aula 2-a lei de say e o princípio da demanda efetiva

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Page 1: Aula 2-A Lei de Say e o Princípio Da Demanda Efetiva
Page 2: Aula 2-A Lei de Say e o Princípio Da Demanda Efetiva

Mostrar de que forma uma teoria de decisões

capitalistas, centrada no princípio da demanda efetiva, é capaz de indicar os pontos fundamentais do entendimento da dinâmica econômica capitalista.

Contraposição de duas posições a respeito da determinação da renda e do gasto:

1. a Lei de Say (incorporada na visão neoclássica)2. o princípio da demanda efetiva

O ponto nuclear é entender o sentido da causalidade na determinação da renda e do gasto.

Proposta geral

Page 3: Aula 2-A Lei de Say e o Princípio Da Demanda Efetiva

O sentido da causalidade é determinante

no entendimento da economia keynesiana- kaleckiana e da crítica de Keynes à economia clássica.

Como colocou Keynes (cap.2):A doutrina [de Say, como apresentada por Mill] não é jamais exposta, hoje em dia, desta forma crua. Ela ainda é, todavia, subjacente a toda a teoria clássica, que entraria em colapso sem ela. Os economistas contemporâneos, que poderiam hesitar em concordar com Mill, não hesitam em aceitar conclusões que requerem a doutrina de Mill como premissa.

Proposta geral

Page 4: Aula 2-A Lei de Say e o Princípio Da Demanda Efetiva

A lei, segundo James Mill “A produção de mercadorias cria, e é a única e universal causa

que cria um mercado para as mercadorias produzidas. Consideremos o que se entende por mercado. Não é senão o fato de que algo está pronto para ser trocado pela mercadoria de que desejamos dispor? Quando os bens são levados ao mercado o que se deseja é alguém que os compre. Mas para comprar, deve-se ter com o que pagar. São obviamente os meios coletivos de pagamento que existem na nação como um todo que constituem o mercado total da nação. Mas em que consistem estes meios coletivos de pagamento da nação como um todo? Não consistem eles em sua produção anual, na renda anual do conjunto de seus habitantes? Mas se o poder de compra de uma nação é exatamente medido pela sua produção anual, como de fato é; quanto mais se aumenta a produção anual, tanto mais, por este próprio ato, aumenta-se o mercado nacional, o poder de compra e as compras efetivas da nação. Seja qual for a quantidade adicional de bens que a qualquer momento é criada em qualquer país, um poder de compra adicional, exatamente equivalente, é no mesmo instante criado” (Mill, J. 1808: 81)

Page 5: Aula 2-A Lei de Say e o Princípio Da Demanda Efetiva

"Vale a pena notar que um produto, tão logo seja criado, nesse

mesmo instante gera um mercado para outros produtos em toda a grandeza de seu próprio valor. Quando o produtor dá o toque final a seu produto, ele está ansioso para vendê-lo imediatamente, para que o valor do produto não diminua em suas mãos. Nem está ele menos ansioso para se utilizar do dinheiro que pode obter, porque o valor do dinheiro também é perecível. Mas o único modo de se desfazer do dinheiro é pela compra de um produto ou outro. Vê-se, portanto, que só o fato da criação de um produto abre, a partir desse mesmo instante, um mercado para outros produtos“ (Say, 1821: 134)

“como cada um de nós não pode adquirir os produtos dos outros senão com os próprios produtos; como o valor que nós podemos adquirir é igual ao valor que nós podemos produzir, os homens comprarão tanto mais quanto mais produzirem. Daí a conclusão que o senhor recusa admitir, que se certas mercadorias não são vendidas, é porque outras não são produzidas; e que é apenas a produção que abre os mercados aos produtos” (Say, 1820: 226).

A lei, segundo Say

Page 6: Aula 2-A Lei de Say e o Princípio Da Demanda Efetiva

No esquema de Say, o fluxo de serviços de

fatores (capital, trabalho) é necessariamente igual ao fluxo de rendas.

Considerando a economia como um todo, a oferta gera a sua própria demanda.

A proposta de Say não é simples tautologia. envolve uma relação de determinação: a de que a

produção cria uma demanda equivalente.

Lei de Say

Page 7: Aula 2-A Lei de Say e o Princípio Da Demanda Efetiva

Há dois nexos implícitos na afirmação de Say

que devem ser questionados:1. O primeiro consiste na relação entre renda

(ganho) e despesa (gasto) que aparecem como duas faces de um mesmo fenômeno;

2. Necessidade de distinguir entre produção e realização que, falsamente, são considerados idênticos na visão apresentada por Say.

A Lei de Say

Page 8: Aula 2-A Lei de Say e o Princípio Da Demanda Efetiva

O ponto fundamental:

são dois fenômenos de natureza distinta.

Não está em questão o fato de que, ex-post, há uma identidade contábil entre renda e despesa.

Problemas: ordem causal de determinação da lei de Say a decisão de gastar ou não é

independente da renda

nexo 1: distinção entre renda e gasto

Page 9: Aula 2-A Lei de Say e o Princípio Da Demanda Efetiva

A identidade: renda = gasto só é válida quando se olha o

comportamento dos indivíduos e das famílias.

O sistema capitalista não assegura essa identidade a existência do crédito,

a presença do dinheiro enquanto reserva de valor

Dinheiro como meio de valorização da riqueza ou

a expectativa sobre o comportamento da economia

Crítica de Keynes: capitalismo como economia monetária

uma economia monetária é sobretudo aquela em que as mudanças de opinião quanto ao futuro podem influir no volume atual de emprego e não apenas na sua orientação. (p.10)

A distinção entre renda e gasto

Page 10: Aula 2-A Lei de Say e o Princípio Da Demanda Efetiva

A possibilidade da diferença entre a renda e o gasto as decisões de gasto (C ou I) são logicamente

independentes da renda. O nível agregado de qualquer gasto (C,I) é determinado por

decisões que não guardam relação necessária com a renda. Não é necessário ter poupança prévia para realizar gasto

O fundamental é a decisão de comprar ou vender de acordo com a expectativa de ganho futuro em relação ao gasto de hoje. A decisão é entre o $ de hoje e o $ no futuro, se houver

expectativa de ganho o capitalista irá gastar. Relação entre t0 .....t1 ....tn

Como a posteriori renda e gasto são iguais pode-se deduzir que o gasto determina a renda e não o contrário.

A distinção entre renda e gasto

Page 11: Aula 2-A Lei de Say e o Princípio Da Demanda Efetiva

De acordo com Say:

produção e realização são fenômenos idênticos

implicitamente, há uma ordem causal, com a primeira criando a segunda.

São questões distintas porque a produção só é capaz de gerar renda equivalente se for integralmente realizada, isto é, vendida.

A diferenciação entre produção e realização permite montar uma cadeia de relações de determinação partindo dos gastos, como variáveis independentes.

como coloca Kalecki, os agentes decidem quanto gastam, mas não quanto ganham

nexo 2: distinção entre produção e realização

Page 12: Aula 2-A Lei de Say e o Princípio Da Demanda Efetiva

São os gastos, como variáveis

independentes, que constituem a demanda efetiva global e irão assegurar a realização de certo volume de produção.

Os fatores endógenos, responsáveis pelo valor do gasto em C e I é que explicam o montante da demanda efetiva e a realização de certo volume de produção, responsável por gerar dado montante de emprego.

A distinção entre produção e realização

Page 13: Aula 2-A Lei de Say e o Princípio Da Demanda Efetiva

Na ótica da lei de Say

os condicionantes do movimento da economia encontram-se no processo de produção

como não há problemas de realização, os obstáculos são interpostos pelas condições de oferta.

Na ótica da demanda efetiva o crucial é a investigação dos elementos

internos de determinação dos gastos as decisões de investir exercem o papel

decisivo.

Implicações para a análise da dinâmica

econômica