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2. KEYNES: PRINCÍPIO DA DEMANDA EFETIVA E INCERTEZA 2.2. INVESTIMENTO, INCERTEZA E INSTABILIDADE Alocação de portfólio e as particularidades da moeda Keynes, TG, cap. 17 (II, III) 08/07/16 1

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Alocaçãodeportfólioeasparticularidades damoeda

2.KEYNES:PRINCÍPIODADEMANDAEFETIVAEINCERTEZA

2.2. INVESTIMENTO,INCERTEZAEINSTABILIDADE

Alocaçãodeportfólioeasparticularidadesdamoeda

Keynes,TG,cap.17(II,III)

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Alocaçãodeportfólioeasparticularidades damoeda

A alocação da riqueza será feita entre as opções de compra de bens decapital, títulosoudinheiro.

Nestesentido,orendimentomínimoaceitodenovosinvestimentoséataxadejuroscorrente,que,porsuavez,dependedacomparaçãoentreaofertaedemandademoedadisponível.

“(S)empresepodeoporumaalternaUvaàpropriedadedebensreaisdecapital, ou seja, a propriedade de dinheiro ou débitos; dessemodo orendimentoprovávelcomque terãodecontentar-seosprodutoresdeinvestimentosnovosnãopodebaixaralémdonível fixadoparaa taxadejuroscorrente.Eataxadejuroscorrentedepende,conformevimos,nãodaintensidadedodesejodepossuirriqueza,masdaintensidadedodesejo de conservá-la respecUvamente em forma líquida ou ilíquida,aliada à magnitude da oferta de riqueza, numa dessas formas emrelaçãoàsuaofertanaoutra.”(Keynes,(1996[1936]),p.211)

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A taxa de juros determina o limite para demanda por bens de bens decapital, isto é, sua escassez relativa, uma vez que determina o piso para aeficiênciamarginaldocapital.

A questão que se coloca, contudo, é saber porque é a taxa de juros quedetermina o piso, porque ela não cai, por exemplo, como a eficiênciamarginaldocapital.

“A taxa de juros sobre o dinheiro parece, portanto, representar umpapel especial na fixação de um limite ao volume de emprego, visto marcaronívelquedevealcançaraeficiênciamarginaldeumbemdecapitalparaque ele setorneobjetodenovaprodução.Que istodevaserassim é,àprimeiravista,muitoconfuso.Énaturalquese indague,então,qualéapeculiaridadequedistingueodinheirodeoutrosvalorespatrimoniais (...).”(Keynes,(1996[1936]),p.219)

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Osatributosdequalquerativo,supondo-seidênticoperíodode retençãoepagamentos feitosemdatasespecíficas,são:q:quase-renda:associado arendimentoouproduçãoc:custodemanutenção–despesasoudesgaste

“Há três atributos que os diversos tipos de bens possuem em grausdiferentes,conformeaexposiçãofeitaemseguida:

(i) Alguns bens dão um rendimento ou produção q, medidos emtermosdesimesmos,parafacilitaremalgumprocessodeproduçãoouprestaremserviçosaumconsumidor.(ii) A maioria dos bens, excetuando o dinheiro, sofre desgaste ouacarreta alguma despesa pelo simples correr do tempo(independentemente de qualquer alteração no seu valor relaUvo),sejamounãouUlizadosemproduzirrendimento; istoé, implicamumcusto de manutenção c medidos em termos de si mesmos. Para onosso objetivo presente, não importa saber exatamente ondecolocaremosalinhadeseparaçãoentreoscustosquededuzimosantesdecalcularqeosque incluímos emc,vistoquea seguirapenasnosocuparemosdeq–c.”(Keynes,(1996[1936]),p.221-2)

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Alocaçãodeportfólioeasparticularidades damoeda

Osatributosdequalquerativo,supondo-seidênticoperíododeretençãoepagamentos feitosemdatasespecíficas,são:q:quase-renda:associado arendimentoouproduçãoc:custodemanutenção–despesasoudesgastel:prêmiopelaliquidez–conveniênciaesegurança

“(iii)Finalmente,opoderdedispordeumbemdurantecertotempopode oferecer uma conveniência ou segurança potencial que não éigual para os bens de natureza diferente, embora sejam domesmovalorinicial.Nãohá,porassimdizer,nenhumresultadoemformadeproduçãonofimdoperíodoconsideradoe,mesmoassim,trata-sedealgopeloqualaspessoas estãodispostasapagarumpreço.(Prêmiodeliquidez,l)(...)”(Keynes,(1996[1936]),p.222)

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Alocaçãodeportfólioeasparticularidades damoedaOs atributos de qualquer ativo, supondo-se idêntico período de retenção epagamentos feitos em datas específicas, são:q: quase-renda: associado a rendimento ou produçãoc: custo de manutenção – despesas ou desgastel: prêmio pela liquidez – conveniência e segurançaa: valorização ou desvalorização

Taxa monetária de juros dos ativos: rm = a + q – c + l

Ex. Taxa de juros da casa: rm1 = a1+q1Taxa de juros do trigo: rm2 = a2 – c2Taxa de juros da moeda: rm3 = l3

“Para determinar as relações entre os rendimentos esperados dosdiferentes tipos de bens, compatíveis com o equilíbrio, precisamostambém conhecer as variações que se esperam em seus valores relativosdurante o ano. (...)Também convirá chamar a1 + q1, a2 – c2 e l3, que representam as mesmasquantidades reduzidas a moeda como padrão de valor, a taxa monetáriade juros da casa, a taxa monetária de juros do trigo e a taxa monetária dejuros sobre a moeda, respectivamente.”(Keynes, (1996[1936]), p.223)

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Alocaçãodeportfólioeasparticularidades damoeda

Taxa monetária de juros dos ativos: rm = a + q – c + l

Bem de capital, tipicamente, tem q-c>0 e l@0Moeda tem q=c@0 e l>0

“A característica fundamental do capital instrumental (por exemplo, umamáquina) ou do capital de consumo (por exemplo, uma casa) é o fato de queseus rendimentos excedem, em geral, seu custo de manutenção e de que seuprêmio de liquidez é, provavelmente, desprezível(...) a característica damoeda, enfim, é ter um rendimento nulo, um custo de manutençãoinsignificante, porém um prêmio de liquidez substancial. Na verdade, osdiferentes bens podem ter graus diferentes de prêmio de liquidez e a moedapode incorrer em certo volume de custo de manutenção, por exemplo, o decustódia. É, porém, uma diferença essencial entre a moeda e todos os demaisbens (ou a maioria) que, no caso da moeda, o seu prêmio de liquidez excedade muito o seu custo de manutenção, ao passo que no dos outros bens seucusto de manutenção é muito maior que o prêmio de liquidez. ”(Keynes,(1996[1936]), p.222)

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Alocaçãodeportfólioeasparticularidades damoedaTaxa monetária de juros dos ativos: rm = a + q – c + l

Os agentes alocarão sua riqueza entre os diversos ativos (alocação deportfólio) a partir da comparação entre suas taxas de juros:

rm1 > rm2 > rm3 => ­Demanda 1 e ­Demanda 2

A demanda crescente pelos ativos com maior taxa de juros fará o rendimentoesperado destes ativos cair, pois aumenta o custo de aquisição e diminui arenda esperada: ¯rm1 e ¯rm2

Em equilíbrio, as taxas monetárias de juros dos diversos ativos serão iguais:rm1 = rm2 = rm3

“Com esta observação, é fácil ver que a demanda dos possuidores deriqueza se orientará para as casas, para o trigo ou para a moeda,dependendo de qual é o maior: a1 + q1, a2 – c2 ou l3.

Assim sendo, em estado de equilíbrio, o preço de demanda das casas e odo trigo em termos de moeda serão tais que desaparecerá qualquervantagem entre as alternativas; quer dizer, a1 + q1, a2 – c2 e l3 serãoiguais.”(Keynes, (1996[1936]), p.223)

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Demaneirageral,aelevaçãodademandadaquelesbensquetêmeficiênciamarginalmaisaltageraincentivoàelevaçãodaoferta.

Nocasodosativosprodutivos,aelevaçãodademandainduzaelevaçãodaprodução e, portanto, do emprego e da renda, até que sua eficiênciamarginal seigualeàtaxadejuros.

“Ora,osbenscujopreçonormaldeofertaémenorqueopreçodademandaserãoagoraobjetodenovaprodução,eesses serãoosbensque têmumaeficiênciamarginalmaior(sobreabasedoseupreçonormaldeoferta)quea taxade juros (sendoambasasquanUdadesmedidaspelomesmopadrãodevalor,qualquerqueesteseja).Àmedidaqueaumentaoestoquedebenscujaeficiênciamarginalera,aprincípio,pelomenos igualà taxade juros,essaeficiênciamarginaltendeabaixar(pelasrazõessuficientementeclarasjáapresentadas).Chegaentãoomomentoemquedeixarádeservantajosocontinuar a produzi-los, a menos que a taxa de juros caia “pari passu”.Quandonãohouvermaisbemalgumcujaeficiênciamarginalalcanceataxade juros, a produção de novos bens de capital será paralisada.”(Keynes,(1996[1936]),p.223)

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Alocaçãodeportfólioeasparticularidades damoedaAtaxamonetáriadejurosdamoedaéquedefineolimitedoinvestimento,poisé a taxa de juros que declinamais lentamente em relação à taxa dos demaisativos.

rm1=rm2=rm3­Demanda1=>¯rm1=>rm1<rm3:nãoérentável­Demanda 3 (moeda) x ¯rm3: resistência à queda a partir de certo limiteinferior

“Pareceagoraqueanossaafirmaçãoanteriordequeataxamonetáriadejurosmarca um limite ao volume da produção não era estritamente correta.Deveríamosterditoqueataxadejurosdobem,quedeclinamaislentamenteàmedida que o estoque de bens em geral aumenta, é a que, eventualmente,elimina a produção vantajosa de cada um dos outros (...). À medida que aproduçãoaumenta,as taxasespecíficasde jurosbaixamaníveisnosquaisumbemapósoutrocaiabaixodoquecorrespondeàproduçãovantajosa,atéque,finalmente,umaoumaistaxasespecíficasdejurossefixamnumnívelsuperioràeficiênciamarginaldequalquerbem.

Poisagoravemosqueaexistênciadeumbemqualquercontinuaráaprovocarasmesmas dificuldades caso a sua taxa de juros resista a baixar quando a suaproduçãoaumenta.”(Keynes,(1996[1936]),p.224)

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A questão que se coloca é saber quais as especificidades da moeda quefazemcomquesua“remuneração”(taxade juros)declinemais lentamentedoqueataxadejurosdosdemaisativos.

“Portanto, ao atribuir uma significação especial à taxa monetária dejuros, supusemos, tacitamente, que o tipo de moeda a que estamosacostumados tem algumas características especiais que tornam a suataxaespecíficade juros,expressapormeiodesimesmacomopadrão,mais resistente à baixa, quando a produção aumenta, que as taxasespecíficasdejurosdequalqueroutrobemexpressasdamesmaforma.Será justificada esta suposição?Nomeu entender, a reflexãomostraqueaspeculiaridadesseguintes,quedeordináriocaracterizamamoedatalcomoaconhecemos,sãocapazesdeajustificar.Namedidaemqueopadrãodevalorestabelecidotenhaestaspeculiaridades,seráválidaa proposiçãosumáriadequeataxamonetáriade juroséa importante.”(Keynes,(1996[1936]),p.224-5)

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Características específicasdamoeda:(i) Elasticidadedeproduçãomuitopequenaouigualazero;

“(i)AprimeiracaracterísUcaquelevaàconclusãoanterioréofatodeteramoeda,tantoa longocomoacurtoprazo,umaelasticidadedeproduçãoigualazero,oupelomenosmuitopequena,noquerespeitaopoderdaempresa privada como coisa distinta da autoridade monetária —querendodizerporelasticidadedeproduçãonestesentidoarespostadovolumedemão-de-obradedicadoaproduzi-ladiantedeumaumentonaquantidadedetrabalhoquesepodeobtercomumaunidadedamesma.Quer isto dizer que a moeda não se pode produzir facilmente — osempresáriosnãopodemaplicaràvontadetrabalhoparaproduzirdinheiroemquantidadescrescentesàmedidaqueoseupreçosobeemtermosdeunidadesdesalários.

Ora,nocasodosbenscujaproduçãodemonstreelasticidade,arazãopelaqualadmitimosqueasuataxaespecíficadejurosdeclinadecorredofatode supormos que o seu estoque aumenta em consequência do maiorvolumedaprodução.Nocasododinheiro,entretanto(...),aofertaéfixa.”(Keynes,(1996[1936]),p.225)

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Alocaçãodeportfólioeasparticularidades damoedaCaracterísticas específicas da moeda:(i) Elasticidade de produção igual, ou quase igual, a zero;(ii) Elasticidade de substituição igual, ou quase igual, a zero;

“(ii) É evidente, no entanto, que não apenas a moeda satisfaz a condiçãoanterior, mas também todos os fatores puramente de renda, cuja produção écompletamente inelástica. Portanto, necessita-se uma segunda condição paradistinguir a moeda de outros elementos de renda.A segunda differentia da moeda é que ela tem uma elasticidade desubstituição igual, ou quase igual, a zero, o que significa que, quando o seuvalor de troca sobe, não aparece nenhuma tendência para substituí-la poralgum outro fator (...). Isto decorre da particularidade de a moeda ter umautilidade derivada apenas do seu valor de troca, de tal modo que ambossobem e descem pari passu; quando o seu valor de troca aumenta, não há,portanto, como no caso de outros fatores de renda, motivo ou tendência parasubstituí-la por qualquer outro fator.Assim sendo, não apenas é impossível empregar mais mão-de-obra naprodução de moeda quando o seu preço em relação à mão-de-obra sobe,como também a moeda constitui um poço sem fundo para o poder de compraquando a sua demanda cresce, visto não haver — como no caso de outrosfatores de renda — um valor acima do qual essa demanda é desviada paraoutras coisas.”(Keynes, (1996[1936]), p.225-6)

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Características específicas da moeda:(i) Elasticidade de produção igual, ou quase igual, a zero;(ii) Elasticidade de substituição igual, ou quase igual, a zero;(iii) Elasticidade-juro da demanda (abaixo de certo nível da taxa de juros)

aproxima-se do infinito.

“(...) (C)hegamos à consideração mais importante neste contexto, ouseja, às características da moeda que satisfazem a preferência pelaliquidez. Pois em determinadas circunstâncias, que aliás ocorrem comfrequência, elas farão com que a taxa de juros permaneça insensível,particularmente abaixo de certo nível, a um aumento mesmosubstancial na quantidade de moeda proporcionalmente às outrasformas de riqueza. Por outras palavras, a baixa que um acréscimo daquantidade de moeda determina no rendimento que o dinheiroproporciona, em razão de sua liquidez, torna-se, além de certo nível,insignificante em relação à baixa do rendimento dos outros tipos deriqueza que acompanha um aumento comparável de suaquantidade.”(Keynes, (1996[1936]), p.227)

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A demanda pode se concentrar namoeda, que não leva ao emprego demais trabalhadores em sua produção, desviando a demanda de outrosativosreprodutíveis.

“O significado da taxa de juros monetária surge, portanto, dacombinação de características que, sob a influência do motivo deliquidez, faz com que a taxa possa sermais oumenos insensível aumamudançanaproporçãoqueaquantidadedemoedaguardacomoutras formas de riquezamedidas em dinheiro e que este tem (oupodeter)elasticidadesnulas(ouinsignificantes)deprodução,equeamoeda tem (ou pode ter) elasticidades nulas ou insignificantes desubstituição. A primeira condição significa que a demanda podeconcentrar-senamoeda,aseguinteque,quandoistoocorre,nãosepodeempregartrabalhoparaproduzirmaismoeda,eaterceira,queéestasituação,sejaqualforasuagravidade,nãopodeseratenuadapela intervençãodeoutrofatorcapaz,sesuficientementebarato,deprestar os mesmos serviços que a moeda.” (Keynes, (1996[1936]),p.228)

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Alocaçãodeportfólioeasparticularidades damoedaMesmo o aumento da oferta de moeda pode não ser capaz de fazer com que ataxa de juros caia abaixo de um certo nível considerado “convencionalmenteseguro” e este piso pode ser superior ao nível compatível com o plenoemprego.

“É, portanto, evidente que a taxa de juros é um fenômeno basicamentepsicológico. Veremos, de fato, no Livro Quinto que ela não poderá manter-seem equilíbrio em um nível inferior ao que corresponde ao pleno emprego,porque nesse nível se produzirá um estado de inflação real, em que M1absorverá quantidades sempre crescentes de dinheiro. Porém, num nível queesteja acima do correspondente ao pleno emprego, a taxa de juros a longoprazo dependerá não apenas da política corrente da autoridade monetária, mastambém das expectativas do mercado no que se refere à sua política futura. Aautoridade monetária controla, com facilidade, a taxa de juros a curto prazo,não só pelo fato de não ser difícil criar a convicção de que sua política nãomudará sensivelmente em um futuro muito próximo, como também em virtudede a possível perda ser pequena, quando comparada com o rendimentocorrente (a não ser que este chegue a ponto de ser quase nulo). Mas a taxa alongo prazo pode mostrar-se mais recalcitrante no momento em que caia a umnível que, com base na experiência passada e nas expectativas correntes dapolítica monetária futura, a opinião abalizada considera “inseguro.”(Keynes,(1996[1936]), p.203)08/07/16 16

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Se não existisse a moeda e nenhum bem com suas características, aeconomia tenderia a operar a pleno emprego.

“Assim, se os outros bens fossem abandonados a si mesmos, as “forçasnaturais”, isto é, as forças comuns do mercado, tenderiam a fazerbaixar as suas taxas de juros até que o pleno emprego produzisse nasmercadorias, em geral, a inelasticidade da oferta que supusemoscomo uma característica normal da moeda.

Desse modo, à falta de moeda e — naturalmente devemos supô-lotambém — de qualquer outra mercadoria com as características queatribuímos à moeda, as taxas de juros só se equilibrariam emcondições de pleno emprego.”(Keynes, (1996[1936]), p.229)

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Quão maior a demanda por moeda, maior a taxa de juros e menor oinvestimento,aproduçãoeoemprego.

“Quer isso dizer que o desemprego aumenta porque as pessoasqueremaLua;oshomensnãopodemconseguirempregoquandooobjeto de seus desejos (isto é, o dinheiro) é uma coisa que não seproduzecujademandanãopodeserfacilmente contida.

OúnicoremédioconsisteempersuadiropúblicodequeLuaequeijoverde são praUcamente a mesma coisa, e a fazer funcionar umafábricadequeijoverde(istoé,umbancocentral)sobocontroledopoderpúblico.”(Keynes,(1996[1936]),p.229)

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O investimento está limitado pela igualdade entre a eficiência marginal docapital e a taxa de juros.A taxa de juros pode ter um piso “convencional” relativamente elevado.Portanto, o livre funcionamento do mercado não assegura que oinvestimento resultante da igualdade entre a eficiência marginal do capitale a taxa de juros será suficiente para assegurar o pleno emprego.

“O volume do investimento não pode ser aumentado quando a maisalta das taxas de juros específicas de todos os bens disponíveis,medidos por certo padrão, é igual à mais alta das eficiências marginaisde todos os bens, medida pelo mesmo padrão.

Em condições de pleno emprego, esta condição satisfaz-senecessariamente. Mas ela também pode ser satisfeita antes que opleno emprego seja alcançado, caso haja algum bem cujaselasticidades de produção e de substituição sejam nulas (ourelativamente pequenas), e cuja taxa de juros decline, à medida quesua produção aumente mais lentamente que as eficiências marginaisde bens de capital medidas em termos desse bem.” (Keynes,(1996[1936]), p.229)

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