couros de animaissilvestres. Recentemente os diamantes estão sendo explorados no rioTocantins e o ouro e agora o ferro no Amapá. A agricultura é rudimentar,constando principalmente da mandioca para o preparo de farinha paraconsumo local. Há zonas restritas de pecuária, como no Acre, em BôaVista do Rio Branco, no baixo Amazonas e na ilha de Marajó.

A deficiência alimentar, a falta de instrução e de educaçãosanitária e as doenças contribuem para tolher a produtividade, docaboclo. As principais moléstias do vale são a Malária, as verminosesintestinais e a Tuberculose e a seguir a Disenteria amebiana, asDisenterias bacterianas e a Lepra. A Bouba é endêmica em todo o vale,mas há um fóco bem mais denso em Breves, onde é hiperendêmica. APinta incide intensamente no alto Amazonas, nos rios Solimões, Juruáe Purús. A Filariose, devida à Wuchereriae bancrofti, é comum nossubúrbios de Belém (e há informações da frequência de Elefantíase no

Page 10: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

200 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

rio Guaporé, acima de Guajará-mirim), mas não representa problema dasaúde pública no resto do vale. A Leishmaniose tegumentar é endêmica naszonas de mata, principalmente nos castanhais e seringais, nos altos rios.Existe esporadicamente a Leishmaniose visceral, mas presumivelmenterestrita ao baixo Tocantins, baixo Mojú, ilha de Marajó e litoral.

2 DISTRIBUIÇÃO DA MALÁRIA

Métodos de avaliação

Os dados sôbre a distribuição da Malária referentes aosanos de 1942, 1943 e 1944 foram em parte obtidos por médicos doSESP em inspeções feitas durante epidemias ou para orientação demedidas de controle em certas localidades, consistindo tais inspeçõesem interrogatório, esplenometria pela escala de Boyd, e hemoscopia(gota espessa e esfregaço) de amostra representativa da população.Entretanto, a grande maioria das informações sôbre distribuição daMalária naquele período foi conseguida através de inquéritos semestraisque, num total de 145, se realizaram em 53 localidades, e queconsistiram em exame de gotas espessas de sangue de parte doshabitantes das cidades ou vilas acessíveis com relativa facilidade. Osmeses escolhidos foram junho e dezembro, por serem respectivamenteas épocas de maior e de menor incidência de Malária, a julgar porBelém. O sangue era obtido por guardas previamente distribuídos pelaslocalidades escolhidas, e as lâminas enviadas ao laboratório central,em Belém, onde eram coradas pelo Giêmsa e examinadas durante dezminutos por uma equipe de microscopistas treinada. Os resultados dahemoscopia de dezembro de 1942 e de junho de 1943 já forampublicados por Causey e Britto Mello20, que também orientaram osinquéritos de dezembro de 1943 e junho e dezembro de 1944, cujosresultados são dados neste resumo.

De 1945 para cá, os inquéritos estão sendo feitos de acôrdocom a orientação de Ayroza Galvão e Pondé. Por já serem conhecidosos índices parasitários sanguíneos de muitas localidades em épocas

Page 11: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

201Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

diferentes, inquéritos regulares passaram a ser feitos somente em Belém,Manáus e demais localidades onde se estivesse procedendo, ou seplanejasse fazer, controle de Malária. Todos os inquéritos passaram aser realizados por médicos e a incluir esplenometria, além de examedas lâminas estiradas de todos os casos cujas gotas grossas, examinadasentão por 5 minutos, tivessem sido dadas como positivas paraPlasmodium vivax, visto ser às vêzes difícil o diagnóstico diferencialentre esta espécie e o P. malariae em gotas grossas.

Foi ainda estabelecida a distribuição de fichas de Maláriaa serem usadas pelos médicos do interior, os quais regularmente enviamà séde um resumo das fichas, mencionando os doentes de Paludismoatendidos em cada mês, assinalados os casos autóctones da séde doPôsto, os que contraíram a Malária em outro local e os de autoctoniaduvidosa. Dêsse modo se espera ter dados a respeito da autoctonia ounão dos casos verificados em cada localidade, bem como da incidênciamensal do Paludismo nas mesmas.

Resultados obtidos

É cedo para se ter uma boa idéia sôbre muitos dos aspectosda Malária na Amazônia, em vista do pouco tempo de observaçãosistemática e da vasta extensão territorial.

Pode-se, entretanto, dizer que durante os últimos quatroanos não se encontrou no vale a situação de Malária tão intensa egeneralizada quanto tem sido sugerido em trabalhos anteriores.

O exame de 185.214 laminas de sangue provenientes deum total de 207 inquéritos feitos em 76 localidades (Mapa 1) resultouno encontro de 5.817 lâminas com plasmódios, ou seja 3,1% do total(Quadro 1), e em 43.496 esplenometrias feitas durante 42 inquéritos,em 28 localidades, foram achadas 5.492 esplenomegalias, ou 12,6%(Quadro 2).

Page 12: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

202 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

Os índices plasmódicos achados nos quatro primeirosinquéritos semestrais feitos sob a orientação de Causey e Britto Melloforam os seguintes:

1942 1943 1943 1944Dezembro Junho Dezembro Junho

Localidades com inquérito 23 36 40 45Sangues examinados 19.629 27.103 38.426 40.035Sangues com plasmódios 979 890 417 620Índice plasmódico 5,0 3,3 1,1 1,5

Todavia, a maioria desses inquéritos foi feito em cidadese é possível que índices mais elevados tivessem sido obtidos se asinspeções abrangessem uma proporção maior de moradores das áreasrurais, pois nessas áreas, habitadas por mais de três quartos da populaçãoda Amazônia, a Malária aparentemente incide com maior intensidade.

Embora relativamente homogênea, a planície amazônicanão deixa de apresentar diferenças que distinguem trechos do vale,pelo menos no que se refere à Malária endêmica. Assim, as áreascorrespondentes ao Território do Acre, aos rios Solimões e Amazonas,à parte média do rio Madeira, à metade Nordeste da ilha de Marajó e àEstrada de Ferro de Bragança, tomadas cada uma como um todo, sãode um modo geral menos malarígenas do que as correspondentes, porexemplo, à Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, no Guaporé, aos riosTocantins, Xingú e Tapajós, à zona das ilhas, à metade Sudoeste dailha de Marajó, à zona guajarina, e ao Território do Amapá, como se vênos Quadros 3 e 4. Essa diferença é mais sentida por quem trabalha naAmazônia do que demonstrada pelos índices hemoscópicos obtidosaté agora. Tais índices são apenas um instantâneo da situação da Maláriano momento em que são tomados, e não dão a idéia do grau deendemicidade da doença. Como é sabido, os índices esplênicos retratammelhor o grau de endemicidade, porém, no decorrer das observaçõesaqui referidas, a esplenometria sistemática, a cargo de médicos, só pôde

Page 13: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

203Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

ser feita em poucas localidades. Além disso, mesmo quando se inclui aesplenometria nos inquéritos, a época em que estes são procedidos podeàs vêzes coincidir com a ocorrência de um surto epidêmico numadeterminada localidade, fornecendo um índice muito mais elevado doque em outras localidades de endemicidade muito maior, porém livresde epidemia no momento.

A diferença da incidência de Malária nos dois grupos dezonas citados mais acima, embora estatisticamente significante, não éacentuada. Quando, entretanto, se toma, dentro dessas áreas, localidadesdiversas, ainda que bem próximas, ver-se-á que extremas variações deincidência de Malária podem ocorrer. Isso em parte pode ser visto pelahemoscopia nos Quadros 3 e 4, porém os seguintes exemplos ilustrarãomelhor tais diferenças.

Na metade Nordeste da ilha de Marajó foi feito uminquérito em setembro de 1943, durante o qual se colheram dados sôbreMalária em quatro localidades ao longo do rio Ararí: o povoado Mutá,a uns 25 quilômetros da foz e que fica num terreno onde as margens dorio são densamente florestadas e o interior é formado de matas e campos;Cachoeira, que é uma pequena cidade a uns 25 quilômetros acima deMutá, onde não há mais florestas e sim campos e pequenas capoeiras;Genipapo e Santa Cruz, que são vilarejos edificados em uma planícieraza, inteiramente descampada e praticamente sem árvores, o primeirologo na origem do rio Ararí o segundo às margens do lago Ararí, amais de cem quilômetros da foz do rio. A Malária incidia intensamentena parte baixa o rio, mas era praticamente ausente na parte alta e nolago. Em Mutá e Cachoeira, por exemplo, 16,7 e 14,4% dos moradoresapresentaram plasmódios no sangue e 41,7 e 16,5% tinhamesplenomegalia. Por outro lado, em Genipapo, só duas de 100 pessoastiveram sangue positivo e 1 tinha baço aumentado, tôdas tendo contraídoa infecção fóra de Genipapo; e em Santa Cruz os índices hemoscópicoe esplênico foram ambos de 1%.

Page 14: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

204 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

No baixo Amazonas, em fevereiro de 1943, foi feito uminquérito de Malária em Monte Alegre e algumas localidades vizinhas.Na cidade, que fica em terreno acidentado e de fácil drenagem, excetona faixa marginal, pantanosa, só foi encontrado um caso agudo deMalária autoctone, enquanto na outra margem do rio Amazonas. emTamacurí, povoado situado na orla de um grande lago no meio dafloresta, a Malária era hiperendêmica, causando há vários anosdramática devastação. Ai, tôdas as pessoas examinadas acusarampassado palustre, 43,7% tinham plasmódios no sangue e 72,4%apresentavam esplenomegalia, sendo de 2,4 o baço aumentado médio.Convém citar que ao lado dessas duas localidades, uma de baixaendemicidade malárica e outra de Malária hiperendêmica, foi visita aomesmo tempo uma terceira localidade, Mulata, colônia agrícola distante38 quilômetros de Monte Alegre e situada na orla de uma florestaalagada, onde epidemia de Paludismo estava ocorrendo e onde 35,6dos moradores tiveram sangue positivo e 64,7% eram esplenomegálicos,o baço médio aumentado sendo de l,9.

No Acre, a cidade de Rio Branco fica num terrenodescampado e alto semeado de pequenas lagôas razas: um inquérito aífeito em junho de 1943 resultou num índice plasmódico de zero,esplênico 7,8 e baço médio aumentado de 1,8, porém somente um dosesplenomegálicos nunca tinha saído do lugar e todos os demaisindivíduos que acusavam história prévia de Malária pareceram tê-laadquirido fóra, nos rios Purús, Antimari, Zinho e Abunan. Situaçãocontrária foi achada no rio Zinho, onde foram examinados na mesmaocasião três seringais, distantes de Rio Branco entre quatro e 12 horasa motor e situados em terreno alto e florestado. Aí se achou elevadaincidência de Malária, pois 97,3% das pessoas examinadas acusarampassado palustre, 12% estavam com acesso no momento, 15% tinhamplasmódios no sangue e 75,2% apresentaram esplenomegalia, sendode 2,6 o baço aumentado médio.

Page 15: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

205Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

Dentro de uma mesma cidade pode naturalmente haveríndices elevados em certos trechos e muito baixos em outros. Tomando-se um inquérito qualquer de Belém, o de junho de 1945 por exemplo,vê-se que o índice plasmódico para tôda a cidade foi 6,3% e o esplênico5,6%. Todavia, numa das 21 zonas em que foi dividida a cidade,encontrou-se 0,4% dos habitantes com plasmódios no sangue e 0,7%com esplenomegalia, enquanto em outra zona achou-se índiceplasmódico de 11,4 e esplênico de 17,4%. Do mesmo modo em Manáus,em setembro de 1945, os índices plasmódico e esplênico para tôda acidade foram 6,9 e 7,9%, mas variaram de 2,2 e 1,8% para uma zonaaté 23,3 e 43,1% para outra.

Das cidades em que o SESP tem postos de higiene, aMalária constitui um importante problema em Belém, Breves, Cametá,Marabá, Altamira, Itaituba e Óbidos no Pará; tôdas as cidades doTerritório do Amapá; Maués, Manáus, Borba e Lábrea no Amazonas;Pôrto Velho e Guajará-Mirim no Guaporé; Xapurí e Brasiléa no Acre.Por outro lado, a julgar pelos últimos anos, não há evidência de Maláriaautoctone em Afuá, Abaetetuba, Santarém e Alenquer, no Pará;Parintins, Itacoatiára, Tabatinga, Benjamin Constant, Bôca do Acre eEirunepé no Amazonas, e Rio Branco no Acre. Entretanto, na maioriadas zonas rurais, em torno das cidades não malarígenas, a Malária éendêmica e muitas vêzes altamente endêmica.

De modo geral, parece que as localidades não malarígenasou pouco malarígenas são, quer as situadas em terrenos baixos marginais,de várzea, banhados duas vêzes ao dia pelas marés, mas onde não hajacondições para a retenção das águas das marés ou das enchentes (comoAfuá e Abaetetuba, por exemplo), quer as situadas em terras firmes bemdrenadas, ou em terrenos planos, razos, descampados, sem vegetação deporte (como por exemplo Genipapo e Santa Cruz). Por outro lado,excetuando o litoral, as localidades onde mais frequentemente seencontrou Malária como problema permanente foram as situadas na orlade mata ou da capoeira, em terrenos com grandes igarapés, lagos, lagôasou represas, o que está em relação com peculiaridades na biologia dosanofelinos transmissores, como se verá adiante.

Page 16: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

206 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

É necessário salientar que em algumas localidades onde ahemoscopia foi negativa para Malária ocorreram posteriormente surtosepidêmicos intensos naturalmente relacionados com vários fatores,inclusive climáticos, que temporariamente criaram condições para odesenvolvimento dos vetores. Em Borba, por exemplo, onde todos ossangues examinados foram negativos num inquérito feito em junho de1944, ocorreu êste ano grave epidemia de Malária.

A curva de incidência mensal do Paludismo não é a mesmanos vários trechos do vale, diferindo não só à proporção que se caminhade Leste para Oeste, por causa de divergências quanto às épocas daschuvas, como também mesmo em lugares próximos uns dos outros,quase na mesma longitude, onde a diferença depende dos tiposexistentes de criadouros de anofelinos. Alguns destes tornam-sepropícios à proliferação dos transmissores em certas épocas do ano,enquanto outros depósitos de criação da mesma espécie podemamadurecer em outra época. Nas localidades onde há dois vetores, umpode proliferar melhor numa época do ano e outro em outra, comoparece ser o caso de Belém, onde na faixa litorânea da cidade a Maláriaé de baixa endemia, com surtos epidêmicos intensos durante a estaçãochuvosa, enquanto na parte alta a endemicidade é maior, e as epidemiasocorrem geralmente no início do estío.

No que concerne às espécies de parasito, houve, no totaldos inquéritos regulares, 3.690 lâminas com diagnóstico de Plamodiumvivax, 2.135 de Plasmodium falciparum e apenas dez de Plasmodiummalariae (Quadro 1 e Gráfico 1), o que dá porcentagens de 63,2 para aprimeira espécie, 36,6 para a segunda e 0,2 para a terceira.

Em 114 de 184 inquéritos positivos, predominou o vivax,em 58 o falciparum, e em 12 houve número igual de lâminas, positivaspara cada uma destas espécies. O malariae só foi assinalado em trêslocalidades: Vigia, Belém e Tamucurí; somente nesta última foi achadonuma proporção elevada, pois em inspeção aí feita em fevereiro de1943, entre 48 indivíduos examinados, foram encontradas quatro

Page 17: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

207Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

infecções por malariae, 13 por vivax e seis por falciparum, o que dáproporções de 17,4, 56,5 e 26,1% para as três espécies.

Em revisão de sangues examinados nos laboratórios dospostos de higiene do interior e em exames avulsos de pessoas queprocuraram a divisão de Malária do SESP em Belém, num total de 1.382lâminas, foram achadas 466 com vivax, 319 com falciparum e 22 commalariae, ou sejam, porcentagens de 57,8, 39,5 e 2,7 para cada espécie.(Gráfico 1). Os casos de malariae corresponderam a indivíduos com asseguintes proveniências: zonas rurais de Abaetetuba oito, Barcarena um,Itaituba um, Maracanã um, Marabá cinco, zonas rurais de Parintins cincoe Pôrto Velho um. Êste caso de Pôrto Velho foi de infecção tripla, comformas de vivax e de falciparum, além das de malariae.

Gráfico 1 - Percentual por espécies de plasmodium em examespositivos em 76 localidades da Amazônia. Julho de 1942a junho de 1946

Vivaz Falciparum Malariae

%100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

%100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

PERCENTUAIS

ESPÉCIES INQUÉRITOS OUTROSEXAMES

VIVAX 63,2 57,7FALCIPARUM 36,6 39,5MALARIAE 0,2 2,7

EM INQUÉRITOS REGULARESEM OUTROS EXAMES

Page 18: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

208 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

3 TRANSMISSÃO DA MALÁRIA

Métodos de estudo

Para se conhecer a distribuição dos anofelinos regionais,guardas do Laboratório Central, localizados em trechos distantes, masacessíveis por avião, fizeram entre 1942 e 1944 colheita de materialentomológico enviando a Belém desovas de anofelinos para criação,de acôrdo com a técnica descrita por Causey 28, além de fêmeas mortassem desovar, adultos criados de larvas e larvas mortas. Guardas dosPostos do interior também enviavam a Belém os anofelinos apanhadosno trabalho rotineiro de pesquisa ou de captura, material êsseidentificado por equipes de microscopistas treinadas em entomologiade Malária.

Em 1945, foi suspenso o serviço de guardas itinerantes doLaboratório, que mantém agora somente um técnico nêsse tipo detrabalho e que recebe, ainda, material enviado por guardas de localidadesonde se tenta controle de Malária.

Desde o inicio até o presente, médicos diferenciados paraêsse mister viajam por vários trechos do vale, onde através do examede criadouros potenciais, de diversos tipos de captura e de dissecções,colhem dados sôbre a biologia dos anofelinos, principalmente noconcernente à sua relação com a Malária.

Resultados obtidos

Entre julho de 1942 e junho de 1946, foram examinadosem Belém 49.325 desovas, 562.054 adultos e 1.390.734 larvas deanofelinos provenientes de 115 localidades, cuja situação se vê noMapa 1.

Nêsse material encontraram-se os seguintes anofelinos,cuja distribuição geográfica é dada no Quadro 5.

Page 19: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

209Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

AnophelesNyssorhynchus

darlingi (Root, 1926)argyrtarsis (Robineau Desvoidy, 1827)albitarsis (Arribalzaga, 1878)pessoai (Galvão e Lane, 1937)oswaldoi (Peryassú, 1922)konderi (Galvão e Damasceno, 1942)goeldii (Rozeboom e Gabaldon, 1941)rangeli (Gabaldon, Cova-Garcia e Lopes, 1940)benarrochi (Gabaldon, C.-Garcia e Lopes, 1941)galvãoi (Causey, Deane e Deane, 1943)aquasalis (Curry, 1932 (tarsimaculatus AA.)triannulatus triannulatus (Neiva e Pinto, 1922)triannulatus davisi (Patterson e Shannon, 1927)rondoni (Neiva e Pinto, 1922)

Anopheleseiseni (Coquillet, 1902)peryassui (Dyar e Knab, 1908)mattogrossensis (Lutz e Neiva, 1911)shannoni (Davis, 1931)minor (Costa Lima, 1929)fluminensis (Root, 1927)intermedius (Chagas, 1908)punctimacula (Dyar e Knab, 1906)neomaculipalpus (Curry, 1933)

Shannonieziamediopunctatus (Theobald, 1903)

Stethomyianimbus (Theobald, 1903)kompi (Edwards, 1930)thomasi (Shannon, 1933)

Lophopodomyiasquamifemur (Antunes, 1937)

Chagasia bonneae (Root, 1927)

Page 20: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

210 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

Além desses mosquitos, Causey descreveu comoAnopheles dunhami um Nyssorhynchus relativamente abundante emTefé e cujas fêmeas, pupas, larvas e ovos parecem indistinguiveis degoeldii, mas cujos machos são reconhecíveis pela fórma do falosoma24.Dos 30 anofelinos achados, apenas dois, Anopheles darlingi e Anophelesaquasalis, têm provado ser transmissores importantes de Malária naregião.

Anopheles darlingi

Foi achado em 81 das 115 localidades em que se fezcolheita de anofelinos (Quadro 5). O seu papel como transmissor demalária em Belém foi demonstrado por Davis13 e por Galvão,Damasceno e Marques16 e em Pôrto Velho por Shannon14.Recentemente, Deane, Causey e Deane27, 29 verificaram haver umacorrelação constante entre a presença de darlingi e a de Malária emtôdas as localidades examinadas na Amazônia, excetuando algumasdo litoral, onde não foi achado darlingi e onde é provável que atransmissão do Paludismo se faça por intermédio do aquasalis. OsQuadros 6 e 7 e o Gráfico 2 mostram a diferença entre os índiceshemoscópicos de localidades com e sem darlingi. Assim, não háevidência da existência de Malária autóctone em Abaetetuba, Santarém,Parintins, Itacoatiára, Tefé, Manicoré, Bôca do Acre, Rio Branco eTarauacá, cidades em que darlingi foi insistentemente procurado comresultado negativo, e em outras localidades situadas no litoral, naEstrada de Ferro de Bragança e no Solimões, onde a procura dêssemosquito, também negativa, foi menos demorada. Por outro lado, aespécie foi achada sempre que procurada com cuidado, em tôdas aslocalidades muito malarígenas do interior.

Investigações especiais confirmaram essas observações,mesmo quando se tratou de localidades com e sem Malária ao longo deum mesmo rio ou muito próximas uma da outra. o papel predominantedo darlingi como vetor foi ainda confirmado por dissecções29, as quaisrevelaram que darlingi era a única espécie a se encontrar infectada

Page 21: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

211Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

com fases evolutivas de plasmódios (Cachoeira, Mulata, Fordlândia,Pôrto Velho, Jaci-Paraná e Lábrea) ou a espécie infectada em proporçãomais elevada (Belém, Mutá, Tamucurí e Amapá); de um total de 1.556exemplares dissecados, 28, ou 1,8 %, mostraram-se infectados.

Gráfico 2 - Resultados de hemoscopia na Amazônia

LOCALIDADES COM DARLINGI

LOCALIDADES MÉDIO MÁXIMO MÍNIMO

COM DARLINGI 3,6 72,9 ZERO

SEM DARLINGI 0,5 3,4 ZERO

LOCALIDADES SEM DARLINGI

MÉDIO MÁXIMO MÍNIMO MÉDIO MÁXIMO MÍNIMO

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

Page 22: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

212 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

As razões dêsse papel preponderante de darlingi parecemestar em sua domesticidade relativamente alta e em sua provavelmentegrande suscetibilidade à infecção.

A frequência com que darlingi se encontra nas casas, jáassinalada anteriormente na Amazônia13,14,16, foi confirmada por Deane,Causey e Deane em muitas localidades do vale, onde darlingi mostrou-se mesmo a espécie mais doméstica. De um total de 27.428 adultos dedarlingi colhidos, 24.079 ou 87,8%, foram apanhados nas casas e só3.349, ou 12,2% ao ar livre em isca animal ou humana, darlingirepresentou ainda 75,3% do total de 36.429 anofelinos adultosidentificados até espécie dentre os colhidos em domicílios, e só 3,5%dos 95.931 anofelinos capturados fóra de casas. Outra evidência dadomesticidade de darlingi é dada pela proporção entre larvas e adultosachados em cada localidade, sendo em geral pequena a densidade larvarde darlingi em comparação com a dos adultos apanhados nas casas, aocontrário do que se dá com outras espécies de anofelinos, dos quais équase sempre mais fácil colher larvas do que adultos; assim, se darlingirepresentou 75,3% do total de anofelinos adultos colhidos nas casas,as 81.311 larvas de darlingi corresponderam apenas a 9,8% das 829.338larvas de anofelinos apanhadas na região e identificadas até espécie(Gráfico 3)

Page 23: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

213Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

A frequência com que darlingi procura as habitaçõeshumanas sugere um antropofilismo acentuado. As observações de BrittoMello e as de Galvão, Damasceno e Marques16 com provas deprecipitina, em sangue contido em exemplares de darlingi dos subúrbiosde Belém não deram resultados coincidentes. Pondé, em 480 horas decapturas feitas em Água Preta, subúrbio de Belém, em casa habitadapor pessoas e em colheitas procedidas no fim de cada período de 12horas em gaiola situada perto da casa e onde permaneceu um cavalopor um total de 1.872 horas, colheu 2.689 darlingi na casa e somente166 na armadilha; isso significaria nítida preferência pelo homem, poisa armadilha onde estava o cavalo era tanto um abrigo quanto a casaonde ficavam as pessoas. Entretanto, em 15 horas de capturascomparativas que fizemos simultâneamente em homem e cavalo, ao

Gráfico 3 - Presença de A. darlingi na Amazônia. Julho de 1942 ajunho de 1946

3 00 1 0 2 0 4 0 5 0 6 0 7 0 8 0 9 0 1 00

3 00 1 0 2 0 4 0 5 0 6 0 7 0 8 0 9 0 1 00P E R C E N T U A IS

E M 8 2 9 33 8 L A RVA SD E A N O F E L ÍN O S

E M 9 3 9 31 A N O F E -L ÍN E O S C A P T U R A -D O S F O R A D E C A S A

E M 3 6 4 29 A N O F E -L ÍN E O S C A P T U R A -D O S E M D O M IC Í L IO

A . D A R L I N G I P E R C E N T U A ISE M C A P T U R A SD O M IC IL IA R E S 75 3F O R A D E C A S A 3 5E M L A RVA S 9 8

Page 24: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

214 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

crepúsculo vesperal, ao ar livre, e perto ou longe de uma casa de ÁguaPreta muito frequentada por darlingi, entre junho e agôsto passados,enquanto 133 darlingi e 34 outros anofelinos foram apanhados nohomem, 192 darlingi e 20 outros anofelinos o foram no cavalo. Estesúltimos resultados abalam a impressão de um nítido antropofilismo dedarlingi e deixam sem resposta a pergunta de se a domesticidade dessaespécie é devida à preferência por sugar o homem ou por sugar emlugar abrigado.

O outro fator influente e importante na relação do darlingicom a Malária, isto é, a sua provavelmente alta susceptibilidade éindiretamente sugerida pelo fato de haver transmissão de Maláriamesmo em lugares onde essa espécie é muito rara. Em algumaslocalidades malarígenas, darlingi pode ser muito abundante, como nolago Tamucurí, Pará, onde a quantidade dêsse mosquito é tão grandedurante todo o ano que vários dos habitantes constroem suas barracasno meio do lago, longe das margens, para diminuir o tormento do assaltocotidiano dêsse e de outros anofelinos. Entretanto, em grande númerode localidades com Malária, é difícil se encontrar adultos de darlingi,embora a espécie exista no lugar. Foi o caso do sitio Mulata, onde emfevereiro de 1943 Deane, Causey e Deane29 relatam ter encontrado ofim de uma epidemia, em que a Malária ainda estava sendo transmitidae onde foram necessários quatro dias e noites de trabalho intenso paracapturar somente quatro exemplares de darlingi, dois dos quais,entretanto, estavam infectados.

Um fator que facilita a aquisição intradomiciliar da Maláriatransmitida pelo darlingi é o hábito de essa espécie, dentro das casas,sugar preferentemente às altas horas da noite, quando a maioria doshabitantes está dormindo. Observações feitas sôbre a penetração dedarlingi nas casas especialmente às horas mais altas da noite por Galvão,Damasceno e Marques em Belém16, foram confirmadas por Deane,Causey e Deane em Belém, Cachoeira, Mutá, Pôrto Velho, Guajará-Mirim e Lábrea29 e por Pondé em Belém. Por tôdas essas observações,

Page 25: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

215Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

viu-se que darlingi começa a penetrar nas casas ao crepúsculovespertino, mas vai entrando em números crescentes até as proximidadesdo meio da noite para depois diminuir de número até o amanhecer, aproporção dos exemplares que se pode capturar nas casas de dia sendoem geral muito menor do que à noite. Êsses fatos trazem comoconsequência prática a noção de que nos lugares onde a densidade dedarlingi fôr pequena, precisa-se procurá-lo nas habitações,especialmente às altas horas da noite ou madrugada.

Que darlingi suga os moradores das casas preferentementeàs altas horas da noite ou de madrugada foi visto em capturas feitas emPôrto Velho e Guajará-Mirim29 e também pela seguinte observação feitaem Fordlândia: de 201 darlingi apanhados em casas de doisacampamentos de seringueiros, 15 o foram na primeira metade da noite,155 de madrugada e 31 de dia; enquanto só 40% dos apanhados naprimeira metade da noite tinham sangue no estômago, 79,3% doscapturados de madrugada e 100% dos coletados pela manhã estavamnessas condições. Isso sugere que, onde outras medidas de proteçãonão puderem ser postas em prática, o uso de mosquiteiros será de certaeficiência, muito maior, naturalmente do que no caso de espéciestransmissoras que suguem de preferência ao crepúsculo.

Entretanto, várias vêzes foi visto que darlingi é capaz desugar de dia fóra ou dentro de casas, invadindo a estas principalmentequando chove, mas sugando mesmo em dias secos e nas horas maisquentes29.

Adultos de darlingi foram apanhados na Amazônia, váriasvêzes, em veículos tais como trem, canôa, lancha e navio29.

Na maioria das vêzes os criadouros de larvas de darlingisão achados a menos de 500 metros das casas onde se encontram adultosdessa espécie, mas distâncias de cerca de um quilômetro (Mutá), um emeio quilômetro (Recreio) e quase dois quilômetros (Base Aérea deAmapá) já foram assinaladas29.

Page 26: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

216 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

Larvas de darlingi criam de preferência em depósitos comteor muito baixo de cloreto de sódio, insolarados porém bastante grandese fundos, de modo a se conservarem estáveis as suas condições físicase químicas. Assim, reprêsas, lagôas, lagos e remansos de igarapésconstituem em geral os seus criadouros permanentes. Na estaçãochuvosa, porém, larvas de darlingi podem ser encontradas em váriosoutros tipos de depósito, mesmo pequenos e razos, tais como poças dechuva e até pegadas de animais; tal fato é provavelmente devido àscondições de temperatura um pouco mais baixa, humidade maior echuvas frequentes, que impedem a evaporação rápida das águas,permitindo assim uma certa estabilidade das condições físicas equímicas do criadouro. Por isso em geral, durante a estação chuvosa,darlingi dispersa para áreas em que não ocorria no verão, quandonovamente se retrai para determinados fócos de resistência, comodemonstraram Galvão, Damasceno e Marques, na cidade de Belém16.

Êsses fócos residuais, que permitem a sobrevivência dedarlingi no verão, ficam mais frequentemente na orla de florestas ecapoeiras que, embora concedam aos criadouros a faculdade de receberainda luz direta, os protegem da evaporação rápida. Por isso, durante oestío, em áreas descampadas e onde todos os outros depósitos ficaminteiramente desprotegidos, é nas poucas coleções de água sombreadapor pequenos trechos de floresta ou capoeira que se vai encontrar larvasde darlingi, como constataram Deane, Causey e Deane em Mutá,Cachoeira, Recreio e Santo Antonio29.

Essa exigência quanto aos seus criadouros explica porque,em determinados lugares, darlingi desaparece totalmente, ou diminuiextraordinariamente no verão. Em localidades próxima das quais hácriadouros propícios como fócos de resistência estival, tais como grandeslagôas ou reprêsas, ou profundos e largos igarapés, darlingi é encontradodurante o ano todo e a Malária aí também ocorre em todos os meses,geralmente sem decréscimo muito apreciável. Quando, porém, tais fócosde resistência se encontram longe da localidade, a espécie só chega atéaí durante a estação chuvosa, quando dispersa de seus fócos residuais.

Page 27: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

217Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

Anopheles aquasalis

Como as larvas dessa espécie se desenvolvemprincipalmente em coleções de teor salino relativamente elevado, elasó é encontrada em áreas influenciadas por marés de água salôbra. NaAmazônia ela existe em quase tôdas as localidades de litoralexaminadas, e os pontos mais afastados do mar onde foi encontradaforam Belém e Ponta de Pedras (Mapa 1).

Ao contrário de darlingi, êsse mosquito só é vetorimportante quando numeroso, pois não é tão assíduo frequentador dehabitações humanas, onde só se encontra em quantidade apreciávelquando sua produção está sendo enorme, durante certas épocas do ano.No litoral, entretanto, é responsável por tôda ou parte da Malária local.Exemplares infectados com esporozoítos foram encontrados em Belém,Amapá e Mutá (Mapa 1); de um total de 437 exemplares dissecados, 4ou 0,9%, estavam infectados27, 29.

Em Belém, é o responsável pela Malária da parte baixalitorânea da cidade, cortada por igarapés influenciados pela água salôbrada baía do Guajará ou do rio Guamá.

Anopheles albitarsis

Embora muito comum na Amazônia, não parece ser aí umvetor da importância que lhe é atribuida em outras partes do Brasil. Aforma achada na região corresponde à variedade domesticus, de Galvãoe Damasceno19,encontrando-se frequentemente dentro de casas, emboratambém possa ser capturado em grande número ao ar livre, em iscasanimais. Não obstante sugar o homem com facilidade e frequência,não há evidência de ser um bom transmissor. Não houve correlaçãoentre a sua abundância e a presença ou frequência de Malária naslocalidades inspecionadas: áreas houve em que a espécie era rara e aMalária de apreciável endemicidade (Belém, Amapá, Lábrea, quasetôda a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré exceto Guajará-Mirim, rioZinho); outras em que albitarsis era muito abundante (como em

Page 28: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

218 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

fazendas da ilha de Marajó, na cidade de Monte-Alegre, em Parintins)e a Malária rara ou ausente; outras, enfim, em que havia albitarsis ebastante Malária, mas onde também existia um transmissor importante,como o darlingi, por exemplo (Fordlândia).

Na área urbana de Monte Alegre, Pará, num inquérito feitoem fevereiro de 1943, quando aparentemente não havia darlingi, apenasum caso de Malária autóctone foi encontrado, embora o número dealbitarsis nas casas fosse grande; de 489 exemplares dissecados apenasum apresentou oocistos no estômago 27. A importância pequena doalbitarsis quando comparado ao darlingi é ilustrada por um exemploocorrido na ilha do Marajó. De cinco localidades examinadas no rioArari, em setembro de 1943, em três havia muita Malária autóctone e emduas a Malária autóctone era praticamente ausente. Em tôdas aslocalidades foi encontrado albitarsis, mas, enquanto nas duas sem Maláriaessa espécie foi a única achada, nas demais ela coexistia com darlingi oucom darlingi e aquasalis. Numa delas, Cachoeira, albitarsis era abundantenas casas, quase quatro vêzes mais numeroso do que darlingi; entretanto,enquanto todos os 224 albitarsis dissecados foram negativos, um de 37darlingi apresentou esporozoítos nas glândulas salivares29.

Parece, pois, que nesta região albitarsis só tem importânciaepidemiológica quando se encontra em alta densidade ou quandocoexiste com um vetor importante, como o darlingi, que seria entãoresponsável pelo grosso da Malária e, portanto, por uma densidadegrande de gametóforos.

Anopheles pessoai

Na Amazônia, Anopheles pessoai, sob certas condições,talvez seja um transmissor secundário, pois frequentemente se encontraem casas e suga o homem com facilidade, embora seja aparentementemenos doméstico ou antropófilo do que darlingi e mesmo albitarsis.Em Tamucurí, Pará, onde alta incidência de Malária é mantidaprovavelmente à custa de darlingi, que se encontra em grande número

Page 29: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

219Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

no lugar, pessoai é abundante nas casas, e de 122 exemplares dissecadosum apresentou esporozoítos nas glândulas salivares. Nessa localidade,aos fundos da qual fica densa floresta, não é impossível que osesporozoítos achados fossem de Malária simiana, pois diversas espéciesde macacos havia lá em grande número. Porém, mesmo aceitando osesporozoítos como provenientes de plasmódios humanos, essa evidênciafará de pessoai apenas espécie de importância local, pois em Tamucuríhavia também um grupo especial de condições: os animais domésticoseram raros, pessoai era muito abundante, os criadouros eram muitopróximos das casas e entre os habitantes havia uma alta porcentagemde gametóforos.

Não há evidência de que qualquer outra das espécies deanofelinos achados na Amazônia tenha importância na transmissão daMalária. Algumas são muito abundantes em certas regiões, como goeldiiem Marabá e na Fordlândia, rangeli no Território do Acre, triannulatusem muitos lugares e mattogrossensis em Bôca do Acre, porém não hácorrelação entre a sua distribuição e a endemicidade malárica.Dissecções de fêmeas de 15 dessas espécies foram tôdas negativas paraformas evolutivas de plasmodios27.

4 CONTROLE DA MALÁRIA

No início da atuação do SESP, em meados de 1942, quandoera urgente a obtenção de borracha amazônica em grande escala para aguerra, fazia-se necessário manter ativos, e tanto quanto possível livresde acessos de Malária, os milhares de seringueiros espalhados na região.Não existindo, em perspectiva, medidas de eficácia imediata no controledo Paludismo pelo combate aos transmissores na área, foi decididofornecer Atebrina largamente, enquanto se experimentava métodosadequados de proteção individual e coletiva. No período abrangidopor êste relato foram distribuídos 17.758.189 comprimidos de Atebrina,dos quais mais de dois terços no primeiro ano de trabalho. Ao mesmotempo foram experimentados, em diversas localidades do vale, algunsdos método usuais de controle.

Page 30: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

220 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

Em Belém foi tentado o controle pelo anti-larvário atravésde verde-Paris ou de óleo, um ou outro sendo empregado a principioem tôdas as coleções d’água achadas nas áreas trabalhadas da cidade edepois sómente naquelas em que um serviço semanal, permanente, depesquisa houvesse denunciada a existência de larvas de darlingi ou deaquasalis. O verde-Paris, em aplicação manual, era usado na proporçãode 1 ou 2%, misturado a areia sêca durante o estio e a areia úmida, comquerosene, durante a estação chuvosa, quando também por algum tempose empregou verde-Paris em água e querosene e aspergido por bombasdos tipos Excelsior e Único.

Os resultados da aplicação de larvicidas em mais de trêsanos de emprêgo não parecem ter sido eficientes. Em Belém onde hácriadouros de darlingi representados por enormes reprêsas constituindoreservatórios de água com bastante vegetação e cuja parte central édificilmente acessível, o emprêgo de larvicidas é dispendioso e poucoprofícuo. Aliás, não é de esperar que no combate ao darlingi ou a outrosNyssorhynchus o uso de larvicidas seja tão eficiente quanto parece tersido no Nordeste do Brasil contra o Anopheles gambiae, cujoscriadouros eram pequenos, de facil acesso e com pouca vegetação; aímesmo se verificou que, as descidas espetaculares no número de larvasde gambiae, não corresponderam baixas iguais, no número de larvasde Nyssorhynchus, nas áreas tratadas.

No combate à Malária transmitida pela aquasalis tambémo emprêgo de larvicidas não se mostrou eficiente em Belém, o que seexplica pela extensa área de distribuição dessa espécie na cidade epelo número grande de criadouros de dificil tratamento.

Para controlar a Malária devida ao aquasalis foi feito aoredor da parte baixa litorânea de Belém, um dique de seis quilômetrosde extensão, interrompido por comportas que correspondem aembocadura de igarapés; tais comportas, abrindo só de dentro parafóra, automaticamente, sob a pressão dos riachos, na baixa das marés,permitem o escoamento das águas das nascentes e das chuvas e impedem

Page 31: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

221Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

a penetração da água da baía do Guajará e do rio Guamá que é salôbraem determinadas épocas do ano e que anteriormente invadia osterritórios adjacentes formando poças que constituem criadouros deaquasalis. Dêsse modo se espera não só que o dique, com suascomportas, impeça a penetração de água salôbra, como também queassim permita que a água das chuvas vá lavando o terreno e tornando-o menos rico em cloreto de sódio, dificultando assim a formação futurade fócos de aquasalis. Pode-se argumentar que com essa descloretizaçãodo sódio o dique talvez venha a favorecer a criação de depósitos quesejam propicios ao desenvolvimento do darlingi, mas isso nãoacontecerá se o dique cumprir a sua finalidade de secar a área emquestão, quando estiverem terminadas as valas secundárias queconvergem nas valas principais que vão ter às comportas.

Em algumas áreas de Malária transmitida pelo darlingifoi tentado o seu controle por meio de expurgos domiciliares, em vistadêsse mosquito frequentar assiduamente as habitações. Usou-seinseticida de contacto à base de piretro diluído a um para 19 emquerosene e com tetracloreto de carbono (Pyrocide 20) e aplicadodiariamente entre seis e nove horas da noite. Entretanto, como o darlingipenetra nas casas principalmente às horas mais avançadas da noite, emque não seria praticável o expurgo sistemático e frequente, e dada apouca duração da ação dos inseticidas de contacto e ainda em vista docusto elevado de pessoal e material necessários para a manutençãodêsse serviço, tais expurgos não podem ser aconselhados como medidade combate à Malária transmitida pelo darlingi em localidades daAmazônia. Para o controle do Paludismo transmitido pelo aquasalis,êsse método nunca entrou em cogitação, em vista dos hábitos poucodomésticos dessa espécie na região.

O emprêgo de DDT domiciliar no combate à Maláriaproduzida pelo darlingi foi iniciado na cidade de Breves, em caráterexperimental, em maio de 1945. Mais tarde, em vista dos resultadospromissores, foi solicitado pelo govêrno do Território do Amapá o seu

Page 32: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

222 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

emprêgo nas cidades de Mazagão, Amapá, Macapá e Espírito Santo,onde presentemente vem sendo feito. Depois foram escolhidas umaárea de Belém e uma de Manáus com Malária transmitida pelo darlingi,a primeira com um total de cerca de mil casas e a segunda com cerca detrezentas. O DDT está sendo ainda usado em Pôrto Velho e Guajará-Mirim, no Território de Guaporé e em Fordlândia, no Pará.Presentemente, na aplicação de DDT está sendo empregada a soluçãode 5% em querosene, em distribuição que corresponda a dois gramasde DDT por metro quadrado de superfície tratada. Teoricamente êsseparece ser por enquanto o meio mais realizável de controle de Maláriaem localidades do vale onde o vetor é darlingi. O material é muitomais caro, por pêso, do que o verde-Paris ou os preparados de piretro,porém o custo real da aplicação é mais barato porque os ciclos detratamentos são muito mais espaçados. Além disso, sómente umainseticida residual será capaz de atingir proporção bastante grande dedarlingi nas horas em que essa espécie é mais abundante nas casas.

Nos casos em que uma localidade inteira é tratada, amortandade ocasionada pelo DDT entre os mosquitos que invadem ascasas é bastante para diminuir de tal maneira o número de fêmeas quede outro modo iriam procriar, que pode ocorrer uma baixa sensível,acusada pelos próprios habitantes ou até o desaparecimento da espéciedentro da localidade. Foi o que se deu em Breves, onde houve nítidadiminuição no número de darlingi adultos e larvas e no de casos deMalária com infecção adquirida na cidade.

Nem sempre, entretanto, o decréscimo de mosquitos ébastante para ser notado pelos moradores, porque em localidades queficam muito próximas de grandes criadouros ou em que sómente partedas casas é tratada, é possível que o número de darlingi que entra nashabitações não diminúa de modo espetacular, mas, como os que entrame sugam vão pousar nas paredes DDTisadas, quase todos vêm a morrernum curto prazo, a maioria em alguns minutos. Dêsse modo, ainda queos mosquitos tenham sugado gametóforos, morrerão antes de se tornar

Page 33: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

223Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

infectantes, sendo cortado assim um dos élos da cadeia de transmissão.Portanto, mesmo quando em localidades do tipo das citadas acima,não se nota um decréscimo grande no número de mosquitos, deveocorrer nítida baixa no número de infecções, como vem acontecendona área do Inst. Agronômico do Norte, em Belém. Além das vantagensmencionadas, o longo intervalo entre as aplicações torna o emprêgo doDDT muito cômodo. Em observações feitas numa casa em Água Preta,junto a um dos melhores criadouros permanentes de darlingi nossuburbios de Belém, uma única aplicação de DDT da maneira acimacitada foi eficiente como imagocida de darlingi por um prazo de seismeses30. Nos trabalhos de rotina, os intervalos que estão sendo usadosna Amazônia são de dois meses em Breves e nas cidades do Territóriodo Amapá, e de três meses em Belém, Manáus e cidades do Territóriodo Guaporé. Ainda não se pode apresentar dados definitivos sôbre oresultado do emprêgo rotineiro de DDT no combate à Malária naAmazônia, mas o interesse dos que têm visitado Breves, e visto comode lugar notório pela Malária é hoje cidade relativamente salubre, temfeito com que, fato raro no extremo Norte, prefeitos e particulares devários municípios se tenham recentemente cotizado e se oferecido paracustear o emprêgo do DDT em suas cidades, com assistência técnicado SESP. Quando o preço do material baixar e os métodos de aplicaçãocontinuarem a se aperfeiçoar, quando, por exemplo, fôr possívelempregar a suspensão de DDT em água para pintar as paredes em vezde solução em querosene para aspersão, é de esperar que esta simplesmedida profilática muito contribua para o desenvolvimento econômicoda região amazônica, pela redução da incidência da Malária nosagrupamentos humanos de produção.

SUMÁRIO

1. Depois de uma breve descrição da Amazônia brasileira,são relatadas algumas observações aí feitas pelo Serviço Especial deSaúde Pública entre julho de 1942 e junho de 1946, sôbre a distribuição,a transmissão e o controle do Paludismo.

Page 34: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

224 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

2. Foram examinadas 185,214 lâminas de sangue e feitas43.496 palpações de baço, em um total de 76 localidades (Mapa 1),obtendo-se índice plasmódico de 3,1% e esplênico de 12,6% (Quadros1 e 2). Algumas áreas, como o Guaporé, os rios Tocantins, Xingú eTapajós, as zonas Guajarina e das ilhas, a metade Sudoeste da ilha doMarajó e o Amapá, mostraram-se mais malarígenas do que outras, comoo Acre, os rios Solimões e Amazonas, a parte média do rio Madeira, ametade Nordeste da ilha do Marajó e a Estrada de Ferro de Bragança.Foram, entretanto, encontradas muito maiores variações de grau deendemicidade dentro de cada zona, o que é exemplificado e discutido(Quadros 3 e 4). Nos inquéritos regulares, no total dos sangues positivos,a proporção de vivax, falciparum e malariae foi de 63,2, 36,6 e 0,2%.Entretanto, na revisão de lâminas examinadas em algumas localidadesdo interior, independentemente dos inquéritos regulares, foi achadauma proporção maior do parasito da quartã (2,7%).

3. O exame de 1,390,734 larvas e 562,054 adultos deanofelinos colhidos em 115 localidades (Mapa 1) revelou a presença de 30espécies e variedades cuja distribuição é assinalada (Quadro 5). Sómentedarlingi e aquasalis mostraram-se importantes vetores de Malária, oprimeiro em tôda a região (Quadros 6 e 7) e o segundo no litoral, o que foicomprovado por estudos sôbre biologia feitos através de diversos tipos decaptura e de dissecções. Anopheles albitarsis domesticus, embora comume em certos lugares abundante, não parece ter na Amazônia o papelimportante que lhe é atribuído em outras áreas do Brasil.

4. São discutidos sucintamente os meios de combate àMalária transmitida por cada um dos dois vetores principais. Medidasde controle do aquasalis só estão sendo praticadas em Belém, onde umdique provido de comportas visa impedir a entrada de água salôbra adrenar os trechos baixos, litorâneos, da cidade. Depois de tentativasinfrutíferas de controle do darlingi por meio de serviço antilarvário ede expurgos domiciliares com inseticida de contacto, está sendo feita aaplicação domiciliar do DDT com resultados animadores.

Page 35: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

225Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

SUMMARY

1. This report is a resume of some observations made bythe staff of Serviço Especial de Saúde Pública, from July 1942 to June1946, on the distribution, transmission and control of Malaria in theAmazon region of Brazil.

2. The examination of 185,214 blood slides and 43,496spleens in a total of 76 localities (Map 1), has resulted in a parasite rateof 3.1 and a spleen rate of 12.6 percent (Tables 1 and 2).

Somes areas such as Guaporé, the Tocantins, Xingú andTapajós rivers, Guajarina and island, the Southwestern half of Marajóisland and Amapá, have shown to be more malarious than others, suchas Acre, the Solimões and Amazon rivers, the middle portion of Madeirariver, the northeast half of Marajó island and the Bragança railway.There was, however, much more striking variation in degree ofendemicity in different localities within each of those areas (Tables 3and 4).

In the regular surveys, among the positive blood slides,the proportions of vivax, falciparum and malariae were 63.2, 36.6 and0.2%. However, in extra slides not included in the regular surveys, ahigher proportion of quartan infections was found (2.7% ).

3. Among 1,390,734 larvae and 562,054 adult anophelinesexamined from 115 localities (Map 1), a total of 30 species and varietieswas found, the distribution of which is seen in Table 5.

Only two species, Anopheles darlingi and anophelesaquasalis were shown to be important Malaria vectors, the formerthroughout the region and the latter in coastal areas only. A summaryof the data obtained on their biology is given.

Anopheles albitarsis var. domesticus, although quitecommon and in several zones very abundant, does not seem to be as

Page 36: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

226 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

important a vector in the Amazon as it is reported to be in other sectionsof Brazil.

4. The control of darlingi – transmitted and aquasalis –transmitted Malaria is discussed. Control measures against aquasalisare being carried out only in Belém, where a dike six kilometers longwas built in order to prevent the penetration of brackish-water and todrain the lower marginal sections of the city. After fruitless attempts tocontrol darlingi by means of antilarval work and house spraying withcontact insecticides DDT-kerosene solution is being used in houses,with promising results.

BIBLIOGRAFIA

1 – E. A. GOELDI - Os mosquitos do Pará - Mem. Mus. Goeldi,1905.

2 – N. B. CRAIG - Recollections of an ill-fated expedition, 1907, inR. C. Shannon, Anophelines of the Amazon valley - Proc. Ent.Soc. Washington, 35 (7), 1933.

3 – R. NEWSTEAD e H. W. TROMAS – The Mosquitoes of theAmazon region - Ann. Trop. Med. Parasit., 4, 1910.

4 – H. W. THOMAS - The Sanitary conditions and diseases prevailingin Manaus, North Brazil, 1905-1909 - Ann. Trop. Med. Parasit.,4, 1910.

5 – ANTONIO PERYASSÚ – Os Anophelineos do Brasil – Impr.Nacional, Rio de Janeiro, 1921.

6 – ANTONIO PERYASSÚ – Saneamento da Amazônia. Impressões,comentários e sugestões sôbre os serviços do SESP, no Pará –Folha Médica, 25 de Outubro de 1944.

7 – C. LOVELACE – The etiology of beri-beri – J. Am. Med. Ass.,59 (24), 1912.

Page 37: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

227Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

8 – C. LOVELACE – The etiology and treatment of haemoglobinuricfever – Arch. Inter. Med. 11, 1913.

9 – C. CHAGAS – Notas sôbre a epidemiologia do Amazonas –Brasil-Médico, 7 (42), 1913.

10 – A. A. DA MATTA – Geografia e topografia médica de Manáus– Manáus, Tip. Livr. Renaud, 1916.

11 – H. C. SOUZA ARAUJO – O impaludismo, o grande mal daAmazônia – 1923, vide Strong e col., 1926.

12 – R. STRONG, G. C. SHATTUCK, J. C. BEQUAERT e R. E.WHEELER – Medical Report of the Harvard-Rice 7th Expeditionto the Amazon. 1924-1925 – Harvard Univ. Press, Mass., 1926.

13 – N. C. DAVIS – A note on the malaria – carrying Anophelines inBelém, Pará. – Rev. di Malariol., 10 (1), 1931.

14 – R C. SHANNON – Anophelines of the Amazon valley – Proc.Entom. Soc. Wash., 35 (7), 1933.

15 – N. C. DAVIS – The microscopical examination of 29,593 humanlivers from central and northern Brazil, with special reference tothe occurrence of malaria and schistosomiasis – Am. J. Hyg., 19(3), 1934.

16 – A. L. AYROZA GALVÃO, R. G. – DAMASCENO e A. P.MARQUES – Algumas considerações sôbre a biologia dosanofelinos de importância epidemiológica de Belém, Pará – Arq.Hig., 12 (2), 1942.

17 – A. L. AYROZA GALVÃO e R. G. DAMASCENO – Anopheles(Nyssorhynchus) konderi, nova espécie de Anopheles do vale doAmazonas e considerações sôbre as espécies do complexotarsimaculatus (Diptera, Culicidae) – Fol. Clin. et Biol. 5 (6),1942.

Page 38: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

228 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

18 – A. L. AYROZA GALVÃO – Relatório das pesquisasentomológicas realizadas na Amazônia apresentado ao Ilmo,. sr.prof. dr. J. de Barros Barreto, diretor do Departamento Nacionalde Saúde – Arq. Hig., 12 (2), 1942.

19 – A. L. AYROZA GALVÃO e R. G. DAMASCENO – Observaçõessôbre anofelinos do complexo albitarsis (Diptera, Culicidae) –An. Fac. Med. Univ. S. Paulo, 20, 1944.

20 – O. R. CAUSEY e G. BRITTO MELLO – Malaria in the Amazonvalley of Brazil during 1942 and 1943 – Am. J. Trop. Med., 25(4), 1945.

21 – O. R. CAUSEY, L. M. DEANE e M. P. DEANE – Descrição deum novo anofelino da parte alta do vale do Amazonas, Anopheles(Nyssorhynchus) galvãoi, n. sp. – Rev. Paul. Med., 23 (6), 1943.

22 – O. R. CAUSEY, L. M. DEANE e M. P. DEANE, – An illustratedkey to the eggs of thirty species of Brazilian Anophelines, withseveral new descriptions – Am. J. Hyg., 39 (1), 1944.

23 – O. R. CAUSEY, L.M. DEANE e M. P. DEANE – Anophelesaquasalis vs. Anopheles tarsimaculatus as the name for thebrackish water anopheline of Central and South America and theCaribbean Islands – J. Nat. Mal. Soc., 4 (3), 1945.

24 – O. R. CAUSEY – Description of Anopheles (Nyssorhynhus)dunhami, a new species from the upper Amazon Basin – J. Nat.Mal. Soc., 4 (3), 1945

25 – O. R. CAUSEY, L. M. DEANE e M. P. DEANE – An illustratedkey by male genitalic characteristics for the ldentification of thirtyfour species of Anophelini from the Northeast and Amazonregions of Brazil, with a note on dissection technique – Am. J.Hyg., monograph series no 18, 1946.

Page 39: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

229Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

26 – M. P. DEANE, O. R. CAUSEY e L. M. DEANE – An illustratedkey by larvae characteristics for the ldentification of thirty-twospecies of Anophelini from the northeast and Amazon regions ofBrazil, with descriptions of two larvae – Am. J. Hyg., monographseries no 18, 1946.

27 – L. M. DEANE, O. R. CAUSEY e M. P. DEANE – An illustratedkey, by adult female characteristics, for the identification of thirty-five species of Anophelini, with notes on the malaria vectors –Am. J. Hyg., monograph series no. 18, 1946.

28 – O. R. CAUSEY – A method for the collection transportation andstudy of Anopheline eggs and adults – Am. J. Trop. Med., 23 (1),1943.

29 – L. M. DEANE,, O. R. CAUSEY e M. P. DEANE – Notes on thedistribution and biology of the Anopheline mosquitoes of thenortheast and Amazon regions of Brazil – Em publicação.

30 – A. L. AYROZA GALVÃO e R. DAMASCENO – Alguns dadosexperimentais sôbre a ação do DDT e do Piretro contra o A.darlingi. Trabalho apresentado no 1º Congresso Inter-Americanode Medicina, 1946.

Page 40: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

230 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

ParáSoure 6-1943 1000 7 0,7 5 2 0 28,6Soure 12-1943 1036 7 0,7 6 1 0 14,3Soure 6-1944 1038 3 0,3 3 0 0 0Salvaterra 6-1943 275 6 2,2 5 1 0 16,7Salvaterra 12-1943 252 1 0,4 1 0 0 0Salvaterra 6-1944 293 3 1,0 3 0 0 0Chaves 12-1943 209 0 0 0 0 0 0Chaves 6-1944 342 4 1,2 3 1 0 25Sta. Mônica 3-1945 118 25 21,2 5 20 0 80Sta. Mônica 7-1945 100 18 18 12 6 0 33,3Sta. Mônica 8-1945 100 22 22 10 12 0 54,5Sta. Mônica 3-1946 120 7 5,8 5 2 0 28,6V. Virgínia 3-1946 18 4 22,2 3 1 0 25Breves 7-1943 250 55 22 21 35 0 62,5Breves 12-1943 477 8 1,7 3 5 0 62,5Breves 6-1944 464 5 1,1 4 1 0 20Breves 5-1945 536 11 2,1 3 8 0 72,7Breves 6-1945 545 26 4,8 10 17 0 63Breves 10-1945 513 5 1 4 1 0 20Breves 5-1946 745 11 1,5 9 2 0 18,2Curralinho 12-1942 202 18 8,9 13 5 0 27,8Curralinho 6-1943 204 6 2,9 2 4 0 66,7Curralinho 12-1943 210 6 2,9 5 1 0 16,7Curralinho 6-1944 208 10 4,8 8 2 0 20Mutá 3-1943 35 3 8,6 1 2 0 66,7Mutá 9-1943 36 6 16,7 – – – –Cachoeira 3-1943 295 11 3,7 6 5 0 45,5Cachoeira 9-1943 341 49 14,4 – – – –Genipapo 9-1943 100 2 2 1 1 0 50Sta. Cruz 3-1943 42 1 2,4 0 1 0 100Sta. Cruz 9-1943 100 1 1 1 0 0 0J. Coelho 12-1942 320 7 22 7 0 0 0J. Coelho 6-1943 399 6 1,5 5 1 0 16,7J. Coelho 12-1943 369 2 0,5 1 1 0 50J. Coelho 6-1944 372 4 1,1 1 3 0 75Castanhal 12-1942 340 5 1,5 4 1 0 20Castanhal 6-1943 356 0 0 0 0 0 0Castanhal 12-1943 355 5 1,4 4 1 0 20Castanhal 6-1944 352 1 0,3 0 1 0 100

Quadro 1 – Resultados de hemoscopia na Amazônia brasileira, entrejulho de 1942 e junho de 1946

Lâm. Posit. Espécies de plasmódios

Hemoscopia

(continua)

LâminasLocalidade Data examinadas Nº % V. F. M. % F.

Page 41: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

231Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

(continuação)

ParáIgarapé Assú 12-1942 439 2 0,5 2 0 0 0Igarapé Assú 6-1943 463 2 0,4 1 1 0 50Igarapé Assú 12-1943 448 1 0,2 0 1 0 100Igarapé Assú 6-1944 454 2 0,4 2 0 0 0Capanema 12-1942 553 23 4,2 16 7 0 30,4Capanema 6-1943 544 3 0,6 1 2 0 66,7Capanema 12-1943 348 1 0,3 0 1 0 100Capanema 6-1944 336 1 0,3 1 0 0 0Bragança 12-1942 1009 15 1,5 10 5 0 33,3Bragança 6-1943 1049 4 0,4 1 3 0 75Bragança 12-1943 1021 4 0,4 4 0 0 0Bragança 6-1944 1055 7 0,7 5 2 0 28,6Curuça 6-1943 354 1 0,3 0 1 0 100Curuça 12-1943 389 4 1,0 3 1 0 25Curuça 6-1944 357 1 0,3 0 1 0 100Vigia 12-1942 1042 59 5,7 37 20 2 33,9Vigia 6-1943 1101 79 7,2 41 38 0 48,1Vigia 12-1943 1100 78 7,1 61 17 0 21,8Vigia 6-1944 1068 32 3 22 10 0 31,3Belém, geral 12-1942 9831 363 3,7 241 123 0 33,8Belém 6-1943 10558 361 3,4 223 140 0 38,6Belém 12-1943 10806 115 1,1 90 25 0 21,7Belém 6-1944 10368 74 0,7 63 11 0 14,9Belém 12-1944 9663 167 1,7 154 13 0 7,8Belém 6-1945 10359 654 6,3 484 195 0 8,7Belém 12-1945 7886 208 2,6 147 63 3 29,6Belém 6-1946 7592 292 3,9 210 81 0 27,7Belém(Murucutú) 11-1945 311 70 22,5 49 29 0 7,2Belém,Grupos Escol. 9-1942 2163 158 7,3 132 28 0 17,5Belém 3-1943 2843 60 2,1 55 5 0 8,3S. Domingosdo Capim 12-1943 100 10 10 6 4 0 40S. Miguel doGuamá 10-1943 233 2 0,9 2 0 0 0Ourém 9-1943 527 27 5,1 12 15 0 55,6Mojú 7-1943 300 125 41,7 96 29 0 23,2Mojú 9-1943 219 41 18,7 21 20 0 48,8

Quadro 1 – Resultados de hemoscopia na Amazônia brasileira, entrejulho de 1942 e junho de 1946

Lâm. Posit. Espécies de plasmódios

Hemoscopia

LâminasLocalidade Data examinadas Nº % V. F. M. % F.

Page 42: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

232 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

Quadro 1 – Resultados de hemoscopia na Amazônia brasileira, entrejulho de 1942 e junho de 1946

Lâm. Posit. Espécies de plasmódios

Hemoscopia

(continua)

LâminasLocalidade Data examinadas Nº % V. F. M. % F.

ParáGuajaraúna 7-1943 146 10 6,9 6 4 0 40Abaetetuba 12-1942 598 17 2,8 10 7 0 41,2Abaetetuba 6-1943 534 1 0,2 0 1 0 100Abaetetuba 10-1943 246 1 0,4 1 0 0 0Abaetetuba 12-1943 246 2 0,8 1 1 0 50Abaetetuba 6-1944 623 0 0 0 0 0 0Cametá 12-1942 495 31 6,3 10 21 0 67,7Cametá 6-1943 509 10 2 5 5 0 50Cametá 12-1943 403 0 0 0 0 0 0Cametá 6-1944 496 1 0,2 1 0 0 0Mocajuba 6-1943 75 8 10,7 0 8 0 100Baião 12-1942 260 19 7,3 3 16 0 84,2Baião 6-1943 272 4 1,5 2 2 0 50Baião 6-1944 268 3 1,1 3 0 0 0Alcobaça 12-1942 209 23 11,0 12 11 0 47,8Alcobaça 6-1943 213 4 1,9 1 3 0 75Alcobaça 6-1944 204 4 2 4 0 0 0Marabá 12-1942 486 54 11,1 44 10 0 18,5Marabá 6-1943 495 21 4,2 9 12 0 57,1Marabá 12-1943 467 6 1,3 5 1 0 16,7Marabá 6-1944 479 10 2,1 6 4 0 40Gurupá 12-1942 354 57 16,1 30 27 0 47,4Gurupá 6-1943 221 1 0,5 1 0 0 0Gurupá 9-1943 40 3 7,5 3 0 0 0Gurupá 12-1943 323 12 3,7 4 8 0 66,7Gurupá 6-1944 337 3 0,9 2 1 0 33,3M. Alegre 12-1942 35 2 5,7 0 2 0 100M. Alegre 12-1943 615 1 0,2 1 0 0 0Mulata 12-1942 48 35 72,9 14 22 0 61,1Mulata 2-1943 118 42 35,6 12 33 0 73,3Tamucurí 2-1943 48 21 43,7 13 6 4 26,1Altamira 6-1944 1148 26 2,3 21 5 0 19,2Altamira 8-1944 220 24 10,9 19 5 0 20,8Altamira 11-1945 1091 9 0,8 1 8 0 88,9Santarém 6-1943 1069 9 0,8 5 4 0 44,4Santarém 12-1943 1406 8 0,6 4 4 0 50Santarém 6-1944 655 8 1,2 7 1 0 12,5Sumaúma 1-1944 199 12 6,0 7 5 0 41,7S. José 6-1944 129 1 0,8 1 0 0 0

Page 43: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

233Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

ParáS. José 1-1946 61 2 3,3 2 0 0 0Curuái 6-1944 138 0 0 0 0 0 0Curuái 1-1946 144 1 0,7 1 0 0 0Socorro 9-1943 156 5 3,2 1 4 0 80Boim 6-1944 115 0 0 0 0 0 0Fordlândia 5-1946 1043 167 16,0 124 43 0 25,8Itaituba 1-1944 310 24 7,7 11 13 0 54,2Itaituba 3-1944 203 16 7,9 6 10 0 62,5Itaituba 6-1944 398 41 10,3 22 22 0 50Alenquer 12-1943 654 0 0 0 0 0 0Alenquer 6-1944 385 1 0,3 1 0 0 0

Amapá

Mazagão 10-1945 256 30 11,7 23 7 0 23,3Mazagão 5-1946 242 13 5,4 10 3 0 23,1Macapá 12-1943 311 8 2,6 2 6 0 75Macapá 6-1944 314 9 2,9 6 3 0 33,3Macapá 9-1945 1460 179 12,3 80 106 0 57Amapá - cidade 8-1942 200 1 0,5 1 0 0 0Amapá - cidade 12-1943 153 0 0 0 0 0 0Amapá - cidade 11-1945 421 11 2,6 9 2 0 18,2Amapá -base aérea 8-1942 225 1 0,4 1 0 0 0Oiapoque, cpde aviação 1-1944 61 11 18,0 0 11 0 100Esp. Santo 1-1944 62 6 9,7 5 1 0 16,7Esp. Santo 11-1945 307 21 6,8 12 10 0 45,5Clevelândia 1-1944 150 7 4,7 1 7 0 87,5

Amazonas

Parintins 6-1943 648 19 2,9 13 6 0 31,6Parintins 12-1943 633 5 0,8 2 3 0 60Parintins 6-1944 149 5 3,4 5 0 0 0Maués 6-1943 225 3 1,3 1 2 0 66,7Maués 12-1943 222 8 3,6 8 0 0 0Maués 6-1944 246 1 0,4 1 0 0 0Itacoatiára 12-1942 139 3 2,2 2 1 0 33,3Itacoatiára 6-1943 479 8 1,7 3 5 0 62,5Itacoatiára 4-1944 185 0 0 0 0 0 0Itacoatiára 6-1944 969 11 1,1 9 2 0 18,2

Quadro 1 – Resultados de hemoscopia na Amazônia brasileira, entrejulho de 1942 e junho de 1946

Lâm. Posit. Espécies de plasmódios

Hemoscopia

(continua)

LâminasLocalidade Data examinadas Nº % V. F. M. % F.

Page 44: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

234 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

AmazonasManáus 12-1942 1030 127 12,3 74 53 0 41,7Manáus 6-1943 2273 73 3,2 19 54 0 74Manáus 12-1943 11785 76 0,7 50 26 0 34,2Manáus 6-1944 11217 253 2,3 178 86 0 32,6Manáus 9-1945 4900 340 6,9 178 167 0 48,4Tefé 6-1943 236 3 1,3 1 2 0 66,7Tefé 12-1943 218 3 1,4 2 1 0 33,3Tefé 4-1944 253 0 0 0 0 0 0Fonte Bôa 6-1943 194 0 0 0 0 0 0Fonte Bôa 12-1943 208 3 1,4 2 1 0 33,3Fonte Bôa 6-1944 261 2 0,8 2 0 0 0Tabatinga 7-1943 62 0 0 0 1 0 0Tabatinga 12-1943 56 0 0 0 0 0 0B. Constant 12-1943 196 6 3,1 1 0 0 83,3B. Constant 6-1944 281 0 0 0 0 0 0Uaupés 6-1943 126 5 4 0 5 0 100Uaupés 1-1944 118 3 2,5 0 3 0 100Uaupés 5-1944 142 1 0,7 1 0 0 0Borba 6-1944 257 0 0 0 0 0 0Manicoré 12-1943 123 0 0 0 0 0 0Manicoré 6-1944 291 2 0,7 2 0 0 0Humaitá 6-1943 306 7 2,3 1 6 0 85,7Lábrea 12-1942 201 14 7 14 0 0 0Lábrea 6-1943 249 23 9,2 5 18 0 78,3Lábrea 6-1943 64 12 18,8 – – – –Lábrea 12-1943 249 3 1,2 1 2 0 66,7Lábrea 6-1944 251 18 7,2 9 9 0 50B. do Acre 12-1942 210 3 1,4 0 3 0 100B. do Acre 5-1943 122 2 1,6 1 1 0 50B. do Acre 6-1943 209 1 0,5 0 1 0 100B. do Acre 12-1943 200 1 0,5 1 0 0 0B. do Acre 6-1944 194 3 1,6 1 2 0 66,7Eirunepé 10-1943 44 0 0 0 0 0 0Eirunepé 6-1944 259 3 1,2 3 0 0 0

Rio Branco

Bôa Vista 12-1942 280 41 14,6 6 36 0 85,7Bôa Vista 12-1943 240 7 2,9 3 5 0 62,5Bôa Vista 6-1944 259 2 0,8 2 0 0 0

Quadro 1 – Resultados de hemoscopia na Amazônia brasileira, entrejulho de 1942 e junho de 1946

Lâm. Posit. Espécies de plasmódios

Hemoscopia

(continua)

LâminasLocalidade Data examinadas Nº % V. F. M. % F.

Page 45: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

235Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

GuaporéPto. Velho 12-1942 634 36 5,7 18 18 0 50Pto. Velho 6-1943 660 15 2,3 11 11 0 73,3Pto. Velho 12-1943 644 9 1,4 6 3 0 33,3Pto. Velho 6-1944 662 40 6,0 24 18 0 42,9Pto. Velho 7-1946 944 58 6,1 39 20 0 33,9Guaj. Mirim 12-1943 259 8 3,1 4 4 0 50Guaj. Mirim 5-1944 263 10 3,8 2 8 0 80

Acre

R. Branco 12-1942 729 6 0,8 2 4 0 66,7R. Branco 6-1943 845 12 1,4 8 4 0 33,3R. Branco 12-1943 873 6 0,7 5 1 0 16,7R. Branco 5/6-1943 118 0 0 0 0 0 –R. Branco 6-1944 938 8 0,9 6 2 0 25Rio Zinho 6-1943 40 6 15 2 4 0 66,7Xapurí 6-1944 287 8 2,8 6 3 0 33,3Brasiléa 6-1943 187 7 3,7 1 6 0 5,7Brasiléa 6-1943 69 0 0 0 0 0 0Brasiléa 12-1943 424 2 0,5 2 0 0 0Brasiléa 6-1944 231 3 1,3 0 0 0 0V. Epitácio 11-1943 132 1 0,8 0 1 0 100S. Madureira 6-1943 158 1 0,6 1 0 0 0S. Madureira 12-1943 266 0 0 0 0 0 0S. Madureira 6-1944 288 6 2,1 4 2 0 33,3Tarauacá 6-1944 599 1 0,2 0 1 0 100

Quadro 1 – Resultados de hemoscopia na Amazônia brasileira, entrejulho de 1942 e junho de 1946

Lâm. Posit. Espécies de plasmódios

Hemoscopia

(continua)

LâminasLocalidade Data examinadas Nº % V. F. M. % F.

Page 46: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

236 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

Pessôas Baço Localidade Data examinadas

Nº %aumentado

médio

Pará

S. Miguel dos Macacos 7-1943 75 52 70,3 2,8

Santa Mônica 3-1946 119 83 69,8 2,1Santa Mônica 7-1945 100 26 26 3,0Santa Mônica 8-1945 100 50 50 1,8Santa Mônica 3-1946 114 25 21,9 2,2Vila Virgínia 3-1946 17 11 64,7 2,2Breves 7-1943 100 45 45 2,9Breves 5-1945 547 45 8,2 1,7Breves 6-1945 547 16 2,9 2,5Breves 10-1945 513 41 8 1,7Breves 5-1946 776 130 16,8 1,6Mutá 9-1943 36 15 41,7 1,6Cachoeira 9-1943 341 56 16,5 1,9Genipapo 9-1943 100 1 1 1Santa Cruz 9-1943 100 1 1 2Belém, Geral 6-1945 10232 575 5,6 1,5Belém, Geral 12-1945 7435 228 3,1 1,6Belém, Geral 6-1946 7271 559 7,7 1,2Belém, Murucutú 11-1945 278 89 32,0 1,4Belém, Grupos Escolares 9-1942 2163 267 12,3 1,3Belém, Grupos Escolares 3-1943 640 126 19,7 1,3Mojú 7-1943 296 137 46,3 1,7Mulata 2-1943 34 22 64,7 1,9Tamucurí 2-1943 58 42 72,4 2,4Altamira 11-1945 1104 838 75,9 1,4Fordlândia 5-1946 1022 272 26,6 2,0Itaituba 3-1944 199 98 49,3 2,0

AmapáMazagão 10-1945 247 107 43,3 2,7Mazagão 5-1946 217 138 63,6 1,7Macapá 9-1945 1396 371 26,6 2,1Amapá, cidade 8-1942 200 43 21,5 1,9Amapá, cidade 11-1945 413 12 2,9 1,8Amapá, base aérea 8-1942 225 9 4 1,3Espírito Santo 11-1945 294 89 30,3 2,3

Esplenomegalias

Quadro 2 – Resultados de esplenometria na Amazônia brasileira, entrejulho de 1942 e junho de 1946

Esplenometria

(continua)

Page 47: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

237Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

Quadro 2 – Resultados de esplenometria na Amazônia brasileira, entrejulho de 1942 e junho de 1946

Pessôas Baço Localidade Data examinadas

Nº %aumentado

médio

AmazonasManáus 9-1945 4866 382 7,9 2,4Lábrea 6-1943 64 43 67,2 2,3Bôca do Acre 5-1943 122 5 4,1 1,2

Guaporé

Porto Velho 7-1946 884 385 43,6 2,2Santo Antonio 4-1943 26 14 53,9 2,3

AcreRio Branco 5/6-1943 118 9 7,8 1,8Rio Zinho 6-1943 40 30 75 2,6Brasiléa 6-1943 69 5 7,3 1,6

Esplenomegalias

Esplenometria

(conclusão)

Page 48: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

238 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

Localidades Lâminas Índice Índice Nº deÁreas com inquérito examinadas mais menos inquéritos

Nº % elev. elev.

Soure 3074 17 0,6 0,7 0,3 3Ilha do Marajó, Salvaterra 820 10 1,2 2,2 0,4 3Nordeste Chaves 551 4 0,7 1,2 0 2

Cachoeira 636 60 9,4 14,4 3,7 2Mutá 71 9 12,7 16,7 8,9 2Genipapo eSta. Cruz 242 4 1,6 2,4 1 1

TOTAL 5394 104 1,9 16,7 0 13

João Coelho 1460 19 1,3 2,2 0,5 4Estrada de Castanhal 1403 11 0,8 1,5 0 4Ferro de Igarapé-Assú 1804 7 0,4 0,5 0,2 4Bragança Capanema 1781 28 1,5 4,2 0,3 4

Bragança 4134 30 0,7 1,5 0,4 4

TOTAL 10582 95 0,9 4,2 0 20

Monte Alegre 650 3 0,4 5,7 0,2 2Mulata 166 77 46,4 72,9 35,6 2Tamucurí 48 21 43,7 1Santarém 3130 25 0,8 1,2 0,6 3Alenquer 1039 1 0,1 0,3 0 2Curuái 282 1 0,4 0,7 0 2

Rios Amazonas Socorro 156 5 3,2 3,2 3,2 1e Solimões Parintins 1430 28 1,8 3,4 0,8 3

Maués 693 12 2 3,6 0,4 3Itacoatiára 1772 22 1,4 2,2 0 4Tefé 707 6 0,8 1,4 0 3Fonte Bôa 663 5 0,7 1,4 0 3Tabatinga 118 0 0 2B. Constant 427 6 1,2 3,1 0 2

TOTAL 11281 212 1,9 72,9 0 33

Rio Madeira, Borba 257 0 0 1parte média Manicoré 414 2 0,5 0,7 0 2

Humaitá 306 7 2,3 1TOTAL 977 9 0,9 2,3 0 4

Lâminaspositivas

(continua)

Quadro 3 – Resultados de hemoscopia em áreas consideradas menosmalarígenas, na Amazônia brasileira, entre julho de1942 e junho de 1946

Page 49: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

239Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

Localidades Lâminas Índice Índice Nº deÁreas com inquérito examinadas mais menos inquéritos

Nº % elev. elev.

Rio Branco 3503 32 0,9 1,4 0 5Rio Zinho 40 6 15 1

Território do Xapurí 287 8 2,8 1Acre Brasiléa 911 12 1,3 3,7 0 4

Vila Epitácio 132 1 0,8 1S. Madureira 712 1 0,1 0,8 0 3Tarauacá 599 1 0,2 1

TOTAL 6184 59 1,0 15,0 0 15

TOTAL DE TÔDAS AS ÁREAS 34418 479 1,4 72,9 0 81

Lâminaspositivas

(conclusão)

Quadro 3 – Resultados de hemoscopia em áreas consideradas menosmalarígenas, na Amazônia brasileira, entre julho de1942 e junho de 1946

Page 50: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

240 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

Quadro 4 – Resultados de hemoscopia em áreas consideradas maismalarígenas, na Amazônia brasileira, entre julho de1942 e junho de 1946

Localidades Lâminas Índice Índice Nº deÁreas com inquérito examinadas mais menos inquéritos

Nº % elev. elev.

Belém 82380 2528 3,1 22,5 0,7 11São Domingosdo Capim 100 10 10 1São MiguelDo Guamá 233 2 0,9 1

Zona Guajarina, Ourém 527 27 5,1 1das Ilhas e Abaetetuba 2247 21 0,9 2,8 0 5Sudoeste do Mojú 519 166 31,9 41,7 18,7 2Marajó Guajarauna 146 10 6,9 1

Curralinho 824 40 4,8 8,9 2,9 4Breves (antesdo DDT) 1191 68 5,7 22,0 1,1 3Vila Virgínia 18 4 22,2 1Santa Mônica 438 72 16,5 22 5,8 4Gurupá 1275 76 5,3 16,1 0,5 5

TOTAL 89898 3024 3,4 41,7 0 39

Tocantins Cametá 1903 42 2,2 6,3 0 4Mocajuba 75 8 10,7 1Baião 800 26 3,2 7,3 1,1 3Alcobaça 626 31 4,9 11,0 1,9 3Marabá 1927 91 4,7 11,1 1,3 4

TOTAL 5331 198 3,7 11,1 0 15

Xingù Altamira 2459 59 2,1 10,9 0,8 3

São José 190 3 1,6 3,3 0,8 2Sumauma 199 12 6,0 1

Tapajós Boim 115 0 0 1Fordlândia 1043 167 16,0 1Itaituba 911 81 8,9 10,3 7,7 3

TOTAL 2452 263 10,7 10,3 0 8

Lâminaspositivas

Page 51: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

241Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

Quadro 4 – Resultados de hemoscopia em áreas consideradas maismalarígenas, na Amazônia brasileira, entre julho de1942 e junho de 1946

Localidades Lâminas Índice Índice Nº deÁreas com inquérito examinadas mais menos inquéritos

Nº % elev. elev.

Amapá Mazagão 498 43 8,6 11,7 5,4 2Macapá 2085 196 9,4 12,3 2,6 3Amapá, cidade 774 12 1,5 2,6 0 3Amapá, baseaérea 225 1 0,4 1Espírito Santo 369 27 7,3 9,7 6,8 2Clevelândia 150 7 4,7 1Oiapoque, cp. de aviação 61 11 18,0 1

TOTAL 4162 297 7,1 18,0 0 13

Guaporé Porto Velho 3544 158 4,4 6,1 1,4 5Guaj. Mirim 522 18 3,5 3,8 3,1 2

TOTAL 4066 176 4,3 6,1 1,4 7

TOTAL DE TÔDAS AS ÁREAS 108368 4017 3,8 41,7 0 85

Lâminaspositivas

Page 52: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

242 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

Quadro 5 – Distribuição de espécies de anofelinos por localidade, naAmazônia brasileira, entre julho de 1942 e junho de 1946

darlingi x x x x x x x x x x x xargyritarsisalbitarsis x x x x x x x x x x x x xpessoai x x x x x x x x x x x xoswaldoi-konderi x x x x x x x x x x x xgoeldii x x x x x x x xdunhamirangeligalvãoiaquasalis x xbenarrochitrian. trian.trian. Davisi x x x x x x x x x xrondonieiseni xmattogrossensisperyassui x x x xshannoni x x x xminorintermedius x x x x x x x x x x x x xneomaculipalpuspunctimacula xfluminensismediopunctatus x x x x x x x x x xsquamifemurnimbus x x xkompithomasibonneae x

Sou

re

Cha

ves

Afu

á

San

ta M

ônic

a

Vil

a V

irgi

nia

Bre

ves

Cur

rali

nho

Itag

uari

Mut

á

Cac

hoei

ra

Rec

reio

Gen

ipap

o e

San

ta C

rua

Mag

uarí

eB

enev

ides

João

Coe

lho

Anh

anga

Cas

tanh

alEspécies

Pará

(continua)

Page 53: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

243Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

darlingi x x x x x x x xargyritarsis xalbitarsis x x x x x x x x x x xpessoai x x x x x x x x xoswaldoi-konderi x x x x x x x x xgoeldii x x x x x x x x x x x x xdunhamirangeligalvãoiaquasalis x x x xbenarrochitrian. trian.trian. davisi x x x x x x x x x x xrondonieiseni xmattogrossensis xperyassui x x x x x x x xshannoni x x xminorintermedius x x x x x x x x x x xneomaculipalpuspunctimacula xfluminensismediopunctatus x x x x x x x xsquamifemurnimbus xkompi xthomasi xbonneae x

Igar

apé-

assú

Nov

a T

imbo

teua

Pei

xe B

oi

Cap

enm

a

Mir

asse

lvas

Bra

ganç

a

Sal

inas

Vig

ia

Bel

ém

S.

Dom

ingo

sdo

Cap

imS

. M

igue

l do

Gua

Irit

úia

Our

ém

Moj

u

Aba

etet

uba

Cam

etáEspécies

Pará

(continuação)

Quadro 5 – Distribuição de espécies de anofelinos por localidade, naAmazônia brasileira, entre julho de 1942 e junho de 1946

Page 54: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

244 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

darlingi x x x x x x x x x x x x xargyritarsis x xalbitarsis x x x x x x x x x xpessoai x x x x x xoswaldoi-konderi x x x x x x x x xgoeldii x x x x x x x x x x x x xdunhamirangeligalvãoiaquasalisbenarrochitrian. trian. xTrian. davisi x x x x x x x x xrondonieisenimattogrossensis x x x xperyassui x x x x x xshannoni x x xminor xintermedius x x x xneomaculipalpuspunctimaculafluminensismediopunctatus x x x x x xsquamifemurnimbus x x x x xkompi xthomasibonneae x

Vil

a do

Car

mo

Vil

a S

. B

ened

ito

Bai

ão

Aco

baça

Mar

abá

Bôc

a do

Tau

rizi

ho

Por

tel

Gur

upá

Mon

te A

legr

e

Cur

inta

nfan

Juru

ndub

a

Son

dage

m e

I.

de S

ouza

Mul

ata

Tam

ucur

i

Vit

ória

Alt

amir

aEspécies

Pará

(continuação)

Quadro 5 – Distribuição de espécies de anofelinos por localidade, naAmazônia brasileira, entre julho de 1942 e junho de 1946

Page 55: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

245Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

Quadro 5 – Distribuição de espécies de anofelinos por localidade, naAmazônia brasileira, entre julho de 1942 e junho de 1946

darlingi x x x x x x x x x x x xargyritarsisalbitarsis x x x x x x x x x xpessoai x x x x x x xoswaldoi-konderi x x x x x x x x x x xgoeldii x x x x x x x x x x xdunhamirangeligalvãoiaquasalis x xbenarrochitrian. trian. x xtrian. davisi x x x x x x x x x x x xrondonieiseni xmattogrossensis x x x x xperyassui x x x x xshannoni x xminorintermedius x x xneomaculipalpuspunctimaculafluminensismediopunctatus x x x x xsquamifemurnimbus x x x xkompithomasi xbonneae x

San

taré

m

Sum

aum

a

Mor

ada

Nov

a

São

Jos

é

Cur

uaí

For

dlân

dia

Itai

tuba

São

Lui

z

São

Man

uel

Ale

nque

r

Ori

xim

iná

Maz

agão

Mac

apá

Am

apá

Cid

ade

Am

apá

Bas

e aé

rea

Espécies

Pará

(continuação)

Amazonas

Page 56: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

246 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

Quadro 5 – Distribuição de espécies de anofelinos por localidade, naAmazônia brasileira, entre julho de 1942 e junho de 1946

darlingi x x x x x x x x x xargyritarsisalbitarsis x x x x xpessoai x x x x x x x xoswaldoi-konderi x x x x x x x x x x x xgoeldii x x x x x x x x x x x x x xdunhami xrangeli x xgalvãoiaquasalis x x x x x xbenarrochi x xtrian. trian. x xtrian. davisi x x x x x x x x x x x x xrondonieiseni x x xmattogrossensis x x x x x x x x xperyassui x x x x x xshannoni x xminorintermedius x x xneomaculipalpuspunctimacula x x xfluminensismediopunctatus x x x x x x x x x x xsquamifemurnimbus x x x x x x x xkompi xthomasi x x xbonneae x

Tra

pcih

e

Am

apá

Gra

nde

Pon

ta d

os Í

ndi

Oia

poqu

e,C

ampo

de

avia

ção

Esp

írit

o S

anto

Cle

velâ

ndia

Par

inti

ns

Itac

oati

ária

Mau

és

Man

aus

Coa

Tefé

Fon

te B

ôa

S.

Pau

lode

Oli

venç

a

Taba

ting

a

Ben

jam

in C

onst

ant

Espécies

Pará

(continuação)

Amazonas

Page 57: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

247Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

Quadro 5 – Distribuição de espécies de anofelinos por localidade, naAmazônia brasileira, entre julho de 1942 e junho de 1946

(continua)

darlingi x x x x x x x x x x x x xargyritarsis x xalbitarsis x x x xpessoai x x x x x x xoswaldoi-konderi x x x x x x x x x x x x xgoeldii x x x x x x x x x x xdunhamirangeli x x x x xgalvãoiaquasalisbenarrochi x x xtrian. trian. x xtrian. davisi x x x x x x x x x x x xrondoni xeiseni x xmattogrossensis x x x x x x x x x xperyassui x x x x x x x x x x x xshannoni x x x x x x xminorintermedius x x x x xneomaculipalpuspunctimacula xfluminensismediopunctatus x x x x x x x x x x xsquamifemur xnimbus x x x x x x x x xkompi x xthomasi xbonneae

Uau

pés

Bor

ba

Man

icor

é

Hum

aitá

Can

utan

a

Láb

rea

Bôc

a do

Acr

e

Ant

imar

í

Eir

unep

é

Bôa

Vis

ta

Pôr

to V

elho

Ser

rari

a

San

to A

nton

io

Car

acol

Jaci

-Par

aná

Mtu

m-P

aran

á

Espécies

Amazonas Guaporé

Rio

Bra

nco

Page 58: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

248 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

Quadro 5 – Distribuição de espécies de anofelinos por localidade, naAmazônia brasileira, entre julho de 1942 e junho de 1946

darlingi x x x x x x x x x x x xargyritarsisalbitarsis x x x x x x x xpessoai x x xoswaldoi-konderi x x x x x x x x x xgoeldii x x x x x x x x x x xdunhamirangeli x x x x x x x x xgalvãoi x x x xaquasalisbenarrochi x x xtrian. trian.trian. davisi x x x x x x x x x x xrondoni x x x x xeiseni x x xmattogrossensis x x x x x x xperyassui x x x x x x xshannoni xminorintermedius x x x x x x xneomaculipalpus x xpunctimacula x xfluminensis xmediopunctatus x x x x x x x xsquamifemurnimbus x x x xkompi xthomasibonneae x x

Abu

nam

Taqu

ara

Ara

ras

Vil

a M

urti

nho

Lag

es

Gua

jará

-Mir

im

Cac

hoei

raS

amue

lS

erin

gal

São

Dom

ingo

s

Rio

Bra

nco

Rio

Zin

ho

Xap

urí

Bra

silé

a

Vil

a E

pitá

cio

Sen

a M

adur

eir

Tara

uacá

Cru

zeir

o do

Sul

Espécies

Pará

(conclusão)

Page 59: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

249Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

Localidades Lâminas Índice Índice Nº deÁreas com inquérito examinadas mais menos inquéritos

Nº % elev. elev.

Belém 82380 2528 3,1 22,5 0,7 11Ilha do Marajó, Cachoeira 636 60 9,4 14,7 3,7 2Nordeste Mutá 71 9 12,7 16,7 8,9 2

Chaves 551 4 0,7 1,2 0 2

TOTAL 1258 73 5,8 16,7 0 6

Estrada de Castanhal 1403 11 0,8 1,5 0 4Ferro de Igarapé-Assú 1804 7 0,4 0,5 0,2 4Bragança Capanema 1781 28 1,5 4,2 0 4

TOTAL 4988 46 0,9 4,2 0 12

Belém 82380 2528 3,1 22,5 0,7 11Mojú 519 166 31,9 41,7 18,7 2Ourém 527 27 5,1 1

Zona Curralinho 824 40 4,8 8,9 2,9 4Guajarina e Breves (antesdas ilhas do DDT) 1191 68 5,7 22 1,1 3

Vila Virgínia 18 4 22,2 1Santa Mônica 438 72 16,5 22 5,8 4Gurupá 1275 76 5,3 16,1 0,5 5

TOTAL 87172 2981 3,4 41,7 0,5 31

Cametá 1903 42 2,2 6,3 0 4Tocantins Alcobaça 626 31 4,9 11,0 1,9 3

Marabá 1927 91 4,7 11,1 1,3 4

TOTAL 4456 164 3,4 11,1 0 11

Mazagão 498 43 8,6 11,7 5,4 2Macapá 2085 196 9,4 12,3 2,6 3Amapá, cidade 774 12 1,5 2,6 0 3Amapá, base

Amapá aérea 225 1 0,4 1Oiapoque, cp.de aviação 61 11 18,0 1Espírito Santo 369 27 7,3 9,7 6,8 2Clevelândia 150 7 4,7 1

TOTAL 4162 297 7,1 18,0 0 13

Lâminaspositivas

Quadro 6 – Índices hemoscópicos em localidades onde Anophelesdarlingi foi encontrado, na Amazônia brasileira, entrejulho de 1942 e junho de 1946

(continua)

Page 60: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

250 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

Localidades Lâminas Índice Índice Nº deÁreas com inquérito examinadas mais menos inquéritos

Nº % elev. elev.

Sumauma 199 12 6,0 1São José 190 3 1,6 3,3 0,8 2

Tapajós Fordlândia 1043 167 16,0 1Itaituba 911 81 8,9 10,3 7,7 3

TOTAL 2243 263 11,2 16,0 0,8 7

Monte Alegre 650 3 0,4 5,7 0,2 2Mulata 166 77 46,4 72,9 35,6 2

Amazonas e Tamucurí 48 21 43,8 0 1Solimões Curuái 282 1 0,3 0,7 0 2

Maués 693 12 2,0 3,6 0,4 3B. Constant 427 6 1,2 3,1 0 2

TOTAL 2266 120 5,3 72,9 0 12

Xingú Altamira 2459 198 3,7 11,1 0 3

Rio Negro Manáus 31205 869 2,8 12,3 0,7 5Uaupés 369 9 2,4 4 0,7 3

TOTAL 31574 878 2,8 12,3 0,7 8

Rio Branco Bôa Vista 779 50 6,4 14,6 0,8 3Madeira Borba 257 0 0 1

Humaitá 306 7 2,3 1

TOTAL 563 7 1,2 2,3 0 2

Purús Lábrea 1014 70 6,9 18,2 1,2 5Juruá Eirunepé 303 3 0,9 1,2 0 7Guaporé Porto Velho 3544 158 4,4 6,1 1,4 5

Guaj. Mirim 522 18 3,5 3,8 3,1 2

TOTAL 4066 176 4,3 6,1 1,4 7

Acre Rio Zinho 40 6 15 1Xapurí 287 8 2,8 1Brasiléa 911 12 1,3 3,7 0Vila Epitácio 132 1 0,8 1

TOTAL 1370 27 1,9 15 0 3

TOTAL DE TODAS AS ÁREAS 148773 5352 3,6 72,9 0 125

Lâminaspositivas

Quadro 6 – Índices hemoscópicos em localidades onde Anophelesdarlingi foi encontrado, na Amazônia brasileira, entrejulho de 1942 e junho de 1946

(conclusão)

Page 61: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

251Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

Localidades Lâminas Índice Índice Nº deÁreas com inquérito examinadas mais menos inquéritos

Nº % elev. elev.

Sumauma 199 12 6,0 1Ilha do Marajó, Genipapo eNordeste Santa Cruz 242 4 1,6 2,4 1 3

Guajarina Abaetetuba 2247 21 0,9 2,8 0 5

Santarém 3130 25 0,8 1,2 0,6 3Alenquer 1039 1 0,3 0 2Parintins 1430 29 1,8 3,4 0,8 3

Amazonas Itacoatiára 1772 22 1,4 2,2 0 4e Solimões Tefé 707 6 0,8 1,4 0 3

Fonte Bôa 663 5 0,7 1,4 0 3Tabatinga 118 0 0 0 0 2

TOTAL 8859 88 0,9 3,4 0 20

Madeira Manicoré 414 2 0,5 0,7 0 2

Purús Bôca do Acre 935 10 1,1 1,6 0,5 5

Acre Rio Branco 3503 32 0,9 1,4 0 5S. Madureira 712 1 0,8 0,8 0 3Tarauacá 599 1 0,2 0,2 0,2 1

TOTAL 4814 34 0,7 1,4 0 9

TOTAL DE TODAS AS ÁREAS 17511 159 0,9 3,4 0 44

Lâminaspositivas

Quadro 7 – Índices hemoscópicos em localidades onde Anophelesdarlingi não foi encontrado1, na Amazônia brasileira, entrejulho de 1942 e junho de 1946

1 Não estão incluídas localidades litorâneas com malária provavelmente transmitida poraquasalis e aquelas do interior onde a procura de darlingi não foi demorada.

Page 62: Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileiraiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/memo_iec/v4p191-252.pdf · Deane, L. M. Observações sôbre a Malária na Amazônia brasileira

252 Memórias do Instituto Evandro Chagas: Parasitologia

EXPLICAÇÃO DAS ILUSTRAÇÕES

Mapa 1

Amazônia brasileira, localidades investigadas entre julhode 1942 e junho de 1946: com inquérito de Malária e colheita deanofelinos; com inquérito de Malária apenas; somente com colheita deanofelinos.

Mapa 2

Amazônia brasileira, relêvo do solo: planície, encostas,serras.

Mapa 3

Amazônia brasileira, pluviometria anual, em milímetros.

Gráfico 1

Porcentagem de Plasmodium vivax, Plasmodiumfalciparum e Plasmodium malariae no total de sangues positivos obtidosem inquéritos regulares e em exames avulsos, feitos pelo SESP naAmazônia brasileira entre julho de 1942 e junho de 1946.

Gráfico 2

Porcentagem de positividade para plasmódios entrehabitantes de localidades da Amazônia brasileira com Anophelesdarlingi e localidades da mesma região onde essa espécie não foiencontrada após procura demorada feita pelo SESP, entre julho de 1942e junho de 1946.

Gráfico 3

Porcentagem de Anopheles darlingi em relação ao totalde anofelinos adultos nas casas e ao exterior e de larvas de anofelinoscolhidos pelo SESP, na Amazônia brasileira, entre julho de 1942 ejunho de 1946.