20142 metodologia cientifica-licao01

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    Lição 01 / 1

    Índice

    1.Introdução

    2. Ciência3. Conhecimento Científico x Senso Comum

    4. A Natureza do Conhecimento

    4.1. Conhecimento Popular 

    4.2. Conhecimento Filosófico

    4.3. Conhecimento Religioso (Teológico)

    4.4. Conhecimento Científico

    4.5. Meios de Aquisição de Conhecimentos

    5. Conclusão6.Referências

    Metodologia Científica

    Lição 01

    Ciência e ConhecimentoCientífico

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    1. IntroduçãoCaros alunos, antes de iniciarmos o conteúdo desta lição, vamos refletir um poucosobre o significado da Metodologia Científica  e a importância dela para a suaformação acadêmica.

    Mensagem para refletir!

    “Cuidado com gente que não tem dúvida. Gente que não tem dúvida não

    é capaz de inovar, de reinventar, não é capaz de fazer de outro modo.Gente que não tem dúvida só é capaz de repetir. Cuidado com gentecheia de certeza. Num mundo de velocidade e mudança, imagine se vocêou eu somos cheios de certeza, a dificuldade que isso nos carrega. (...)Num mundo competitivo, para caminhar para a excelência é preciso fazer o melhor, no lugar de, vez ou outra, contentar-se com o possível. E issoexige humildade e exige que coloquemos em dúvida as práticas que játínhamos. (...) De onde vem a palavra “humilde”? De húmus, que é terrafértil e, na origem, significa o “solo sob nós”. Em outras palavras, húmus

    é o nível em que nós estamos. A palavra “humildade” é a mesma daorigem húmus, da qual deriva “humano”. Cada homem e cada mulher têmo mesmo nível de dignidade, de possibilidade de ação. (...) Qual ocontrário de humilde? Arrogância. Gente arrogante é gente que acha que já sabe, que acha que não precisa aprender. (...) Gente arrogante nãoouve discordância e não consegue aprender. (...) Arrogância é um perigoporque ela altera inclusive a nossa capacidade de aprender com o outro,de entrar em sintonia. (...)” (CORTELLA, 2008, p. 29-31).

    Desde seu surgimento, o homem procura formas e métodos de conhecer o mundo emque está inserido e sua própria identidade como ser. Nesse sentido, a disciplina deMetodologia Científica  cumpre papel relevante no âmbito universitário, por permitir conhecer e compreender a caminhada humana, bem como possibilitar a construção derespostas a questões e angústias sobre o mundo, a verdade, o real e o próprio homem,entre outras coisas.

    Estas respostas vieram sempre acompanhadas de métodos e sistemas de

    pensamentos que, por vários caminhos e diferentes formas, construíram sistemasorganizados de compreensão e explicação da realidade.

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    Estes sistemas organizados de pensamentos formulam Métodos ou estratégias depesquisa e abordagem da realidade e o conjunto desses métodos é o objeto de estudoda Metodologia Científica.

    Também, não podemos deixar de acrescentar que a evolução tecnológica e as

    mudanças que vêm ocorrendo na sociedade têm exigido que as instituições de ensinoformem indivíduos mais capacitados e competentes para o enfrentamento dosproblemas cotidianos.

     Assim, é necessário que, ao entrar na universidade, você saiba da importância que sedeve ter em relação aos estudos. É necessário assumir uma nova postura diante doque lhe será solicitado, para que sua formação intelectual e profissional não sejacomprometida, já que a sociedade está mais seletiva.

     Além disso, a utilização de métodos e técnicas de estudos possibilita a obtenção de

    maior rendimento na sua aprendizagem. Portanto, este é o objetivo desta disciplinaMetodologia Científica, ou seja, objetiva proporcionar ao aluno do curso superior condições suficientes para elaboração de trabalhos acadêmicos e a produção doconhecimento científico, de forma teórica e prática alicerçada em argumentos coerentese definições precisas, configurando num projeto de pesquisa.

    Por que estudar Metodologia Científica? 

    Precisamos partir da compreensão de que Metodologia Científica  é a disciplina que"estuda os caminhos do saber", entendendo que "método" representa caminho,"logia" significa estudo e "ciência", saber .

    Severino (2000, p.18) define Metodologia como:

    [...] um instrumental extremamente útil e seguro para a gestação de uma posturaamadurecida frente aos problemas científicos, políticos e filosóficos que nossaeducação universitária enfrenta. [...] São instrumentos operacionais, sejam elestécnicos ou lógicos, mediante os quais os estudantes podem conseguir maior aprofundamento na ciência, nas artes ou na filosofia, o que, afinal, é o objetivointrínseco do ensino e da aprendizagem universitária.

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     A Metodologia Científica, enquanto disciplina, objetiva:

    1) capacitar o aluno para a organização de seus estudos na universidade;

    2) capacitar para elaboração de trabalhos acadêmico-científicos;3) distinguir Ciência de outras formas de conhecimentos;4) entender a importância da Ciência para a compreensão da realidade;5) entender o que é método científico, seus tipos e procedimentos;6) capacitar o aluno para que, a partir da ação-reflexão-ação, produzaconhecimento;7) desenvolver o espírito crítico, ético, reflexivo, analítico, sistemático,investigativo, criativo, curiosidade, indagador, questionador e gosto pelapesquisa e estudos.

    É verdade, você sabia?  A Metodologia Científica é de fundamental importância para a sua vidauniversitária! 

    Com a Metodologia Científica, você está aprendendo a aprender . Em outras palavras,é a disciplina que confere os caminhos necessários para o auto-aprendizado em que o

    aluno é o sujeito do processo, aprendendo a pesquisar e a sistematizar o conhecimentoobtido. Ela é baseada na apresentação e no exame de diretrizes aptas a instrumentar ouniversitário no que tange ao estudo e ao aprendizado.

     A Metodologia Científica, enquanto disciplina, deve possibilitar ao aluno aprender aestudar e a elaborar os trabalhos acadêmicos-científicos, de acordo com osprocedimentos e as normas metodológicas, e normas oficializadas por instituiçõesespecializadas. Ela não só deve transmitir conhecimentos, mas possibilitar ao aluno arelação teoria e prática e a produzir conhecimentos.

    Lembre-se que o professor não pode ser responsável pelo seusucesso acadêmico e profissional, porque o sucesso dependeprimeiramente de você!

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    2.  Ciência

    “A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimentoe à verdade”. (LAKATOS & MARCONI, 1992)

    Você deve ter percebido que o homem sentiu a necessidade de saber o porquê dosacontecimentos e que, dessa forma, surgiu a CIÊNCIA. Para entender melhor esseassunto, você precisa compreender o que é ciência e, também, distinguir ciência esenso comum.

    Variados autores apresentam o que entendem por ciência através deconceitos que são permanentemente ampliados, uma vez que suas ideias

    não são DEFINITIVAS.

    O que é Ciência? Entendemos por ciência uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de

     proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certosfenômenos que se deseja estudar.

    Vejamos o que alguns autores nos apresentam.

    Cervo e Bervian (2002, p. 16) afirmam que:

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    “A ciência é um modo de compreender e analisar o mundoempírico, envolvendo o conjunto de procedimentos e a buscado conhecimento científico através do uso da consciênciacrítica que levará o pesquisador a distinguir o essencial dosuperficial e principal do secundário”.

    Para Lakatos & Marconi (1974, p.8):

    “A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividadesracionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objetolimitado, capaz de ser submetido à verificação”.

    O que é Ciência? Façamos um teste! O que as pessoas comuns pensam quando as palavras ciência ou cientistasão mencionadas? 

     As imagens mais comuns são as seguintes:

    o gênio louco, que inventa coisas fantásticas;

    o tipo excêntrico, fora do centro, manso, distraído;

    o indivíduo que pensa o tempo todo sobre fórmulas compreensíveisao comum dos mortais;

    alguém que fala com autoridade, que sabe sobre o que está faltando,a quem os outros devem ouvir e ... obedecer.

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    Segundo Lakatos e Marconi (2010), não existe um consenso na apresentação daclassificação das ciências; o que é ciência para alguns autores, ainda permanece comoramo de estudo para outros, e vice-versa. Mas, baseando-se em Bunge (1976), as

    autoras adotam a seguinte classificação: CIÊNCIAS FORMAIS E CIÊNCIASFACTUAIS.

     As CIÊNCIAS FORMAIS se encarregam do estuso das ideias, dividindo-se em lógica ematemática. Por não terem relação com algo encontrado na realidade, não podem sevaler dos contatos com essa realidade para convalidar suas fórmulas, utilizando a lógicapara demonstrar rigorosamente seus teoremas. Os resultados alcançados pelasciências formais demonstram ou provam hipóteses.

     As CIÊNCIAS FACTUAIS se encarregam do estudo dos fatos, dividindo-se em naturaise sociais. Referem-se a fatos que supostamente ocorrem no mundo e, emconsequência, recorrem às observações e às experimentações para comprovar ourefutar suas hipóteses. Os resultados alcançados pelas ciências factuais verificam,comprovam ou refrutam hipóteses que, em sua maioria, são provisórias.

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    Classificação e divisão da CiênciaFonte: (LAKATOS & MARCONI, 2010, p.63)

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    3.  Conhecimento Científico x

    Senso Comum Agora que você já sabe o que é ciência, precisa entender também que o trabalho decunho científico implica a produção do CONHECIMENTO, sendo este classificado comoconhecimento ordinário ou vulgar  (senso comum) e o conhecimento científico.

    Segundo Galliano (1986), o conhecimento vulgar   (SENSO COMUM), tambémdenominado “empírico”, é o que todas as pessoas adquirem na VIDA COTIDIANA, aoacaso, baseado apenas na experiência vivida ou transmitida por alguém. Em geral,

    resulta de repetidas experiências casuais de erro e acerto, sem observação metódicaou verificação sistemática e, por isso, carece de caráter científico. Pode, também,resultar de simples transmissão de geração para geração ou fazer parte das tradiçõesde uma coletividade.

     Ao contrário, o cohecimento científico  é uma aquisição intencional, consciente  esistemática; é um processo que chegou ao máximo de seu desenvolvimento com aaplicação do método científico.

    De acordo com Galliano (1986), o conhecimento científico  resulta de investigaçãometódica e sistemática da realidade. Ele transcende os fatos e os fenômenos em simesmos, analisa-os para descobrir suas causas e concluir as leis gerais que os regem.

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    É importante sabermos que, do conhecimento do senso comum,podemos desenvolver o conhecimento científico, pois ditospopulares podem gerar questões que, às vezes, levam à pesquisae à investigação científica; ou seja, aquilo que o senso comum nãoresponde, a ciência pode responder.

    O Senso Comum  tem fatores positivos  e negativos. Se, por um lado, congregaconhecimentos e sabedoria popular e os transmite de geração em geração, fornecendobases para uma vida adaptativa na sociedade em que estamos inseridos, por outrolado, poderá originar o prolongamento de crenças ou opiniões menos verdadeiras e/oupreconceituosas que se arrastam no tempo, somente ultrapassadas por 

    pesquisas/estudos científicos. E é precisamente neste ponto que é benéfica ainterligação entre o Senso Comum - baseado em testemunhos culturais – e oConhecimento Científico – baseado em métodos de pesquisa. Um é a continuação dooutro, a Ciência pode comprovar ou desmistificar factos/acontecimentos baseados nosenso comum, através dos métodos de pesquisa científica.

    Você pode entender melhor a diferença entre o senso comum  e o conhecimentocientífico, pensando nos tratamentos médicos. Muitos remédios foram utilizados,inicialmente, pelas comadres ou pelos índios, uma vez que o conhecimento deles era

    advindo do senso comum, que também chamamos de conhecimento vulgar .

    Quer saber como? 

     Aos remédios produzidos pelas comadres, pode ser aplicado um método científico,após ser comprovada a eficácia dos métodos de cura; passam, então, a ser considerados um conhecimento científico. Antes disso, não era válida a comprovaçãodo senso comum, mesmo que já tivesse curado diversas doenças, porque não haviapassado pelo método científico.

    Você pode associar isso à sua vida acadêmica. Muitas vezes, na realização de umtrabalho de estudos, com a investigação de um problema, você precisará aplicar osmétodos científicos para chegar a um resultado comprovado, não poderá ficar no“achismo” ou no “vou fazer assim porque sempre deu certo”.

    Perceba, então, a importância da utilização dos métodos científicos na sua vida

    acadêmica!

    RESUMINDO

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    SENSO COMUM:

    transmitido de geração para geração;

    tradição cultural;

    educação não formal;

    baseado na imitação e em experiências pessoais;

    empírico e desprovido de explicações;

    experiência do dia-a-dia (casuais);

    informações relacionadas diretamente com as açôes humanas concretas.

    CONHECIMENTO CIENTÍFICO:resulta de investigação;

    objeto da ciência é o universo material, físico e o que for perceptível pelos órgãos dossentidos;

    é verificável, na prática, pela demonstração ou pela experiência;

    é transmitido por intermédio de treinamento apropriado;

    conhecimento obtido de modo racional;

    explica o por quê;

    acompanha procedimentos científicos.

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    CIÊNCIA X SENSO COMUM

     A ciência  distingue-se do senso comum  porque este é uma opiniãobaseada em hábitos, preconceitos, tradições cristalizadas, enquanto aprimeira baseia-se em pesquisas, investigações metódicas esistemáticas e na existência de que as teorias sejam internamentecoerentes e digam a verdade sobre a realidade. A ciência éconhecimento que resulta de um trabalho racional.

    Um exemplo que explica o senso comum e o conhecimento científico:

    Que o sol, amanhã de manhã nascerá novamente, é uma convicção que tanto cientistascomo leigos têm.

    O que difere, então, o senso comum do conhecimento científico? 

     A resposta é simples:

    Enquanto no senso comum as pessoas acreditam simplesmente pelo hábito (porque osol sempre nasceu, deverá amanhã nascer novamente), sem saber dar motivos (asrazões) para seu julgamento, o cientista (no caso, o astrônomo) saberá explicar por queamanhã o sol nascerá com base na teoria do movimento de rotação da terra.

    O leigo acredita sem saber das razões, o cientista conhece as razões.

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    4.  A Natureza do ConhecimentoO conhecimento é o resultado de uma relação que se estabelece entre um sujeito queconhece, que podemos chamar de sujeito cognoscente, e um objeto a ser conhecido, oobjeto cognoscível . O conhecimento é a ponte que os liga.

    Ficou difícil? 

    Então, vamos colocar de outra forma: o objeto do conhecimento pode ser qualquer elemento, e não, necessariamente, um objeto físico inanimado, real e tangível. O objetodo conhecimento pode ser o próprio homem, podem ser ideias, conceitos abstratos,fenômenos da Física, fenômenos políticos, legislação, tributos...

    O sujeito que conhece pode ser qualquer um de nós. Isso mesmo!

    É importante você saber que não é só o filósofo, o cientista ou o estudioso acadêmicode uma forma geral quem conhece. Todos nós somos sujeitos do conhecimento!

    Então, você traz consigo mesmo, como característica natural, o fato de ser um sujeitocognoscente, e tudo com que você se relaciona são seus objetos cognoscíveis. Todossomos capazes de produzir conhecimento, porém não necessariamente sob suaroupagem científica.

    Com relação ao homem, por exemplo, pode-se considerá-lo em seu aspecto externo eaparente e dizer uma série de coisas ditadas pelo bom senso ou ensinadas pelaexperiência cotidiana. Pode-se estudá-lo com um propósito mais científico e objetivo,investigando experimentalmente, por exemplo, as relações existentes entre certos

    órgãos e suas funções. Pode-se, também, questioná-lo quanto à sua origem, suarealidade e seu destino e, ainda, investigar o que dele foi dito por Deus por meio dosprofetas e de seu enviado, Jesus Cristo. Têm-se, assim, quatro espécies deconsiderações sobre a mesma realidade. O homem, consequentemente o pesquisador,está se movendo dentro de quatro níveis diferentes de conhecimento (ver figura abaixo).

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    O conhecimento e seus níveis.Fonte: (CERVO, BERVIAN & DA SILVA, 2007, p.06)

    Você já parou para pensar nos tipos de conhecimento existentes? 

    Certamente, você convive com alguns deles. Fazendo a leitura dessa lição, vocêconseguirá identificar os conhecimentos que fazem parte da sua vida.

    Então, vamos lá!

    Trujillo (1974) sistematiza as características dos quatro tipos de conhecimento:

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    ConhecimentoPopular 

    ConhecimentoCientífico

    ConhecimentoFilosófico

    ConhecimentoReligioso (Teológico)

    valorativo real (factual) valorativo valorativo

    reflexivo contingente racional inspiracional

    assistemático sistemático sistemático sistemático

    verificável verificável não verificável não verificável

    falível falível infalível infalível

    inexatoaproximadamente

    exato exato exato

     As várias formas de conhecimentoFonte: (LAKATOS & MARCONI, 2010, p.60)

    A seguir, vamos ver os quatro tipos de conhecimento mais detalhadamente!

    4.1. Conhecimento Popular 

    O conhecimento popular é valorativo por excelência, pois se fundamentanuma seleção operada com base em estados de ânimo e emoções: como oconhecimento implica uma dualidade de realidade, isto é, de um lado osujeito cognoscente e, de outro, o objeto conhecido, e este é possuído, decerta forma, pelo cognoscente, os valores do sujeito impregnam o objetoconhecido.

    É também reflexivo, mas, estando limitado pela familiaridade com o objeto,não pode ser reduzido a uma formulação geral.

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     A característica de assistemático baseia-se na “organização” particular dasexperiências próprias do sujeito cognoscente, e não em uma sistematizaçãodas ideias, na procura de uma formulação geral que explique os fenômenosobservados, aspecto que dificulta a transmissão, de pessoa a pessoa,desse modo de conhecer.

    É verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida diária e diz respeitoàquilo que se pode perceber no dia a dia.

    Finalmente, é falível e inexato, pois se conforma com a aparência e com oque se ouviu dizer a respeito do objeto. Em outras palavras, não permite aformulação de hipóteses sobre a existência de fenômenos situados alémdas percepções objetivas.

    RESUMINDO

    Conhecimento Popular:  é utilizado por meio do senso comum,geralmente passado de geração em geração, disseminado pela culturabaseada na imitação e experiência pessoal; é empregado pelaexperiência pessoal do dia-a-dia, sem crítica.

    EXEMPLO: Você já deve ter ouvido o dito popular de que tomar chá demacela, mais conhecida como marcela, cura dor de estômago, mas elaprecisa ser colhida na Sexta-feira Santa, antes do sol nascer.

    4.2. Conhecimento Filosófico

    O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consisteem hipóteses que não poderão ser submetidas à observação: “as hipótesesfilosóficas baseiam-se na experiência; portanto, este conhecimento emerge

    da experiência e não da experimentação”.

    Não é verificável, já que os enunciados das hipóteses filosóficas, ao

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    contrário do que ocorre no campo da ciência, não podem ser confirmadosnem refutados.

    É racional, em virtude de consistir num conjunto de enunciados logicamentecorrelacionados.

    Tem a característica de sistemático, pois suas hipóteses e enunciados

    visam a uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativade apreendê-la em sua totalidade.

    É infalível e exato, já que, quer na busca da realidade capaz de abranger todas as outras, quer na definição do instrumento capaz de apreender arealidade, seus postulados, assim como suas hipóteses, não sãosubmetidos ao decisivo teste da observação (experimentação).

    Portanto, o conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão pura paraquestionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o errado,unicamente recorrendo às luzes da própria razão humana.

     Assim, se o conhecimento científico abrange fatos concretos, positivos, e fenômenosperceptíveis pelos sentidos, através do emprego de instrumentos, técnicas e recursosde observação, o objeto de análise da filosofia são ideias, relações conceptuais,

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    exigências lógicas que não são redutíveis a realidades materiais e, por essa razão, nãosão passíveis de observação sensorial direita ou indireta (por instrumentos), como aque é exigida pela ciência experimental.

    O método por excelência da ciência é o experimental, ela caminha apoiada nos fatos

    reais e concretos, afirmando somente aquilo que é autorizado pela experimentação. Aocontrário, a filosofia emprega o método racional no qual prevalece o processo dedutivoque antecede a experiência, e não exige confirmação experimental, mas somentecoerência lógica.

    RESUMINDO

    Conhecimento Filosófico:  não é passível de observação sensorial,utiliza o método racional no qual prevalece o método dedutivo,antecedendo a experiência; não exige comparação experimental, mascoerência lógica, a fim de procurar conclusões sobre o universo e asindagações do espírito humano.

    Cervo e Bervian (2002) apresentam alguns EXEMPLOS que deixam claroesse conceito. Verifique:

     A máquina substituirá o homem? As conquistas espaciais comprovam o poder ilimitado do homem?O que é valor hoje?

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     A filosofia  procura compreender a realidade em seu contexto universal. Não produzsoluções definitivas para grande número de questões, mas habilita o ser humano a fazer uso de suas faculdades para entender melhor o sentido da vida concretamente.

    4.3. Conhecimento Religioso (Teológico)

    O conhecimento religioso, isto é, teológico, apoia-se em doutrinas quecontêm proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo

    sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades sãoconsideradas infalíveis e indiscutíveis (exatas).

    É um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade edestino) como obra de um criador divino.

    Suas evidências não são verificadas, está sempre implícita uma atitude defé perante um conhecimento revelado.

     Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as “verdades”tratadas são infalíveis e indiscutíveis por consistirem em “revelações” da divindade

    (sobrenatural).

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    Fonte: //en.wikipedia.org

    RESUMINDO

    Conhecimento Religioso ou Teológico:  é incontestável em suasverdades por se tratar de revelações divinas; não é colocado à prova enem pode ser verificado.

    EXEMPLO  disso são os conhecimentos adquiridos e praticados peloshomens tendo como base os textos da Bíblia Sagrada ou quaisquer outros livros sagrados.

    4.4. Conhecimento Científico

    Finalmente, o conhecimento científico é real (factual) porque lida comocorrências ou fatos, isto é, com toda forma de existência que se manifestade algum modo.

    Constitui um conhecimento contingente, pois suas proposições ouhipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida através da

    experiência e não apenas pela razão, como ocorre no conhecimentofilosófico.

    É sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente, formando

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    um sistema de ideias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos.

    Possui a característica da verificabilidade a tal ponto que as afirmações(hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito daciência.

    Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo,

    absoluto ou final e, por esse motivo, é aproximadamente exato: novasproposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo deteoria existente.

    RESUMINDO

    Conhecimento Científico: por meio da ciência, busca um conhecimentosistematizado dos fenômenos, obtido segundo determinado método, que

    aponta a verdade dos fatos experimentados e sua aplicação prática.

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    Lição 01 / 22

    EXEMPLO

     Analisar o mesmo exemplo dado anteriormente no conhecimento popular;

    no contexto científico, poderia, mediante o estudo, verificar a relação decausa e efeito e o princípio ativo que determina o desaparecimento dosintoma “dor de estômago”, quando da ingestão do chá de macela.

    4.5. Meios de Aquisição de Conhecimentos

     A INTUIÇÃO  é uma função especial da mente humana, que age pelo pensamento,independente da pessoa ter formação científica ou técnica.

    É um modo em que é considerado o fenômeno psíquico natural que todos os sereshumanos possuem: alguns em maior ou menor grau de obter conhecimentos sem autilização da experiência ou da razão.

    O EMPIRISMO (Galileu e Bacon - séc. XVII)

    Significa “experiência”

    É uma doutrina que afirma que a única fonte de conhecimento é a experiência, ou seja,todo conhecimento somente é obtido por experimentação.

    Experimentar = Montar, Construir, Testar, Medir 

    A RAZÃO – RACIONALIZAÇÃO (Descartes - séc. XVII)

    Doutrina que afirma que a razão humana - o pensamento racionalista - é a única fontedo conhecimento.

     Ao contrário dos empiristas, os racionalistas afirmam que os nossos sentidos nosenganam e nunca podem conduzir a um conhecimento verdadeiro.

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    Para os racionalistas, um conhecimento é verdadeiro somente quando é logicamentenecessário e universalmente aceito.

     A qualidade do conhecimento científico é dependente da forma de aquisição que éutilizada.

    No processo de obtenção de conhecimentos científicos, devem ser utilizadas as trêsformas de aquisição de conhecimentos:

    Intuição + Empirismo + Razão

    RESUMINDO

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    5.  ConclusãoNo tópico 1, você teve a oportunidade de aprender sobre a Ciência e o ConhecimentoCientífico.

    Ciência, devido à sua natureza e, sobretudo, ao seu desenvolvimento, deixou de ser umassunto meramente de cientistas e diz respeito aos cidadãos em geral. De fato, osdesenvolvimentos alcançados pela ciência, juntamente com a tecnologia, tornaram-sedeterminantes em nossas vidas no dia a dia. A Ciência e Tecnologia  entramdiariamente em nossas casas através de jornais, TV ou rádio, e qualquer cidadãodiscute assuntos que a envolvem.

    O que conclui sobre a Ciência  é que, por mais que novas e sofisticadas teoriassejam criadas, sempre haverá uma falha contida nelas e é através de inovações natecnologia e em estudos aprofundados que conseguimos aperfeiçoar nossas teorias.

    Você já pôde perceber, até aqui, que entre os modos de conhecer , não existe umahierarquia valorativa totalmente fixa. Isso porque cada forma de conhecimento cumpresempre uma função estratégica para o homem, senão muitas. Assim, o valor de cadaforma de conhecimento é relativo aos fins que se pretende atingir em cadamomento.

    Pois bem, mas se, desde o início, já falávamos que todos nós podemos ser sujeitos do conhecimento, que tipo de conhecimento é esse que produzimos?

    Para responder a essa pergunta, vamos logo abrindo as portas e as janelas de nossoraciocínio.

    Já oxigenou a sua mente? 

    Ok, então agora, enquanto você, tanto no seu dia a dia quanto em ocasiõesespecialmente controladas, está apto a produzir qualquer forma de conhecimento,observe seus elementos identificadores mínimos.

    Se você inventa ou conta uma historinha para uma criança, cheia de personagens oueventos heroicos, intencionando, por meio dela, inculcar algum tipo de sentimento oucomportamento, você está utilizando o mito no seu entendimento mais clássico.

    Se você estuda e reproduz os ensinamentos doutrinários recebidos em sua fé religiosa,

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    obviamente já sabe que tipo de conhecimento você está produzindo ou reproduzindo,não é?

    Mas, se você se acomoda em sua confortável poltrona e começa a pensar com seusbotões no sentido da vida, do belo, e assim por diante, você estáq filosofando.

    Todos esses modos de conhecer o mundo que estudamos aqui também podem ser verificados no território acadêmico. Com isso, queremos dizer que o conhecimentoacadêmico, em sentido amplo, envolve um verdadeiro arsenal de ferramentascognitivas que ultrapassam os limites estreitos do conhecimento científico tradicional.

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    LAKATOS, E.M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 7 ed.São Paulo: Atlas, 2010 e edições anteriores.

    MEZZAROBA, O.; MONTEIRO, C. S. Manual de metodologia da pesquisa no direito. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

    SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 21 ed. São Paulo:Cortez, 2000.

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