2010-08-16 protozoários heteroxenos - doença de chagas
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Doença de Chagas - 1/3
Vítor Angelo Ferreira – medufes84
PROTOZOÁRIOS HETEROXENOS – GRANDES ENDEMIAS 16/08/2010
DOENÇA DE CHAGAS
Agente etiológico
Trypanosoma cruzi
No início do século passado, Carlos Chagas, grande pesquisador brasileiro, fazia um
levantamento no Vale do Jequitinhonha no sangue de uma criança chamada Berenice. O
sangue foi coletado e enviado ao instituto Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro, descobrindo-se um
novo parasita. Encontrada do sul dos Estados Unidos ao sul da Argentina e Chile. Nos EUA,
porém, há poucos casos, devido a diferença existente em relação a habitação popular.
Hospedeiro intermediário/vetor : Barbeiro. A maioria dos casos relatados é de picada no rosto.
Habitações: cafuas, ou casas de pau-a-pique, com paredes de barro e frestas. 3 gêneros dos
barbeiros são capazes de transmitir: Triatoma sp (T. infestans), Panstrongylus sp (P. Megistus),
Rhodinus sp (R. prolixus). São hemípteras. Classificação: inseto hemíptero triatomíneo
complemento, sendo que o complemento pode ser hematófago (como nesses casos),
entomófago e fitófago (estes últimos não transmitem a doença). Estágios de desenvolvimento:
ovo/N1 a N5/Adulto (masculino e feminino). Desde N1 já é hematófago. Portanto, durante toda
a cadeia de vida, é capaz de transmitir a Doença de Chagas.
Hospedeiro definitivo: mamíferos silvestres (tabu, gambá e rato, principalmente) e domésticos.
Formas evolutivas: é um cinetoplastide. Apresenta a forma amastigota, com cinetoplasto e
flagelo intracelular. É a forma evolutiva que une a leishmania com o trypanosoma. A outra
forma é o epimastigota, com o cinetoplasto, colado ao núcleo, voltado para a porção de onde
emerge um flagelo que forma uma membrana ondulante. Outra forma é a tripomastigota
metacíclico, tem o cinetoplasto colado ao núcleo e com o flagelo emergindo na porção
contrária ao cinetoplasto. Na forma tripomastigota sanguícola, o cinetoplasto está na
extremidade do parasita, de onde emerge um longo flagelo em direção a extremidade oposta,
gerando a membrana ondulante.
Ciclo / Habitat
Amastigota: célula dos vertebrados. Qualquer célula de qualquer tecido e órgão, mas
principalmente, tecido muscular, tecido nervoso, tecido epitelial. A epimastigota habita o
intestino anterior do barbeiro, onde se multiplica. O tripomastigota metacíclico encontra-se no
intestino posterior do barbeiro. O tripomastigota sanguícola habita as células sanguíneas.
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Formas de infecção: penetração ativa de tripomastigota metacíclico em mucosa ou pele lesada.
Dentro da célula do vertebrado, o tripomastigota metacíclico transforma-se em amastigota,
reproduzindo-se enormemente até ocasionar a lise celular, liberando-se na circulação.
Epimastigota e tripomastigota metacíclico são encontrados apenas no barbeiro. Ou ela
penetra nas células contíguas, na forma de tripomastigota sanguícola, ou infecta células à
distância, voltanto à forma amastigota e reproduzindo-se novamente. Quando um novo
barbeiro faz o repasse sanguíneo neste indivíduo, adquirirá as células infectadas, o parasita vai
parar no intestino posterior e transformar-se-á em tripomastigota metacíclico, completando o
ciclo.
Mecanismo de transmissão: infecção pelo inseto vetor (principal). O segundo principal é a
transfusão sanguínea. O terceiro, é a transmissão congênita, porém com menor incidência. Em
Doença de Chagas, os amastigotas fazem ninhos de células, que podem determinar a fase
crônica assintomática posterior. Ninhos de amastigota alojam-se na placenta, passando para o
filho. O quarto é acidente de laboratório, por falta de conduta laboratorial. Quinto, transplante
de órgãos. Sexto, transmissão oral. Ingestão de carne crua de animal contaminado, canibalismo,
caçadores (em contato com o sangue do animal ferido).
Patogenia / Patologia / Sintomatologia
Habita e destrói células diversas. São múltiplos os fatores que influenciam na manifestação da
doença. A cardiopatia chagásica é mais comum em homens do que em mulheres. Há influência
de sexo, cor, idade, origem da cepa, origem do transmissor, fatores que resultam numa doença
que pode manifestar uma fase aguda (assintomática ou sintomática) e crônica. O primeiro sinal
é o chagoma de inoculação, pode ocorrer nos primeiros 15 dias, é uma infecção localizada que
provoca uma tumoração. Quando no rosto, é denominado Sinal de Romaña, sendo
considerado patognomônico de Doença de Chagas, para alguns autores. Trata-se de um edema
unilateral, bipalpebral com conjuntivite e inflamação dos gânglios cervicais. O indivíduo pode
apresentar febre e edema, localizado ou generalizado, dependendo da carga parasitária.
Poliadelia (inflamação de gânglios linfáticos pelo organismo), hepatoesplenomegalia, às vezes
manifestações cardíacas e perturbações neurológicas. Quando ocorre o óbito ou se dá por
miocardite multifocal (difusa) e fulminante, ou por ...
A fase crônica tem um período assintomático (ou indeterminado) e um período com fase
sintomática, ou determinada. Com uma semana, é possível detectar o parasita. Quanto mais
rapidamente detectar, melhor o prognóstico do paciente, pois se aplica o remédio que reduz ou
extermina as formas sanguíneas. Cerca de 2 meses depois, a fase aguda entre em remissão, o
que indica que o IgG está formado. O parasita escapole do sangue para evitar a defesa e fica
nos ninhos de amastigota, com baixa mobilidade. Algumas formas sanguícolas largas continuam
presentes no sangue. O indivíduo entra numa fase indeterminada que pode durar 30 anos, sem
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que o indivíduo apresente sintomas. Ele apresentará eletrocardiograma normal acompanhado
da ausência de sintomas ou sinais da doença e com positividade para o parasita, seja pelo
exame direto, seja pela detecção indireta do parasita (hemocultura, sorologia). Cardiopatia
chagásica crônica (megacárdio) ou/e Intestinal (megaesôfago e megacólon). Destrói fibras
musculares, e o sistema nervoso, comprometendo a fisiologia do órgão. O indivíduo pode
desenvolver Insuficiência Cardíaca Congestiva: o coração começa a reter sangue, relaxar as
câmaras, hipertrofiar porções específicas. O sangue vai circular mais devagar, com maior
dificuldade gradualmente. Inicialmente, o coração bate mais rápido para compensar a redução
da circulação sanguínea. Com a redução da circulação, começam a se desenvolver trombos,
com todas suas consequencias. No megaesôfago, ocorre disfagia (dificuldade em se alimentar),
pirose, redução da função esofágica. Sensação de fome com a sensação de que não desce mais
comida.
Diagnóstico: inicia-se com a conversa com o paciente. Indaga-o se já ouviu falar sobre o
barbeiro (chupança)? Diferenciam-se os exames para a fase aguda e para a fase crônica. Na fase
aguda, vê-se o parasita (exame de sangue a fresco, por esfregaço ou gota espessa),
preferencialmente corado pelo Giemsa. Reação de precipitina - ; reação da imunofluorescência
indireta (RIFI). Na fase crônica, o parasita está escondido nos ninhos de amastigota. Raramente
encontram-se as formas circulantes. O exame para o diagnóstico é o xenodiagnóstico: um
barbeiro limpo, criado em laboratório, alimenta-se do sangue de um paciente suspeito de estar
infectado. Após 30 dias, caso o barbeiro tenha adquirido ao menos 1 parasita no repasse,
milhares de parasitas existirão, podendo ser identificados no exame de suas fezes e urina ; ou
reação de imunofluorescência indireta (RIFI); RHI - ;
No ES, a doença é considerada erradicada.
Profilaxia: melhoria das habitações, de forma a impedir a domiciliação do triatonímeo
(barbeiros). Melhoria das instalações do peri-domicíliares (criadouros de animais). Combate ao
barbeiro, por inseticida, combate biológico. Controle de banco de sangue. Controle de
transplantes de órgãos. Vacinação: pouco eficaz.
Tratamento: 2 drogas: Nifurtimox e o benzonidazol. Nifurtimox – formas livres do sangue e
amastigota. Muitos efeitos colaterais (óbitos de pacientes). Benzonidazol – atua somente nas
formas livres do sangue. Também causa efeitos colaterais. 5 a 8 mg / quilo / dia (comprimido
via oral), durante no mínimo 60 dias e até 90 dias. Efeitos colaterais: anorexia, perda de peso,
vertigem, cefaléia, sonolência, dores abdominais. Megazol – droga em pesquisa, mistura de
nitroinidazol e thiadiazole, mais de 10 anos em pesquisa.