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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA DROGA E DA TOXICODEPENDÊNCIA Inquérito ao público jovem presente no Rock in Rio – Lisboa 2016 SINOPSE VASCO CALADO ELSA LAVADO Direção de Serviços de Monitorização e Informação Divisão de Estatística e Investigação Outubro 2016

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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA DROGA E DA

TOXICODEPENDÊNCIA

Inquérito ao público jovem presente no Rock in Rio – Lisboa 2016

SINOPSE

VASCO CALADO ELSA LAVADO

Direção de Serviços de Monitorização e Informação Divisão de Estatística e Investigação

Outubro 2016

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ÍNDICE

OBJETIVO ........................................................................................................................................... 9

METODOLOGIA .................................................................................................................................... 9

AMOSTRA ...................................................................................................................................... 9

PROCEDIMENTO............................................................................................................................... 9

CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ........................................................................................................... 9

CONHECIMENTO, CRENÇAS E ATITUDES FACE À LEGISLAÇÃO .......................................................................... 14

PERCEÇÕES SOBRE A EVOLUÇÃO DO FENÓMENO ........................................................................................ 22

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ................................................................................................................... 25

CANNABIS: MOTIVAÇÕES E CONSEQUÊNCIAS............................................................................................. 32

CONCLUSÕES ................................................................................................................................... 33

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ÍNDICE DE FIGURAS

Fig. 1 - Grupos etários (%) .......................................................................................................................... 10

Fig. 2 - Sexo (%) .......................................................................................................................................... 10

Fig. 3 - Residência por NUT II (%) ................................................................................................................ 10

Fig. 4 - Situação profissional (%) ................................................................................................................. 11

Fig. 5 - Habilitações literárias: último grau concluído (%) .......................................................................... 11

Fig. 6 - Distribuição dos respondentes por dia do evento (%) .................................................................... 11

Fig. 7 - Prevalências de consumo de álcool, por sexo: longo da vida, últimos 12 meses e últimos 30 dias (%) .............................................................................................................................................. 12

Fig. 8 - Prevalências de consumo de substâncias ilícitas, por sexo: longo da vida, últimos 12 meses e últimos 30 dias (%) .................................................................................................................... 12

Fig. 9 - Prevalências de consumo de substâncias ilícitas, por grupo etário: longo da vida, últimos 12 meses e últimos 30 dias (%) ................................................................................................................ 12

Fig. 10 - Prevalências de consumo de substâncias ilícitas, por tipo de substâncias: últimos 12 meses (%) ................................................................................................................................. 13

Fig. 11 - Crenças. «O consumo de drogas é… » (%) .................................................................................... 14

Fig. 12 - Crenças. «O que pode acontecer a alguém que seja apanhado pelas autoridades a consumir substâncias ilícitas» (resposta múltipla) (principais categorias) (%) ......................................... 15

Fig. 13 - Crenças. «O que pode acontecer a alguém que seja apanhado pelas autoridades a consumir substâncias ilícitas», por situação face ao consumo (resposta múltipla) (principais categorias) (%) .............................................................................................................................................. 15

Fig. 14 - Crenças. «O que pode acontecer a alguém que seja apanhado pelas autoridades a consumir substâncias ilícitas», por grupo etário (resposta múltipla) (principais categorias) (%) ............. 16

Fig. 15 - Conhecimento da lei. «Já ouviu falar das Comissões para a Dissuasão da Toxicodependência (CDT)?» (%) ................................................................................................................................ 16

Fig. 16 - Conhecimento da lei. «Já ouviu falar das CDT?», por situação face ao consumo (LV) e grupo etário (%) ........................................................................................................................ 17

Fig. 17 - Conhecimento da lei. «Sabe para que servem as Comissões para a Dissuasão da Toxicodependência (CDT)?» (entre os que declaram saber da sua existência) (%) .................. 17

Fig. 18 - Atitudes. «A lei portuguesa sobre o consumo de drogas ilícitas é » (%) ...................................... 18

Fig. 19 - Atitudes. «A lei portuguesa sobre o consumo de drogas ilícitas é…», por situação face ao consumo (LV) (%) ...................................................................................................................................... 18

Fig. 20 - Atitudes. «A lei portuguesa sobre o consumo de drogas ilícitas é…», por grupo etário (%) ........ 18

Fig. 21 - Atitudes. «Como acha que deveria ser a lei sobre o consumo de drogas?» (entre os que declaram que a lei portuguesa sobre o consumo de drogas é desadequada) (%) .................................... 19

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Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

Fig. 22 - Atitudes. «Como acha que deveria ser a lei sobre o consumo de drogas?» (entre os que declaram que a lei portuguesa sobre o consumo de drogas é desadequada), por situação face ao consumo (LV) (%) ...................................................................................................................................... 20

Fig. 23 - Atitudes. «Como acha que deveria ser a lei sobre o consumo de drogas?» (entre os que declaram que a lei portuguesa sobre o consumo de drogas é desadequada), por grupo etário (%)........ 20

Fig. 24 - Atitudes. «Que medidas deviam ser tomadas?» (entre os que declaram que a lei portuguesa sobre o consumo de drogas é desadequada) (resposta múltipla) (principais categorias) (%) ............ 20

Fig. 25 - Atitudes. «Que medidas deviam ser tomadas?» (entre os que declaram que a lei portuguesa sobre o consumo de drogas é desadequada), por situação face ao consumo (LV) (resposta múltipla) (principais categorias) (%) ......................................................................................................... 21

Fig. 26 - Atitudes. «Que medidas deviam ser tomadas?» (entre os que declaram que a lei portuguesa sobre o consumo de drogas é desadequada), por grupo etário (resposta múltipla) (principais categorias) (%) ........................................................................................................................... 21

Fig. 27 - Perceções. «Pense em Portugal, nos últimos 4 anos, e diga que ideia é que tem sobre a evolução de…» (%) .................................................................................................................................... 22

Fig. 28 - Perceções. «Pense nos locais que frequenta e nas pessoas que conhece e diga se…» (%) ......... 23

Fig. 29 - Perceções. «Das pessoas que conhece, quantas consomem drogas?» (%) .................................. 23

Fig. 30 - Perceções. «Das pessoas que conhece, quantas consomem drogas?», por situação face ao consumo (LV) (%) ....................................................................................................................... 24

Fig. 31- Perceções. «Das pessoas que conhece, quantas consomem drogas?», por grupo etário (%) ...... 24

Fig. 32 - Perceções. «Arranjar tratamento para os toxicodependentes é…» (%) ....................................... 24

Fig. 33 - Associação de palavras. «Maiores problemas da sociedade portuguesa» (primeira resposta) (principais categorias) (%) ......................................................................................................... 25

Fig. 34 - Associação de palavras. Categoria «comportamentos aditivos» (primeira resposta) (%) ............ 26

Fig. 35 - Associação de palavras. «Maiores problemas da sociedade portuguesa» (respostas totais) (principais categorias) (%) ......................................................................................................... 26

Fig. 36 - Associação de palavras. «Droga» (primeira resposta) (principais categorias) (%) ....................... 27

Fig. 37 - Associação de palavras. «Droga» (respostas totais) (principais categorias) (%) .......................... 27

Fig. 38 - Associação de palavras. «Consumidores de droga» (primeira resposta) (principais categorias) (%) ......................................................................................................... 28

Fig. 39 - Associação de palavras. «Consumidores de droga» (respostas totais) (principais categorias) (%) ........................................................................................................................... 28

Fig. 40 - Associação de palavras. «Consumidores de droga», por situação face ao consumo (LV) (primeira resposta) (principais categorias) (%) ......................................................................................... 29

Fig. 41 - Associação de palavras. «Consumidores de droga», por grupo etário (primeira resposta) (principais categorias) (%) ......................................................................................................... 29

Fig. 42 - Associação de palavras. «Toxicodependentes» (primeira resposta) (principais categorias) (%) . 30

Fig. 43 - Associação de palavras. «Toxicodependentes» (respostas totais) (principais categorias) (%) ..... 30

Fig. 44 - Associação de palavras. «Toxicodependentes», por situação face ao consumo (LV) (primeira resposta) (principais categorias) (%) ......................................................................................... 31

Fig. 45 - Associação de palavras. «Toxicodependentes», por grupo etário (primeira resposta) .. (principais categorias) (%) ........................................................................................................................... 31

Fig. 46 - Associação de palavras. «Consumidores de droga» vs. «Toxicodependentes» (primeira resposta) (principais categorias) (%) ......................................................................................................... 31

Fig. 47 - Motivações. «As pessoas da minha idade consomem cannabis…» (resposta múltipla) (principais categorias) (%) ........................................................................................................................... 32

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Fig. 48 - Consequências. «Problemas associados ao consumo excessivo de cannabis» (resposta múltipla) (principais categorias)(%) .......................................................................................................... 32

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Rock in Rio 2016

Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

9

OBJETIVO

Avaliar as representações sociais, as perceções e as atitudes em relação às drogas ilícitas e à legislação conexa por parte da população jovem e jovem adulta presente na edição de 2016 do festival de música Rock in Rio – Lisboa. Por se tratar da replicação do mesmo inquérito aplicado em condições semelhantes em 2008 e 2012, pretende-se ainda acompanhar a evolução do fenómeno a partir de como se posiciona o público jovem de um festival de música perante a droga e a toxicodependência.

METODOLOGIA

AMOSTRA

Amostra de conveniência, constituída por 1.031 adolescentes e jovens adultos (15-34 anos).

PROCEDIMENTO

Entrevista presencial com aplicação de questionário semiaberto à população jovem que se preparava para entrar no recinto do festival nos cinco dias do evento: 19, 20, 27, 28 e 29 de maio de 2016.

CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

A amostra é constituída por uma população jovem (78% dos inquiridos têm menos de 25 anos) (figura 1), com mais elementos do sexo feminino do que do sexo masculino (figura 2) e proveniente principalmente da região da Grande Lisboa (figura 3). Refletindo a juventude dos inquiridos, a amostra é constituída predominantemente por estudantes (figura 4), sobretudo com habilitações literárias ao nível do ensino secundário (figura 5). Com exceção do primeiro dia (com menor representação), os inquiridos distribuem-se de forma semelhante pelos outros quatro dias do evento (figura 6) e a maior parte deslocou-se ao festival com o intuito de assistir às atuações que decorreram no palco principal. A grande maioria dos respondentes é consumidora de bebidas alcoólicas (figura 7), enquanto quase um terço declarou consumir/já ter consumido drogas ilícitas (figuras 8 e 9), com grande destaque para a cannabis (figura 10).

Verifica-se que o consumo de álcool é mais prevalente entre os inquiridos do sexo masculino do que entre as inquiridas, sobretudo no que diz respeito ao consumo atual (últimos 30 dias). Esta tendência é ainda mais acentuada no caso do consumo de drogas ilícitas: os inquiridos do sexo masculino declaram consumos duas (PLV e 12M) a três vezes (30D) superiores aos consumos declarados pelas inquiridas. Em relação ao grupo etário, verifica-se que os consumos variam na razão direta da idade, com exceção dos consumos recentes, que são mais prevalentes nos inquiridos com idades entre os 20 e os 24 anos.

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Rock in Rio 2016

Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

10

Fig. 1 - Grupos etários (%)

A idade média dos respondentes é de 21 anos, sendo a moda de 18 e a mediana de 20 anos.

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 2 - Sexo (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 3 - Residência por NUT II (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

41,6 36,2

16,45,8

0

10

20

30

40

50

15-19 anos 20-24 anos 25-29 anos 30-34 anos

(n=1031)

%

masculino40%feminino

60%

(n=1031)

0,7

1,0

1,6

68,8

11,4

16,5

0 20 40 60 80

outra situação

Algarve

Alentejo

Lisboa

Centro

Norte

(n=1031) %

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Rock in Rio 2016

Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

11

Fig. 4 - Situação profissional (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 5 - Habilitações literárias: último grau concluído (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 6 - Distribuição dos respondentes por dia do evento (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

4,0

26,7

69,3

0 20 40 60 80

desempregado

empregado

estudante

(n=1031) %

1,6

26,9

46,8

24,7

0

10

20

30

40

50

inferior ao 3ºciclo

3º ciclo secundário ensino superior

(n=1031)

%

23,1

21,9

19,9

21,4

13,7

0 5 10 15 20 25

29 maio

28 maio

27 maio

20 maio

19 maio

(n=1031) %

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Rock in Rio 2016

Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

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Fig. 7 - Prevalências de consumo de álcool, por sexo: longo da vida, últimos 12 meses e últimos 30 dias (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 8 - Prevalências de consumo de substâncias ilícitas, por sexo: longo da vida, últimos 12 meses e últimos 30 dias (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 9 - Prevalências de consumo de substâncias ilícitas, por grupo etário: longo da vida, últimos 12 meses e últimos 30 dias (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

59,8

82,5

90,8

73,9

88,6

94,4

65,5

85,0

92,2

0 20 40 60 80 100

30D

12M

LV

total masc fem %(n=1031)

5,7

12,6

21,2

17,6

27,8

41,5

10,5

18,7

29,4

0 10 20 30 40 50

30D

12M

LV

total masc fem %(n=1031)

12,8

18,1

36,1

11,7

22,1

33,3

8,2

16,1

22,4

0 10 20 30 40

30D

12M

LV

15-19 anos 20-24 anos 25-34 anos %(n=1031)

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Rock in Rio 2016

Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

13

Fig. 10 - Prevalências de consumo de substâncias ilícitas, por tipo de substâncias: últimos 12 meses (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

0,1

0,1

0,3

0,3

0,7

0,7

1,4

1,9

17,7

0 5 10 15 20

outras

opiáceos

est. anabolizantes

novas drogas

alucinogéneos

anfetaminas

ecstasy

cocaína

cannabis

(n=1031) %

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Rock in Rio 2016

Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

14

CONHECIMENTO, CRENÇAS E ATITUDES FACE À LEGISLAÇÃO

É opinião da maioria dos inquiridos que o consumo de drogas ilícitas é uma prática proibida (62%) e punida por lei (57%), enquanto menos de metade (44%) considera que o consumo de drogas ilícitas constitui um crime (figura 11).

Dois dados merecem destaque: por um lado, a quantidade assinalável de inquiridos (cerca de 1/5) que consideram que o caráter ilícito ou criminal do consumo de drogas depende de alguns fatores (como sejam a quantidade ou a substância em causa, por exemplo); por outro lado, são menos de 1/3 aqueles que declaram que consumo de drogas não é crime. Tomados em conjunto, estes números revelam a pouca informação que esta população parece ter acerca da lei portuguesa sobre o consumo de drogas ilícitas. De facto, os inquiridos que simultaneamente declaram que o consumo de drogas não é crime mas

é algo proibido e punível por lei não chegam a 7%1. O que quer dizer que a esmagadora maioria (93%) dos jovens inquiridos, ao não saber responder ou ao responder ao arrepio do previsto por lei, está mal informada ou não tem informação suficiente.

Fig. 11 - Crenças. «O consumo de drogas é… » (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Quase metade dos inquiridos considera que o mais provável de acontecer a alguém que seja detetado pelas autoridades a consumir drogas ilícitas é ser detido/preso, enquanto 1/3 considera que tal depende da substância e 1/4 acha que é ter a droga apreendida. Apenas uma percentagem residual (3%) considera que quem seja apanhado pelas autoridades a consumir drogas ilícitas pode ser obrigado a apresentar-se perante uma Comissão para a Dissuasão da Toxicodependência (CDT) (figura 12).

1 Entre os 1031 respondentes, apenas 69 responderam simultaneamente que o consumo de drogas é proibido e punível por lei e algo que não constitui um crime. Se se considerar uma versão mais abrangente de resposta «correta», integrando também os inquiridos que responderam «depende» na afirmação de que o consumo de drogas é crime (eventualmente até por questões ligadas ao cultivo para consumo e/ou às quantidade máximas legais para consumo) e simultaneamente responderam que é proibido e punível por lei, obtém-se 110 inquiridos (11%) informados acerca do quadro legal descriminalizador.

56,8

43,5

61,6

19,2

29,6

16,7

18,6

21,5

18,9

5,4

5,4

2,8

0% 20% 40% 60% 80% 100%

punido por lei

crime

proibido

sim não depende não sei(n=1031)

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Rock in Rio 2016

Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

15

A opinião varia consideravelmente em função da situação face ao consumo de drogas: enquanto os inquiridos que nunca consumiram drogas ilícitas consideram que o mais provável é ser detido/preso, os inquiridos que já consumiram drogas ilícitas acham que depende da quantidade e que a substância é apreendida. Verifica-se, ainda, que os primeiros declaram «apresentar-se numa CDT» três vezes mais do que os últimos (figura 13).

Em relação ao grupo etário, constata-se que esta opinião também varia em função do grupo etário: os mais novos (15-19 anos) consideram ser «detido/preso» muito mais do que os inquiridos com mais de 20 anos, enquanto se passa o inverso com a resposta «depende da quantidade». Verifica-se, ainda, que quanto maior é a idade dos inquiridos mais prevalente é a resposta «apresentar-se numa CDT» (figura 14).

Fig. 12 - Crenças. «O que pode acontecer a alguém que seja apanhado pelas autoridades a consumir substâncias ilícitas» (resposta múltipla) (principais categorias) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 13 - Crenças. «O que pode acontecer a alguém que seja apanhado pelas autoridades a consumir

substâncias ilícitas», por situação face ao consumo (resposta múltipla) (principais categorias) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

3,0

10,6

15,8

15,8

17,7

23,9

31,9

47,2

0 10 20 30 40 50

apresentar-se numa CDT

responder em tribunal

pagar multa

apresentar-se na esquadra

depende da substância

substância apreendida

depende da quantidade

ser detido / preso

%(n=1031)

5,6

11,6

12,9

14,5

27,7

35,0

45,5

34,3

1,9

10,2

17,0

16,3

13,6

19,2

26,2

52,6

0 10 20 30 40 50 60

apresentar-se numa CDT

responder em tribunal

pagar multa

apresentar-se na esquadra

depende da substância

substância apreendida

depende da quantidade

ser detido / preso

não cons. cons. %(n=1031)

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Rock in Rio 2016

Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

16

Fig. 14 - Crenças. «O que pode acontecer a alguém que seja apanhado pelas autoridades a consumir

substâncias ilícitas», por grupo etário (resposta múltipla) (principais categorias) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

A esmagadora maioria (87%) dos inquiridos declara nunca ter ouvido falar das CDT (figura 15). O conhecimento da sua existência varia menos em função da situação face ao consumo de drogas do que em função da idade. De facto, embora os inquiridos que já consumiram drogas ilícitas declarem um maior conhecimento das CDT do que aqueles que nunca consumiram drogas ilícitas, tal é mais acentuado entre grupos etários, verificando-se que quanto menor é a idade maior é o desconhecimento acerca das CDT (figura 16). Apesar de tudo, tendencialmente aqueles que já ouviram falar das CDT dizem saber para que servem (figura 17).

Fig. 15 - Conhecimento da lei. «Já ouviu falar das Comissões para a Dissuasão da Toxicodependência (CDT)?» (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

5,7

13,2

13,7

13,2

23,3

24,2

37,9

38,3

3,5

9,9

16,5

18,4

20,8

24,3

35,5

41,1

1,2

9,8

16,3

14,9

12,1

23,3

25,6

57,3

0 10 20 30 40 50 60

apresentar-se numa CDT

responder em tribunal

pagar multa

apresentar-se na esquadra

depende da substância

substância apreendida

depende da quantidade

ser detido / preso

15-19 anos 20-24 anos 25-34 anos %(n=1031)

sim13%

não87%

(n=1031)

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Rock in Rio 2016

Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

17

Fig. 16 - Conhecimento da lei. «Já ouviu falar das CDT?», por situação face ao consumo (LV) e grupo etário (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 17 - Conhecimento da lei. «Sabe para que servem as Comissões para a Dissuasão da Toxicodependência (CDT)?» (entre os que declaram saber da sua existência) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Os inquiridos distribuem-se de forma semelhante entre os que acham que a lei portuguesa sobre o consumo de drogas ilícitas é adequada, os que acham que é desadequada e o que não têm opinião formada ou não sabem responder (figura 18).

Verifica-se que os inquiridos que já consumiram drogas ilícitas consideram a lei desadequada muito mais do que os nunca consumiram. Por outro lado, estes últimos declaram não ter opinião muito mais do que os primeiros, enquanto a posição de achar a lei adequada não varia tanto em função da situação face ao consumo de drogas, apesar de ser mais prevalente entre os inquiridos que nunca consumiram drogas ilícitas (figura 19). Em relação ao grupo etário, constata-se que quanto maior é a idade mais se considera a lei desadequada e menos se a considera adequada. Os inquiridos mais novos também se destacam como aqueles que menos declaram não ter opinião acerca da adequação da lei portuguesa sobre o consumo de drogas ilícitas (figura 20).

16,511,4

0

5

10

15

20

25

cons. não cons.

%

(n=1031)

8,412,5

22,0

0

5

10

15

20

25

15-19 anos 20-24 anos 25-34 anos

%

(n=1031)

sim76%

não24%

(n=132)

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18

Fig. 18 - Atitudes. «A lei portuguesa sobre o consumo de drogas ilícitas é…» (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 19 - Atitudes. «A lei portuguesa sobre o consumo de drogas ilícitas é…», por situação face ao consumo (LV) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 20 - Atitudes. «A lei portuguesa sobre o consumo de drogas ilícitas é…», por grupo etário (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

adequada32%

desadequada33%

não sei35%

(n=1031)

24,8

48,2

27,1

40,0

26,4

33,7

0 10 20 30 40 50

não sei

desadequada

adequada

não cons. cons.%

(n=1031)

30,4

42,7

26,9

37,6

32,5

29,9

36,4

27,7

35,9

0 10 20 30 40 50

não sei

desadequada

adequada

15-19 anos 20-24 anos 25-34 anos %(n=1031)

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19

Entre os inquiridos que declaram achar a lei portuguesa sobre o consumo de drogas ilícitas desadequada, a maioria defende a adoção de uma política menos severa (figura 21).

Verifica-se que os inquiridos que já consumiram drogas ilícitas defendem tendencialmente mais (cerca do dobro) que a lei deveria ser menos severa do que aqueles que nunca consumiram, enquanto estes últimos defendem comparativamente muito mais (quase quatro vezes mais) que a lei deveria ser mais severa (figura 22). Esta diferença de opinião não se verifica tanto em função do grupo etário. Ainda assim, é possível constatar que quanto maior é a idade mais se defende que a lei deveria ser menos severa e menos se defende que a lei deveria ser mais severa (figura 23).

Entre as medidas defendidas por aqueles que consideram a lei portuguesa sobre o consumo de drogas ilícitas é desadequada, destaca-se a posição a favor da legalização do consumo (nomeadamente da cannabis), merecendo ainda destaque os 6% que propõem a descriminalização do consumo – o que, dado tal já estar em vigor desde 2001, traduz bem a desinformação que reina entre alguns respondentes, e em particular entre aqueles que já consumiram drogas ilícitas (figura 24).

Aqueles que já consumiram drogas ilícitas destacam-se por defenderem medidas no sentido da legalização, da liberalização e da descriminalização muito mais do que os inquiridos que nunca consumiram, apesar de em ambos os grupos a medida mais referida ser legalizar. No entanto, estes últimos, em comparação com os primeiros, defendem mais posições de criminalização, punição e proibição (figura 25). A opinião varia muito menos em função da idade, verificando-se que a resposta mais prevalente («legalizar») apresenta valores muito próximos entre os inquiridos dos três grupos etários (figura 26).

Fig. 21 - Atitudes. «Como acha que deveria ser a lei sobre o consumo de drogas?» (entre os que declaram que a lei portuguesa sobre o consumo de drogas é desadequada) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

menos severa

55%

mais severa

36%

depende4% NR

5%

(n=338)

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20

Fig. 22 - Atitudes. «Como acha que deveria ser a lei sobre o consumo de drogas?» (entre os que declaram que a lei portuguesa sobre o consumo de drogas é desadequada), por situação face ao consumo (LV) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 23 - Atitudes. «Como acha que deveria ser a lei sobre o consumo de drogas?» (entre os que declaram que a lei portuguesa sobre o consumo de drogas é desadequada), por grupo etário (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 24 - Atitudes. «Que medidas deviam ser tomadas?» (entre os que declaram que a lei portuguesa sobre

o consumo de drogas é desadequada) (resposta múltipla) (principais categorias) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

3,4

4,8

14,4

77,4

5,7

3,6

52,6

38,0

0 20 40 60 80

NR

depende

mais severa

menos severa

não cons. cons. %(n=338)

6,2

0,0

33,0

60,8

4,1

6,6

35,2

54,1

4,2

5,0

39,5

51,3

0 10 20 30 40 50 60 70

NR

depende

mais severa

menos severa

15-19 anos 20-24 anos 25-34 anos %(n=338)

3,0

6,2

7,1

11,8

12,4

14,8

16,9

41,1

0 10 20 30 40 50

despenalizar

descriminalizar

punir com prisão

criminalizar

proibir

liberalizar

punir com outras medidas

legalizar

%(n=338)

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21

Fig. 25 - Atitudes. «Que medidas deviam ser tomadas?» (entre os que declaram que a lei portuguesa sobre

o consumo de drogas é desadequada), por situação face ao consumo (LV) (resposta múltipla) (principais categorias) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 26 - Atitudes. «Que medidas deviam ser tomadas?» (entre os que declaram que a lei portuguesa sobre

o consumo de drogas é desadequada), por grupo etário (resposta múltipla) (principais categorias) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

2,1

10,3

3,4

7,5

6,2

21,9

6,8

54,8

3,6

3,1

9,9

15,1

17,2

9,4

24,5

30,7

0 10 20 30 40 50 60

despenalizar

descriminalizar

punir com prisão

criminalizar

proibir

liberalizar

punir com outras medidas

legalizar

não cons. cons.%

(n=338)

42,0

13,4

12,6

14,3

15,1

8,4

5,0

0,8

40,2

21,3

17,2

13,1

9,0

8,2 9,0

1,6

41,2

15,5

14,4

9,3 11,3 4,1

4,1

7,2

0

10

20

30

40

50

legalizar punir c/out. med.

liberalizar proibir crimin. punirc/prisão

desc. despen.

15-19 anos 20-24 anos 25-34 anos

%

(n=338)

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22

PERCEÇÕES SOBRE A EVOLUÇÃO DO FENÓMENO

Em relação à evolução do fenómeno da toxicodependência e do consumo de drogas nos últimos quatro anos, os inquiridos tendem a achar que a situação do país se agravou, especialmente no que diz respeito ao número de pessoas que consomem drogas e ao número de pessoas com problemas devido a esse consumo. Pelo contrário, a existência de locais públicos onde toxicodependentes se injetam e a criminalidade associada à toxicodependência destacam-se pela menor percentagem de inquiridos com a perceção de agravamento. Seja como for, em todos os casos, a percentagem de inquiridos que acha que a situação piorou nos últimos quatro anos é sempre muito superior à percentagem que acha o contrário, com exceção da facilidade de acesso a tratamento da toxicodependência. A percentagem de inquiridos que declara não saber responder varia consideravelmente consoante a afirmação (figura 27).

No entanto, quando a questão é colocada em termos de experiência e vivência pessoal, a situação altera-se significativamente. De facto, a maioria dos inquiridos declara não conhecer casos de pessoas afetadas diretamente pela toxicodependência – nomeadamente presas por consumo, com problemas devido ao consumo ou vítima de assaltos cometidos por consumidores. A única exceção é a presença de toxicodependentes nas ruas a «arrumar» carros, realidade a que quase dois terços dos inquiridos diz já ter assistido no período em causa (figura 28).

Fig. 27 - Perceções. «Pense em Portugal, nos últimos 4 anos, e diga que ideia é que tem sobre a evolução de…» (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

39,7

79,8

31,0

55,0

37,7

67,8

51,3

43,9

28,7

10,3

21,6

18,5

23,7

15,7

22,5

14,7

14,0

3,018,1

8,8

9,7

7,0

12,8

8,4

17,6

6,9

29,3

17,7

28,9

9,5

13,4

33,0

0% 20% 40% 60% 80% 100%

facilidade em arranjar tratamento para toxicodependentes

nº de pessoas que consomem drogas

existência de locais onde toxicodependentes se injetam

número de toxicodependentes que vivem na rua

roubos / assaltos efectuados por toxicodependentes

nº pessoas com problemas devido ao consumo de drogas

presença de toxicodependentes a "arrumar" carros na rua

nº de pessoas presas por consumo de drogas

aumentar na mesma diminuir não sei(n=1031)

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23

Fig. 28 - Perceções. «Pense nos locais que frequenta e nas pessoas que conhece e diga se…» (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

No mesmo sentido, cerca de metade (51%) dos inquiridos declara que conhece poucas ou nenhumas pessoas que consomem drogas ilícitas, sendo que aqueles que declaram que, das pessoas que conhecem, muitas ou quase todas/todas consomem drogas ilícitas constituem um 1/5 da amostra (figura 29). As respostas diferem radicalmente em função da situação face ao consumo: aqueles que já consumiram drogas ilícitas tendem a declarar que, das pessoas que conhecem, muitas ou todas consomem drogas ilícitas, enquanto a maioria dos inquiridos que nunca consumiram declara que conhece poucos ou nenhuns consumidores de drogas ilícitas (figura 30). Esta perceção varia muito menos em função da idade: ainda assim, o grupo etário com idades entre os 20 e os 24 anos destaca-se como aquele onde mais inquiridos declaram conhecer consumidores de drogas ilícitas (figura 31).

Por fim, a maioria dos inquiridos considera que arranjar tratamento para os toxicodependentes é difícil (figura 32), não obstante, como se viu na figura 27, grande parte ser da opinião de que a acessibilidade aumentou.

Fig. 29 - Perceções. «Das pessoas que conhece, quantas consomem drogas?» (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

69,9

82,1

69,9

58,1

35,1

63,0

30,1

17,9

30,1

41,9

64,9

37,0

0% 20% 40% 60% 80% 100%

conhece alguém assaltado por toxicodependentes

conhece alguém que esteja preso por consumo de droga

conhece algum local onde toxicodependentes se injetem

conhece algum local onde toxicodependentes vivam narua

tem visto toxicodependentes nas ruas a "arrumar" carros

conhece alguém com problemas devido ao consumo dedrogas

não sim(n=1031)

nenhuma21%

poucas30%

algumas29%

muitas15%

quase todas / todas5%

(n=1031)

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24

Fig. 30 - Perceções. «Das pessoas que conhece, quantas consomem drogas?», por situação face ao consumo (LV) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 31- Perceções. «Das pessoas que conhece, quantas consomem drogas?», por grupo etário (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 32 - Perceções. «Arranjar tratamento para os toxicodependentes é…» (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

3,0

19,1

33,3

32,0

12,5

28,6

35,2

27,1

8,0

1,2

0 10 20 30 40

nenhuma

poucas

algumas

muitas

quase todas/todas

não cons. cons. %(n=1031)

26,3

29,4

26,3

14,5

3,5

16,5

28,3

33,1

17,1

5,1

26,3

29,4

26,3

14,5

3,5

0 10 20 30 40

nenhuma

poucas

algumas

muitas

quase todas/ todas

15-19 anos 20-24 anos 25-34 anos %(n=1031)

muito fácil2%

fácil30%

difícil55%

muito difícil6%

não sei7%

(n=1031)

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25

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

As representações sociais da amostra acerca da droga e dos seus consumidores foram aferidas através de

associações de palavras2, tendo-se procedido à análise da primeira resposta e do total de associações, o que conduz a duas dimensões de leitura, que se complementam: o pensamento mais imediato e o pensamento mais expressivo no total, considerando as várias respostas dos inquiridos.

A crise financeira e as questões económicas destacam-se como aquilo em que os inquiridos mais pensam automaticamente a propósito de «maiores problemas da sociedade portuguesa» (frase-estímulo). De

seguida, surge a crise de valores sociais3. Para os inquiridos, a esfera da política, do emprego e a pobreza são também questões preocupantes. Verifica-se que apenas uma percentagem residual (4%) da amostra faz a associação imediata a comportamentos aditivos (figura 33), sendo que se referem sobretudo ao álcool e o alcoolismo (figura 34). Considerando as respostas totais, verifica-se que não chegam a 8% os inquiridos que referem os comportamentos aditivos como os maiores problemas da sociedade portuguesa (figura 35).

Fig. 33 - Associação de palavras. «Maiores problemas da sociedade portuguesa» (primeira resposta) (principais categorias) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

2 Era pedido aos inquiridos que dissessem, sem pensar muito, até 3 palavras que lhe viessem à cabeça a propósito de quatro palavras ou frases-estímulo.

3 Incluem-se nesta categoria o racismo, a falta de civismo, o consumismo, o egoísmo, etc.

3,9

4,7

4,8

4,9

5,0

5,7

6,5

12,2

33,4

0 10 20 30 40

comportamentos aditivos

mentalidade

desigualdades

educação

pobreza

emprego

política

valores sociais

economia

%(n=1017)

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26

Fig. 34 - Associação de palavras. Categoria «comportamentos aditivos» (primeira resposta) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 35 - Associação de palavras. «Maiores problemas da sociedade portuguesa» (respostas totais) (principais categorias) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

É possível constatar que, quando lhes é pedido uma associação a «droga» (palavra-estímulo), os

inquiridos pensam sobretudo na ideia de dependência/vício4, em determinadas substâncias psicoativas –

principalmente cannabis 5 – e num conjunto de termos depreciativos que exprimem um claro juízo

negativo6. Verifica-se que não são muitos os inquiridos que associam a droga ao campo da doença7, enquanto a associação ao crime ou ao dispositivo de tratamento, por exemplo, é praticamente inexistente. Por outro lado, termos como «flagelo», «seringa» ou «junkie» parecem ter desaparecido do

4 A esmagadora maioria (91%) das respostas automáticas incluídas nesta categoria resumem-se a dois termos: «dependência» e «vício». Os outros dois termos são «toxicodependência» (8%) e «adição» (1%).

5 Dos 169 inquiridos que, de uma forma imediata, associaram «droga» a substâncias em concreto, 60% referiram-se à cannabis, 18% à cocaína e apenas 5% à heroína. Os restantes dispersam-se por termos genéricos ou por outras substâncias (como ecstasy, álcool e tabaco).

6 Incluem-se nesta categoria termos como «mau», «mal», «estupidez» ou «errado», por exemplo.

7 Nesta categoria incluem-se sobretudo os termos genéricos «doença», «saúde» e «morte», mas também, de uma forma muito menos expressiva, termos que remetem para doenças concretas, como «cancro» ou «Sida». Neste trabalho, optou-se por não incluir os termos que remetem para a dependência/adição na categoria «doença», na medida em que não é possível saber se os inquiridos se referem à dependência no sentido de comportamento aditivo tal como é definido pela OMS ou mais no sentido de «dependência/vício». Embora possa ser argumentado que a dependência é, de facto, uma doença, ao lhes ser pedida uma associação a partir da palavra «droga», os inquiridos pensaram automaticamente muito mais em «dependência/vício» do que em «doença/saúde/morte», pelo que se justifica que a primeira seja uma categoria autónoma.

álcool52%

tabaco20%

substâncias ilícitas18%

dependências/ vícios10%

(n=40)

7,4

7,5

7,5

8,0

8,6

9,0

9,1

17,8

41,5

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

comportamentos aditivos

saúde

desigualdades

mentalidade

educação

emprego

política

valores sociais

economia

%(n=1017)

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27

léxico. Tais tendências verificam-se tanto se a análise se cingir à resposta mais imediata (figura 36) como considerando o conjunto das respostas dadas por cada inquirido (figura 37).

Fig. 36 - Associação de palavras. «Droga» (primeira resposta) (principais categorias) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 37 - Associação de palavras. «Droga» (respostas totais) (principais categorias) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

A partir da frase-estímulo «consumidores de droga», destaca-se mais uma vez nas associações imediatas

dos inquiridos a ideia da dependência8, seguida de muito perto de termos que remetem para diferentes

tipos de consumidores (com destaque para os jovens)9 e para «maus caminhos»10 (figura 38). Merece realce o facto de, no conjunto das suas respostas, apenas 3% dos inquiridos associar de forma automática os consumidores de drogas à marginalidade e ao crime (figura 39).

A associação automática varia consideravelmente em função da situação face ao consumo de drogas, sobretudo na 2ª e 3ª categoria mais prevalente: comparativamente, aqueles que já consumiram drogas ilícitas associam mais os consumidores à juventude («tipos de consumidores»), enquanto os inquiridos que nunca consumiram associam mais os consumidores a problemas («maus caminhos») (figura 40). Em

8 Nesta categoria incluem-se sobretudo termos como «viciados», «dependentes» e «agarrados».

9 Tal como na associação anterior, para os inquiridos, falar de consumidores de droga é sobretudo falar de jovens e adolescentes. A associação a excluídos ou, pelo contrário, a favorecidos socialmente é muito menos expressiva.

10 Incluem-se nesta categoria termos como «problemas», «más escolhas», «más influências», «irresponsáveis», etc.

3,7

4,3

4,3

6,0

6,8

13,2

16,6

20,2

0 5 10 15 20 25

estatuto legal

doença

problemas

tipos/ dimensão consumo

consumidores

substâncias

dependência

%(n=1018)

4,8

6,0

7,1

7,3

8,8

15,5

18,5

24,5

0 5 10 15 20 25

estatuto legal

problemas

doença

tipos/ dimensão consumo

consumidores

substâncias

dependência

%(n=1018)

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28

relação ao grupo etário, verifica-se que quanto maior é a idade menos se associa os consumidores às categorias mais prevalentes («dependência», «tipos de consumidores», «maus caminhos», «toxicodependentes» e «más pessoas»). Por outro lado, os inquiridos mais velhos (25-34 anos) são quem mais faz a associação automática a «precisam de ajuda» e «doença» (figura 41).

Fig. 38 - Associação de palavras. «Consumidores de droga» (primeira resposta) (principais categorias) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 39 - Associação de palavras. «Consumidores de droga» (respostas totais) (principais categorias) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

2,6

3,9

4,9

6,4

6,8

14,1

15,1

16,1

0 5 10 15 20

tipos / dimensão consumo

doença

precisam de ajuda / pena

más pessoas

toxicodependentes

maus caminhos

tipos de consumidores

dependência

%(n=996)

3,2

5,0

6,1

7,2

7,2

16,3

18,4

19,0

0 5 10 15 20

crime

doença

precisam de ajuda / pena

más pessoas

toxicodependentes

tipos de consumidores

maus caminhos

dependência

%(n=996)

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29

Fig. 40 - Associação de palavras. «Consumidores de droga», por situação face ao consumo (LV) (primeira resposta) (principais categorias) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 41 - Associação de palavras. «Consumidores de droga», por grupo etário (primeira resposta)

(principais categorias) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Na associação imediata a «toxicodependentes», a ideia da dependência destaca-se ainda mais, seguindo-se termos que remetem para uma vida problemática («maus caminhos») e para o campo da

saúde/doença11 (figura 42). Considerando o total de respostas, verifica-se que cerca de 7% dos inquiridos

associa os toxicodependentes ao tratamento e a substâncias psicoativas12 (figura 43).

Analisando a associação automática em função das variáveis situação face ao consumo de drogas (figura 44) e grupo etário (figura 45), verifica-se que as respostas são tendencialmente mais homogéneas, denotando uma visão dos toxicodependentes porventura mais tipificada.

11 Nesta categoria, incluem-se termos como «doença», «saúde», «doentes» e «morte», por exemplo.

12 Nesta categoria, o termo genérico «droga(s)» é predominante. Há também referências à heroína ou ao crack, mas nenhum dos inquiridos associou os toxicodependentes à cannabis.

5,5

2,4

4,8

4,5

7,6

8,3

21,1

14,5

1,4

4,7

5,0

7,2

6,5

16,4

12,6

16,7

0 10 20 30

tipos/dimensão consumo

doença

precisam de ajuda/pena

más pessoas

toxicodependentes

maus caminhos

tipos de consumidores

dependência

não cons. cons. %(n=996)

16,8

15,3

15,6

8,0

8,0

4,1

4,1

1,7

16,2

15,1

13,2

6,3

6,0

3,8

2,5

3,3

14,5

14,5

12,7

5,5

4,1

8,2

6,4

3,2

0

5

10

15

20

depend. tiposcons.

mauscam.

toxicod. más pess. prec.ajuda/pena

doença tipos/dimensão

cons.

15-19 anos 20-24 anos 25-34 anos

%

(n=996)

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De facto, comparar as primeiras associações a «consumidores de droga» e a «toxicodependentes» permite constatar que, para os inquiridos, pensar numa e noutra ideia não é o mesmo. Comparativamente, o conceito de toxicodependentes remete mais para as noções de dependência, doença, tratamento, substâncias e ajuda/pena, enquanto o conceito de consumidores de droga remete mais para os jovens (como principal tipo de consumidores) e um juízo de valor depreciativo («más pessoas») do que o faz o conceito de toxicodependentes (figura 46).

Fig. 42 - Associação de palavras. «Toxicodependentes» (primeira resposta) (principais categorias) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 43 - Associação de palavras. «Toxicodependentes» (respostas totais) (principais categorias) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

4,3

5,0

5,2

5,4

8,8

9,8

13,1

23,2

0 5 10 15 20 25

tipo de consumidores

sofrimento

substâncias

tratamento/reabilitação

precisam ajuda/pena

doença

maus caminhos

dependência

%(n=976)

5,4

5,7

6,6

6,7

11,1

11,5

16,0

26,8

0 10 20 30

tipo de consumidores

sofrimento

substâncias

tratamento / reabilitação

precisam ajuda / pena

doença

maus caminhos

dependência

%(n=976)

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Fig. 44 - Associação de palavras. «Toxicodependentes», por situação face ao consumo (LV) (primeira resposta) (principais categorias) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 45 - Associação de palavras. «Toxicodependentes», por grupo etário (primeira resposta)

(principais categorias) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 46 - Associação de palavras. «Consumidores de droga» vs. «Toxicodependentes» (primeira resposta) (principais categorias) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

5,1

4,8

5,8

5,8

7,2

9,2

14,0

21,2

3,9

5,1

5,0

5,3

9,5

10,1

12,7

24,0

0 10 20 30

tipo de consumidores

sofrimento

substâncias

tratamento/reabilitação

precisam ajuda/pena

doença

maus caminhos

dependência

não cons. cons. %(n=976)

21,4

15,1

9,8

8,1

4,8 5,8

5,8

4,0

25,8

10,0

10,0

9,4

6,7

5,3

3,3 5,3

21,9

14,6

9,6

9,1

4,6

4,1 6,

4

3,2

0

10

20

30

depend. mauscam.

doença prec.ajuda/pena

trat./reab.

subst. sofrim. tipo cons.

15-19 anos 20-24 anos 25-34 anos

%

(n=976)

5,2

5,4

8,8

1,6

9,813,1

4,3

23,2

1,8

1,0

4,9

6,4

4,014,1

15,1

16,1

0 5 10 15 20 25

substâncias

tratamento / reabilitação

precisam ajuda / pena

más pessoas

doença

maus caminhos

tipo de consumidores

dependência

consumidores (n=996) toxicodependentes (n=976) %

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CANNABIS: MOTIVAÇÕES E CONSEQUÊNCIAS

Duas perguntas abertas questionavam os inquiridos acerca das motivações de consumo de cannabis por parte dos pares e também as consequências do seu consumo excessivo. Constata-se que a procura da boa-disposição é a principal razão apontada pelos inquiridos para o consumo de cannabis por parte dos jovens, seguindo-se a pressão social, a procura de relaxamento e o esquecimento de problemas. Merece destaque o facto de cerca de 4% dos inquiridos referir que os pares consomem cannabis por estarem dependentes (figura 47).

Em relação às consequências, destacam-se variados problemas de saúde e a dependência. Merece ainda realce o facto de 4% dos inquiridos referir que o consumo excessivo de cannabis conduz ao crime e à delinquência (figura 48).

Fig. 47 - Motivações. «As pessoas da minha idade consomem cannabis…» (resposta múltipla) (principais categorias) (%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Fig. 48 - Consequências. «Problemas associados ao consumo excessivo de cannabis» (resposta múltipla)

(principais categorias)(%)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

3,7

7,7

8,5

16,6

18,4

26,4

50,0

0 20 40 60

por vício

porque amigos consomem

por curiosidade

para esquecer problemas

para relaxar

por pressão social

para se divertirem

%(n=1014)

4,3

4,7

4,8

9,3

10,4

36,8

41,6

0 10 20 30 40 50

crime

alucinações

memória

problemas financeiros

raciocínio lento

dependência

problemas de saúde

%(n=987)

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DISCUSSÃO DE RESULTADOS

Na viragem do milénio, falar das drogas ilícitas em Portugal era falar sobretudo da toxicodependência, de crime e outros problemas sociais, da figura do dependente de heroína, de territórios psicotrópicos (como o Casal Ventoso, por exemplo), etc. O discurso hegemónico, veiculado pelo poder político, pelos profissionais de saúde, pela comunicação social e também pelo senso comum, constituía a droga em problema social: na forma da toxicodependência, a droga era apresentada como um flagelo que urgia resolver.

O primeiro estudo entre os participantes do Rock in Rio – Lisboa, realizado em 2008, concluiu que, de facto, uns anos depois a situação se alterara. Embora, para os jovens inquiridos, a droga permanecesse um grave problema da sociedade portuguesa, esta não provocava grande alarme social, sendo conceptualizada mais no plano individual do que no plano social, o que se traduzia num afastamento em relação a problemáticas como a delinquência, o crime ou a repressão. Ficava, então, claro que, para os participantes jovens do Rock in Rio – Lisboa, no plano simbólico, consumidores de droga e toxicodependentes eram já entidades diferentes.

O segundo estudo, realizado em 2012, confirmou as tendências identificadas quatro anos antes, reforçando o afastamento em relação ao heroinocentrismo – isto é, o paradigma em tempos hegemónico de pensar o fenómeno das drogas a partir de uma substância psicoativa em concreto, a heroína, e dos seus consumidores. Num intervalo de quatro anos, não só menos jovens inquiridos consideraram a droga como um problema grave da sociedade portuguesa, como também mais revelaram ter uma posição mais distanciada e menos assente em juízos de valor, num processo de normalização simbólica que entende o uso de drogas sobretudo como uma opção de vida que pode acarretar custos.

Em 2016, o presente estudo confirma que a heroína não é a substância que orienta o discurso dos jovens participantes do Rock in Rio – Lisboa sobre as drogas, tendo sido substituída, em grande medida, pela cannabis. Prova disso é que são poucos os inquiridos que, a propósito de «droga», pensam em heroína ou em artefactos ou contextos ligados aos seu consumo (como agulha, seringa, salas de chuto, etc.).

Nesse sentido, verifica-se um claro afastamento em relação à noção de toxicodependência, como se esta fosse um conceito que (já) não diz muito à população inquirida. Tal transparece em muitos dos dados atrás apresentados – por exemplo, é significativo que nas associações de palavras os termos «dependência» e «dependente» sejam muito mais usados do que «toxicodependência» e «toxicodependente» –, mas também em factos e perceções que advêm do trabalho de campo e da recolha de dados. Por exemplo, a manifesta dificuldade de alguns inquiridos em fazer uma associação a partir da palavra-estímulo toxicodependentes. Ou ainda, perante a pergunta «tem visto toxicodependentes a “arrumar” carros?», o comentário recorrente: «como é que eu sei se são toxicodependentes ou não?!».

O que se constata é que noções e termos que outrora eram centrais – como «flagelo», «overdose», «junkies» e «drogados», por exemplo – praticamente desapareceram do léxico utilizado pelos jovens entrevistados. No entanto, não obstante verificar-se uma crescente associação da droga e dos seus consumidores à juventude e a contextos de diversão – nomeadamente por parte daqueles que consomem

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ou já consumiram –, a ideia que as drogas conduzem à dependência e acarretam uma série de consequências negativas (mais no plano individual do que no plano social e coletivo) é dominante.

Mais do que isso, há uma clara tendência para percecionar a evolução do fenómeno através do prisma do pânico social – isto é, através de um pessimismo que não se confirma no plano da experiência pessoal. Por exemplo, 80% dos inquiridos consideram que o número de consumidores de drogas aumentou nos últimos 4 anos. Contudo, apenas 20% dos inquiridos declaram que, entre a sua rede de amigos e conhecidos, encontram muitos consumidores. Pelo contrário, cerca de metade dos inquiridos refere que conhece poucos ou nenhuns consumidores de drogas.

De uma forma geral, os inquiridos revelam estar mal informados acerca da lei sobre o consumo de drogas ilícitas, nomeadamente sobre a descriminalização do consumo e a existência e o papel das Comissões para a Dissuasão da Toxicodependência (CDT). Embora uma parte relevante dos jovens declare que o consumo de drogas não é crime, a consequência mais referida pelos inquiridos para alguém que seja apanhado pelas autoridades a consumir drogas ilícitas é precisamente ser detido ou mesmo preso.

É ainda merecedora de reflexão a manifesta diferença de informação, opiniões e conceptualizações entre grupos etários e, sobretudo, entre aqueles que já consumiram drogas ilícitas e aqueles que nunca o fizeram.

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CONCLUSÕES

Em resumo, para a população em estudo, os comportamentos aditivos, e o uso e abuso de drogas ilícitas em particular, não parecem afigurar-se hoje como um problema social de particular gravidade. Para os inquiridos, falar de droga é sobretudo falar de cannabis. É nesta substância que mais jovens inquiridos pensam de forma automática. Talvez por isso, embora o consumo de droga e os próprios consumidores sejam tendencialmente vistos pelo prisma negativo e por uma postura de crítica, a droga – enquanto conceito abstrato – é associada principalmente à noção de dependência e a escolhas erradas, mas não a problemas sociais como o crime, a prostituição, a mendicidade, ou ainda doenças infeciosas como o HIV ou a hepatite C – como foi em tempos dominante. Da mesma forma, os consumidores de drogas não são tendencialmente vistos nem como doentes nem como criminosos, mas como alguém (jovem) que tem uma dependência, por via de escolhas ou opções de vida que acarretam custos. A perspetiva sobre os toxicodependentes é algo diferente: são vistos sobretudo como alguém que tem uma dependência e que leva uma vida com problemas, mas também como doentes e gente que precisa de ajuda.

Parece estar-se numa altura de transição, em que, para os jovens, faz cada vez menos sentido falar de droga (no singular) e de toxicodependência, pelo menos da forma como o fenómeno era conceptualizado em décadas anteriores.

De uma forma geral, os resultados do presente estudo são animadores, no sentido em que muitos dos problemas sociais antes associados às drogas ilícitas parecem, hoje, menos presentes – e alguns, pelo menos no plano simbólico, afiguram-se até distantes, como a personagem-chave da toxicodependência: o toxicodependente. Tal deriva certamente das políticas públicas implementadas no país na última década e meia, assentes num paradigma que alterou a forma como se olha para o consumidor de drogas ilícitas (estigma social), resultando, através de um esforço concertado, numa menor visibilidade pública do fenómeno e, consequentemente, num cada vez menor alarme social. De facto, pela primeira vez desde que o estudo é realizado, o consumo de álcool e o alcoolismo surgem no discurso dos jovens inquiridos como algo mais preocupante a nível social do que as drogas ilícitas e a toxicodependência.

Ainda assim, merece preocupação a pouca informação demonstrada por este tipo de população acerca da lei da droga e, em particular, o grande desconhecimento geral acerca da descriminalização do consumo e das CDT. Também a questão da legalização das drogas, e da cannabis em particular, bem como a associação entre drogas, juventude e diversão deve continuar a ser monitorizada.