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Aposentado troca o SAS pelo SUS O aposentado Miromar Straube de Siqueira (foto), de 71 anos, é um dos SAÚDE Cobertura limitada gera filas para usuários do SAS no Paraná Das 399 cidades do estado, apenas 33 contam com hospitais que prestam serviço pelo Sistema de Assistência à Saúde oferecido pelo governo 20/11/2013 22h04 Diego Antonelli Texto publicado na edição impressa de 21 de novembro de 2013 Mesmo com várias mudanças entre os prestadores de serviços hospitalares, o Sistema de Assistência à Saúde (SAS) do governo do Paraná ainda é alvo constante de críticas e reclamações. Vida e Cidadania

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201509 Cobertura limitada gera filas para usuários do SAS no Paraná _ Vida e Cidadania _ Gazeta do Povo

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Aposentado troca o SASpelo SUS

O aposentado MiromarStraube de Siqueira (foto), de

71 anos, é um dos

SAÚDE

Cobertura limitada gera filas parausuários do SAS no ParanáDas 399 cidades do estado, apenas 33 contam com hospitais queprestam serviço pelo Sistema de Assistência à Saúde oferecidopelo governo

20/11/2013 22h04 Diego AntonelliTexto publicado na edição impressa de 21 de novembro de 2013

Mesmo com várias mudanças entreos prestadores de serviçoshospitalares, o Sistema deAssistência à Saúde (SAS) dogoverno do Paraná ainda é alvoconstante de críticas e reclamações.

Vida e Cidadania

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71 anos, é um dosdependentes do Sistema deAssistência à Saúde (SAS). Nomês de agosto, ele tentouagendar consulta em Curitibapara tratar de problemascardíacos. Porém, no hospitalnão havia médico paraanalisar exames que ele jáhavia realizado. “Remarcarampara eu voltar somente nodia 13 de dezembro. Teriaque passar pela clínica erefazer todos os exames”,afirma Miromar, que édependente de sua esposa. Asolução encontrada foi tentarmarcar a consulta via SistemaÚnico de Saúde (SUS).

“Já consegui ser atendidoneste mês pelo SUS emarquei novos exames.Retorno à consulta aindaneste mês”, revela oaposentado. Para ele, alentidão do SAS deveria servirpara uma reforma completa.“É preciso reformular essesistema para que apopulação tenha um melhoratendimento”, afirma.

Outro lado

O SAS informa que aavaliação da qualidade daprestação de serviços écompetência doDepartamento de Assistênciaà Saúde (DAS), órgão daSecretaria da Administração e

da Previdência. Por meio de

A baixa abrangência geográfica e asdificuldades em agendar consultassão as principais queixas dosusuários. O SAS é um benefício,sem contrapartida financeira doservidor, que visa garantir coberturamédica aos funcionários do estado eseus dependentes.

Das 399 cidades do Paraná, apenas33 têm hospitais que prestam serviçopelo SAS – quase 92% do territórioparanaense não está coberto. Issoprovoca um círculo vicioso: como hápoucos municípios que fazematendimento, é natural queservidores de outras localidades sedirijam aos que os têm, criando umgargalo. Para piorar, algumascidades que deveriam ter convêniocom o SAS não possuem médicoscredenciados.

INFOGRÁFICO: Confira osmunicípios que contam com o SAS

Um exemplo é Palmas que,conforme o site do SAS, possui doisprofissionais e um laboratórioconveniados. Entretanto, nenhumdeles atende pelo sistema e não háoutros médicos credenciados. Asolução para os servidores da cidadeé agendar consulta em Pato Branco(a 89 km de Palmas) ou FranciscoBeltrão (a 137 km).

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da Previdência. Por meio demédico auditor e equipetécnica, são avaliadas asocorrências registradas pelocanal de atendimento aousuário. “Os hospitais sãocontratados por licitação eum dos critérios é a avaliaçãoda capacidade técnica”,informa a entidade por meiode nota oficial.

Mudança

Em Curitiba houve mudançarecente do hospitalconveniado para atender osservidores do SAS. Até o mêsde agosto deste ano, osatendimentos eramrealizados no Hospital daPolícia Militar. Desde então, oHospital da Cruz Vermelhaassumiu a demanda.

Serviço

Reclamações a respeito doSAS podem ser realizadaspelo atendimento ao usuáriono “Fale Conosco na Sasweb(www.sas.pr.gov.br) e pelostelefones (41) 3313-9882/3313-6160. Cadaregional tem também o callcenter 0800, que pode serencontrado no site do SAS.

A secretária da Administração e daPrevidência, Dinorah Nogara,determinou instauração de processoadministrativo para apurar possíveisirregularidades pela falta deatendimento ao SAS em Palmas,cuja responsabilidade é do HospitalSão Lucas, de Pato Branco. Osserviços das macrorregionais sãoresponsáveis por terceirizar oatendimento nas mesorregiões (vejainfográfico abaixo).

Críticas

Segundo o próprio SAS, o númerode beneficiários hoje é de 433 mil(223 mil servidores e 210 mildependentes). Para o presidente doSindicato dos Servidores PúblicosTécnico­Administrativos daUniversidade Estadual de Londrina(Assuel), Marcelo Seabra, o pequenonúmero de cidades que atendempelo sistema cria umcongestionamento no atendimento, oque provoca atrasos nas consultas.

Membro da Comissão de Saúde doFórum de Entidades Sindicais doParaná, Idemar Beki lamenta quemuitos beneficiários precisem sedeslocar para outras cidades paratentar agendar consultas.“Precisamos descentralizar esseatendimento. Desse jeito, às vezes

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compensa pagar uma consultaparticular do que viajar para outra

cidade”, diz.

Outro fator que gera questionamentos por parte dos usuários é o fato de oSAS pagar remessas fixas aos hospitais conveniados. De acordo com opróprio SAS, somente neste ano foram aplicados R$ 147 milhões paracustear os prestadores de serviço. No entanto, Beki acredita que esse valorprecisaria ser no mínimo o dobro para aumentar a abrangência do sistema.“Além disso, quando o pagamento é um valor fixo, independentemente donúmero de atendimentos realizados, o hospital já sabe quanto vai receber.Quanto menos servidores procurarem o serviço, maior o lucro dos hospitais”,ressalta.

PropostaEntidades sindicais cobram novo modelo de assistência

Segundo o membro da Comissão de Saúde do Fórum de Entidades Sindicaisdo Paraná, Idemar Beki, que também preside a Comissão de Saúde doSindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná, uma demandapor um novo modelo de assistência médica para servidores estaduais foiencaminhada ao governo do Paraná.

Além da descentralização do atendimento médico e hospitalar, o novomodelo acabaria com o pagamento fixo às entidades. “O pagamento passariaa ser por procedimento realizado”, relata Beki. Além disso, a gestão passariaa ser compartilhada. Para isso, seria criado um conselho entre os servidoresque acompanhariam a aplicação dos recursos do SAS. Outro ponto cobradopelas entidades é a implantação da coparticipação no sistema. “Osservidores teriam a opção de aderir ou não ao modelo”, detalha Beki.

O governo do estado confirma que há a demanda de mudançapara um modelo de assistência à saúde dos servidores “queaumente o número de contratados e de municípios paraatendimento, com substancial alteração na forma definanciamento”. E confirma que há estudos em andamento parapossíveis alterações no sistema.

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