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2015 Manual das Associações de Pais

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2015

Manual das

Associações

de Pais

1

2

Compilação

Manual das

Associações de

Pais

Realizado no mandato de 2015/2016

Matosinhos 2016

FAP MATOSINHOS – Federação Concelhia das Associações de Pais de Matosinhos

Rua D. Frei Martim Fagundes – Antiga Escola do Monte da Mina 4465-688 Leça do Balio

3

Título

Manual das Associações de Pais

Compilação

Paulo Sá

Grupo de trabalho

Luís Torres

Firmino Luz

Paulo Sá

Paulo Cardoso

Elsa Silva

José Carlos

Autoria

Realizado no mandato de 2015/2016

Editor da Capa

Paulo Sá

Coordenação Geral

FAP MATOSINHOS – Federação Concelhia das Associações de Pais de Matosinhos

Rua D. Frei Martim Fagundes – Antiga Escola do Monte da Mina

4465-688 Leça do Balio

Composição e pré-impressão

Luís Torres / Paulo Sá

Montagem/ Impressão / Acabamentos / Design e Fotocomposição

SAÚDE SA & CA. LDA

Av. D. Afonso Henriques, 1062

4450-011 Matosinhos

Tiragem

400

Data de Edição

Matosinhos, Fevereiro de 2016

4

ÍNDICE GERAL

Índice …………………………………………………………………………………………………….. 4

Mensagens de Agradecimentos ………………………………………………………………………. 6

Introdução …………………………….…………..…………………………………………………….. 12

Cidadania Ativa e Voluntariado Parental ….……………………………………..………………….. 13

Carta dos direitos e deveres dos Pais .……………………………………………………........ 15

O Papel dos Pais e Encarregados de Educação .....……………………………………… 16

O Movimento Associativo dos Pais e a participação ativa na Escola …………………….. 18

As associações de Pais e encarregados de Educação …………………………………………… 21

Como se cria uma Associação de Pais ……………………………….…………………………… 22

Princípios base para a elaboração dos estatutos ………………………………………………… 25

Manual de representantes de Pais e encarregados de Educação da Turma e de sala ………. 26

Papel dos Pais na Turma …………………………………………………………………………. 28

Pais na Escola ……………………………………………………………………………………... 29

Tópicos sobre algumas questões ……………………………………………………………………. 32

Bullying ………………………………………………………………................................................. 40

Quotização Facultativa …..……………………………………………………………………………. 44

Modelo de estatutos para uma Associação de Pais ..……………………………………………… 48

Modelo de uma convocatória para uma Assembleia Geral ..……………………………………… 52

Modelo de Ata de uma Assembleia Geral ….……………………………………………………….. 53

Modelo auto tomada de posse ……….………………………………………………………………. 55

Modelo de ficha de inscrição numa Associação de Pais ……………………………………….…. 56

Modelo de uma comissão das Ap das Escola por agrupamento …….…………………………… 57

Modelo de inscrição na Segurança Social …………………………………………………………… 60

Federações Concelhias e Regionais das Associações de Pais ……………………........... 62

CONFAP - Confederação Nacional das Associações de Pais ……………………………... 63

Legislação em Vigor ………………………………………………………………..................... 66

Associações de Pais do Concelho de Matosinhos …………………………………………… 154

5

6

Agradecimentos

A Câmara Municipal de Matosinhos desenvolveu, ao longo dos últimos anos, uma clara aposta na

promoção da educação. No espaço de uma década, entre 2005 e 2015, investimos 53 milhões de

euros para construir e renovar 29 estabelecimentos de ensino. O parque escolar de Matosinhos

é, por isso, considerado exemplar a nível nacional, proporcionando às nossas crianças e jovens

um ensino que não se limita a ser público, universal e gratuito, mas que oferece todas as condições

para que aprender seja, desde logo, um prazer e não apenas uma obrigação.

Fizemo-lo porque acreditamos que a educação é a melhor forma de promover a qualidade de vida

futura dos cidadãos do concelho. Pessoas mais educadas são naturalmente mais aptas a enfrentar

o mercado de trabalho, mas também mais esclarecidas e, por isso, mais capazes de reivindicar e

de lutar por melhores condições e direitos.

Esta aposta, porém, só faz sentido (e só terá sucesso) se todos, enquanto comunidade,

soubermos estar à altura dos desafios e das oportunidades que um parque escolar qualificado

oferece. Por mais empenhados e competentes que sejam os professores e por mais qualidade

que tenham as escolas, os benefícios da educação só serão integralmente aproveitados se

também as famílias e os pais forem capazes de se envolverem neste processo, participando nele

de modo ativo e empenhado.

O que está em causa não é apenas o futuro de Matosinhos – é o destino de cada um dos nossos

filhos.

Dr. Guilherme Manuel Lopes Pinto Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos

7

8

Agradecimentos

Caros Pais e Encarregados de Educação

Uma das mais significativas mudanças operadas na escola pública nas últimas quatro décadas é

a forma como ela se relaciona com a comunidade que serve e em particular com os pais e

encarregados de educação. Uma relação que todos consideramos fundamental para o percurso

do aluno.

Este espírito de parceria, cumplicidade e união entre estes dois pilares essenciais no

desenvolvimento dos nossos estudantes, tem vindo a permitir a promoção do sucesso escolar e a

implementação de um processo educativo abrangente, assente em valores sociais capazes de

gerar, no futuro, cidadãos ativos e conscientes.

Esta nova dinâmica de relacionamento estimulou uma maior e melhor participação destes agentes

educativos na vida da escola, assumindo diferentes papéis:

- O simples cumprimento do dever parental, procurando, no dia-a-dia, interpelar o aluno quanto

à evolução da sua atividade escolar e interagindo regularmente com a escola – professor titular

de turma ou Diretor de Turma – para partilhar informação sobre o aluno;

- O papel de representante dos pais e encarregados de educação dos alunos da turma,

procurando articular a informação da escola com os pais e encarregados de educação e a

informação destes com a escola e contribuindo para a definição e implementação de estratégias

e atividades educativas e formativas nos diferentes domínios e áreas de aprendizagem;

- A disponibilidade para representar os pais e encarregados de educação nos órgãos de

administração e gestão do AE/E onde o educando está integrado, na qualidade de convidados

(Conselho Pedagógico) ou de eleitos (Conselho Geral);

- A integração nos órgãos dirigentes das estruturas representativas dos pais e encarregados de

educação do AE/E – Associação de Pais.

É no sentido de facilitar o cumprimento destes objetivos, que entendemos que seria oportuno

estimular e apoiar a elaboração e distribuição deste “Manual das Associações de Pais”, que

organiza toda a informação sobre o assunto, disponibilizando ainda um conjunto de modelos de

trabalho facilitadores da interação e integração dos pais e encarregados de educação na vida da

Escola.

Felicito a FAP – Matosinhos e todo o movimento associativo de pais, pelo trabalho que têm vindo

a desenvolver ao serviço da educação no nosso concelho e pelo contributo que deu para a

concretização deste objetivo conjunto.

Desejo a todos os agentes educativos – estudantes, profissionais docentes e não docentes e pais

e encarregados de educação – um bom ano de trabalho com muito sucesso.

As melhores saudações educativas,

Prof. António Fernando Gonçalves Correia Pinto

Vereador da Educação

9

10

Agradecimentos

Após alguns anos de trabalho para a elaboração de um novo instrumento de trabalho para

o Movimento Associativo, a Federação Concelhia das Associações de Pais de Matosinhos,

finalmente publica o Manual das Associações de Pais e agradece expressamente o

empenho, dedicação e trabalho dos Membros dos Órgãos Sociais da FAP – Matosinhos e

da Câmara Municipal de Matosinhos, na pessoa do Sr. Vereador Prof. Correia Pinto, na

produção do presente manual.

Matosinhos, Fevereiro de 2016

Dr. Luís Filipe Baptista Magalhães Torres

Presidente do Conselho Executivo da FAP MATOSINHOS

11

12

INTRODUÇÃO

Longe vai o tempo da publicação da primeira edição do Guia das Associações de Pais, pela

Confap.

A evolução da sociedade e do papel social da Escola tem sido tão grande que a legislação tem

sofrido alterações sistemáticas, provocando cada vez mais dificuldades ao Movimento Associativo

de Pais.

O papel dos Pais e Encarregados de Educação e das suas estruturas representativas tem

acompanhado esta evolução, diríamos mesmo que têm sido eles a marcar a necessidade de

mudança da nossa legislação. Assim, impõe-se a necessidade de produzir um novo documento

de trabalho para o Movimento Associativo de Pais.

É neste sentido que agora se publica o Manual das Associações de Pais, que apenas pretende

ser um pequeno contributo para facilitar um trabalho sempre inacabado e cada vez mais

necessário às Comunidades Educativa, e à Sociedade, prestado, de forma voluntária, pelo

Movimento Associativo de Pais.

A nossa expectativa é que, na próxima edição de um novo manual, o Estado já tenha reconhecido,

no nosso universo legislativo e na sua prática, esta ação do Movimento Associativo de Pais

como um serviço social de vital importância para o desenvolvimento da nossa sociedade,

marcando-a, de forma indelével, com os valores do exercício da cidadania, da solidariedade,

da justiça, da amizade e da paz.

Firmino Luz

(Presidente da FAP nos mandatos 2011/2012 e 2013/2014)

13

CIDADANIA ATIVA E VOLUNTARIADO PARENTAL

Como entender e promover a participação voluntária dos pais no associativismo parental?

Os valores do voluntariado, associados ao altruísmo, fraternidade, solidariedade e

generosidade, constituem um dever de consciência e um assumir de obrigação cívica, por parte

de quem o pratica.

O prazer de ocupar tempo livre com um relacionamento de amizade com outros, em busca de

um objetivo comum, proporciona uma grata satisfação nas nossas vidas.

O individualismo, a competitividade, o efémero, bem o sabemos, dominam na sociedade. A

cultura da participação cívica em Portugal ainda é pouca, ao contrário de outros países europeus.

Mas, apesar disso, muitos são aqueles que encontram motivação para se dedicarem ao

voluntariado nas mais diversas áreas.

Educar para a Cidadania

Serão as pessoas diferentes, possuindo umas o dom para a generosidade, enquanto outras

se fecham em si próprias, tornando-se egoístas?

Os valores da cidadania, da solidariedade, da partilha e da responsabilidade aprendem-se na

família, a s s i m como n a cultura geracional. Mas ninguém nasce educado e esta

responsabilidade é de todos. A escola também tem o papel de incentivar estes valores, incluindo

estas matérias nos currículos e nos projetos, promovendo iniciativas e atividades de modo a que

as crianças aprendam a viver em sociedade.

Há que, também, ter em conta que em Portugal há dois milhões de pessoas a viver com um

rendimento inferior à média. Na população adulta 59% tem apenas a antiga 4.ª classe ou

menos. É uma situação social confrangedora com reflexos na educação dos filhos e na

participação na vida da escola e da sociedade.

É importante educar para os valores humanos, para a compreensão dependendo todos uns dos

outros, uma vez que, infelizmente, não nascemos todos iguais.

O QUE FAZER?

Como podemos, então, promover a participação voluntária dos pais no associativismo parental?

Não há soluções milagrosas, mas métodos que podemos tentar pôr em prática. Como fazer?

Em primeiro lugar temos de refletir sobre nós próprios, ou seja, sobre a nossa associação

– quais os objetivos, fins, valores, prioridades, ações. De seguida, definir os objetivos de

implementação de um plano que contemple a participação de voluntários.

Na segunda etapa, elabora-se o plano de ação que contemple um ou mais projetos. Não

esquecer planear a operacionalidade do plano. Neste aspeto, a experiência e as potencialidades

dos membros da associação devem ser tidas em conta. Na elaboração do plano é fundamental

identificar as principais necessidades da comunidade educativa, antes de definir o conteúdo

programático – conhecer para agir.

A seguir, com tudo definido, dá-se o terceiro passo:

Trabalhar em parceria. Contactar outras organizações, partilhar experiências e conhecimentos,

de forma a serem aplicadas no projeto.

Na quarta fase promove-se a divulgação do projeto, com apelo à participação. Pedir aos pais

que façam a si próprios quatro perguntas:

1) O que há em particular que eu queira apoiar e ajudar?

2) Há atividades ou tarefas específicas que eu possa fazer?

3) Que talentos tenho para que possa ser útil?

4) Quanto tempo tenho para oferecer?

Não precisamos de ser todos iguais em disponibilidade e fantásticos na ação.

14

Mas, neste barco, se vestirmos a camisola e remarmos todos para o mesmo lado, chegaremos

aos nossos objetivos com mais facilidade.

Estas são apenas algumas reflexões que vos transmitimos e cada um, com o seu saber e

experiência, pode completar e enriquecer o seu conteúdo.

15

CARTA DOS DIREITOS E DEVERES DOS PAIS

1. Os pais têm o direito de criar os filhos sem discriminação de cor de pele, origem étnica,

nacionalidade, credo, sexo ou até extrato económico. Os pais têm o dever de incutir nos filhos

o sentido da responsabilidade, de modo a permitir a construção de uma sociedade mais

humana.

2. Os pais têm o direito ao reconhecimento da sua primazia como educadores dos filhos. Os pais

têm o dever de educar os filhos de modo responsável e de não os negligenciar.

3. Os pais têm o direito de proporcionar aos filhos o pleno acesso ao sistema educativo, com

base nas suas necessidades, capacidades e méritos. Os pais têm o dever de se envolver

pessoalmente na educação escolar dos filhos.

4. Os pais têm o direito de acesso a toda a informação que as escolas possuam relativamente

aos seus filhos. Os pais têm o dever de prestar às escolas frequentadas pelos seus filhos toda

a informação necessária para que se atinjam os objetivos educativos comuns.

5. Os pais têm o direito de escolher e educar mais adequada às suas convicções e valores que

considerem importantes para a educação dos seus filhos. Os pais têm o dever de fazer uma

escolha bem informada e consciente da educação que desejam dar aos seus filhos.

6. Os pais têm o direito de ver respeitados pelo sistema educativo formal o conteúdo espiral e

cultural da educação que dão aos seus filhos. Os pais têm o dever de ensinar aos seus filhos

a respeitar e a aceitar os outros e as suas convicções.

7. Os pais têm o direito de exercer influência na política implementada pela escola dos seus

filhos. Os pais têm o dever de se envolverem pessoalmente na vida das escolas frequentadas

pelos seus filhos, dado que aqueles constituem um elemento vital da comunidade local.

8. Os pais e as suas associações têm o direito de ser consultados ativamente sobre a política

das autoridades públicas em matéria de educação, a todos os níveis. Os pais têm o dever de

ter organizações representativas e democráticas para defesa dos seus interesses.

9. Os pais têm o direito a assistência material das entidades públicas, quando motivos de ordem

financeira impedir o acesso dos seus filhos ao ensino. Os pais têm o dever de consagrar

tempo e de se envolverem pessoalmente na educação dos seus filhos, bem como de apoiar

as suas escolas para que os seus objetivos educativos sejam atingidos.

10. Os pais têm o direito de exigir às autoridades públicas responsáveis um ensino de alta

qualidade. Os pais têm o dever de se apoiar entre si, no sentido de melhorarem as suas

capacidades como primeiros educadores e parceiros na relação família/escola.

16

O PAPEL DOS PAIS E ENCARREGADOS DE

EDUCAÇÃO

A escola, especialmente ao longo do Ensino Básico e Secundário, deixou de visar

apenas a transmissão de conhecimentos para privilegiar o desenvolvimento de:

➢ capacidades e aptidões dos alunos;

➢ atitudes de autonomia pessoal e de solidariedade;

Mas, para que essa finalidade se cumpra, é necessário aproximar a escola do meio

familiar e social em que a criança e o adolescente vivem, já que aos pais e

encarregados de educação cabe um papel decisivo nesse desenvolvimento. É-lhes pedido

que:

… acompanhem regularmente as atividades dos seus educandos:

➢ Incentivando-os na realização das tarefas escolares;

➢ Consultando com eles cadernos e dossiers;

… os ajudem a desenvolver hábitos de trabalho e atitudes de cooperação

nomeadamente:

➢ Assiduidade, pontualidade e cumprimento atempado das suas obrigações

escolares;

➢ Respeito pelo trabalho dos colegas e disponibilidade para a entreajuda;

… sigam atentamente as informações fornecidas pela escola, no que se refere a:

➢ Atividades desenvolvidas pela escola;

➢ Faltas dos educandos;

➢ Resultados da avaliação continua;

➢ Outras comunicações;

… contactem com os diretores de turma, para trocar opiniões sobre aspetos relacionados

com:

➢ A integração na vida escolar dos seus educandos;

➢ O processo de aprendizagem;

… facilitem contactos e pesquisa de informações fora da escola quando os alunos:

➢ Para isso forem solicitados pelos professores;

➢ Manifestem o desejo de o fazer;

…. conheçam os planos de estudo e sua organização, de modo a poderem orientar

os seus filhos na tomada de decisões sobre as alternativas que o percurso escolar vai

oferecendo, nas suas diferentes etapas.

… colaborem na vida da escola, conhecendo e participando no desenvolvimento do

projeto educativo e do plano anual de atividades.

A todos os pais e encarregados de educação assiste o direito de participar no

processo educativo dos seus filhos. Esta participação pode assumir duas formas

distintas:

➢ Individualmente, enquanto encarregado de educação de um aluno de

determinada escola;

➢ Enquanto membro de uma associação de pais e encarregados de educação.

17

No 1 º caso, os pais e encarregados de educação podem intervir diretamente:

➢ Contactando com o diretor de turma, no período reservado ao atendimento de pais

e encarregados de educação, em qualquer momento do processo educativo;

➢ Participando em atividades promovidas pela escola, no âmbito da Área-Escola

ou das atividades de complemento curricular;

➢ Colaborando com os técnicos de orientação escolar e profissional, em ações de

informação e sensibilização, nomeadamente contribuindo com o relato da sua

experiência profissional;

➢ Acompanhando e participando ativamente no percurso escolar do seu educando,

designadamente quanto ao processo de avaliação;

No 2º caso, os pais e encarregados de educação, na pessoa de um representante (a

Associação de Pais), podem manter contactos com a escola em diversas modalidades e

momentos:

➢ Através da integração nos segui ntes órgãos:

(conselho geral, conselho pedagógico e conselho de turma).

➢ Em reuniões com o Diretor/Executivo para tratar assuntos relacionados com a vida

da escola.

Aos pais e encarregados de educação de alunos com necessidades educativas

especiais, são reconhecidos os seguintes direitos:

➢ Autorizar expressamente que o seu filho seja sujeito a uma avaliação com vista à

aplicação das medidas do regime educativo especial;

➢ Participar na elaboração, revisão e avaliação do Plano e do Programa Educativo

Individual;

Facilmente nos apercebemos que, cada vez mais, os pais e os encarregados de educação

(individualmente ou em associações) são chamados a intervir no processo educativo dos

seus filhos ou educandos que se desenvolve no seio da escola.

Esta mudança de atitude da escola, tradicionalmente fechada sobre si mesma e sobre

os seus métodos e programas, reclama que os pais e os encarregados de educação

tenham também uma nova postura perante a escola. Neste processo de envolvimento dos

pais na escola assumem particular importância as Associações de Pais.

18

O MOVIMENTO ASSOCIATIVO DOS PAIS E A

PARTICIPAÇÃO ATIVA NA ESCOLA

I • Breve historial

Talvez seja a altura de pensarmos um pouco como se processou historicamente esta ideia de

participação dos pais e como eles se organizaram.

Antes de 1974 havia poucas Associações de Pais e quase todas elas estavam ligadas ao

ensino particular . Com a Revolução de Abril e com o desejo de participação então gerado, o

movimento associativo em geral, e o dos pais em particular, foi crescendo por todo o país. É

só em 1976, com a publicação do Decreto-Lei nº 769/76 que surge a primeira referência à

participação dos pais nos órgãos das escolas - nos conselhos disciplinares. É também neste

ano que se realiza o primeiro Encontro Nacional das Associações de Pais. Só em 1977 é

publicada a Lei nº 7/77 que formalmente reconhece o direito e o dever dos pais, através das

suas associações a participarem no sistema educativo português. A revisão constitucional

de 1982 consagra também estes direitos, mas é com a Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei

nº 46/86), com a nova lei das Associações de Pais (Decreto-Lei nº 372/90) e com a nova lei da

Gestão e Administração Escolar que as Associações de Pais (Decreto-Lei nº 172/91) que os

pais veem criadas as possibilidades efetivas de participarem na vida das escolas.

Esta participação foi claramente sistematizada no Despacho número 239/ME/93, de 25 de

Novembro, publicado na II Série do Diário da República de 20 de Dezembro de 1993. Em

1986 a CONFAP – Confederação Nacional das Associações de Pais, fundada em 1985, - é

reconhecida como parceiro social, a 19 de Novembro, pelo Ministério da Educação, sendo, em

1987, reconhecida entidade de utilidade pública. Em 1998, após uma avaliação séria do Decreto-

Lei nº 172/91, foi publicado o Decreto­ Lei nº 115-A/98, de 4 de Maio, precedido de uma ampla

discussão pública na qual os pais e encarregados de educação se empenharam séria e

profundamente. Este diploma abre novas perspetivas de participação aos pais e às suas

estruturas representativas - as Associações de Pais.

Estas perspetivas foram goradas pela publicação, à revelia da CONFAP, da Lei nº 24/99, de 29

de Abril. O Decreto-lei. N.º 270/98, de 01 de Setembro, que define o estatuto dos alunos dos

estabelecimentos públicos dos ensinos básico e secundário, consagrando um código de

conduta na comunidade educativa, vem, também ele clarificar a nossa ação no processo.

Finalmente o Decreto-Lei nº 80/99, de 16 de Março, que altera a lei das associações de pais

consagra finalmente normas e procedimentos que permitem aos Pais e Encarregados de

Educação exercer os seus direitos no âmbito do sistema educativo sem serem penalizados

no campo profissional (é o fim do malfadado artigo 15º).

Facilmente nos apercebemos que, cada vez mais, os pais e os encarregados de educação -

individualmente ou em associação - são chamados a intervir no processo educativo dos seus

filhos ou educandos que se desenvolve no seio da escola.

Esta mudança do pensamento do legislador motiva também uma nova atitude da escola,

tradicionalmente fechada sobre si mesma e sobre os seus métodos e programas, e reclama

também que os pais e os encarregados de educação tenham por sua vez uma nova postura

perante a escola. Neste processo de envolvimento dos pais na escola, assumem particular

importância as associações de pais.

19

II • Até à parceria na escola

Tanto a Lei de Bases como a Reforma do Sistema Educativo definem a escola como um espaço

de aprendizagem inserida na sociedade, constituindo-se como uma comunidade educativa

o que implica uma participação ativa e efetiva dos Pais e Encarregados de Educação. Esta

participação tem evoluído ao longo dos últimos vinte anos. Na década de setenta, as

Associações de Pais tinham sobretudo um carácter reivindicativo: estávamos na fase de lutar

pelos direitos mais elementares como o direito à existência - enfim o poder ir à escola.

Seguiu-se um segundo período em que se empreendeu uma luta pelo direito a ser ouvido, a

participar na vida escolar. Finalmente encetamos um terceiro período: o de estar na escola, com

a escola e para a escola , isto é, os pais são parte integrante da comunidade educativa.

Já não nos limitamos a colaborar na execução de algumas ações, pois agora participamos já na

conceção, no planeamento e na execução das atividades. Nesta fase, temos tido algumas

dificuldades que advêm da inexperiência tanto das Associações de Pais como do próprio

corpo docente, estamos todos a iniciar um novo caminho tendo por isso que

compreendermos mutuamente os nossos receios, as nossas hesitações e até os nossos erros.

Como dizia o poeta é caminhando que se faz caminho, também nós dizemos que é num

espírito de abertura, de compreensão e de aceitação que todos - professores, pais, alunos,

funcionários e outros elementos - construiremos a verdadeira comunidade educativa.

Neste processo de construção e de aprendizagem alguns fatores têm condicionado a

participação dos pais que, pela sua importância, entendemos destacar:

a) A falta de informação que as Associações de Pais têm sobre os seus direitos, os seus

deveres e o funcionamento do sistema educativo, nomeadamente das escolas;

·b) A inexperiência das Associações de Pais na utilização do poder que agora têm nas

escolas, tem-se manifestado sob duas formas a saber: Por excesso - quando os pais se

sentem donos da escola e pretendem invadir áreas que são da exclusiva competência

dos docentes, e por defeito - quando os pais se sentem retraídos deixando de exercer as

suas competências, em detrimento de outros grupos mais informados. No primeiro caso gera-

se um conflito com os docentes e no segundo, uma forte desmotivação dos pais que pode

levar mesmo à não participação;

c) O receio dos docentes na partilha de um poder que outrora era da sua exclusiva

responsabilidade - diga-se, em abono da verdade, que esta situação, para além de não existir

em muitas escolas, é na maioria dos casos fruto de uma aprendizagem ainda em fase de

iniciação e de alguma falta de informação sobre a ação das Associações de Pais;

d) Falta de algumas condições que libertem os representantes das Associações de Pais para

poderem participar nos diversos órgãos da escola, sem terem prejuízos económico-

profissionais.

Apesar de nos encontrarmos no início deste processo de parceria na gestão das escolas, com

todos os erros que possamos cometer neste caminho para uma efetiva aprendizagem na

gestão da educação dos nossos filhos nas escolas, pensamos que a presença dos pais na vida

escolar e na própria vida das escolas é fundamental para a qualidade educativa que todos, cada

um com as suas motivações, assim, quer o ministério da educação, docentes, pais e a sociedade

em geral, trabalham em conjunto com o mesmo objetivo e para o mesmo fim.

Sem pretendermos fazer uma análise muito profunda das motivações que levam os pais a

desejar, cada vez, mais intervir ativamente no processo educativo dos seus filhos, abordaremos

apenas um vetor da responsabilidade das famílias nesta área. A família é a responsável pela

vida dos seus filhos - o seu bem-estar, a sua saúde, a sua educação e o seu futuro. Todos

nós sabemos que estes quatro elementos formam um sistema muito complexo em que cada um

20

·1

deles não pode ser visto isoladamente mas sim no seu todo. A Educação ela própria não resulta

apenas do que se aprende na escola, mas sim do tratamento que a criança/jovem é capaz de

dar a toda a informação recebida (na escola, na família, em casa e na sociedade), por forma a

utilizá-la na sua vida ativa. Neste sentido, a família tem todo o direito - e o dever - de participar

na gestão deste espaço (a Escola) que vai dotar os seus filhos das capacidades necessárias

para procederem à análise e tratamento da informação recebida habilitando-os a tomar a opção

mais acertada para a sua realização pessoal e social. É neste contexto e neste novo papel

educativo da Escola, na nossa sociedade da informação, que encaramos a participação das

famílias na comunidade escolar.

III • Levar a vida ativa à escola

Não pretendemos ser exaustivos nas conclusões, mas permitindo-nos «pensar em voz alta»

diríamos que as famílias, e dizemos propositadamente as famílias e não os pais e encarregados

de educação, possam desempenhar o seu papel de Alfa e de Ómega na educação das suas

crianças e dos seus jovens é necessário, antes de tudo, assumirmos este papel social de

parceria. É necessário que a nossa mentalidade e a nossa cultural organizacional se flexibilize de

forma a melhor estarmos na escola, com a escola e para a escola. É necessário que a

escola reconheça os nossos direitos e os nossos deveres de primeiros e últimos responsáveis

pela educação das nossas crianças e dos nossos jovens. É necessário que a sociedade

reconheça esta nossa ação como u m serviço social de vital importância para o seu próprio

futuro, uma vez que os alunos de hoje serão os dirigentes do futuro e que, para nós o princípio

da pessoa humana, porque anterior à sociedade e ao próprio Estado, se lhes sobrepõe.

A título de exemplo e como forma de levar a vida à escola, não acentuando aqui a outra vertente

social do problema, a escola e os seus discentes poderiam ter momentos de rara riqueza

vivencial se na organização da vida na escola as diversas experiências de vida pudessem chegar

aos alunos por esses maravilhosos contadores de histórias que são os avós. É certo que

ninguém de bom senso poderá dizer como será a sociedade da próxima geração, mas

também é certo que os sentimentos que os avós manifestam pelos jovens e pelas crianças

serão valores fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e mais humana

por que todos aspiramos.

Se a Escola se abrir a estes ou outros contadores de histórias, se nós, nas Associações de

Pais, os estimularmos e os acarinharmos, se for permitido criar uma nova cultural organizacional

na Escola e nas Associações de Pais, então ambos, Escola e Associações de Pais, teremos

evolução. Concluindo para uma verdadeira Comunidade onde o aluno, mais do que ser chamado

a prestar provas, a demonstrar conhecimentos, é chamado a ter, nu m espaço

transgeracional, uma aprendizagem na própria vida do quotidiano. Esta é, em nosso entender

a orientação mais marcante da evolução da ação ou do papel das Associações de Pais

neste dobrar de século.

21

AS ASSOCIAÇÕES DE PAIS E ENCARREGADOS DE

EDUCAÇÃO

O Movimento Associativo dos Pais integrado na CONFAP apresenta três níveis de organizativos.

A base e a razão de ser do Movimento são todos os Pais e Encarregados de Educação inscritos

nas Associações de Pais das Escolas dos seus filhos ou educandos. As estruturas federadas

- Federações Regionais e Concelhias - são as estruturas dirigentes intermédias entre as

Associações de Pais e a CONFAP.

A A ssociação de Pais e Encarregados de Educação (AP) é pois a célula de todo o

movimento tendo como base subjacente a escola ou o agrupamento de escolas (nos

termos do Decreto-Lei nº 115-A/98, de 4 de Maio, com a nova redação dada pela Lei 24/99 de

22 de Abril) onde se insere. É a forma organizada de os pais participarem nos órgãos de gestão

da escola e de se integrarem ativamente na Comunidade Educativa dos seus filhos ou

educandos, em igualdade de circunstâncias com os outros pares da comunidade. É a

fórmula para construírem e viverem em parceria o Projeto Educativo da Escola.

Assim, compete em primeira instância à Associação de Pais:

➢ Velar pela Qualidade da Educação dos seus filhos ou educandos;

➢ Representar os Pais e Encarregados de Educação junto do Diretor;

➢ Promover a eleição dos representantes dos pais e encarregados de educação ao Conselho

Geral;

➢ Informar e aconselhar os Pais;

➢ Organizar-se a nível Concelhio em Federação com outras AP's da sua zona;

➢ Eleger representantes para as Federações Concelhias e Regionais e para a CONFAP;

➢ Participar nas Assembleias Gerais das Federações Concelhias e Regionais e da

CONFAP.

22

COMO SE CRIA UMA ASSOCIAÇÃO DE PAIS?

(Manual de Apoio)

As associações de pais visam a defesa e a promoção dos interesses dos seus associados em tudo

quanto respeita à educação e ao ensino dos seus filhos e educandos que sejam alunos da

educação pré-escolar ou dos ensinos básico ou secundário, público, particular ou cooperativo.

Os pais e encarregados de educação têm o direito de constituir livremente associações de pais ou

de se integrarem em associações já constituídas, bem como de eleger e de ser eleito para qualquer

cargo dos órgãos sociais.

Documente-se sobre o que são e para que servem as associações de pais socorrendo-se,

nomeadamente, da seguinte legislação: Lei 29/2006, de 4 de Julho, e DL n.º 137/2012, de 2 de

Julho.

A seguir dê os seguintes passos (tópicos só de orientação):

1) Ausculte a Direção Executiva da Escola/agrupamento.

2) Com o apoio do órgão executivo da Escola/Agrupamento convoque uma Reunião Geral de

Pais da Escola.

3) Nesta reunião descreva o papel das AP e estimule à participação ativa dos presentes na vida

da Associação (não esqueça que deverão ter sempre em vista o interesse coletivo e não

individual); designem uma Comissão Provisória, com o objetivo de elaborar os Estatutos e dar

os primeiros passos para a legalização.

4) Peça ao órgão executivo da escola que passe declaração em que autoriza a Associação (nome

completo por extenso) a usar a denominação do estabelecimento de ensino cujos pais e

encarregados de educação se pretende representar. De seguida, com essa declaração,

***peça o Certificado de Admissibilidade de Denominação ao Registo Nacional de Pessoas

Coletivas – diretamente (*) ou através da Internet www.portaldaempresa.pt, (uma vez no portal

fazer a opção "empresa online” e, a seguir, em ‘pedido de nome’ abrir ‘Pedido de nome (firma

ou denominação) para entidade a constituir’). [Código CAE: 94994]***

***Nota: Caso a AP já exista e se pretender apenas alterar o nome, deve clicar em: Pedido de

alteração de nome (firma ou denominação), sede para outro concelho ou objeto / retificação do

documento de alteração / registo / inscrição da alteração. [Este serviço permite pedir certificado

de admissibilidade para efeitos de alteração de firma ou denominação, de sede para outro

concelho ou objeto de entidade definitivamente registada / inscrita (titular de NIPC definitivo,

válido). Também permite pedir certificado de admissibilidade para efeitos de retificação do

documento de alteração dos estatutos ou do seu registo comercial ou inscrição no RNPC]***

*** Depois do IRN confirmar a aprovação da denominação aceda a Consulta de certificado de

admissibilidade de nome (firma ou denominação) e preencha o campo escrevendo o Código do

Certificado de Admissibilidade. Este serviço permite consultar através da Internet um certificado

de admissibilidade de nome (firma ou denominação) emitido de forma desmaterializada. Para o

efeito basta introduzir o código de acesso ao respetivo certificado, depois é só imprimir.***

23

***

5) Faça reuniões de pais até que a proposta final de Estatutos esteja aprovada ponto por ponto.

6) Convoquem a Assembleia Constituinte da Associação, através de uma Reunião Geral de Pais

e Encarregados de Educação, cuja ordem de trabalhos poderá ser a seguinte:

• Eleição da Mesa;

• Inscrição de associados;

• Aprovação na globalidade dos estatutos;

• Aprovar o valor da quotização para o respetivo ano civil ou letivo;

• Eleição da Comissão Instaladora;

• Adesão à Federação Concelhia, Federação Regional, (se houver), e CONFAP;

• Outros Assuntos.

7) Elaborem Ata da Assembleia, assinada pela mesa.

8) Para efeitos de publicação dos estatutos em folha oficial, envie por e-mail para a

[email protected], os seguintes documentos:

• Estatutos da Associação, aprovados em assembleia-geral, em ficheiro Word e PDF.

• Cópia da ata de aprovação ou alteração dos estatutos remetidos para o endereço

eletrónico supra identificado;

• Cópia do certificado de admissibilidade de denominação emitido pelo Registo Nacional de

Pessoas Coletivas remetido para qualquer um dos endereços eletrónico ou físico supra

identificados;

• Lista dos outorgantes dos estatutos com identificação completa dos mesmos;

Após a receção destes documentos, a Fap-Matosinhos procede ao registo e promove a publicação

gratuita dos estatutos na página http://publicacoes.mj.pt/ (utilizar o nome da associação ou o NIPC

para consulta).

9) Após a publicação dos estatutos:

• Reúna a comissão instaladora para formar uma lista e convocar uma assembleia geral

para eleição dos órgãos sociais e aprovação do plano de atividades e orçamento, de

acordo com o que estipular os estatutos;

• Dirija-se à repartição de finanças para dar início de atividade, com cópia da ata e nomes

da direção completos e NIF respetivo de cada um dos membros, assim como, documento

do banco com NIB da conta da AP;

• Solicite ao RNPC a passagem do cartão de identificação fiscal.

(Após a inscrição e caso seja pretendido, poderá ser requerida a emissão de cartão físico de pessoa

coletiva. Tal pedido poderá ser efetuado na Internet, no endereço: http://www.empresaonline.pt

ou presencialmente no Registo Nacional de Pessoas Coletivas, sendo devido pela sua emissão o

valor de 14,00EUR.).

Em matéria de constituição e funcionamento das associações de pais regem os seguintes

diplomas:

• Código Civil;

• Lei das Associações de Pais - Decreto-lei n.º 372/90, de 27 de Novembro (e atualizações

pelos Decreto-Lei n.º 80/99, de 16 de Março e Lei n.º 29/2006, de 4 de Julho);

• Lei 20/2004, de 5 de Junho – Estatuto do Dirigente Associativo Voluntario;

(Este processo pode ser elaborado pela Fap-Matosinhos, fruto do acordo que tem com a Câmara

Municipal de Matosinhos, e a custo zero para as Associações de Pais).

24

Como se associar à CONFAP

Preencher o boletim de admissão da CONFAP e enviar para a FAPMATOSINHOS acompanhado

de:

1. Cópia de publicação dos estatutos em Diário da República ou Portal da Justiça (se ainda não

se tiver verificado a publicação, a cópia do recibo de depósito dos estatutos na secretaria geral

do Ministério da Educação);

2. Cópia do cartão de pessoa coletiva e/ou certificado de denominação;

3. Cópia da ata de constituição da associação;

4. Cópia da ata de eleição dos órgãos sociais da associação, ou, em caso de associação em

constituição, descritivo com nome, cargos sociais e contactos dos elementos da comissão

Razões porque uma Associação de Pais deve ser associada da FAPMATOSINHOS

Para fazer parte do Movimento das Associações de Pais (MAP);

– Poder participar em tudo o que este Movimento organiza;

– Ser filiada na CONFAP – Confederação Nacional das Associações de Pais e, desse modo, estar

representada junto do Ministério da Educação, do Conselho Nacional de Educação e de outras

instituições;

– Ter acesso a tudo o que a FAPMATOSINHOS e a CONFAP fazem chegar aos seus associados;

– Ser mais alguém que pode falar, exigir, propor, dentro de uma estrutura organizada, que tem

acesso e é ouvida em todas as questões que dizem respeito à educação;

– Colaborar para que o Movimento Associativo de Pais seja mais forte na comunidade educativa;

– Ter acesso mais fácil a pessoas que melhor podem informar as Associações de Pais sobre tudo

o que preocupa os pais com filhos na Escola;

– Beneficiar de parcerias e protocolos assinados pela FAPMATOSINHOS com entidades diversas;

– Participar nos Conselhos Municipais de Educação e outros órgãos locais, tais como, Conselho

Municipal de Segurança, Conselho Local de Ação Social, Comissão de Proteção de Crianças e

Jovens, Rede Social, entre outras;

25

PRINCIPIOS BASE PARA A ELABORAÇÃO DOS

ESTATUTOS

Artigo 1° - Natureza, Duração e Sede

A Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola (…), congrega e

representa, Pais e Encarregados de Educação da Escola (…). Tem a duração ilimitada

e sede na Escola (…).

Artigo 2º - Objeto

À Associação compete difundir a atividade escolar, associativa e outras afins, no

sentido de se obter forte elo que ligue, por mútuos interesses, os Alunos, a Escola e a

Família, bem como outros interessados em colaborar.

Artigo 3° - Membros

Podem ser membros Pais e Encarregados de Educação da Escola ( . . ) que

volun tariamente se inscrevam na Associação.

Artigo 4° - Órgãos Sociais

Os Órgãos Sociais são:

A Assembleia Geral: constituída por todos os associados no pleno gozo dos seus direitos;

a competência e forma de funcionamento da mesma são prescritas nas disposições legais

aplicáveis, nomeadamente no Código Civil;

O Conselho Executivo: é composto por cinco associados, um dos quais será o Presidente

e compete-lhe a gerência social, administrativa, financeira e disciplinar.

O Conselho Fiscal: é composto por três associados um dos quais será o presidente e

compete-lhe fiscalizar os atos administrativos e financeiros do Conselho Executivo e

verificar as suas contas e relatórios; e reunirá com a periodicidade que entenda

conveniente.

Artigo 5º - Regime Financeiro

A Associação não tem fins lucrativos, tem gestão própria, autonomia administrativa e

financeira e rege-se pelos presentes estatutos e regulamento interno e pela lei geral.

Artigo 6° - Disposições Gerais

Esta Associação pode filiar-se em organizações nacionais e supra nacionais cujo carácter e

âmbito possam contribuir para a defesa dos direitos dos Pais quanto à educação dos filhos.

Artigo 7º - Dissolução

Para dissolução da Associação são necessários os votos favoráveis de três quartos dos

sócios efetivos no pleno gozo dos seus direitos.

Artigo 8º - Casos Omissos

No que estes estatutos estejam omissos, rege o regulamento geral in terno, cuja aprovação

e alterações são da competência da Assembleia Geral.

Artigo 9º - O Património da Associação

É constituído pelas quotas dos associados cujo montante será fixado em Assembleia Geral,

por donativos e subsídios e ainda por receitas eventuais.

26

MANUAL DO REPRESENTANTE DOS PAIS E

ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO DA TURMA

E DE SALA As reuniões com os diretores de turma (no 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e no ensino secundário)

ou com os professores/educadores titulares (no Jardim de Infância e no 1.º Ciclo) são uma das

ocasiões para a participação efetiva dos pais e encarregados de educação na vida da escola dos

seus filhos e educandos.

Um encontro que, para além da tradicional troca de informações professor/pais, abre o espaço

para os pais influenciarem com o seu interesse o próprio funcionamento da turma, caso tomem

consciência de que é necessário contrariar a natural tendência de se concentrarem

exclusivamente no desempenho do seu educando.

Está demonstrado que uma boa turma tem reflexos positivos em todos os alunos, logo, nos filhos

de cada um.

Assim, os representantes dos pais da turma ou sala [dois elementos no 2.º e 3.º ciclos do ensino

básico e no ensino secundário – Art. 44.º, 1, c), ii) do DL n.º 137 de 02/07/2012 devem aproveitar

as reuniões com os restantes encarregados de educação, quer para os informar, quer para

recolherem informação sobre as questões da vida escolar da turma.

Adicionalmente, a ocasião pode ainda ser aproveitada para que os representantes dos pais

conheçam as preocupações/desejos dos pais, ficando assim legitimados/informados para tomar

as iniciativas que entendam necessárias, nomeadamente procurando o apoio da Associação de

Pais.

Objetivos

Desta forma, pode-se dizer que os representantes de pais têm os seguintes objetivos:

• Desenvolver um bom trabalho em parceria entre os pais e encarregados de educação da

sala ou turma e a Associação de Pais;

• Partilhar o seu trabalho com os outros representantes, em especial com os do mesmo grau

de ensino e, também, com os representantes dos pais no Conselho Geral;

• Promover um conhecimento global da situação da escola;

• Melhorar a comunicação entre os pais e encarregados de educação e os órgãos de gestão

da escola;

• Submeter, via Associação de Pais, sugestões e propostas diversas, aos órgãos de gestão

da escola;

Eleição

Os dois representantes de turma são eleitos em reunião de pais e encarregados de educação da

turma, na primeira reunião de turma no início de cada ano letivo, convocada pelo/a diretor/a de

turma.

O mesmo procedimento para os representantes (efetivos) dos pais e encarregados de educação

no JJ e 1.º Ciclo.

As associações de pais devem propor ao diretor do agrupamento ou da escola não agrupada que,

no início da reunião de turma, o diretor de turma, ou o educador ou professor, distribua aos pais e

encarregados de educação o presente documento e o resumo do regulamento interno (artigos

referentes aos pais e encarregados de educação e alunos).

27

Todos os pais e encarregados de educação, presentes na reunião e com educandos na respetiva

turma ou sala, são passíveis de eleição.

Após a apresentação dos pais e encarregados de educação presentes na reunião, procede-se à

votação para eleição dos respetivos representantes.

No Jardim de Infância e no 1.º ciclo, serão eleitos representantes dos pais dois membros efetivos.

(Nota: esta matéria deve estar contemplada no Regulamento Interno do Agrupamento).

Após votação, o diretor de turma/professor ou educador, em colaboração com os representantes

de pais eleitos, elaborarão um documento, onde conste o resultado das votações, os nomes e

contados dos votados, documento esse a disponibilizar à respetiva Associação de Pais.

Após a eleição

Após a eleição o/s representante/s deve/m:

1. Disponibilizar o seu contacto a todos os pais e encarregados de educação da turma;

2. Elaborar uma lista de contactos (telefone e/ou e-mail) de todos os pais e encarregados de

educação da turma ou sala que representam;

3. Disponibilizar essa lista a todos os pais e encarregados de educação da turma ou sala;

4. Enviar a lista de contactos à associação de pais;

5. Promover uma reunião de pais de turma ou sala em cada período letivo;

6. Ser elemento de ligação entre os pais e encarregados de educação e a Associação de

pais;

7. Participar nas Assembleias de Representantes de Turma, promovidas pela Associação de

pais;

8. Comunicar aos pais e encarregados de educação da turma ou sala as deliberações

emanadas pelos órgãos de gestão da escola e pela Associação de pais;

9. Participar nos conselhos de turma, devidamente fundamentado na opinião dos seus

representantes;

28

PAPEL DOS PAIS NA TURMA

Colaborar é…estabelecer uma relação de interação entre pessoas em que cada uma deve dar o

seu contributo, trabalhando para objetivos e necessidades que são comuns.

O que se pretende da colaboração de todos os pais

• Cumprir o seu papel de pais na educação dos filhos ao nível dos cuidados básicos, da

orientação para o estudo e da promoção de comportamentos sociais adequados.

• Estar em comunicação com a escola;

– Diretamente com o professor /Diretor de turma para dar e receber informações relativas

ao seu educando.

– Com o representante de turma para tratar questões gerais da turma.

Dos representantes de pais

• Representar os outros pais junto do professor/ diretor de turma e conselho de turma;

• Fazer propostas de ações e atividades;

• Incentivar a participação dos outros os pais na vida da turma;

• Ser parceiro na resolução de problemas.

Concretizando o papel de representante da turma

Para assegurar formas de comunicação eficazes com todos (professor/diretor de turma e outros

encarregados de educação) sugere-se:

• Fazer o levantamento na 1ª reunião de diferentes formas de contacto (telefónicos e/ou e-

mail);

• Com prévia autorização dos pais pedir a colaboração do Diretor de Turma para esse

levantamento;

• Utilizar a plataforma moodle da escola;

• Utilizar a caderneta como veículo de comunicação;

• Planificar uma reunião com todos pais da turma, uma vez por período, para fazer o

levantamento de preocupações, de aspetos positivos do funcionamento da turma e de

sugestões;

• Pensar um modo de comunicação fácil com o Diretor de Turma;

Relativamente às propostas de atividades:

• Podem ser feitas ao diretor de turma/professor, aos órgãos de gestão ou à direção da

Associação de Pais;

• A planificação pode ser conjunta havendo colaboração para mobilizar recursos para a sua

concretização;

• Podem acontecer ao nível da formação de pais depois de perceber as necessidades

existentes;

Para incentivar a participação de todos os pais na vida da turma é importante ter um papel

mobilizador:

• Estabelecendo com os pais, em momentos chave, contactos diretos através de diversos

meios de comunicação;

• Procurando alianças com outros pais que possam ser facilitadores da vinda dos mais

resistentes à escola;

29

PAIS NA ESCOLA

O direito de participação dos pais e encarregados de educação na vida do agrupamento de

escolas ou escola não agrupada processa-se de acordo com o disposto na Lei de Bases do

Sistema Educativo e no Decreto-Lei n.º 372/90, de 27 de Novembro, com as alterações que lhe

foram introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 80/99, de 16 de Março, e pela Lei n.º 29/2006, de 4 de

Julho.

(Artigo 48, Número 1.º, DL n.º 75/2008).

Aos pais e encarregados de educação é reconhecido o direito de participação na vida do

agrupamento de escolas ou escola não agrupada.

(Artigo 47.º, DL n.º 75/2008)

Enquadramento legal

– Papel dos pais e encarregados de educação

• Representantes dos Encarregados de Educação

– Lei N.º 30/2002, de 20 de Dezembro

– DL n.º 75/2008, de 22 de Abril

– Associação de Pais

• Regime especial de faltas

– Decreto-Lei n.º 372/90, de 27 de Novembro

(com alterações pelos Decreto-Lei n.º 80/99, de 16 de Março e Lei n.º 29/2006, de 4 de Julho)

Papel especial dos pais e encarregados de educação

• Aos pais e encarregados de educação incumbe, para além das suas obrigações legais, uma

especial responsabilidade, inerente ao seu poder-dever de dirigirem a educação dos seus

filhos e educandos, no interesse destes, e de promoverem ativamente o desenvolvimento

físico, intelectual e moral dos mesmos.

• Deve cada um dos pais e encarregados de educação, em especial:

1. Acompanhar ativamente a vida escolar do seu educando;

2. Promover a articulação entre a educação na família e o ensino escolar;

3. Diligenciar para que o seu educando beneficie efetivamente dos seus direitos e cumpra

pontualmente os deveres que lhe incumbem, com destaque para os deveres de

assiduidade, de correto comportamento escolar e de empenho no processo de

aprendizagem;

4. Contribuir para a criação e execução do projeto educativo e do regulamento interno da

escola e participar na vida da escola;

5. Cooperar com os professores no desempenho da sua missão pedagógica, em especial

quando para tal forem solicitados, colaborando no processo de ensino e aprendizagem

dos seus educandos;

6. Contribuir para a preservação da disciplina da escola e para a harmonia da comunidade

educativa, em especial quando para tal forem solicitados;

7. Contribuir para o correto apuramento dos factos em processo disciplinar que incida sobre

o seu educando e, sendo aplicada a este medida disciplinar, diligenciar para que a mesma

prossiga os objetivos de reforço da sua formação cívica, do desenvolvimento equilibrado

da sua personalidade, da sua capacidade de se relacionar com os outros, da sua plena

integração na comunidade educativa e do seu sentido de responsabilidade;

8. Contribuir para a preservação da segurança e integridade física e moral de todos os que

participam na vida da escola;

30

9. Integrar ativamente a comunidade educativa no desempenho das demais

responsabilidades desta, em especial, informando-se, sendo informado e informando

sobre todas as matérias relevantes no processo educativo dos seus educandos;

10. Comparecer na escola sempre que julgue necessário e quando para tal for solicitado;

11. Conhecer o regulamento interno da escola e subscrever, fazendo subscrever igualmente

aos seus filhos e educandos, declaração anual de aceitação do mesmo e de compromisso

ativo quanto ao seu cumprimento.

(Artigo 6.º da Lei N.º 30/2002)

Organização das atividades de turma

– Em cada escola, a organização, o acompanhamento e a avaliação das atividades a desenvolver

com os alunos e a articulação entre a escola e as famílias é assegurada:

1. Pelos educadores de infância, na educação pré-escolar;

2. Pelos professores titulares das turmas, no º ciclo do ensino básico;

3. Pelo conselho de turma, nos º e 3.º ciclos do ensino básico e no ensino secundário, com

a seguinte constituição:

a) Os professores da turma;

b) Dois representantes dos pais e encarregados de educação;

c) Um representante dos alunos, no caso do 3.º ciclo do ensino básico e no ensino

secundário;

— Para coordenar o trabalho do conselho de turma, o diretor designa um diretor de turma de entre

os professores da mesma, sempre que possível pertencente ao quadro do respetivo agrupamento

de escolas ou escola não agrupada;

— Nas reuniões do conselho de turma em que seja discutida a avaliação individual dos alunos

apenas participam os membros (…)

(Artigo 44.º, DL n.º 75/2008)

Conselho Geral

Na composição do conselho geral tem de estar salvaguardada a participação de representantes

do pessoal docente e não docente, dos pais e encarregados de educação, dos alunos, do

município e da comunidade local. (Artigo 12.º, número 2)

Sem prejuízo das competências que lhe sejam cometidas por lei ou regulamento interno, ao

conselho geral compete: a) Eleger o respetivo presidente, de entre os seus membros, à exceção

dos representantes dos alunos (…) (Artigo 13.º, número 1)

Os representantes dos pais e encarregados de educação são eleitos em assembleia geral de pais

e encarregados de educação do agrupamento de escolas ou escola não agrupada, sob proposta

das respetivas organizações representativas, e, na falta das mesmas, nos termos a definir no

regulamento interno. (Artigo 14.º, número 2)

Salvo quando o regulamento interno fixar diversamente e dentro do limite referido no número

anterior, o mandato dos representantes dos pais e encarregados de educação e dos alunos tem

a duração de dois anos escolares. (Artigo 16.º, número 2])

(DL n.º 75/2008)

Conselho Pedagógico

A composição do conselho pedagógico é estabelecido pelo agrupamento de escolas ou escola

não agrupada nos termos do respetivo regulamento interno, não podendo ultrapassar o máximo

de 17 membros e observando os seguintes princípios: (…) c) Representação dos pais e

encarregados de educação e dos alunos, estes últimos apenas no caso do ensino secundário, nos

termos do n.º 2 do artigo 34.º (Artigo 32.º, número 1)

31

Os representantes dos pais e encarregados de educação são designados pelas respetivas

associações e, quando estas não existam, nos termos a fixar pelo regulamento interno. (Artigo

32.º, número 4)

A representação dos pais e encarregados de educação e dos alunos no conselho pedagógico

faz-se no âmbito de uma comissão especializada (…) (Artigo 34.º, número 2) (pág. 68)

(DL n.º 75/2008)

Direitos da Associação de Pais

Constituem direitos das associações de pais a nível de estabelecimento ou agrupamento:

1. Participar, nos termos do regime de autonomia, administração e gestão dos

estabelecimentos públicos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário na

definição da política educativa da escola ou agrupamento;

2. Participar, nos termos da lei, na administração e gestão dos estabelecimentos de educação

ou de ensino;

3. Reunir com os órgãos de administração e gestão do estabelecimento de educação ou de

ensino em que esteja inscrita a generalidade dos filhos e educandos dos seus associados,

designadamente para acompanhar a participação dos pais nas atividades da escola;

4. Distribuir a documentação de interesse das associações de pais e afixá-la em locais

destinados para o efeito no estabelecimento de educação ou de ensino;

5. Beneficiar de apoio documental a facultar pelo estabelecimento de educação ou de ensino

ou pelos serviços competentes do Ministério da Educação.

Artigo 9.º, Decreto-Lei n.º 372/90, de 27 de Novembro

(com alterações pelos Decreto-Lei n.º 80/99, de 16 de Março e Lei n.º 29/2006, de 4 de Julho)

Regime especial de faltas

– As faltas dadas pelos titulares dos órgãos sociais das associações de pais, ou das suas

estruturas representativas, para efeitos do estabelecido na alínea b) do n.º 2 do artigo 9.º e do

artigo 15.º, desde que devidamente convocados, consideram-se para todos os efeitos justificadas,

mas determinam a perda da retribuição correspondente.

– Os pais ou encarregados de educação membros dos órgãos de administração e gestão dos

estabelecimentos públicos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário têm direito,

para a participação em reuniões dos órgãos para as quais tenham sido convocados, a gozar um

crédito de dias remunerado, nos seguintes termos:

1. Conselho geral, um dia por trimestre;

2. Conselho pedagógico, um dia por mês;

3. Conselho de turma, um dia por trimestre;

4. Conselho municipal de educação, sempre que reúna;

5. Comissão de proteção de crianças e jovens, a nível municipal, um dia por bimestre.

– As faltas dadas nos termos do número anterior consideram-se justificadas e contam, para

todos os efeitos legais, como serviço efetivo, salvo no que respeita ao subsídio de refeição.

– Às faltas que excedam o crédito referido no º 2, e que comprovadamente se destinem ao

mesmo fim, aplica-se o disposto no número anterior, mas determinam a perda da

retribuição correspondente.

– As faltas a que se refere o presente artigo podem ser dadas em períodos de meio dia e

são justificadas mediante a apresentação da convocatória e de documento comprovativo

da presença passado pela entidade ou órgão que convocou a reunião.

Artigo 15.º, Decreto-Lei n.º 372/90, de 27 de Novembro

(com alterações pelos Decreto-Lei n.º 80/99, de 16 de Março e Lei n.º 29/2006, de 4 de Julho).

32

TÓPICOS SOBRE ALGUMAS QUESTÕES DE

PRIMORDIAL IMPORTANCIA

Liderança/motivação

As associações de pais, sendo organizações sem fins lucrativos, com objetivos muito específicos,

caracterizam-se por o seu capital ser humano.

Constituindo cada associação um grupo de interesses comuns, os membros deste grupo têm de

interagir de forma a alcançar os objetivos a que se propuseram.

Para o efeito é necessário haver motivação e liderança. Motivação quanto aos objetivos, liderança

para a organização dos meios para os alcançar.

Nesse sentido é necessário realizar ações de formação para dirigentes associativos, para que

estes conheçam ferramentas teóricas e práticas que contribuam para alcançar o sucesso no

desempenho da sua missão.

A FAPMATOSINHOS irá organizar e calendarizar ações de formação para dirigentes associativos.

Formação de listas para órgãos sociais

A maioria das associações de pais tem eleições anuais.

Acresce que, pela sua natureza jurídica, única no país, não se é sócio para toda a vida mas apenas

enquanto os filhos e educandos estão na escola.

É geral a dificuldade em se conseguirem associados em número suficiente para preencherem

todos os cargos dos órgãos sociais. Face a estas dificuldades o que fazer?

Uma das primeiras condições colocadas para se integrarem os órgãos sociais tem sido a

disponibilidade para o efeito.

Esta premissa, embora importante e fundamental, não deve ser colocada em primeiro lugar.

Primeiro, porque o mais importante é a competência para o cargo;

Segundo, porque a disponibilidade não pode ser desculpa para a incompetência, a qual, mais

cedo ou tarde, se pagará cara.

Só a identificação pessoal com os objetivos do associativismo conduz à necessária motivação

para se integrar um cargo nos órgãos sociais.

Daí que cabe aos membros dos órgãos sociais em exercício dignificar e projetar os objetivos da

sua associação no consciente dos PEE da respetiva comunidade educativa.

Isso passa por duas ações, (atividades e comunicação), ou seja, levar à prática atividades com

alunos e pais; informar amplamente todas as ações da associação.

O recrutamento para os cargos deve privilegiar os pais que pela primeira vez chegam à escola e,

também, os pais representantes de turma.

As ações de formação para dirigentes associativos é fundamental para um bom desempenho e

não deve ser, nunca, descurada.

Devem ser incentivados, igualmente, os princípios do Voluntariado Parental.

Desenvolvimento de atividades, inclusive CAF/ATL

Na década de 70 do século passado, com a democratização da escola e o desenvolvimento da

sociedade, as associações de pais começaram a organizar atividades de tempos livres para as

crianças do 1.º ciclo, a que chamaram de ATL, como resposta social para as classes trabalhadoras

assegurarem a segurança e a ocupação dos seus filhos após o fim do tempo letivo, face à falta de

respostas sociais por parte do Estado nesta matéria.

33

A burguesia e as classes com maior capacidade económica há muitas décadas que tinham este

problema resolvido, quer através de amas e preceptoras a tempo inteiro, quer através da matrícula

dos seus filhos em colégios, uns em regime de internato, outros com horário alargado e

prestadores de atividades extracurriculares bem pagas.

Só em finais do séc. XX o Estado português consagra na legislação, como competências das

autarquias, o financiamento da componente de apoio às famílias com filhos no pré-escolar e no

1.º ciclo, com o objetivo de assegurar aos filhos das camadas mais desfavorecidas da sociedade

portuguesa um serviço comparticipado de ocupação nas horas extras do ensino obrigatório.

Porém, só a partir de 2006, e com maior incidência depois de 2008, com a implementação das

AEC no 1.º ciclo do ensino público, como oferta extracurricular facultativa, o ME, face à

generalidade das AEC terminarem às 17.30 horas, como meio da escola “aguentar” as crianças

até que os seus progenitores saíssem dos seus empregos e as pudessem ir buscar, reintroduziu

a chamada CAF nos JI e escolas de 1.º Ciclo como resposta social às necessidades das famílias.

Saliente-se, no entanto, que o conceito de CAF se baseia num serviço financiado pelo Estado, tal

como o é o próprio ensino público gratuito.

O que acontece, até agora, porém, é que a CAF é subsidiada apenas no JI, através dos escalões

da ASE, e paga integralmente pelos pais no 1.º Ciclo!

Esta dualidade de critérios é vergonhosa!

Acresce que, quer por ignorância nuns casos, quer, em menor grau, por apetências do quero,

posso e mando, noutros casos, a nomenclatura CAF tem dado azo a confusões ilegítimas e

prejudiciais aos interesses dos pais organizados em associações de direito privado,

independentes e autónomas.

Apesar de CAF e ATL serem, aparentemente, isomorfos, a sua semelhança acaba quer quanto

ao financiamento, quer quanto à natureza do prestador do serviço.

Há autarquias que são acérrima e publicamente contra a privatização do ensino.

Mas quando são promotoras de AEC e CAF entregam a sua gestão a empresas privadas,

afastando de forma aberrante as associações de pais, argumentando, falaciosamente ou não, que

esta gestão não deve ser da competência das mesmas porque as associações de pais não têm

fins comerciais! E, por vezes, pasme-se, há quem opine que as AEC e CAF não devem ser

entregues à gestão das associações de pais, não só porque acham que as mesmas não têm esse

papel, mas também porque defendem a gestão do ensino na esfera pública.

Curiosamente são os primeiros a entregarem estes serviços a privados, provavelmente sua

clientela política.

Esquecem essas pessoas que as associações de pais são parte integrante da comunidade

educativa!

Esquecem, ou não sabem, porque quiçá nunca leram a legislação que rege as associações de

pais e os estatutos das mesmas, que estas organizações se constituem para defesa de TODOS

os interesses dos pais para o sucesso da educação dos seus filhos e, na prossecução desses

interesses, podem desenvolver vários tipos de atividades de natureza educativa, formativa,

cultural, recreativa, desportiva e de lazer.

Em resumo, as associações de pais fazem parte da comunidade educativa tal como as autarquias

e, como tal, devem ser incentivadas a participar na gestão dos recursos colocados no âmbito da

escola pública.

Em muitos concelhos há associações de pais que têm a valência de CAF no JI com protocolo com

a respetiva câmara municipal.

34

Há câmaras que nem assinam estes protocolos com associações de pais e nem sequer prestam

o serviço de CAF nos JI da rede pública do respetivo concelho.

Algumas destas mesmas câmaras chegam ao ridículo que pretenderem proibir as associações de

prestarem esse serviço aos seus associados, afirmando que as AP não têm essa competência.

É uma meia verdade. De facto, por lei, as APEE não podem, por si, oferecer CAF financiada, pois

essa é uma competência do município.

Mas nada proíbe que as associações tenham oferta de ATL para crianças do JI filhas dos seus

associados. Não podem é chamar-lhe CAF (porque a componente de apoio à família é financiada

pelo Estado), exceto, como dissemos, se existir protocolo com a câmara municipal.

De salientar, ainda, para desfazer equívocos, que as associações de pais são legal e juridicamente

livres para desenvolverem atividades de ocupação de tempos livres e de apoio à família em todos

os níveis de ensino, cumulativamente com a CAF financiada.

Exemplificando: Uma APEE que desenvolva ATL numa escola do 1.º ciclo pode receber crianças

filhas dos seus sócios, mesmo que haja oferta, por outras entidades, de CAF no JI e na própria

EB1.

Que fique bem claro: Não há nenhuma lei que proíba as APEE de prestarem serviço de ATL

com o horário que bem entenda e nele receberem os filhos dos seus associados!

É necessário e urgente, contudo, que as APEE uniformizem a nomenclatura dos serviços

prestados. ATL? CATL? AEL? OTL?

Esperamos ter em breve uma proposta.

Como ajudar as APs e reativar outras

Uma das principais tarefas das estruturas concelhias é trabalhar de muito perto com as suas

associadas, colaborar na definição de objetivos e na preparação dos planos de atividade, realizar

ações de formação, contribuir para uma maior visibilidade das mesmas na comunidade educativa.

Deparando-se muitas associações com a falta de quadros experientes, este trabalho associativo

em rede irá colmatar lacunas ou falhas na organização das mesmas, potenciar recursos, atrair

associados para a atividade ativa, cada um contribuindo com as suas capacidades.

Neste contexto é necessário existir um elo forte, quer com os representantes dos pais nos órgãos

de gestão e nas turmas, quer com o diretor do agrupamento e com os coordenadores de escola.

A reativação de associações que, regra geral, estão nessa situação por falha na eleição de órgãos

sociais, passa pelas seguintes medidas:

a) apurar as causas da situação;

b) procurar membros dos últimos órgãos sociais que ainda tenham filhos na escola;

c) reunir com o diretor para análise da situação e pedir-lhe colaboração para convocar uma

reunião com os representantes dos pais nos órgãos de gestão e nas turmas;

d) com todas as pessoas que compareceram trabalhar para se definirem objetivos, constituir

uma lista e um plano de ação para se apresentar em assembleia geral e exercer o mandato;

e) fomentar o voluntariado parental, nomeadamente, através da constituição de clubes de pais

e de avós, para fins específicos, como desporto (dinamização de jogos e torneios), leitura,

xadrez, teatro, grupo coral incluindo antigos alunos, etc.

E, depois, erguer as velas e navegar.

35

Participação dos pais na escola, como dinamizar

Este é um dos principais objetivos do associativismo.

Dinamizar a participação dos pais na escola começa pela própria escola.

Ninguém participa em algo, sem que esse algo tenha alguma coisa apelativa para oferecer, que

convide à motivação e mobilização!

Se a escola tem resiliência à participação dos pais o primeiro passo a dar é contribuir para alterar

a cultura da escola.

Os métodos para esta dinamização passam pela dinamização do voluntariado parental e, também,

pela formação específica dos dirigentes associativos, nomeadamente nas áreas da liderança e da

comunicação.

Esta formação é, neste momento, uma área prioritária da FAPMATOSINHOS, tal como está

explanada na alínea a) deste documento.

Desporto escolar

“Mente sã em corpo são!”

Os jovens devem acumular 60 minutos de atividade física moderada, todos os dias, dos quais 20

a 30 minutos se quer rigorosa, segundo o Instituto do Desporto de Portugal (IDP).

O IDP salienta que o exercício físico tem benefícios para a saúde dos jovens, de entre os

principais, potencia a mineralização óssea, atenua a probabilidade de depressão, contribui para a

redução do stress e a melhoria da qualidade do sono, reforça a função cognitiva, dá bem-estar e

aumenta o otimismo.

E ainda querem reduzir o desporto nas escolas!?

Lê-se na página do Desporto Escolar (portal do ME):

«A prática desportiva nas escolas, para além de um dever decorrente do quadro

normativo vigente no sistema de ensino, constitui um instrumento de grande relevo

e utilidade no combate ao insucesso escolar e de melhoria da qualidade do ensino

e da aprendizagem.

Complementarmente, o Desporto Escolar promove estilos de vida saudáveis que

contribuem para a formação equilibrada dos alunos e permitem o desenvolvimento

da prática desportiva em Portugal.

O Programa do Desporto Escolar para os próximos dois anos letivos reforça os

mecanismos que contribuem para a aplicação do princípio da autonomia dos

Agrupamentos de Escolas e das Escolas Não Integradas em Agrupamento

(seguidamente designadas por escolas ou estabelecimentos de ensino) que tem

vindo a nortear a ação do Ministério da Educação em todos os diversos domínios

da política educativa. Assim, o Projeto de Desporto Escolar deve integrar-se, de

forma articulada e continuada, no conjunto dos objetivos gerais e específicos do

Plano de Atividades das Escolas, fazendo parte do seu Projeto Educativo.»

A FAPMATOSINHOS defende a implementação do desporto escolar de qualidade e diversificado

em todas as escolas, as quais devem ser apetrechadas com os meios e equipamentos necessários

à sua prática por todos os alunos sem exceção.

As associações de pais devem ter participação na direção do desporto escolar da escola, conforme

previsto no Programa do desporto escolar para 2010-2013.

As escolas devem fomentar a criação de clubes de pais das várias atividades desportivas, de

modo a que estes participem de forma ativa na organização da atividade e na realização de

torneios.

36

Formação para representantes de pais nos órgãos de gestão e na turma.

Conhecer o funcionamento e competências dos órgãos de gestão das escolas e do conselho de

turma é fundamental para um bom desempenho dos representantes dos pais nesses órgãos.

Trabalhar em rede com a associação de pais revela-se, também, fundamental para o bom

desempenho destes representantes no objetivo comum na defesa de uma escola de qualidade

que promovo o sucesso escolar dos alunos.

A formação para estes pais é uma das áreas prioritárias da FAPMATOSINHOS e, para a sua

execução, o papel das estruturas concelhias na dinamização destas ações revela-se como facto

estruturante imprescindível.

Apresentação da associação aos pais no início ano letivo.

Dar a conhecer os objetivos, plano de atividades e contactos da associação aos pais e

encarregados de educação no início do ano letivo é uma tarefa que devia estar inscrita no guião

das ações a desenvolver pela respetiva direção.

Nesse guião deviam estar elencados os seguintes pontos:

1- Reunir com o diretor e coordenadores de escola para levantamento dos problemas e

definição de objetivos comuns;

2- Reunir os órgãos sociais da associação para traçar o plano de trabalho para o ano letivo e

marcar a assembleia geral eleitoral;

3- Com o apoio da escola entregar a todos os PEE um folheto com os principais objetivos da

associação e respetivos contactos, assim como, ficha de inscrição na AP (pode ser nas

reuniões de turma).

A FAPMATOSINHOS enquanto Federação concelhias dá apoio na elaboração de documentos e

na definição de tarefas associativas.

Em muitas escolas é já prática no início do ano letivo a direção do agrupamento fazer sessões de

boas-vindas aos pais cujos filhos estão a iniciar o JI, o 1.º e 2.º ciclo.

Nestas sessões deve estar representada a associação de pais, cujo diretor do agrupamento deve

apresentar e convidar a dirigir a palavra aos presentes.

Escolas fechadas aos pais

Apesar dos avanços nos últimos anos, as “escolas ainda não sabem traduzir a informação

para que possa ser corretamente entendida pelos pais”, defendeu Conceição Reis, do

Conselho Nacional de Educação (CNE).

“Embora os direitos estejam globalmente assegurados e as estruturas de

comunicação existam, a linguagem, os códigos, o jargão utilizados nas escolas não

são acessíveis a uma boa parte dos encarregados de educação” , afirmou Conceição

Reis, alertando igualmente para a necessidade de se adequar a legislação para permitir a

participação dos pais na atividade da escola sem penalizações profissionais.

Por outro lado, muitas escolas blindaram-se, ao colocarem nos regulamentos internos normas

restritivas de acesso dos pais às mesmas.

Uma coisa é a natural preocupação no regular funcionamento das aulas, outra é o acesso dos

pais à escola.

As escolas têm de ter uma cultura de participação aberta à comunidade, contrária ao antigo

conceito de espaço murado no qual os professores eram reis e senhores.

É um assunto que continua em aberto e de necessária análise entre todos os membros da

comunidade educativa, não esquecendo a participação dos alunos.

37

Mega agrupamentos e alterações curriculares.

Sem estudos prévios, seguindo ditames confessadamente economicistas, o Governo lançou-se

na aventura de agregar escolas como panaceia para cortes orçamentais.

Em tempos de crise, discursos sobre a necessidade de rentabilizar recursos e reduzir custos são

sempre porta aberta para cortes em serviços essenciais.

O ME tem-se caracterizado por lançar medidas avulsas, sem debate prévio com toda a

comunidade educativa, impondo os seus pontos de vista anacrónicos mas sempre invocando o

interesse da escola pública, da qual se intitulam os maiores defensores, denunciando tique

totalitário.

Os Mega agrupamentos, salvo raras exceções, revelam-se como monstros burocráticos, que

impõem um percurso educativo de doze anos de escolaridade aos alunos no mesmo

conglomerado de escolas, em vez da livre escolha da escola e de projetos e opções educativas

diferentes.

Defendemos uma escola de proximidade ao meio, mais acessíveis á participação da família, com

turmas de menor número de alunos.

Defendemos escolas secundárias com maior autonomia e duas áreas distintas: o ensino técnico-

profissional e o ensino vestibular (pré-universitário), este em parceria com as universidades.

As constantes alterações curriculares a prestações, desgarradas, apenas perturbam o normal

funcionamento das escolas e, não raras vezes, como a recente supressão da área de projeto e do

estudo acompanhado, assim como o fim do par pedagógico (dois professores em sala de aula)

em Educação Visual e Tecnológica, são um grave retrocesso na qualidade de ensino.

Precisamos de uma reforma única e abrangente de todo o ensino e essa é tarefa para uma futura

legislação, que poderá passar pela aprovação de alterações à Lei de Bases do Sistema Educativo

(Lei n.º 46/1986) que, face ao alargamento da obrigatoriedade do ensino por 12 anos, reduza os

três ciclos do ensino básico para apenas um, contemplando um 1.º ciclo com 6 anos de

escolaridade e alargue o secundário para 6 anos com dois ciclos.

Esperamos que estas matérias, pela sua grande importância estratégica no desenvolvimento do

país, sejam devidamente objeto de debate alargado na comunidade educativa.

Organização das APs por escola

As alterações na organização das escolas, através da criação de unidades organizacionais,

denominadas de agrupamento de escolas, não altera a natureza jurídica do estabelecimento de

ensino, enquanto unidade física escolar, mas apenas proporciona articulação curricular entre os

seus diferentes níveis e ciclos educacionais.

As associações de pais, por sua vez, constituem-se ao abrigo do DL N.º 372/90 e suas alterações,

o qual consagra como fins «a defesa e a promoção dos interesses dos seus associados

em tudo quanto respeita à educação e ensino dos seus filhos e educandos que

sejam alunos da educação pré-escolar ou dos ensinos básico ou secundário,

público, particular ou cooperativo» (Artigo 2.º), e define «estabelecimento de educação

ou ensino, sempre que aí se encontre inscrita a generalidade dos filhos ou educandos dos

seus associados» (Artigo 7.º).

Nesse sentido, para uma maior proximidade e consequente participação na vida da escola

frequentada pelos filhos, as associações de pais estão vocacionadas para se organizarem no

âmbito do estabelecimento de ensino.

38

Quando as escolas passaram a ser integradas em agrupamentos de escolas, houve indivíduos

(geralmente dos órgãos executivos da escola) que transmitiram às associações a ideia errada que

as mesmas tinham de alterar o âmbito e passarem a ser apenas uma só. Ou seja, não lhes

disseram, por exemplo, que tinham conveniência de se agregarem numa união, mas cada uma

mantendo a sua autonomia jurídica!

O que ganham ou perdem as associações se deixarem de ser de escola e passarem a constituir-

se como mega-associações?

O que ganham, segundo os seus defensores, é uma maior eficácia nos seus fins dado que

fisicamente estão mais próximos da gestão do agrupamento.

Esta afirmação esconde, por vezes, a dura realidade de muitas associações não conseguirem

sócios em número suficiente para exercerem o mandato.

Assim, dizem, num universo muito maior de escolas e de alunos, também o é de pais e

encarregados de educação para serem recrutados para os órgãos sociais.

O curioso é que em quase todos os lados onde se optou por esta solução, salvo raras exceções,

continua a ser escasso o número de pessoas cativas na associação, o que demonstra que o

problema é outro e que tem a sua razão em aspetos que se abordam em algumas das alíneas

deste documento, designadamente a), b), d) e e).

O que perdem, segundo nós, além imprescindível proximidade família/escola e o desejável

exercício de partilha na educação, é a redução drástica no número de dirigentes associativos.

Se num dado agrupamento existirem, por exemplo, cinco associações e, se cada uma, tiver onze

membros nos órgãos sociais, dará um total de 55 pessoas ligadas ao movimento associativo,

independentemente da contribuição de cada uma ao longo do mandato.

E, a estas, ainda podem juntar as pessoas dos clubes de pais e de avós dos alunos dessas

escolas.

Organização dos estudantes e participação democrática na escola

A cidadania e o exercício democrático, assim como as regras e normas, aprendem-se pelo

exercício das mesmas. “Na escola, a participação deve ser a regra, pois é a base da

autoridade: só respeitamos quem nos respeita, nos ouve e tem interesse por

aquilo que pensamos e sentimos. A autoridade é sustentada na relação de confiança

e de respeito mútuo que caracteriza a interação saudável entre aluno e mestre”,

escreveu Daniel Sampaio, em 2005. E acrescentou: “Devemos ser exigentes para com os

mais novos, para os podermos responsabilizar – aceitamos que podem trabalhar

aos dezasseis anos, mas nunca solicitamos a sua opinião sobre as coisas que lhes

dizem respeito, como por exemplo o funcionamento da escola que frequentam”.

E temos o exemplo paradigmático da Escola da Ponte, na qual existem assembleias de alunos em

todos os ciclos do ensino básico, consagrando a sua participação efetiva e democrática na vida

da escola.

Porque não frutificam e se generalizam os bons exemplos? Que inércias e resistências existem

no aparelho burocrático do Estado para o impedir? Porque é que as associações de estudantes

(Lei 23/2006), apesar de definirem no seu âmbito o enquadramento dos alunos do ensino básico,

geralmente excluem os alunos do 1.º e 2.º ciclo?

Incentivar e apoiar o associativismo estudantil passa, não só por um enquadramento ajustável no

regulamento interno das escolas, mas também pelas boas práticas e cultura interna das próprias

escolas, desde o início do 1.º ciclo.

Mas, não nos iludamos, as boas práticas e a cultura da família em casa também contam muito!

39

Estatuto do aluno, regime disciplinar e princípios éticos

O estatuto do aluno, desde o DL 270/1998 que lhe deu origem, é o código penal dos pequeninos,

não é um projeto educativo mas sim um instrumento repressivo cuja essência ideológica, de matriz

reacionária, se baseia na crença falsa que todas as crianças são más e potenciais criminosos que

é necessário punir.

A prevenção, a formação para os valores, está ausente neste estatuto cuja última alteração

vergonhosamente agravou o seu sentido punitivo e afastou as associações de pais da intervenção

nos processos disciplinares, dando aos diretores um poder absoluto de decisão.

A ética foi mandada às malvas! Muitas crianças têm sido punidas de forma injusta e humilhante,

por motivos subjetivos e não provados, por vingança mesquinha, casos há em que as vítimas são

castigadas e os agressores ilibados.

Os diretores das escolas não são juízes, apenas devem presidir, ou delegar essa competência,

aos conselhos disciplinares de turma, no qual, obrigatoriamente, deve ter assento o representante

dos pais da turma e a associação de pais.

Esta presença, que estava consagrada anteriormente, foi retirada na última revisão, em 2010, por

obra e graça de alguns desavergonhados que têm o conceito do “princípio do chefe”, no sentido

de que é infração disciplinar aquilo que o chefe ou superior diz, ou determina que é.

A disciplina é uma ação ou conceito referido a valores.

Deve ser entendida não como meio necessário ao cumprimento da missão de ensinar, mas sim

no sentido da partilha da responsabilidade de aprender, dos fins que justificam a existência da

escola numa sociedade moderna e democrática, sociedade essa, regida pelos valores da

igualdade e da liberdade.

Assim, é fundamental, segundo os valores civilizacionais, que o estatuto do aluno numa escola

democrática seja um referencial para a educação cívica e a formação integral dos futuros cidadãos

do país.

No mesmo estatuto, de entre os deveres e direitos dos pais e encarregados de educação, tem de

estar contemplada a sua natural participação na gestão e aplicação das regras de disciplina, tendo

de ser, neste contexto, obrigatória a participação dos representantes da turma e das associações

de pais e de estudantes no conselho disciplinar de turma.

40

BULLYING

Violência em meio escolar

O bullying, um anglicanismo de sentido e interpretação múltipla, é tratado de forma diferente

na literatura jurídica, consoante os autores que se lhe referem. Para alguns, o conceito

corresponde ao assédio escolar – “uma forma particular de violência associada sempre a uma

relação de poder entre alguém que se apresenta como superior e um seu igual que se

considera inferior e incapaz de responder à agressão” – enquanto outros amplificam o

significado do conceito, integrando nesta categoria diferentes formas de indisciplina escolar.

Refletindo sobre o “fim das ideologias” e a prevalência do “narcisismo consumista”, uma tese

muito em voga no final do século passado, Victor Cunha Rego escreveu na crónica que

manteve dia a dia na última página do Diário de Notícias, “O mundo de violência foi, durante

séculos, o dos adultos. Desde o fim dos anos 60 passou a ser o dos jovens”. Se hoje fosse

vivo, reagiria à vaga de notícias sobre violência entre os mais jovens com o proverbial horror

que lhe merecia o declínio do que chamava “o espaço humanista” lamentando, muito

provavelmente, que os jovens de sessenta a que se referia, essencialmente universitários

contestatários e antissistema, são hoje os pais e avós soixante-huitards cujos filhos e netos

são autores e vítimas precoces dos mais variados atos de indisciplina e violência entre pares.

Sinais destes tempos, a sociedade em geral e a comunidade educativa em particular debatem

há vários anos, especialmente na última década, o fenómeno da violência escolar. Mais lenta

a reagir, por hábito e necessidade de assegurar objetividade nas propostas que fórmula, a

comunidade jurídica também participa na discussão e vem dando suporte a algumas soluções

legais para o problema de lidar com este fenómeno (para quem queira aprofundar o tema,

vale a pena consultar a publicação do Centro de Estudos Judiciários (CEJ), disponível na sua

página da Internet, “O bullying e as novas formas de violência entre os jovens – indisciplina

e delitos em ambiente escolar”).

O resultado lógico deste processo foi o robustecimento da resposta jurídico-disciplinar patente

no Estatuto do Aluno, cujas sucessivas revisões apontam num sentido cada vez mais

disciplinador e a consensualização da ideia de que este fenómeno extravasa, nas suas causas

e efeitos, os muros da escola, exigindo uma abordagem que contemple a intervenção ao nível

familiar e social.

A criminalização do bullying, um anglicanismo de sentido e interpretação múltipla, é tratado

de forma diferente na literatura jurídica, consoante os autores que se lhe referem. Para alguns

o conceito corresponde ao assédio escolar – “uma forma particular de violência associada

sempre a uma relação de poder entre alguém que se apresenta como superior e um seu igual

que se considera inferior e incapaz de responder à agressão” (Ana Teresa Leal, na publicação

do CEJ citada, página 94) – enquanto outros amplificam o significado do conceito, integrando

nesta categoria diferentes formas de indisciplina escolar.

A questão não é irrelevante porque o significado jurídico atribuível a “bullying” é decisivo na

forma como o legislador elabora as soluções que converte em regras a cumprir.

Entre nós, a resposta mais estruturada ao nível penal que surgiu nos últimos anos foi a

proposta de criminalização do school bullying, que consta da Proposta de Lei n.º 46/XI/2.ª,

41

apresentada pelo XVIII Governo Constitucional à Assembleia da República, em dezembro de

2010.

Apesar de se tratar de uma iniciativa legislativa que caducou, vale a pena rever esta proposta

que integrava no catálogo dos crimes contra a integridade física, previstos e punidos pelo

Código Penal (Decreto-Lei n.º 48/95, sucessivamente alterado) um novo tipo-legal, o crime de

violência escolar.

Assim, com o objetivo declarado de proteger o bem jurídico “ambiente escolar”, foi proposta a

criminalização das condutas de membros da comunidade escolar que, “de modo reiterado ou

não”, “infligem maus tratos físicos ou psíquicos, incluindo castigos corporais, privações da

liberdade e ofensas sexuais, a membro de comunidade escolar” a que pertençam. No mesmo

sentido, a tipificação deste crime previa a sanção do mesmo tipo de condutas quando

praticadas contra membro da comunidade escolar por pais de alunos e seus ascendentes até

ao 3.º grau (ou seja, incluindo avós e tios) ou por quem fosse titular do exercício de

responsabilidades parentais.

As penas previstas iam de um a cinco anos de prisão, agravadas nos seus limites mínimo e

máximo para dois a oito anos de prisão no caso de resultar em ofensa à integridade física

grave ou de morte da vítima, caso em que a pena prevista era de três a dez anos de prisão.

Naturalmente, da prática deste crime podia resultar uma punição superior se, num exemplo

extremo, se viesse a apurar que se tratava de um hipotético crime de homicídio qualificado.

Um dos efeitos mais relevantes desta proposta era a possibilidade, criada pela tipificação do

crime de violência escolar, de aplicar medidas tutelares educativas aos agentes menores com

idades compreendidas entre os 12 e os 16 anos de idade que, por esse facto, são inimputáveis

para efeitos da lei penal.

As medidas tutelares educativas (admoestação, privação do direito de conduzir ciclomotores,

reparação do ofendido, prestação de tarefas económicas ou tarefas a favor da comunidade,

imposição de regras de conduta, imposição de obrigações, frequência de programas

formativos, acompanhamento educativo e internamento) são uma competência dos tribunais

de família e menores e encontram-se reguladas pela Lei Tutelar Educativa (Lei n.º 166/99,

alterada pela Lei n.º 4/2015).

O bullying na ordem jurídica vigente: o estatuto do aluno.

Em Portugal, apesar de não existir um crime específico de violência escolar, o que poderia ter

um efeito dissuasor deste tipo de comportamentos, prevenindo o surgimento de situações de

bullying (desde logo porque sinalizava publicamente a punibilidade deste crime, muitas vezes

socialmente desvalorizado, e porque a natureza pública do crime, tal como estava previsto,

dispensava a existência de queixa para que o Ministério Público promovesse o procedimento

penal), existem diferentes instrumentos jurídicos destinados a combater este fenómeno.

Em primeira linha, o Estatuto do Aluno e da Ética Escolar (Lei n.º 51/2012) prevê um conjunto

de deveres do aluno, nomeadamente os previstos nas alienas i) e j) do artigo 10.º, destinados

a prevenir os comportamentos normalmente associados ao bullying e cujo incumprimento faz

incorrer o seu autor em infração disciplinar e na eventual aplicação de medidas disciplinares

corretivas (advertência, ordem de saída da sala de aula e locais de trabalho escolar, realização

de tarefas e de atividades de integração na escola ou na comunidade, condicionamento de

utilização de certos espaços escolares ou equipamentos e a mudança de turma, previstas no

42

artigo 26.º) ou de medidas disciplinares sancionatórias (repreensão registada, suspensão,

transferência e expulsão da escola, previstas no artigo 28.º).

Além dos alunos, este Estatuto faz impender sobre os pais ou encarregados de educação o

dever de reconhecer e respeitar a autoridade dos professores no exercício da sua profissão”

(artigo 43.º, alínea f), uma dimensão fundamental do funcionamento das escolas e da

prevenção da violência, e o dever de “contribuir para a preservação da segurança e

integridade física e psicológica de todos os que participam na vida da escola” (artigo 43.º,

alínea h), estando previstas contraordenações para aqueles que, consciente e

reiteradamente, não asseguram o cumprimento, pelos seus filhos ou educandos, das medidas

disciplinares a que estejam sujeitos, nomeadamente as atividades de integração na escola e

na comunidade e a comparência em consultas ou terapias prescritas por técnicos

especializados.

Ainda no âmbito do Estatuto do Aluno, é importante referir o papel do diretor do agrupamento

de escolas que, “perante situação de perigo para a segurança, saúde, ou educação do aluno,

designadamente por ameaça à sua integridade física ou psicológica, deve (…) diligenciar para

lhe pôr termo, pelos meios estritamente adequados e necessários e sempre com preservação

da vida privada do aluno e da sua família, atuando de modo articulado com os pais,

representante legal ou quem tenha a guarda de facto do aluno” (artigo 47.º, n.º 1), solicitando,

“quando necessária, a cooperação das entidades competentes do setor público, privado ou

social” (n.º 2), mesmo “quando se verifique a oposição dos pais, representante legal ou quem

tenha a guarda de facto do aluno” (n.º 3), caso em que “deve comunicar imediatamente a

situação à comissão de proteção de crianças e jovens com competência na área de residência

do aluno ou, no caso de esta não se encontrar instalada, ao magistrado do Ministério Público

junto do tribunal competente” (n.º 3). Estas disposições, para lá do efeito prático que lhes é

cometido, constituem também uma importante manifestação do “dever de vigilância” e do

“dever de cuidado” dos menores entregues à guarda das escolas durante o seu período de

funcionamento letivo, tal como vem sendo entendido pelos tribunais portugueses.

O enquadramento penal do bullying como é natural, sempre que uma atuação de um

membro da comunidade escolar corresponda a um facto descrito e declarado passível de

pena pelo Código Penal, verifica-se a prática de um crime, mesmo tratando-se de um ato de

“violência escolar”. Por exemplo, quem ofender o corpo ou a saúde de outra pessoa pratica,

em abstrato, um crime de ofensa à integridade física simples, punido com pena de prisão até

3 anos ou com pena de multa (artigo 143.º do Código Penal). O mesmo se diga para a injúria

(artigo 181.º do Código Penal), um crime punível com pena de prisão até 3 meses ou com

pena de multa até 120 dias.

Por conseguinte, da não criminalização do bullying não se pode concluir que a prática de

alguns atos a que geralmente se atribui essa classificação não resulte a prática de crimes,

puníveis enquanto tal. Vimos antes que, mesmo os menores entre os 12 e os 16 anos de

idade, não gozam de inimputabilidade penal, estando sujeitos à aplicação de medidas

tutelares educativas aí referidas. Também os jovens que tendo cometido um facto qualificado

como crime e, à data desse facto, tenham completado 16 anos sem ter atingido os 21 anos

estão sujeitos ao regime aplicável a jovens delinquentes, regulado pelo Decreto-Lei n.º 401/82.

Importa referir que algumas normas do Código Penal preveem uma proteção direta e

reforçada do “docente, examinador ou membro da comunidade escolar no exercício das suas

funções ou por causa delas”. É o caso do homicídio qualificado (artigo 132.º/2, alínea l), ofensa

43

à integridade física qualificada (artigo 145.º), ameaça e coação (artigos 153.º e 154.º, por força

do disposto no artigo 155º/1 al c), sequestro (artigo 158.º) e difamação, injúria e publicidade e

calúnia (artigos 180.º, 181.º e 183.º, por força do disposto no artigo 184.º). Nestes casos a

moldura penal aplicável é agravada nos seus limites mínimo e máximo.

O programa “Escola Segura” a propósito do bullying e do seu enquadramento legal, é

essencial fazer uma menção, necessariamente breve, ao programa “Escola Segura”. Iniciado

em 1992, este programa tem um papel muito importante na dissuasão da violência em

ambiente escolar, visando assegurar o policiamento de proximidade dos estabelecimentos

escolares, especialmente junto de escolas inseridas em áreas problemáticas, sendo a sua

execução regulada por um protocolo celebrado entre os ministérios da Administração Interna

e da Educação e os seus objetivos encontram-se definidos no Despacho Conjunto n.º 25

649/2006, publicado no Diário da República em 29 de Novembro desse ano.

CONSELHOS QUE PODEMOS DAR AOS NOSSOS FILHOS, EM

CASO DE ELES VIREM A SER VÍTIMAS DE BULLYING NA ESCOLA:

• Devem sempre quebrar o “código do silêncio”;

• Devem DENUNCIAR – CONTAR a alguém;

• Devem sempre contar/falar com um amigo ou com um adulto (pais, outro familiar

professores, auxiliares) – esta será sempre a melhor opção;

• Não devem acreditar no que, muitas vezes, os agressores dizem: – SE CONTARES A

ALGUÉM, VAI SER PIOR!”, pois pior será sempre, mas se não contarem!!!

• Transmitir-lhes que devem saber que os adultos só poderão AJUDAR se souberem o que

estão a viver;

• Devem andar em grupo, assim evitarão ser “apanhado/a” sozinho/a e é uma forma de

EVITAR as investidas do (s) agressor (es);

• Não devem ter medo do agressor, devem ter capacidade de dizer:

“Deixa-me em paz!!” ou “Pára!”

44

QUOTIZAÇÃO FACULTATIVA

• O sistema de cobrança de quotas é semi-vertical, da base, a Associação, às estruturas

intermédias, a Federação Concelhia.

• O ideal seria os associados pagarem diretamente as suas quotas às respetivas

organizações nas quais estão filiados. Embora, em teoria, isso seja fiável, colocam-se

algumas questões, a principal das quais a capacidade da maioria das associações

proceder ao pagamento da quota com a regularidade desejável.

• Tendo em conta a especificidade do nosso movimento associativo, apresenta-se como

mais prático as associações pagarem a totalidade da quota a uma única organização, a

qual, depois, envia às outras estruturas a sua parte.

A nível das associações

• As associações de pais apresentam estruturas diferentes, de acordo com o seu âmbito,

de escola ou de agrupamento, e, dentro destas, com organizações e capacidades

diferentes, com destaque para as do âmbito do 1.º ciclo com atividades de ocupação de

tempos extracurriculares.

• A cobrança de quotas aos sócios das associações, na maioria dos casos, é irregular ou

mesmo inexistente. As associações que prestam serviços aos sócios, designadamente,

de CAF/ATL, são a exceção. Estas cobram as quotas periodicamente nos recibos das

mensalidades.

• As restantes associações, a maioria, não têm estruturas nem pessoal para fazerem a

cobrança da quota de forma organizada e regular. Muitas delas nem sequer têm um

ficheiro de associados. Um óbice importante é a ausência de instalações para a sua sede,

nas quais as associações possam, de forma organizada, com equipamento de apoio,

desenvolverem trabalho de administração e organização.

Comecemos por coisas simples e práticas. Eis 10 regras:

• Reunir a Direção/órgãos sociais, discutir o assunto, traçar objetivos e metas, elaborar um

plano de trabalho objetivo, distribuir

• Elaborar um ficheiro e fazer uma ficha de sócio, em A5, para distribuir aos pais e

encarregados de educação.

• Criar um correio eletrónico institucional e um blogue da associação.

• Pedir ao diretor da escola ou agrupamento para incluir na página da escola um espaço

para a associação de pais, onde se possa colocar alguma informação, como os estatutos,

lista dos órgãos sociais, convocatórias e uma ficha online para inscrição de sócio.

• Enviar informação aos pais do estabelecimento de ensino, com o apoio da escola, na qual

devem constar os objetivos da associação e os respetivos contactos e endereço do Na

mesma informação, no rodapé, fazer um apelo para se inscreverem como sócios, com

uma tira destacável onde devem figurar o nome e contactos do sócio, na qual se pede

para ser reenviada à associação.

• A recolha de fundos e donativos, como parte da atividade da associação, pode ser feita

através de eventos, magustos, festas de natal e de final de ano, festivais gastronómicos,

sorteios e outras A imaginação ao poder!

• Estabelecer protocolos e parcerias com entidades e empresas, que colaborem e

patrocinem eventos e iniciativas, como as descritas no ponto.

45

A nível das Uniões/Federações

• As estruturas intermédias têm um papel fundamental a desenvolver nesta área, de acordo

com o seu funcionamento organizacional.

• A Comissão da Organização é a estrutura de ligação às associadas, para apoio na

dinamização da atividade, de acordo com os objetivos estatutários da União/Federação.

Trata, igualmente, da gestão financeira, com a organização do sistema de recolha das

quotas e do financiamento das atividades. Organiza e gere eventos.

• Em questões práticas, as Uniões/Federações que decidirem fazer a cobrança direta (*)

da quota às associadas, devem ter em atenção, como norma, o seguinte:

Elaborar, em folha Excel, a base de dados das associadas com as seguintes

informações:

Denominação;

Data de fundação;

Data de filiação e número de membro da CONFAP;

Morada;

Contactos telefone e correio eletrónico;

NIF;

Lista dos órgãos sociais e respetivo mandato;

Movimento das quotas;

• Estabelecer duas épocas de controlo da quotização, através da verificação da situação,

envio de notificação à associada e cobrança, respetivamente, nos meses de Novembro e

de Março/Abril.

• Fazer contas de acerto com a FAPMATOSINHOS, antes do Natal de cada ano.

• Ter em conta que as 10 regras para as associações também se aplicam às estruturas

concelhias, com algumas alterações, que nos dispensamos de citar.

• (*) Devem decidir a quem, posteriormente, enviam as quotas, se à FAPMATOSINHOS ou

se à CONFAP.

46

Plano de ação

Estrutura e organização

Associação

Direitos e compromissos futuros Mapa de património fixo - Ano

Unidade monetária: euro

Património €

Mapa de património fixo - Ano

Descrição Valor

Ano previsto recebimento

Descrição Valor

Quotas € Anos anteriores

Subsídios € €

Rendas € €

Outros € €

Total € €

Sub Total €

Compromissos €

Descrição Valor

Ano previsto recebimento

Ano corrente

Empréstimos € €

Associados € €

Fornecedores € €

Locadoras € €

Outros € Sub Total €

Total €

Total €

Federação Concelhia

Federação Regional

47

Pagamentos e recebimentos

Mapa de recebimentos e pagamentos – Ano

Recebimentos Pagamentos

1. Recebimentos de atividades 1. Funcionamento

Jóias e quotas € Pessoal €

Atividades € Seguros €

Doações € Rendas €

Subsídios € Manutenção €

Outros € Água, Eletricidade e Gás €

€ Representação e deslocações €

2. Recebimentos comerciais Comunicações €

€ Material de escritório €

€ Higiene, Segurança e Conforto €

3. Recebimentos capitais Despesas específicas das atividades €

€ Outras €

4. Recebimentos prediais 2. Investimento

€ Aquisição de equipamento €

€ Aquisição ou construção de instalações €

€ Outras €

Total € Total €

Saldo do ano anterior €

Receitas €

Despesas €

Saldo para o próximo ano €

Recibos:

RECIBO Nº

Recebi do(a) Sr.(a) a quantia de correspondente ao

, De de 2xxx

Processado por computador

(Exemplo de um recibo).

48

MODELO DE ESTATUTOS PARA UMA ASSOCIAÇÃO

DE PAIS E ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO

Capítulo Primeiro

Da denominação, natureza e fins

Artigo 1º

A Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola (designação), também

designada abreviadamente por «sigla», congrega e representa Pais e Encarregados de

Educação da Escola (designação).

Artigo 2º

A «sigla» é uma instituição sem fins lucrativos, com duração ilimitada, que se regerá pelos

presentes estatutos e, nos casos omissos, pela lei geral.

Artigo 3º

A «sigla» tem a sua sede social na Escola (designação), na freguesia, concelho de

_________________ - _______________________________.

Artigo 4º

A «sigla» exercerá as suas atividades sem subordinação a qualquer ideologia política ou

religiosa.

Artigo 5º

São fins da «sigla»:

a) Contribuir, por todos os meios ao seu alcance, para que os pais e encarregados de

educação possam cumprir integralmente a sua missão de educadores;

b) Contribuir para o desenvolvimento equilibrado da personalidade do aluno;

c) Propugnar por uma política de ensino que respeite e promova os valores fundamentais

da pessoa humana.

Artigo 6º

Compete à «sigla»

a) Pugnar pelos justos e legítimos interesses dos alunos na sua posição relativa à escola e

à educação e cultura;

b) Estabelecer o diálogo necessário para a recíproca compreensão e colaboração entre

todos os membros da escola;

c) Promover e cooperar em iniciativas da escola, sobretudo na área escola e nas de

carácter físico, recreativo e cultural;

d) Promover o estabelecimento de relações com outras associações similares ou suas

estruturas representativas, visando a representação dos seus interesses junto do Ministério

da Educação.

Capítulo Segundo

Dos associados

Artigo 7º

São associados da «sigla» os pais e os encarregados de educação dos alunos matriculados

na Escola e que voluntariamente se inscrevam na Associação.

49

Artigo 8º

São direitos dos associados:

a) Participar nas assembleias gerais e em todas as atividades da «sigla»;

b) Eleger e serem eleitos para os órgãos sociais da «sigla»;

c) Utilizar os serviços da «sigla» para a resolução dos problemas relativos aos seus

filhos ou educandos, dentro do âmbito definido no artigo quinto;

d) Serem mantidos ao corrente de toda a atividade da «sigla».

Artigo 9°

São deveres dos associados:

a) Cumprir os presentes estatutos;

b) Cooperar nas atividades da «sigla»;

c) Exercer, com zelo e diligência, os cargos para que forem eleitos;

d) Pagar a joia e as quotas que forem fixadas.

Artigo 10º

Perdem a qualidade de associados:

a) Os pais ou encarregados de educação cujos filhos deixem de estar matriculados na

Escola;

b) Os que o solicitem por escrito;

c) Os que infringirem o que se encontra estabelecido nos presentes estatutos;

d) Os que não satisfaçam as suas quotas no prazo que lhes venha a ser comunicado.

Capítulo Terceiro

Dos órgãos sociais

Artigo 11º

São Órgãos Sociais da «sigla»: a Assembleia Geral, o Conselho Executivo e o Conselho

Fiscal.

Artigo 12º

Os membros da mesa da assembleia geral, o Conselho Executivo e o conselho fiscal são

eleitos anualmente, por sufrágio direto e secreto pelos associados que componham a assembleia

geral.

Artigo 13°·

A assembleia geral é constituída por todos os associados no pleno gozo dos seus direitos.

Artigo 14º

a) A mesa da assembleia geral terá um presidente e dois secretários (primeiro e segundo);

b) O presidente da mesa será substituído, na sua falta, pelo primeiro secretário e este pelo

segundo.

Artigo 15º

a) A assembleia geral reunirá em sessão ordinária no primeiro período de cada ano letivo

para discussão e aprovação do relatório anual de atividades e contas e para eleição dos

órgãos sociais;

b) A assembleia geral reunirá em sessão extraordinária por iniciativa do presidente da mesa;

a pedido da direção ou do conselho fiscal ou por petição subscrita por, pelo menos, vinte

associados no pleno gozo dos seus direitos.

50

Artigo 16°

A convocatória para a assembleia geral será feita com a antecedência mínima de oito dias,

por circular enviada a todos os associados, indicando a data, hora, local e ordem de trabalhos.

Artigo 17º

A assembleia geral considera-se legalmente constituída se estiverem presentes, pelo menos,

mais de metade dos associados, funcionando m e i a hora mais tarde com qualquer número

de associados.

Artigo 18º

São atribuições da assembleia geral:

a) Aprovar e alterar os estatutos;

b) Eleger e exonerar os membros dos corpos sociais;

c) Fixar anualmente o montante da joia e da quota;

d) Discutir e aprovar o relatório de atividades e contas da gerência;

e) Apreciar e votar a integração da «sigla» em Federações e/ou Confederações de

associações similares;

f) Dissolver a «sigla»;

g) Pronunciar-se sobre outros assuntos que sejam submetidos à sua apreciação.

Artigo 19º

A «sig la» será gerida por u m Conselho Executivo constituído por cinco associados: um

presidente, um vice­ presidente, um tesoureiro, um secretário e um vogal.

Artigo 20º

O Conselho Executivo reunirá mensalmente e sempre que o presidente ou a maioria dos seus

membros o solicite.

Artigo 21º

Compete ao Conselho Executivo:

a) Prosseguir os objetivos para que foi criada a «sigla»;

b) Executar as deliberações da assembleia geral;

c) Administrar os bens da «sigla»;

d) Submeter à assembleia geral o relatório de atividades e contas anuais para discussão e

aprovação;

e) Representar a «sigla»;

f) Propor à assembleia geral o montante das joia e quota a fixar para o ano seguinte;

g) Admitir e exonerar os associados.

Artigo 22º

O conselho fiscal é constituído por três associados: um presidente e dois vogais.

Artigo 23º

Compete ao conselho fiscal:

a) Dar parecer sobre o relatório de atividades e contas da direção;

b) Verificar, periodicamente, a legalidade das despesas efetuadas e a conformidade

estatutária dos atos da direção.

Artigo 24º

O conselho fiscal reunirá uma vez por trimestre ou por solicitação de dois dos seus membros.

51

Capítulo Quarto

Do regime financeiro

Artigo 25º

Constituem, nomeadamente, receitas da «sigla»:

As joias e quotas dos associados;

a) As subvenções ou doações que lhe sejam concedidas;

b) A venda de publicações.

Artigo 26º

A «sigla» só fica obrigada pela assinatura conjunta de dois membros da direção, sendo

obrigatória a do presidente ou do tesoureiro.

Artigo 27º

As d isponibilidades financeiras da «sigla» serão obrigatoriamente depositadas n um

estabelecimento bancário, em conta própria da associação.

Artigo 28º

Em caso de dissolução, o ativo da «sigla», depois de satisfeito o passivo, reverterá

integralmente a favor da entidade que a assembleia geral determinar.

Capítulo Quinto

Disposições gerais e transitórias

Artigo 29º

O ano social da «sigla» principia em um de Outubro e termina em trinta de Setembro.

Artigo 30º

Os membros dos corpos sociais exercerão os seus cargos sem qualquer remuneração.

Artigo 31º

Entre a aquisição de personalidade jurídica pela «sigla» e a primeira assembleia geral que

se realizar, esta será gerida por uma Comissão Instaladora constituída por cinco dos sócios

fundadores.

52

MODELO DE UMA CONVOCATÓRIA

PARA UMA ASSEMBLEIA GERAL

Convocatória

Nos termos do art.º _____ dos Estatutos da Associação de Pais da Escola

__________________________________ convoco a Assembleia geral, para a sua sessão Ordinária

(ou extraordinária) a realizar no dia ____ de _________________ de _________, pelas _______horas,

na Escola _____________________________________________, com a seguinte agenda de

trabalho:

1º Período antes da ordem do dia:

1.1. Informação.

2º Ordem do dia:

2.1. Leitura e aprovação da ata de secção anterior:

2.2. Apreciação e votação do relatório de atividades e contas, bem como o parecer do Conselho

Fiscal, relativos ao ano de ________;

2.3. Eleições dos corpos sociais para o ano de ________;

2.4. Apreciação e votação do plano de atividades e o respetivo orçamento para o ano de _______;

3º Outros assuntos:

O Presidente da Mesa da Assembleia Geral

(nome)

Se à hora marcada não se verificar o número legal de associados, será a mesma realizada em 2ª

convocação, 30 minutos depois, com qualquer número de associados presentes, tornando-se as

decisões desta definitivas.

53

MODELO DE ATA DE UMA ASSEMBLEIA GERAL (Para facilitar a entrega da mesma às estruturas orgânicas do Movimento

Associativo de Pais, bem como as alteração em contas bancárias).

Assembleia Geral da Associação de Pais da Escola

.../Jardim de Infância...

ATA N.º ...

Aos __________________dias do mês de ______________ de dois mil e ____________, pelas

_______ horas e ______ minutos, realizou-se, na Escola ____________________

_____________________, a Assembleia Geral da Associação de Pais e Encarregados de

Educação da Escola.../..., em sessão ordinária, presidida por __________ (Presidente da Mesa

da Assembleia Geral) e secretariada por __________ (Secretário da Mesa da Assembleia Geral),

com a seguinte Ordem de Trabalhos:

1.º - Leitura da Acta da última Assembleia Geral

2.º - Informações;

3.º - Discutir e votar o Relatório de Atividades, as Contas e o Parecer do Conselho Fiscal;

4.º - Aprovar o Plano de Atividades e o Orçamento para o ano de _____;

5.º - Eleger os membros dos Órgãos Sociais para o ano de ______;

6.º - Outros assuntos de interesse.

O presidente da Assembleia Geral iniciou os trabalhos, após meia hora da primeira convocatória,

ao abrigo dos estatutos, estando ______ pessoas presentes, como consta da folha de presenças,

pela leitura da Ata Número _____ da Assembleia Geral anterior, realizada no dia ____ de

_______________ de dois mil e_____. Colocada a votação a Ata foi aprovada por todos os

elementos presentes, que estiveram na referida Assembleia Geral.

De seguida passou-se ao segundo ponto. Foram dadas algumas informações pelo presidente da

Direção (ou Conselho Executivo): (referir uma ou outra mais importante); pelo presidente da Mesa

da Assembleia Geral (referir uma ou outra mais importante) e pelo presidente do Conselho

Executivo da Escola, que foi convidado para estar presente no início da reunião (referir uma ou

outra mais importante).

Chegados ao terceiro ponto: "Discutir e votar o relatório de atividades, as contas e o parecer do

Conselho Fiscal referentes ao exercício do ano de _____", o presidente da Direção cessante fez

uma pequena apresentação do Relatório de Atividades. Posto à votação, o Relatório de Atividades

foi aprovado por unanimidade (ou por maioria e com X votos contra e Y abstenções).

Seguidamente, o tesoureiro passou à apresentação das contas do exercício findo.

Depois foi lido o parecer do Conselho Fiscal. Submetidas à votação, as Contas foram aprovadas

por unanimidade (ou por maioria e com X votos contra e Y abstenções).

(idem para o ponto 4)

54

A seguir, o presidente da Mesa da Assembleia Geral passou ao quinto ponto: - "Eleger os novos

Membros dos Órgãos Sociais para o Mandato __________________". Para o efeito apresentou-

se uma lista, tendo a mesma sido votada de acordo com os estatutos.

Os Órgãos Sociais, para o ano de dois mil e ________, ficaram constituídos como se segue:

cargo nome

Mesa da Assembleia Geral

Presidente

1º secretário

2º secretario

Direção (ou conselho executivo)

Presidente

Vice- presidente

Secretario

Tesoureiro

Vogal

Suplente

Suplente

Concelho Fiscal

Presidente

Vogal

Vogal

Ficou referido, conforme consta nos estatutos, que a conta bancária só pode ser movimentada por

duas assinaturas de entre o presidente e o secretário da Direção (ou do Conselho Executivo) e o

tesoureiro, sendo a deste último obrigatório.

Foi decidido por unanimidade que, no final da Assembleia Geral, se iria proceder à tomada de

posse dos novos Órgãos Sociais em livro próprio (poderá ser noutro momento).

Depois de realizada a eleição entrou-se no último ponto: - "Outros assuntos de interesse". Seguiu-

se um período de discussão alargada sobre diversas preocupações referentes à escola.

E nada mais havendo a tratar, o presidente da Mesa da Assembleia Geral deu por finalizada a

Assembleia Geral pelas ______horas e ______minutos, da qual se lavrou esta ata, que vai ser

assinada, nos termos da lei:

O Presidente da Mesa da Assembleia Geral: _________________________________________

O Secretário da Mesa da Assembleia Geral: ______________________________________

55

MODELO DE AUTO DE TOMADA DE POSSE

AUTO DE TOMADA DE POSSE

AUTO NÚMERO______

Aos _________________ dias do mês de ___________ de dois mil e ____________, pelas

________________ horas e _________________ minutos, na Escola ______________________

_________________, realizou-se a Tomada de Posse dos Órgãos Sociais eleitos da Associação

de Pais e Encarregados de Educação da Escola _______________________________,

inicialmente presidida por ____________________(Presidente da Mesa da Assembleia Geral

cessante), o qual, após dar posse ao atual presidente da MAG, lhe passou poderes para presidir à

mesma. Os seguintes empossados assumiram cumprir as suas funções e dignificar a Associação:

Cargo Nome Assinatura

Mesa da Assembleia Geral

Presidente

1º Secretário

2º Secretário

Direção ou (Conselho Executivo)

Presidente

Vice-Presidente

Secretário

Tesoureiro

Vogal

1º Suplente

2º Suplente

Conselho Fiscal

Presidente

Vogal

Vogal

Após as assinaturas supra que atestam esta tomada de posse, foi encerrado este ato solene pelas

_______horas e ______ minutos, da qual consta este auto, que vai ser assinado pelo Presidente da Mesa

da Assembleia Geral.

O Presidente: _________________________________________________

56

MODELO DE FICHA DE INSCRIÇÃO NUMA

ASSOCIAÇÃO DE PAIS

Inscrição na Associação de Pais

O acompanhamento do percurso escolar do seu filho/educando é fundamental para o seu

sucesso e pode ser feito através da sua participação direta ou da Associação de Pais. Esta

está representada no Conselho Geral e no Conselho Pedagógico onde transmite a perspetiva

dos pais e encarregados de educação, sendo que para isso precisamos de conhecer a sua

opinião. Por favor, devolva este folheto devidamente preenchido.

- ESTOU DISPONÍVEL PARA PARTICIPAR NA ASSOCIAÇÃO DE PAIS (assinale com X) (facultativo)

Inscrição/Sócio n.º: ______ - 2016/17

Nome (Pai, Mãe, Enc. de Educ. ou Prof.): ______________________________________________________

Profissão (facultativo): _______________________________________ Telef. (facultativo) _______________

Correio-E (legível p. f.): _________________________________ @ _________________________._______

Morada (para correspondência): ____________________________________ n.º______ Andar _____.º____

Localidade: _____________________________ Cód. Postal ________-_____, ________________________

Aluno/a: ____________________________________________________________________, Ano: ______.º

Ano Letivo: ____/___. Data: ____/____/2XXX.

Apesar de não obrigatório, contribuo voluntariamente com: _______,____ €

O Pai, Mãe ou Encarregado de Educação

______________________________

ASSOCIAÇÃO DE PAIS E ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO DOS

ALUNOS DA ESCOLA _________________________ ____________________________________________

57

MODELO DE UMA COMISSÃO DAS AP DAS

ESCOLAS POR AGRUPAMENTO

Tendo em conta que a participação dos Pais e Encarregados de Educação na vida da Escola

deve ser cada vez mais alargada e não restringida, deve a Comissão (ou União) das

Associações de Pais e Encarregados de Educação das Escolas do Agrupamento:

a) Defender o papel individualizado e a mobilização das Associações de Pais das Escolas;

b) Defender a participação ativa dos Pais e Encarregados de Educação na vida das

escolas, através da sua organização representativa - as Associações de Pais.

Conselho Geral

Composição, Eleição dos Pais e Competências

Introdução

O DL 75/2008 consagrou direitos de participação e representação aos pais e encarregados de

educação na administração e gestão das escolas, reforçando e ampliando os direitos garantidos

pelo DL 115/1998, que deu o direito de voto aos representantes dos pais no conselho de

pedagógico e na assembleia do agrupamento ou escola não agrupada. “ Em primeiro lugar, trata-

se de reforçar a participação das famílias e comunidades na direção estratégica dos

estabelecimentos de ensino”, lia-se no preâmbulo do DL 75/2008.

É objetivo deste pequeno Manuel de Apoio facultar aos dirigentes associativos e aos

representantes dos pais no Conselho Geral, informação e normas sobre questões organizativas

do processo eleitoral, assim como a legislação aplicável, a fim de se evitarem frequentes erros e

más interpretações da lei.

Como organizar o processo eleitoral dos representantes de pais

O processo eleitoral decorre de acordo com o estabelecido no ponto 3 do Artigo 14º do DL

137/2012. A candidatura à eleição dos representantes dos pais está consagrada no ponto acima

referido.

Aí se diz, claramente, o seguinte: “ Os representantes dos pais e encarregados de educação são

eleitos em assembleia-geral de pais e encarregados de educação do agrupamento de escolas ou

escola não agrupada, SOB PROPOSTA DAS RESPECTIVAS ORGANIZAÇÕES

REPRESENTATIVAS, e na falta das mesmas, nos termos a definir no regulamento interno”.

Daqui resulta, que compete às Associações de Pais a apresentação de lista com os nomes a

eleger para o Conselho Geral, e a mais ninguém.

Refira-se que na lista de efetivos têm que constar igual número de suplentes.

No caso de uma escola não agrupada, compete somente à sua associação de pais a elaboração

da lista.

No caso de agrupamentos de escolas, existem duas maneiras de proceder à elaboração da lista

e à eleição:

1. As associações de pais elaboram em conjunto a lista e convocam a assembleia de pais e

encarregados de educação do agrupamento para a escola sede;

58

2. As associações de pais elaboram em conjunto a lista e convocam a assembleia geral de pais

e encarregados de educação para todas as escolas do agrupamento. Neste caso, a

assembleia terá que decorrer no mesmo dia e à mesma hora em todas as escolas, onde se

apresentará e votará a lista.

3. No caso de existir uma Associação de Pais de Agrupamento, o procedimento é igual ao de

uma escola não agrupada.

4. No caso de existir uma Comissão das Associações de Pais do Agrupamento, é valido o

referido no n.º 1.

Eis um exemplo de constituição de uma Comissão de Ap’s de um Agrupamento:

I

Princípios

1) Tendo em conta que a participação dos Pais e Encarregados de Educação na vida da Escola

deve ser cada vez mais alargada e não restringida, deve a União [ou Comissão] das

Associações de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento:

• Defender o papel individualizado e a mobilização das Associações de Pais das Escolas;

• Defender a participação ativa dos Pais e Encarregados de Educação na vida das

escolas, através da sua organização representativa - as Associações de Pais.

2) Para que a escola obtenha um maior conjunto de informação oriunda dos pais e

encarregados de educação, deve a União [ou Comissão] das Associações de Pais e

Encarregados de Educação do Agrupamento:

No Conselho Geral:

• Bater-se pela representatividade de todos os níveis de ensino presentes no

agrupamento;

• Não sendo possível, bater-se pela representatividade de 3 níveis de ensino: pré-

escolar/1.º Ciclo, 2.º-3.º Ciclo, Secundário;

II

Constituição

1) Fazem parte da União (ou Comissão) das Associações de Pais e Encarregados de Educação

do Agrupamento de Escolas, todas as Associações de Pais das Escolas que integram este

agrupamento, bem como uma representação dos pais das escolas que não tenham

associação de pais.

2) Os representantes na União (ou Comissão) devem ser indicados pela associação

representada e fazer parte dos seus órgãos sociais:

a) Tendo em conta a representatividade de 2 membros por cada Escola;

b) Tendo em conta que cada Escola será representada por pelo menos um

representante.

3) Todos os mandatos têm a duração de um ano letivo.

III

Gestão

1) A União (ou Comissão) é constituída por um coordenador, um secretário, sendo os restantes

vogais.

2) O coordenador da União (ou Comissão) e o secretário são eleitos por todos os

representantes indicados pelas associações.

59

IV

Competências

1) Compete à União (ou Comissão) das Associações de Pais e Encarregados de Educação

do Agrupamento:

a) A representação dos Pais e encarregados de Educação dos alunos das escolas

do Agrupamento, por elementos pertencentes aos Órgãos Sociais das APEE das

Escolas;

b) Organizar, convocar e realizar a Assembleia Geral de Todos os Pais das Escolas

do Agrupamento para eleição dos Representantes dos Pais e Encarregados de

Educação no Conselho Geral, de acordo com o Artigo 14.ª do DL 137/2012;

c) Propor à Assembleia Geral (de todos os pais e encarregados de educação do

Agrupamento) os Representantes dos Pais e Encarregados de Educação no Conselho

Geral, na qual se integrem elementos pertencentes aos Órgãos Sociais das

Associações de Pais das Escolas;

d) A ligação entre as Associações de Pais e Encarregados de Educação das Escolas com

a Direção Executiva e Pedagógica do Agrupamento, sem prejuízo de intervenção

conjunta com cada Associação de Escola.

2) Promover a participação ativa das Associações no Movimento Associativo de Pais.

3) Promover a constituição de Associações de Pais e Encarregados de Educação nas escolas

do agrupamento onde não existam:

a) Dinamizando a mobilização de Pais e Encarregados de Educação da Escola;

b) Gerindo as primeiras reuniões de Pais e Encarregados de Educação;

c) Apoiando a realização da Assembleia Constituinte e todo o processo de constituição.

4) Não compete à União (ou Comissão) das APEE do Agrupamento:

a) A indicação dos representantes dos encarregados de educação nos Conselhos

de Turma;

b) Interferir na vida interna das associações, preservando a autonomia e independência

das mesmas, exceto nos casos de pedido de apoio;

c) A representação das Associações de Pais das Escolas, quando por estas não solicitado.

Nota: Esta é uma proposta, não um documento acabado, que se deve adaptar a cada realidade

local do respetivo agrupamento.

60

MODELO DE INSCRIÇÃO NA SEGURANÇA SOCIAL

61

Após estes passos, deve ser solicitada a inscrição na Segurança Social, conforme Modelo que

disponibilizamos, sendo necessário juntar cópia do BI/CC do Presidente da AP.

62

FEDERAÇÕES CONCELHIAS E REGIONAIS

DAS ASSOCIAÇÕES DE PAIS

As Federações Concel hias são constituídas pelas Associações de Pais da área

correspondente ao concelho e o seu objeto é congregar, coordenar, dinamizar, defender e

representá-las, de modo a possibilitar e facilitar o exercício do direi to e dever que

cabem aos pais e encarregados de educação de orientarem e participarem ativamente na

educação integral dos seus filhos e educandos.

As Federações Concelhias são membros da Federação Regional do seu Distrito ou Região e

da Confederação Nacional das Associações de Pais e adota, por isso, o ideário, a

declaração de princípios, os objetivos e as diretrizes da CONFAP.

As Federações Regionais são consti tuídas pelas Associações de Pais e Federações

Concelhias da área correspondente à sua área geográfica (Distrito ou Região) e o seu objeto é

congregar, coordenar, dinamizar, defender e representá-las, de modo a possibilitar e

facilitar o exercício do direito e dever que cabem aos pais e encarregados de educação

de orientarem e participarem ativamente na educação integral dos seus filhos e

educandos.

As Federações Regionais são membros da Confederação Nacional das Associações de

Pais e adota, por isso, o ideário, a declaração de princípios, os objetivos e as diretrizes da

CONFAP.

63

CONFAP – CONFEDERAÇÃO NACIONAL

DAS ASSOCIAÇÕES DE PAIS

A Confederação Nacional das Associações de Pais é uma estrutura confederada das

Associações de Pais e Encarregados de Educação e das suas estruturas federadas, sem fins

lucrativos, cuja finalidade é congregar, coordenar, dinamizar, defender e representar, a nível

nacional, o movimento associativo de pais e intervirá como parceiro social junto dos órgãos

de soberania, autoridades e instituições de modo a possibilitar e facilitar o exercício do direito

de cumprimento do dever que cabem aos pais e encarregados de educação, de orientarem e

participarem ativamente como primeiros responsáveis, na educação integral dos seus filhos e

educandos.

(Ver artigos 3º, 5º e 6º dos Estatutos)

Independente, a confessional, apolítica, pluralista, respeita a Declaração Universal dos Direitos

do Homem, defende e apoia a família.

(Ver artigo 3° dos Estatutos)

Integra Associações de Pais e Encarregados de Educação de qualquer grau ou modalidade de

ensino - oficial, particular ou cooperativo.

(Ver artigo 8º dos Estatutos)

AÇÃO DA CONFAP

No plano internacional:

Pretende contribuir para:

➢ Suscitar a equivalência de diplomas e títulos;

➢ Desenvolver trocas de experiencias;

➢ Ajudar a promover a existência de um consenso em matéria de educação nos países

da união europeia;

➢ Tornar efetivos o reconhecimento universal dos direitos de intervenção das

Associações de Pais na definição das politicas educativas;

No plano Nacional:

Estuda os problemas relativos à formação global dos jovens suscitando uma participação

interessada ao nível de cada Escola.

Intervém junto dos poderes públicos, para melhorar situações relativas a nomeadamente:

➢ Ações sociais Escolares, Alimentação e Seguro escolar;

➢ Qualidade e Liberdade de Ensino;

➢ Transportes Escolares;

➢ Edifícios Escolares;

➢ Ocupação de Tempos livres;

➢ Educação para a Cidadania, para a Saúde e Educação Sexual;

➢ Acesso ao Ensino Superior;

➢ Gestão das Escolas e Articulação de programas;

➢ Absentismo de Professores;

➢ Insucesso Escolar;

64

Representações da CONFAP

No Plano Internacional:

➢ EPA -European Parents association, com sede na Bélgica;

➢ UIOF – Union International des Organismes Familiaux, com sede em Paris;

➢ CIP – Confederation International des Parents;

No Plano Nacional:

➢ Conselho Nacional da Educação;

➢ Conselho Coordenador do Ensino particular e Cooperativo;

➢ Conselho Consultor dos assuntos da Família;

➢ Conselhos regionais do instituto da juventude;

➢ Comissões de Menores;

➢ Centro de Estudo Judiciários;

➢ Instituto português de luta Contra a Droga e toxicodependência;

➢ Conselho de Acompanhamento da Reforma Curricular;

➢ Comissão de Acompanhamento de Regime de Autonomia, administração e gestão

escolar;

➢ Gabinete de Segurança do Ministério de Educação;

➢ Comissão de Luta Contra a Sida;

➢ Conselho de opinião da RTP e RDP;

➢ Fórum dos telespectadores da TVI;

➢ Agencia Nacional para os programas comunitários;

➢ Comissão de acompanhamento para o III quadro comunitário de apoio;

➢ Gabinete Linha aberta;

➢ Trabalho infantil (PEPT e CNASTI).

Mantém também contactos privilegiados com:

• Ministério da educação,

• Direção Geral da Família,

• CNASTI (sócio fundador),

• Organizações representativas de professores,

• Movimentos ligados à Família.

Confederação Nacional das Associações de Pais – CONFAP

Rua Carlos José Barreiros, 16 –C/V

1000-088 Lisboa

Telef: 218 471 978

Telm: 917 893 573

Email: [email protected]

65

66

LEGISLAÇÃO EM VIGOR

Código Civil …………………………………………………………………………………... 68

Decreto Lei 372/1990 substituído pelo 29/2006 (Lei das Associações de Pais)…………. 73

Decreto Lei 137/2012 (Autonomia, Gestão e Administração)……………………………… 78

Decreto Lei 51/2012 (Estatuto do Aluno)…………………………………………………….. 104

Decreto Lei 49/2005 (Lei Bases Sistema Educativo)………………………………………… 131

Outra legislação de interesse

Lei 20/2004 (Estatuto do Dirigente Associativo)

Portaria 413/1999 (Seguro Escolar)

Despacho 25 650/2006 (Escola Segura)

Decreto Lei 15/2007 (Estatutos Carreira Docente)

Decreto Lei 4/2015 (Código Procedimento Administrativo)

67

68

CODIGO CIVIL

Definição de Associação Uma associação é normalmente uma pessoa coletiva composta por pessoas singulares e/ou coletivas, sem

finalidades lucrativas, agrupadas em torno de objetivos e necessidades comuns.

Direito de Associação

No âmbito internacional o direito de associação está consagrado, por exemplo, na Declaração Universal

dos Direitos do Homem (art. 20º nº 1 e 2) e na Convenção Europeia dos Direitos do Homem (aprovada,

para ratificação, pela Lei n.º 65/78 de 13/10), de onde se retira:

Artigo 11º

1 - Qualquer pessoa tem direito à liberdade de reunião pacífica e à liberdade de associação, incluindo o direito

de, com outrem, fundar e filiar-se em sindicatos para a defesa dos seus interesses. 2 - O exercício deste direito só pode ser objeto de restrições que, sendo previstas na lei, constituírem

disposições necessárias, numa sociedade democrática, para a segurança nacional, a segurança pública, a

defesa da ordem e a prevenção do crime, a proteção da saúde ou da moral, ou a proteção dos direitos e das

liberdades de terceiros. O presente artigo não proíbe que sejam impostas restrições legítimas ao exercício

destes direitos aos membros das forças armadas, da polícia ou da administração do Estado.

No âmbito Nacional, o direito de Associação está consagrado na Constituição da República Portuguesa

(arts. 46º, 51º, 55º e 56º, 60º - n.º 3, 63º - n.º 3, 66º - n.º 2 g), 71º - n.º 3, 73º, n.º 3, 77º, n.º 2, 79º - n.º 2, 263º

- n.º2).

AS ASSOCIAÇÕES NO CÓDIGO CIVIL

Estes artigos regulam, em geral, as associações que não tenham por fim o lucro económico dos associados,

mas havendo legislação específica, é por estas que em primeiro lugar as organizações se regem, e só

secundariamente e em caso de omissão é que se aplicam estas disposições gerais.

CÓDIGO CIVIL PORTUGUÊS

CAPÍTULO II Pessoas coletivas

SECÇÃO I Disposições gerais

ARTIGO 157.º (Campo de aplicação)

As disposições do presente capítulo são aplicáveis às associações que não tenham por fim o lucro

económico dos associados, às fundações de interesse social, e ainda às sociedades, quando a analogia das

situações o justifique.

ARTIGO 158.º· (Aquisição da personalidade)

1. As associações constituídas por escritura pública, com as especificações referidas no nº 1 do

artigo 167.º, gozam de personalidade jurídica.

2. As fundações adquirem personalidade jurídica pelo reconhecimento, o qual é individual e da

competência da autoridade administrativa.

(Redação do Dec.-Lei 496/77, de 25-11)

ARTIGO 158.º-A (Nulidade do ato de constituição ou instituição)

É aplicável à constituição de pessoas coletivas o disposto no artigo 280.º, devendo o Ministério Público

promover a declaração judicial da nulidade.

(Aditado pelo Dec.-Lei 496/77, de 25-11)

69

ARTIGO 159.º (Sede)

A sede da pessoa coletiva é a que os respetivos estatutos fixarem ou, na falta de designação estatutária, o

lugar em que funciona normalmente a administração principal.

ARTIGO 160.º (Capacidade)

1. A capacidade das pessoas coletivas abrange todos os direitos e obrigações necessários ou convenientes à

prossecução dos seus fins.

2. Exceptuam-se os direitos e obrigações vedados por lei ou que sejam inseparáveis da personalidade

singular.

ARTIGO 161.º

(Revogado pelo Dec.-Lei 496/77, de 25-11)

ARTIGO 162.º (Órgãos)

Os estatutos da pessoa coletiva designarão os respetivos órgãos, entre os quais haverá um órgão colegial de

administração e um conselho fiscal, ambos eles constituídos por um número ímpar de titulares, dos quais

um será o presidente.

ARTIGO 163.º (Representação)

1. A representação da pessoa coletiva, em juízo e fora dele, cabe a quem os estatutos determinarem ou, na

falta de disposição estatutária, à administração ou a quem por ela for designado.

2. A designação de representantes por parte da administração só é oponível a terceiros quando se prove que

estes a conheciam.

ARTIGO 164.º (Obrigações e responsabilidade dos titulares dos órgãos da pessoa coletiva)

1. As obrigações e a responsabilidade dos titulares dos órgãos das pessoas coletivas para com estas são

definidas nos respetivos estatutos, aplicando-se, na falta de disposições estatutárias, as regras do mandato

com as necessárias adaptações.

2. Os membros dos corpos gerentes não podem abster-se de votar nas deliberações tomadas em reuniões a

que estejam presentes, e são responsáveis pelos prejuízos delas decorrentes, salvo se houverem manifestado

a sua discordância.

ARTIGO 165.º (Responsabilidade civil das pessoas coletivas)

As pessoas coletivas respondem civilmente pelos atos ou omissões dos seus representantes, agentes ou

mandatários nos mesmos termos em que os comitentes respondem pelos atos ou omissões dos seus

comissários.

ARTIGO 166.º (Destino dos bens no caso de extinção)

1. Extinta a pessoa coletiva, se existirem bens que lhe tenham sido doados ou deixados com qualquer encargo

ou que estejam afetados a um certo fim, o tribunal, a requerimento do Ministério Público, dos liquidatários,

de qualquer associado ou interessado, ou ainda de herdeiros do doador ou do autor da deixa testamentária,

atribui-los-á, com o mesmo encargo ou afetação, a outra pessoa coletiva.

2. Os bens não abrangidos pelo número anterior têm o destino que lhes for fixado pelos estatutos ou por

deliberação dos associados, sem prejuízo do disposto em leis especiais; na falta de fixação ou de lei especial,

o tribunal, a requerimento do Ministério Público, dos liquidatários, ou de qualquer associado ou interessado,

determinará que sejam atribuídos a outra pessoa coletiva ou ao Estado, assegurando, tanto quanto possível,

a realização dos fins da pessoa extinta. (Redação do Dec.-Lei 496/77, de 25-11)

70

SECÇÃO II Associações

ARTIGO 167.º (Acto de constituição e estatutos)

1. O acto de constituição da associação especificará os bens ou serviços com que os associados concorrem

para o património social, a denominação, fim e sede da pessoa colectiva, a forma do seu funcionamento,

assim como a sua duração, quando a associação se não constitua por tempo indeterminado.

2. Os estatutos podem especificar ainda os direitos e obrigações dos associados, as condições da sua

admissão, saída e exclusão, bem como os termos da extinção da pessoa colectiva e consequente devolução

do seu património.

ARTIGO 168.º (Forma e publicidade)

1. O acto de constituição da associação, os estatutos e as suas alterações devem constar de escritura pública.

2. O notário deve, oficiosamente, a expensas da associação, comunicar a constituição e estatutos, bem

como as alterações destes, à autoridade administrativa e ao Ministério Público e remeter ao jornal oficial

um extracto para publicação.

3. O acto de constituição, os estatutos e as suas alterações não produzem efeitos em relação a terceiros,

enquanto não forem publicados nos termos do número anterior. (Redacção do Dec.-Lei 496/77, de 25-11)

ARTIGO 169.º (Revogado pelo Dec.-Lei 496/77, de 25-11)

ARTIGO 170.º (Titulares dos órgãos da associação e revogação dos seus poderes)

1. É a assembleia-geral que elege os titulares dos órgãos da associação, sempre que os estatutos não

estabeleçam outro processo de escolha.

2. As funções dos titulares eleitos ou designados são revogáveis, mas a revogação não prejudica os direitos

fundados no acto de constituição.

3. O direito de revogação pode ser condicionado pelos estatutos à existência de justa causa.

ARTIGO 171.º (Convocação e funcionamento do órgão da administração e do conselho fiscal)

1. O órgão da administração e o conselho fiscal são convocados pelos respectivos presidentes e só podem

deliberar com a presença da maioria dos seus titulares.

2. Salvo disposição legal ou estatutária em contrário, as deliberações são tomadas por maioria de votos dos

titulares presentes, tendo o presidente, além do seu voto, direito a voto de desempate.

ARTIGO 172.º (Competência da assembleia geral)

1. Competem à assembleia-geral todas as deliberações não compreendidas nas atribuições legais ou

estatutárias de outros órgãos da pessoa colectiva.

2. São, necessariamente, da competência da assembleia-geral a destituição dos titulares dos órgãos da

associação, a aprovação do balanço, a alteração dos estatutos, a extinção da associação e a autorização para

esta demandar os administradores por factos praticados no exercício do cargo.

ARTIGO 173.º (Convocação da assembleia)

1. A assembleia-geral deve ser convocada pela administração nas circunstâncias fixadas pelos estatutos e,

em qualquer caso, uma vez em cada ano para aprovação do balanço.

2. A assembleia será ainda convocada sempre que a convocação seja requerida, com um fim legítimo, por

um conjunto de associados não inferior à quinta parte da sua totalidade, se outro número não for

estabelecido nos estatutos.

3. Se a administração não convocar a assembleia nos casos em que deve fazê-lo, a qualquer associado é

lícito efectuar a convocação.

71

ARTIGO 174.º (Forma de convocação)

1. A assembleia-geral é convocada por meio de aviso postal, expedido para cada um dos associados com a

antecedência mínima de oito dias; no aviso indicar-se-á o dia, hora e local da reunião e a respectiva ordem

do dia.

2. São anuláveis as deliberações tomadas sobre matéria estranha à ordem do dia, salvo se todos os

associados comparecerem à reunião e todos concordarem com o aditamento.

3. A comparência de todos os associados sanciona quaisquer irregularidades da convocação, desde que

nenhum deles se oponha à realização da assembleia.

ARTIGO 175.º

(Funcionamento)

1. A assembleia não pode deliberar, em primeira convocação, sem a presença de metade, pelo menos, dos

seus associados.

2. Salvo o disposto nos números seguintes, as deliberações são tomadas por maioria absoluta dos

associados presentes.

3. As deliberações sobre alterações dos estatutos exigem o voto favorável de três quartos do número dos

associados presentes.

4. As deliberações sobre a dissolução ou prorrogação da pessoa colectiva requerem o voto favorável de três

quartos do número de todos os associados.

5. Os estatutos podem exigir um número de votos superior ao fixado nas regras anteriores.

ARTIGO 176.º (Privação do direito de voto)

1. O associado não pode votar, por si ou como representante de outrem, nas matérias em que haja conflito

de interesses entre a associação e ele, seu cônjuge, ascendentes ou descendentes.

2. As deliberações tomadas com infracção do disposto no número anterior são anuláveis se o voto do

associado impedido for essencial à existência da maioria necessária.

ARTIGO 177.º (Deliberações contrárias à lei ou aos estatutos)

As deliberações da assembleia-geral contrárias à lei ou aos estatutos, seja pelo seu objecto, seja por virtude

de irregularidades havidas na convocação dos associados ou no funcionamento da assembleia, são

anuláveis.

ARTIGO 178.º (Regime da anulabilidade)

1. A anulabilidade prevista nos artigos anteriores pode ser arguida, dentro do prazo de seis meses, pelo

órgão da administração ou por qualquer associado que não tenha votado a deliberação.

2. Tratando-se de associado que não foi convocado regularmente para a reunião da assembleia, o prazo só

começa a correr a partir da data em que ele teve conhecimento da deliberação.

ARTIGO 179.º (Protecção dos direitos de terceiro)

A anulação das deliberações da assembleia não prejudica os direitos que terceiro de boa fé haja adquirido

em execução das deliberações anuladas.

ARTIGO 180.º (Natureza pessoal da qualidade de associado)

Salvo disposição estatutária em contrário, a qualidade de associado não é transmissível, quer por acto entre

vivos, quer por sucessão; o associado não pode incumbir outrem de exercer os seus direitos pessoais.

ARTIGO 181º (Efeito de saída ou exclusão)

O associado que por qualquer forma deixar de pertencer à associação não tem o direito de repetir as

quotizações que haja pago e perde o direito ao património social, sem prejuízo da sua responsabilidade por

todas as prestações relativas ao tempo em que foi membro da associação.

72

ARTIGO 182.º (Causas de extinção)

1. As associações extinguem-se:

a) Por deliberação da assembleia-geral;

b) Pelo decurso do prazo, se tiverem sido constituídas temporariamente;

c) Pela verificação de qualquer outra causa extintiva prevista no acto de constituição ou nos estatutos;

d) Pelo falecimento ou desaparecimento de todos os associados;

e) Por decisão judicial que declare a sua insolvência.

2. As associações extinguem-se ainda por decisão judicial:

a) Quando o seu fim se tenha esgotado ou se haja tornado impossível;

b) Quando o seu fim real não coincida com o fim expresso no acto de constituição ou nos estatutos;

c) Quando o seu fim seja sistematicamente prosseguido por meios ilícitos ou imorais;

d) Quando a sua existência se torne contrária à ordem pública. (Redacção do Dec.-Lei 496/77, de 25-11)

ARTIGO 183.º (Declaração da extinção)

1. Nos casos previstos nas alíneas b) e c) do nº 1 do artigo anterior, a extinção só se produzirá se, nos trinta

dias subsequentes à data em que devia operar-se, a assembleia-geral não decidir a prorrogação da

associação ou a modificação dos estatutos.

2. Nos casos previstos no nº 2 do artigo precedente, a declaração da extinção pode ser pedida em juízo pelo

Ministério Público ou por qualquer interessado.

3. A extinção por virtude da declaração de insolvência dá-se em consequência da própria declaração. (Redacção do Dec.-Lei 496/77, de 25-11)

ARTIGO 184.º (Efeitos da extinção)

1. Extinta a associação, os poderes dos seus órgãos ficam limitados à prática dos actos meramente

conservatórios e dos necessários, quer à liquidação do património social, quer à ultimação dos negócios

pendentes; pelos actos restantes e pelos danos que deles advenham à associação respondem solidariamente

os administradores que os praticarem.

2. Pelas obrigações que os administradores contraírem, a associação só responde perante terceiros se estes

estavam de boa fé e à extinção não tiver sido dada a devida publicidade.

[Estes artigos 285.º a 294.º são o regime geral para qualquer negócio jurídico. Só se aplica o regime geral não

havendo disposições específicas para as associações e, dentro das associações, para as associações de pais, há uma

hierarquia das normas]

73

Decreto-Lei nº. 29/2006 de 04 de Julho

Segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 372/90, de 27 de Novembro, que disciplina o regime de

constituição, os direitos e os deveres a que ficam subordinadas as associações de pais e encarregados

de educação.

ANEXO

Republicação do Decreto-Lei n.º 372/90, de 27 de Novembro

Artigo 1.º

Objecto

1 - O presente diploma aprova o regime que disciplina a constituição das associações de pais e encarregados

de educação, adiante designadas por associações de pais, e define os direitos e deveres das referidas

associações, bem como das suas federações e confederações.

2 - O presente diploma define ainda os direitos dos pais e encarregados de educação enquanto membros

dos órgãos de administração e gestão dos estabelecimentos públicos de educação pré-escolar e dos ensinos

básico e secundário e respectivas estruturas de orientação educativa.

3 - O presente diploma é aplicável aos estabelecimentos de ensino particular e cooperativo que detenham

contratos de associação com o Estado, à excepção da participação nos seus órgãos de administração e

gestão, que é regulamentada pelo seu estatuto.

Artigo 2.º

Fins

As associações de pais visam a defesa e a promoção dos interesses dos seus associados em tudo quanto

respeita à educação e ensino dos seus filhos e educandos que sejam alunos da educação pré-escolar ou dos

ensinos básico ou secundário, público, particular ou cooperativo.

Artigo 3.º

Independência e democraticidade

1 - As associações de pais são independentes do Estado, dos partidos políticos, das organizações religiosas

e de quaisquer outras instituições ou interesses.

2 - Os pais e encarregados de educação têm o direito de constituir livremente associações de pais ou de se

integrarem em associações já constituídas, de acordo com os princípios de liberdade de associação.

3 - Qualquer associado goza do direito de plena participação na vida associativa, incluindo o direito de

eleger e de ser eleito para qualquer cargo dos corpos sociais.

Artigo 4.º

Autonomia

As associações de pais gozam de autonomia na elaboração e aprovação dos respectivos estatutos e demais

normas internas, na eleição dos seus corpos sociais, na gestão e administração do seu património próprio,

na elaboração de planos de actividade e na efectiva prossecução dos seus fins.

Artigo 5.º

Constituição

1 - Os pais e encarregados de educação que se queiram constituir em associação de pais devem aprovar os

respectivos estatutos.

2 - Depois de aprovados, os estatutos devem ser depositados na Secretaria-Geral do Ministério da

Educação, acompanhados de uma lista dos respectivos outorgantes, com identificação completa e morada

de cada um, e de certificado de admissibilidade da denominação da associação, emitido pelo Registo

Nacional de Pessoas Colectivas.

3 - O Ministério da Educação remeterá cópia dos documentos referidos no número anterior à Procuradoria-

Geral da República para controlo de legalidade, após o que promoverá a respectiva publicação gratuita no

Diário da República.

4 - As associações de pais podem funcionar, a título provisório, logo que se mostre cumprido o disposto

no n.º 2.

74

Artigo 6.º

Personalidade

As associações de pais gozam de personalidade jurídica a partir da data da publicação dos seus estatutos

no Diário da República.

Artigo 7.º

Sede e instalações

1 - A associação de pais pode designar como sede da própria associação, nos respectivos estatutos, um

estabelecimento de educação ou ensino sempre que aí se encontre inscrita a generalidade dos filhos ou

educandos dos seus associados.

2 - No caso previsto no número anterior, a associação de pais pode utilizar instalações do mesmo

estabelecimento, em termos a definir no regulamento interno da escola, para nelas reunir, não constituindo

as mesmas seu património próprio.

3 - Sempre que na escola não seja possível colocar à disposição da associação de pais instalações adequadas

para a sua actividade, designadamente mobiliário e outro equipamento necessário ao bom desempenho das

suas funções, a direcção do estabelecimento de ensino assegurará pelo menos o equipamento indispensável

para funcionamento de arquivo.

Artigo 8.º

Organizações federativas

As associações de pais são livres de se agruparem ou filiarem em uniões, federações ou confederações, de

âmbito local, regional, nacional ou internacional, com fins idênticos ou similares aos seus.

Artigo 9.º

Direitos

1 - Constituem direitos das associações de pais ao nível de estabelecimento ou agrupamento:

a) Participar, nos termos do regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos

públicos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, na definição da política educativa

da escola ou agrupamento;

b) Participar, nos termos da lei, na administração e gestão dos estabelecimentos de educação ou de

ensino;

c) Reunir com os órgãos de administração e gestão do estabelecimento de educação ou de ensino em

que esteja inscrita a generalidade dos filhos e educandos dos seus associados, designadamente para

acompanhar a participação dos pais nas actividades da escola;

d) Distribuir a documentação de interesse das associações de pais e afixá-la em locais destinados para

o efeito no estabelecimento de educação ou de ensino;

e) Beneficiar de apoio documental a facultar pelo estabelecimento de educação ou de ensino ou pelos

serviços competentes do Ministério da Educação.

2 - Constituem direitos das associações de pais ao nível nacional, regional ou local:

a) Pronunciar-se sobre a definição da política educativa;

b) Estar representadas nos órgãos consultivos no domínio da educação, ao nível local, bem como em

órgãos consultivos ao nível regional ou nacional com atribuições nos domínios da definição e do

planeamento do sistema educativo e da sua articulação com outras políticas sociais;

c) Beneficiar do direito de antena nos serviços públicos de rádio e televisão nos mesmos termos das

associações com estatuto de parceiro social;

d) Solicitar junto dos órgãos da administração central, regional e local as informações que lhes

permitam acompanhar a definição e a execução da política de educação;

e) Beneficiar de apoio do Estado, através da administração central, regional e local, para a prossecução

dos seus fins, nomeadamente no exercício da sua actividade no domínio da formação, informação e

representação dos pais e encarregados de educação, nos termos a regulamentar;

f) Participar na elaboração e acompanhamento de planos e programas nacionais, regionais e locais de

educação;

g) Iniciar e intervir em processos judiciais e em procedimentos administrativos quanto a interesses

dos seus associados, nos termos da lei.

3 - O direito previsto na alínea c) do número anterior é exclusivamente reportado às associações de pais de

âmbito nacional.

75

4 - As associações de pais de âmbito regional e local exercem os direitos previstos nas alíneas a) e b) do

n.º 2 em função da incidência das medidas no âmbito geográfico e do objecto da sua acção.

5 - A matéria referida no n.º 1 deve ser prevista no regulamento interno do estabelecimento ou

agrupamento.

6 - As associações de pais, através das respectivas confederações, são sempre consultadas aquando da

elaboração de legislação sobre educação e ensino, sendo-lhes fixado um prazo não inferior a oito dias a

contar da data em que lhes é facultada a consulta para se pronunciarem sobre o objecto da mesma.

7 - As actividades extracurriculares e de tempos livres levadas a cabo com alunos são consideradas, quando

incluídas no plano de actividades da escola ou agrupamento de escolas, no âmbito do seguro escolar.

Artigo 9.º-A

Deveres das associações

1 - As associações de pais e encarregados de educação têm o dever de promover junto dos seus associados

a adequada utilização dos serviços e recursos educativos.

2 - No caso de receberem apoios por parte do Estado ou de qualquer outra entidade, as associações de pais

têm o dever de prestar informação sobre a sua natureza, origem e aplicação através da apresentação de

relatório de actividades e contas, em termos a regulamentar, à entidade a indicar pelo Ministério da

Educação, até final do mês de Março do ano seguinte ao que se reportam, incumbindo à referida entidade

promover a sua publicitação em lugar próprio do sítio do Ministério da Educação na Internet.

Artigo 10.º

Participação na definição da política educativa (Revogado.)

Artigo 11.º

Participação na elaboração da legislação (Revogado.)

Artigo 12.º

Reunião com órgãos de administração e gestão

1 - As reuniões entre as associações de pais e os órgãos de administração e gestão dos estabelecimentos de

educação ou de ensino podem ter lugar sempre que qualquer das referidas entidades o julgue necessário.

2 - Sempre que a matéria agendada para a reunião o aconselhe, pode a associação de pais solicitar aos

órgãos de administração e gestão do estabelecimento de educação ou de ensino que sejam convocados para

as reuniões outros agentes do mesmo estabelecimento.

Artigo 13.º

Apoio documental

1 - O apoio documental às associações de pais compreende o acesso a legislação sobre educação e ensino,

bem como a outra documentação de interesse para as mesmas associações.

2 - As associações podem, nos termos de protocolos a celebrar com os estabelecimentos de educação ou

de ensino e dentro das disponibilidades orçamentais destes, beneficiar de outros apoios de carácter técnico

ou logístico.

Artigo 14.º

Dever de colaboração

1 - Incumbe aos órgãos de administração e gestão dos estabelecimentos de educação ou de ensino, de

acordo com as disponibilidades existentes:

a) Viabilizar as reuniões dos órgãos das associações de pais;

b) Facultar locais próprios de dimensão adequada para a distribuição ou afixação de documentação de

interesse das associações de pais.

2 - A cedência de instalações para as reuniões dos órgãos das associações de pais deve ser solicitada ao

órgão directivo do estabelecimento de educação ou ensino, com a antecedência mínima de cinco dias.

Artigo 15.º

Regime especial de faltas

76

1 - As faltas dadas pelos titulares dos órgãos sociais das associações de pais, ou das suas estruturas

representativas, para efeitos do estabelecido na alínea b) do n.º 2 do artigo 9.º e do artigo 12.º, desde que

devidamente convocados, consideram-se para todos os efeitos justificadas mas determinam a perda da

retribuição correspondente.

2 - Os pais ou encarregados de educação membros dos órgãos de administração e gestão dos

estabelecimentos públicos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário têm direito, para a

participação em reuniões dos órgãos para as quais tenham sido convocados, a gozar um crédito de dias

remunerado, nos seguintes termos:

a) Assembleia, um dia por trimestre;

b) Conselho pedagógico, um dia por mês;

c) Conselho de turma, um dia por trimestre;

d) Conselho municipal de educação, sempre que reúna;

e) Comissão de protecção de crianças e jovens, ao nível municipal, um dia por bimestre.

3 - As faltas dadas nos termos do número anterior consideram-se justificadas e contam, para todos os

efeitos legais, como serviço efectivo, salvo no que respeita ao subsídio de refeição.

4 - Às faltas que excedam o crédito referido no n.º 2, e que comprovadamente se destinem ao mesmo fim,

aplica-se o disposto no número anterior, mas determinam a perda da retribuição correspondente.

5 - As faltas a que se refere o presente artigo podem ser dadas em períodos de meio dia e são justificadas

mediante a apresentação da convocatória e de documento comprovativo da presença passado pela entidade

ou órgão que convocou a reunião.

6 - A forma de participação dos pais ou encarregados de educação em órgãos de administração e gestão de

escolas particulares ou cooperativas que tenham celebrado com o Estado contratos de associação nos

termos do Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo é regulada por este Estatuto.

Artigo 15.º-A

Utilidade pública e mecenato

1 - Às associações de pais pode, a seu pedido, ser conferido o estatuto de utilidade pública, nos termos e

para os efeitos previstos no Decreto-Lei n.º 460/77, de 7 de Novembro.

2 - Consideram-se de reconhecimento especial, e como tal usufruem dos benefícios a conceder por via do

Decreto-Lei n.º 460/77, de 7 de Novembro, as seguintes situações:

a) Organização de actividades de enriquecimento curricular no âmbito do prolongamento de horário

e da escola a tempo inteiro;

b) Organização de actividades de apoio às famílias.

3 - Os donativos concedidos às associações de pais beneficiam do regime estabelecido no Estatuto do

Mecenato, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 74/99, de 16 de Março.

Artigo 16.º

Contratos-programa

As associações de pais poderão beneficiar de especial apoio do Estado, o qual será prestado nos termos a

acordar em contrato-programa com o Ministério da Educação e no quadro das disponibilidades orçamentais

dos respectivos departamentos.

Artigo 17.º

Direito aplicável

As associações de pais regem-se pelos respectivos estatutos, pelo presente diploma e, subsidiariamente,

pela lei geral sobre o direito de associação.

Artigo 18.º

Associações já constituídas

As associações de pais legalmente constituídas à data da entrada em vigor do presente diploma que

pretendam beneficiar dos direitos nele consignados devem proceder ao depósito de cópia dos respectivos

estatutos na Secretaria-Geral do Ministério da Educação.

Artigo 19.º

Aplicação às Regiões Autónomas

77

A aplicação do presente diploma nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira não prejudica as

competências próprias dos serviços e organismos das respectivas administrações regionais.

Artigo 20.º

Revogação

É revogada a Lei n.º 7/77, de 1 de Fevereiro.

78

DECRETO-LEI N.º 137/2012 de 2 de Julho

A Lei de Bases do Sistema Educativo, aprovada pela Lei n.º 46/86, de 14 de Outubro, alterada pelas Leis n.os

115/97, de 19 de Setembro, 49/2005, de 30 de agosto, e 85/2009, de 27 de agosto, consagra o direito à

educação pela garantia de uma permanente ação formativa orientada para o desenvolvimento global da

personalidade, o progresso social e a democratização da sociedade.

Por sua vez, no Programa do XIX Governo Constitucional, a educação é assumida como um serviço público

universal sendo estabelecida como missão do Governo a substituição da facilidade pelo esforço, do

dirigismo pedagógico pelo rigor científico, da indisciplina pela disciplina, do centralismo pela autonomia.

Neste sentido, a administração e a gestão das escolas assumem-se como instrumentos fundamentais para atingir

as metas a prosseguir pelo Governo para o aperfeiçoamento do sistema educativo.

Assente neste quadro programático e na experiência adquirida no decurso da vigência do regime jurídico

de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos

básico e secundário, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 75/2008, de 22 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º

224/2009, de 11 de Setembro, o Governo pretende promover a sua revisão com vista a dotar o ordenamento

jurídico português de normas que garantam e promovam o reforço progressivo da autonomia e a maior

flexibilização organizacional e pedagógica das escolas, condições essenciais para a melhoria do sistema público

de educação. Para tal contribuirá a reestruturação da rede escolar, a consolidação e alargamento da rede de escolas

com contractos de autonomia, a hierarquização no exercício de cargos de gestão, a integração dos instrumentos

de gestão, a consolidação de uma cultura de avaliação e o reforço da abertura à comunidade.

O aprofundamento da autonomia das escolas e a consequente maior eficácia dos procedimentos e dos resultados

decorrerá, em grande medida, através da celebração de contractos de autonomia entre a respectiva escola, o

Ministério da Educação e Ciência e outros parceiros da comunidade, nomeadamente, em domínios como a

diferenciação da oferta educativa, a transferência de competências na organização do currículo, a constituição

de turmas, a gestão de recursos humanos.

Por outro lado, pretende proceder-se também à reorganização da rede escolar através do agrupamento e agregação

de escolas de modo a garantir e reforçar a coerência do projecto educativo e a qualidade pedagógica das

escolas e estabelecimentos de educação pré-escolar que o integram, bem como a proporcionar aos alunos de

uma dada área geográfica um percurso sequencial e articulado e, desse modo, favorecer a transição adequada

entre os diferentes níveis e ciclos de ensino.

Mantêm-se os órgãos de administração e gestão, mas reforça-se a competência do conselho geral, atenta a

sua legitimidade, enquanto órgão de representação dos agentes de ensino, dos pais e encarregados de educação e

da comunidade local, designadamente de instituições, organizações de carácter económico, social, cultural e

científico.

Adicionalmente, procede-se ao reajustamento do processo eleitoral do director, conferindo-lhe maior

legitimidade através do reforço da exigência dos requisitos para o exercício da função e, por outro lado,

consagram-se mecanismos de responsabilização no exercício dos cargos de direcção, de gestão e de gestão

intermédia.

Com a nova constituição do conselho pedagógico confere-se-lhe um carácter estritamente profissional,

confinando a sua constituição a docentes.

Atendendo à sua importância na organização escolar, e em particular na avaliação do desempenho docente,

o presente diploma reforça e visa, igualmente, os requisitos de formação, bem como de legitimidade eleitoral do

coordenador de departamento.

Considerando a complexidade da administração e gestão escolar, promove-se a simplificação e integração dos

instrumentos de gestão estratégica, de modo que estes sejam facilmente apreendidos por toda a comunidade

educativa e proporcionem melhores condições de eficácia.

Toda esta trajectória de aprofundamento da autonomia das escolas é realizada em estreita conexão com

processos de avaliação orientados para a melhoria da qualidade do serviço público de educação, pelo que se

79

reforça a valorização de uma cultura de auto avaliação e de avaliação externa, com a consequente introdução

de mecanismos de auto-regulação e melhoria dos desempenhos pedagógicos e organizacionais.

Foram ouvidos o Conselho das Escolas, a Associação Nacional de Municípios Portugueses e a Confederação

Nacional das Associações de Pais.

Foram observados os procedimentos decorrentes da Lei n.º 23/98, de 26 de Maio, alterada pela Lei n.º 59/2008,

de 11 de Setembro.

Assim:

No desenvolvimento do regime jurídico estabelecido pelo artigo 48.º e pela alínea d) do n.º 1 do artigo 62.º da

Lei de Bases do Sistema Educativo, aprovada pela Lei n.º 46/86, de 14 de Outubro, alterada pelas Leis n.os

115/97, de 19 de Setembro, 49/2005, de 30 de agosto, e 85/2009, de 27 de agosto, e nos termos da alínea c)

do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

ANEXO

Republicação do Decreto -Lei n.º 75/2008, de 22 de abril

(a que se refere o artigo 8.º)

CAPÍTULO I

Disposições gerais

SECÇÃO I

Objeto,

âmbito e princípios

Artigo 1.º

Objeto

O presente decreto -lei aprova o regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos públicos

da educação pré -escolar e dos ensinos básico e secundário.

Artigo 2.º

Âmbito de aplicação

1 — O presente regime jurídico aplica -se aos estabelecimentos públicos de educação pré -escolar e dos

ensinos básico e secundário, regular e especializado.

2 — Para os efeitos do presente decreto -lei, consideram-se estabelecimentos públicos os agrupamentos de

escolas e as escolas não agrupadas.

Artigo 3.º

Princípios gerais

1 — A autonomia, a administração e a gestão dos agrupamentos de escolas e das escolas não agrupadas

orientam-se pelos princípios da igualdade, da participação e da transparência.

2 — A autonomia, a administração e a gestão dos agrupamentos de escolas e das escolas não agrupadas

subordinam -se particularmente aos princípios e objetivos consagrados na Constituição e na Lei de Bases do

Sistema Educativo, designadamente:

a) Integrar as escolas nas comunidades que servem e estabelecer a interligação do ensino e das atividades

económicas, sociais, culturais e científicas;

b) Contribuir para desenvolver o espírito e a prática democráticos;

c) Assegurar a participação de todos os intervenientes no processo educativo, nomeadamente dos

professores, dos alunos, das famílias, das autarquias e de entidades representativas das atividades e

instituições económicas, sociais, culturais e científicas, tendo em conta as caraterísticas específicas dos

vários níveis e tipologias de educação e de ensino;

80

d) Assegurar o pleno respeito pelas regras da democraticidade e representatividade dos órgãos de

administração e gestão da escola, garantida pela eleição democrática de representantes da comunidade

educativa.

3 — A autonomia, a administração e a gestão dos agrupamentos de escolas e das escolas não agrupadas

funcionam sob o princípio da responsabilidade e da prestação de contas do Estado assim como de todos os

demais agentes ou intervenientes.

Artigo 4.º

Princípios orientadores e objetivos

1 — No quadro dos princípios e objetivos referidos no artigo anterior, a autonomia, a administração e a

gestão dos agrupamentos de escolas e das escolas não agrupadas organizam -se no sentido de:

a) Promover o sucesso e prevenir o abandono escolar dos alunos e desenvolver a qualidade do serviço

público de educação, em geral, e das aprendizagens e dos resultados escolares, em particular;

b) Promover a equidade social, criando condições para a concretização da igualdade de oportunidades

para todos;

c) Assegurar as melhores condições de estudo e de trabalho, de realização e de desenvolvimento pessoal

e profissional;

d) Cumprir e fazer cumprir os direitos e os deveres constantes das leis, normas ou regulamentos e manter

a disciplina;

e) Observar o primado dos critérios de natureza pedagógica sobre os critérios de natureza administrativa

nos limites de uma gestão eficiente dos recursos disponíveis para o desenvolvimento da sua missão;

f) Assegurar a estabilidade e a transparência da gestão e administração escolar, designadamente através

dos adequados meios de comunicação e informação;

g) Proporcionar condições para a participação dos membros da comunidade educativa e promover a sua

iniciativa.

2 — No respeito pelos princípios e objetivos enunciados e das regras estabelecidas no presente decreto -lei,

admite-se a diversidade de soluções organizativas a adotar pelos agrupamentos de escolas e pelas escolas não

agrupadas no exercício da sua autonomia organizacional, em particular no que concerne à organização

pedagógica.

Artigo 5.º

Princípios gerais de ética

No exercício das suas funções, os titulares dos cargos previstos no presente decreto -lei estão exclusivamente

ao serviço do interesse público, devendo observar no exercício das suas funções os valores fundamentais e

princípios da atividade administrativa consagrados na Constituição e na lei, designadamente os da legalidade,

justiça e imparcialidade, competência, responsabilidade, proporcionalidade, transparência e boa -fé.

SECÇÃO II

Organização

Artigo 6.º

Agrupamento de escolas

1 — O agrupamento de escolas é uma unidade organizacional, dotada de órgãos próprios de administração e

gestão, constituída pela integração de estabelecimentos de educação pré-escolar e escolas de diferentes níveis

e ciclos de ensino, com vista à realização das seguintes finalidades:

a) Garantir e reforçar a coerência do projeto educativo e a qualidade pedagógica das escolas e

estabelecimentos de educação pré -escolar que o integram, numa lógica de articulação vertical dos

diferentes níveis e ciclos de escolaridade;

b) Proporcionar um percurso sequencial e articulado dos alunos abrangidos numa dada área geográfica

e favorecer a transição adequada entre níveis e ciclos de ensino;

81

c) Superar situações de isolamento de escolas e estabelecimentos de educação pré -escolar e prevenir a

exclusão social e escolar;

d) Racionalizar a gestão dos recursos humanos e materiais das escolas e estabelecimentos de educação

pré -escolar que o integram.

2 — A constituição de agrupamentos de escolas obedece, designadamente, aos seguintes critérios:

a) Construção de percursos escolares coerentes e integrados;

b) Articulação curricular entre níveis e ciclos educativos;

c) Eficácia e eficiência da gestão dos recursos humanos, pedagógicos e materiais;

d) Proximidade geográfica;

e) Dimensão equilibrada e racional.

3 — Cada uma das escolas ou estabelecimentos de educação pré -escolar que integra o agrupamento mantém

a sua identidade e denominação próprias, recebendo o agrupamento uma designação que o identifique, nos

termos da legislação em vigor.

4 — O agrupamento integra escolas e estabelecimentos de educação pré -escolar de um mesmo concelho,

salvo em casos devidamente justificados e mediante parecer favorável das câmaras municipais envolvidas.

5 — No processo de constituição de um agrupamento de escolas deve garantir -se que nenhuma escola ou

estabelecimento de educação pré -escolar fique em condições de isolamento que dificultem uma prática

pedagógica de qualidade.

6 — No quadro dos princípios consagrados nos números anteriores, os requisitos e condições específicos a

que se subordina a constituição de agrupamentos de escolas são os definidos em regulamentação própria.

7 — No exercício da respetiva autonomia, e sem prejuízo do disposto nos números anteriores, podem ainda

os agrupamentos de escolas ou as escolas não agrupadas estabelecer com outras escolas, públicas ou privadas,

formas temporárias ou duradouras de cooperação e de articulação aos diferentes níveis, podendo para o efeito,

constituir parcerias, associações, redes ou outras formas de aproximação e partilha que, de algum modo,

possam contribuir para a prossecução de algum ou alguns dos objetivos previstos no presente artigo.

Artigo 7.º

Agregação de agrupamentos

Para fins específicos, designadamente para efeitos da organização da gestão do currículo e de programas, da

avaliação da aprendizagem, da orientação e acompanhamento dos alunos, da avaliação, formação e

desenvolvimento profissional do pessoal docente, pode a administração educativa, por sua iniciativa ou sob

proposta dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas, constituir unidades administrativas de maior

dimensão por agregação de agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas.

Artigo 7.º -A

Regime de exceção

1 — São excecionadas de integração em agrupamento ou de agregação:

a) As escolas integradas nos territórios educativos de intervenção prioritária;

b) As escolas profissionais públicas;

c) As escolas de ensino artístico;

d) As escolas que prestem serviços educativos permanentes em estabelecimentos prisionais;

e) As escolas com contrato de autonomia.

2 — A integração em agrupamentos ou a agregação das escolas referidas no número anterior depende da sua

iniciativa.

82

CAPÍTULO II

Regime de autonomia

Artigo 8.º

Autonomia

1 — A autonomia é a faculdade reconhecida ao agrupamento de escolas ou à escola não agrupada pela lei e

pela administração educativa de tomar decisões nos domínios da organização pedagógica, da organização

curricular, da gestão dos recursos humanos, da ação social escolar e da gestão estratégica, patrimonial,

administrativa e financeira, no quadro das funções, competências e recursos que lhe estão atribuídos.

2 — A extensão da autonomia depende da dimensão e da capacidade do agrupamento de escolas ou escola

não agrupada e o seu exercício supõe a prestação de contas, designadamente através dos procedimentos de

autoavaliação e de avaliação externa.

3 — A transferência de competências da administração educativa para as escolas observa os princípios do

gradualismo e da sustentabilidade.

Artigo 9.º

Instrumentos de autonomia

1 — O projeto educativo, o regulamento interno, os planos anual e plurianual de atividades e o orçamento

constituem instrumentos do exercício da autonomia de todos os agrupamentos de escolas e escolas não

agrupadas, sendo entendidos para os efeitos do presente decreto -lei como:

a) «Projeto educativo» o documento que consagra a orientação educativa do agrupamento de escolas ou

da escola não agrupada, elaborado e aprovado pelos seus órgãos de administração e gestão para um

horizonte de três anos, no qual se explicitam os princípios, os valores, as metas e as estratégias segundo

os quais o agrupamento de escolas ou escola não agrupada se propõe cumprir a sua função educativa;

b) «Regulamento interno» o documento que define o regime de funcionamento do agrupamento de

escolas ou da escola não agrupada, de cada um dos seus órgãos de administração e gestão, das estruturas

de orientação e dos serviços administrativos, técnicos e técnico -pedagógicos, bem como os direitos e

os deveres dos membros da comunidade escolar;

c) «Planos anual e plurianual de atividades» os documentos de planeamento, que definem, em função

do projeto educativo, os objetivos, as formas de organização e de programação das atividades e que

procedem à identificação dos recursos necessários à sua execução;

d) «Orçamento» o documento em que se preveem, de forma discriminada, as receitas a obter e as

despesas a realizar pelo agrupamento de escolas ou escola não agrupada.

2 — São ainda instrumentos de autonomia dos agrupamentos de escolas e das escolas não agrupadas, para

efeitos da respetiva prestação de contas, o relatório anual de atividades, a conta de gerência e o relatório de

autoavaliação, sendo entendidos para os efeitos do presente decreto-lei como:

a) «Relatório anual de atividades» o documento que relaciona as atividades efetivamente realizadas

pelo agrupamento de escolas ou escola não agrupada e identifica os recursos utilizados nessa realização;

b) «Conta de gerência» o documento que relaciona as receitas obtidas e despesas realizadas pelo

agrupamento de escolas ou escola não agrupada;

c) «Relatório de autoavaliação» o documento que procede à identificação do grau de concretização dos

objetivos fixados no projeto educativo, à avaliação das atividades realizadas pelo agrupamento de

escolas ou escola não agrupada e da sua organização e gestão, designadamente no que diz respeito aos

resultados escolares e à prestação do serviço educativo.

3 — O contrato de autonomia constitui o instrumento de desenvolvimento e aprofundamento da autonomia

dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas.

4 — O contrato de autonomia é celebrado entre a administração educativa e os agrupamentos de escolas ou

escolas não agrupadas, nos termos previstos no capítulo VII do presente decreto-lei.

83

Artigo 9.º -A

Integração dos instrumentos de gestão

1 — Os instrumentos de gestão a que se refere o artigo anterior, constituindo documentos diferenciados,

obedecem a uma lógica de integração e de articulação, tendo em vista a coerência, a eficácia e a qualidade

do serviço prestado.

2 — A integração e articulação a que alude o número anterior assentam, prioritariamente, nos seguintes

instrumentos:

a) No projeto educativo, que constitui um documento objetivo, conciso e rigoroso, tendo em vista a

clarificação e comunicação da missão e das metas da escola no quadro da sua autonomia pedagógica,

curricular, cultural, administrativa e patrimonial, assim como a sua apropriação individual e coletiva;

b) No plano anual e plurianual de atividades que concretiza os princípios, valores e metas enunciados

no projeto educativo elencando as atividades e as prioridades a concretizar no respeito pelo regulamento

interno e o orçamento.

CAPÍTULO III

Regime de administração e gestão

Artigo 10.º

Administração e gestão

1 — A administração e gestão dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas é assegurada por órgãos

próprios, aos quais cabe cumprir e fazer cumprir os princípios e objetivos referidos nos artigos 3.º e 4.º

do presente decreto -lei.

2 — São órgãos de direção, administração e gestão dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas os

seguintes:

a) O conselho geral;

b) O diretor;

c) O conselho pedagógico;

d) O conselho administrativo.

SECÇÃO I

Órgãos

SUBSECÇÃO I

Conselho geral

Artigo 11.º

Conselho geral

1 — O conselho geral é o órgão de direção estratégica responsável pela definição das linhas orientadoras da

atividade da escola, assegurando a participação e representação da comunidade educativa, nos termos e para

os efeitos do n.º 4 do artigo 48.º da Lei de Bases do Sistema Educativo.

2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, a articulação com o município faz -se ainda através das

câmaras municipais no respeito pelas competências dos conselhos municipais de educação, estabelecidos

pelo Decreto -Lei n.º 7/2003, de 15 de janeiro.

Artigo 12.º

Composição

1 — O número de elementos que compõem o conselho geral é estabelecido por cada agrupamento de escolas

ou escola não agrupada, nos termos do respetivo regulamento interno, devendo ser um número ímpar não

superior a 21.

84

2 — Na composição do conselho geral tem de estar salvaguardada a participação de representantes do pessoal

docente e não docente, dos pais e encarregados de educação, dos alunos, do município e da comunidade local.

3 — Para os efeitos previstos no número anterior, considera-se pessoal docente os docentes de carreira com

vínculo contratual com o Ministério da Educação e Ciência.

4 — Sem prejuízo do disposto no n.º 9, os membros da direção, os coordenadores de escolas ou de

estabelecimentos de educação pré -escolar, bem como os docentes que assegurem funções de assessoria da

direção, nos termos previstos no artigo 30.º, não podem ser membros do conselho geral.

5 — O número de representantes do pessoal docente e não docente, no seu conjunto, não pode ser superior a

50 % da totalidade dos membros do conselho geral.

6 — A representação dos discentes é assegurada por alunos maiores de 16 anos de idade.

7 — Nos agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas onde não haja lugar à representação dos alunos,

nos termos do número anterior, o regulamento interno pode prever a participação de representantes dos

alunos, sem direito a voto, nomeadamente através das respetivas associações de estudantes.

8 — Além de representantes dos municípios, o conselho geral integra representantes da comunidade local,

designadamente de instituições, organizações e atividades de caráter económico, social, cultural e científico.

9 — O diretor participa nas reuniões do conselho geral, sem direito a voto.

Artigo 13.º

Competências

1 — Sem prejuízo das competências que lhe sejam cometidas por lei ou regulamento interno, ao conselho

geral compete:

a) Eleger o respetivo presidente, de entre os seus membros, à exceção dos representantes dos alunos;

b) Eleger o diretor, nos termos dos artigos 21.º a 23.º do presente decreto -lei;

c) Aprovar o projeto educativo e acompanhar e avaliar a sua execução;

d) Aprovar o regulamento interno do agrupamento de escolas ou escola não agrupada;

e) Aprovar os planos anual e plurianual de atividades;

f) Apreciar os relatórios periódicos e aprovar o relatório final de execução do plano anual de atividades;

g) Aprovar as propostas de contratos de autonomia;

h) Definir as linhas orientadoras para a elaboração do orçamento;

i) Definir as linhas orientadoras do planeamento e execução, pelo diretor, das atividades no domínio da

ação social escolar;

j) Aprovar o relatório de contas de gerência;

k) Apreciar os resultados do processo de autoavaliação;

l) Pronunciar -se sobre os critérios de organização dos horários;

m) Acompanhar a ação dos demais órgãos de administração e gestão;

n) Promover o relacionamento com a comunidade educativa;

o) Definir os critérios para a participação da escola em atividades pedagógicas, científicas, culturais e

desportivas;

p) Dirigir recomendações aos restantes órgãos, tendo em vista o desenvolvimento do projeto educativo

e o cumprimento do plano anual de atividades;

q) Participar, nos termos definidos em diploma próprio, no processo de avaliação do desempenho do

diretor;

r) Decidir os recursos que lhe são dirigidos;

s) Aprovar o mapa de férias do diretor.

2 — O presidente é eleito por maioria absoluta dos votos dos membros do conselho geral em efetividade de

funções.

3 — Os restantes órgãos devem facultar ao conselho geral todas as informações necessárias para este realizar

eficazmente o acompanhamento e a avaliação do funcionamento do agrupamento de escolas ou escola não

agrupada.

85

4 — O conselho geral pode constituir no seu seio uma comissão permanente, na qual pode delegar as

competências de acompanhamento da atividade do agrupamento de escolas ou escola não agrupada entre as

suas reuniões ordinárias.

5 — A comissão permanente constitui -se como uma fração do conselho geral, respeitada a proporcionalidade

dos corpos que nele têm representação.

Artigo 14.º

Designação de representantes

1 — Os representantes do pessoal docente são eleitos por todos os docentes e formadores em exercício de

funções no agrupamento de escolas ou escola não agrupada.

2 — Os representantes dos alunos e do pessoal não docente são eleitos separadamente pelos respetivos

corpos, nos termos definidos no regulamento interno.

3 — Os representantes dos pais e encarregados de educação são eleitos em assembleia geral de pais e

encarregados de educação do agrupamento de escolas ou escola não agrupada, sob proposta das respetivas

organizações representativas, e, na falta das mesmas, nos termos a definir no regulamento interno.

4 — Os representantes do município são designados pela câmara municipal, podendo esta delegar tal

competência nas juntas de freguesia.

5 — Os representantes da comunidade local, quando se trate de individualidades ou representantes de

atividades de caráter económico, social, cultural e científico, são cooptados pelos demais membros nos

termos do regulamento interno.

6 — Os representantes da comunidade local, quando se trate de representantes de instituições ou organizações

são indicados pelas mesmas nos termos do regulamento interno.

Artigo 15.º

Eleições

1 — Os representantes referidos no n.º 1 do artigo anterior candidatam -se à eleição, apresentando -se em

listas separadas.

2 — As listas devem conter a indicação dos candidatos a membros efetivos, em número igual ao dos

respetivos representantes no conselho geral, bem como dos candidatos a membros suplentes.

3 — As listas do pessoal docente devem assegurar, sempre que possível, a representação dos diferentes níveis

e ciclos de ensino, nos termos definidos no regulamento interno.

4 — A conversão dos votos em mandatos faz -se de acordo com o método de representação proporcional da

média mais alta de Hondt.

Artigo 16.º

Mandato

1 — O mandato dos membros do conselho geral tem a duração de quatro anos, sem prejuízo do disposto nos

números seguintes.

2 — Salvo quando o regulamento interno fixar diversamente e dentro do limite referido no número anterior,

o mandato dos representantes dos pais e encarregados de educação e dos alunos tem a duração de dois anos

escolares.

3 — Os membros do conselho geral são substituídos no exercício do cargo se entretanto perderem a qualidade

que determinou a respetiva eleição ou designação.

4 — As vagas resultantes da cessação do mandato dos membros eleitos são preenchidas pelo primeiro

candidato não eleito, segundo a respetiva ordem de precedência, na lista a que pertencia o titular do mandato,

com respeito pelo disposto no n.º 4 do artigo anterior.

86

Artigo 17.º

Reunião do conselho geral

1 — O conselho geral reúne ordinariamente uma vez por trimestre e extraordinariamente sempre que

convocado pelo respetivo presidente, por sua iniciativa, a requerimento de um terço dos seus membros em

efetividade de funções ou por solicitação do diretor.

2 — As reuniões do conselho geral devem ser marcadas em horário que permita a participação de todos os

seus membros.

SUBSECÇÃO II

Diretor

Artigo 18.º

Diretor

O diretor é o órgão de administração e gestão do agrupamento de escolas ou escola não agrupada nas áreas

pedagógica, cultural, administrativa, financeira e patrimonial.

Artigo 19.º

Subdiretor e adjuntos do diretor

1 — O diretor é coadjuvado no exercício das suas funções por um subdiretor e por um a três adjuntos.

2 — O número de adjuntos do diretor é fixado em função da dimensão dos agrupamentos de escolas e escolas

não agrupadas e da complexidade e diversidade da sua oferta educativa, nomeadamente dos níveis e ciclos

de ensino e das tipologias de cursos que leciona.

3 — Os critérios de fixação do número de adjuntos do diretor são estabelecidos por despacho do membro do

Governo responsável pela área da educação.

Artigo 20.º

Competências

1 — Compete ao diretor submeter à aprovação do conselho geral o projeto educativo elaborado pelo conselho

pedagógico.

2 — Ouvido o conselho pedagógico, compete também ao diretor:

a) Elaborar e submeter à aprovação do conselho geral:

i) As alterações ao regulamento interno;

ii) Os planos anual e plurianual de atividades;

iii) O relatório anual de atividades;

iv) As propostas de celebração de contratos de autonomia;

b) Aprovar o plano de formação e de atualização do pessoal docente e não docente, ouvido também, no

último caso, o município.

3 — No ato de apresentação ao conselho geral, o diretor faz acompanhar os documentos referidos na alínea

a) do número anterior dos pareceres do conselho pedagógico.

4 — Sem prejuízo das competências que lhe sejam cometidas por lei ou regulamento interno, no plano da

gestão pedagógica, cultural, administrativa, financeira e patrimonial, compete ao diretor, em especial:

a) Definir o regime de funcionamento do agrupamento de escolas ou escola não agrupada;

b) Elaborar o projeto de orçamento, em conformidade com as linhas orientadoras definidas pelo

conselho geral; c) Superintender na constituição de turmas e na elaboração de horários;

d) Distribuir o serviço docente e não docente;

e) Designar os coordenadores de escola ou estabelecimento de educação pré -escolar;

f) Propor os candidatos ao cargo de coordenador de departamento curricular nos termos definidos no n.º

5 do artigo 43.º e designar os diretores de turma;

g) Planear e assegurar a execução das atividades no domínio da ação social escolar, em conformidade

com as linhas orientadoras definidas pelo conselho geral;

h) Gerir as instalações, espaços e equipamentos, bem como os outros recursos educativos;

87

i) Estabelecer protocolos e celebrar acordos de cooperação ou de associação com outras escolas e

instituições de formação, autarquias e coletividades, em conformidade com os critérios definidos pelo

conselho geral nos termos da alínea o) do n.º 1 do artigo 13.º;

j) Proceder à seleção e recrutamento do pessoal docente, nos termos dos regimes legais aplicáveis;

k) Assegurar as condições necessárias à realização da avaliação do desempenho do pessoal docente e

não docente, nos termos da legislação aplicável;

l) Dirigir superiormente os serviços administrativos, técnicos e técnico -pedagógicos.

5 - Compete ainda ao diretor:

a) Representar a escola;

b) Exercer o poder hierárquico em relação ao pessoal docente e não docente;

c) Exercer o poder disciplinar em relação aos alunos nos termos da legislação aplicável;

d) Intervir nos termos da lei no processo de avaliação de desempenho do pessoal docente;

e) Proceder à avaliação de desempenho do pessoal não docente;

f) (Revogada.)

6 -O diretor exerce ainda as competências que lhe forem delegadas pela administração educativa e pela

câmara municipal.

7 — O diretor pode delegar e subdelegar no subdiretor, nos adjuntos ou nos coordenadores de escola ou de

estabelecimento de educação pré-escolar as competências referidas nos números anteriores, com exceção da

prevista da alínea d) do n.º 5. 8 — Nas suas faltas e impedimentos, o diretor é substituído pelo subdiretor.

Artigo 21.º

Recrutamento

1 — O diretor é eleito pelo conselho geral.

2 — Para recrutamento do diretor, desenvolve -se um procedimento concursal, prévio à eleição, nos termos

do artigo seguinte.

3 — Podem ser opositores ao procedimento concursal referido no número anterior docentes de carreira do

ensino público ou professores profissionalizados com contrato por tempo indeterminado do ensino particular

e cooperativo, em ambos os casos com, pelo menos, cinco anos de serviço e qualificação para o exercício de

funções de administração e gestão escolar, nos termos do número seguinte.

4 — Consideram-se qualificados para o exercício de funções de administração e gestão escolar os docentes

que preencham uma das seguintes condições:

a) Sejam detentores de habilitação específica para o efeito, nos termos das alíneas b) e c) do n.º 1 do

artigo 56.º do Estatuto da Carreira Docente dos Educadores de Infância e dos Professores dos Ensinos

Básico e Secundário;

b) Possuam experiência correspondente a, pelo menos, um mandato completo no exercício dos cargos

de diretor, subdiretor ou adjunto do diretor, presidente ou vice-presidente do conselho executivo,

diretor executivo ou adjunto do diretor executivo ou membro do conselho diretivo e ou executivo, nos

termos dos regimes aprovados respetivamente pelo presente decreto -lei, pelo Decreto -Lei n.º 115 -

A/98, de 4 de maio, alterado pelo Decreto -Lei n.º 75/2008, de 22 de abril, pela Lei n.º 24/99, de 22 de

abril, pelo Decreto -Lei n.º 172/91, de 10 de maio, e pelo Decreto -Lei n.º 769 -A/76, de 23 de outubro;

c) Possuam experiência de, pelo menos, três anos como diretor ou diretor pedagógico de estabelecimento

do ensino particular e cooperativo;

d) Possuam currículo relevante na área da gestão e administração escolar, como tal considerado, em

votação secreta, pela maioria dos membros da comissão prevista no n.º 4 do artigo 22.º

5 — As candidaturas apresentadas por docentes com o perfil a que se referem as alíneas b), c) e d) do número

anterior só são consideradas na inexistência ou na insuficiência, por não preenchimento de requisitos legais

de admissão ao concurso, das candidaturas que reúnam os requisitos previstos na alínea a) do número

anterior.

88

6 — O subdiretor e os adjuntos são nomeados pelo diretor de entre os docentes de carreira que contem pelo

menos cinco anos de serviço e se encontrem em exercício de funções no agrupamento de escolas ou escola

não agrupada.

Artigo 22.º

Abertura do procedimento concursal

1 — Não sendo aprovada a recondução do diretor cessante, o conselho geral delibera a abertura do

procedimento concursal até 60 dias antes do termo do mandato daquele.

2 — Em cada agrupamento de escolas ou escola não agrupada, o procedimento concursal para preenchimento

do cargo de diretor é obrigatório, urgente e de interesse público.

3 — O aviso de abertura do procedimento contém, obrigatoriamente, os seguintes elementos:

a) O agrupamento de escolas ou escola não agrupada para que é aberto o procedimento concursal;

b) Os requisitos de admissão ao procedimento concursal fixados no presente decreto -lei;

c) A entidade a quem deve ser apresentado o pedido de admissão ao procedimento, com indicação do

respetivo prazo de entrega, forma de apresentação, documentos a juntar e demais elementos necessários

à formalização da candidatura;

d) Os métodos utilizados para a avaliação da candidatura.

4 — O procedimento concursal é aberto em cada agrupamento de escolas ou escola não agrupada, por aviso

publicitado do seguinte modo:

a) Em local apropriado das instalações de cada agrupamento de escolas ou escola não agrupada;

b) Na página eletrónica do agrupamento de escolas ou escola não agrupada e na do serviço competente

do Ministério da Educação e Ciência;

c) Por aviso publicado no Diário da República, 2.ª série, e divulgado em órgão de imprensa de expansão

nacional através de anúncio que contenha referência ao Diário da República em que o referido aviso se

encontra publicado.

5 — Com o objetivo de proceder à apreciação das candidaturas, o conselho geral incumbe a sua comissão

permanente ou uma comissão especialmente designada para o efeito de elaborar um relatório de avaliação.

6 — Para efeitos da avaliação das candidaturas, a comissão referida no número anterior considera

obrigatoriamente:

a) A análise do curriculum vitae de cada candidato, designadamente para efeitos de apreciação da sua

relevância para o exercício das funções de diretor e do seu mérito;

b) A análise do projeto de intervenção na escola;

c) O resultado de entrevista individual realizada com o candidato.

Artigo 22.º -A

Candidatura

1 — A admissão ao procedimento concursal é efetuada por requerimento acompanhado, para além de outros

documentos exigidos no aviso de abertura, pelo curriculum vitae e por um projeto de intervenção no

agrupamento de escolas ou escola não agrupada.

2 — É obrigatória a prova documental dos elementos constantes do currículo, com exceção daquela que já

se encontre arquivada no respetivo processo individual existente no agrupamento de escolas ou escola não

agrupada onde decorre o procedimento.

3 — No projeto de intervenção o candidato identifica os problemas, define a missão, as metas e as grandes

linhas de orientação da ação, bem como a explicitação do plano estratégico a realizar no mandato.

Artigo 22.º -B

Avaliação das candidaturas

1 — As candidaturas são apreciadas pela comissão permanente do conselho geral ou por uma comissão

especialmente designada para o efeito por aquele órgão.

89

2 — Sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 22.º, os métodos utilizados para a avaliação das candidaturas

são aprovados pelo conselho geral, sob proposta da sua comissão permanente ou da comissão especialmente

designada para a apreciação das candidaturas.

3 — Previamente à apreciação das candidaturas, a comissão referida no número anterior procede ao exame

dos requisitos de admissão ao concurso, excluindo os candidatos que os não preencham, sem prejuízo da

aplicação do artigo 76.º do Código do Procedimento Administrativo.

4 — Das decisões de exclusão da comissão de apreciação das candidaturas cabe recurso, com efeito

suspensivo, a interpor para o conselho geral, no prazo de dois dias úteis e a decidir, por maioria qualificada

de dois terços dos seus membros em efetividade de funções, no prazo de cinco dias úteis.

5 — A comissão que procede à apreciação das candidaturas, além de outros elementos fixados no aviso de

abertura, considera obrigatoriamente:

a) A análise do curriculum vitae de cada candidato, designadamente para efeitos de apreciação da sua

relevância para o exercício das funções de diretor e o seu mérito;

b) A análise do projeto de intervenção no agrupamento de escolas ou escola não agrupada;

c) O resultado da entrevista individual realizada com o candidato.

6 — Após a apreciação dos elementos referidos no número anterior, a comissão elabora um relatório de

avaliação dos candidatos, que é presente ao conselho geral, fundamentando, relativamente a cada um, as

razões que aconselham ou não a sua eleição.

7 — Sem prejuízo da expressão de um juízo avaliativo sobre as candidaturas em apreciação, a comissão não

pode, no relatório previsto no número anterior, proceder à seriação dos candidatos.

8 — A comissão pode considerar no relatório de avaliação que nenhum dos candidatos reúne condições para

ser eleito.

9 — Após a entrega do relatório de avaliação ao conselho geral, este realiza a sua discussão e apreciação,

podendo para o efeito, antes de proceder à eleição, por deliberação tomada por maioria dos presentes ou a

requerimento de pelo menos um terço dos seus membros em efetividade de funções, decidir efetuar a audição

oral dos candidatos, podendo nesta sede serem apreciadas todas as questões relevantes para a eleição.

10 — A notificação da realização da audição oral dos candidatos e as respetivas convocatórias são efetuadas

com a antecedência de, pelo menos, oito dias úteis.

11 — A falta de comparência do interessado à audição não constitui motivo do seu adiamento, podendo o

conselho geral, se não for apresentada justificação da falta, apreciar essa conduta para o efeito do interesse

do candidato na eleição.

12 — Da audição é lavrada ata contendo a súmula do ato.

Artigo 23.º

Eleição

1 — Após a discussão e apreciação do relatório e a eventual audição dos candidatos, o conselho geral procede

à eleição do diretor, considerando -se eleito o candidato que obtenha maioria absoluta dos votos dos membros

do conselho geral em efetividade de funções.

2 — No caso de o candidato ou de nenhum dos candidatos sair vencedor, nos termos do número anterior, o

conselho geral reúne novamente, no prazo máximo de cinco dias úteis, para proceder a novo escrutínio, ao

qual são admitidos consoante o caso, o candidato único ou os dois candidatos mais votados na primeira

eleição, sendo considerado eleito aquele que obtiver maior número de votos favoráveis, desde que em número

não inferior a um terço dos membros do conselho geral em efetividade de funções.

3 — Sempre que o candidato, no caso de ser único, ou o candidato mais votado, nos restantes casos, não

obtenha, na votação a que se refere o número anterior, o número mínimo de votos nele estabelecido, é o facto

comunicado ao serviço competente do Ministério da Educação e Ciência, para os efeitos previstos no artigo

66.º do presente decreto -lei.

4 — O resultado da eleição do diretor é homologado pelo diretor -geral da Administração Escolar nos 10

dias úteis posteriores à sua comunicação pelo presidente do conselho geral, considerando -se após esse prazo

tacitamente homologado.

90

5 — A recusa de homologação apenas pode fundamentar-se na violação da lei ou dos regulamentos,

designadamente do procedimento eleitoral.

Artigo 24.º

Posse

1 — O diretor toma posse perante o conselho geral nos 30 dias subsequentes à homologação dos resultados

eleitorais pelo diretor geral da Administração Escolar, nos termos do n.º 4 do artigo anterior.

2 — O diretor designa o subdiretor e os seus adjuntos no prazo máximo de 30 dias após a sua tomada de

posse.

3 — O subdiretor e os adjuntos do diretor tomam posse nos 30 dias subsequentes à sua designação pelo

diretor.

Artigo 25.º

Mandato

1 — O mandato do diretor tem a duração de quatro anos.

2 — Até 60 dias antes do termo do mandato do diretor, o conselho geral delibera sobre a recondução do

diretor ou a abertura do procedimento concursal tendo em vista a realização de nova eleição.

3 — A decisão de recondução do diretor é tomada por maioria absoluta dos membros do conselho geral em

efetividade de funções, não sendo permitida a sua recondução para um terceiro mandato consecutivo.

4 — Não é permitida a eleição para um quinto mandato consecutivo ou durante o quadriénio imediatamente

subsequente ao termo do quarto mandato consecutivo.

5 — Não sendo ou não podendo ser aprovada a recondução do diretor de acordo com o disposto nos números

anteriores, abre -se o procedimento concursal tendo em vista a eleição do diretor, nos termos do artigo 22.º

6 — O mandato do diretor pode cessar:

a) A requerimento do interessado, dirigido ao diretor-geral da Administração Escolar, com a

antecedência mínima de 45 dias, fundamentado em motivos devidamente justificados;

b) No final do ano escolar, por deliberação do conselho geral aprovada por maioria de dois terços dos

membros em efetividade de funções, em caso de manifesta desadequação da respetiva gestão,

fundada em fatos comprovados e informações, devidamente fundamentadas, apresentados por

qualquer membro do conselho geral;

c) Na sequência de processo disciplinar que tenha concluído pela aplicação de sanção disciplinar de

cessação da comissão de serviço, nos termos da lei.

7 — A cessação do mandato do diretor determina a abertura de um novo procedimento concursal.

8 — Os mandatos do subdiretor e dos adjuntos têm a duração de quatro anos e cessam com o mandato do

diretor.

9 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, e salvaguardadas as situações previstas nos artigos 35.º e

66.º, quando a cessação do mandato do diretor ocorra antes do termo do período para o qual foi eleito, o

subdiretor e os adjuntos asseguram a administração e gestão do agrupamento de escolas ou da escola não

agrupada até à tomada de posse do novo diretor, devendo o respetivo processo de recrutamento estar

concluído no prazo máximo de 90 dias.

10 — Não sendo possível adotar a solução prevista no número anterior e não sendo aplicável o disposto no

artigo 35.º, a gestão do agrupamento de escolas ou da escola não agrupada é assegurada nos termos

estabelecidos no artigo 66.º

11 — O subdiretor e os adjuntos podem ser exonerados a todo o tempo por decisão fundamentada do diretor.

Artigo 26.º

Regime de exercício de funções

1 — O diretor exerce as funções em regime de comissão de serviço.

2 — O exercício das funções de diretor faz -se em regime de dedicação exclusiva.

91

3 — O regime de dedicação exclusiva implica a incompatibilidade do cargo dirigente com quaisquer outras

funções, públicas ou privadas, remuneradas ou não.

4 — Excetuam-se do disposto no número anterior:

a) A participação em órgãos ou entidades de representação das escolas ou do pessoal docente;

b) Comissões ou grupos de trabalho, quando criados por resolução ou deliberação do Conselho de

Ministros ou por despacho do membro do Governo responsável pela área da educação;

c) A atividade de criação artística e literária, bem como quaisquer outras de que resulte a perceção de

remunerações provenientes de direitos de autor;

d) A realização de conferências, palestras, ações de formação de curta duração e outras atividades de

idêntica natureza;

e) O voluntariado, bem como a atividade desenvolvida no quadro de associações ou organizações não

governamentais.

5 — O diretor está isento de horário de trabalho, não lhe sendo, por isso, devida qualquer remuneração por

trabalho prestado fora do período normal de trabalho.

6 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, o diretor está obrigado ao cumprimento do período normal

de trabalho, assim como do dever geral de assiduidade.

7 — O diretor está dispensado da prestação de serviço letivo, sem prejuízo de, por sua iniciativa, o poder

prestar na disciplina ou área curricular para a qual possua qualificação profissional.

Artigo 27.º

Direitos do diretor

1 — O diretor goza, independentemente do seu vínculo de origem, dos direitos gerais reconhecidos aos

docentes do agrupamento de escolas ou escola não agrupada em que exerça funções.

2 — O diretor conserva o direito ao lugar de origem e ao regime de segurança social por que está abrangido,

não podendo ser prejudicado na sua carreira profissional por causa do exercício das suas funções, relevando

para todos os efeitos no lugar de origem o tempo de serviço prestado naquele cargo.

Artigo 28.º

Direitos específicos

1 — O diretor, o subdiretor e os adjuntos gozam do direito à formação específica para as suas funções em

termos a regulamentar por despacho do membro do Governo responsável pela área da educação.

2 — O diretor, o subdiretor e os adjuntos mantêm o direito à remuneração base correspondente à categoria

de origem, sendo-lhes abonado um suplemento remuneratório pelo exercício de função, a estabelecer nos

termos do artigo 54.º

Artigo 29.º

Deveres específicos

Para além dos deveres gerais dos trabalhadores que exercem funções públicas aplicáveis ao pessoal docente,

o diretor e os adjuntos estão sujeitos aos seguintes deveres específicos:

a) Cumprir e fazer cumprir as orientações da administração educativa;

b) Manter permanentemente informada a administração educativa, através da via hierárquica

competente, sobre todas as questões relevantes referentes aos serviços;

c) Assegurar a conformidade dos atos praticados pelo pessoal com o estatuído na lei e com os legítimos

interesses da comunidade educativa.

Artigo 30.º

Assessoria da direção

1 — Para apoio à atividade do diretor e mediante proposta deste, o conselho geral pode autorizar a

constituição de assessorias técnico -pedagógicas, para as quais são designados docentes em exercício de

funções no agrupamento de escolas ou escola não agrupada.

92

2 — Os critérios para a constituição e dotação das assessorias referidas no número anterior são definidos por

despacho do membro do Governo responsável pela área da educação, em função da população escolar e do

tipo e regime de funcionamento do agrupamento de escolas ou escola não agrupada.

SUBSECÇÃO III

Conselho pedagógico

Artigo 31.º

Conselho pedagógico

O conselho pedagógico é o órgão de coordenação e supervisão pedagógica e orientação educativa do

agrupamento de escolas ou escola não agrupada, nomeadamente nos domínios pedagógico-didático, da

orientação e acompanhamento dos alunos e da formação inicial e contínua do pessoal docente. Artigo 32.º

Composição

1 — A composição do conselho pedagógico é estabelecida pelo agrupamento de escolas ou escola não

agrupada nos termos do respetivo regulamento interno, não podendo ultrapassar o máximo de 17 membros e

observando os seguintes princípios:

a) Participação dos coordenadores dos departamentos curriculares;

b) Participação das demais estruturas de coordenação e supervisão pedagógica e de orientação educativa,

assegurando uma representação pluridisciplinar e das diferentes ofertas formativas;

c) (Revogada.)

2 — Os agrupamentos de escolas e as escolas não agrupadas podem ainda definir, nos termos do respetivo

regulamento interno, as formas de participação dos serviços técnico -pedagógicos.

3 — O diretor é, por inerência, presidente do conselho pedagógico.

4 — (Revogado.)

5 — (Revogado.)

6 — Os representantes do pessoal docente no conselho geral não podem ser membros do conselho

pedagógico.

Artigo 33.º

Competências

Sem prejuízo das competências que lhe sejam cometidas por lei ou regulamento interno, ao conselho

pedagógico compete:

a) Elaborar a proposta de projeto educativo a submeter pelo diretor ao conselho geral;

b) Apresentar propostas para a elaboração do regulamento interno e dos planos anual e plurianual de

atividade e emitir parecer sobre os respetivos projetos;

c) Emitir parecer sobre as propostas de celebração de contratos de autonomia;

d) Elaborar e aprovar o plano de formação e de atualização do pessoal docente;

e) Definir critérios gerais nos domínios da informação e da orientação escolar e vocacional, do

acompanhamento pedagógico e da avaliação dos alunos;

f) Propor aos órgãos competentes a criação de áreas disciplinares ou disciplinas de conteúdo regional e

local, bem como as respetivas estruturas programáticas;

g) Definir princípios gerais nos domínios da articulação e diversificação curricular, dos apoios e

complementos educativos e das modalidades especiais de educação escolar;

h) Adotar os manuais escolares, ouvidos os departamentos curriculares;

i) Propor o desenvolvimento de experiências de inovação pedagógica e de formação, no âmbito do

agrupamento de escolas ou escola não agrupada e em articulação com instituições ou

estabelecimentos do ensino superior vocacionados para a formação e a investigação;

j) Promover e apoiar iniciativas de natureza formativa e cultural;

k) Definir os critérios gerais a que deve obedecer a elaboração dos horários;

l) Definir os requisitos para a contratação de pessoal docente, de acordo com o disposto na legislação

aplicável;

93

m) Propor mecanismos de avaliação dos desempenhos organizacionais e dos docentes, bem como da

aprendizagem dos alunos, credíveis e orientados para a melhoria da qualidade do serviço de educação

prestado e dos resultados das aprendizagens;

n) Participar, nos termos regulamentados em diploma próprio, no processo de avaliação do desempenho

do pessoal docente.

Artigo 34.º

Funcionamento

1 — O conselho pedagógico reúne ordinariamente uma vez por mês e extraordinariamente sempre que seja

convocado pelo respetivo presidente, por sua iniciativa, a requerimento de um terço dos seus membros em

efetividade de funções ou sempre que um pedido de parecer do conselho geral ou do diretor o justifique.

2 — Nas reuniões plenárias ou de comissões especializadas, designadamente quando a ordem de trabalhos

verse sobre as matérias previstas nas alíneas a), b), e), f), j) e k) do artigo anterior, podem participar, sem

direito a voto, a convite do presidente do conselho pedagógico, representantes do pessoal não docente, dos

pais e encarregados de educação e dos alunos.

SUBSECÇÃO IV

Garantia do serviço público

Artigo 35.º

Dissolução dos órgãos

1 — A todo o momento, por despacho fundamentado do membro do Governo responsável pela área da

educação, na sequência de processo de avaliação externa ou de ação inspetiva que comprovem prejuízo

manifesto para o serviço público ou manifesta degradação ou perturbação da gestão do agrupamento de

escolas ou escola não agrupada, podem ser dissolvidos os respetivos órgãos de direção, administração e

gestão.

2 — No caso previsto no número anterior, o despacho do membro do Governo responsável pela área da

educação que determine a dissolução dos órgãos de direção, administração e gestão designa uma comissão

administrativa encarregada da gestão do agrupamento de escolas ou escola não agrupada.

3 — A comissão administrativa referida no número anterior é ainda encarregada de organizar novo

procedimento para a constituição do conselho geral, cessando o seu mandato com a eleição do diretor, a

realizar no prazo máximo de 18 meses a contar da sua nomeação.

SECÇÃO II

Conselho administrativo

Artigo 36.º

Conselho administrativo

O conselho administrativo é o órgão deliberativo em matéria administrativo-financeira do agrupamento de

escolas ou escola não agrupada, nos termos da legislação em vigor.

Artigo 37.º

Composição

O conselho administrativo tem a seguinte composição:

a) O diretor, que preside;

b) O subdiretor ou um dos adjuntos do diretor, por ele designado para o efeito;

c) O chefe dos serviços administrativos, ou quem o substitua.

94

Artigo 38.º

Competências

Sem prejuízo das competências que lhe sejam cometidas por lei ou regulamento interno, compete ao conselho

administrativo:

a) Aprovar o projeto de orçamento anual, em conformidade com as linhas orientadoras definidas pelo

conselho geral;

b) Elaborar o relatório de contas de gerência;

c) Autorizar a realização de despesas e o respetivo pagamento, fiscalizar a cobrança de receitas e

verificar a legalidade da gestão financeira;

d) Zelar pela atualização do cadastro patrimonial.

Artigo 39.º

Funcionamento

O conselho administrativo reúne ordinariamente uma vez por mês e extraordinariamente sempre que o

presidente o convoque, por sua iniciativa ou a requerimento de qualquer dos restantes membros.

SECÇÃO III

Coordenação de escola ou de estabelecimento de educação pré-escolar

Artigo 40.º

Coordenador

1 — A coordenação de cada estabelecimento de educação pré-escolar ou de escola integrada num

agrupamento é assegurada por um coordenador.

2 — Nas escolas em que funcione a sede do agrupamento, bem como nos que tenham menos de três docentes

em exercício efetivo de funções, não há lugar à designação de coordenador.

3 — O coordenador é designado pelo diretor, de entre os professores em exercício efetivo de funções na

escola ou no estabelecimento de educação pré -escolar.

4 — O mandato do coordenador de estabelecimento tem a duração de quatro anos e cessa com o mandato do

diretor.

5 — O coordenador de estabelecimento pode ser exonerado a todo o tempo por despacho fundamentado do

diretor.

Artigo 41.º

Competências

Compete ao coordenador de escola ou estabelecimento de educação pré-escolar:

a) Coordenar as atividades educativas, em articulação com o diretor;

b) Cumprir e fazer cumprir as decisões do diretor e exercer as competências que por esta lhe forem

delegadas;

c) Transmitir as informações relativas a pessoal docente e não docente e aos alunos;

d) Promover e incentivar a participação dos pais e encarregados de educação, dos interesses locais e da

autarquia nas atividades educativas.

CAPÍTULO IV

Organização pedagógica

SECÇÃO I

Estruturas de coordenação e supervisão

Artigo 42.º

Estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica

1 — Com vista ao desenvolvimento do projeto educativo, são fixadas no regulamento interno as estruturas

que colaboram com o conselho pedagógico e com o diretor, no sentido de assegurar a coordenação,

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supervisão e acompanhamento das atividades escolares, promover o trabalho colaborativo e realizar a

avaliação de desempenho do pessoal docente.

2 — A constituição de estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica visa, nomeadamente:

a) A articulação e gestão curricular na aplicação do currículo nacional e dos programas e orientações

curriculares e programáticas definidos a nível nacional, bem como o desenvolvimento de componentes

curriculares por iniciativa do agrupamento de escolas ou escola não agrupada;

b) A organização, o acompanhamento e a avaliação das atividades de turma ou grupo de alunos;

c) A coordenação pedagógica de cada ano, ciclo ou curso;

d) A avaliação de desempenho do pessoal docente.

Artigo 43.º

Articulação e gestão curricular

1 — A articulação e gestão curricular devem promover a cooperação entre os docentes do agrupamento de

escolas ou escola não agrupada, procurando adequar o currículo às necessidades específicas dos alunos.

2 — A articulação e gestão curricular são asseguradas por departamentos curriculares nos quais se encontram

representados os grupos de recrutamento e áreas disciplinares, de acordo com os cursos lecionados e o

número de docentes.

3 — O número de departamentos curriculares é definido no regulamento interno do agrupamento de escolas

ou da escola não agrupada, no âmbito e no exercício da respetiva autonomia pedagógica e curricular.

4 — (Revogado.)

5 — O coordenador de departamento curricular deve ser um docente de carreira detentor de formação

especializada nas áreas de supervisão pedagógica, avaliação do desempenho docente ou administração

educacional.

6 — Quando não for possível a designação de docentes com os requisitos definidos no número anterior, por

não existirem ou não existirem em número suficiente para dar cumprimento ao estabelecido no presente

decreto -lei, podem ser designados docentes segundo a seguinte ordem de prioridade:

a) Docentes com experiência profissional, de pelo menos um ano, de supervisão pedagógica na formação

inicial, na profissionalização ou na formação em exercício ou na profissionalização ou na formação em

serviço de docentes;

b) Docentes com experiência de pelo menos um mandato de coordenador de departamento curricular ou

de outras estruturas de coordenação educativa previstas no regulamento interno, delegado de grupo

disciplinar ou representante de grupo de recrutamento;

c) Docentes que, não reunindo os requisitos anteriores, sejam considerados competentes para o exercício

da função.

7 — O coordenador de departamento é eleito pelo respetivo departamento, de entre uma lista de três docentes,

propostos pelo diretor para o exercício do cargo.

8 — Para efeitos do disposto no número anterior considera -se eleito o docente que reúna o maior número de

votos favoráveis dos membros do departamento curricular.

9 — O mandato dos coordenadores dos departamentos curriculares tem a duração de quatro anos e cessa com

o mandato do diretor.

10 — Os coordenadores dos departamentos curriculares podem ser exonerados a todo o tempo por despacho

fundamentado do diretor, após consulta ao respetivo departamento.

Artigo 44.º

Organização das atividades de turma

1 — Em cada escola, a organização, o acompanhamento e a avaliação das atividades a desenvolver com os

alunos e a articulação entre a escola e as famílias é assegurada:

a) Pelos educadores de infância, na educação pré-escolar;

b) Pelos professores titulares das turmas, no 1.º ciclo do ensino básico;

96

c) Pelo conselho de turma, nos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e no ensino secundário, com a seguinte

constituição:

i) Os professores da turma;

ii) Dois representantes dos pais e encarregados de educação;

iii) Um representante dos alunos, no caso do 3.º ciclo do ensino básico e no ensino secundário.

2 — Para coordenar o trabalho do conselho de turma, o diretor designa um diretor de turma de entre os

professores da mesma, sempre que possível pertencente ao quadro do respetivo agrupamento de escolas ou

escola não agrupada.

3 — Nas reuniões do conselho de turma em que seja discutida a avaliação individual dos alunos apenas

participam os membros docentes.

4 — No desenvolvimento da sua autonomia, o agrupamento de escolas ou escola não agrupada pode ainda

designar professores tutores para acompanhamento em particular do processo educativo de um grupo de

alunos.

Artigo 45.º

Outras estruturas de coordenação

1 — No âmbito da sua autonomia e nos termos dos seus regulamentos internos, os agrupamentos de escolas

e as escolas não agrupadas estabelecem as demais estruturas de coordenação e supervisão pedagógica, bem

como as formas da sua representação no conselho pedagógico.

2 — A coordenação das estruturas referidas no número anterior é assegurada, sempre que possível, por

professores de carreira a designar nos termos do regulamento interno.

3 — Os regulamentos internos estabelecem as formas de participação e representação do pessoal docente e

dos serviços técnico -pedagógicos nas estruturas de coordenação e supervisão pedagógica.

SECÇÃO II

Serviços

Artigo 46.º

Serviços administrativos, técnicos e técnico-pedagógicos

1 — Os agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas dispõem de serviços administrativos, técnicos e

técnico-pedagógicos que funcionam na dependência do diretor.

2 — Os serviços administrativos são unidades orgânicas flexíveis com o nível de secção chefiadas por

trabalhador detentor da categoria de coordenador técnico da carreira geral de assistente técnico, sem prejuízo

da carreira subsistente de chefe de serviços de administração escolar, nos termos do Decreto -Lei n.º

121/2008, de 11 de julho, alterado pela Lei n.º 64 -A/2008, de 31 de dezembro, e pelo Decreto -Lei n.º 72 -

A/2010, de 18 de junho.

3 — Os serviços técnicos podem compreender as áreas de administração económica e financeira, gestão de

edifícios, instalações e equipamentos e apoio jurídico.

4 — Os serviços técnico -pedagógicos podem compreender as áreas de apoio socioeducativo, orientação

vocacional e biblioteca.

5 — Os serviços técnicos e técnico -pedagógicos referidos nos números anteriores são assegurados por

pessoal técnico especializado ou por pessoal docente, sendo a sua organização e funcionamento estabelecido

no regulamento interno, no respeito das orientações a fixar por despacho do membro do Governo responsável

pela área da educação.

6 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, as áreas que integram os serviços técnicos e técnico-

pedagógicos e a respetiva implementação podem ser objeto dos contratos de autonomia previstos no capítulo

VII do presente decreto -lei.

7 — Os serviços técnicos e técnico -pedagógicos podem ser objeto de partilha entre os agrupamentos de

escolas e escolas não agrupadas, devendo o seu funcionamento ser enquadrado por protocolos que

estabeleçam as regras necessárias à atuação de cada uma das partes.

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8 — Para a organização, acompanhamento e avaliação das atividades dos serviços técnico-pedagógicos, o

agrupamento de escolas ou escola não agrupada pode fazer intervir outros parceiros ou especialistas em

domínios que considere relevantes para o processo de desenvolvimento e de formação dos alunos,

designadamente no âmbito da saúde, da segurança social, cultura, ciência e ensino superior.

CAPÍTULO V

Participação dos pais e alunos

Artigo 47.º

Princípio geral

Aos pais e encarregados de educação e aos alunos é reconhecido o direito de participação na vida do

agrupamento de escolas ou escola não agrupada.

Artigo 48.º

Representação

1 — O direito de participação dos pais e encarregados de educação na vida do agrupamento de escolas ou

escola não agrupada processa -se de acordo com o disposto na Lei de Bases do Sistema Educativo e no

Decreto -Lei n.º 372/90, de 27 de novembro, com as alterações que lhe foram introduzidas pelo Decreto-Lei

n.º 80/99, de 16 de março, e pela Lei n.º 29/2006, de 4 de julho.

2 — O direito à participação dos alunos na vida do agrupamento de escolas ou escola não agrupada processa-

se de acordo com o disposto na Lei de Bases do Sistema Educativo e concretiza-se, para além do disposto no

presente decreto-lei e demais legislação aplicável, designadamente através dos delegados de turma, do

conselho de delegados de turma e das assembleias de alunos, em termos a definir no regulamento interno.

CAPÍTULO VI

Disposições comuns

Artigo 49.º

Processo eleitoral

1 — Sem prejuízo do disposto no presente decreto -lei, as disposições referentes aos processos eleitorais a

que haja lugar para os órgãos de administração e gestão constam do regulamento interno.

2 — Os processos eleitorais realizam -se por sufrágio secreto e presencial.

3 — Os resultados do processo eleitoral para o conselho geral produzem efeitos após comunicação ao diretor-

geral da Administração Escolar.

Artigo 50.º

Inelegibilidade

1 — O pessoal docente e não docente a quem tenha sido aplicada pena disciplinar superior a multa não pode

ser eleito ou designado para os órgãos e estruturas previstos no presente decreto -lei durante o cumprimento

da pena e nos quatro anos posteriores ao seu cumprimento.

2 — O disposto no número anterior não é aplicável ao pessoal docente e não docente e aos profissionais de

educação reabilitados nos termos do Estatuto Disciplinar dos Funcionários e Agentes da Administração

Central, Regional e Local.

3 — Não podem ser eleitos ou designados para os órgãos e estruturas previstos no presente decreto -lei os

alunos a quem seja ou tenha sido aplicada nos últimos dois anos escolares medida disciplinar sancionatória

superior à de repreensão registada ou sejam ou tenham sido no mesmo período excluídos da frequência de

qualquer disciplina ou retidos por excesso de faltas.

Artigo 51.º

Responsabilidade

No exercício das respetivas funções, os titulares dos órgãos previstos no artigo 10.º do presente decreto-lei

respondem, perante a administração educativa, nos termos gerais do direito.

98

Artigo 52.º

Direitos à informação e colaboração da administração educativa

No exercício das suas funções, os titulares dos cargos referidos no presente regime gozam do direito à

informação, à colaboração e apoio dos serviços centrais e periféricos do Ministério da Educação e Ciência.

Artigo 53.º

Redução da componente letiva

As reduções da componente letiva a que haja direito pelo exercício de cargos ou funções previstos no presente

decreto-lei são fixadas por despacho do membro do Governo responsável pela área da educação, sem prejuízo

do disposto no Estatuto da Carreira dos Educadores de Infância e dos Professores dos Ensinos Básico e

Secundário.

Artigo 54.º

Suplementos remuneratórios

Os suplementos remuneratórios a que haja direito pelo exercício de cargos ou funções previstos no presente

decreto-lei são fixados por decreto regulamentar.

Artigo 55.º

Regimento

1 — Os órgãos colegiais de administração e gestão e as estruturas de coordenação educativa e supervisão

pedagógica previstos no presente decreto-lei elaboram os seus próprios regimentos, definindo as respetivas

regras de organização e de funcionamento, nos termos fixados no presente decreto-lei e em conformidade

com o regulamento interno.

2 — O regimento é elaborado ou revisto nos primeiros 30 dias do mandato do órgão ou estrutura a que

respeita.

CAPÍTULO VII

Contratos de autonomia

Artigo 56.º

Desenvolvimento da autonomia

1 — A autonomia dos agrupamentos de escolas e das escolas não agrupadas desenvolve -se e aprofunda -se

com base na sua iniciativa e segundo um processo ao longo do qual lhe podem ser reconhecidos diferentes

níveis de competência e de responsabilidade, de acordo com a capacidade demonstrada para assegurar o

respetivo exercício.

2 — Os níveis de competência e de responsabilidade a atribuir são objeto de negociação entre a escola, o

Ministério da Educação e Ciência e a câmara municipal, mediante a participação dos conselhos municipais

de educação, podendo conduzir à celebração de um contrato de autonomia, nos termos dos artigos seguintes.

3 — A celebração de contratos de autonomia persegue objetivos de equidade, qualidade, eficácia e eficiência.

Artigo 57.º

Contratos de autonomia

1 — Por contrato de autonomia entende -se o acordo celebrado entre a escola, o Ministério da Educação e

Ciência, a câmara municipal e, eventualmente, outros parceiros da comunidade interessados, através do qual

se definem objetivos e se fixam as condições que viabilizam o desenvolvimento do projeto educativo

apresentado pelos órgãos de administração e gestão de uma escola ou de um agrupamento de escolas.

2 — Constituem princípios orientadores da celebração e desenvolvimento dos contratos de autonomia:

a) Subordinação da autonomia aos objetivos do serviço público de educação e à qualidade da

aprendizagem das crianças, dos jovens e dos adultos;

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b) Compromisso do Estado através da administração educativa e dos órgãos de administração e gestão

do agrupamento de escolas ou escola não agrupada na execução do projeto educativo, assim como dos

respetivos planos de atividades;

c) Responsabilização dos órgãos de administração e gestão do agrupamento de escolas ou escola não

agrupada, designadamente através do desenvolvimento de instrumentos credíveis e rigorosos de

avaliação e acompanhamento do desempenho que permitam aferir a qualidade do serviço público de

educação;

d) Adequação dos recursos atribuídos às condições específicas do agrupamento de escolas ou escola não

agrupada e ao projeto que pretende desenvolver;

e) Garantia da equidade do serviço prestado e do respeito pela coerência do sistema educativo;

f) A melhoria dos resultados escolares e a diminuição do abandono escolar.

3 — Constituem requisitos para a apresentação de propostas de contratos de autonomia:

a) Um projeto educativo contextualizado, consistente e fundamentado;

b) A conclusão do procedimento de avaliação externa nos termos da lei e demais normas regulamentares

aplicáveis.

Artigo 58.º

Atribuição de competências

1 — O desenvolvimento da autonomia processa-se pela atribuição de competências nos seguintes domínios:

a) Gestão flexível do currículo, com possibilidade de inclusão de componentes regionais e locais,

respeitando os núcleos essenciais definidos a nível nacional;

b) Oferta de cursos com planos curriculares próprios, no respeito pelos objetivos do sistema nacional de

educação;

c) Gestão de um crédito global de horas de serviço docente, incluindo a componente letiva, não letiva,

o exercício de cargos de administração, gestão e orientação educativa e ainda o desenvolvimento de

projetos de ação e inovação;

d) Adoção de normas próprias sobre horários, tempos letivos, constituição de turmas ou grupos de alunos

e ocupação de espaços;

e) Recrutamento e seleção do pessoal docente e não docente, nos termos da legislação aplicável;

f) Extensão das áreas que integram os serviços técnicos e técnico -pedagógicos e suas formas de

organização;

g) Gestão e execução do orçamento, através de uma afetação global de meios;

h) Possibilidade de autofinanciamento e gestão de receitas que lhe estão consignadas;

i) Aquisição de bens e serviços e execução de obras, dentro de limites a definir;

j) Adoção de uma cultura de avaliação nos domínios da avaliação interna da escola, da avaliação dos

desempenhos docentes e da avaliação da aprendizagem dos alunos, orientada para a melhoria da

qualidade da prestação do serviço público de educação.

2 — A extensão das competências a transferir depende do resultado da negociação referida no n.º 2 do artigo

56.º, tendo por base a proposta apresentada pelo agrupamento de escolas ou escola não agrupada e a avaliação

realizada pela administração educativa sobre a capacidade do agrupamento de escolas ou escola não agrupada

para o seu exercício.

3 — Na renovação dos contratos de autonomia, para além do previsto no número anterior, deve avaliar -se,

em especial:

a) O grau de cumprimento dos objetivos constantes do projeto educativo;

b) O grau de cumprimento dos planos de atividades e dos objetivos do contrato;

c) A evolução dos resultados escolares e do abandono escolar.

4 — Na sequência de avaliação externa ou de ação inspetiva que comprovem o incumprimento do contrato

de autonomia ou manifesto prejuízo para o serviço público, pode, por despacho fundamentado do membro

do Governo responsável pela área da educação, determinar-se a suspensão, total ou parcial, desse contrato

ou ainda a sua anulação, com a consequente reversão para a administração educativa de parte ou da totalidade

das competências atribuídas.

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Artigo 59.º

Procedimentos

Os demais procedimentos relativos à celebração, acompanhamento, avaliação e fiscalização dos contratos de

autonomia são estabelecidos por portaria do membro do Governo responsável pela área da educação, ouvido

o Conselho das Escolas.

CAPÍTULO VIII

Disposições finais

Artigo 60.º

Conselho geral transitório

1 — Para aplicação do regime de autonomia, administração e gestão estabelecido pelo presente decreto–lei

constitui-se, em cada unidade orgânica resultante da constituição de agrupamentos ou agregações nele

previstas, um conselho geral com caráter transitório.

2 — O conselho geral transitório tem a seguinte composição:

a) Sete representantes do pessoal docente;

b) Dois representantes do pessoal não docente;

c) Quatro representantes dos pais e encarregados de educação;

d) Dois representantes dos alunos, sendo um representante do ensino secundário e outro da educação de

adultos; e) Três representantes do município;

f) Três representantes da comunidade local.

3 — Quando o estabelecimento não lecione o ensino secundário ou a educação de adultos os lugares previstos

na alínea d) do número anterior para representação dos alunos transitam para a representação dos pais e

encarregados de educação.

4 — A forma de designação e eleição dos membros do conselho geral transitório é a prevista nos artigos 14.º

e 15.º, utilizando -se, em termos processuais, o regime previsto no regulamento interno da escola não

agrupada ou do agrupamento a que pertencia a escola sede da nova unidade orgânica.

5 — (Revogado.)

6 — Nos agrupamentos de escolas em que funcione a educação pré-escolar ou o 1.º ciclo do ensino básico,

as listas de representantes do pessoal docente que se candidatam à eleição devem integrar representantes dos

educadores de infância e dos professores do 1.º ciclo.

7 — Para efeitos da designação dos representantes da comunidade local, os demais membros do conselho

geral transitório, em reunião convocada pelo presidente do conselho geral cessante da escola não agrupada

ou do agrupamento de escolas a que pertencia a escola sede da nova unidade orgânica, cooptam as

individualidades ou escolhem as instituições e organizações, as quais devem indicar os seus representantes

no prazo de 10 dias.

8 — O conselho geral transitório só pode proceder à eleição do presidente e deliberar estando constituído na

sua totalidade.

9 — O presidente do conselho geral transitório é eleito nos termos previstos na alínea a) do n.º 1 e no n.º 2

do artigo 13.º do presente decreto-lei.

10 — Até à eleição do presidente, as reuniões do conselho geral transitório são presididas pelo presidente do

conselho geral cessante a que se refere o n.º 7, sem direito a voto.

11 — O presidente da comissão administrativa provisória participa nas reuniões do conselho geral transitório

sem direito a voto.

12 — O conselho geral transitório reúne ordinariamente sempre que convocado pelo seu presidente e

extraordinariamente a requerimento de um terço dos seus membros ou por solicitação do presidente da

comissão administrativa provisória.

13 — (Revogado.)

14 — As reuniões do conselho geral transitório devem ser marcadas em horário que permita a participação

de todos os seus membros.

101

Artigo 61.º

Competências do conselho geral transitório

1 — O conselho geral transitório assume todas as competências previstas no artigo 13.º do presente decreto

-lei, cabendo -lhe ainda:

a) Elaborar e aprovar o regulamento interno, definindo nomeadamente a composição prevista nos artigos

12.º e 32.º do presente decreto -lei;

b) Preparar, assim que aprovado o regulamento interno, as eleições para o conselho geral;

c) Proceder à eleição do diretor, caso não esteja ainda eleito o conselho geral.

2 — Para efeitos da elaboração do regulamento interno previsto na alínea a) do número anterior, o conselho

geral transitório pode constituir uma comissão.

3 — O regulamento interno previsto na alínea a) do n.º 1 é aprovado por maioria absoluta dos votos dos

membros do conselho geral transitório em efetividade de funções.

4 — Sem prejuízo do disposto no n.º 4 do artigo anterior, até à entrada em vigor do regulamento interno

previsto na alínea a) do n.º 1 mantêm-se em vigor, relativamente a cada estabelecimento de educação pré -

escolar, escola ou agrupamento integrados na nova unidade orgânica, os respetivos regulamentos internos,

os quais são aplicados sempre que as situações a contemplar respeitem aos membros da comunidade escolar

em causa.

Artigo 62.º

Prazos

1 — No prazo máximo de 30 dias úteis após o início do ano escolar, o presidente do conselho geral cessante

da escola não agrupada ou agrupamento de escolas a que pertencia a escola sede da nova unidade orgânica

desencadeia os procedimentos necessários à eleição e designação dos membros do conselho geral transitório.

2 — Esgotado esse prazo sem que tenham sido desencadeados esses procedimentos, compete ao presidente

da comissão administrativa provisória dar imediato cumprimento ao disposto no número anterior.

3 — O regulamento interno previsto na alínea a) do n.º 1 do artigo anterior deve estar aprovado até final de

março do respetivo ano escolar.

4 — O procedimento de recrutamento do diretor deve ser desencadeado até 31 de março e o diretor deve ser

eleito até 31 de maio do ano escolar em curso.

5 — No caso de o conselho geral não estar constituído até 31 de março, cabe ao conselho geral transitório

desencadear o procedimento para recrutamento do diretor e proceder à sua eleição.

Artigo 63.º

Mandatos e cessação de funções

1 — Os conselhos gerais das escolas não agrupadas ou agrupamentos sujeitos a processos de reorganização

nos termos do presente capítulo mantêm-se em funções até à tomada de posse dos membros do conselho

geral transitório da nova unidade orgânica.

2 — No período a que se refere o número anterior, o presidente da comissão administrativa provisória pode

ser substituído nas reuniões daqueles órgãos bem como nas dos conselhos pedagógicos a que se refere o n.º

4 pelo seu substituto legal ou delegar a sua representação noutro membro da comissão ou no coordenador da

escola ou estabelecimento.

3 — Os mandatos dos diretores das escolas ou dos agrupamentos de escolas que vierem a ser integrados em

novos agrupamentos ou sujeitos a processos de agregação cessam com a tomada de posse da comissão

administrativa provisória designada nos termos e para os efeitos previstos nos n.os 4 e 5 do artigo 66.º

4 — Até à tomada de posse do diretor da nova unidade orgânica entretanto constituída mantêm -se em

exercício de funções os conselhos pedagógicos e estruturas de coordenação educativa e supervisão

pedagógica, bem como de coordenação de estabelecimento das escolas ou agrupamentos objeto de agregação,

devendo ser assegurada a coordenação das escolas que em resultado do processo a passem a justificar, nos

termos previstos no n.º 1 do artigo 40.º

102

5 — Sempre que possível, o coordenador de estabelecimento nomeado nos termos do número anterior é

designado de entre os membros da direção cessante.

6 — (Revogado.)

7 — (Revogado.)

Artigo 64.º

(Revogado.)

Artigo 65.º

Revisão dos regulamentos internos

Na inexistência de alterações legislativas que imponham a sua revisão antecipada, os regulamentos internos

dos agrupamentos de escolas e das escolas não agrupadas, aprovados nos termos da alínea d) do n.º 1 do

artigo 13.º, podem ser revistos ordinariamente quatro anos após a sua aprovação e extraordinariamente, a

todo tempo, por deliberação do conselho geral, aprovada por maioria absoluta dos membros em efetividade

de funções. Artigo 66.º Comissão administrativa provisória

1 — Nos casos em que não seja possível realizar as operações conducentes ao procedimento concursal para

recrutamento do diretor, o procedimento concursal tenha ficado deserto ou todos os candidatos tenham sido

excluídos, bem como na situação a que se refere o n.º 4, a sua função é assegurada por uma comissão

administrativa provisória constituída por docentes de carreira, com a composição prevista no artigo 19.º,

nomeada pelo dirigente dos serviços competentes do Ministério da Educação e Ciência, pelo período máximo

de um ano escolar.

2 — Compete ao órgão de gestão referido no número anterior desenvolver as ações necessárias à entrada em

pleno funcionamento do regime previsto no presente decreto-lei no início do ano escolar subsequente ao da

cessação do respetivo mandato.

3 — O presidente da comissão administrativa provisória exerce as competências atribuídas pelo presente

decreto -lei ao diretor, cabendo -lhe indicar os membros que exercem as funções equivalentes a subdiretor e

a adjuntos.

4 — Tendo em vista assegurar a transição e a gestão dos processos de agrupamento ou de agregação, o

serviço competente do Ministério da Educação e Ciência nomeia uma comissão administrativa provisória,

nos termos e com as funções previstas no presente artigo, com as especificidades constantes do número

seguinte.

5 — A comissão administrativa provisória a que se refere o número anterior é designada no final do ano

letivo, de modo a assegurar a preparação do ano escolar imediatamente seguinte, podendo integrar membros

dos órgãos de administração e gestão das escolas ou agrupamentos objeto de agregação.

Artigo 67.º

Exercício de competências

1 — O diretor e o conselho administrativo exercem as suas competências no respeito pelos poderes próprios

da administração educativa e da administração local.

2 — Compete às entidades da administração educativa ou da administração local, em conformidade com o

grau de transferência efetiva verificado, assegurar o apoio técnico -jurídico legalmente previsto em matéria

de gestão educativa.

Artigo 68.º

Regime subsidiário

Em matéria de procedimento, aplica-se subsidiariamente o disposto no Código do Procedimento

Administrativo naquilo que não se encontre especialmente regulado no presente decreto-lei.

103

Artigo 69.º

Mandatos de substituição

Os titulares dos órgãos previstos no presente decreto-lei, eleitos ou designados em substituição de anteriores

titulares, terminam os seus mandatos na data prevista para a conclusão do mandato dos membros substituídos.

Artigo 70.º

Regiões Autónomas

A aplicação do presente decreto-lei não prejudica os regimes de autonomia, administração e gestão escolares

vigentes nas Regiões Autónomas, de acordo com a Lei de Bases do Sistema Educativo.

Artigo 71.º

Norma revogatória

Sem prejuízo do disposto no artigo 63.º, são revogados:

a) O Decreto -Lei n.º 115 -A/98, de 4 de maio;

b) O Decreto Regulamentar n.º 10/99, de 21 de julho.

Artigo 72.º

Entrada em vigor

O presente decreto -lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

104

DECRETO-LEI N.º 51/2012 de 5 de Setembro

Aprova o Estatuto do Aluno e Ética Escolar, que estabelece os direitos e os deveres do aluno dos

ensinos básico e secundário e o compromisso dos pais ou encarregados de educação e dos restantes

membros da comunidade educativa na sua educação e formação, revogando a Lei n.º 30/2002, de 20

de Dezembro.

A Assembleia da República decreta, nos termos da alínea c) do artigo 161.º da Constituição, o seguinte:

CAPÍTULO I

Objeto, objetivos e âmbito

Artigo 1.º

Objeto

A presente lei aprova o Estatuto do Aluno e Ética Escolar, que estabelece os direitos e os deveres do aluno

dos ensinos básico e secundário e o compromisso dos pais ou encarregados de educação e dos restantes

membros da comunidade educativa na sua educação e formação, adiante designado por Estatuto, no

desenvolvimento das normas da Lei de Bases do Sistema Educativo, aprovada pela Lei n.º 46/86, de 14 de

outubro, alterada pelas Leis n.os 115/97, de 19 de setembro, 49/2005, de 30 de agosto, e 85/2009, de 27 de

agosto.

Artigo 2.º

Objetivos

O Estatuto prossegue os princípios gerais e organizativos do sistema educativo português, conforme se

encontram estatuídos nos artigos 2.º e 3.º da Lei de Bases do Sistema Educativo, promovendo, em especial,

o mérito, a assiduidade, a responsabilidade, a disciplina, a integração dos alunos na comunidade educativa e

na escola, a sua formação cívica, o cumprimento da escolaridade obrigatória, o sucesso escolar e educativo

e a efetiva aquisição de conhecimentos e capacidades.

Artigo 3.º

Âmbito de aplicação

1 — O Estatuto aplica -se aos alunos dos ensinos básico e secundário da educação escolar, incluindo as suas

modalidades especiais, com as especificidades nele previstas em razão dos diferentes ciclos de escolaridade

ou respetivas modalidades e ou do nível etário dos destinatários.

2 — O disposto no número anterior não prejudica a aplicação à educação pré -escolar do que no Estatuto se

prevê relativamente à responsabilidade e ao papel dos membros da comunidade educativa e à vivência na

escola.

3 — O Estatuto aplica -se aos estabelecimentos públicos de educação, formação e ensino, doravante

alternativamente designados por agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas, escolas ou

estabelecimentos de educação, formação ou ensino.

4 — Os princípios fundamentais que enformam o Estatuto aplicam -se, no respeito pela Lei de Bases do

Sistema Educativo e no quadro das autonomias reconhecidas em legislação e regulamentação específicas, às

instituições de educação e formação públicas não previstas no número anterior e aos estabelecimentos

privados e cooperativos de educação e ensino que, nos termos anteriormente definidos, devem em

conformidade adaptar os respetivos regulamentos internos.

5 — As referências aos órgãos de direção, administração e gestão ou pedagógicos, bem como às estruturas

pedagógicas intermédias constantes na presente lei, consideram-se dirigidas aos órgãos e estruturas com

competência equivalente em razão da matéria, de acordo com as regras específicas das diferentes ofertas

formativas e o regime jurídico aplicável aos diferentes estabelecimentos de educação, formação e ensino.

105

CAPÍTULO II

Escolaridade obrigatória e obrigatoriedade de matrícula

Artigo 4.º

Escolaridade obrigatória

O dever de cumprimento da escolaridade obrigatória fixada na Lei de Bases do Sistema Educativo é

universal e exerce -se nos termos previstos nos artigos seguintes e em legislação própria.

Artigo 5.º

Matrícula

1 — A matrícula é obrigatória e confere o estatuto de aluno, o qual, para além dos direitos e deveres

consagrados na lei, designadamente no presente Estatuto, integra os que estão contemplados no regulamento

interno da escola.

2 — Os requisitos e procedimentos da matrícula, bem como as restrições a que pode estar sujeita, são

previstos em legislação própria.

CAPÍTULO III

Direitos e deveres do aluno

SECÇÃO I

Direitos do aluno

Artigo 6.º

Valores nacionais e cultura de cidadania

No desenvolvimento dos princípios do Estado de direito democrático, dos valores nacionais e de uma cultura

de cidadania capaz de fomentar os valores da dignidade da pessoa humana, da democracia, do exercício

responsável, da liberdade individual e da identidade nacional, o aluno tem o direito e o dever de conhecer e

respeitar ativamente os valores e os princípios fundamentais inscritos na Constituição da República

Portuguesa, a Bandeira e o Hino, enquanto símbolos nacionais, a Declaração Universal dos Direitos do

Homem, a Convenção Europeia dos Direitos do Homem, a Convenção sobre os Direitos da Criança e a Carta

dos Direitos Fundamentais da União Europeia, enquanto matrizes de valores e princípios de afirmação da

humanidade.

Artigo 7.º

Direitos do aluno

1 — O aluno tem direito a:

a) Ser tratado com respeito e correção por qualquer membro da comunidade educativa, não podendo,

em caso algum, ser discriminado em razão da origem étnica, saúde, sexo, orientação sexual, idade,

identidade de género, condição económica, cultural ou social ou convicções políticas, ideológicas,

filosóficas ou religiosas;

b) Usufruir do ensino e de uma educação de qualidade de acordo com o previsto na lei, em condições

de efetiva igualdade de oportunidades no acesso;

c) Escolher e usufruir, nos termos estabelecidos no quadro legal aplicável, por si ou, quando menor,

através dos seus pais ou encarregados de educação, o projeto educativo que lhe proporcione as

condições para o

seu pleno desenvolvimento físico, intelectual, moral, cultural e cívico e para a formação da sua

personalidade;

d) Ver reconhecidos e valorizados o mérito, a dedicação, a assiduidade e o esforço no trabalho e no

desempenho escolar e ser estimulado nesse sentido;

106

e) Ver reconhecido o empenhamento em ações meritórias, designadamente o voluntariado em favor da

comunidade em que está inserido ou da sociedade em geral, praticadas na escola ou fora dela, e ser

estimulado nesse sentido;

f) Usufruir de um horário escolar adequado ao ano frequentado, bem como de uma planificação

equilibrada das atividades curriculares e extracurriculares, nomeadamente as que contribuem para o

desenvolvimento cultural da comunidade;

g) Beneficiar, no âmbito dos serviços de ação social escolar, de um sistema de apoios que lhe permitam

superar ou compensar as carências do tipo sociofamiliar, económico ou cultural que dificultem o

acesso à escola ou o processo de ensino;

h) Usufruir de prémios ou apoios e meios complementares que reconheçam e distingam o mérito;

i) Beneficiar de outros apoios específicos, adequados às suas necessidades escolares ou à sua

aprendizagem, através dos serviços de psicologia e orientação ou de outros serviços especializados de

apoio educativo;

j) Ver salvaguardada a sua segurança na escola e respeitada a sua integridade física e moral,

beneficiando, designadamente, da especial proteção consagrada na lei penal para os membros da

comunidade escolar;

k) Ser assistido, de forma pronta e adequada, em caso de acidente ou doença súbita, ocorrido ou

manifestada no decorrer das atividades escolares;

l) Ver garantida a confidencialidade dos elementos e informações constantes do seu processo individual,

de natureza pessoal ou familiar;

m) Participar, através dos seus representantes, nos termos da lei, nos órgãos de administração e gestão

da escola, na criação e execução do respetivo projeto educativo, bem como na elaboração do

regulamento interno;

n) Eleger os seus representantes para os órgãos, cargos e demais funções de representação no âmbito da

escola, bem como ser eleito, nos termos da lei e do regulamento interno da escola;

o) Apresentar críticas e sugestões relativas ao funcionamento da escola e ser ouvido pelos professores,

diretores de turma e órgãos de administração e gestão da escola em todos os assuntos que

justificadamente forem do seu interesse; formação e ocupação de tempos livres;

p) Organizar e participar em iniciativas que promovam a formação e ocupação de tempos livres;

q) Ser informado sobre o regulamento interno da escola e, por meios a definir por esta e em termos

adequados à sua idade e ao ano frequentado, sobre todos os assuntos que justificadamente sejam do

seu interesse, nomeadamente sobre o modo de organização do plano de estudos ou curso, o programa

e objetivos essenciais de cada disciplina ou área disciplinar e os processos e critérios de avaliação,

bem como sobre a matrícula, o abono de família e apoios socioeducativos, as normas de utilização e

de segurança dos materiais e equipamentos e das instalações, incluindo o plano de emergência, e, em

geral, sobre todas as atividades e iniciativas relativas ao projeto educativo da escola;

r) Participar nas demais atividades da escola, nos termos da lei e do respetivo regulamento interno;

s) Participar no processo de avaliação, através de mecanismos de auto e heteroavaliação;

t) Beneficiar de medidas, a definir pela escola, adequadas à recuperação da aprendizagem nas situações

de ausência devidamente justificada às atividades escolares.

2 — A fruição dos direitos consagrados nas suas alíneas g), h) e r) do número anterior pode ser, no todo ou

em parte, temporariamente vedada em consequência de medida disciplinar corretiva ou sancionatória

aplicada ao aluno, nos termos previstos no presente Estatuto.

Artigo 8.º

Representação dos alunos

1 — Os alunos podem reunir -se em assembleia de alunos ou assembleia geral de alunos e são representados

pela associação de estudantes, pelos seus representantes nos órgãos de direção da escola, pelo delegado ou

107

subdelegado de turma e pela assembleia de delegados de turma, nos termos da lei e do regulamento interno

da escola.

2 — A associação de estudantes e os representantes dos alunos nos órgãos de direção da escola têm o direito

de solicitar ao diretor a realização de reuniões para apreciação de matérias relacionadas com o funcionamento

da escola.

3 — O delegado e o subdelegado de turma têm o direito de solicitar a realização de reuniões da turma, sem

prejuízo do cumprimento das atividades letivas.

4 — Por iniciativa dos alunos ou por sua própria iniciativa, o diretor de turma ou o professor titular de turma

pode solicitar a participação dos representantes dos pais ou encarregados de educação dos alunos da turma

na reunião referida no número anterior.

5 — Não podem ser eleitos ou continuar a representar os alunos nos órgãos ou estruturas da escola aqueles a

quem seja ou tenha sido aplicada, nos últimos dois anos escolares, medida disciplinar sancionatória superior

à de repreensão registada ou sejam, ou tenham sido nos últimos dois anos escolares, excluídos da frequência

de qualquer disciplina ou retidos em qualquer ano de escolaridade por excesso grave de faltas, nos termos do

presente Estatuto.

Artigo 9.º

Prémios de mérito

1 — Para efeitos do disposto na alínea h) do artigo 7.º, o regulamento interno pode prever prémios de mérito

destinados a distinguir alunos que, em cada ciclo de escolaridade, preencham um ou mais dos seguintes

requisitos:

a) Revelem atitudes exemplares de superação das suas dificuldades;

b) Alcancem excelentes resultados escolares;

c) Produzam trabalhos académicos de excelência ou realizem atividades curriculares ou de

complemento curricular de relevância;

d) Desenvolvam iniciativas ou ações de reconhecida relevância social.

2 — Os prémios de mérito devem ter natureza simbólica ou material, podendo ter uma natureza financeira

desde que, comprovadamente, auxiliem a continuação do percurso escolar do aluno.

3 — Cada escola pode procurar estabelecer parcerias com entidades ou organizações da comunidade

educativa no sentido de garantir os fundos necessários ao financiamento dos prémios de mérito.

SECÇÃO II

Deveres do aluno

Artigo 10.º

Deveres do aluno

O aluno tem o dever, sem prejuízo do disposto no artigo 40.º e dos demais deveres previstos no regulamento

interno da escola, de:

a) Estudar, aplicando-se, de forma adequada à sua idade, necessidades educativas e ao ano de

escolaridade que frequenta, na sua educação e formação integral;

b) Ser assíduo, pontual e empenhado no cumprimento de todos os seus deveres no âmbito das atividades

escolares;

c) Seguir as orientações dos professores relativas ao seu processo de ensino;

d) Tratar com respeito e correção qualquer membro da comunidade educativa, não podendo, em caso

algum, ser discriminado em razão da origem étnica, saúde, sexo, orientação sexual, idade, identidade

de género, condição económica, cultural ou social, ou convicções políticas, ideológicas, filosóficas ou

religiosas.

e) Guardar lealdade para com todos os membros da comunidade educativa;

108

f) Respeitar a autoridade e as instruções dos professores e do pessoal não docente;

g) Contribuir para a harmonia da convivência escolar e para a plena integração na escola de todos os

alunos;

h) Participar nas atividades educativas ou formativas desenvolvidas na escola, bem como nas demais

atividades organizativas que requeiram a participação dos alunos;

i) Respeitar a integridade física e psicológica de todos os membros da comunidade educativa, não

praticando quaisquer atos, designadamente violentos, independentemente do local ou dos meios

utilizados, que atentem contra a integridade física, moral ou patrimonial dos professores, pessoal não

docente e alunos;

j) Prestar auxílio e assistência aos restantes membros da comunidade educativa, de acordo com as

circunstâncias de perigo para a integridade física e psicológica dos mesmos;

k) Zelar pela preservação, conservação e asseio das instalações, material didático, mobiliário e espaços

verdes da escola, fazendo uso correto dos mesmos;

l) Respeitar a propriedade dos bens de todos os membros da comunidade educativa;

m) Permanecer na escola durante o seu horário, salvo autorização escrita do encarregado de educação ou

da direção da escola;

n) Participar na eleição dos seus representantes e prestar-lhes toda a colaboração;

o) Conhecer e cumprir o presente Estatuto, as normas de funcionamento dos serviços da escola e o

regulamento interno da mesma, subscrevendo declaração anual de aceitação do mesmo e de

compromisso ativo quanto ao seu cumprimento integral;

p) Não possuir e não consumir substâncias aditivas, em especial drogas, tabaco e bebidas alcoólicas, nem

promover qualquer forma de tráfico, facilitação e consumo das mesmas;

q) Não transportar quaisquer materiais, equipamentos tecnológicos, instrumentos ou engenhos passíveis

de, objetivamente, perturbarem o normal funcionamento das atividades letivas, ou poderem causar

danos físicos ou psicológicos aos alunos ou a qualquer outro membro da comunidade educativa;

r) Não utilizar quaisquer equipamentos tecnológicos, designadamente, telemóveis, equipamentos,

programas ou aplicações informáticas, nos locais onde decorram aulas ou outras atividades formativas

ou reuniões de órgãos ou estruturas da escola em que participe, exceto quando a utilização de qualquer

dos meios acima referidos esteja diretamente relacionada com as atividades a desenvolver e seja

expressamente autorizada pelo professor ou pelo responsável pela direção ou supervisão dos trabalhos

ou atividades em curso;

s) Não captar sons ou imagens, designadamente, de atividades letivas e não letivas, sem autorização prévia

dos professores, dos responsáveis pela direção da escola ou supervisão dos trabalhos ou atividades em

curso, bem como, quando for o caso, de qualquer membro da comunidade escolar ou educativa cuja

imagem possa, ainda que involuntariamente, ficar registada;

t) Não difundir, na escola ou fora dela, nomeadamente, via Internet ou através de outros meios de

comunicação, sons ou imagens captados nos momentos letivos e não letivos, sem autorização do

diretor da escola;

u) Respeitar os direitos de autor e de propriedade intelectual;

v) Apresentar -se com vestuário que se revele adequado, em função da idade, à dignidade do espaço e à

especificidade das atividades escolares, no respeito pelas regras estabelecidas na escola;

x) Reparar os danos por si causados a qualquer membro da comunidade educativa ou em equipamentos

ou instalações da escola ou outras onde decorram quaisquer atividades decorrentes da vida escolar e,

não sendo possível ou suficiente a reparação, indemnizar os lesados relativamente aos prejuízos

causados.

109

SECÇÃO III

Processo individual e outros instrumentos de registo

Artigo 11.º

Processo individual do aluno

1 — O processo individual do aluno acompanha -o ao longo de todo o seu percurso escolar, sendo devolvido

aos pais ou encarregado de educação ou ao aluno maior de idade, no termo da escolaridade obrigatória.

2 — São registadas no processo individual do aluno as informações relevantes do seu percurso educativo,

designadamente as relativas a comportamentos meritórios e medidas disciplinares aplicadas e seus efeitos.

3 — O processo individual do aluno constitui -se como registo exclusivo em termos disciplinares.

4 — Têm acesso ao processo individual do aluno, além do próprio, os pais ou encarregados de educação,

quando aquele for menor, o professor titular da turma ou o diretor de turma, os titulares dos órgãos de gestão

e administração da escola e os funcionários afetos aos serviços de gestão de alunos e da ação social escolar.

5 — Podem ainda ter acesso ao processo individual do aluno, mediante autorização do diretor da escola e no

âmbito do estrito cumprimento das respetivas funções, outros professores da escola, os psicólogos e médicos

escolares ou outros profissionais que trabalhem sob a sua égide e os serviços do Ministério da Educação e

Ciência com competências reguladoras do sistema educativo, neste caso após comunicação ao diretor.

6 — O regulamento interno define os horários e o local onde o processo pode ser consultado, não podendo

criar obstáculos ao aluno, aos pais ou ao encarregado de educação do aluno menor.

7 — As informações contidas no processo individual do aluno referentes a matéria disciplinar e de natureza

pessoal e familiar são estritamente confidenciais, encontrando -se vinculados ao dever de sigilo todos os

membros da comunidade educativa que a elas tenham acesso.

Artigo 12.º

Outros instrumentos de registo

1 — Constituem ainda instrumentos de registo de cada aluno:

a) O registo biográfico;

b) A caderneta escolar;

c) As fichas de registo da avaliação.

2 — O registo biográfico contém os elementos relativos à assiduidade e aproveitamento do aluno, cabendo à

escola a sua organização, conservação e gestão.

3 — A caderneta escolar contém as informações da escola e do encarregado de educação, bem como outros

elementos relevantes para a comunicação entre a escola e os pais ou encarregados de educação, sendo

propriedade do aluno e devendo ser por este conservada.

4 — As fichas de registo da avaliação contêm, de forma sumária, os elementos relativos ao desenvolvimento

dos conhecimentos, capacidades e atitudes do aluno e são entregues no final de cada momento de avaliação,

designadamente, no final de cada período escolar, aos pais ou ao encarregado de educação pelo professor

titular da turma, no 1.º ciclo, ou pelo diretor de turma, nos restantes casos.

5 — A pedido do interessado, as fichas de registo de avaliação serão ainda entregues ao progenitor que não

resida com o aluno menor de idade.

6 — Os modelos do processo individual, registo biográfico, caderneta do aluno e fichas de registo da

avaliação, nos seus diferentes formatos e suportes, são definidos por despacho do membro do Governo

responsável pela área da educação.

SECÇÃO IV

Dever de assiduidade e efeitos da ultrapassagem dos limites de faltas

110

SUBSECÇÃO I

Dever de assiduidade

Artigo 13.º

Frequência e assiduidade

1 — Para além do dever de frequência da escolaridade obrigatória, os alunos são responsáveis pelo

cumprimento dos deveres de assiduidade e pontualidade, nos termos estabelecidos na alínea b) do artigo 10.º

e no n.º 3 do presente artigo.

2 — Os pais ou encarregados de educação dos alunos menores de idade são responsáveis, conjuntamente

com estes, pelo cumprimento dos deveres referidos no número anterior.

3 — O dever de assiduidade e pontualidade implica para o aluno a presença e a pontualidade na sala de aula

e demais locais onde se desenvolva o trabalho escolar munido do material didático ou equipamento

necessários, de acordo com as orientações dos professores, bem como uma atitude de empenho intelectual e

comportamental adequada, em função da sua idade, ao processo de ensino.

4 — O controlo da assiduidade dos alunos é obrigatório, nos termos em que é definida no número anterior,

em todas as atividades escolares letivas e não letivas em que participem ou devam participar.

5 — Sem prejuízo do disposto no presente Estatuto, as normas a adotar no controlo de assiduidade, da

justificação de faltas e da sua comunicação aos pais ou ao encarregado de educação são fixadas no

regulamento interno.

Artigo 14.º

Faltas e sua natureza

1 — A falta é a ausência do aluno a uma aula ou a outra atividade de frequência obrigatória ou facultativa

caso tenha havido lugar a inscrição, a falta de pontualidade ou a comparência sem o material didático ou

equipamento necessários, nos termos estabelecidos no presente Estatuto.

2 — Decorrendo as aulas em tempos consecutivos, há tantas faltas quantos os tempos de ausência do aluno.

3 — As faltas são registadas pelo professor titular de turma, pelo professor responsável pela aula ou atividade

ou pelo diretor de turma em suportes administrativos adequados.

4 — As faltas resultantes da aplicação da ordem de saída da sala de aula, ou de medidas disciplinares

sancionatórias, consideram -se faltas injustificadas.

5 — Sem prejuízo do disposto no n.º 4 do artigo anterior, o regulamento interno da escola define o processo

de justificação das faltas de pontualidade do aluno e ou resultantes da sua comparência sem o material

didático e ou outro equipamento indispensáveis, bem como os termos em que essas faltas, quando

injustificadas, são equiparadas a faltas de presença, para os efeitos previstos no presente Estatuto.

6 — Compete ao diretor garantir os suportes administrativos adequados ao registo de faltas dos alunos e

respetiva atualização, de modo que este possa ser, em permanência, utilizado para finalidades pedagógicas e

administrativas.

7 — A participação em visitas de estudo previstas no plano de atividades da escola não é considerada falta

relativamente às disciplinas ou áreas disciplinares envolvidas, considerando -se dadas as aulas das referidas

disciplinas previstas para o dia em causa no horário da turma.

Artigo 15.º

Dispensa da atividade física

1 — O aluno pode ser dispensado temporariamente das atividades de educação física ou desporto escolar por

razões de saúde, devidamente comprovadas por atestado médico, que deve explicitar claramente as contra

indicações da atividade física.

2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, o aluno deve estar sempre presente no espaço onde decorre

a aula de educação física.

111

3 — Sempre que, por razões devidamente fundamentadas, o aluno se encontre impossibilitado de estar

presente no espaço onde decorre a aula de educação física deve ser encaminhado para um espaço em que seja

pedagogicamente acompanhado.

Artigo 16.º

Justificação de faltas

1 — São consideradas justificadas as faltas dadas pelos seguintes motivos:

a) Doença do aluno, devendo esta ser informada por escrito pelo encarregado de educação ou pelo aluno

quando maior de idade quando determinar um período inferior ou igual a três dias úteis, ou por médico

se determinar impedimento superior a três dias úteis, podendo, quando se trate de doença de caráter

crónico ou recorrente, uma única declaração ser aceite para a totalidade do ano letivo ou até ao termo

da condição que a determinou;

b) Isolamento profilático, determinado por doença infetocontagiosa de pessoa que coabite com o aluno,

comprovada através de declaração da autoridade sanitária competente;

c) Falecimento de familiar, durante o período legal de justificação de faltas por falecimento de familiar

previsto no regime do contrato de trabalho dos trabalhadores que exercem funções públicas;

d) Nascimento de irmão, durante o dia do nascimento e o dia imediatamente posterior;

e) Realização de tratamento ambulatório, em virtude de doença ou deficiência, que não possa efetuar -se

fora do período das atividades letivas;

f) Assistência na doença a membro do agregado familiar, nos casos em que, comprovadamente, tal

assistência não possa ser prestada por qualquer outra pessoa;

g) Comparência a consultas pré-natais, período de parto e amamentação, nos termos da legislação em

vigor;

h) Ato decorrente da religião professada pelo aluno, desde que o mesmo não possa efectuar-se fora do

período das atividades letivas e corresponda a uma prática comummente reconhecida como própria

dessa religião;

i) Participação em atividades culturais, associativas e desportivas reconhecidas, nos termos da lei, como

de interesse público ou consideradas relevantes pelas respetivas autoridades escolares;

j) Preparação e participação em atividades desportivas de alta competição, nos termos legais aplicáveis;

k) Cumprimento de obrigações legais que não possam efetuar -se fora do período das atividades letivas;

l) Outro facto impeditivo da presença na escola ou em qualquer atividade escolar, desde que,

comprovadamente, não seja imputável ao aluno e considerado atendível pelo diretor, pelo diretor de

turma ou pelo professor titular;

m) As decorrentes de suspensão preventiva aplicada no âmbito de procedimento disciplinar, no caso de

ao aluno não vir a ser aplicada qualquer medida disciplinar sancionatória, lhe ser aplicada medida não

suspensiva da escola, ou na parte em que ultrapassem a medida efetivamente aplicada;

n) Participação em visitas de estudo previstas no plano de atividades da escola, relativamente às

disciplinas ou áreas disciplinares não envolvidas na referida visita;

o) Outros factos previstos no regulamento interno da escola.

2 — A justificação das faltas exige um pedido escrito apresentado pelos pais ou encarregados de educação

ou, quando maior de idade, pelo próprio, ao professor titular da turma ou ao diretor de turma, com indicação

do dia e da atividade letiva em que a falta ocorreu, referenciando os motivos justificativos da mesma na

caderneta escolar, tratando -se de aluno do ensino básico, ou em impresso próprio, tratando -se de aluno do

ensino secundário.

3 — O diretor de turma, ou o professor titular da turma, pode solicitar aos pais ou encarregado de educação,

ou ao aluno maior de idade, os comprovativos adicionais que entenda necessários à justificação da falta,

devendo, igualmente, qualquer entidade que para esse efeito for contactada, contribuir para o correto

apuramento dos factos.

112

4 — A justificação da falta deve ser apresentada previamente, sendo o motivo previsível, ou, nos restantes

casos, até ao 3.º dia útil subsequente à verificação da mesma.

5 — O regulamento interno do agrupamento de escolas ou escola não agrupada deve explicitar a tramitação

conducente à aceitação da justificação, as consequências do seu eventual incumprimento e os procedimentos

a adotar.

6 — Nas situações de ausência justificada às atividades escolares, o aluno tem o direito a beneficiar de

medidas, a definir pelos professores responsáveis e ou pela escola, nos termos estabelecidos no respetivo

regulamento interno, adequadas à recuperação da aprendizagem em falta.

Artigo 17.º

Faltas injustificadas

1 — As faltas são injustificadas quando:

a) Não tenha sido apresentada justificação, nos termos do artigo anterior;

b) A justificação tenha sido apresentada fora do prazo;

c) A justificação não tenha sido aceite;

d) A marcação da falta resulte da aplicação da ordem de saída da sala de aula ou de medida disciplinar

sancionatória.

2 — Na situação prevista na alínea c) do número anterior, a não aceitação da justificação apresentada deve

ser fundamentada de forma sintética.

3 — As faltas injustificadas são comunicadas aos pais ou encarregados de educação, ou ao aluno maior de

idade, pelo diretor de turma ou pelo professor titular de turma, no prazo máximo de três dias úteis, pelo meio

mais expedito.

Artigo 18.º

Excesso grave de faltas

1 — Em cada ano letivo as faltas injustificadas não podem exceder:

a) 10 dias, seguidos ou interpolados, no 1.º ciclo do ensino básico;

b) O dobro do número de tempos letivos semanais por disciplina nos restantes ciclos ou níveis de ensino,

sem prejuízo do disposto no número seguinte.

2 — Nas ofertas formativas profissionalmente qualificantes, designadamente nos cursos profissionais, ou

noutras ofertas formativas que exigem níveis mínimos de cumprimento da respetiva carga horária, o aluno

encontra-se na situação de excesso de faltas quando ultrapassa os limites de faltas justificadas e ou

injustificadas daí decorrentes, relativamente a cada disciplina, módulo, unidade ou área de formação, nos

termos previstos na regulamentação própria ou definidos, no quadro daquela, no regulamento interno da

escola.

3 — Quando for atingido metade dos limites de faltas previstos nos números anteriores, os pais ou o

encarregado de educação ou o aluno maior de idade são convocados à escola, pelo meio mais expedito, pelo

diretor de turma ou pelo professor que desempenhe funções equiparadas ou pelo professor titular de turma.

4 — A notificação referida no número anterior tem como objetivo alertar para as consequências da violação

do limite de faltas e procurar encontrar uma solução que permita garantir o cumprimento efetivo do dever de

assiduidade.

5 — Caso se revele impraticável o referido nos números anteriores, por motivos não imputáveis à escola, e

sempre que a gravidade especial da situação o justifique, a respetiva comissão de proteção de crianças e

jovens em risco deve ser informada do excesso de faltas do aluno menor de idade, assim como dos

procedimentos e diligências até então adotados pela escola e pelos encarregados de educação, procurando

em conjunto soluções para ultrapassar a sua falta de assiduidade.

SUBSECÇÃO II

Ultrapassagem dos limites de faltas

113

Artigo 19.º

Efeitos da ultrapassagem dos limites de faltas

1 — A ultrapassagem dos limites de faltas injustificadas previstos no n.º 1 do artigo anterior constitui uma

violação dos deveres de frequência e assiduidade e obriga o aluno faltoso ao cumprimento de medidas de

recuperação e ou corretivas específicas, de acordo com o estabelecido nos artigos seguintes, podendo ainda

conduzir à aplicação de medidas disciplinares sancionatórias, nos termos do presente Estatuto.

2 — A ultrapassagem dos limites de faltas previstos nas ofertas formativas a que se refere o n.º 2 do artigo

anterior constitui uma violação dos deveres de frequência e assiduidade e tem para o aluno as consequências

estabelecidas na regulamentação específica da oferta formativa em causa e ou no regulamento interno da

escola, sem prejuízo de outras medidas expressamente previstas no presente Estatuto para as referidas

modalidades formativas.

3 — O previsto nos números anteriores não exclui a responsabilização dos pais ou encarregados de educação

do aluno, designadamente, nos termos dos artigos 44.º e 45.º do presente Estatuto.

4 — Todas as situações, atividades, medidas ou suas consequências previstas no presente artigo são

obrigatoriamente comunicadas, pelo meio mais expedito, aos pais ou ao encarregado de educação ou ao

aluno,

quando maior de idade, ao diretor de turma e ao professor tutor do aluno, sempre que designado, e registadas

no processo individual do aluno.

5 — A ultrapassagem do limite de faltas estabelecido no regulamento interno da escola relativamente às

atividades de apoio ou complementares de inscrição ou de frequência facultativa implica a imediata exclusão

do aluno das atividades em causa.

Artigo 20.º

Medidas de recuperação e de integração

1 — Para os alunos menores de 16 anos, independentemente da modalidade de ensino frequentada, a violação

dos limites de faltas previstos no artigo 18.º pode obrigar ao cumprimento de atividades, a definir pela escola,

que permitam recuperar atrasos na aprendizagem e ou a integração escolar e comunitária do aluno e pelas

quais os alunos e os seus encarregados de educação são corresponsáveis.

2 — O disposto no número anterior é aplicado em função da idade, da regulamentação específica do percurso

formativo e da situação concreta do aluno.

3 — As atividades de recuperação da aprendizagem, quando a elas houver lugar, são decididas pelo professor

titular da turma ou pelos professores das disciplinas em que foi ultrapassado o limite de faltas, de acordo com

as regras aprovadas pelo conselho pedagógico e previstas no regulamento interno da escola, as quais

privilegiarão a simplicidade e a eficácia.

4 — As medidas corretivas a que se refere o presente artigo são definidas nos termos dos artigos 26.º e 27.º,

com as especificidades previstas nos números seguintes.

5 — As atividades de recuperação de atrasos na aprendizagem, que podem revestir forma oral, bem como as

medidas corretivas previstas no presente artigo ocorrem após a verificação do excesso de faltas e apenas

podem ser aplicadas uma única vez no decurso de cada ano letivo.

6 — O disposto no número anterior é aplicado independentemente do ano de escolaridade ou do número de

disciplinas em que se verifique a ultrapassagem do limite de faltas, cabendo à escola definir no seu

regulamento interno o momento em que as atividades de recuperação são realizadas, bem como as matérias

a trabalhar nas mesmas, as quais se confinarão às tratadas nas aulas cuja ausência originou a situação de

excesso de faltas.

7 — Sempre que cesse o incumprimento do dever de assiduidade por parte do aluno são desconsideradas as

faltas em excesso.

8 — Cessa o dever de cumprimento das atividades e medidas a que se refere o presente artigo, com as

consequências daí decorrentes para o aluno, de acordo com a sua concreta situação, sempre que para o

cômputo do número e limites de faltas nele previstos tenham sido determinantes as faltas registadas na

114

sequência da aplicação de medida corretiva de ordem de saída da sala de aula ou disciplinar sancionatória de

suspensão.

9 — Ao cumprimento das atividades de recuperação por parte do aluno é aplicável, com as necessárias

adaptações e em tudo o que não contrarie o estabelecido nos números anteriores, o previsto no n.º 2 do artigo

27.º, competindo ao conselho pedagógico definir, de forma genérica e simplificada e dando especial

relevância e prioridade à respetiva eficácia, as regras a que deve obedecer a sua realização e avaliação.

10 — Tratando -se de aluno de idade igual ou superior a 16 anos, a violação dos limites de faltas previstos

no artigo 18.º pode dar também lugar à aplicação das medidas previstas no regulamento interno que se

revelem adequadas, tendo em vista os objetivos formativos, preventivos e integradores a alcançar, em função

da idade, do percurso formativo e sua regulamentação específica e da situação concreta do aluno.

11 — O disposto nos n.os 3 a 9 é também aplicável aos alunos maiores de 16 anos, com as necessárias

adaptações, quando a matéria não se encontre prevista em sede de regulamento interno.

Artigo 21.º

Incumprimento ou ineficácia das medidas

1 — O incumprimento das medidas previstas no número anterior e a sua ineficácia ou impossibilidade de

atuação determinam, tratando -se de aluno menor, a comunicação obrigatória do facto à respetiva comissão

de proteção de crianças e jovens ou, na falta desta, ao Ministério Público junto do tribunal de família e

menores territorialmente competente, de forma a procurar encontrar, com a colaboração da escola e, sempre

que possível, com a autorização e corresponsabilização dos pais ou encarregados de educação, uma solução

adequada ao

processo formativo do aluno e à sua inserção social e socioprofissional, considerando, de imediato, a

possibilidade de encaminhamento do aluno para diferente percurso formativo.

2 — A opção a que se refere o número anterior tem por base as medidas definidas na lei sobre o cumprimento

da escolaridade obrigatória, podendo, na iminência de abandono escolar, ser aplicada a todo o tempo, sem

necessidade de aguardar pelo final do ano escolar.

3 — Tratando -se de aluno com idade superior a 12 anos que já frequentou, no ano letivo anterior, o mesmo

ano de escolaridade, poderá haver lugar, até final do ano letivo em causa e por decisão do diretor da escola,

à prorrogação da medida corretiva aplicada nos termos do artigo anterior.

4 — Quando a medida a que se referem os n. 1 e 2 não for possível ou o aluno for encaminhado para oferta

formativa diferente da que frequenta e o encaminhamento ocorra após 31 de janeiro, o não cumprimento das

atividades e ou medidas previstas no artigo anterior ou a sua ineficácia por causa não imputável à escola

determinam ainda, logo que definido pelo professor titular ou pelo conselho de turma:

a) Para os alunos a frequentar o 1.º ciclo do ensino básico, a retenção no ano de escolaridade respetivo, com

a obrigação de frequência das atividades escolares até final do ano letivo, ou até ao encaminhamento para

o novo percurso formativo, se ocorrer antes;

b) Para os restantes alunos, a retenção no ano de escolaridade em curso, no caso de frequentarem o ensino

básico, ou a exclusão na disciplina ou disciplinas em que se verifique o excesso de faltas, tratando -se de

alunos do ensino secundário, sem prejuízo da obrigação de frequência da escola até final do ano letivo e

até perfazerem os 18 anos de idade, ou até ao encaminhamento para o novo percurso formativo, se ocorrer

antes.

5 — Nas ofertas formativas profissionalmente qualificantes, designadamente nos cursos profissionais ou

noutras ofertas formativas que exigem níveis mínimos de cumprimento da respetiva carga horária, o

incumprimento ou a ineficácia das medidas previstas no artigo 20.º implica, independentemente da idade do

aluno, a exclusão dos módulos ou unidades de formação das disciplinas ou componentes de formação em

curso no momento em que se verifica o excesso de faltas, com as consequências previstas na regulamentação

específica e definidas no regulamento interno da escola.

115

6 — As atividades a desenvolver pelo aluno decorrentes do dever de frequência estabelecido na alínea b) do

n.º 4, no horário da turma ou das disciplinas de que foi retido ou excluído são definidas no regulamento

interno da escola.

7 — O incumprimento ou a ineficácia das medidas e atividades referidas no presente artigo implica também

restrições à realização de provas de equivalência à frequência ou de exames, sempre que tal se encontre

previsto em regulamentação específica de qualquer modalidade de ensino ou oferta formativa.

8 — O incumprimento reiterado do dever de assiduidade e ou das atividades a que se refere o número anterior

pode dar ainda lugar à aplicação de medidas disciplinares sancionatórias previstas no presente Estatuto.

CAPÍTULO IV

Disciplina

SECÇÃO I

Infração

Artigo 22.º

Qualificação de infração

1 — A violação pelo aluno de algum dos deveres previstos no artigo 10.º ou no regulamento interno da

escola, de forma reiterada e ou em termos que se revelem perturbadores do funcionamento normal das

atividades da escola ou das relações no âmbito da comunidade educativa, constitui infração disciplinar

passível da aplicação de medida corretiva ou medida disciplinar sancionatória, nos termos dos artigos

seguintes.

2 — A definição, bem como a competência e os procedimentos para a aplicação das medidas disciplinares

corretivas e sancionatórias estão previstos, respetivamente, nos artigos 26.º e 27.º e nos artigos 28.º a 33.º

3 — A aplicação das medidas disciplinares sancionatórias previstas nas alíneas c), d) e e) do n.º 2 do artigo

28.º depende da instauração de procedimento disciplinar, nos termos estabelecidos nos artigos 28.º, 30.º e

31.º

Artigo 23.º

Participação de ocorrência

1 — O professor ou membro do pessoal não docente que presencie ou tenha conhecimento de

comportamentos suscetíveis de constituir infração disciplinar deve participá-los imediatamente ao diretor do

agrupamento de escolas ou escola não agrupada.

2 — O aluno que presencie comportamentos suscetíveis de constituir infração disciplinar deve comunicá-los

imediatamente ao professor titular de turma, ao diretor de turma ou equivalente, o qual, no caso de os

considerar graves ou muito graves, os participa, no prazo de um dia útil, ao diretor do agrupamento de escolas

ou escola não agrupada.

SECÇÃO II

Medidas disciplinares

SUBSECÇÃO I

Finalidades e determinação das medidas disciplinares

Artigo 24.º

Finalidades das medidas disciplinares

1 — Todas as medidas disciplinares corretivas e sancionatórias prosseguem finalidades pedagógicas,

preventivas, dissuasoras e de integração, visando, de forma sustentada, o cumprimento dos deveres do aluno,

o respeito pela autoridade dos professores no exercício da sua atividade profissional e dos demais

funcionários, bem como a segurança de toda a comunidade educativa.

116

2 — As medidas corretivas e disciplinares sancionatórias visam ainda garantir o normal prosseguimento das

atividades da escola, a correção do comportamento perturbador e o reforço da formação cívica do aluno, com

vista ao desenvolvimento equilibrado da sua personalidade, da sua capacidade de se relacionar com os outros,

da sua plena integração na comunidade educativa, do seu sentido de responsabilidade e da sua aprendizagem.

3 — As medidas disciplinares sancionatórias, tendo em conta a especial relevância do dever violado e a

gravidade da infração praticada, prosseguem igualmente finalidades punitivas.

4 — As medidas corretivas e as medidas disciplinares sancionatórias devem ser aplicadas em coerência com

as necessidades educativas do aluno e com os objetivos da sua educação e formação, no âmbito do

desenvolvimento do plano de trabalho da turma e do projeto educativo da escola, nos termos do respetivo

regulamento interno.

Artigo 25.º

Determinação da medida disciplinar

1 — Na determinação da medida disciplinar corretiva ou sancionatória a aplicar deve ter -se em consideração

a gravidade do incumprimento do dever, as circunstâncias atenuantes e agravantes apuradas em que esse

incumprimento se verificou, o grau de culpa do aluno, a sua maturidade e demais condições pessoais,

familiares e sociais.

2 — São circunstâncias atenuantes da responsabilidade disciplinar do aluno o seu bom comportamento

anterior, o seu aproveitamento escolar e o seu reconhecimento com arrependimento da natureza ilícita da sua

conduta.

3 — São circunstâncias agravantes da responsabilidade do aluno a premeditação, o conluio, a gravidade do

dano provocado a terceiros e a acumulação de infrações disciplinares e a reincidência nelas, em especial se

no decurso do mesmo ano letivo.

SUBSECÇÃO II

Medidas disciplinares corretivas

Artigo 26.º

Medidas disciplinares corretivas

1 — As medidas corretivas prosseguem finalidades pedagógicas, dissuasoras e de integração, nos termos do

n.º 1 do artigo 24.º, assumindo uma natureza eminentemente preventiva.

2 — São medidas corretivas, sem prejuízo de outras que, obedecendo ao disposto no número anterior, venham

a estar contempladas no regulamento interno da escola:

a) A advertência;

b) A ordem de saída da sala de aula e demais locais onde se desenvolva o trabalho escolar;

c) A realização de tarefas e atividades de integração na escola ou na comunidade, podendo para o efeito

ser aumentado o período diário e ou semanal de permanência obrigatória do aluno na escola ou no

local onde decorram as tarefas ou atividades, nos termos previstos no artigo seguinte;

d) O condicionamento no acesso a certos espaços escolares ou na utilização de certos materiais e

equipamentos, sem prejuízo dos que se encontrem afetos a atividades letivas;

e) A mudança de turma.

3 — A advertência consiste numa chamada verbal de atenção ao aluno, perante um comportamento

perturbador do funcionamento normal das atividades escolares ou das relações entre os presentes no local

onde elas decorrem, com vista a alertá-lo para que deve evitar tal tipo de conduta e a responsabilizá-lo pelo

cumprimento dos seus deveres como aluno.

4 — Na sala de aula a advertência é da exclusiva competência do professor, cabendo, fora dela, a qualquer

professor ou membro do pessoal não docente.

117

5 — A ordem de saída da sala de aula e demais locais onde se desenvolva o trabalho escolar é da exclusiva

competência do professor respetivo e implica a marcação de falta injustificada ao aluno e a permanência do

aluno na escola.

6 — O regulamento interno da escola definirá o tipo de tarefas a executar pelo aluno, sempre que lhe seja

aplicada a medida corretiva prevista no número anterior.

7 — A aplicação no decurso do mesmo ano letivo e ao mesmo aluno da medida corretiva de ordem de saída

da sala de aula pela terceira vez, por parte do mesmo professor, ou pela quinta vez, independentemente do

professor que a aplicou, implica a análise da situação em conselho de turma, tendo em vista a identificação

das causas e a pertinência da proposta de aplicação de outras medidas disciplinares corretivas ou

sancionatórias, nos termos do presente Estatuto.

8 — A aplicação das medidas corretivas previstas nas alíneas c), d) e e) do n.º 2 é da competência do diretor

do agrupamento de escolas ou escola não agrupada que, para o efeito, procede sempre à audição do diretor

de turma ou do professor titular da turma a que o aluno pertença, bem como do professor tutor ou da equipa

multidisciplinar, caso existam.

9 — Compete à escola, no âmbito do respetivo regulamento interno, identificar as atividades, local e período

de tempo durante o qual as mesmas ocorrem e, bem assim, definir as competências e procedimentos a

observar, tendo em vista a aplicação e posterior execução da medida corretiva prevista na alínea c) do n.º 2.

10 — O disposto no número anterior é aplicável, com as devidas adaptações, à aplicação e posterior execução

da medida corretiva prevista na alínea d) do n.º 2, a qual não pode ultrapassar o período de tempo

correspondente a um ano escolar.

11 — A aplicação das medidas corretivas previstas no n.º 2 é comunicada aos pais ou ao encarregado de

educação, tratando -se de aluno menor de idade.

Artigo 27.º

Atividades de integração na escola ou na comunidade

1 — O cumprimento por parte do aluno da medida corretiva prevista na alínea c) do n.º 2 do artigo anterior

obedece, ainda, ao disposto nos números seguintes.

2 — O cumprimento das medidas corretivas realiza -se em período suplementar ao horário letivo, no espaço

escolar ou fora dele, neste caso com acompanhamento dos pais ou encarregados de educação ou de entidade

local ou localmente instalada idónea e que assuma corresponsabilizar -se, nos termos a definir em protocolo

escrito celebrado nos termos previstos no regulamento interno da escola.

3 — O cumprimento das medidas corretivas realiza -se sempre sob supervisão da escola, designadamente,

através do diretor de turma, do professor tutor e ou da equipa de integração e apoio, quando existam.

4 — O previsto no n.º 2 não isenta o aluno da obrigação de cumprir o horário letivo da turma em que se

encontra inserido ou de permanecer na escola durante o mesmo.

SUBSECÇÃO III

Medidas disciplinares sancionatórias

Artigo 28.º

Medidas disciplinares sancionatórias

1 — As medidas disciplinares sancionatórias traduzem uma sanção disciplinar imputada ao comportamento

do aluno, devendo a ocorrência dos factos suscetíveis de a configurar ser participada de imediato pelo

professor ou funcionário que a presenciou ou dela teve conhecimento à direção do agrupamento de escolas

ou escola não agrupada com conhecimento ao diretor de turma e ao professor tutor ou à equipa de integração

e apoios ao aluno, caso existam.

2 — São medidas disciplinares sancionatórias:

a) A repreensão registada;

b) A suspensão até 3 dias úteis;

118

c) A suspensão da escola entre 4 e 12 dias úteis;

d) A transferência de escola;

e) A expulsão da escola.

3 — A aplicação da medida disciplinar sancionatória de repreensão registada, quando a infração for praticada

na sala de aula, é da competência do professor respetivo, competindo ao diretor do agrupamento de escolas

ou escola não agrupada nas restantes situações, averbando-se no respetivo processo individual do aluno a

identificação do autor do ato decisório, data em que o mesmo foi proferido e fundamentação de facto e de

direito de tal decisão.

4 — A suspensão até três dias úteis, enquanto medida dissuasora, é aplicada, com a devida fundamentação

dos factos que a suportam, pelo diretor do agrupamento de escolas ou escola não agrupada, após o exercício

dos direitos de audiência e defesa do visado.

5 — Compete ao diretor da escola, ouvidos os pais ou o encarregado de educação do aluno, quando menor

de idade, fixar os termos e condições em que a aplicação da medida disciplinar sancionatória referida no

número anterior é executada, garantindo ao aluno um plano de atividades pedagógicas a realizar, com

corresponsabilização daqueles e podendo igualmente, se assim o entender, estabelecer eventuais parcerias ou

celebrar protocolos ou acordos com entidades públicas ou privadas.

6 — Compete ao diretor a decisão de aplicar a medida disciplinar sancionatória de suspensão da escola entre

4 e 12 dias úteis, após a realização do procedimento disciplinar previsto no artigo 30.º, podendo previamente

ouvir o conselho de turma, para o qual deve ser convocado o professor tutor, quando exista e não seja

professor da turma.

7 — O não cumprimento do plano de atividades pedagógicas a que se refere o número anterior pode dar lugar

à instauração de novo procedimento disciplinar, considerando-se a recusa circunstância agravante, nos

termos do n.º 3 do artigo 25.º

8 — A aplicação da medida disciplinar sancionatória de transferência de escola compete, com possibilidade

de delegação, ao diretor-geral da educação, precedendo a conclusão do procedimento disciplinar a que se

refere o artigo 30.º, com fundamento na prática de factos notoriamente impeditivos do prosseguimento do

processo de ensino dos restantes alunos da escola ou do normal relacionamento com algum ou alguns dos

membros da comunidade educativa.

9 — A medida disciplinar sancionatória de transferência de escola apenas é aplicada a aluno de idade igual

ou superior a 10 anos e, frequentando o aluno a escolaridade obrigatória, desde que esteja assegurada a

frequência de outro estabelecimento situado na mesma localidade ou na localidade mais próxima, desde que

servida de transporte público ou escolar.

10 — A aplicação da medida disciplinar de expulsão da escola compete, com possibilidade de delegação, ao

diretor-geral da educação precedendo conclusão do procedimento disciplinar a que se refere o artigo 30.º e

consiste na retenção do aluno no ano de escolaridade que frequenta quando a medida é aplicada e na proibição

de acesso ao espaço escolar até ao final daquele ano escolar e nos dois anos escolares imediatamente

seguintes.

11 — A medida disciplinar de expulsão da escola é aplicada ao aluno maior quando, de modo notório, se

constate não haver outra medida ou modo de responsabilização no sentido do cumprimento dos seus deveres

como aluno.

12 — Complementarmente às medidas previstas no n.º 2, compete ao diretor do agrupamento de escolas ou

escola não agrupada decidir sobre a reparação dos danos ou a substituição dos bens lesados ou, quando

aquelas não forem possíveis, sobre a indemnização dos prejuízos causados pelo aluno à escola ou a terceiros,

podendo o valor da reparação calculado ser reduzido, na proporção a definir pelo diretor, tendo em conta o

grau de responsabilidade do aluno e ou a sua situação socioeconómica.

Artigo 29.º

Cumulação de medidas disciplinares

119

1 — A aplicação das medidas corretivas previstas nas alíneas a), e) do n.º 2 do artigo 26.º é cumulável entre

si.

2 — A aplicação de uma ou mais das medidas corretivas é cumulável apenas com a aplicação de uma medida

disciplinar sancionatória.

3 — Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, por cada infração apenas pode ser aplicada uma

medida disciplinar sancionatória.

Artigo 30.º

Medidas disciplinares sancionatórias — Procedimento disciplinar

1 — A competência para a instauração de procedimento disciplinar por comportamentos suscetíveis de

configurar a aplicação de alguma das medidas previstas nas alíneas c), d) e e) do n.º 2 do artigo 28.º é do

diretor do agrupamento de escolas ou escola não agrupada.

2 — Para efeitos do previsto no número anterior o diretor, no prazo de dois dias úteis após o conhecimento

da situação, emite o despacho instaurador e de nomeação do instrutor, devendo este ser um professor da

escola, e notifica os pais ou encarregado de educação do aluno menor pelo meio mais expedito.

3 — Tratando-se de aluno maior, a notificação é feita diretamente ao próprio.

4 — O diretor do agrupamento de escolas ou escola não agrupada deve notificar o instrutor da sua nomeação

no mesmo dia em que profere o despacho de instauração do procedimento disciplinar.

5 — A instrução do procedimento disciplinar é efetuada no prazo máximo de seis dias úteis, contados da data

de notificação ao instrutor do despacho que instaurou o procedimento disciplinar, sendo obrigatoriamente

realizada, para além das demais diligências consideradas necessárias, a audiência oral dos interessados, em

particular do aluno, e sendo este menor de idade, do respetivo encarregado de educação.

6 — Os interessados são convocados com a antecedência de um dia útil para a audiência oral, não

constituindo a falta de comparência motivo do seu adiamento, podendo esta, no caso de apresentação de

justificação da falta até ao momento fixado para a audiência, ser adiada.

7 — No caso de o respetivo encarregado de educação não comparecer, o aluno menor de idade pode ser

ouvido na presença de um docente por si livremente escolhido e do diretor de turma ou do professor -tutor

do aluno, quando exista, ou, no impedimento destes, de outro professor da turma designado pelo diretor.

8 — Da audiência é lavrada ata de que consta o extrato das alegações feitas pelos interessados.

9 — Finda a instrução, o instrutor elabora e remete ao diretor do agrupamento de escolas ou escola não

agrupada, no prazo de três dias úteis, relatório final do qual constam, obrigatoriamente:

a) Os factos cuja prática é imputada ao aluno, devidamente circunstanciados quanto ao tempo, modo e

lugar;

b) Os deveres violados pelo aluno, com referência expressa às respetivas normas legais ou regulamentares;

c) Os antecedentes do aluno que se constituem como circunstâncias atenuantes ou agravantes nos termos

previstos no artigo 25.º;

d) A proposta de medida disciplinar sancionatória aplicável ou de arquivamento do procedimento.

10 — No caso da medida disciplinar sancionatória proposta ser a transferência de escola ou de expulsão da

escola, a mesma é comunicada para decisão ao diretor-geral da educação, no prazo de dois dias úteis.

Artigo 31.º

Celeridade do procedimento disciplinar

1 — A instrução do procedimento disciplinar prevista nos n. 5 a 8 do artigo anterior pode ser substituída pelo

reconhecimento individual, consciente e livre dos factos, por parte do aluno maior de 12 anos e a seu pedido,

em audiência a promover pelo instrutor, nos dois dias úteis subsequentes à sua nomeação, mas nunca antes

de decorridas vinte e quatro horas sobre o momento previsível da prática dos factos imputados ao aluno.

2 — Na audiência referida no número anterior, estão presentes, além do instrutor, o aluno, o encarregado de

educação do aluno menor de idade e, ainda:

120

a) O diretor de turma ou o professor -tutor do aluno, quando exista, ou, em caso de impedimento e em sua

substituição, um professor da turma designado pelo diretor;

b) Um professor da escola livremente escolhido pelo aluno.

3 — A não comparência do encarregado de educação, quando devidamente convocado, não obsta à realização

da audiência.

4 — Os participantes referidos no n.º 2 têm como missão exclusiva assegurar e testemunhar, através da

assinatura do auto a que se referem os números seguintes, a total consciência do aluno quanto aos factos que

lhe são imputados e às suas consequências, bem como a sua total liberdade no momento da respetiva

declaração de reconhecimento.

5 — Na audiência é elaborado auto, no qual constam, entre outros, os elementos previstos nas alíneas a) e b)

do n.º 9 do artigo anterior, o qual, previamente a qualquer assinatura, é lido em voz alta e explicado ao aluno

pelo instrutor, com a informação clara e expressa de que não está obrigado a assiná-lo.

6 — O facto ou factos imputados ao aluno só são considerados validamente reconhecidos com a assinatura

do auto por parte de todos os presentes, sendo que, querendo assinar, o aluno o faz antes de qualquer outro

elemento presente.

7 — O reconhecimento dos factos por parte do aluno é considerado circunstância atenuante, nos termos e

para os efeitos previstos no n.º 2 do artigo 25.º, encerrando a fase da instrução e seguindo -se -lhe os

procedimentos previstos no artigo anterior.

8 — A recusa do reconhecimento por parte do aluno implica a necessidade da realização da instrução,

podendo o instrutor aproveitar a presença dos intervenientes para a realização da audiência oral prevista no

artigo anterior.

Artigo 32.º

Suspensão preventiva do aluno

1 — No momento da instauração do procedimento disciplinar, mediante decisão da entidade que o instaurou,

ou no decurso da sua instauração por proposta do instrutor, o diretor pode decidir a suspensão preventiva do

aluno, mediante despacho fundamentado sempre que:

a) A sua presença na escola se revelar gravemente perturbadora do normal funcionamento das atividades

escolares;

b) Tal seja necessário e adequado à garantia da paz pública e da tranquilidade na escola;

c) A sua presença na escola prejudique a instrução do procedimento disciplinar.

2 — A suspensão preventiva tem a duração que o diretor do agrupamento de escolas ou escola não agrupada

considerar adequada na situação em concreto, sem prejuízo de, por razões devidamente fundamentadas, poder

ser prorrogada até à data da decisão do procedimento disciplinar, não podendo, em qualquer caso, exceder

10 dias úteis.

3 — Os efeitos decorrentes da ausência do aluno no decurso do período de suspensão preventiva, no que

respeita à avaliação da aprendizagem, são determinados em função da decisão que vier a ser proferida no

final do procedimento disciplinar, nos termos estabelecidos no presente Estatuto e no regulamento interno da

escola.

4 — Os dias de suspensão preventiva cumpridos pelo aluno são descontados no cumprimento da medida

disciplinar sancionatória prevista na alínea c) do n.º 2 do artigo 28.º a que o aluno venha a ser condenado na

sequência do procedimento disciplinar previsto no artigo 30.º

5 — Os pais e os encarregados de educação são imediatamente informados da suspensão preventiva aplicada

ao filho ou educando e, sempre que a avaliação que fizer das circunstâncias o aconselhe, o diretor do

agrupamento de escolas ou escola não agrupada deve participar a ocorrência à respetiva comissão de proteção

de crianças e jovens ou, na falta, ao Ministério Público junto do tribunal de família e menores.

6 — Ao aluno suspenso preventivamente é também fixado, durante o período de ausência da escola, o plano

de atividades previsto no n.º 5 do artigo 28.º

121

7 — A suspensão preventiva do aluno é comunicada, por via eletrónica, pelo diretor do agrupamento de

escolas ou escola não agrupada ao serviço do Ministério da Educação e Ciência responsável pela coordenação

da segurança escolar, sendo identificados sumariamente os intervenientes, os factos e as circunstâncias que

motivaram a decisão de suspensão.

Artigo 33.º

Decisão final

1 — A decisão final do procedimento disciplinar, devidamente fundamentada, é proferida no prazo máximo

de dois dias úteis, a contar do momento em que a entidade competente para o decidir receba o relatório do

instrutor, sem prejuízo do disposto no n.º 4.

2 — A decisão final do procedimento disciplinar fixa o momento a partir do qual se inicia a execução da

medida disciplinar sancionatória, sem prejuízo da possibilidade de suspensão da execução da medida, nos

termos do número seguinte.

3 — A execução da medida disciplinar sancionatória, com exceção da referida nas alíneas d) e e) do n.º 2 do

artigo 28.º, pode ficar suspensa por um período de tempo e nos termos e condições que a entidade decisora

considerar justo, adequado e razoável, cessando a suspensão logo que ao aluno seja aplicada outra medida

disciplinar sancionatória no respetivo decurso.

4 — Quando esteja em causa a aplicação da medida disciplinar sancionatória de transferência de escola ou

de expulsão da escola, o prazo para ser proferida a decisão final é de cinco dias úteis, contados a partir da

receção do processo disciplinar na Direção-Geral de Educação.

5 — Da decisão proferida pelo diretor-geral da educação que aplique a medida disciplinar sancionatória de

transferência de escola deve igualmente constar a identificação do estabelecimento de ensino para onde o

aluno vai ser transferido, para cuja escolha se procede previamente à audição do respetivo encarregado de

educação, quando o aluno for menor de idade.

6 — A decisão final do procedimento disciplinar é notificada pessoalmente ao aluno no dia útil seguinte

àquele em que foi proferida, ou, quando menor de idade, aos pais ou respetivo encarregado de educação, nos

dois dias úteis seguintes.

7 — Sempre que a notificação prevista no número anterior não seja possível, é realizada através de carta

registada com aviso de receção, considerando-se o aluno, ou quando este for menor de idade, os pais ou o

respetivo encarregado de educação, notificados na data da assinatura do aviso de receção.

8 — Tratando-se de alunos menores, a aplicação de medida disciplinar sancionatória igual ou superior à de

suspensão da escola por período superior a cinco dias úteis e cuja execução não tenha sido suspensa, nos

termos previstos nos n.os 2 e 3 anteriores, é obrigatoriamente comunicada pelo diretor da escola à respetiva

comissão de proteção de crianças e jovens em risco.

SECÇÃO III

Execução das medidas disciplinares

Artigo 34.º

Execução das medidas corretivas e disciplinares sancionatórias

1 — Compete ao diretor de turma e ou ao professor -tutor do aluno, caso tenha sido designado, ou ao professor

titular o acompanhamento do aluno na execução da medida corretiva ou disciplinar sancionatória a que foi

sujeito, devendo aquele articular a sua atuação com os pais ou encarregados de educação e com os professores

da turma, em função das necessidades educativas identificadas e de forma a assegurar a corresponsabilização

de todos os intervenientes nos efeitos educativos da medida.

2 — A competência referida no número anterior é especialmente relevante aquando da execução da medida

corretiva de atividades de integração na escola ou no momento do regresso à escola do aluno a quem foi

aplicada a medida disciplinar sancionatória de suspensão da escola.

122

3 — O disposto no número anterior aplica -se também aquando da integração do aluno na nova escola para

que foi transferido na sequência da aplicação dessa medida disciplinar sancionatória.

4 — Na prossecução das finalidades referidas no n.º 1, a escola conta com a colaboração dos serviços

especializados de apoio educativo e ou das equipas multidisciplinares, a definir em regulamento interno, nos

termos do artigo seguinte.

Artigo 35.º

Equipas multidisciplinares

1 — Todos os agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas podem, se necessário, constituir uma equipa

multidisciplinar destinada a acompanhar em permanência os alunos, designadamente aqueles que revelem

maiores dificuldades de aprendizagem, risco de abandono escolar, comportamentos de risco ou gravemente

violadores dos deveres do aluno ou se encontrem na iminência de ultrapassar os limites de faltas previstos

no presente Estatuto.

2 — As equipas multidisciplinares referidas no número anterior devem pautar as suas intervenções nos

âmbitos da capacitação do aluno e da capacitação parental tendo como referência boas práticas nacional e

internacionalmente reconhecidas.

3 — As equipas a que se refere o presente artigo têm uma constituição diversificada, prevista no regulamento

interno, na qual participam docentes e técnicos detentores de formação especializada e ou de experiência e

vocação para o exercício da função, integrando, sempre que possível ou a situação o justifique, os diretores

de turma, os professores -tutores, psicólogos e ou outros técnicos e serviços especializados, médicos escolares

ou que prestem apoio à escola, os serviços de ação social escolar, os responsáveis pelas diferentes áreas e

projetos de natureza extracurricular, equipas ou gabinetes escolares de promoção da saúde, bem como

voluntários cujo contributo seja relevante face aos objetivos a prosseguir.

4 — As equipas são constituídas por membros escolhidos em função do seu perfil, competência técnica,

sentido de liderança e motivação para o exercício da missão e coordenadas por um dos seus elementos

designado pelo diretor, em condições de assegurar a referida coordenação com caráter de permanência e

continuidade, preferencialmente, um psicólogo.

5 — A atuação das equipas multidisciplinares prossegue, designadamente, os seguintes objetivos:

a) Inventariar as situações problemáticas com origem na comunidade envolvente, alertando e motivando

os agentes locais para a sua intervenção, designadamente preventiva;

b) Promover medidas de integração e inclusão do aluno na escola tendo em conta a sua envolvência

familiar e social;

c) Atuar preventivamente relativamente aos alunos que se encontrem nas situações referidas no n.º 1;

d) Acompanhar os alunos nos planos de integração na escola e na aquisição e desenvolvimento de métodos

de estudo, de trabalho escolar e medidas de recuperação da aprendizagem;

e) Supervisionar a aplicação de medidas corretivas e disciplinares sancionatórias, sempre que essa missão

lhe seja atribuída;

f) Aconselhar e propor percursos alternativos aos alunos em risco, em articulação com outras equipas ou

serviços com atribuições nessa área;

g) Propor o estabelecimento de parcerias com órgãos e instituições, públicas ou privadas, da comunidade

local, designadamente com o tecido socioeconómico e empresarial, de apoio social na comunidade,

com a rede social municipal, de modo a participarem na proposta ou execução das diferentes medidas

de integração escolar, social ou profissional dos jovens em risco previstas neste Estatuto;

h) Estabelecer ligação com as comissões de proteção de crianças e jovens em risco, designadamente, para

os efeitos e medidas previstas neste Estatuto, relativas ao aluno e ou às suas famílias;

i) Promover as sessões de capacitação parental, conforme previsto nos n. 4 e 5 do artigo 44.º;

j) Promover a formação em gestão comportamental, constante do n.º 4 do artigo 46.º;

k) Assegurar a mediação social, procurando, supletivamente, outros agentes para a mediação na

comunidade educativa e no meio envolvente, nomeadamente pais e encarregados de educação.

123

6 — Nos termos do n.º 1, no âmbito de cada agrupamento de escolas ou escola não agrupada, as equipas

multidisciplinares oferecem, sempre que possível, um serviço que cubra em permanência a totalidade do

período letivo diurno, recorrendo para o efeito, designadamente a docentes com ausência de componente

letiva, às horas provenientes do crédito horário ou a horas da componente não letiva de estabelecimento, sem

prejuízo do incentivo ao trabalho voluntário de membros da comunidade educativa.

SECÇÃO IV

Recursos e salvaguarda da convivência escolar

Artigo 36.º

Recursos

1 — Da decisão final de aplicação de medida disciplinar cabe recurso, a interpor no prazo de cinco dias úteis,

apresentado nos serviços administrativos do agrupamento de escolas ou escola não agrupada e dirigido:

a) Ao conselho geral do agrupamento de escolas ou escola não agrupada, relativamente a medidas

aplicadas pelos professores ou pelo diretor;

b) Para o membro do governo competente, relativamente às medidas disciplinares sancionatórias

aplicadas pelo diretor -geral da educação.

2 — O recurso tem efeito meramente devolutivo, exceto quando interposto de decisão de aplicação das

medidas disciplinares sancionatórias previstas nas alíneas c) a e) do n.º 2 do artigo 28.º

3 — O presidente do conselho geral designa, de entre os seus membros, um relator, a quem compete analisar

o recurso e apresentar ao conselho geral uma proposta de decisão.

4 — Para os efeitos previstos no número anterior, pode o regulamento interno prever a constituição de uma

comissão especializada do conselho geral constituída, entre outros, por professores e pais ou encarregados

de educação, cabendo a um dos seus membros o desempenho da função de relator.

5 — A decisão do conselho geral é tomada no prazo máximo de 15 dias úteis e notificada aos interessados

pelo diretor, nos termos dos n.os 6 e 7 do artigo 33.º

6 — O despacho que apreciar o recurso referido na alínea b) do n.º 1 é remetido à escola, no prazo de cinco

dias úteis, cabendo ao respetivo diretor a adequada notificação, nos termos referidos no número anterior.

Artigo 37.º

Salvaguarda da convivência escolar

1 — Qualquer professor ou aluno da turma contra quem outro aluno tenha praticado ato de agressão moral

ou física, do qual tenha resultado a aplicação efetiva de medida disciplinar sancionatória de suspensão da

escola por período superior a oito dias úteis, pode requerer ao diretor a transferência do aluno em causa para

turma à qual não lecione ou não pertença, quando o regresso daquele à turma de origem possa provocar grave

constrangimento aos ofendidos e perturbação da convivência escolar.

2 — O diretor decidirá sobre o pedido no prazo máximo de cinco dias úteis, fundamentando a sua decisão.

3 — O indeferimento do diretor só pode ser fundamentado na inexistência na escola ou no agrupamento de

outra turma na qual o aluno possa ser integrado, para efeitos da frequência da disciplina ou disciplinas em

causa ou na impossibilidade de corresponder ao pedido sem grave prejuízo para o percurso formativo do

aluno agressor.

SECÇÃO V

Responsabilidade civil e criminal

Artigo 38.º

Responsabilidade civil e criminal

124

1 — A aplicação de medida corretiva ou medida disciplinar sancionatória não isenta o aluno e o respetivo

representante legal da responsabilidade civil e criminal a que, nos termos gerais de direito, haja lugar.

2 — Sem prejuízo do recurso, por razões de urgência, às autoridades policiais, quando o comportamento do

aluno maior de 12 anos e menor de 16 anos puder constituir facto qualificado como crime, deve a direção da

escola comunicar o facto ao Ministério Público junto do tribunal competente em matéria de menores.

3 — Caso o menor tenha menos de 12 anos de idade, a comunicação referida no número anterior deve ser

dirigida à comissão de proteção de crianças e jovens ou, na falta deste, ao Ministério Público junto do tribunal

referido no número anterior.

4 — O início do procedimento criminal pelos factos que constituam crime e que sejam suscetíveis de

desencadear medida disciplinar sancionatória depende apenas de queixa ou de participação pela direção da

escola, devendo o seu exercício fundamentar-se em razões que ponderem, em concreto, o interesse da

comunidade educativa no desenvolvimento do procedimento criminal perante os interesses relativos à

formação do aluno em questão.

5 — O disposto no número anterior não prejudica o exercício do direito de queixa por parte dos membros da

comunidade educativa que sejam lesados nos seus direitos e interesses legalmente protegidos.

CAPÍTULO V

Responsabilidade e autonomia

SECÇÃO I

Responsabilidade da comunidade educativa

Artigo 39.º

Responsabilidade dos membros da comunidade educativa

1 — A autonomia dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas pressupõe a responsabilidade de

todos os membros da comunidade educativa pela salvaguarda efetiva do direito à educação e à igualdade de

oportunidades no acesso à escola, bem como a promoção de medidas que visem o empenho e o sucesso

escolares, a prossecução integral dos objetivos dos referidos projetos educativos, incluindo os de integração

sociocultural, e o desenvolvimento de uma cultura de cidadania capaz de fomentar os valores da pessoa

humana, da democracia e exercício responsável da liberdade individual e do cumprimento dos direitos e

deveres que lhe estão associados.

2 — A escola é o espaço coletivo de salvaguarda efetiva do direito à educação, devendo o seu funcionamento

garantir plenamente aquele direito.

3 — A comunidade educativa referida no n.º 1 integra, sem prejuízo dos contributos de outras entidades, os

alunos, os pais ou encarregados de educação, os professores, o pessoal não docente das escolas, as autarquias

locais e os serviços da administração central e regional com intervenção na área da educação, nos termos das

respetivas responsabilidades e competências.

Artigo 40.º

Responsabilidade dos alunos

1 — Os alunos são responsáveis, em termos adequados à sua idade e capacidade de discernimento, pelo

exercício dos direitos e pelo cumprimento dos deveres que lhe são outorgados pelo presente Estatuto, pelo

regulamento interno da escola e pela demais legislação aplicável.

2 — A responsabilidade disciplinar dos alunos implica o respeito integral pelo presente Estatuto, pelo

regulamento interno da escola, pelo património da mesma, pelos demais alunos, funcionários e, em especial,

professores.

3 — Nenhum aluno pode prejudicar o direito à educação dos demais.

Artigo 41.º

Papel especial dos professores

125

1 — Os professores, enquanto principais responsáveis pela condução do processo de ensino, devem promover

medidas de caráter pedagógico que estimulem o harmonioso desenvolvimento da educação, em ambiente de

ordem e disciplina nas atividades na sala de aula e na escola.

2 — O diretor de turma ou, tratando -se de alunos do 1.º ciclo do ensino básico, o professor titular de turma,

enquanto coordenador do plano de trabalho da turma, é o principal responsável pela adoção de medidas

tendentes à melhoria das condições de aprendizagem e à promoção de um bom ambiente educativo,

competindo -lhe articular a intervenção dos professores da turma e dos pais ou encarregados de educação e

colaborar com estes no sentido de prevenir e resolver problemas comportamentais ou de aprendizagem.

Artigo 42.º

Autoridade do professor

1 — A lei protege a autoridade dos professores nos domínios pedagógico, científico, organizacional,

disciplinar e de formação cívica.

2 — A autoridade do professor exerce -se dentro e fora da sala de aula, no âmbito das instalações escolares

ou fora delas, no exercício das suas funções.

3 — Consideram -se suficientemente fundamentadas, para todos os efeitos legais, as propostas ou as decisões

dos professores relativas à avaliação dos alunos quando oralmente apresentadas e justificadas perante o

conselho de turma e sumariamente registadas na ata, as quais se consideram ratificadas pelo referido conselho

com a respetiva aprovação, exceto se o contrário daquela expressamente constar.

4 — Os professores gozam de especial proteção da lei penal relativamente aos crimes cometidos contra a sua

pessoa ou o seu património, no exercício das suas funções ou por causa delas, sendo a pena aplicável ao

crime respetivo agravada em um terço nos seus limites mínimo e máximo.

Artigo 43.º

Responsabilidade dos pais ou encarregados de educação

1 — Aos pais ou encarregados de educação incumbe uma especial responsabilidade, inerente ao seu poder -

dever de dirigirem a educação dos seus filhos e educandos no interesse destes e de promoverem ativamente

o desenvolvimento físico, intelectual e cívico dos mesmos.

2 — Nos termos da responsabilidade referida no número anterior, deve cada um dos pais ou encarregados de

educação, em especial:

a) Acompanhar ativamente a vida escolar do seu educando;

b) Promover a articulação entre a educação na família e o ensino na escola;

c) Diligenciar para que o seu educando beneficie, efetivamente, dos seus direitos e cumpra

rigorosamente os deveres que lhe incumbem, nos termos do presente Estatuto, procedendo com

correção no seu comportamento e empenho no processo de ensino;

d) Contribuir para a criação e execução do projeto educativo e do regulamento interno da escola e

participar na vida da escola;

e) Cooperar com os professores no desempenho da sua missão pedagógica, em especial quando para tal

forem solicitados, colaborando no processo de ensino dos seus educandos;

f) Reconhecer e respeitar a autoridade dos professores no exercício da sua profissão e incutir nos seus

filhos ou educandos o dever de respeito para com os professores, o pessoal não docente e os colegas

da escola, contribuindo para a preservação da disciplina e harmonia da comunidade educativa;

g) Contribuir para o correto apuramento dos factos em procedimento de índole disciplinar instaurado ao

seu educando, participando nos atos e procedimentos para os quais for notificado e, sendo aplicada

a este medida corretiva ou medida disciplinar sancionatória, diligenciar para que a mesma prossiga

os objetivos de reforço da sua formação cívica, do desenvolvimento equilibrado da sua

personalidade, da sua capacidade de se relacionar com os outros, da sua plena integração na

comunidade educativa e do seu sentido de responsabilidade;

126

h) Contribuir para a preservação da segurança e integridade física e psicológica de todos os que

participam na vida da escola;

i) Integrar ativamente a comunidade educativa no desempenho das demais responsabilidades desta, em

especial informando -a e informando -se sobre todas as matérias relevantes no processo educativo

dos seus educandos;

j) Comparecer na escola sempre que tal se revele necessário ou quando para tal for solicitado;

k) Conhecer o presente Estatuto, bem como o regulamento interno da escola e subscrever declaração

anual de aceitação do mesmo e de compromisso ativo quanto ao seu cumprimento integral;

l) Indemnizar a escola relativamente a danos patrimoniais causados pelo seu educando;

m) Manter constantemente atualizados os seus contactos telefónico, endereço postal e eletrónico, bem

como os do seu educando, quando diferentes, informando a escola em caso de alteração.

3 — Os pais ou encarregados de educação são responsáveis pelos deveres dos seus filhos e educandos, em

especial quanto à assiduidade, pontualidade e disciplina.

4 — Para efeitos do disposto no presente Estatuto, considera -se encarregado de educação quem tiver menores

a residir consigo ou confiado aos seus cuidados:

a) Pelo exercício das responsabilidades parentais;

b) Por decisão judicial;

c) Pelo exercício de funções executivas na direção de instituições que tenham menores, a qualquer título,

à sua responsabilidade;

d) Por mera autoridade de facto ou por delegação, devidamente comprovada, por parte de qualquer das

entidades referidas nas alíneas anteriores.

5 — Em caso de divórcio ou de separação e, na falta de acordo dos progenitores, o encarregado de educação

será o progenitor com quem o menor fique a residir.

6 — Estando estabelecida a residência alternada com cada um dos progenitores, deverão estes decidir, por

acordo ou, na falta deste, por decisão judicial, sobre o exercício das funções de encarregado de educação.

7 — O encarregado de educação pode ainda ser o pai ou a mãe que, por acordo expresso ou presumido entre

ambos, é indicado para exercer essas funções, presumindo-se ainda, até qualquer indicação em contrário, que

qualquer ato que pratica relativamente ao percurso escolar do filho é realizado por decisão conjunta do outro

progenitor.

Artigo 44.º

Incumprimento dos deveres por parte dos pais ou encarregados de educação

1 — O incumprimento pelos pais ou encarregados de educação, relativamente aos seus filhos ou educandos

menores ou não emancipados, dos deveres previstos no artigo anterior, de forma consciente e reiterada,

implica a respetiva responsabilização nos termos da lei e do presente Estatuto.

2 — Constitui incumprimento especialmente censurável dos deveres dos pais ou encarregados de educação:

a) O incumprimento dos deveres de matrícula, frequência, assiduidade e pontualidade pelos filhos e ou

educandos, bem como a ausência de justificação para tal incumprimento, nos termos dos n.os 2 a 5 do

artigo 16.º;

b) A não comparência na escola sempre que os seus filhos e ou educandos atinjam metade do limite de

faltas injustificadas, nos termos do n.º 3 do artigo 18.º, ou a sua não comparência ou não pronúncia, nos

casos em que a sua audição é obrigatória, no âmbito de procedimento disciplinar instaurado ao seu filho

ou educando, nos termos previstos nos artigos 30.º e 31.º;

c) A não realização, pelos seus filhos e ou educandos, das medidas de recuperação definidas pela escola

nos termos do presente Estatuto, das atividades de integração na escola e na comunidade decorrentes da

aplicação de medidas disciplinares corretivas e ou sancionatórias, bem como a não comparência destes

em consultas ou terapias prescritas por técnicos especializados.

3 — O incumprimento reiterado, por parte dos pais ou encarregados de educação, dos deveres a que se refere

o número anterior, determina a obrigação, por parte da escola, de comunicação do facto à competente

127

comissão de proteção de crianças e jovens ou ao Ministério Público, nos termos previstos no presente

Estatuto.

4 — O incumprimento consciente e reiterado pelos pais ou encarregado de educação de alunos menores de

idade dos deveres estabelecidos no n.º 2 pode ainda determinar por decisão da comissão de proteção de

crianças e jovens ou do Ministério Público, na sequência da análise efetuada após a comunicação prevista no

número anterior, a frequência em sessões de capacitação parental, a promover pela equipa multidisciplinar

do agrupamento de escolas ou escolas não agrupadas, sempre que possível, com a participação das entidades

a que se refere o n.º 3 do artigo 53.º, e no quadro das orientações definidas pelos ministérios referidos no seu

n.º 2.

5 — Nos casos em que não existam equipas multidisciplinares constituídas, compete à comissão de proteção

de crianças e jovens ou, na sua inexistência, ao Ministério Público dinamizar as ações de capacitação parental

a que se refere o número anterior, mobilizando, para o efeito, a escola ou agrupamento, bem como as demais

entidades a que se refere o artigo 53.º

6 — Tratando-se de família beneficiária de apoios sociofamiliares concedidos pelo Estado, o facto é também

comunicado aos serviços competentes, para efeito de reavaliação, nos termos da legislação aplicável, dos

apoios sociais que se relacionem com a frequência escolar dos seus educandos e não incluídos no âmbito da

ação social escolar ou do transporte escolar recebidos pela família.

7 — O incumprimento por parte dos pais ou encarregados de educação do disposto na parte final da alínea

b) do n.º 2 do presente artigo presume a sua concordância com as medidas aplicadas ao seu filho ou educando,

exceto se provar não ter sido cumprido, por parte da escola, qualquer dos procedimentos obrigatórios

previstos nos artigos 30.º e 31.º do presente Estatuto.

Artigo 45.º

Contraordenações

1 — A manutenção da situação de incumprimento consciente e reiterado por parte dos pais ou encarregado

de educação de alunos menores de idade dos deveres a que se refere o n.º 2 do artigo anterior, aliado à recusa,

à não comparência ou à ineficácia das ações de capacitação parental determinadas e oferecidas nos termos

do referido artigo, constitui contraordenação.

2 — As contraordenações previstas no n.º 1 são punidas com coima de valor igual ao valor máximo

estabelecido para os alunos do escalão B do ano ou ciclo de escolaridade frequentado pelo educando em

causa, na regulamentação que define os apoios no âmbito da ação social escolar para aquisição de manuais

escolares.

3 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, quando a sanção prevista no presente artigo resulte do

incumprimento por parte dos pais ou encarregados de educação dos seus deveres relativamente a mais do que

um educando, são levantados tantos autos quanto o número de educandos em causa.

4 — Na situação a que se refere o número anterior, o valor global das coimas não pode ultrapassar, na mesma

escola ou agrupamento e no mesmo ano escolar, o valor máximo mais elevado estabelecido para um aluno

do escalão B do 3.º ciclo do ensino básico, na regulamentação que define os apoios no âmbito da ação social

escolar para a aquisição de manuais escolares.

5 — Tratando-se de pais ou encarregados de educação cujos educandos beneficiam de apoios no âmbito da

ação social escolar, em substituição das coimas previstas nos n. 2 a 4, podem ser aplicadas as sanções de

privação de direito a apoios escolares e sua restituição, desde que o seu benefício para o aluno não esteja a

ser realizado.

6 — A negligência é punível.

7 — Compete ao diretor -geral da administração escolar, por proposta do diretor da escola ou agrupamento,

a elaboração dos autos de notícia, a instrução dos respetivos processos de contraordenação, sem prejuízo da

colaboração dos serviços inspetivos em matéria de educação, e a aplicação das coimas.

8 — O produto das coimas aplicadas nos termos dos números anteriores constitui receita própria da escola

ou agrupamento.

128

9 — O incumprimento, por causa imputável ao encarregado de educação ou ao seu educando, do pagamento

das coimas a que se referem os n.os 2 a 4 ou do dever de restituição dos apoios escolares estabelecido no n.º

5, quando exigido, pode determinar, por decisão do diretor da escola ou agrupamento:

a) No caso de pais ou encarregados de educação aos quais foi aplicada a sanção alternativa prevista no n.º

5, a privação, no ano escolar seguinte, do direito a apoios no âmbito da ação social escolar relativos a

manuais escolares;

b) Nos restantes casos, a aplicação de coima de valor igual ao dobro do valor previsto nos n.os 2, 3 ou 4,

consoante os casos.

10 — Sem prejuízo do estabelecido na alínea a) do n.º 9, a duração máxima da sanção alternativa prevista no

n.º 5 é de um ano escolar.

11 — Em tudo o que não se encontrar previsto na presente lei em matéria de contraordenações, são aplicáveis

as disposições do Regime Geral do Ilícito de Mera Ordenação Social.

Artigo 46.º

Papel do pessoal não docente das escolas

1 — O pessoal não docente das escolas deve colaborar no acompanhamento e integração dos alunos na

comunidade educativa, incentivando o respeito pelas regras de convivência, promovendo um bom ambiente

educativo e contribuindo, em articulação com os docentes, os pais ou encarregados de educação, para

prevenir e resolver problemas comportamentais e de aprendizagem.

2 — Aos técnicos de serviços de psicologia e orientação escolar e profissional, integrados ou não em equipas,

incumbe ainda o papel especial de colaborar na identificação e prevenção de situações problemáticas de

alunos e fenómenos de violência, na elaboração de planos de acompanhamento para estes, envolvendo a

comunidade educativa.

3 — O pessoal não docente das escolas deve realizar formação em gestão comportamental, se tal for

considerado útil para a melhoria do ambiente escolar.

4 — A necessidade de formação constante do número anterior é identificada pelo diretor do agrupamento de

escolas ou escola não agrupada e deve, preferencialmente, ser promovida pela equipa multidisciplinar.

Artigo 47.º

Intervenção de outras entidades

1 — Perante situação de perigo para a segurança, saúde, ou educação do aluno, designadamente por ameaça

à sua integridade física ou psicológica, deve o diretor do agrupamento de escolas ou escola não agrupada

diligenciar para lhe pôr termo, pelos meios estritamente adequados e necessários e sempre com preservação

da vida privada do aluno e da sua família, atuando de modo articulado com os pais, representante legal ou

quem tenha a guarda de facto do aluno.

2 — Para efeitos do disposto no número anterior, deve o diretor do agrupamento de escolas ou escola não

agrupada solicitar, quando necessário, a cooperação das entidades competentes do setor público, privado ou

social.

3 — Quando se verifique a oposição dos pais, representante legal ou quem tenha a guarda de facto do aluno,

à intervenção da escola no âmbito da competência referida nos números anteriores, o diretor do agrupamento

de escolas ou escola não agrupada deve comunicar imediatamente a situação à comissão de proteção de

crianças e jovens com competência na área de residência do aluno ou, no caso de esta não se encontrar

instalada, ao magistrado do Ministério Público junto do tribunal competente.

4 — Se a escola, no exercício da competência referida nos n.os 1 e 2, não conseguir assegurar, em tempo

adequado, a proteção suficiente que as circunstâncias do caso exijam, cumpre ao diretor do agrupamento de

escolas ou escola não agrupada comunicar a situação às entidades referidas no número anterior.

SECÇÃO II

Autonomia da escola

129

Artigo 48.º

Vivência escolar

O regulamento interno, enquanto instrumento normativo da autonomia da escola, prevê e garante as regras

de convivência que assegurem o cumprimento dos objetivos do projeto educativo, a harmonia das relações

interpessoais e a integração social, o pleno desenvolvimento físico, intelectual e cívico dos alunos, a

preservação da segurança destes e do património da escola e dos restantes membros da comunidade

educativa, assim como a realização profissional e pessoal dos docentes e não docentes.

Artigo 49.º

Regulamento interno da escola

1 — O regulamento interno da escola tem por objeto:

a) O desenvolvimento do disposto na presente lei e demais legislação de caráter estatutário;

b) A adequação à realidade da escola das regras de convivência e de resolução de conflitos na respetiva

comunidade educativa;

c) As regras e procedimentos a observar em matéria de delegação das competências do diretor, nos

restantes membros do órgão de administração e gestão ou no conselho de turma.

2 — No desenvolvimento do disposto na alínea b) do número anterior, o regulamento interno da escola pode

dispor, entre outras matérias, quanto:

a) Aos direitos e deveres dos alunos inerentes à especificidade da vivência escolar;

b) À utilização das instalações e equipamentos;

c) Ao acesso às instalações e espaços escolares;

d) Ao reconhecimento e à valorização do mérito, da dedicação e do esforço no trabalho escolar, bem como

do desempenho de ações meritórias em favor da comunidade em que o aluno está inserido ou da

sociedade em geral, praticadas na escola ou fora dela.

Artigo 50.º

Elaboração do regulamento interno da escola

O regulamento interno da escola é elaborado nos termos do regime de autonomia, administração e gestão dos

estabelecimentos da educação pré -escolar e dos ensinos básico e secundário, aprovado pelo Decreto -Lei n.º

75/2008, de 22 de abril, na sua redação atual, devendo nessa elaboração participar a comunidade escolar, em

especial através do funcionamento do conselho geral.

Artigo 51.º

Divulgação do regulamento interno da escola

1 — O regulamento interno da escola é publicitado no Portal das Escolas e na escola, em local visível e

adequado, sendo fornecido gratuitamente ao aluno, quando inicia a frequência da escola e sempre que o

regulamento seja objeto de atualização.

2 — Os pais ou encarregados de educação devem, no ato da matrícula, nos termos da alínea k) do n.º 2 do

artigo 43.º, conhecer o regulamento interno da escola e subscrever, fazendo subscrever igualmente aos seus

filhos e educandos, declaração anual, em duplicado, de aceitação do mesmo e de compromisso ativo quanto

ao seu cumprimento integral.

CAPÍTULO VI

Disposições finais e transitórias

Artigo 52.º

Legislação subsidiária

Em tudo o que não se encontrar especialmente regulado na presente lei aplica-se subsidiariamente o Código

do Procedimento Administrativo.

130

Artigo 53.º

Divulgação do Estatuto do Aluno e Ética Escolar

1 — O presente Estatuto e demais legislação relativa ao funcionamento das escolas devem estar disponíveis

para consulta de todos os membros da comunidade educativa, em local ou pela forma a indicar no

regulamento interno.

2 — O Ministério da Educação e Ciência, em articulação com o Ministério da Justiça e com o Ministério da

Solidariedade e da Segurança Social, promoverá as ações de formação necessárias à implementação e correta

aplicação do presente Estatuto.

3 — As ações de formação previstas no número anterior poderão incluir a participação e colaboração de

juízes e magistrados do Ministério Público dos tribunais de família e menores, membros ou representantes

da Comissão Nacional de Proteção de Crianças e Jovens em Risco ou das comissões de proteção de crianças

e jovens, técnicos das equipas multidisciplinares de apoio aos tribunais da segurança social, membros da

comunidade educativa e outros profissionais que tenham participação no percurso escolar das crianças e dos

jovens.

Artigo 54.º

Sucessão de regimes

O disposto na presente lei aplica-se apenas às situações constituídas após a sua entrada em vigor.

Artigo 55.º

Norma revogatória

1 — São revogados:

a) O Estatuto do Aluno dos Ensinos Básico e Secundário, aprovado pela Lei n.º 30/2002, de 20 de

dezembro, alterado pelas Leis n.os 3/2008, de 18 de janeiro, e 39/2012, de 2 de setembro;

b) Os artigos 26.º e 27.º do Decreto -Lei n.º 301/93, de 31 de agosto.

2 — Consideram-se remetidas para disposições homólogas ou equivalentes do presente Estatuto todas as

remissões feitas em legislação anterior para o Estatuto do Aluno dos Ensinos Básico e Secundário ora

revogado.

Artigo 56.º

Entrada em vigor

A presente lei entra em vigor no início do ano escolar de 2012 -2013.

Aprovada em 25 de julho de 2012.

A Presidente da Assembleia da República, Maria da Assunção A. Esteves.

Promulgada em 24 de agosto de 2012. Publique -se.

O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.

Referendada em 28 de agosto de 2012.

O Primeiro -Ministro, Pedro Passos Coelho.

131

LEI DE BASES DO SISTEMA EDUCATIVO

Decreto Lei nº 49/2005 30 de Agosto

A Lei Nº 46/1986, de 14 de Outubro, com as alterações introduzidas pela Lei Nº 115/1997, de 19 de

Setembro, e com as alterações e aditamentos introduzidos pela presente lei, é republicada e

renumerada na sua totalidade em anexo, que dela faz parte integrante.

Capítulo I

Âmbito e princípios

Artigo 1º

Âmbito e definição

1 - A presente lei estabelece o quadro geral do sistema educativo.

2 - O sistema educativo é o conjunto de meios pelo qual se concretiza o direito à educação, que se exprime

pela garantia de uma permanente acção formativa orientada para favorecer o desenvolvimento global da

personalidade, o progresso social e a democratização da sociedade.

3 - O sistema educativo desenvolve-se segundo um conjunto organizado de estruturas e de acções

diversificadas, por iniciativa e sob responsabilidade de diferentes instituições e entidades públicas,

particulares e cooperativas. 4 - O sistema educativo tem por âmbito geográfico a totalidade do território

português - continente e Regiões Autónomas -, mas deve ter uma expressão suficientemente flexível e

diversificada, de modo a abranger a generalidade dos países e dos locais em que vivam comunidades de

portugueses ou em que se verifique acentuado interesse pelo desenvolvimento e divulgação da cultura

portuguesa.

5 - A coordenação da política relativa ao sistema educativo, independentemente das instituições que o

compõem, incumbe a um ministério especialmente vocacionado para o efeito.

Artigo 2º

Princípios gerais

1 - Todos os portugueses têm direito à educação e à cultura, nos termos da Constituição da República.

2 - É da especial responsabilidade do Estado promover a democratização do ensino, garantindo o direito a

uma justa e efectiva igualdade de oportunidades no acesso e sucesso escolares.

3 - No acesso à educação e na sua prática é garantido a todos os portugueses o respeito pelo princípio da

liberdade de aprender e de ensinar, com tolerância para com as escolhas possíveis, tendo em conta,

designadamente, os seguintes princípios:

a) O Estado não pode atribuir-se o direito de programar a educação e a cultura segundo quaisquer

directrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas;

b) O ensino público não será confessional;

c) É garantido o direito de criação de escolas particulares e cooperativas.

4 - O sistema educativo responde às necessidades resultantes da realidade social, contribuindo para o

desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos indivíduos, incentivando a formação de cidadãos

livres, responsáveis, autónomos e solidários e valorizando a dimensão humana do trabalho.

5 - A educação promove o desenvolvimento do espírito democrático e pluralista, respeitador dos outros e das

suas ideias, aberto ao diálogo e à livre troca de opiniões, formando cidadãos capazes de julgarem com espírito

crítico e criativo o meio social em que se integram e de se empenharem na sua transformação progressiva.

Artigo 3º

132

Princípios organizativos

O sistema educativo organiza-se de forma a:

a) Contribuir para a defesa da identidade nacional e para o reforço da fidelidade à matriz histórica de

Portugal, através da consciencialização relativamente ao património cultural do povo português, no

quadro da tradição universalista europeia e da crescente interdependência e necessária solidariedade

entre todos os povos do mundo;

b) Contribuir para a realização do educando, através do pleno desenvolvimento da personalidade, da

formação do carácter e da cidadania, preparando-o para uma reflexão consciente sobre os valores

espirituais, estéticos, morais e cívicos e proporcionando-lhe um equilibrado desenvolvimento físico;

c) Assegurar a formação cívica e moral dos jovens;

d) Assegurar o direito à diferença, mercê do respeito pelas personalidades e pelos projectos individuais

da existência, bem como da consideração e valorização dos diferentes saberes e culturas;

e) Desenvolver a capacidade para o trabalho e proporcionar, com base numa sólida formação geral, uma

formação específica para a ocupação de um justo lugar na vida activa que permita ao indivíduo prestar

o seu contributo ao progresso da sociedade em consonância com os seus interesses, capacidades e

vocação;

f) Contribuir para a realização pessoal e comunitária dos indivíduos, não só pela formação para o sistema

de ocupações socialmente úteis mas ainda pela prática e aprendizagem da utilização criativa dos tempos

livres;

g) Descentralizar, desconcentrar e diversificar as estruturas e acções educativas de modo a proporcionar

uma correcta adaptação às realidades, um elevado sentido de participação das populações, uma adequada

inserção no meio comunitário e níveis de decisão eficientes;

h) Contribuir para a correcção das assimetrias de desenvolvimento regional e local, devendo incrementar

em todas as regiões do País a igualdade no acesso aos benefícios da educação, da cultura e da ciência;

i) Assegurar uma escolaridade de segunda oportunidade aos que dela não usufruíram na idade própria,

aos que procuram o sistema educativo por razões profissionais ou de promoção cultural, devidas,

nomeadamente, a necessidades de reconversão ou aperfeiçoamento decorrentes da evolução dos

conhecimentos científicos e tecnológicos;

j) Assegurar a igualdade de oportunidade para ambos os sexos, nomeadamente através das práticas de

coeducação e da orientação escolar e profissional, e sensibilizar, para o efeito, o conjunto dos

intervenientes no processo educativo;

l) Contribuir para desenvolver o espírito e a prática democráticos, através da adopção de estruturas e

processos participativos na definição da política educativa, na administração e gestão do sistema escolar

e na experiência pedagógica quotidiana, em que se integram todos os intervenientes no processo

educativo, em especial os alunos, os docentes e as famílias.

Capítulo II

Organização do sistema educativo

Artigo 4º

Organização geral do sistema educativo

1 - O sistema educativo compreende a educação pré-escolar, a educação escolar e a educação extra-escolar.

2 - A educação pré-escolar, no seu aspecto formativo, é complementar e ou supletiva da acção educativa da

família, com a qual estabelece estreita cooperação.

3 - A educação escolar compreende os ensinos básico, secundário e superior, integra modalidades especiais

e inclui actividades de ocupação de tempos livres.

4 - A educação extra-escolar engloba actividades de alfabetização e de educação de base, de aperfeiçoamento

e actualização cultural e científica e a iniciação, reconversão e aperfeiçoamento profissional e realiza-se num

quadro aberto de iniciativas múltiplas, de natureza formal e não formal.

Secção I

133

Educação pré-escolar

Artigo 5º

Educação pré-escolar

1 - São objectivos da educação pré-escolar:

a) Estimular as capacidades de cada criança e favorecer a sua formação e o desenvolvimento equilibrado

de todas as suas potencialidades;

b) Contribuir para a estabilidade e a segurança afectivas da criança;

c) Favorecer a observação e a compreensão do meio natural e humano para melhor integração e

participação da criança;

d) Desenvolver a formação moral da criança e o sentido da responsabilidade, associado ao da liberdade;

e) Fomentar a integração da criança em grupos sociais diversos, complementares da família, tendo em

vista o desenvolvimento da sociabilidade;

f) Desenvolver as capacidades de expressão e comunicação da criança, assim como a imaginação

criativa, e estimular a actividade lúdica;

g) Incutir hábitos de higiene e de defesa da saúde pessoal e colectiva;

h) Proceder à despistagem de inadaptações, deficiências ou precocidades e promover a melhor

orientação e encaminhamento da criança.

2 - A prossecução dos objectivos enunciados far-se-á de acordo com conteúdos, métodos e técnicas

apropriados, tendo em conta a articulação com o meio familiar.

3 - A educação pré-escolar destina-se às crianças com idades compreendidas entre os 3 anos e a idade de

ingresso no ensino básico.

4 - Incumbe ao Estado assegurar a existência de uma rede de educação pré-escolar.

5 - A rede de educação pré-escolar é constituída por instituições próprias, de iniciativa do poder central,

regional ou local e de outras entidades, colectivas ou individuais, designadamente associações de pais e de

moradores, organizações cívicas e confessionais, organizações sindicais e de empresa e instituições de

solidariedade social.

6 - O Estado deve apoiar as instituições de educação pré-escolar integradas na rede pública, subvencionando,

pelo menos, uma parte dos seus custos de funcionamento.

7 - Ao ministério responsável pela coordenação da política educativa compete definir as normas gerais da

educação pré-escolar, nomeadamente nos seus aspectos pedagógico e técnico, e apoiar e fiscalizar o seu

cumprimento e aplicação.

8 - A frequência da educação pré-escolar é facultativa no reconhecimento de que à família cabe um papel

essencial no processo da educação pré-escolar.

Secção II

Educação escolar

Subsecção I

Ensino básico

Artigo 6º

Universalidade

1 - O ensino básico é universal, obrigatório e gratuito e tem a duração de nove anos.

2 - Ingressam no ensino básico as crianças que completem 6 anos de idade até 15 de Setembro.

3 - As crianças que completem os 6 anos de idade entre 16 de Setembro e 31 de Dezembro podem ingressar

no ensino básico se tal for requerido pelo encarregado de educação, em termos a regulamentar.

4 - A obrigatoriedade de frequência do ensino básico termina aos 15 anos de idade.

5 - A gratuitidade no ensino básico abrange propinas, taxas e emolumentos relacionados com a matrícula,

frequência e certificação, podendo ainda os alunos dispor gratuitamente do uso de livros e material escolar,

bem como de transporte, alimentação e alojamento, quando necessários.

134

Artigo 7º

Objectivos São objectivos do ensino básico:

a) Assegurar uma formação geral comum a todos os portugueses que lhes garanta a descoberta e o

desenvolvimento dos seus interesses e aptidões, capacidade de raciocínio, memória e espírito crítico,

criatividade, sentido moral e sensibilidade estética, promovendo a realização individual em harmonia

com os valores da solidariedade social;

b) Assegurar que nesta formação sejam equilibradamente inter-relacionados o saber e o saber fazer, a

teoria e a prática, a cultura escolar e a cultura do quotidiano;

c) Proporcionar o desenvolvimento físico e motor, valorizar as actividades manuais e promover a

educação artística, de modo a sensibilizar para as diversas formas de expressão estética, detectando e

estimulando aptidões nesses domínios;

d) Proporcionar a aprendizagem de uma primeira língua estrangeira e a iniciação de uma segunda;

e) Proporcionar a aquisição dos conhecimentos basilares que permitam o prosseguimento de estudos ou

a inserção do aluno em esquemas de formação profissional, bem como facilitar a aquisição e o

desenvolvimento de métodos e instrumentos de trabalho pessoal e em grupo, valorizando a dimensão

humana do trabalho;

f) Fomentar a consciência nacional aberta à realidade concreta numa perspectiva de humanismo

universalista, de solidariedade e de cooperação internacional;

g) Desenvolver o conhecimento e o apreço pelos valores característicos da identidade, língua, história e

cultura portuguesas;

h) Proporcionar aos alunos experiências que favoreçam a sua maturidade cívica e sócio-afectiva, criando

neles atitudes e hábitos positivos de relação e cooperação, quer no plano dos seus vínculos de família,

quer no da intervenção consciente e responsável na realidade circundante;

i) Proporcionar a aquisição de atitudes autónomas, visando a formação de cidadãos civicamente

responsáveis e democraticamente intervenientes na vida comunitária;

j) Assegurar às crianças com necessidades educativas específicas, devidas, designadamente, a

deficiências físicas e mentais, condições adequadas ao seu desenvolvimento e pleno aproveitamento das

suas capacidades;

l) Fomentar o gosto por uma constante actualização de conhecimentos;

m) Participar no processo de informação e orientação educacionais em colaboração com as famílias;

n) Proporcionar, em liberdade de consciência, a aquisição de noções de educação cívica e moral;

o) Criar condições de promoção do sucesso escolar e educativo a todos os alunos.

Artigo 8º

Organização

1 - O ensino básico compreende três ciclos sequenciais, sendo o 1º de quatro anos, o 2º de dois anos e o 3º

de três anos, organizados nos seguintes termos:

a) No 1º ciclo, o ensino é globalizante, da responsabilidade de um professor único, que pode ser

coadjuvado em áreas especializadas;

b) No 2º ciclo, o ensino organiza-se por áreas interdisciplinares de formação básica e desenvolve-se

predominantemente em regime de professor por área;

c) No 3º ciclo, o ensino organiza-se segundo um plano curricular unificado, integrando áreas vocacionais

diversificadas, e desenvolve-se em regime de um professor por disciplina ou grupo de disciplinas.

2 - A articulação entre os ciclos obedece a uma sequencialidade progressiva, conferindo a cada ciclo a função

de completar, aprofundar e alargar o ciclo anterior, numa perspectiva de unidade global do ensino básico.

3 - Os objectivos específicos de cada ciclo integram-se nos objectivos gerais do ensino básico, nos termos

dos números anteriores e de acordo com o desenvolvimento etário correspondente, tendo em atenção as

seguintes particularidades:

135

a) Para o 1º ciclo, o desenvolvimento da linguagem oral e a iniciação e progressivo domínio da leitura

e da escrita, das noções essenciais da aritmética e do cálculo, do meio físico e social e das expressões

plástica, dramática, musical e motora;

b) Para o 2º ciclo, a formação humanística, artística, física e desportiva, científica e tecnológica e a

educação moral e cívica, visando habilitar os alunos a assimilar e interpretar crítica e criativamente a

informação, de modo a possibilitar a aquisição de métodos e instrumentos de trabalho e de conhecimento

que permitam o prosseguimento da sua formação, numa perspectiva do desenvolvimento de atitudes

activas e conscientes perante a comunidade e os seus problemas mais importantes;

c) Para o 3º ciclo, a aquisição sistemática e diferenciada da cultura moderna, nas suas dimensões

humanística, literária, artística, física e desportiva, científica e tecnológica, indispensável ao ingresso na

vida activa e ao prosseguimento de estudos, bem como a orientação escolar e profissional que faculte a

opção de formação subsequente ou de inserção na vida activa, com respeito pela realização autónoma

da pessoa humana.

4 - Em escolas especializadas do ensino básico podem ser reforçadas componentes de ensino artístico ou de

educação física e desportiva, sem prejuízo da formação básica.

5 - A conclusão com aproveitamento do ensino básico confere o direito à atribuição de um diploma, devendo

igualmente ser certificado o aproveitamento de qualquer ano ou ciclo, quando solicitado.

Subsecção II

Ensino secundário

Artigo 9º

Objectivos

O ensino secundário tem por objectivos:

a) Assegurar o desenvolvimento do raciocínio, da reflexão e da curiosidade científica e o

aprofundamento dos elementos fundamentais de uma cultura humanística, artística, científica e técnica

que constituam suporte cognitivo e metodológico apropriado para o eventual prosseguimento de estudos

e para a inserção na vida activa;

b) Facultar aos jovens conhecimentos necessários à compreensão das manifestações estéticas e culturais

e possibilitar o aperfeiçoamento da sua expressão artística;

c) Fomentar a aquisição e aplicação de um saber cada vez mais aprofundado assente no estudo, na

reflexão crítica, na observação e na experimentação;

d) Formar, a partir da realidade concreta da vida regional e nacional, e no apreço pelos valores

permanentes da sociedade, em geral, e da cultura portuguesa, em particular, jovens interessados na

resolução dos problemas do País e sensibilizados para os problemas da comunidade internacional;

e) Facultar contactos e experiências com o mundo do trabalho, fortalecendo os mecanismos de

aproximação entre a escola, a vida activa e a comunidade e dinamizando a função inovadora e

interventora da escola;

f) Favorecer a orientação e formação profissional dos jovens, através da preparação técnica e

tecnológica, com vista à entrada no mundo do trabalho;

g) Criar hábitos de trabalho, individual e em grupo, e favorecer o desenvolvimento de atitudes de

reflexão metódica, de abertura de espírito, de sensibilidade e de disponibilidade e adaptação à mudança.

Artigo 10º

Organização

1 - Têm acesso a qualquer curso do ensino secundário os que completarem com aproveitamento o ensino

básico.

2 - Os cursos do ensino secundário têm a duração de três anos.

3 - O ensino secundário organiza-se segundo formas diferenciadas, contemplando a existência de cursos

predominantemente orientados para a vida activa ou para o prosseguimento de estudos, contendo todas elas

136

componentes de formação de sentido técnico, tecnológico e profissionalizante e de língua e cultura

portuguesas adequadas à natureza dos diversos cursos.

4 - É garantida a permeabilidade entre os cursos predominantemente orientados para a vida activa e os cursos

predominantemente orientados para o prosseguimento de estudos.

5 - A conclusão com aproveitamento do ensino secundário confere direito à atribuição de um diploma, que

certificará a formação adquirida e, nos casos dos cursos predominantemente orientados para a vida activa, a

qualificação obtida para efeitos do exercício de actividades profissionais determinadas.

6 - No ensino secundário cada professor é responsável, em princípio, por uma só disciplina.

7 - Podem ser criados estabelecimentos especializados destinados ao ensino e prática de cursos de natureza

técnica e tecnológica ou de índole artística.

Subsecção III

Ensino superior

Artigo 11º

Âmbito e objectivos

1 - O ensino superior compreende o ensino universitário e o ensino politécnico.

2 - São objectivos do ensino superior:

a) Estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e empreendedor, bem como

do pensamento reflexivo;

b) Formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em sectores

profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade, e colaborar na sua formação

contínua;

c) Incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e

da tecnologia, das humanidades e das artes, e a criação e difusão da cultura e, desse modo, desenvolver

o entendimento do homem e do meio em que se integra;

d) Promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos, que constituem património

da humanidade, e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de

comunicação;

e) Suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a

correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura

intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração, na lógica de educação ao longo da vida e

de investimento geracional e intergeracional, visando realizar a unidade do processo formativo;

f) Estimular o conhecimento dos problemas do mundo de hoje, num horizonte de globalidade, em

particular os nacionais, regionais e europeus, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer

com esta uma relação de reciprocidade;

g) Continuar a formação cultural e profissional dos cidadãos pela promoção de formas adequadas de

extensão cultural;

h) Promover e valorizar a língua e a cultura portuguesas;

i) Promover o espírito crítico e a liberdade de expressão e de investigação.

3 - O ensino universitário, orientado por uma constante perspectiva de promoção de investigação e de criação

do saber, visa assegurar uma sólida preparação científica e cultural e proporcionar uma formação técnica que

habilite para o exercício de actividades profissionais e culturais e fomente o desenvolvimento das capacidades

de concepção, de inovação e de análise crítica.

4 - O ensino politécnico, orientado por uma constante perspectiva de investigação aplicada e de

desenvolvimento, dirigido à compreensão e solução de problemas concretos, visa proporcionar uma sólida

formação cultural e técnica de nível superior, desenvolver a capacidade de inovação e de análise crítica e

ministrar conhecimentos científicos de índole teórica e prática e as suas aplicações com vista ao exercício de

actividades profissionais.

137

Artigo 12º

Acesso

1 - Têm acesso ao ensino superior os indivíduos habilitados com o curso do ensino secundário ou equivalente

que façam prova de capacidade para a sua frequência.

2 - O Governo define, através de decreto-lei, os regimes de acesso e ingresso no ensino superior, em

obediência aos seguintes princípios:

a) Democraticidade, equidade e igualdade de oportunidades;

b) Objectividade dos critérios utilizados para a selecção e seriação dos candidatos;

c) Universalidade de regras para cada um dos subsistemas de ensino superior;

d) Valorização do percurso educativo do candidato no ensino secundário, nas suas componentes de

avaliação contínua e provas nacionais, traduzindo a relevância para o acesso ao ensino superior do

sistema de certificação nacional do ensino secundário;

e) Utilização obrigatória da classificação final do ensino secundário no processo de seriação;

f) Coordenação dos estabelecimentos de ensino superior para a realização da avaliação, selecção e

seriação por forma a evitar a proliferação de provas a que os candidatos venham a submeter-se;

g) Carácter nacional do processo de candidatura à matrícula e inscrição nos estabelecimentos de ensino

superior público, sem prejuízo da realização, em casos devidamente fundamentados, de concursos de

natureza local;

h) Realização das operações de candidatura pelos serviços da administração central e regional da

educação.

3 - Nos limites definidos pelo número anterior, o processo de avaliação da capacidade para a frequência, bem

como o de selecção e seriação dos candidatos ao ingresso em cada curso e estabelecimento de ensino superior,

é da competência dos estabelecimentos de ensino superior.

4 - O Estado deve progressivamente assegurar a eliminação de restrições quantitativas de carácter global no

acesso ao ensino superior (numerus clausus) e criar as condições para que os cursos existentes e a criar

correspondam globalmente às necessidades em quadros qualificados, às aspirações individuais e à elevação

do nível educativo, cultural e científico do País e para que seja garantida a qualidade do ensino ministrado.

5 - Têm igualmente acesso ao ensino superior, nas condições a definir pelo Governo, através de decreto-lei:

a) Os maiores de 23 anos que, não sendo titulares da habilitação de acesso ao ensino superior, façam

prova de capacidade para a sua frequência através da realização de provas especialmente adequadas,

realizadas pelos estabelecimentos de ensino superior;

b) Os titulares de qualificações pós-secundárias apropriadas.

6 - O Estado deve criar as condições que garantam aos cidadãos a possibilidade de frequentar o ensino

superior, de forma a impedir os efeitos discriminatórios decorrentes das desigualdades económicas e

regionais ou de desvantagens sociais prévias.

7 - Os trabalhadores-estudantes terão regimes especiais de acesso e ingresso e de frequência do ensino

superior que garantam os objectivos da aprendizagem ao longo da vida e da flexibilidade e mobilidade dos

percursos escolares.

Artigo 13º

Organização da formação, reconhecimento e mobilidade

1 - A organização da formação ministrada pelos estabelecimentos de ensino superior adopta o sistema

europeu de créditos.

2 - Os créditos são a unidade de medida do trabalho do estudante.

3 - O número de horas de trabalho do estudante a considerar inclui todas as formas de trabalho previstas,

designadamente as horas de contacto e as horas dedicadas a estágios, projectos, trabalhos no terreno, estudo

e avaliação.

4 - A mobilidade dos estudantes entre os estabelecimentos de ensino superior nacionais, do mesmo ou de

diferentes subsistemas, bem como entre estabelecimentos de ensino superior estrangeiros e nacionais, é

138

assegurada através do sistema de créditos, com base no princípio do reconhecimento mútuo do valor da

formação e das competências adquiridas.

5 - Os estabelecimentos de ensino superior reconhecem, através da atribuição de créditos, a experiência

profissional e a formação pós-secundária dos que nele sejam admitidos através das modalidades especiais de

acesso a que se refere o Nº 5 do artigo 12º

6 - Os estabelecimentos de ensino superior podem associar-se com outros estabelecimentos de ensino

superior, nacionais ou estrangeiros, para conferirem os graus académicos e atribuírem os diplomas previstos

nos artigos seguintes.

7 - Não é permitido o funcionamento de estabelecimentos de ensino superior em regime de franquia.

Artigo 14º

Graus académicos

1 - No ensino superior são conferidos os graus académicos de licenciado, mestre e doutor.

2 - O grau de licenciado é conferido nos ensinos universitário e politécnico.

3 - O grau de licenciado é conferido após um ciclo de estudos com um número de créditos que corresponda

a uma duração compreendida entre seis e oito semestres curriculares de trabalho.

4 - O grau de mestre é conferido nos ensinos universitário e politécnico.

5 - Têm acesso ao ciclo de estudos conducente ao grau de mestre:

a) Os titulares do grau de licenciado;

b) Os titulares de um grau académico superior estrangeiro que seja reconhecido como satisfazendo os

objectivos do grau de licenciado pelo órgão científico estatutariamente competente do estabelecimento

de ensino superior onde pretendem ser admitidos.

6 - O grau de mestre é conferido:

a) Após um ciclo de estudos com um número de créditos que corresponda a uma duração compreendida

entre três e quatro semestres curriculares de trabalho;

b) A título excepcional, após um ciclo de estudos com um número de créditos que corresponda a dois

semestres curriculares de trabalho.

7 - O grau de mestre pode igualmente ser conferido após um ciclo de estudos integrado com um número de

créditos que corresponda a uma duração compreendida entre 10 e 12 semestres curriculares de trabalho, nos

casos em que, para o acesso ao exercício de uma determinada actividade profissional, essa duração:

a) Seja fixada por normas legais da União Europeia;

b) Resulte de uma prática estável e consolidada na União Europeia.

8 - O ciclo de estudos a que se refere o número anterior pode ser organizado em etapas, podendo o

estabelecimento de ensino atribuir o grau de licenciado aos que tenham concluído um período de estudos

com duração não inferior a seis semestres.

9 - O grau de doutor é conferido no ensino universitário.

10 - Têm acesso ao ciclo de estudos conducente ao grau de doutor:

a) Os titulares do grau de mestre;

b) Os detentores de um currículo escolar, científico ou profissional que seja reconhecido pelo órgão

científico estatutariamente competente do estabelecimento de ensino superior onde pretendem ser

admitidos como atestando capacidade para realização deste ciclo de estudos.

11 - Só podem conferir um dado grau académico numa determinada área os estabelecimentos de ensino

superior que disponham de um corpo docente próprio, qualificado nessa área, e dos demais recursos humanos

e materiais que garantam o nível e a qualidade da formação adquirida.

12 - Só podem conferir o grau de doutor numa determinada área os estabelecimentos de ensino superior

universitário que, para além das condições a que se refere o número anterior, demonstrem possuir, nessa área,

os recursos humanos e organizativos necessários à realização de investigação e uma experiência acumulada

nesse domínio sujeita a avaliação e concretizada numa produção científica e académica relevantes.

Artigo 15º

139

Diplomas

1 - Os estabelecimentos de ensino superior podem realizar cursos não conferentes de grau académico cuja

conclusão com aproveitamento conduza à atribuição de um diploma.

2 - Os ciclos de estudos conducentes ao grau de licenciado ou de mestre podem ser organizados em etapas,

correspondendo cada etapa à atribuição de um diploma.

Artigo 16º

Formação pós-secundária

1 - Os estabelecimentos de ensino superior podem ainda realizar cursos de ensino pós-secundário não

superior visando a formação profissional especializada.

2 - Os titulares dos cursos referidos no número anterior estão habilitados a concorrer ao acesso e ingresso no

ensino superior, sendo a formação superior neles realizada creditável no âmbito do curso em que sejam

admitidos.

Artigo 17º

Estabelecimentos

1 - O ensino universitário realiza-se em universidades e em escolas universitárias não integradas.

2 - O ensino politécnico realiza-se em escolas superiores especializadas nos domínios da tecnologia, das artes

e da educação, entre outros.

3 - As universidades podem ser constituídas por escolas, institutos ou faculdades diferenciados e ou por

departamentos ou outras unidades, podendo ainda integrar escolas superiores do ensino politécnico.

4 - As escolas superiores do ensino politécnico podem ser associadas em unidades mais amplas, com

designações várias, segundo critérios de interesse regional e ou de natureza das escolas.

Artigo 18º

Investigação científica

1 - O Estado deve assegurar as condições materiais e culturais de criação e investigação científicas.

2 - Nas instituições de ensino superior serão criadas as condições para a promoção da investigação científica

e para a realização de actividades de investigação e desenvolvimento.

3 - A investigação científica no ensino superior deve ter em conta os objectivos predominantes da instituição

em que se insere, sem prejuízo da sua perspectivação em função do progresso, do saber e da resolução dos

problemas postos pelo desenvolvimento social, económico e cultural do País.

4 - Devem garantir-se as condições de publicação dos trabalhos científicos e facilitar-se a divulgação dos

novos conhecimentos e perspectivas do pensamento científico, dos avanços tecnológicos e da criação

cultural.

5 - Compete ao Estado incentivar a colaboração entre as entidades públicas, privadas e cooperativas no

sentido de fomentar o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da cultura, tendo particularmente em vista

os interesses da colectividade.

Subsecção IV

Modalidades especiais de educação escolar

Artigo 19º

Modalidades

1 - Constituem modalidades especiais de educação escolar:

a) A educação especial;

b) A formação profissional;

c) O ensino recorrente de adultos;

d) O ensino a distância;

e) O ensino português no estrangeiro.

140

2 - Cada uma destas modalidades é parte integrante da educação escolar, mas rege-se por disposições

especiais.

Artigo 20º

Âmbito e objectivos da educação especial

1 - A educação especial visa a recuperação e a integração sócio-educativas dos indivíduos com necessidades

educativas específicas devidas a deficiências físicas e mentais.

2 - A educação especial integra actividades dirigidas aos educandos e acções dirigidas às famílias, aos

educadores e às comunidades.

3 - No âmbito dos objectivos do sistema educativo, em geral, assumem relevo na educação especial:

a) O desenvolvimento das potencialidades físicas e intelectuais;

b) A ajuda na aquisição da estabilidade emocional;

c) O desenvolvimento das possibilidades de comunicação;

d) A redução das limitações provocadas pela deficiência;

e) O apoio na inserção familiar, escolar e social de crianças e jovens deficientes;

f) O desenvolvimento da independência a todos os níveis em que se possa processar;

g) A preparação para uma adequada formação profissional e integração na vida activa.

Artigo 21º

Organização da educação especial

1 - A educação especial organiza-se preferencialmente segundo modelos diversificados de integração em

estabelecimentos regulares de ensino, tendo em conta as necessidades de atendimento específico, e com

apoios de educadores especializados.

2 - A educação especial processar-se-á também em instituições específicas quando comprovadamente o

exijam o tipo e o grau de deficiência do educando.

3 - São também organizadas formas de educação especial visando a integração profissional do deficiente.

4 - A escolaridade básica para crianças e jovens deficientes deve ter currículos e programas devidamente

adaptados às características de cada tipo e grau de deficiência, assim como formas de avaliação adequadas

às dificuldades específicas.

5 - Incumbe ao Estado promover e apoiar a educação especial para deficientes.

6 - As iniciativas de educação especial podem pertencer ao poder central, regional ou local ou a outras

entidades colectivas, designadamente associações de pais e de moradores, organizações cívicas e

confessionais, organizações sindicais e de empresa e instituições de solidariedade social.

7 - Ao ministério responsável pela coordenação da política educativa compete definir as normas gerais da

educação especial, nomeadamente nos seus aspectos pedagógicos e técnicos, e apoiar e fiscalizar o seu

cumprimento e aplicação.

8 - Ao Estado cabe promover, a nível nacional, acções que visem o esclarecimento, a prevenção e o

tratamento precoce da deficiência.

Artigo 22º

Formação profissional

1 - A formação profissional, para além de complementar a preparação para a vida activa iniciada no ensino

básico, visa uma integração dinâmica no mundo do trabalho pela aquisição de conhecimentos e de

competências profissionais, por forma a responder às necessidades nacionais de desenvolvimento e à

evolução tecnológica.

2 - Têm acesso à formação profissional:

a) Os que tenham concluído a escolaridade obrigatória;

b) Os que não concluíram a escolaridade obrigatória até à idade limite desta;

c) Os trabalhadores que pretendam o aperfeiçoamento ou a reconversão profissionais.

141

3 - A formação profissional estrutura-se segundo um modelo institucional e pedagógico suficientemente

flexível que permita integrar os alunos com níveis de formação e características diferenciados.

4 - A formação profissional estrutura-se por forma a desenvolver acções de:

a) Iniciação profissional;

b) Qualificação profissional;

c) Aperfeiçoamento profissional;

d) Reconversão profissional.

5 - A organização dos cursos de formação profissional deve adequar-se às necessidades conjunturais

nacionais e regionais de emprego, podendo integrar módulos de duração variável e combináveis entre si, com

vista à obtenção de níveis profissionais sucessivamente mais elevados.

6 - O funcionamento dos cursos e módulos pode ser realizado segundo formas institucionais diversificadas,

designadamente:

a) Utilização de escolas de ensino básico e secundário;

b) Protocolos com empresas e autarquias;

c) Apoios a instituições e iniciativas estatais e não estatais;

d) Dinamização de acções comunitárias e de serviços à comunidade;

e) Criação de instituições específicas.

7 - A conclusão com aproveitamento de um módulo ou curso de formação profissional confere direito à

atribuição da correspondente certificação.

8 - Serão estabelecidos processos que favoreçam a recorrência e a progressão no sistema de educação escolar

dos que completarem cursos de formação profissional.

Artigo 23º

Ensino recorrente de adultos

1 - Para os indivíduos que já não se encontram na idade normal de frequência dos ensinos básico e secundário

é organizado um ensino recorrente.

2 - Este ensino é também destinado aos indivíduos que não tiveram oportunidade de se enquadrar no sistema

de educação escolar na idade normal de formação, tendo em especial atenção a eliminação do analfabetismo.

3 - Têm acesso a esta modalidade de ensino os indivíduos:

a) Ao nível do ensino básico, a partir dos 15 anos;

b) Ao nível do ensino secundário, a partir dos 18 anos.

4 - Este ensino atribui os mesmos diplomas e certificados que os conferidos pelo ensino regular, sendo as

formas de acesso e os planos e métodos de estudos organizados de modo distinto, tendo em conta os grupos

etários a que se destinam, a experiência de vida entretanto adquirida e o nível de conhecimentos

demonstrados.

5 - A formação profissional referida no artigo anterior pode ser também organizada de forma recorrente.

Artigo 24º

Ensino a distância

1 - O ensino a distância, mediante o recurso aos multimédia e às novas tecnologias da informação, constitui

não só uma forma complementar do ensino regular mas pode constituir também uma modalidade alternativa

da educação escolar.

2 - O ensino a distância terá particular incidência na educação recorrente e na formação contínua de

professores.

3 - Dentro da modalidade de ensino a distância situa-se a universidade aberta.

Artigo 25º

Ensino português no estrangeiro

1 - O Estado promoverá a divulgação e o estudo da língua e da cultura portuguesa no estrangeiro mediante

acções e meios diversificados que visem, nomeadamente, a sua inclusão nos planos curriculares de outros

142

países e a criação e a manutenção de leitorados de português, sob orientação de professores portugueses, em

universidades estrangeiras.

2 - Será incentivada a criação de escolas portuguesas nos países de língua oficial portuguesa e junto das

comunidades de emigrantes portugueses.

3 - O ensino da língua e da cultura portuguesas aos trabalhadores emigrantes e seus filhos será assegurado

através de cursos e actividades promovidos nos países de imigração em regime de integração ou de

complementaridade relativamente aos respectivos sistemas educativos.

4 - Serão incentivadas e apoiadas pelo Estado as iniciativas de associações de portugueses e as de entidades

estrangeiras, públicas e privadas, que contribuam para a prossecução dos objectivos enunciados neste artigo.

Secção III

Educação extra-escolar

Artigo 26º

Educação extra-escolar

1 - A educação extra-escolar tem como objectivo permitir a cada indivíduo aumentar os seus conhecimentos

e desenvolver as suas potencialidades, em complemento da formação escolar ou em suprimento da sua

carência.

2 - A educação extra-escolar integra-se numa perspectiva de educação permanente e visa a globalidade e a

continuidade da acção educativa.

3 - São vectores fundamentais da educação extra-escolar:

a) Eliminar o analfabetismo literal e funcional;

b) Contribuir para a efectiva igualdade de oportunidades educativas e profissionais dos que não

frequentaram o sistema regular do ensino ou o abandonaram precocemente, designadamente através

da alfabetização e da educação de base de adultos;

c) Favorecer atitudes de solidariedade social e de participação na vida da comunidade;

d) Preparar para o emprego, mediante acções de reconversão e de aperfeiçoamento profissionais, os

adultos cujas qualificações ou treino profissional se tornem inadequados face ao desenvolvimento

tecnológico;

e) Desenvolver as aptidões tecnológicas e o saber técnico que permitam ao adulto adaptar-se à vida

contemporânea;

f) Assegurar a ocupação criativa dos tempos livres de jovens e adultos com actividades de natureza

cultural.

4 - As actividades de educação extra-escolar podem realizar-se em estruturas de extensão cultural do sistema

escolar, ou em sistemas abertos, com recurso a meios de comunicação social e a tecnologias educativas

específicas e adequadas.

5 - Compete ao Estado promover a realização de actividades extra-escolares e apoiar as que, neste domínio,

sejam da iniciativa das autarquias, associações culturais e recreativas, associações de pais, associações de

estudantes e organismos juvenis, associações de educação popular, organizações sindicais e comissões de

trabalhadores, organizações cívicas e confessionais e outras.

6 - O Estado, para além de atender à dimensão educativa da programação televisiva e radiofónica em geral,

assegura a existência e funcionamento da rádio e da televisão educativas, numa perspectiva de pluralidade

de programas, cobrindo tempos diários de emissão suficientemente alargados e em horários diversificados.

Capítulo III

Apoios e complementos educativos

Artigo 27º

Promoção do sucesso escolar

1 - São estabelecidas e desenvolvidas actividades e medidas de apoio e complemento educativos visando

contribuir para a igualdade de oportunidades de acesso e sucesso escolar.

143

2 - Os apoios e complementos educativos são aplicados prioritariamente na escolaridade obrigatória.

Artigo 28º

Apoios a alunos com necessidades escolares específicas

Nos estabelecimentos de ensino básico é assegurada a existência de actividades de acompanhamento e

complemento pedagógicos, de modo positivamente diferenciado, a alunos com necessidades escolares

específicas.

Artigo 29º

Apoio psicológico e orientação escolar e profissional

O apoio no desenvolvimento psicológico dos alunos e à sua orientação escolar e profissional, bem como o

apoio psicopedagógico às actividades educativas e ao sistema de relações da comunidade escolar, são

realizados por serviços de psicologia e orientação escolar profissional inseridos em estruturas regionais

escolares.

Artigo 30º

Acção social escolar

1 - São desenvolvidos, no âmbito da educação pré-escolar e da educação escolar, serviços de acção social

escolar concretizados através da aplicação de critérios de discriminação positiva que visem a compensação

social e educativa dos alunos economicamente mais carenciados.

2 - Os serviços de acção social escolar são traduzidos por um conjunto diversificado de acções, em que

avultam a comparticipação em refeições, serviços de cantina, transportes, alojamento, manuais e material

escolar, e pela concessão de bolsas de estudo.

Artigo 31º

Apoio de saúde escolar

Será realizado o acompanhamento do saudável crescimento e desenvolvimento dos alunos, o qual é

assegurado, em princípio, por serviços especializados dos centros comunitários de saúde em articulação com

as estruturas escolares.

Artigo 32º

Apoio a trabalhadores-estudantes

Aos trabalhadores-estudantes será proporcionado um regime especial de estudos que tenha em consideração

a sua situação de trabalhadores e de estudantes e que lhes permita a aquisição de conhecimentos, a progressão

no sistema do ensino e a criação de oportunidades de formação profissional adequadas à sua valorização

pessoal.

Capítulo IV

Recursos humanos

Artigo 33º

Princípios gerais sobre a formação de educadores e professores

1 - A formação de educadores e professores assenta nos seguintes princípios:

a) Formação inicial de nível superior, proporcionando aos educadores e professores de todos os níveis

de educação e ensino a informação, os métodos e as técnicas científicos e pedagógicos de base, bem

como a formação pessoal e social adequadas ao exercício da função;

b) Formação contínua que complemente e actualize a formação inicial numa perspectiva de educação

permanente;

c) Formação flexível que permita a reconversão e mobilidade dos educadores e professores dos

diferentes níveis de educação e ensino, nomeadamente o necessário complemento de formação

profissional;

144

d) Formação integrada quer no plano da preparação científico-pedagógica quer no da articulação teórico-

prática;

e) Formação assente em práticas metodológicas afins das que o educador e o professor vierem a utilizar

na prática pedagógica;

f) Formação que, em referência à realidade social, estimule uma atitude simultaneamente crítica e

actuante;

g) Formação que favoreça e estimule a inovação e a investigação, nomeadamente em relação com a

actividade educativa;

h) Formação participada que conduza a uma prática reflexiva e continuada de auto-informação e

autoaprendizagem.

2 - A orientação e as actividades pedagógicas na educação pré-escolar são asseguradas por educadores de

infância, sendo a docência em todos os níveis e ciclos de ensino assegurada por professores detentores de

diploma que certifique a formação profissional específica com que se encontram devidamente habilitados

para o efeito.

Artigo 34º

Formação inicial de educadores de infância e de professores dos ensinos básico e secundário

1 - Os educadores de infância e os professores dos ensinos básico e secundário adquirem a qualificação

profissional através de cursos superiores organizados de acordo com as necessidades do desempenho

profissional no respectivo nível de educação e ensino.

2 - O Governo define, por decreto-lei, os perfis de competência e de formação de educadores e professores

para ingresso na carreira docente.

3 - A formação dos educadores de infância e dos professores dos 1º, 2º e 3º ciclos do ensino básico realiza-

se em escolas superiores de educação e em estabelecimentos de ensino universitário.

4 - O Governo define, por decreto-lei, os requisitos a que as escolas superiores de educação devem satisfazer

para poderem ministrar cursos de formação inicial de professores do 3º ciclo do ensino básico, nomeadamente

no que se refere a recursos humanos e materiais, de forma que seja garantido o nível científico da formação

adquirida.

5 - A formação dos professores do ensino secundário realiza-se em estabelecimentos de ensino universitário.

6 - A qualificação profissional dos professores de disciplinas de natureza profissional, vocacional ou artística

dos ensinos básico ou secundário pode adquirir-se através de cursos de licenciatura que assegurem a

formação na área da disciplina respectiva, complementados por formação pedagógica adequada.

7 - A qualificação profissional dos professores do ensino secundário pode ainda adquirir-se através de cursos

de licenciatura que assegurem a formação científica na área de docência respectiva, complementados por

formação pedagógica adequada.

Artigo 35º

Qualificação para professor do ensino superior

1 - Adquirem qualificação para a docência no ensino superior os habilitados com os graus de doutor ou de

mestre, bem como os licenciados que tenham prestado provas de aptidão pedagógica e capacidade científica,

podendo ainda exercer a docência outras individualidades reconhecidamente qualificadas.

2 - Podem coadjuvar na docência do ensino superior os indivíduos habilitados com o grau de licenciado ou

equivalente.

Artigo 36º

Qualificação para outras funções educativas

1 - Adquirem qualificação para a docência em educação especial os educadores de infância e os professores

dos ensinos básico e secundário com prática de educação ou de ensino regular ou especial que obtenham

aproveitamento em cursos especialmente vocacionados para o efeito realizados em estabelecimentos de

ensino superior que disponham de recursos próprios nesse domínio.

145

2 - Nas instituições de formação referidas no Nº 3 e no Nº 5 do artigo 34º podem ainda ser ministrados cursos

especializados de administração e inspecção escolares, de animação sócio-cultural, de educação de base de

adultos e outros necessários ao desenvolvimento do sistema educativo.

Artigo 37º

Pessoal auxiliar de educação

O pessoal auxiliar de educação deve possuir como habilitação mínima o ensino básico ou equivalente,

devendo ser-lhe proporcionada uma formação complementar adequada.

Artigo 38º

Formação contínua

1 - A todos os educadores, professores e outros profissionais da educação é reconhecido o direito à formação

contínua.

2 - A formação contínua deve ser suficientemente diversificada, de modo a assegurar o complemento,

aprofundamento e actualização de conhecimentos e de competências profissionais, bem como a possibilitar

a mobilidade e a progressão na carreira.

3 - A formação contínua é assegurada predominantemente pelas respectivas instituições de formação inicial,

em estreita cooperação com os estabelecimentos onde os educadores e professores trabalham.

4 - Serão atribuídos aos docentes períodos especialmente destinados à formação contínua, os quais poderão

revestir a forma de anos sabáticos.

Artigo 39º

Princípios gerais das carreiras de pessoal docente e de outros profissionais da educação

1 - Os educadores, professores e outros profissionais da educação têm direito a retribuição e carreira

compatíveis com as suas habilitações e responsabilidades profissionais, sociais e culturais.

2 - A progressão na carreira deve estar ligada à avaliação de toda a actividade desenvolvida, individualmente

ou em grupo, na instituição educativa, no plano da educação e do ensino e da prestação de outros serviços à

comunidade, bem como às qualificações profissionais, pedagógicas e científicas.

3 - Aos educadores, professores e outros profissionais da educação é reconhecido o direito de recurso das

decisões da avaliação referida no número anterior.

Capítulo V

Recursos materiais

Artigo 40º

Rede escolar

1 - Compete ao Estado criar uma rede de estabelecimentos públicos de educação e ensino que cubra as

necessidades de toda a população.

2 - O planeamento da rede de estabelecimentos escolares deve contribuir para a eliminação de desigualdades

e assimetrias locais e regionais, por forma a assegurar a igualdade de oportunidades de educação e ensino a

todas as crianças e jovens.

Artigo 41º

Regionalização

O planeamento e reorganização da rede escolar, assim como a construção e manutenção dos edifícios

escolares e seu equipamento, devem assentar numa política de regionalização efectiva, com definição clara

das competências dos intervenientes, que, para o efeito, devem contar com os recursos necessários.

Artigo 42º

Edifícios escolares

146

1 - Os edifícios escolares devem ser planeados na óptica de um equipamento integrado e ter suficiente

flexibilidade para permitir, sempre que possível, a sua utilização em diferentes actividades da comunidade e

a sua adaptação em função das alterações dos diferentes níveis de ensino, dos currículos e dos métodos

educativos.

2 - A estrutura dos edifícios escolares deve ter em conta, para além das actividades escolares, o

desenvolvimento de actividades de ocupação de tempos livres e o envolvimento da escola em actividades

extra-escolares.

3 - A densidade da rede e as dimensões dos edifícios escolares devem ser ajustadas às características e

necessidades regionais e à capacidade de acolhimento de um número equilibrado de alunos, de forma a

garantir as condições de uma boa prática pedagógica e a realização de uma verdadeira comunidade escolar.

4 - Na concepção dos edifícios e na escolha do equipamento devem ser tidas em conta as necessidades

especiais dos deficientes.

5 - A gestão dos espaços deve obedecer ao imperativo de, também por esta via, se contribuir para o sucesso

educativo e escolar dos alunos.

Artigo 43º

Estabelecimentos de educação e de ensino

1 - A educação pré-escolar realiza-se em unidades distintas ou incluídas em unidades escolares onde também

seja ministrado o 1º ciclo do ensino básico ou ainda em edifícios onde se realizem outras actividades sociais,

nomeadamente de educação extra-escolar.

2 - O ensino básico é realizado em estabelecimentos com tipologias diversas que abarcam a totalidade ou

parte dos ciclos que o constituem, podendo, por necessidade de racionalização de recursos, ser ainda realizado

neles o ensino secundário.

3 - O ensino secundário realiza-se em escolas secundárias pluricurriculares, sem prejuízo de, relativamente

a certas matérias, se poder recorrer à utilização de instalações de entidades privadas ou de outras entidades

públicas não responsáveis pela rede de ensino público para a realização de aulas ou outras acções de ensino

e formação.

4 - A rede escolar do ensino secundário deve ser organizada de modo que em cada região se garanta a maior

diversidade possível de cursos, tendo em conta os interesses locais ou regionais.

5 - O ensino secundário deve ser predominantemente realizado em estabelecimentos distintos, podendo, com

o objectivo de racionalização dos respectivos recursos, ser aí realizados ciclos do ensino básico,

especialmente o 3º

6 - As diversas unidades que integram a mesma instituição de ensino superior podem dispersar-se

geograficamente em função da sua adequação às necessidades de desenvolvimento da região em que se

inserem.

7 - A flexibilidade da utilização dos edifícios prevista neste artigo em caso algum se poderá concretizar em

colisão com o Nº 3 do artigo anterior.

Artigo 44º

Recursos educativos

1 - Constituem recursos educativos todos os meios materiais utilizados para conveniente realização da

actividade educativa.

2 - São recursos educativos privilegiados, a exigirem especial atenção:

a) Os manuais escolares;

b) As bibliotecas e mediatecas escolares;

c) Os equipamentos laboratoriais e oficinais;

d) Os equipamentos para educação física e desportos;

e) Os equipamentos para educação musical e plástica;

f) Os centros regionais de recursos educativos.

147

3 - Para o apoio e complementaridade dos recursos educativos existentes nas escolas e ainda com o objectivo

de racionalizar o uso dos meios disponíveis será incentivada a criação de centros regionais que disponham

de recursos apropriados e de meios que permitam criar outros, de acordo com as necessidades de inovação

educativa.

Artigo 45º

Financiamento da educação

1 - A educação será considerada, na elaboração do Plano e do Orçamento do Estado, como uma das

prioridades nacionais.

2 - As verbas destinadas à educação devem ser distribuídas em função das prioridades estratégicas do

desenvolvimento do sistema educativo.

Capítulo VI

Administração do sistema educativo

Artigo 46º

Princípios gerais

1 - A administração e gestão do sistema educativo devem assegurar o pleno respeito pelas regras de

democraticidade e de participação que visem a consecução de objectivos pedagógicos e educativos,

nomeadamente no domínio da formação social e cívica.

2 - O sistema educativo deve ser dotado de estruturas administrativas de âmbito nacional, regional autónomo,

regional e local, que assegurem a sua interligação com a comunidade mediante adequados graus de

participação dos professores, dos alunos, das famílias, das autarquias, de entidades representativas das

actividades sociais, económicas e culturais e ainda de instituições de carácter científico.

3 - Para os efeitos do número anterior, serão adoptadas orgânicas e formas de descentralização e de

desconcentração dos serviços, cabendo ao Estado, através do ministério responsável pela coordenação da

política educativa, garantir a necessária eficácia e unidade de acção.

Artigo 47º

Níveis de administração

1 - Leis especiais regulamentarão a delimitação e articulação de competências entre os diferentes níveis de

administração, tendo em atenção que serão da responsabilidade da administração central, designadamente,

as funções de:

a) Concepção, planeamento e definição normativa do sistema educativo, com vista a assegurar o seu

sentido de unidade e de adequação aos objectivos de âmbito nacional;

b) Coordenação global e avaliação da execução das medidas da política educativa a desenvolver de

forma descentralizada ou desconcentrada;

c) Inspecção e tutela, em geral, com vista, designadamente, a garantir a necessária qualidade do ensino;

d) Definição dos critérios gerais de implantação de rede escolar, da tipologia das escolas e seu

apetrechamento, bem como das normas pedagógicas a que deve obedecer a construção de edifícios

escolares;

e) Garantia da qualidade pedagógica e técnica dos vários meios didácticos, incluindo os manuais

escolares.

2 - A nível regional, e com o objectivo de integrar, coordenar e acompanhar a actividade educativa, será

criado em cada região um departamento regional de educação, em termos a regulamentar por decreto-lei.

Artigo 48º

Administração e gestão dos estabelecimentos de educação e ensino

1 - O funcionamento dos estabelecimentos de educação e ensino, nos diferentes níveis, orienta-se por uma

perspectiva de integração comunitária, sendo, nesse sentido, favorecida a fixação local dos respectivos

docentes.

148

2 - Em cada estabelecimento ou grupo de estabelecimentos de educação e ensino a administração e gestão

orientam-se por princípios de democraticidade e de participação de todos os implicados no processo

educativo, tendo em atenção as características específicas de cada nível de educação e ensino.

3 - Na administração e gestão dos estabelecimentos de educação e ensino devem prevalecer critérios de

natureza pedagógica e científica sobre critérios de natureza administrativa.

4 - A direcção de cada estabelecimento ou grupo de estabelecimentos dos ensinos básico e secundário é

assegurada por órgãos próprios, para os quais são democraticamente eleitos os representantes de professores,

alunos e pessoal não docente, e apoiada por órgãos consultivos e por serviços especializados, num e noutro

caso segundo modalidades a regulamentar para cada nível de ensino.

5 - A participação dos alunos nos órgãos referidos no número anterior circunscreve-se ao ensino secundário.

6 - A direcção de todos os estabelecimentos de ensino superior orienta-se pelos princípios de democraticidade

e representatividade e de participação comunitária.

7 - Os estabelecimentos de ensino superior gozam de autonomia científica, pedagógica e administrativa.

8 - As universidades gozam ainda de autonomia financeira, sem prejuízo da acção fiscalizadora do Estado.

9 - A autonomia dos estabelecimentos de ensino superior será compatibilizada com a inserção destes no

desenvolvimento da região e do País.

Artigo 49º

Conselho Nacional de Educação

É instituído o Conselho Nacional de Educação, com funções consultivas, sem prejuízo das competências

próprias dos órgãos de soberania, para efeitos de participação das várias forças sociais, culturais e económicas

na procura de consensos alargados relativamente à política educativa, em termos a regular por lei.

Capítulo VII

Desenvolvimento e avaliação do sistema educativo

Artigo 50º

Desenvolvimento curricular

1 - A organização curricular da educação escolar terá em conta a promoção de uma equilibrada harmonia,

nos planos horizontal e vertical, entre os níveis de desenvolvimento físico e motor, cognitivo, afectivo,

estético, social e moral dos alunos.

2 - Os planos curriculares do ensino básico incluirão em todos os ciclos e de forma adequada uma área de

formação pessoal e social, que pode ter como componentes a educação ecológica, a educação do consumidor,

a educação familiar, a educação sexual, a prevenção de acidentes, a educação para a saúde, a educação para

a participação nas instituições, serviços cívicos e outros do mesmo âmbito.

3 - Os planos curriculares dos ensinos básico e secundário integram ainda o ensino da moral e da religião

católica, a título facultativo, no respeito dos princípios constitucionais da separação das igrejas e do Estado

e da não confessionalidade do ensino público.

4 - Os planos curriculares do ensino básico devem ser estabelecidos à escala nacional, sem prejuízo de

existência de conteúdos flexíveis integrando componentes regionais.

5 - Os planos curriculares do ensino secundário terão uma estrutura de âmbito nacional, podendo as suas

componentes apresentar características de índole regional e local, justificadas nomeadamente pelas condições

sócio-económicas e pelas necessidades em pessoal qualificado.

6 - Os planos curriculares do ensino superior respeitam a cada uma das instituições de ensino que ministram

os respectivos cursos estabelecidos, ou a estabelecer, de acordo com as necessidades nacionais e regionais e

com uma perspectiva de planeamento integrado da respectiva rede.

7 - O ensino-aprendizagem da língua materna deve ser estruturado de forma que todas as outras componentes

curriculares dos ensinos básico e secundário contribuam de forma sistemática para o desenvolvimento das

capacidades do aluno ao nível da compreensão e produção de enunciados orais e escritos em português.

149

Artigo 51º

Ocupação dos tempos livres e desporto escolar

1 - As actividades curriculares dos diferentes níveis de ensino devem ser complementadas por acções

orientadas para a formação integral e a realização pessoal dos educandos no sentido da utilização criativa e

formativa dos seus tempos livres.

2 - Estas actividades de complemento curricular visam, nomeadamente, o enriquecimento cultural e cívico,

a educação física e desportiva, a educação artística e a inserção dos educandos na comunidade.

3 - As actividades de complemento curricular podem ter âmbito nacional, regional ou local e, nos dois últimos

casos, ser da iniciativa de cada escola ou grupo de escolas.

4 - As actividades de ocupação dos tempos livres devem valorizar a participação e o envolvimento das

crianças e dos jovens na sua organização, desenvolvimento e avaliação.

5 - O desporto escolar visa especificamente a promoção da saúde e condição física, a aquisição de hábitos e

condutas motoras e o entendimento do desporto como factor de cultura, estimulando sentimentos de

solidariedade, cooperação, autonomia e criatividade, devendo ser fomentada a sua gestão pelos estudantes

praticantes, salvaguardando-se a orientação por profissionais qualificados.

Artigo 52º

Avaliação do sistema educativo

1 - O sistema educativo deve ser objecto de avaliação continuada, que deve ter em conta os aspectos

educativos e pedagógicos, psicológicos e sociológicos, organizacionais, económicos e financeiros e ainda os

de natureza político-administrativa e cultural.

2 - Esta avaliação incide, em especial, sobre o desenvolvimento, regulamentação e aplicação da presente lei.

Artigo 53º

Investigação em educação

A investigação em educação destina-se a avaliar e interpretar cientificamente a actividade desenvolvida no

sistema educativo, devendo ser incentivada, nomeadamente, nas instituições de ensino superior que possuam

centros ou departamentos de ciências da educação, sem prejuízo da criação de centros autónomos

especializados neste domínio.

Artigo 54º

Estatísticas da educação

1 - As estatísticas da educação são instrumento fundamental para a avaliação e o planeamento do sistema

educativo, devendo ser organizadas de modo a garantir a sua realização em tempo oportuno e de forma

universal.

2 - Para este efeito devem ser estabelecidas as normas gerais e definidas as entidades responsáveis pela

recolha, tratamento e difusão das estatísticas da educação.

Artigo 55º

Estruturas de apoio

1 - O Governo criará estruturas adequadas que assegurem e apoiem actividades de desenvolvimento

curricular, de fomento de inovação e de avaliação do sistema e das actividades educativas.

2 - Estas estruturas devem desenvolver a sua actividade em articulação com as escolas e com as instituições

de investigação em educação e de formação de professores.

Artigo 56º

Inspecção escolar

A inspecção escolar goza de autonomia no exercício da sua actividade e tem como função avaliar e fiscalizar

a realização de educação escolar, tendo em vista a prossecução dos fins e objectivos estabelecidos na presente

lei e demais legislação complementar.

150

Capítulo VIII

Ensino particular e cooperativo

Artigo 57º

Especificidade

1 - É reconhecido pelo Estado o valor do ensino particular e cooperativo como uma expressão concreta da

liberdade de aprender e ensinar e do direito da família a orientar a educação dos filhos.

2 - O ensino particular e cooperativo rege-se por legislação e estatuto próprios, que devem subordinar-se ao

disposto na presente lei.

Artigo 58º

Articulação com a rede escolar

1 - Os estabelecimentos do ensino particular e cooperativo que se enquadrem nos princípios gerais,

finalidades, estruturas e objectivos do sistema educativo são considerados parte integrante da rede escolar.

2 - No alargamento ou no ajustamento da rede o Estado terá também em consideração as iniciativas e os

estabelecimentos particulares e cooperativos, numa perspectiva de racionalização de meios, de

aproveitamento de recursos e de garantia de qualidade.

Artigo 59º

Funcionamento de estabelecimentos e cursos

1 - As instituições de ensino particular e cooperativo podem, no exercício da liberdade de ensinar e aprender,

seguir os planos curriculares e conteúdos programáticos do ensino a cargo do Estado ou adoptar planos e

programas próprios, salvaguardadas as disposições constantes do Nº 1 do artigo anterior.

2 - Quando o ensino particular e cooperativo adoptar planos e programas próprios, o seu reconhecimento

oficial é concedido caso a caso, mediante avaliação positiva resultante da análise dos respectivos currículos

e das condições pedagógicas da realização do ensino, segundo normas a estabelecer por decreto-lei.

3 - A autorização para a criação e funcionamento de instituições e cursos de ensino superior particular e

cooperativo, bem como a aprovação dos respectivos planos de estudos e o reconhecimento oficial dos

correspondentes diplomas, faz-se, caso a caso, por decreto-lei.

Artigo 60º

Pessoal docente

1 - A docência nos estabelecimentos de ensino particular e cooperativo integrados na rede escolar requer,

para cada nível de educação e ensino, a qualificação académica e a formação profissional estabelecidas na

presente lei.

2 - O Estado pode apoiar a formação contínua dos docentes em exercício nos estabelecimentos de ensino

particular e cooperativo que se integram na rede escolar.

Artigo 61º

Intervenção do Estado

1 - O Estado fiscaliza e apoia pedagógica e tecnicamente o ensino particular e cooperativo.

2 - O Estado apoia financeiramente as iniciativas e os estabelecimentos de ensino particular e cooperativo

quando, no desempenho efectivo de uma função de interesse público, se integrem no plano de

desenvolvimento da educação, fiscalizando a aplicação das verbas concedidas.

Capítulo IX

Disposições finais e transitórias

Artigo 62º

Desenvolvimento da lei

151

1 - O Governo fará publicar no prazo de um ano, sob a forma de decreto-lei, a legislação complementar

necessária para o desenvolvimento da presente lei que contemple, designadamente, os seguintes domínios:

a) Gratuitidade da escolaridade obrigatória;

b) Formação de pessoal docente;

c) Carreiras de pessoal docente e de outros profissionais da educação;

d) Administração e gestão escolares;

e) Planos curriculares dos ensinos básico e secundário;

f) Ensino superior;

g) Formação profissional;

h) Ensino recorrente de adultos;

i) Ensino a distância;

j) Ensino português no estrangeiro;

l) Apoios e complementos educativos;

m) Ensino particular e cooperativo;

n) Educação física e desporto escolar;

o) Educação artística.

2 - Quando as matérias referidas no número anterior já constarem de lei da Assembleia da República, deverá

o Governo, em igual prazo, apresentar as necessárias propostas de lei.

3 - O Conselho Nacional de Educação deve acompanhar a aplicação e o desenvolvimento do disposto na

presente lei.

Artigo 63º

Plano de desenvolvimento do sistema educativo

O Governo, no prazo de dois anos, deve elaborar e apresentar, para aprovação na Assembleia da República,

um plano de desenvolvimento do sistema educativo, com um horizonte temporal a médio prazo e limite no

ano de 2000, que assegure a realização faseada da presente lei e demais legislação complementar.

Artigo 64º

Regime de transição

O regime de transição do sistema actual para o previsto na presente lei constará de disposições regulamentares

a publicar em tempo útil pelo Governo, não podendo professores, alunos e pessoal não docente ser afectados

nos direitos adquiridos.

Artigo 65º

Disposições transitórias

1 - Serão tomadas medidas no sentido de dotar os ensinos básico e secundário com docentes habilitados

profissionalmente, mediante modelos de formação inicial conformes com o disposto na presente lei, de forma

a tornar desnecessária a muito curto prazo a contratação em regime permanente de professores sem

habilitação profissional.

2 - Será organizado um sistema de profissionalização em exercício para os docentes devidamente habilitados

actualmente em exercício ou que venham a ingressar no ensino de modo a garantir-lhes uma formação

profissional equivalente à ministrada nas instituição de formação inicial para os respectivos níveis de ensino.

3 - Na determinação dos contingentes a estabelecer para os cursos de formação inicial de professores a

entidade competente deve ter em consideração a relação entre o número de professores habilitados já em

exercício e a previsão de vagas disponíveis no termo de um período transitório de cinco anos.

4 - Enquanto não forem criadas as regiões administrativas, as competências e o âmbito geográfico dos

departamentos regionais de educação referidos no Nº 2 do artigo 47º serão definidos por decreto-lei, a

publicar no prazo de um ano.

5 - O Governo elaborará um plano de emergência de construção e recuperação de edifícios escolares e seu

apetrechamento no sentido de serem satisfeitas as necessidades da rede escolar, com prioridade para o ensino

básico.

152

6 - No 1º ciclo do ensino básico as funções dos actuais directores de distrito escolar e dos delegados escolares

são exclusivamente de natureza administrativa.

Artigo 66º

Disposições finais

1 - As disposições relativas à duração da escolaridade obrigatória aplicam-se aos alunos que se inscreverem

no 1º ano do ensino básico no ano lectivo de 1987-1988 e para os que o fizerem nos anos lectivos

subsequentes.

2 - Lei especial determinará as funções de administração e apoio educativos que cabem aos municípios.

3 - O Governo deve definir por decreto-lei o sistema de equivalência entre os estudos, graus e diplomas do

sistema educativo português e os de outros países, bem como as condições em que os alunos do ensino

superior podem frequentar em instituições congéneres estrangeiras parte dos seus cursos, assim como os

critérios de determinação das unidades de crédito transferíveis.

4 - Devem ser criadas condições que facilitem aos jovens regressados a Portugal filhos de emigrantes a sua

integração no sistema educativo.

Artigo 67º

Norma revogatória

É revogada toda a legislação que contrarie o disposto na presente lei.

153

Bibliografia

A FAP Matosinhos agradece a todas as instituições que de alguma forma colaboraram na realização deste manual, nomeadamente: - CONFAP

- ANTÓNIO AMARAL

Membro de órgãos sociais de associações de pais entre 1999 e 2015

- FERSAP

154

Associações de Pais do Concelho de Matosinhos

EB Igreja Velha …………………..... [email protected]

EB da Biquinha …………………..... [email protected]

EB da Portela ……………………… [email protected]

EB Quatro Caminhos …………….. [email protected]

EB do Godinho ……………………. [email protected]

EB da Amieira …………………….. [email protected]

EB Praia de Angeiras …………….. [email protected]

EB Padre Manuel Castro ………… [email protected]

EB Viscondesa ……………………. [email protected]

EB da Agudela ……………………. [email protected]

EB de Gondivai ………………….... [email protected]

EB Florbela Espanca …………….. [email protected]

EB Cruz de Pau/JI Matosinhos …. [email protected]

EB do Araújo …………………….... [email protected]

EB da Ermida ……………………… [email protected]

EB do Padrão da Légua …………. [email protected]

EB Professor Óscar Lopes ……… [email protected]

EB Leça do Balio …………………. [email protected]

EB da Barranha …………………… [email protected]

EB Dr. José Domingues Santos…. [email protected]

EB da Quinta S. Gens ……………. [email protected]

EB da Senhora da Hora …………. [email protected]

EB Maria Manuel Sá ……………… [email protected]

EB1/JI Leça da Palmeira ……….... [email protected]

EB de Matosinhos ………………… [email protected]

EB de Leça da Palmeira …………. [email protected]

ES da Boa Nova ………………….. [email protected]

ES Abel Salazar ………………….. [email protected]

ES do Padrão da Légua …………. [email protected]

ES da Senhora da Hora …………. [email protected]

ES Augusto Gomes ………………. [email protected]

ES João Gonçalves Zarco ………. [email protected]

AE de Custóias ………………….... [email protected]

AE de Perafita …………………….. [email protected]

Dados fornecidos em Dezembro de 2015

Manual das Associações de Pais

155

Manual das Associações de Pais

156

Manual das Associações de Pais

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Apoio:

FEDERAÇÃO CONCELHIA DAS ASSOCIAÇÕES DE PAIS DE MATOSINHOS

[email protected] www.fapmatosinhos.com