2004, benites, a. e valério, l., competitividade – uma abordagem do ponto de vista teó rico

9

Click here to load reader

Upload: robecastro

Post on 02-Aug-2015

113 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: 2004, Benites, A. e Valério, L., Competitividade – Uma abordagem do ponto de vista teó rico

IV JCEA - Campo Grande, MS, Brasil, 6 a 8 de outubro de 2004

Competitividade – Uma abordagem do ponto de vista teó rico

Anderson Teixeira Benites (UFMS) – [email protected] Mendes Valério– UFMS

Resumo: Em decorrência das transformações nas relações econômicas mundiais, acompetitividade ganhou status de garantidora da existência das empresas no escopo competitivo.O conceito de competitividade discutido atualmente segue, em sua maioria, a definição propostapor Michael Porter, importante í cone dos princí pios fundamentais da competitividade. Diante daestrutura de mercado, as empresas assumem um comportamento, através de ações (conduta),onde são tomadas decisões estratégicas. Diante da configuração econômica atual, este artigovisa estudar a competitividade como função da conformação de estratégias das empresas aopadrão de concorrência vigente nos mercados, cujos fatores preponderantes estão,constantemente, sendo substituí dos por determinantes que agregam maior valor, isto denota anoção de dinamicidade das vantagens competitivas.

Palavras-chaves:Competitividade, Vantagem Competitiva, Desempenho.

Introdução

A competitividade é um dos princí pios da economia liberal que teve como principais precursoresDavid Ricardo e Adam Smith (ANDRIOLI, 2003). De acordo com Smith, a idéia básica daconcorrência é que, uma vez competindo entre si, os atores envolvidos automaticamente estariamcontribuindo para o progresso geral da sociedade. Ricardo aborda a competitividade através daanálise das vantagens comparativas, que se baseia no estabelecimento de um processo deintercâmbio, onde os envolvidos nas transações são mutuamente beneficiados nas relações.

Em decorrência das transformações nas relações econômicas mundiais, a competitividade ganhoustatus de garantidora da existência das empresas no escopo competitivo. Com isso, as empresaspassaram a gerir suas competências, adequando seus recursos, para geração e manutenção devantagem competitiva, administrando a evolução de sua participação no setor, em ní veismundiais ou locais, onde atua.

De acordo com Arrighi (1996), a partir do final da década de 70, a mobilidade geográfica docapital alterou significativamente a organização dos processos de produção e troca mundiais. Osagentes econômicos passaram a investir de forma a garantir maior flexibilidade e liberdade deescolha, tendo como objetivo principal, o lucro. Através da flexibilidade ilimitada e a capacidadede mudança e adaptação financeira, os paí ses periféricos sentiram mais os efeitos na economiapor não terem capacidade de reação, ficando a mercê da estrutura de preço e consumo impostospelo sistema econômico mundial.

A tendência aparente de centralização econômica em grandes corporações e segmentos lí deres doagronegócio, seguramente introduziu vetores importantes nas novas estratégias decompetitividade, modificando estruturas ou até mesmo, criando e determinando novos fatores,como por exemplo, o aparecimento de fatores não vinculados a preço como fontes determinantesda competitividade.

Page 2: 2004, Benites, A. e Valério, L., Competitividade – Uma abordagem do ponto de vista teó rico

IV JCEA - Campo Grande, MS, Brasil, 6 a 8 de outubro de 2004

Diante da configuração econômica atual, procura-se estudar a competitividade como função daconformação de estratégias das empresas ao padrão de concorrência vigente nos mercados, cujosfatores preponderantes estão, constantemente, sendo substituí dos por determinantes que agregammaior valor, isto denota a noção de dinamicidade das vantagens competitivas. Para Furtado(1999), os investimentos em inovação nos processos produtivos, marketing e demais atividadesgeradoras de valor indicam a capacidade de ação estratégica da empresa.

Conceito de Competitividade

O conceito de competitividade discutido atualmente segue, em sua maioria, a definição propostapor Michael Porter, importante í cone dos princí pios fundamentais da competitividade. SegundoPorter (1993), a competitividade é a habilidade ou talento resultantes de conhecimentosadquiridos capazes de criar e sustentar um desempenho superior ao desenvolvido pelaconcorrência.

Para Porter (1993), o conceito mais adequado para competitividade é a produtividade. A elevaçãona participação de mercado depende da capacidade das empresas em atingir altos ní veis deprodutividade e aumenta-la com o tempo. Reflexões feitas por Harris e Ogbonna (2001), apontamque o desempenho pode ser derivado da geração ou inovações valiosas do mercado, construindobarreiras à imitação ou aprendendo e mudando mais rapidamente que a concorrência, não apenascomo resultado do poder de mercado, mas é derivado da mistura dos recursos da empresa.

A competitividade, de acordo com a interpretação de Porter (1993), é vista e compreendida sobdiversas óticas, podendo ser atribuí da conforme o panorama macroeconômico, impulsionado porvariáveis como taxas de câmbio e de juros, déficits e polí ticas governamentais, baixos dispêndioscom força de trabalho, recursos naturais, e, acima de tudo, diferenças de práticas administrativas.

O setor de varejo de alimentos é marcado por algumas empresas deterem parte boa parte domercado, isto é, centralização relativamente alta da produção, e também pela possibilidade derecorrer a competição em preços para ampliar a fatia de mercado, em virtude da concorrênciacom empresas marginais, que são pouco resistentes à eliminação, mas ocupam um espaçoconsiderável no mercado. Neste setor, embora haja alguma oportunidade para diferenciação, aconcorrência se realiza predominantemente via preços, o que Possas (1985), define como sendoum oligopólio competitivo.

A competitividade na estrutura do varejo alimentar é, até certo ponto, desleal, pois as empresaslí deres possuem infra-estrutura capaz de oferecer preços mais atrativos aos consumidores, queneste mercado, são extremamente sensí veis a alterações no preço, provocando um grande esforçona redução de custos por parte das pequenas empresas.

Diante da estrutura de mercado, as empresas assumem um comportamento, através de ações(conduta), onde são tomadas decisões estratégicas. Para Fergunson e Fergunson (1994), aestrutura de mercado considera o número de empresas, o ní vel de diferenciação de produtos, e ograu de integração vertical. Vasconcelos e Cyrino (2000), afirmam que a estrutura da indústriadetermina o comportamento dos agentes econômicos, que determina a performance das firmas.

Page 3: 2004, Benites, A. e Valério, L., Competitividade – Uma abordagem do ponto de vista teó rico

IV JCEA - Campo Grande, MS, Brasil, 6 a 8 de outubro de 2004

Correntes Teóricas de Competitividade

Compreender o processo geral de funcionamento de uma empresa é algo extremamentecomplexo, porque as diversas etapas do processo produtivo estão inter-relacionadas ao ambientesocial e institucional, na qual as empresas atuam. No entanto, conhecer a capacidade, ouincapacidade, em desempenhar as inúmeras atividades individuais desenvolvidas pela empresa éuma forma adequada de conhecer melhor o papel da empresa e a fonte básica para a criação deuma vantagem competitiva sustentável.

Esta abordagem nos remete ao estudo da cadeia de valores proposta por Porter (1989), onde avantagem competitiva se origina a partir de atividades básicas, primárias e de apoio, praticadaspela empresa. Assim, a vantagem competitiva se origina das atividades desenvolvidas naprodução, operações, logí stica, serviços, gestão de competências, infra-estrutura, tecnologia ecompras.

A cadeia de valor da empresa reflete sua história, estratégia e esforço de diferenciação, além damaneira na qual as atividades individuais são executadas, possibilitando também a identificaçãodas principais competências organizacionais e a maneira mais adequada de buscar a agregação devalor através das atividades.

No centro da dinamicidade do mercado e das estratégias empresariais está a vantagemcompetitiva, merecendo destaque à busca pelas razões que permitam a empresa desenvolvê-la emantê-la de forma a alcançar e sustentar um desempenho superior em relação aos seusconcorrentes.

Nas relações entre os agentes que operam nas indústrias agro-alimentares, ou seja, desde asoperações de manufatura até a comercialização, as empresas individuais se deparam comcomplexos sistemas produtivos e mercantis, redes multinacionais, todos inseridos numa lógicainstitucional e aparelhos sociais, onde a empresa representa apenas um componente integrado emum cabeamento de vinculações a vários outros sistemas de valores.

Neste ambiente, a empresa precisa encontrar a melhor maneira de conduzir seus negócios, deforma a obter lucratividade suficiente para atuar competitivamente no mercado. Para tanto, se faznecessário à adoção de uma série de procedimentos (estratégias) pela empresa, que possuam opoder de conferir capacidade produtiva às atividades desenvolvidas pela empresa.

Segundo Henderson (1998), a estratégia é a busca por ações estratégicas para desenvolver eajustar a vantagem competitiva de uma empresa, cujo objetivo principal é a expansão demercado, aumentando o escopo de sua vantagem. Ainda de acordo com Henderson (1998),quanto mais rico o ambiente competitivo, maior o número de variáveis capazes de proporcionaruma vantagem exclusiva, mas, no entanto, mais acirrada será a concorrência.

Mintzberg (1998), diz que a estratégia é uma palavra para explicar ações passadas para descreverum comportamento desejado no futuro, assim a criação de uma estratégia requer uma sí ntesenatural do futuro, do passado e também do presente.

Page 4: 2004, Benites, A. e Valério, L., Competitividade – Uma abordagem do ponto de vista teó rico

IV JCEA - Campo Grande, MS, Brasil, 6 a 8 de outubro de 2004

A estratégia empresarial originou-se a partir da teoria neoclássica, onde o desempenho (lucro) eraexplicado apenas pela estrutura de mercado (teoria estruturalista). A partir de análise empí rica docomportamento das empresas, dada a competitividade, buscou-se outra maneira de buscarexplicar o lucro, uma vez que somente através da estrutura de mercado não se conseguiaesclarecer como lucro era obtido. Passou-se, então, explicar o lucro a partir da conduta(estratégias) adotada pelas empresas (teoria comportamentalista).De acordo com Furtado (1999), a nova estrutura da economia internacional, deu força àscorporações que contam com meios favoráveis para se adequarem aos princí pios de estruturaçãodos sistemas vigentes, ou seja, aqueles que possuem uma organização econômica e industrialmais coerente, capacidade financeira própria. Fatores a partir dos quais, são capazes de enfrentaras instabilidades caracterí sticas da economia internacional, com suas conseqüências sobre osfluxos de comércio e de investimento sobre as taxas de câmbio e juros.Dada esta visão, o sentido de competitividade tornou-se mais amplo, passando a ser visto comofator determinante para medir a extensão, avaliar o tamanho e o grau de integração vertical nasrelações bi e multilaterais entre os agentes econômicos.

Deve-se ressaltar que a busca pela competitividade remete-se, ainda, às restrições impostas pelopoder financeiro das empresas para o investimento na capacidade produtiva e comercial. Apossibilidade de adequação aos padrões de concorrência está conectada à reestruturação das basestecnológicas, através de inovações generalizadas nas várias atividades geradoras de valor,sobretudo, aos ativos ligados a sistemas de informações e comunicação com o mercadoconsumidor. Os ciclos de produção cada vez mais curtos conduzem a reafirmação da dominânciafinanceira, configurando importante barreira de entrada em algumas estruturas de mercado.

Para o sucesso competitivo ser atingido, a empresa necessita dominar uma ou mais atividades queconfigurem em uma vantagem competitiva efetiva, que segundo Montgomery e Porter (1998),pode provir de custos mais baixos ou da habilidade de destacar a empresa junto aos consumidorese, com isso, conseguir operar com ní veis de preços mais altos. A sustentação da vantagemcompetitiva é traduzida no crescimento da produtividade, uma vez que está diretamente ligado àmelhoria da qualidade e eficiência no processo produtivo. Conforme Porter (1993), diferençasnas estruturas econômicas, valores, culturas, instituições, histórias nacionais contribuem para osucesso competitivo.

Para compreender a competitividade, segundo Porter (1986), é necessário estudar a indústria,elemento fundamental a ser diagnosticado, uma vez que, de acordo com a estrutura da indústria,se define a estratégia competitiva que garanta um desempenho superior. Portanto, a estratégiacompetitiva adotada depende muito do conhecimento detalhado da estrutura da indústria.

Porter (1986), condiciona a natureza da competitividade em cinco forças competitivas. A açãodestas forças competitivas determina um desempenho superior, pois fixam os preços que asempresas podem cobrar, os custos que tem de suportar e o investimento necessário para competir.O poder de cada força competitiva também é função da estrutura da indústria.

A competitividade de uma empresa dentro da indústria que está inserida é traduzida pelaeficiência com a qual a empresa desempenha suas atividades e o valor final criado, pode sermedido pela disposição dos consumidores em pagar pelos produtos por ela oferecidos.

Page 5: 2004, Benites, A. e Valério, L., Competitividade – Uma abordagem do ponto de vista teó rico

IV JCEA - Campo Grande, MS, Brasil, 6 a 8 de outubro de 2004

Pela acepção de Jank e Nassar (2000), do ponto de vista das teorias de concorrência, acompetitividade pode ser definida como a competência de se sustentar e sobreviver e crescer emnovos e atuais mercados. Dada esta definição, a competitividade pode ser encarada como umamedida de desempenho para empresas individuais, no entanto, dependente das relaçõessistêmicas, já que as estratégias empresariais podem, por exemplo, ser dificultadas por sistemasde coordenação vertical ou de logí stica.

A evolução da participação no mercado reflete a competitividade passada, decorrente devantagens competitivas já adquiridas. Denota ainda, a adequação dos recursos utilizados pelaempresa aos padrões de concorrência vigentes nos mercados de que participa e que podemcombinar de maneira diferente variáveis: preço, regularidade de oferta, diferenciação de produto,lançamento de novos produtos.As decisões empresariais de gestão do capital, especialmente de investimento produtivo, sãodeterminadas por expectativas de evolução futura da economia através de processos socializados.Esses processos, segundo Coutinho (2000), dão origem a formas socializadas de organizar asexpectativas dos mercados e podem ser mais duradouras em determinadas circunstâncias como,por exemplo, ao longo de ciclos de expansão com inovação tecnológica.

O padrão concorrencial, para Resende e Boff (2002), contribui para dar uma estrutura particularà indústria, como conseqüência do desempenho das empresas e dos resultados obtidos. Osresultados obtidos pelas empresas lhes conferem, um determinado poder de mercado, que estárelacionado com a capacidade de fixar e sustentar o preço de venda em um ní vel acima daquelefixado pelos concorrentes.

Para Jank e Nassar (2000), a definição do conceito de competitividade tem conseqüências diretaspara a escolha dos indicadores de desempenho. A evolução da participação no mercado é umindicador de resultado que tem a vantagem de condensar múltiplos fatores determinantes dodesempenho. Custos e produtividade são indicadores de eficiência que explicam, em parte, acompetitividade. Entretanto, inovação em produtos e processos para atender adequadamentedemandas por atributos de qualidade intrí nsecos exigidos por consumidores e clientes tambémexplica um desempenho favorável que, se não prescinde de custos e produtividade, podem serelementos determinantes de preservação e melhoria das participações de mercado.Competitividade e desempenho são conceitos intrinsecamente relacionados na medida em que aavaliação de desempenho é a maneira pela qual a organização verifica a eficácia das suasdecisões estratégicas (BROWN e LAVERICK apud PEREIRA, 2003), que por sua vez resultamna competitividade das organizações ou sistemas.

O conceito de desempenho está ligado à idéia de comparabilidade, ou seja, é sempre medido emrelação à um referencial (CARRE apud SPROESSER, 1999). O desempenho de uma organizaçãonão deve ser medido somente em termos de indicadores de eficiência, como produtividade erentabilidade, sendo que as dimensões de eficácia e igualdade devem também ser incorporadas nomodelo de análise (SPROESSER, 1999).Jank e Nassar (2000), refletem sobre a capacidade de ação estratégica e os investimentos eminovações de processo e de produto, marketing e recursos humanos que determinam a

Page 6: 2004, Benites, A. e Valério, L., Competitividade – Uma abordagem do ponto de vista teó rico

IV JCEA - Campo Grande, MS, Brasil, 6 a 8 de outubro de 2004

competitividade futura, uma vez que está associada à preservação, renovação e melhoria dasvantagens competitivas dinâmicas.

Numa outra corrente teórica, a schumpeteriana, a concorrência de caracteriza-se pela busca dadiferenciação, via estratégias competitivas, como fator chave para obtenção de vantagemcompetitiva, e desta forma, atingir um desempenho superior, mesmo que por um curto espaço detempo. Sob esta ótica a concorrência é vista como um processo ativo de criação de espaços eoportunidades por meio de inovações, num sentido amplo, não se restringindo apenas emmudanças tecnológicas, mas sim, considerando a inovação como qualquer esforço que vise odesenvolvimento de novos processos produtivos, fontes de matéria-prima, dimensões gerenciaisou campo de atuação da empresa.

Fonte: Os autores.Figura 1 – Modelo de concorrência e competitividade de Schumpeter.

A figura 1 ilustra o modelo schumpeteriano de concorrência, onde as estratégias competitivasbuscam incessantemente as mais diversas fontes de vantagem competitiva, visando sumariamenteà diferenciação. As estratégias são formuladas baseadas em fatores endógenos, onde as empresasbuscam a inovação como fator crí tico para o alcance de resultados superiores.

O diagnóstico desenvolvido por essa corrente teórica não pressupõe equilí brio, mas sim adesequilí brios determinados pela busca por oportunidades lucrativas, que por sua vez geramefeitos dinâmicos sucessivos de expansão.

De acordo com Possas (1985), a concorrência vista por esta ótica tem duas vertentes. A primeirabusca inovações, por parte das empresas, capazes de proporcionar vantagens competitivas,caracterí stica básica da noção de concorrência schumpeteriana. Na segunda visão, a concorrênciaopera como um processo de seleção por meio de três elementos básicos: a introdução deinovações, a eliminação de tecnologias pouco lucrativas e as mudanças nas proporções entre asquantidades produzidas utilizando cada uma das tecnologias adotadas.

Criação deoportunidades Diferenciação Diversidade no

sist. econômico

Estratégias(vantagem competitiva)

Condiçõesambientais

Rivalidade eorientaçãoestratégica

INOVAÇÂO(concepção)

empresas

Valorização dosativos de capital

Esforços dediferenciação

Criação de vantagemcompetitiva

Page 7: 2004, Benites, A. e Valério, L., Competitividade – Uma abordagem do ponto de vista teó rico

IV JCEA - Campo Grande, MS, Brasil, 6 a 8 de outubro de 2004

A escolha de estratégias competitivas e a tomada de decisão gerencial não podem serconsiderados como processos simples, principalmente devido à dinamicidade das inovações.Portanto, a noção de competitividade, segundo Kupfer (1992), deve levar em consideraçãoprincí pios microeconômicos, que são sinalizados pela interação entre as condições estruturais quedirecionam a concorrência e as condutas inovativas das empresas.

Kupfer (1992), procura conceituar a competitividade sob duas visões: competitividade comofunção do desempenho e a competitividade explicada como função da eficiência. Na primeiravisão, é a demanda no mercado que julga quais produtos serão adquiridos e define oposicionamento competitivo das empresas, desta forma, admitindo ou não os esforços produtivosrealizados pela empresa. Na segunda visão, a empresa define sua competitividade. Esta acepçãoconsidera as limitações da capacidade produtiva da empresa.

De acordo com as conceituações acima, a competitividade, vista como função do desempenho,implica no resultado dos diversos fatores que compõem a capacidade produtiva da empresa. Estavisão considera que a competitividade é explicada por fatores tangí veis e intangí veis, isto é,processos produtivos, capacidade técnica, disposição de atender o mercado, capacidade dediferenciação e qualidade dos produtos.

Por sua vez, a competitividade vista pelo foco da eficiência, é dada pelo ní vel de capacitaçãoapreendida pelas empresas. Sendo assim, o que permite uma empresa atuar competitivamente nomercado é o total domí nio das técnicas produtivas. No entanto, verificar a técnica produtiva queconfere maior competitividade somente pode ser avaliado no final do processo produtivo.

Kupfer (1992), coloca que a competitividade não pode ser compreendida apenas como função decaracterí sticas intrí nsecas à empresa, como sugere a visão de eficiência. A competitividadetambém é explicada por fatores extrí nsecos, pois está relacionada aos padrões de concorrência daindústria onde a empresa está inserida. Portanto, o padrão de concorrência é um fator decisivopara a determinação da competitividade.

Considerações Finais

Fundamentalmente, a competitividade é um fenômeno que está intimamente ligado aos pontosreferentes às noções de concorrência, portanto pode ser entendida como sendo uma conformaçãoentre as estratégias, internas e externas, assumidas pela empresa em relação ao ní vel deconcorrência da indústria na qual está inserida.

Esta idéia de competitividade nos remete ao conceito de estrutura – conduta – desempenho, pois,conforme Kupfer (1992), esta acepção considera que as estratégias competitivas adotadas pelasempresas, dependem da avaliação feita do desempenho passado e as expectativas de açõesfuturas. Assim, dada à estrutura de mercado, assumiria a postura mais competitiva a empresa queadotar a conduta mais coerente ao padrão concorrencial vigente na indústria.

Referências Bibliográficas

Page 8: 2004, Benites, A. e Valério, L., Competitividade – Uma abordagem do ponto de vista teó rico

IV JCEA - Campo Grande, MS, Brasil, 6 a 8 de outubro de 2004

ANDRIOLI, A. I. (2004) – Revista Espaço Acadêmico – Ano II – nº 23 – abril 2003 – Mensal –ISSN 1519.6186. Disponí vel em : http://www.espacoacademico.com.br/023/23and.htm -acessado em 20/04/2004.

ARRIGHI. G. (1996) O longo século XX: dinheiro, poder e as origens de nosso tempo., SãoPaulo, Editora UNESP.

COUTINHO, L. G. (2000) – Estudos Temáticos - Regimes Macroeconômicos e EstratégiasEmpresariais: Uma polí tica industrial alternativa para o Brasil no surgimento do século 21.Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – IE/UFRJ.

FERGUNSON, P. R. & FERGUNSON, G. (1994) – J. Industrial Economics – issue andperspectives. New York University Press. New York.

FURTADO, J. (1992) – Mundialização, reestruturação e competitividade: a emergência de umnovo regime econômico e as barreiras às economias periféricas. Novos Estudos Cebrap, n. 53.

HENDERSON, B. D. (1998). As origens da estratégia. In: Estratégia – a busca da vantagemcompetitiva. MONTGOMERY, C. A. e PORTER, M. E. (org.). Harvard Business Review Book.Campus, Rio de Janeiro.

JANK, M. S.; NASSAR, A. M. (2000) – Competitividade e globalização. Economia e gestãodos negócios agroalimentares. In: Economia e gestão dos negócios agroalimentares.ZYLBERSZTAJN, Décio & NEVES, Marcos F. (organizadores). Pioneira, São Paulo.

KUPFER, D. (1992) – Padrões de Concorrência e Competitividade. Texto para Discussão 265,IEI/UFRJ, publicado nos Anais do XX - Encontro Nacional da ANPEC, Campos de Jordão, SP.

MINTZBERG, H. (1998). A criação artesanal da estratégia. In: Estratégia – a busca da vantagemcompetitiva. MONTGOMERY, C. A. & PORTER, M. E. (org.). Harvard Business Review Book.Campus, Rio de Janeiro.

MONTGOMERY, C. A. & PORTER. M.E. (1998). Introdução. In: Estratégia – a busca davantagem competitiva. MONTGOMERY, C. A. & PORTER, M. E. (org.). Harvard BusinessReview Book. Campus, Rio de Janeiro.Mintzberg

PEREIRA, S.C.F. (2003) – Gerenciamento de Cadeias de Suprimentos: Análise da avaliação dedesempenho de uma cadeia de carne e produtos industrializados de frango no Brasil. Tese(Doutorado em Administração de Empresas) - Escola de Administração de Empresas de SãoPaulo. Fundação Getúlio Vargas. São Paulo.

PORTER, M. E. (1993) – A vantagem competitiva das nações. Campus. Rio de Janeiro.

POSSAS, M. L. (1985) – Estruturas de mercado em oligopólio. Economia e Planejamento –Obras Didáticas. Editora Hucitec. São Paulo.

Page 9: 2004, Benites, A. e Valério, L., Competitividade – Uma abordagem do ponto de vista teó rico

IV JCEA - Campo Grande, MS, Brasil, 6 a 8 de outubro de 2004

RESENDE, M.; BOFF, H. Concentração industrial. In: Economia Industrial. KUPFER,David & HASENCLEVER, Lia. (organizadores). Rio de Janeiro: Campus, 2002.

SPROESSER, R. L. (1999) – Um modelo de produtividade para o varejo: O caso do varejo dealimentos. In: Varejo Competitivo. Atlas, v.3, São Paulo.

VASCONCELOS, F. C. & CYRINO, A. B. (2000) – VANTAGEM COMPETITIVA: osmodelos teóricos atuais e a convergência entre estratégia e teoria organizacional. RAE - Revistade Administração de Empresas, Out. /Dez, v. 40, n. 4, p. 20-37, São Paulo.