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2ª EDIÇÃO | 2019

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Copyright © 1988 by Elaine RhotonPublished by OM Publishing. All rights reserved.Carlisle, Cumbria, CA3 0QS, UK

Todos os direitos reservados para os países de língua portuguesa.Copyright © 1999, 2019 por Operação Mobilização1ª edição – 19992ª edição – 2019É proibida a reprodução desta obra em quaisquer meios sem a expressa permissão da detentora dos seus direitos.

Tradução: Paulo Eduardo Marques Leite e Mônica LopesRevisão: Rebeca Inke LimaDireção Editorial: Sebastian SteigerIlustração de capa: Débora Moreira SantosProjeto Grá� co: Stefan Yuri Wondracek

Salvo indicação em contrário, todas as passagens da Escritura foram extraídas da Bíblia Sagrada, Nova Versão Internacional, NVI®, copyright © 1993, 2000, 2011 por Biblica, Inc. Todos os direitos reservados mundialmente.

Composto e impresso nas o� cinas daObra Missionária Chamada da Meia-Noite

Operação MobilizaçãoAv. Dr. Mário Galvão, 198 – Jd. Bela Vista

São José dos Campos / SP – CEP: 12209-004www.om.org.br – [email protected]

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

R478h Rhoton, ElaineA história do navio Logos / Elaine Rhoton ; tradução Paulo Eduardo Marques e Mônica Lopes. – 2. ed. – Porto Alegre: Obra Missionária Chamada da Meia Noite, 2019.256 p.; 13,5 x 20,5 cm.ISBN 978-85-7720-174-71. Evangelização. 2. Cristianismo. 3. Navio. 4. Logos. I. Marques, Paulo Eduardo. II. Lopes, Mônica. III. Título.CDU 266CDD 266

(Bibliotecária responsável: Nádia Tanaka – CRB 10/855)

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SUMÁR IO

Prefácio 7

1. Começos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112. Chegou a hora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213. O navio de Deus. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 394. Preparando-se para navegar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 515. Viagem inaugural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 636. Travessia para a Índia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 777. O navio dos milagres? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 958. Curando as feridas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1099. Batalhas a bordo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13710. Mudanças na ponte de comando . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15111. País em guerra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16112. Nunca sem perigo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17313. Refugiados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18514. A realização de um sonho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19715. Portas fechadas, portas abertas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20916. O arco-íris no céu. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221

Epílogo: o �m do começo 241Fatos e estatísticas 247Posfácio 251

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Dedicado a Bjørn Kristiansen (1934-1987), John Yarr (1924-1980) e George Paget (1911-1978).

A fé e o compromisso desses homens foram utilizados por Deus para formar o ministério do Logos.

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PREFÁC I O

Judith Fredricsen, uma jovem neozelandesa atraente e cheia de vida, não conseguia parar de mexer naquele leito estreito de hos-pital. Aqueles estalos e rangidos constantes que acompanham os navios quando abrem caminho através de águas tempestuosas acabam por criar uma atmosfera sinistra. Tudo o que ocorrera no dia anterior não parava de passar como um �lme em sua cabeça. Um passeio repleto de aventuras nas montanhas argentinas ter-minara num pequeno desastre quando ela escorregou, tropeçou e caiu sobre rochas pontiagudas que causaram ferimentos do-lorosos. Sem nem bem conseguir caminhar, foi levada por seus amigos de volta ao Logos, onde o médico do navio limpou os fe-rimentos, enfaixou sua perna e mandou que ela �casse na cama.

Na manhã seguinte, a condição da perna piorou. O médico resolveu levá-la ao hospital da cidade para tirar alguns raios-x. Ruptura de ligamento foi o diagnóstico. Sendo assim, a perna pálida e inchada foi engessada.

E agora Judith se encontrava sozinha naquele ambiente es-tranho do hospital do navio, onde fora colocada para poder descansar sem ser incomodada. Descansar? Se pelo menos ela conseguisse cair no sono! Um arrepio repentino fez com que seu corpo estremecesse por completo. Que susto! Um estrondo di-lacerante cortou o ar; era o som de ferro esmerilhando contra rochas. Sentindo-se cheia de náuseas por causa do susto, Judi-th sabia que algo sério tinha acontecido. “Que hora mais doida para estar com a perna engessada!”, pensou nervosa. Sentou-se, levando a perna sobre o lado da cama, já pronta para levantar e tentar descobrir o que estava acontecendo.

. . .

Após quinze meses a bordo do Logos, Bagus Surjantoro, da Indo-nésia, já se sentia bem em casa no navio. O pessoal de bordo já

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8 A HISTÓRIA DO NAVIO LOGOS

era como sua “família”, sentia-se muito apegado a todos. Passara a noite no seu escritório, a sala da programação, tentando �nali-zar o planejamento das conferências do próximo porto. Lá pelas 22:30, Nimrod Twaine, um jovem negro sul-africano, muito alegre e descontraído, chegou para arrancá-lo do trabalho para que pudessem ensaiar com o quarteto que acabavam de formar. Já no estúdio, Nimrod insistia que tinham que ensaiar uma can-ção que não saíra de sua mente o dia todo: Rocha Eterna, aquele hino inglês bem conhecido.

“Olha só”, disse Bagus impaciente. “Vamos ter uma conferên-cia sobre evangelização na quinta-feira e temos que ter alguma coisa preparada para cantar nessa reunião. Rocha Eterna não tem nada a ver com o tema.”

Finalmente chegaram a um acordo. Cantaram Rocha Eterna e depois continuaram o ensaio por mais ou menos uma hora, preparando algo para cantar na conferência – um pequeno in-cidente que depois viria a ganhar um signi�cado todo especial para eles.

Já estava �cando bem tarde. Hora de ir para cama, decidiram. Bagus resolveu dar uma passadinha pelo escritório para ver se tudo estava em ordem antes de descer para o seu camarote, o qual compartilhava com outros onze rapazes. Trocou-se sem fazer ruído e pulou no seu beliche; leu uma passagem bíblica e orou. Quando �nalmente puxou o cobertor para dormir já era quase meia-noite. Inesperadamente ouviu-se aquele barulho ensurde-cedor de batida e o navio foi como que se arrastando até parar. Seguiu-se um silêncio sepulcral. E então o pessoal começou a pu-lar das camas, indagando incertos: “Que pasó? O que houve?”.

. . .

Antes de cada travessia, Linda Wells se achava irritada e depri-mida. Tentava continuamente lidar com as ondas de terror que ameaçavam subjugá-la. Lembrava-se vividamente da travessia

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PREFÁCIO 9

anterior, quando o Logos entrara numa zona tempestuosa e fora pego de lado por uma onda imensa. O navio inclinou-se repen-tinamente, jogando a mobília de seu camarote de um lado para o outro. Gavetas caíram, e livros voaram das prateleiras. Linda gritara em pânico.

No dia seguinte �cara muito chateada com seus medos, irri-tada com o navio e talvez até um pouco irritada com Deus. Su-bindo ao convés, ela gritou: “Senhor, não consigo con�ar minha vida a esta banheira de ferro!”.

Foi então que uma voz calma respondeu no seu interior: “Você não con�a sua vida à esta banheira de ferro. Sua vida está con�ada a mim”.

O medo desapareceu e voltou a paz.Num certo momento foi informada de que o navio não esta-

ria passando pelo Estreito de Magalhães, como havia pensado. O navio daria a volta pela ponta setentrional do continente sul--americano. Foi como uma avalanche de medos e temores todos de volta. Sentindo-se oprimida com uma sensação de que algo estava para ocorrer, falou com o comandante e com seu esposo, Graham, implorando que levassem o navio por uma outra rota. Ambos tentaram convencê-la. Ainda buscando uma saída, ela foi ao médico do navio.

“Olha”, disse ela, “vamos passar quatro dias no mar e sempre �co terrivelmente mareada. Estou grávida e tenho certeza de que isto não vai ser bom para o bebê. Será que não seria melhor se eu fosse por terra até o próximo porto?”

“Não, Linda”, respondeu o médico. “Você já teve um aborto espontâneo. Acho que seria melhor estar a bordo, onde posso cuidar de você.”

Depois de muita luta interior, Linda decidiu que teria que aceitar a opinião do médico.

O navio zarpou de Ushuaia, na Argentina, naquela noite. Sur-preendentemente, Linda sentia-se relativamente em paz. Contu-

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10 A HISTÓRIA DO NAVIO LOGOS

do, sentiu que deveria deixar preparada uma bolsa com roupas de frio, biscoitos e suco para sua �lhinha Aimee; quase – pensou mais tarde – como se soubesse o que estava prestes a ocorrer. Isto feito, deitou-se completamente vestida, deixando seu marido meio atônito. Ao se deitar, disse baixinho: “Senhor, eu realmente não estou com medo. Por que então estou fazendo tudo isso?”.

E mais uma vez ouviu aquela doce voz dentro de si dizendo: “Linda, vou fazer algo que vai lhe deixar completamente estu-pefata”.

Ao cair no sono, pensou: “Bem, isto pode signi�car duas coi-sas: ou vamos naufragar, ou vamos conseguir um navio muito melhor que este”.

Duas horas mais tarde, Linda foi abruptamente retirada do seu sono por aquele barulho ensurdecedor do navio raspando contra a rocha. Pulou da cama instantaneamente, trazendo con-sigo seu esposo Graham. Pegou a bolsa que havia preparado e um casaco, e rapidamente puxou Aimme da cama de cima do beliche.

“Vamos com calma”, avisou Graham, ao levantar-se tonto de sono, sem poder crer no que estava acontecendo. “Pode ter sido só o prático descendo do navio.”

Suprimindo a irritação que sentira contra a conclusão, no mí-nimo absurda, de seu marido, Linda abriu a porta do camarote e saiu, parando somente o su�ciente para dizer: “Quando você estiver pronto, não esqueça de trazer os coletes salva-vidas!”.

. . .

Era quase meia-noite do dia 4 de janeiro de 1988. E, para o Lo-gos, era só o princípio do �m.

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Lá pelo final dos anos cinquenta, nenhuma ideia poderia ser tão inusitada na imaginação de George Verwer e daqueles com quem ele trabalhava do que a ideia de um navio. Eram simples-mente um pequeno grupo de seminaristas da região de Chicago. A grande questão que os inquietava era a de conseguir alguma forma de transporte para que, junto com suas coisas, chegassem ao México para as férias. Para estudantes sem dinheiro, esse era um problema de enormes proporções. Estavam, porém, deter-minados a passar as férias de verão no México; mas não era para pegar um bronzeado naquelas praias de areias brancas depois de um mergulho refrescante nas águas cristalinas. Tinham uma razão bem mais importante para isso.

Ouviram dizer que o México era um país cheio de pessoas re-ligiosas que criam piamente em Deus. Poucos, contudo, sabiam que seria possível conhecer Deus de uma maneira pessoal. Es-tavam perdendo a experiência mais importante da vida! E estes estudantes achavam que essa era uma situação que deveria ser resolvida. “Não podemos fazer tudo”, diziam eles, “mas vamos fazer a parte que nos cabe.”

As ideias eram ótimas, mas como poderiam ser realizadas se não utilizassem uns dois carros, ou pelo menos uma pequena

01 COMEÇOS

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12 A HISTÓRIA DO NAVIO LOGOS

caminhonete? Eles não conseguiam ver uma solução possível, mas sabiam que se a obra é de Deus então é ele que vai dar a resposta. Sendo assim, muitas horas eram passadas em oração pedindo que Deus agisse.

Um dos jovens que foi à reunião de oração semanal do gru-po ouviu quando oraram por um veículo. Quase que imedia-tamente lembrou-se de seu tio, que era dono de uma frota de caminhões. Quem sabe ele teria um que os estudantes pudessem utilizar para a viagem?

“Claro que sim”, disse o tio quando o jovem lhe pediu. “Está vendo aquele caminhão velho ali sobre os blocos? Bem, podem usá-lo, só duvido que ele consiga sair de Chicago, muito menos chegar até o México”.

Poucos dias depois aquele caminhão velho, abarrotado de es-tudantes, livros e folhetos evangelísticos, partia em direção ao México. O velho caminhão, além de fazer a viagem de ida e volta ao México, ainda repetiu a dose duas vezes nos verões seguintes.

No início dos anos sessenta, a mesma cena se repetiria em proporções bem maiores na Europa. Agora todos estavam for-mados. Dois ou três deles estavam morando no México para dar continuidade ao trabalho. Os outros voltaram seus olhos para a Europa. A meta ainda era a mesma – entusiasmar as pessoas a conhecerem Deus de uma maneira pessoal. O método também continuava sendo o mesmo, através de conversas com as pessoas e da distribuição de literatura. E a busca por um meio de trans-porte era sempre presente.

Um dos maiores desa�os que sempre lhes assombrava o pen-samento era o fato de a Europa ser tão grande e variada! Qual era o verdadeiro impacto que um grupo de mais ou menos vinte e cinco pessoas poderia causar? O trabalho de distribuição era claramente vital, mas simplesmente não era o su�ciente. Como poderiam envolver outros, muitos outros?

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COMEÇOS 13

“Envolvendo as igrejas já existentes! Esta é a resposta”, pensou George Verwer. “Quando chegarmos nas cidades, ao invés de fazer todo o trabalho sozinhos, vamos tentar trazer alguns mem-bros das várias igrejas para trabalhar conosco. Quando essas pes-soas se envolverem e experimentarem pessoalmente o que Deus pode fazer através delas, vão querer continuar mesmo depois de termos partido para uma outra cidade.”

Este foi o início da Operação Mobilização, melhor conhecida como OM. A ideia de mobilizar o povo de Deus para alcançar as pessoas necessitadas, perdidas e sofredoras na Europa começou a pegar fogo. A cada verão várias centenas de jovens provenien-tes das mais variadas igrejas e denominações se reuniam durante alguns dias para treinamento e orientação e depois eram divi-didos em pequenos grupos. Carregados com sacos de dormir, colchonetes e muita literatura cristã, partiam para as mais diver-sas partes da Europa para trabalhar com as igrejas interessadas naquelas áreas. Às vezes as equipes montavam barracas em áreas de camping. O mais comum mesmo era simplesmente jogar o saco de dormir no chão de uma igreja e acampar por ali mesmo.

Embora o estilo de vida fosse muito simples, a questão �nan-ceira ainda era muito pesada. A maioria dos jovens não tinha nenhum dinheiro, e a OM também não tinha dinheiro para que pudesse dar algum tipo de pagamento e às vezes nem mesmo para suprir as suas necessidades. Eram as igrejas desses jovens e amigos interessados que �nanciavam a viagem. Quando nem mesmo esse dinheiro bastava, e esse era geralmente o caso, os jovens oravam pedindo a Deus que providenciasse outras fontes. Deus sempre providenciava o necessário, mas nunca em dema-sia.

No outono de 1963 partia a primeira equipe da OM para a Índia. Ao invés de trabalhar durante algumas semanas do verão, este grupo de jovens planejava �car um ou dois anos no país. A

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14 A HISTÓRIA DO NAVIO LOGOS

cada outono um novo grupo partia da Europa para substituir aqueles que estavam retornando.

A questão do transporte continuava sendo um problema, exatamente igual àquele enfrentado na época das viagens para o México. Levar os jovens de avião nunca foi nem considerado. Não havia recurso para esse tipo de transporte. O pessoal da OM acabava indo de caminhonete. Caminhonetes velhas, amassadas e carregadas até as bordas. Era uma travessia de dois meses atra-vés de montanhas cobertas de neve, desertos secos e remotos, e às vezes por trilhas que mal podiam ser chamadas de estradas.

Sendo jogado para cima e para baixo, de um lado para o outro na traseira de uma dessas caminhonetes, George Verwer tentava encontrar uma posição menos desconfortável. Impaciente para chegar à Índia e totalmente irrequieto com todo aquele tempo gasto somente com a viagem, ele começou a re�etir sobre a situ-ação. “Tem que haver uma forma melhor”, pensava ele. Alguma forma de se cortar gastos, que na opinião de George ainda eram exorbitantes com esse tipo de viagem. Embora fosse um estilo muito simples, e até mesmo primitivo de viagem, “o que seria ideal”, pensou ele, “seria alguma maneira em que fosse possível combinar a viagem e o ministério de distribuição de literatura e evangelização”. Uma certa ideia começou a germinar em sua mente enquanto ele pensava sobre o assunto.

Alguns meses mais tarde ele estava descansando com alguns dos líderes, já de volta na Inglaterra. Enquanto conversavam so-bre vários assuntos, alguém ventilou a ideia de um navio para evangelização.

“É disso que a gente precisa!”, exclamou George, pegando a ideia com grande entusiasmo. “Imaginem só o que poderíamos fazer com um navio! Há alguns meses venho pensando nisso, são tantas as possibilidades que �co alucinado! Considerem só o dinheiro que pode ser economizado em viagens!”

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COMEÇOS 15

Então começou a falar sobre todo o dinheiro que poderia ser economizado e de como o tempo da viagem de navio poderia ser aproveitado em vez de ser desperdiçado, como era com as viagens de caminhonete. Seu entusiasmo era contagiante. Logo, logo, todos que estavam na sala começaram a levantar ideias, al-gumas bem loucas, outras espertas, mas todas muito sérias. Mui-to tempo depois, algumas pessoas se perguntavam se tinha sido nesse momento que pela primeira vez o nome Logos (“Verbo”) fora sugerido, mas ninguém sabe dizer com certeza.

Encorajado por essa reação, George decidiu apresentar a ideia a um grupo maior de líderes da OM. Esse grupo sabia que Ge-orge era um homem que transbordava criatividade; muito hábil e rápido na formulação de ideias originais, frases brilhantes e declarações engraçadas na velocidade da luz. Suas ideias eram geralmente permeadas com uma visão e percepção incomuns; e o desenvolvimento da OM era um contínuo testemunho dis-so. Outras vezes essas ideias eram tão loucas que chegavam aos limites do que se considera praticável, e às vezes eram mesmo absurdas. Mas eram interessantes, sempre extremamente inte-ressantes!

Sendo assim, quando George começava a apresentar suas ideias sobre um navio, os ouvintes pareciam quase conseguir vê--lo. Mesmo as declarações mais sérias feitas por ele eram sempre interpeladas por comentários hilariantes que conseguiam arran-car gargalhadas da audiência. E dessa vez eles riram mesmo! Em-bora ele tenha arrancado muitas gargalhadas, elas eram acom-panhadas de uma séria avaliação de suas ideias. Dessa vez elas foram consideradas como ideias que caíam no campo do muito irreal; nada prático, e que nunca poderia dar certo.

George, contudo, não desistiu da ideia. Quando ouviu falar de um navio antigo que estava à venda na Suécia, decidiu ir até lá para ver. Enquanto explorava o interior do navio, sua mente

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16 A HISTÓRIA DO NAVIO LOGOS

explodia e �cava maravilhada com as inúmeras atividades que poderiam ser executadas num local como aquele.

Naquela época, ninguém dava valor aos navios antigos; a ma-nutenção para manter um navio desses em boas condições de navegabilidade era muito trabalhosa e cara. E por isso estavam pedindo um preço muito baixo por ele. Este navio em particular, que podia carregar cerca de cem pessoas, estava sendo vendido por vinte e cinco mil libras esterlinas. “Como pode ser?”, pen-sou George estupefato. Lembrou as centenas de caminhonetes amassadas que a OM comprara por quase nada e que tinham sido consertadas e depois utilizadas para transportar o pessoal da OM durante vários anos.

George teve absoluta certeza de que a OM deveria comprar um navio. Talvez não aquele que acabara de ver, mas um navio que fosse adequado às aplicações por ele sonhadas. Deveriam es-tudar melhor a situação e ver qual seria o melhor tipo de embar-cação. O primeiro passo, contudo, era o de convencer as pessoas do potencial que vira. Para depurar suas ideias e com o intuito de difundi-las, começou a pô-las no papel.

Passou-se um ano. Nada aconteceu. Dois anos, e ainda nada ocorrera. Quase ninguém no mundo da navegação mostrou in-teresse. Das reações que suscitara, pelo menos oitenta por cen-to eram negativas. Um dos principais líderes da OM na Índia enviou-lhe uma carta pesada condenando o seu “devaneio” e di-zendo o seguinte: “Aqui estamos nós na Índia lutando para con-seguir folhetos evangelísticos. O que você acha que está fazendo em Londres querendo gastar um montão de dinheiro numa pi-lha de ferro-velho?”

. . .

Por que um navio para a evangelização mundial? Essa era a fra-se chave do folheto. Um jovem uniformizado com trajes navais �cou intrigado, pegou o folheto e começou a ler. Naquele mo-

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COMEÇOS 17

mento nasceu um interesse que viria a ter um grande efeito na realização do projeto do navio.

Esse jovem era um o�cial em ascensão na marinha mercante britânica. A vida no mar oferece uma enorme gama de tentações em forma de mulheres da vida, bebidas, dentre outras coisas, mas esse homem tinha um testemunho impecável. Servindo como imediato numa grande linha, já terminara sua formação como comandante e tinha toda a possibilidade no mundo de ter um futuro brilhante. Mas depois de se corresponder com Geor-ge Verwer durante um bom tempo, decidiu deixar sua carreira lucrativa para passar um mês trabalhando com a OM. Não tinha certeza de que a OM era, na verdade, o lugar ideal para ele, mas estava disposto a experimentar. Em 1966 comprometeu-se com o projeto do navio.

Deus havia fornecido a equipe perfeita para fazer da visão do navio uma realidade. A presença de um comandante britânico dava o conhecimento pro�ssional necessário, além de que só a sua presença já assegurava um certo ar de solidez e credibilidade à ideia. E, do outro lado, tínhamos George Verwer, que tinha visão e dinamismo para levar o projeto adiante.

Loiro, de ótima aparência, trajando um terno azul impecável, o jovem o�cial era a personi�cação perfeita do comandante bri-tânico. No seu entender, só havia uma maneira de se fazer a coisa certa no mundo da navegação marítima, e era fazendo a “coisa certa” da maneira certa. Com seu treinamento e formação, ele sabia exatamente o que deveria ser feito e como fazê-lo.

Seria impossível imaginar alguém que pudesse representar tão bem o oposto de George Verwer. Magro, ansioso, em movimen-to constante, seja mental ou físico, George era a personi�cação do dínamo. Para ele, a excelência era uma meta honrada, mas a prioridade era estar em ação. E adicione-se a isso o fato de que George, ao lançar a ideia de um navio, era completamen-te ignorante em questões marítimas. Obviamente não demorou

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18 A HISTÓRIA DO NAVIO LOGOS

para que ele desenvolvesse um apetite voraz que fazia com que consumisse qualquer tipo de informação sobre navegação. Lia tudo o que caía em suas mãos, visitava navios e conversava com pessoas envolvidas no mundo da navegação. Chegou até a nave-gar com um prático cristão indiano que trazia navios ao porto de Bombaim, na Índia, e pediu que o prático lhe explicasse muitas coisas sobre os navios.

Essa vasta diferença em personalidade e perspectiva certamen-te causava divergências de opiniões tão vastas quanto a distância entre seus mundos. Sendo o único membro da OM com forma-ção pro�ssional na área da navegação, o comandante britânico muitas vezes se sentia o “homem no meio da garotada”, como ele mesmo dizia. Como poderia comunicar-se de maneira e�caz com colegas que não possuíam o conhecimento e formação para realmente entender o que tinha a dizer? Surgiam várias perguntas sobre embarcação. Que tipo de características seriam necessárias para realizar o ministério que evoluía nas mentes de George e do pessoal da OM? Quais, dentre essas inúmeras ideias, eram real-mente viáveis? Quais eram sonhos impraticáveis daqueles que eram completamente ignorantes nas questões de navegação? E ainda piores eram os questionamentos sobre a tripulação. Deve-riam ser todos pro�ssionais? Receberiam um salário? E a questão mais difícil e delicada de todas: quem teria autoridade? Quem daria a última palavra? O comandante ou George Verwer, como diretor da OM?

Eram perguntas que não apresentavam respostas fáceis. O na-vio da OM seria singular, extremamente diferente dos navios normais no mundo comercial. Ninguém conseguia apresentar ou vislumbrar exatamente como seria o funcionamento desse navio. Era um feito nunca antes realizado, pelo menos não nas proporções que George e o comandante tinham em mente.

Durante os quatro anos que se seguiram ao engajamento do comandante com o projeto, ele e George falaram juntos e sepa-

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