[1760]psicologia nas organizacoes

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Palhoa

    UnisulVirtual

    2009

    Psicologia nas OrganizaesDisciplina na Modalidade a Distncia

    5 edio revista e atualizada

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    CrditosUnisul - Universidade do Sul de Santa Catarina

    UnisulVirtual - Educao Superior a Distncia

    Campus UnisulVirtualAvenida dos Lagos, 41 - CidadeUniversitria Pedra BrancaPalhoa SC - 88137-100Fone/fax: (48) 3279-1242 e3279-1271E-mail: [email protected]: www.virtual.unisul.br

    Reitor UnisulAilton Nazareno Soares

    Vice-ReitorSebastio Salsio Heerdt

    Chefe de Gabinete da ReitoriaWillian Mximo

    Pr-Reitor Acadmico

    Mauri Luiz Heerdt

    Pr-Reitor de AdministraoFabian Martins de Castro

    Campus SulDiretora: Milene PachecoKindermann

    Campus NorteDiretor: Hrcules Nunes de Arajo

    Campus UnisulVirtualDiretor: Joo VianneyDiretora Adjunta: Jucimara Roesler

    Equipe UnisulVirtual

    Gerncia AcadmicaMrcia Luz de Oliveira

    Gerncia AdministrativaRenato Andr Luz (Gerente)Marcelo Fraiberg MachadoNaiara Jeremias da RochaValmir Vencio Incio

    Gerncia de Ensino, Pesquisa eExtensoMoacir HeerdtClarissa Carneiro Mussi

    Gerncia FinanceiraFabiano Ceretta

    Gerncia de Produoe LogsticaArthur Emmanuel F. Silveira

    Gerncia Servio de AtenoIntegral ao AcadmicoJames Marcel Silva Ribeiro

    Avaliao InstitucionalDnia Falco de Bittencourt

    BibliotecaSoraya Arruda Waltrick(Coordenadora)Maria Fernanda Caminha de Souza

    Capacitao e Assessoria aoDocenteAngelita Maral Flores(Coordenadora)Adriana SilveiraCaroline BatistaCludia Behr ValenteElaine SurianPatrcia MeneghelSimone Perroni da Silva Zigunovas

    Coordenao dos CursosAdriana RammeAdriano Srgio da CunhaAlosio Jos RodriguesAna Luisa MlbertAna Paula Reusing PachecoBernardino Jos da SilvaCharles Cesconetto

    Diva Marlia FlemmingEduardo Aquino HblerFabiana Lange Patrcio (auxiliar)Fabiano CerettaItamar Pedro BevilaquaJairo Afonso HenkesJanete Elza FelisbinoJoo Kiyoshi OtukiJorge Alexandre Nogared CardosoJos Carlos Noronha de OliveiraJucimara RoeslerLauro Jos BallockLuiz Guilherme BuchmannFigueiredoLuiz Otvio Botelho Lento

    Marciel Evangelista CatneoMaria da Graa PoyerMaria de Ftima Martins (auxiliar)Mauro Faccioni FilhoMoacir FogaaMoacir HeerdtNazareno MarcineiroNlio HerzmannOnei Tadeu DutraPatrcia AlbertonRaulino Jac BrningRose Clr Estivalete BecheRodrigo Nunes LunardelliCriao e Reconhecimento deCursos

    Diane Dal MagoVanderlei Brasil

    Desenho EducacionalCarolina Hoeller da Silva Boeing(Coordenadora)

    Design InstrucionalAna Cludia TaCarmen Maria Cipriani PandiniCristina Klipp de OliveiraDaniela Erani Monteiro WillFlvia Lumi MatuzawaKarla Leonora Dahse NunesLucsia Pereira

    Luiz Henrique Milani QueriquelliMrcia LochMarcelo Mendes de SouzaMarina Cabeda Egger MoellwaldMichele CorreaNagila Cristina Hinckel

    Silvana Souza da CruzViviane Bastos

    AcessibilidadeVanessa de Andrade Manoel

    Avaliao da AprendizagemMrcia Loch (Coordenadora)Elosa Machado SeemannGabriella Arajo Souza EstevesLis Air FogolariSimone Soares Haas Carminatti

    Design VisualPedro Paulo Alves Teixeira(Coordenador)Adriana Ferreira dos SantosAlex Sandro XavierAlice Demaria Silva

    Anne Cristyne PereiraDiogo Rafael da SilvaEdison Rodrigo ValimElusa Cristina SousaFernando Roberto Dias ZimmermannHigor Ghisi LucianoVilson Martins Filho

    MultimdiaCristiano Neri Gonalves RibeiroFernando Gustav Soares Lima

    PortalRafael Pessi

    Disciplinas a DistnciaEnzo de Oliveira Moreira(Coordenador)Franciele Arruda Rampelotti(auxiliar)Luiz Fernando Meneghel

    Gesto DocumentalLamuni Souza (Coordenadora)Janaina Stuart da CostaJosiane LealJuliana Dias ngeloRoberta Melo Platt

    Logstica de EncontrosPresenciais

    Graciele Marins Lindenmayr(Coordenadora)Aracelli Araldi HackbarthDaiana Cristina BortolottiDouglas Fabiani da CruzEdsio Medeiros Martins FilhoFabiana PereiraFernando SteimbachLetcia Cristina BarbosaMarcelo FariaMarcelo Jair RamosRodrigo Lino da Silva

    Formatura e EventosJackson Schuelter Wiggers

    Logstica de MateriaisJeferson Cassiano Almeida da Costa(Coordenador)Carlos Eduardo Damiani da SilvaGeanluca Uliana

    Guilherme LentzLuiz Felipe Buchmann FigueiredoJos Carlos TeixeiraRubens Amorim

    Monitoria e SuporteRafael da Cunha Lara (Coordenador)Andria DrewesAnderson da SilveiraBruno Augusto ZuninoClaudia Noemi NascimentoCristiano DalazenDbora Cristina SilveiraEdnia Araujo AlbertoFernanda FariasJonatas Collao de SouzaKarla Fernanda W. DesengriniMaria Eugnia Ferreira CeleghinMaria Isabel Aragon

    Maria Lina Moratelli PradoMayara de Oliveira BastosPoliana Morgana SimoPriscila MachadoPriscilla Geovana PaganiTatiane Silva

    Produo IndustrialFrancisco Asp (coordenador)Ana Paula PereiraMarcelo Bittencourt

    Relacionamento com oMercadoWalter Flix Cardoso Jnior

    Secretaria de Ensino a DistnciaKarine Augusta Zanoni Albuquerque(Secretria de ensino)

    Andra Luci Mandira

    Andrei RodriguesDjeime Sammer BortolottiFylippy Margino dos SantosJenniffer CamargoLiana PamplonaLuana Tarsila HellmannMarcelo Jos SoaresMicheli Maria Lino de MedeirosRafael BackRosngela Mara Siegel

    Silvana Henrique SilvaVanilda Liordina HeerdtVilmar Isaurino Vidal

    Secretria ExecutivaViviane Schalata Martins

    Tenille Nunes Catarina (Recepo)

    TecnologiaOsmar de Oliveira Braz Jnior(Coordenador)

    Andr Luis Leal Cardoso JniorFelipe Jacson de FreitasJefferson Amorin OliveiraJos Olmpio SchmidtMarcelo Neri da SilvaPhelipe Luiz Winter da SilvaRodrigo Battistotti Pimpo

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    Prezado(a) Aluno(a),

    ste livro didtico corresponde disciplina Psicologia nas Orga-nizaes.

    O material oi elaborado visando a uma aprendizagem autnoma,abordando contedos especialmente selecionados e adotandouma linguagem que acilite seu estudo a distncia.

    Por alar em distncia, isso no signica que voc estar sozinho.No esquea que sua caminhada nesta disciplina tambm seracompanhada constantemente pelo Sistema utorial da Unisul-Virtual. ntre em contato sempre que sentir necessidade, sejapor correio postal, ax, teleone, e-mail ou mbiente Virtual deprendizagem. Nossa equipe ter o maior prazer em atend-lo,pois sua aprendizagem nosso principal objetivo.

    Bom estudo e sucesso!

    quipe UnisulVirtual.

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    Palhoa

    UnisulVirtual

    2009

    Psicologia nas OrganizaesLivro didtico

    Design instrucional

    Luciano Gamez

    5 edio revista e atualizada

    Dnia Falco de Bittencourt

    Flvio Rodrigues da Costa

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    158.7

    B54 Bittencourt, Dnia Falco de

    Psicologia nas organizaes : livro didtico Dnia Falco de Bittencourt, Flvio

    Rodrigues da Costa ; design instrucional Luciano Gamez, [Carmen Maria Cipriani

    Pandini ; assistente acadmico Emilia Juliana Ferreira]. 5. ed. rev. e atual.

    Palhoa : UnisulVirtual, 2009.

    170 p. : il. ; 28 cm.

    Inclui bibliografa.

    1. Psicologia organizacional. 2. Psicologia industrial. I. Costa, Flvio Rodrigues

    da. II. Gamez, Luciano. III. Pandini, Carmen Maria Cipriani. IV. Ferreira, Emlia

    Juliana. V. Ttulo.

    Edio Livro DidticoProessor Conteudista

    Dnia Falco de Bittencourt

    Flvio Rodrigues da Costa

    Design InstrucionalLuciano Gamez

    Carmen Maria C ipriani Pandini (4 ed. rev. ampl.)

    Assistente AcadmicoEmilia Juliana Ferreira

    5 edio revista e atualizada)

    Projeto Grco e CapaEquipe UnisulVirtual

    DiagramaoDaniel Blass

    Vilson Martins Filho (4 ed. rev. ampl.)Adriana Ferreira dos Santos

    (5 ed. rev. ampl.)

    Reviso OrtogrcaRevisare

    Ficha catalogrca elaborada pela Biblioteca Universitria da Unisul

    Copyright UnisulVirtual 2009

    Nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prvia autorizao desta instituio.

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    Sumrio

    A p r e s e n t a o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0 9

    Palavras dos proessores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

    Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13

    Unidade 1 Introduo ao estudo da psicologia organizacional . . . . . . . . . . 15Unidade 2 Comportamento humano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

    Unidade 3 Comportamento organizacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

    Unidade 4 A atitude e a motivao na organizao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83Unidade 5 A comunicao nas organizaes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123Unidade 6 A criatividade nas organizaes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139

    Para concluir o estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157

    Sobre os proessores conteudistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159Reerncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161

    Respostas e comentrios das atividades de autoavaliao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165

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    Apresentao

    aro estudante,

    emos o prazer e a responsabilidade de apresentar o material

    didtico da disciplina de Psicologia nas Organizaes queintegra o currculo do seu curso de graduao na Unisul. Paraisso, voc recebeu este livro didtico. Prazer, porque acredi-tamos que estamos inovando e oerecendo um material de muitaqualidade. esponsabilidade, porque o pioneirismo carrega estacaracterstica. epois do caminho eito, cil segui-lo, o desao sermos os primeiros.

    ste material oi elaborado visando uma aprendizagemautnoma, abordando contedos especialmente selecionados

    e adotando uma linguagem que acilite seu estudo a distncia.studar a distncia no signica que voc estar sozinho. Suacaminhada nesta disciplina acompanhada constantemente peloSistema utorial da UnisulVirtual. ntre em contato sempre quesentir necessidade, seja por correio postal, ax ou ambiente virtualde aprendizagem. Nossa equipe ter o maior prazer em atend-lo,pois sua aprendizagem nosso principal objetivo.

    ntes de comear seus estudos, leia com ateno o tutorial dospao UnisulVirtual de prendizagem que voc encontrar noV. onhea tambm o plano de ensino da disciplina e leiaas orientaes para estudar a distncia, disponveis nas prximaspginas.

    Bom estudo e sucesso!

    quipe UnisulVirtual.

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    Palavras dos proessores

    Prezado(a) luno(a),

    disciplina de Psicologia nas Organizaes est inserida no seu

    curso por algumas razes. Possivelmente, a maior delas pelaoportunidade de avorecer o desenvolvimento das habilidadessociais, humanas e intelectuais para consolidar o Perl de egressodesejado.

    Para isso, voc ter oportunidade de interagir com os alicercestericos da psicologia e os processos prtico-metodolgicos darea organizacional.

    Visamos assim, a oerecer suporte ao acadmico de graduao

    na acilitao do entendimento e da compreenso do compor-tamento humano nas organizaes e nas suas relaes com otrabalho.

    Inicialmente voc ir estudar o que a Psicologia e a sua reaorganizacional. Mais a rente, enocar a compreenso do homeme as suas ormas de interao com o mundo.

    bordar, em especial, os comportamentos no ambiente detrabalho, e nesse sentido, ter a oportunidade de realizar refexessobre atividades e tpicos especiais como titude e Motivao.Por m, estudar aspectos sobre comunicao e criatividade nasorganizaes.

    speramos que voc possa azer um excelente uso dos conheci-mentos que aqui orem aprendidos, enriquecendo a sua ormaoe capacitando-o nas prticas da sua escolha prossional.

    Bom studo!

    nia Falco e Flvio osta

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    Plano de estudo

    Plano de Estudo

    O plano de estudos visa a orientar voc no desenvolvimento da

    isciplina. le possui elementos que o ajudaro a conhecer ocontexto da isciplina e a organizar o seu tempo de estudos.

    O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual levaem conta instrumentos que se articulam e se complementam,portanto, a construo de competncias se d sobre a articu-lao de metodologias e por meio das diversas ormas de ao/mediao.

    So elementos desse processo:

    Livro didtico.

    V (spao UnisulVirtual de prendizagem).

    tividades de avaliao (complementares, a distncia epresenciais).

    Ementa

    Psicologia: denio e objeto. elaes entre trabalho e subje-tividade. Indivduo, grupos e equipes nas organizaes. Gestode pessoas nas organizaes. Motivao no trabalho. Liderana,poder e confito. omunicao e criatividade nas organizaes.

    Carga Horria

    60 horas-aula - 4 crditos.

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    Objetivos da disciplina

    Possibilitar aos alunos uma compreenso crtica da condiohumana nas organizaes, contribuindo com o desempenho de

    suas atividades como Gestor de Pessoas e agente de mudana nomeio social.

    Unidades de estudo: 6

    Atividades

    Demais atividades (registro pessoal)

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    Objetivos de aprendizagem Dierenciar o que cincia, conhecimento cientco e

    outros campos de saber;

    Compreender o que psicologia, seu objeto deestudo e suas reas de atuao; e

    Identicar os campos de interveno da psicologiaorganizacional.

    Sees de estudoSeo 1 Entendendo a psicologia como cincia e

    prosso

    Seo 2 As reas da psicologia e a psicologia

    organizacional

    UNIDADE 1

    Introduo ao estudo dapsicologia organizacional 1

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    Para incio de conversa...

    Voc est iniciando o estudo da disciplina de Psicologia nasOrganizaes. ntes de aproundar na discusso, necessrio que

    voc refita sobre a importncia e a uno dessa disciplina nocontexto das organizaes, bem como na estrutura do seu cursode ormao. S assim, voc poder compreender as contribuiesdo seu aprendizado para o seu exerccio prossional e a sociedade.

    O que Psicologia das Organizaes? Que aspectoscomuns existem entre a psicologia e a administrao?Isso tem alguma coisa a ver como essa tal interdiscipli-naridade, to alada nos tempos atuais?

    ssas so algumas das questes que iro conduzir as refexesiniciais. Para que voc mesmo possa respond-las, leia as sees aseguir.

    SEO 1Entendendo a Psicologia como cincia e prosso

    Se voc deseja entender a psicologia como cincia, neces-srio que entenda tambm o que cincia e o que no cincia.Mais adiante, voc dever tambm saber dierenciar a psicologiacincia, da psicologia prosso.

    oda rea de estudo inicia-se com o surgimento de umenmeno, um ato, algo que se apresenta para as pessoas e que,por sua estranheza e incompreenso, nos provoca e nos impul-siona para entend-lo. assim comea a nascer aquilo que mais

    tarde poder se transormar numa cincia. esse enmeno que

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    Psicologia nas Organizaes

    Unidade 1

    pode ser de natureza diversa (social, cultural, comportamental,natural, econmica, dentre tantos outros) chamamos objeto deestudo.

    Imagine voc, por exemplo, quanta estranheza nodeve ter causado para nossos mais distantes ancestraiso barulho e o brilho de um raio de trovo, um arco-risou mesmo uma simples chuva. As inmerasindagaes sobre o porqu, como, quando,por quanto tempo, acabam por dar incio aesse perodo que poderamos chamar degestacional de uma cincia.

    prpria natureza humana nos impulsiona para as tenta-tivas de descobertas de respostas que diminuam as inquietaesprovocadas por essas dvidas. esse modo, comeam a surgir asprimeiras respostas, as primeiras tentativas de explicao paratudo aquilo que estranho e com o qual temos que conviver semcompreenso.

    Mas ateno, voc dever distinguir tambm a die-rena entre saber e conhecer. Neste momento, voc

    deve estar lendo este material em um local coberto,provavelmente sentado em uma cadeira. Voc acreditaque est, portanto, em local seguro. Tem uma razovelcerteza de que sua cadeira no vai desmontar e que aestrutura arquitetnica deste local que vocse encontra rme e no oerece riscoimediato de cair. Mas, voc no conheceverdadeiramente os projetos deconstruo dessas coisas. Vocsimplesmente sabe que elas soseguras.

    ontudo, para as cincias, conhecer undamental; no apenassaber. Sabemos que os golnhos, as baleias e as abelhas secomunicam ou pelo menos possuem um cdigo de transmissode mensagens. Para os cientistas, isso no basta. necessriocompreender este enmeno, conhecer o seu padro de ocor-rncia. Os estudos sobre esses e tantos outros tipos de enmenosnos conduzem para a ormulao de explicaes. ssim, surge osegundo elemento constituinte das cincias: a Teoria.

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    Os undamentos tericos de uma cincia acabam tendo pornalidade a tentativa de explicar aqueles objetos de estudo quesurgiram causando dvidas, inquietaes e despertando a curio-sidade cientca dos pesquisadores. lgumas explicaes tericasso meramente descritivas. Outras, conseguem explicar a ocor-rncia ou at mesmo descrever e prever a prxima realizao doevento. Nossos astrnomos, ao explicarem um de seus objetos deestudos os eclipses nos asseguram com bastante preciso oque , como, porque acontece e at mesmo o momento exato quese dar o prximo. Isso azer cincia!

    Voc sabia?

    Muito antes das descobertas que explicam com teoriascientcas o que a Terra, bem como os oceanos e aestrutura sica do nosso planeta, os estudiosos de mil-nios atrs davam a seguinte explicao:

    Vivemos sobre os territrios secos que utuam na partelquida de uma enorme bacia de gua, sustentadapelas costas de um grande eleante que se apia, comcada uma de suas patas, no casco de quatro tartarugasgigantescas nadando em grandes mares.

    O que voc achou dessa tentativa de explicao terica

    para a Terra? Curiosa, engraada, uma viagem?Procure na Internet ou em bibliotecas outros modelosde explicao sobre a origem da Terra e no esqueade localizar bem a poca em que essas propostas eramapresentadas.

    ontudo, as propostas tericas no so verdades absolutas,inquestionveis e eternas. Na leitura do texto acima voc pdeperceber que as teorias que explicam os enmenos podem mudarmuito ao longo do tempo.

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    Unidade 1

    Veja, por exemplo, a clssica viso do modelo geocn-trico do sculo XVII que de orma at ento indiscutvelarmava que o sol girava ao redor da Terra, ou seja, estaera o centro do universo. Ora, sem grandes estudos

    cientcos, seria mesmo inquestionvel explicar que osol gira ao redor da Terra, posto que nasce de um ladoda montanha e se pe no lado oposto, azendo umarco no cu. Hoje, aps as contribuies de Coprnico,Galileu e outros que at mesmo chegaram a pagar coma prpria vida, como Giordano Bruno, conhecemos queno o Sol que gira ao redor da Terra, masao contrrio, a Terra que gira ao redor do Sol.Isso cou conhecido como modeloHeliocntrico (o sol o centro).

    por isso que as propostas tericas precisam ser constantementevericadas, testadas e, se necessrio, reormuladas com as novasevidncias e descobertas. Para tanto, os cientistas precisam deum caminho, um processo que utilize tcnicas para investigarse as teorias explicam, de ato, os enmenos que esto sendoestudados. om isso, destaco o terceiro e ltimo elemento neces-srio para que um campo de conhecimento se dena como umacincia. stou alando do Mtodo.

    pelo mtodo que podemos verdadeiramente testar as teoriassobre os objetos. pelo mtodo que transormamos em prticaa cincia que classicamente azemos. om ele, armamos,conrmamos e, quando necessrio, reormulamos o que precisaser modicado para o natural movimento de evoluo de umacincia.

    esse processo dinmico, vivo e constante de pesqui-sar, analisar, ormular explicao, testar hipteses e

    apresentar teses que chamamos comumente de dial-tica de produo do conhecimento cientco.

    Apesar das palavras mtodo

    e metodologia serem usadas

    indiscriminadamente e de orma

    muito comum, elas no so

    sinnimos. Mtodo tcnica,

    prtica, aplicao e procedimento.

    Metodologia a parte de uma

    cincia que estuda, descreve e

    padroniza os processos de pesquisa

    como, por exemplo, o mtodo a ser

    empregado em um determinado

    momento. Sugiro que voc consulte

    um dicionrio da lngua portuguesa

    para entender melhor essaimportante dierena.

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    gora voc j sabe que, para se constituir como uma cincia, umcampo de saber precisa estar estabelecido nas suas trs partesundamentais:

    Um objeto de estudo: claramente denido e que nose conunda com o objeto de estudo de nenhuma outracincia j existente;

    eorias: que se proponham a explicar o objeto de estudopreviamente identicado;

    Mtodos: que realizem as prticas de vericao e aplica-bilidade dos conhecimentos descobertos.

    Mas e quando uma rea de conhecimento no conse-gue denir claramente esses trs componentes?

    Neste caso dizemos que no uma cincia clssica. o casodos estudos esotricos ou das doutrinas religiosas. efita se elasapresentam todos os trs elementos anteriormente destacados. astrologia, por exemplo, ao construir um mapa astral ou

    um horscopo est tratando de um objeto bem especco e atmesmo com um mtodo bem complexo, com prticas e instru-mentos repleto de clculos, retas, ngulos, datas e horrios. omtudo, carece de uma undamentao terica cienticamentecomprovvel para sustentar que nossos comportamentos sodeterminados ou infuenciados pela posio de corpos celestes.No estamos aqui criticando se essa infuncia verdadeiramenteexiste ou no, apenas destacando que, como proposta terica deexplicao de enmeno ela no pode ser, ainda, vericada sob o

    rigor metodolgico exigido pela comunidade cientca vigente.O mesmo questionamento podemos estender para uma doutrinareligiosa. doutrina esprita, por exemplo, nos ala da eoria daeencarnao. presenta, e de orma bem estruturada, os unda-mentos tericos sobre o porqu e como reencarnam os espritos.Porm, ao contrrio do exemplo anterior, aqui ca a desejar aexistncia de um mtodo aplicado que possa, de orma prtica einstrumental, conrmar que a reencarnao existe ou que temos

    no conundir com astronomia que

    uma cincia clssica com todos os

    pr-requisitos atendidos

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    Psicologia nas Organizaes

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    a mesma identidade espiritual de algum que j tenha alecidoanteriormente. essa orma, acabam por caracterizar-se comodoutrina (terica, losca ou religiosa) e no como cincia.

    Para acessar o espao virtual

    Que tal agora pensar um pouco sobre outras reas deconhecimento e discutir se elas so cincia ou no?Tente citar um exemplo de uma rea de conhecimentoque no seja cincia por alta de undamentaoterica clara ou alta de um mtodo aplicado de inves-tigao do seu objeto de estudo. Ser que uma rea desaber pode deixar de ser cincia por no possuir umobjeto de estudo?

    Mas voc ainda deve estar procurando a resposta para a perguntarealizada no incio desta unidade.

    Recolocando: a psicologia cincia ou prosso?

    omo visto, para que ela seja cincia necessrio que atendaqueles trs pr-requisitos apontados anteriormente. Verique!

    Qual seria o objeto de estudo da cincia psicologia?

    Voc rapidamente poderia dizer: o homem! Ora, mais issoj existe um grande grupo de cincias estudando, como por

    exemplo: a sociologia, a antropologia, a biologia e a prprialosoa. nto este objeto no est claramente identicadoe exclusivo para que a psicologia se estabelea como cincia.Porm, se dissermos que o seu objeto , no exatamente ohomem, mas especifcamente o comportamento humano,agora sim, encontramos o ponto que distingue a Psicologia dasdemais cincias.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    de ato o comportamento das pessoas e suas intera-es sociais nas mais diversas ormas de maniestaoda subjetividade que instiga e provoca os cientistas darea psicolgica.

    Com o primeiro passo superado, pergunto a voc:existe proposta terica para explicar comportamentohumano?

    Isso voc deve ter respondido com acilidade. Mas no era precisolembrar de grandes teorias em psicologia, com complexas ormu-

    laes bio-psico-sociais, tais como: a psicanlise reudiana, obehaviorismo de Skinner ou a epistemologia gentica de JeanPiaget. Bastava citar qualquer proposta terica de compreensodo comportamento humano. entre tantas, destaco as teorias damotivao, liderana, desenvolvimento da personalidade, inteli-gncia emocional, depresso, gerenciamento de grupos, coope-rao e competio.

    E ser que possvel igualmente identicar um mtodo

    para que a psicologia se enquadre denitivamentecomo cincia? Existiria alguma orma prtica aplicadade se testar as teorias em psicologia nos estudos reali-zados com o seu objeto de interesse?

    ertamente que sim; e no apenas nas propostas de pesquisaexperimental e no-experimental, como nas mais diversas prticasde interveno individual ou social que a psicologia se ocupa.

    Sendo assim, podemos ento armar que a psicologia umacincia que atende ao enquadre do modelo clssico para que sejareconhecida social e academicamente como tal.

    Mas, e quanto discusso de ser cincia ou prosso?

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    Psicologia nas Organizaes

    Unidade 1

    Neste novo contexto apresentado, que d maior suporte a suacompreenso, podemos dizer que se uma rea de conhecimento

    volta-se para as questes tericas de um objeto de estudo, estarea est se ocupando do processo de azer cincia pura. Se,porm, a rea de conhecimento estiver mais voltada para as apli-cabilidades prticas e sociais dos reerenciais tericos das cincias,estaremos alando de prosso.

    Sendo assim, a psicologia tanto pode ser entendida como cincia,bem como prosso.

    Quero dizer que, se por um lado existe um grupo de psic-logos preocupados em produzir reerencial terico que expliqueo comportamento humano, por outro lado existe tambm um

    maior nmero de psiclogos voltados aplicao desses conhe-cimentos nos mais diversos campos, das mais diversas reas deinterveno da psicologia. esse modo, a psicologia acaba porexercer as duas unes.

    Para entender melhor, veja o seguinte Exemplo

    Se em um momento a medicina pode receitar umremdio de um determinado princpio ativo para a curade uma doena porque a biologia pesquisou a ec-

    cia daquela substncia na ao contra o problema e aavor do organismo humano. Neste caso, osbilogos zeram a cincia pura e os mdicosexerceram a parte biomdica da prosso.Um pesquisou e o outro aplicou; utilizou osconhecimentos cientcos encontrados.

    Outro exemplo: se hoje um engenheiro civil pode cal-cular as dimenses exatas de uma estrutura arquitet-

    nica, azendo assim uma aplicao prossional no exer-ccio de seu trabalho, porque se valeu da matemticapara os clculos; da qumica para a composio dosmateriais e suas resistncias; e da sica com a atenovoltada para os valores da ora da gravidade, peso,inclinao, bem como os conhecimentos de diversasoutras reas cientcas.

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    om isso, acredito que voc j entendeu o que cincia, prosso,objeto de estudo, teoria, e mtodo. esta-nos ento dizer como acincia psicologia se classica nas suas diversas reas prossionaise que interaces podemos traar com as outras cincias.

    SEO 2As reas da psicologia e a psicologia organizacional

    as inmeras reas da psicologia como prosso, provavel-mente a que voc mais tenha ouvido alar a rea clnica. eato a maior parte dos psiclogos, ao exercerem a vertente pros-

    sional da psicologia, optam por atuar na prtica da clnica. Soos conhecidos prossionais que trabalham em consultriosatendendo pacientes de orma individual, em grupos, casal ouamlias.

    Os psiclogos no esto necessariamente voltados paraa produo de conhecimento cientco para explicarcomportamento humano, mas para a aplicao dosconhecimentos acumulados pela cincia, na ajudadaqueles que sorem com problemas de natureza psi-colgica.

    Por que um administrador precisa de um psiclogo dentro daorganizao, se ele j tem tantos problemas de ordem institu-cional para resolver? eria ele que car preocupado com a sadepsicolgica de cada prossional da instituio? impossvel criarum espao clnico dentro da empresa para que os empregadospossam azer psicoterapia e serem atendidos em horrios die-

    rentes por toda a jornada de trabalho.Sim, caro aluno, possvel que essas refexes possam estarpassando pelo seu pensamento aps as explicaes iniciaisapresentadas. ontudo, destaco que o sucesso dessa disci-plina depender da compreenso exata daquilo que agora serdiscutido.

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    A psicologia, contrrio ao que pensa a grande maioriadas pessoas, no se ocupa apenas das questes vol-tadas ao comportamento humano que est apresen-tando problema, doena, anormalidade, desvios sociais

    de conduta ou enermidade psquica. Estes aspectosso os chamados psicopatolgicos, ou seja, que possamestar acometidos de sorimento psicolgico que neces-sitem de psicoterapia. Mas, como voc viu anterior-mente, a psicologia est voltada para a compreensodo comportamento humano; de qualquer natureza eem qualquer condio e situao emque ele possa se maniestar. E, paratornar ainda mais claro, posso dizerque onde houver pessoa secomportando, existir espao para

    a atuao de um psiclogo.

    Sendo assim, possvel alar de diversas reas da psicologia esuas inmeras intervenes na sociedade. Para isso, basta iden-ticar uma pessoa ou um grupo de pessoas que estejam mani-estando comportamento e no necessariamente um problema.Por exemplo, a Psicologia scolar, poder ento se ocupar dasquestes voltadas ao ambiente de aprendizagem e no apenas aosproblemas de aprendizagem de um aluno especco. Psicologia

    do sporte poder auxiliar na melhoria das relaes interpessoaisdos atletas de uma equipe ou no aprimoramento da atitude deliderana do capito do time. Psicologia Social poder buscarcompreenso sobre comportamentos humanos quando nas suasinteraes sociais, como por exemplo o desenvolvimento depreconceitos ou valores culturais.

    Mas anal, o que ento essa talPsicologia das Organizaes?

    Se no incio da unidade parecia um pouco precoce responder aesta indagao. Parece-nos que agora este seja o momento ideal.

    Muitos livros se reerem a esta

    rea como psicologia industrial ou

    psicologia organizacional. Mais

    adiante esclareceremos melhor esta

    pequena distino que por ora no

    se az necessria.

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    esumidamente, podemos armar que:

    Psicologia das Organizaes a parte da cincia psico-

    lgica destinada a compreenso dos comportamentosmaniestados dentro de um ambiente organizacional.

    Logo, tudo aquilo que diz respeito s maniestaes comporta-mentais ocorridas neste espao de trabalho e que possa infuen-ciar as pessoas nas suas atividades prossionais ser interesse deestudo desta rea da psicologia.

    Sendo assim, voc poder lembrar melhor as possibilidades de

    aplicao que a psicologia tem em um ambiente de trabalho.Mesmo que voc tenha poucos conhecimentos sobre as prticasprossionais de um psiclogo organizacional, aa um esoroneste momento e descreva nas linhas abaixo pelo menos trspossibilidades de atuao de um prossional dessa rea, dentro deuma organizao.

    Muito provavelmente voc deve ter lembrado das prticas maiscomuns de trabalho que um psiclogo exerce dentro de umaorganizao. entre essas mais citadas, comum as pessoaslembrarem de atividades voltadas para as unes administra-

    tivas de Gesto de Pessoas, tais como: recrutamento e seleode pessoal, treinamento e desenvolvimento, avaliao de desem-penho, aplicao de testes psicolgicos, entrevistas e dinmicas degrupo. alvez voc tenha recordado algumas consultorias eitaspor psiclogos em alguma empresa com a qual voc tem ou tenhatido algum vnculo empregatcio, como por exemplo: palestrasobre motivao, qualidade de vida no trabalho, desenvolvimentode liderana, melhoria de relacionamento interpessoal, esprito deequipe e tcnicas de venda.

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    Unidade 1

    ealmente, essas so algumas das possibilidades de atuao deum psiclogo organizacional em uma instituio. Seja comoparte do quadro eetivo de uncionrios da empresa ou mesmocomo contratado temporrio ou terceirizado, muitos psiclogosauxiliam as organizaes com essas atividades prossionais.Porm, quero armar que elas no so as nicas. Muito maispode ser eito para a melhoria dos trabalhadores, das organiza-es, dos ambientes de trabalho e da sociedade, em geral.

    Se, por um lado, percebe-se com acilidade as prticas de inter-veno prossional de um psiclogo no atendimento direto spessoas, por outro lado destacam-se os suportes especializadosque podem ser oerecidos s empresas nas decises estratgicas.

    entre aquelas que auxiliam na administrao direta da gesto depessoas da instituio, ressalto as atuaes tcnicas e operacionaispara:

    suprimento de pessoal: recrutamento, seleo e processosadministrativos de admisso

    manuteno do quadro de prossionais: treinamento edesenvolvimento, avaliao de competncias e capaci-tao;

    gerenciamento: levantamento de necessidades, programasde incentivo e de demisso.

    Mas, como voc viu anteriormente, as prticas desses prossio-nais podem e devem ir alm das unes tcnicas e operacionais.Veja por exemplo o case que descrevo a seguir:

    Recentemente na conjuntura empresarial brasileira,

    duas grandes companhias areas demonstraraminteresses em uma uso administrativa e societria.Contudo, alguns atos se destacavam no cenrio dessapretensa juno. As empresas oram criadas em pocasdistintas e tinham entre si uma dierena de mais deduas dcadas de tempo de atuao. Alm disso, assituaes nanceiras de ambas tambm eram dieren-ciadas. possvel, e at bem provvel, que diante detais atos, estas empresas possam apresentar culturasde trabalho diversas. Aspectos como: viso de mercado,perspectiva de crescimento, gerenciamento de di-culdades, estilos de liderana, tipo de relacionamentointerpessoal, estrutura e hierarquia organizacional,

    Case na rea da administrao

    empresarial um termo absorvido

    do original em ingls e que signica

    um estudo de caso, uma experinciacompartilhada para que se amplie os

    conhecimentos.

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    regime de trabalho, carga horria semanal, dentretantos outros atores, possam pesar negativamentequando na ocorrncia de uma possvel unio dessasempresas.

    Com isso, a diretoria de ambas as instituies decidiramcontratar uma consultoria especializada para asses-sor-las com um parecer avorvel ou no uso. Estesconsultores eram, em sua grande maioria, psiclogosorganizacionais e que voltaram os seus olhares parao estudo cientco das variveis culturais inseridas noambiente de cada uma das empresas. Ou seja, bus-caram identicar aquilo que costumamos chamar decultura organizacional. Desse modo, puderam advertiros respectivos presidentes e diretores de ambas asempresas das possveis diculdades que encontrariamna eventual concretizao da uso pretendida.Mais alm, puderam tambm orientar comsugestes sobre como administrar osconitos advindos dessas dierenasrelacionadas ao comportamentoorganizacional de cada uma delas eda nova empresa coligada.

    sse exemplo ilustra de orma mais clara o que estamos querendoaqui apresentar como ideia. omo dito, alm das contribuiestcnicas e operacionais, praticadas em nvel intermedirio noorganograma de uma instituio, podemos tambm destacar asintervenes estratgicas, como suporte decisrio para o nvelmais elevado da gesto empresarial. Inelizmente, essa viso maisampliada e moderna das possibilidades de atuao est aindarestrita a poucas empresas, sendo a maioria delas de grande portee de administrao internacional.

    Para que voc possa entender esta importante distino de ormaainda mais clara e direta, vamos usar uma linguagem simples, quetalvez auxilie e esgote as possibilidades de dvidas sobre o temaque estamos apresentando nesta seo.

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    Se a psicologia, como visto anteriormente, est voltadapara intervir nos enmenos do comportamento, taisenmenos podem ocorrer no plano pessoal, em cadatrabalhador, bem como no plano interpessoal. No

    primeiro caso, pode-se ento alar de uma psicologiaorganizacional intrapessoal ou intra-relacional; ounuma psicologia organizacional interpessoal ou inter-relacional. Ampliando mais esta viso, voc poderat se reerir a um comportamento que no nemdo prossional e nem da relao direta entre eles, noconvvio dentro da instituio. , portanto, decorrentede um comportamento que aglutina todos os atorespessoais, impessoais, histricos, sociais e culturais daorganizao.

    Esse conjunto de atores que estruturam uma culturaorganizacional denominado Comportamento Orga-nizacional.

    esumindo, pode-se alar ento de uma psicologia organizacionalpara os comportamentos pessoais e os comportamentos organiza-cionais. Seria mais ou menos como alar de uma psicologia orga-

    nizacional para pessoa sica e uma psicologia organizacional parapessoa jurdica, guardadas as devidas consideraes para o mauuso comparativo dos termos.

    Quando voc or buscar maiores inormaes sobre o que comportamento organizacional dever ter em mente trs ideias.So elas:

    1. comportamento organizacional pode estar associado atodo tipo de comportamento observvel nas pessoas,

    em seus locais de trabalho, como por exemplo: azerum relatrio, usar ou no equipamentos de proteo.Pode tambm estar ligado a processos mais subjetivos einternos, como pensar, decidir ou se emocionar;

    2. comportamento organizacional pode estar associado noapenas a esses processos psicolgicos individuais, masigualmente para enmenos ocorridos entre os membrosde um grupo ou equipe que, quando em interao,ormam unidades sociais maiores e mais complexas;

    A expresso costuma ser usada com

    grande requncia na literatura

    especializada, pela sigla CO.

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    3. por ltimo, comportamento organizacional tambm podeestar associado ao comportamento de empresas inteiras.

    ais enmenos acabam por se apresentarem com grandecomplexidade, onde as variveis a serem estudadas noesto em ningum especicamente e nem na interaodessas, mas no plano maior e impessoal; na soma detodos esses atores.

    sta abordagem oi apresentada de orma bastante pertinente eesclarecedora por Wagner e Hollenbeck (2003) na obra intitu-lada Comportamento Organizacional. Nela, os autores se reeremaos trs aspectos citados no pargrao anterior como sendo umasubdiviso dessa rea de estudo da psicologia organizacional.

    rmam que podemos tratar essas categorias, respectivamente,como omportamento Microorganizacional (1), Mesoorganiza-cional (2) e Macroorganizacional (3).

    Realize, a seguir, as atividades de autoavaliao, leia a sntese daunidade e consulte o saiba mais.

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    Psicologia nas Organizaes

    Unidade 1

    Atividades de autoavaliao

    1. e acordo com o que voc estudou, os conhecimentos cien-tcos esto presentes em toda parte do nosso cotidiano. ssessaberes possuem uma relao estreita e um certo compromissocom o seu objeto de estudo. esse modo, qual seria a unosocial ou papel da cincia na sociedade?

    2. s ormas do saber cientco se dierenciam dos no-cient-cos por apresentarem critrios especcos e rigorosos.

    a) Para esta viso clssica, explique quais so os trs elementosque denem uma cincia.

    b) um exemplo de cincia e de no-cincia.

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    3. No mundo atual, cada vez mais percebemos a necessidade deuma mtua colaborao dos diversos campos de saberes para osucesso de uma organizao. stabeleca uma relao de inter-disciplinaridade entre a Psicologia Organizacional e a dminis-trao, destacando de que modo a psicologia pode ajudar a admi-nistrar uma organizao.

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    Unidade 1

    Sntese

    Nesta unidade voc aprendeu a dierena entre estudos cient-cos e no cientcos, segundo o modelo clssico de cincia. Voc

    viu que, no apenas a psicologia mas qualquer campo de conhe-cimento precisa ter um objeto de estudo claramente denido.Precisa estar ancorado em teorias que expliquem os objetos emsua totalidade. Necessita tambm de um mtodo que possa, aomesmo tempo, exercer a dupla uno de vericar a validadedas propostas tericas, bem como aplicar esses conhecimentos aservio do homem e da sociedade.

    Voc pde ver que a Psicologia, alm de cincia, pode serprosso e que tem, no apenas a conhecida prtica clnica, mas

    vrias outras reas de atuao. entre elas, conheceu a psicologiaorganizacional e seus interesses de estudo. Foi dado destaqueespecial para a amplitude de possibilidades que um psiclogopode ter ao atuar junto s organizaes. Foi igualmente impor-tante aprender que comportamento organizacional muito maisdo que o simples somatrio do comportamento das pessoas quecompem uma organizao.

    Se voc no pde, durante a leitura, tente agora responder aosexerccios propostos ao longo das sees. ssim, voc ir se sentirmais preparado para estudar a prxima unidade.

    Na prxima unidade voc ir aproundar outras questes voltadas compreenso dos comportamentos humanos e das organiza-es. Utilize as linhas abaixo para azer algum comentrio sobre oque achou desta unidade. ritique, d sugestes. Se quiser, podeelogiar tambm!

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    No esquea de colocar esses seus comentriostambm no Frum do ambiente virtual da nossa dis-ciplina; e aproveite para comparar as suas impressescom as dos seus demais colegas de estudo.

    Saiba mais

    Para saber mais leia:

    omportamento Organizacional: riando Vantagem ompeti-tiva de JOHN . HOLLNBK JOHN . WGN III

    O livro mostra como a nase no comportamento organizacionalpode ser a dierena da empresa, tornando-a mais competitiva.Por meio do estudo de casos reais, ilustraes e undamentaoterica, mostra como implementar esses conceitos empirica-mente.

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    Objetivos de aprendizagem Compreender a dimenso da complexidade do

    comportamento humano

    Entender o que so enmenos psicolgicos indivi-

    duais e coletivos Reconhecer variveis psicolgicas no comportamento

    das pessoas

    Sees de estudoSeo 1 Princpios gerais do comportamento

    humano

    Seo 2 Cultura, desempenho de papis e dinmicade comportamento

    Seo 3 Processos psicolgicos individuais e grupaisnas relaes interpessoais

    UNIDADE 2

    Comportamento humano 2

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    Para incio de conversa...

    Pronto para comear uma nova Unidade? Nesta unidade vocir aproundar os seus conhecimentos sobre a psicologia, enten-

    dendo o que o comportamento humano. Ir tambm avanarna refexo sobre os princpios bsicos que orientam as pessoaspara se comportarem de uma determinada orma num contextoindividual ou social.

    claro, todo mundo sabe que as pessoas no so to previsveisna sua maneira de agir, sentir ou pensar. Porm, existem algumassituaes que podemos entender porque os outros, ou nsmesmos, temos um tipo de reao e maniestamos um comporta-mento especco. Voc vai dizer que isso no uma tarea muito

    simples. ns vamos concordar. Mas, quem sabe, se voc olharpor um ngulo mais cientco, com uma curiosidade tpica de umbom pesquisador, o problema no se torna um pouco mais cil?Quer tentar?

    SEO 1Princpios gerais do comportamento humano

    ntes de iniciar o seu estudo, pare apenas um minuto e refita sevoc acha que as pessoas, no geral, so muito parecidas com vocou muito dierentes.

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    Pensou? Agora responda no que elas so semelhantesou no que elas seriam dierentes.

    Se o exerccio lhe pareceu um pouco complexo, experimente

    ento imaginar uma nica pessoa, de preerncia que vocconhea bastante. Imagine uma situao social qualquer, umaesta, ou melhor, um local de trabalho.

    Pensou? Agora responda no que ela semelhante ouno que ela seria dierente das demais?

    Poderamos car aqui por muitas pginas pensando no que vocstm em comum e no que vocs so absolutamente dierentes. onal deste grande esoro, ir perceber inicialmente que existemmuitas semelhanas. ontudo, quanto mais tempo voc dedicarneste processo de investigao, ir notar a grande quantidadede dierenas que os separam. Que muito provavelmente vocdeve detestar algo que ela (ele) adora. Que voc jamais escolheriauma coisa que ela (ele) no consegue viver sem. Ou ento, que incompreensvel para voc entender porque ela (ele) no valorizaou se realiza com algo que voc aria tudo para ter ou manter nasua vida.

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    Essas e outras questes no provocam apenas a suacuriosidade, mas tambm e por muitos sculos ados pesquisadores do comportamento humano eos cientistas de reas ans. Entender como, porque,quando, onde e o quanto somos dierentes uns dosoutros a grande questo de todas as reas das

    cincias humanas ou, recordando um conceito quevimos na unidade passada, o seu grande objeto de

    estudo.

    resposta a tudo isso no muito complicada. Somos dierentesuns dos outros por uma questo de singularidade. emos umahistria, um passado e principalmente experincias vividas que

    nos ajudam a ormarmos o que somos. partir do momento queormamos aquilo que ns somos, criamos um certo padro dereao a tudo que convivemos no nosso dia-a-dia. psicologiacostuma chamar de personalidade esse tal padro de respostas,mais ou menos estvel, que nos caracteriza e nos distingue unsdos outros.

    Personalidade no uma coisa complicada?

    Sim. e ato, o estudo da personalidade questo central paratoda a psicologia, independente da rea. Muito se descobriu arespeito do que , de como ela se orma e o quanto podemosconhecer algum a partir do conhecimento de sua personali-dade. Mas, ao mesmo tempo que desvendamos esse labirintode mistrios, nos impressionamos com a sua complexidade eestrutura.

    Muitas correntes surgiram para explicar a personalidade do serhumano. Quase todas na mesma poca e curiosamente cami-nharam para dierentes direes. No geral, a grande distinoque se estabeleceu nessas propostas tericas oi quanto ao atorprincipal de sua origem. lgumas enatizam com mais ora aimportncia dos aspectos externos, ambientais ou extrnsecos.qui so valorizadas as infuncias sociais do meio, as experin-cias de vida que nos so apresentadas e os modelos de comporta-mentos que aprendemos ou imitamos no convvio com os outros.

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    J outras correntes tericas do maior peso s questes internas,s causas inatas e aos processos psicolgicos intrnsecos aoindivduo.

    Saiba mais

    Algumas reerncias clssicas da bibliograa em psico-logia azem elaboradas explanaes sobre o tema dapersonalidade e suas dierentes undamentaes te-ricas. Se este assunto lhe despertou maior curiosidade,consulte duas obras bsicas, modernas e bastante did-ticas. Ambas possuem o mesmo ttulo, Teorias da Per-sonalidade, sendo uma delas dos autores Hall, Lindzeye Campbell (2000) e a outra da autora Susan Cloninger(1999). As duas reerncias j se encontram traduzidas

    para o portugus e oram editadas no Brasil, respectiva-mente, pela Artes Mdicas e pela Martins Fontes.

    Independente desta quase innita discusso sobre a maior ouexclusiva responsabilidade do meio ou do indivduo na ormaoda personalidade, pelo menos uma coisa ponto convergenteentre os cientistas da rea. odos concordam que esses atoresacabam por determinar o nosso padro de comportamento, queagora voc comea a estudar. Queremos nos reerir a um dos

    conceitos undamentais da psicologia e, por isso mesmo, pontoprincipal desta unidade.

    O que voc j sabe sobre Subjetividade?

    Vamos lanar um desao, quase losco, para que o seu estudo

    possa alcanar a dimenso do que pretendemos discutir com voc.Voc deve se lembrar, com acilidade, das cores da bandeira doBrasil. Pense no verde, como ele chamado at de verde bandeira,no ?

    Os autores desta abordagem

    chamam ateno para o ato de

    que no basta vivenciarmos uma

    experincia do meio para que isso

    nos inuencie e construa nossa

    personalidade, mas principalmente

    a orma como elaboramos,

    interagimos e percebemos tudo isso

    dentro de ns.

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    Pergunto a voc: que cor exatamente voc v, quandoolha para o verde da bandeira? A sua resposta deve ser,obviamente, que ela verde, no mesmo?

    Interessante, porque a cor que ns vemos, quando olhamos paraela, tambm verde. Mas a pergunta principal : ser que a corque voc v, quando olha para a mesma bandeira que ns, amesma cor que cada um de ns v? No basta dizer que sim,que verde! O que ns realmente queremos saber se vemos amesma cor. Ora, isso ns jamais saberemos. O que voc chamade verde simplesmente uma impresso siolgica captada pelosseus olhos e processada no seu crebro. esde pequeno, toda vez

    que voc se impressionava com essa sensao lhe ensinaram achamar isso de verde. assim ns poderemos olhar para muitascoisas que so seguramente identicadas como sendo de cor

    verde a mata, o gramado, etc. e provavelmente nunca iremosdiscordar de que essas coisas so realmente verdes. Porm, nuncasaberemos se a cor que cada um de ns v a mesma cor que

    voc v. Pode ser que quando ns olhamos para a bandeira um dens v a cor que voc v quando olha para um objeto vermelho.Mas como voc, aprendemos a chamar essa sensao de verde.

    Ser que cou claro?

    Bem, esse processo pessoal, intranservel, percebidoe vivenciado de orma absolutamente individual quechamamos de enmeno da subjetividade.

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    No romance americano Cidade dos Anjos (City ofAngels), o personagem do ator Nicolas Cage vive umanjo que no consegue experimentar as sensaes dosmortais (rio, ome, sede, gosto, etc). Se voc pde assis-tir ao lme, provavelmente deve lembrar da cena emque ele pergunta para a sua amada, interpretada pelaatriz Meg Ryan, o que ela sente quando come uma pra.Quando ela comea a descrever o gosto e a textura elea interrompe e explica que no quer saber como umapra e sim o que ela verdadeiramente sente quandosaboreia a ruta. A passagem do lme de 1998 ilustratambm a inquietao que vivemos por no podermos

    compartilhar com ningum as inmeras experinciassubjetivas que temos em nosso processo de interaocom o mundo.

    Alguma situao semelhante j aconteceu com voc?

    pesar de sabermos que temos um determinado padro decomportamento que a nossa personalidade e que este padro, simultaneamente, causa e consequncia de uma subjetividade,isto no suciente para entendermos a complexa rede de atoresque determinam nossas atitudes.

    Muitos pesquisadores debruam-se sobre este tema para tentarexplicar melhor porque agimos desta ou daquela maneira diantede uma situao; porque agimos de orma s vezes to dierentepara situaes que j passamos na vida e tivemos outro padro decomportamento; porque reagimos com um tipo de sentimentoou construmos uma opinio avorvel ou desavorvel para quasetodos os atos do nosso cotidiano.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    resposta costuma estar associada a muitas explicaes. Umadelas remete ao conceito undamental de cultura, centro dasatenes no s da psicologia, como da sociologia, da antropo-logia e de outras reas interessadas nas variveis de estudo do serhumano.

    Antes de passar para a prxima seo, que tratar dotema de orma mais aproundada, tente responder naslinhas abaixo o que voc entende por cultura. Se ordicil azer uma denio sua, pesquise na Internet, nabiblioteca, em livros ou at mesmo nos dicionrios osignicado do termo. Compartilhe com os seus colegasum breve resumo do que encontrou, transcrevendopara o espao reservado ao rum de debates doespao virtual. No esquea as normas tcnicas decitao para que todos possam localizar a onte dosseus estudos.

    SEO 2Cultura, desempenho de papise dinmica de comportamento

    Voc deve ter se surpreendido com a diversidade de inormaoque encontrou sobre o tema cultura. interessante notar tambm

    que nem sempre as explicaes so muito semelhantes. epen-

    Leia tambm as anotaes que seus

    colegas publicaram no rum.

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    dendo da rea, da linha de entendimento e da abordagem que sebusca compreender o que cultura, as dierenas costumam ser,no mnimo, curiosas.

    ultura, para alguns autores, pode estar associada a padres decomportamento de um indivduo ou grupo. Seja esta pessoa ougrupo de pessoas uma representao comunitria, social, tnica,dentre outras, poderemos alar de uma caracterstica comum deatitudes isoladas ou coletivas que identicam e denem pessoas.

    Para outros autores, a nase recai sobre as variadas ormas deexpresso artstica e olclrica.

    A msica popular brasileira, os artesanatos regionais, a

    literatura, a culinria, o samba, as novelas de televisoso, por exemplo, elementos ortemente ligados cultura do Brasil quando se pronuncia o nome do nossopas em algum lugar do mundo

    H ainda os que entendam cultura sob uma perspectiva maisvoltada para conhecimento, nvel de inormao e grau de escola-ridade. Falamos com requncia que uma pessoa tem boa culturaou grande cultura. Isto geralmente quer dizer que ela oi capaz deacumular ao longo de sua vida uma razovel quantidade de inor-

    maes e saberes ormais ou alcanou alto nvel de escolaridadeavanando seus estudos para graus mais elevados de instruo.hegamos mesmo a dizer que algum tem muita culturasimplesmente porque cita alguns contedos absorvidos pelo seuconstante hbito de leitura.

    O ato que, independente da compreenso que se tenha doconceito de cultura, independente do uso que se aa desse termo,estamos quase sempre nos reerindo a elementos que possuemalguma coisa em comum. ssa clula homognea do que

    cultura est voltada para os nossos hbitos, experin-cias de vida, crenas e valores que de uma orma oude outra iro construir a subjetividade de cada um nocontexto social em que vivemos.

    No uma tarea muito cil explicar porque valorizamos maisuma coisa ou outra, porque temos como crena a convico em

    alguns princpios ou porque optamos por um certo padro de

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    comportamento e reaes que se rmam como hbitos pessoais.Porm, a nica coisa certa que podemos entender neste contexto o ato de que esse conjunto de atores o elemento principalque nos dierencia, nos singulariza e nos empresta uma estruturanica de ser diante dos outros, do mundo e de ns mesmos.

    Personalidade, subjetividade e cultura tm algumacoisa a ver com papis sociais?

    Sim, tem tudo a ver. Particularmente, podemos adiantar a vocque essa unidade caminhou por uma refexo que culminou

    neste ponto especco. Queremos dizer que se existem atoresque podem determinar nossos comportamentos como persona-lidade, subjetividade e cultura, existe tambm um motivo e ummomento onde estes comportamentos so maniestados.

    Denominamos o conjunto desses comportamentosvividos de orma particular ou coletiva de papel social.

    Se estivermos sozinhos, com um amigo, parentes e amiliares,num grupo de pessoas reunidas em um clube, associao demoradores ou espao religioso estaremos, invariavelmente, envol-

    vidos com um rol de atitudes, tareas, responsabilidades e unes.Isso signica dizer tambm que quase todas as maniestaescomportamentais que temos esto vinculadas direta ou indireta-mente ao desempenho de papis sociais.

    Portanto, chegamos aqui a um dos primeiros pontos de inter-

    seo entre a Psicologia e a dministrao nessa disciplina. eacordo com o que voc acabou de ver, em todos os lugares queestiver, estar desempenhando de alguma orma um determinadopapel social. Isto inclui, obviamente, os ambientes organizacio-nais onde estar exercendo seu trabalho ou prosso.

    No desempenho prossional da psicologia organizacional ospsiclogos necessitam considerar com especial destaque osconhecimentos da psicologia social sobre desempenho de papelsocial. Nos espaos de uma organizao este enmeno do

    comportamento humano se torna evidente e, por isso mesmo,ontes de interesse e grande ateno por parte, no apenas dospsiclogos, mas de todos os outros prossionais ans.

    Na prxima unidade voc ver uma

    importante dierenciao entre o

    conceito de trabalho e de prosso.

    Por enquanto, quero apenas

    despertar sua ateno e curiosidade

    para o ato de que so termos que

    jamais devem ser conundidos.

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    Na prtica, perceba que no momento em que desempenhamospapis sociais dentro de uma organizao que buscamos soluespara os confitos, conciliamos interesses e objetivos comuns,exercemos poderes inter-relacionais, gerenciamos equipes,lideramos grupos, decidimos estratgias e etc. nm, exterio-rizamos comportamentos pela maniestao de nossa persona-lidade, subjetividade, valores, crenas, sentimentos e todos osoutros aspectos importantes que voc estudou at aqui.

    Se, por um lado, voc estudou elementos determinantes docomportamento das pessoas e dos atores que as estruturampara agir de um certo modo, por outro lado, entende que outroobjetivo importante desta seo a compreenso da dinmica do

    comportamento humano.

    Pode lhe parecer que a psicologia simples, que asaes so determinadas por um certo padro de en-menos e que com isso pode-se ento prever, antecipare controlar pessoas. Denitivamente, no.

    star sujeito a todas essas variveis az com que o comporta-mento se torne uma resultante quase indecirvel. Se dissermos,

    por exemplo, que um computador processa inormaes emuma linguagem binria por circuitos integrados, compostos demicrochips a partir de molculas de silcio, isto ns d pouca ounenhuma compreenso do que seja exatamente um computadorou como ele unciona. Ou seja, o ato de descrever, at mesmocom riqueza de detalhes, as partes que integram o compor-tamento humano no nos permite compreender toda a suacomplexa estrutura, tampouco explicar o seu uncionamento e asua caracterstica dinmica.

    Voc viu na seo anterior que personalidade apresenta umdeterminado padro de respostas, mais ou menos estvel. Poisbem, esse grau de variabilidade relativamente estvel torna ocomportamento mutvel por esse dinamismo que existe nasrelaes que as pessoas azem com o mundo. Some-se a tudoisso o conceito de volio, isto , a vontade que os indivduos tmpara desempenhar ou no um determinado papel. esta volio,diretamente relacionada a valores, interesses e motivao poderser decisiva para ajudar a compreender, por exemplo, o compro-

    metimento de um prossional em uma instituio.

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    SEO 3Processos psicolgicos individuaise grupais nas relaes interpessoais

    os inmeros processos psicolgicos estudados pela psico-logia, poucos se mostram to intrigantes quanto aos enmenosque intermedeiam as nossas relaes com os outros e com nsmesmos.

    Voc viu na seo anterior que a subjetividade uma barreiraintransponvel ao olhar dos outros. Logo, aquilo que voc verda-deiramente pensa, sente, gosta, quer, ou deseja absolutamenteinacessvel para as pessoas. e alguma orma, elas at sabem um

    pouco de voc quando exterioriza esses aspectos, ou seja, quandomaniesta alguns comportamentos especcos. Porm, elas jamaisconhecero aquilo que verdadeiramente se passa dentro de voc.

    companhe a seguir o esquema do enmeno da intersubjetivi-dade nas relaes humanas:

    companhe a explicao observando o esquema acima.

    onsidereAuma pessoa ou, se preerir, imagine que esta vocmesmo. onsidere B uma outra pessoa qualquer com a qual vocest se relacionando. ssa pode ser um amigo, uma namorada,noiva, esposa, me, vizinho, um colega de trabalho, um subordi-nado hierrquico ou mesmo o seu chee, gerente, diretor.

    issemos que jamais poder perceber B tal como ela realmente. Isso se torna impossvel pela barreira da subjetividade que,nesse esquema, est representada pela linha S. Quando tentamosconhecer quem B h ento um impedimento que nos bloqueia

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    e que no permite que seja acessado o interior de B. linha hori-zontal tracejada entre e B representa essa tentativa de acessoque interrompida, impedida.

    ontudo, mesmo sabendo que no atingimos quem o outro, inegvel que h relao social vivida entre as pessoas. Mas o queento conhecemos do outro? Ou, com quem estamos nos relacio-nando?

    resposta at bem simples. Nos relacionamos com as imagensque azemos dos outros. Logo, no se relaciona com B, massim com a imagem que az de B. a mesa orma, B no conhecee nem se relaciona com mas, igualmente, se relaciona com aimagem que az de . ssim, nos processos de interao vo

    sendo construdas imagens dos outros para ns. com estasrepresentaes subjetivas dos outros com quem ns convivemos.

    Quando tenta conhecer B, no consegue azer isso diretamente.O que ele ir conseguir, no mximo, criar uma imagem de B apartir da viso que ele orma de B. ssa imagem criada de B por o que no esquema estou chamando de B1.

    ssas explicaes cabem para a grande maioria das relaes quevivemos. epare por exemplo que, por esses entendimentos, no

    nos casamos ento com uma pessoa tal como ela , mas simcom a imagem que azemos dessa pessoa, a partir da perceposubjetiva que tivemos dela durante o perodo inicial que nos rela-cionamos. esumidamente, pode parecer estranho, mas segundoos processos de intersubjetividade, pode-se armar que os casa-mentos (ou qualquer outro tipo de relacionamento interpessoal,at mesmo os no aetivos) no se do entre pessoas, mas entreimagens construdas por elas a partir dos contatos e das trocas

    vividas. Ou seja, no se casa com B, mas com a imagem quetem de B. Igualmente, B no se casa com , mas com a imagemque ele ez de .

    O esquema representa tambm um outro aspecto importantedesse enmeno. certo que em um determinado momento darelao existente entre e B as imagens so construdas recipro-camente. Porm, estas imagens no so necessariamente eternas.Se, num primeiro momento da relao construmos B1, aps umcerto convvio poderemos construir uma nova imagem do outro,que ser B2, depois disso, com a intensicao dos contatos, do

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    convvio e da interao poderemos construir B3 e assim inde-nidamente. e modo idntico isso acontece com B para a cons-truo das imagens de que ormaro 1, 2, 3...

    Voc j deve ter ouvido rases do tipo: Eu me caseicom ele, mas ele no a pessoa que eu pensava. Euestava enganada, iludida por uma imagem que euconstru dele. Hoje eu sei quem ele realmente e eleno de verdade a pessoa que eu imaginava. Ele totalmente dierente e por isso no quero mais estarcasada com esse estranho!

    Se voc buscar compreender essa questo a partir dos conheci-

    mentos apresentados, algumas explicaes podero surgir e comelas talvez voc possa entender a complexidade dos comporta-mentos analisados pela psicologia.

    Observe quantas coisas coerentes existem no caso queoi dado como exemplo.

    Primeiramente, verdade que ela se casou com uma imagem eque oi ela a responsvel pela construo dessa imagem. Pode sercorreto tambm armar que podemos ter imagens dierentes daspessoas ao longo do tempo. Mas o grande equvoco da esposainsatiseita do nosso caso pode ser apresentado, luz da psico-logia, nos seguintes pontos:

    1. Muito provavelmente ele no deixou de ser a pessoa queela conhecia; a imagem que ela tem hoje dele que jno a mesma imagem que um dia ela construiu sobre omarido. Mudou de B1 para B2, por exemplo;

    2. la no estava enganada ou iludida por uma imagem,mas sim convivendo com a nica representao subjetivapossvel que ela tinha do marido. Imagem alis que elaconstruiu e com a qual escolheu se casar;

    3. O ato de ela ter hoje uma nova imagem dele, nosignica que ela agora sabe quem ele realmente . Nunca demais lembrar que essa outra representao nada mais

    do que uma nova imagem construda (um B2) e nuncaa pessoa realmente;

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    4. imagem que ela construiu dele s pde ser substi-tuda por uma nova porque nunca percebemos tudo, massomente uma parte do que nos mostrado em compor-tamento. Sendo assim, ela pode estar agora criando umaimagem a partir de coisas que ela antes no estava vendoou valorizando como comportamento do outro;

    5. interessante ainda destacar que ao se separar ela noestar rompendo uma relao com ele exatamente, mascom a imagem que agora ela tem dele e com a qual noest satiseita em seu relacionamento.

    Para refetir ento, responda duas perguntas.

    a) J que o conito parece no estar entre as pessoas,mas entre as imagens criadas, ser mesmo a separao,uma soluo para esta incompatibilidade de imagens,anterior (B1) e atual (B2), que ela tem?

    b) Se de ato esta no a imagem correta dele, masapenas a atualmente construda por ela, no caberiauma tentativa de reconstruir uma terceira (B3), que sejaprxima ou mais compatvel com a qual ela gostaria dese relacionar enquanto casal?

    Por ltimo, importante destacar tambm que nesses processosde compreenso sobre os enmenos de intersubjetividade, B no responsvel pela imagem que constri dele.

    Numa linguagem mais pessoal, perceba que a imagemque construmos dos outros em ns decorrente danossa percepo. Ela consequncia do olhar de quemv, com todos os seus ltros, valores, expectativas e

    modelos. Essas limitaes da percepo so eventosnaturais e esto associados tambm a tudo que ante-riormente nos reerimos quanto noo de cultura epersonalidade.

    Mas voc pode neste momento estar se perguntando de modobastante conuso:

    Quem pode eetivamente chegar at B, conhecer ver-

    dadeiramente quem B? Qual ser a nica pessoa quepode ver B, tal como ele realmente ?

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    Se por algum momento voc oi capaz de acreditar que a respostaseria o prprio B, ou seja, que a nica pessoa que pode conhecerB ela mesma, esquea. Voc est bastante enganado.

    Para desatar o n, reveja comigo.

    1. Se todos somos o resultado das inmeras imagens que osoutros azem de ns;

    2. Se estas representaes so imagens do que somos, eitaspelos outros e no ns mesmos;

    3. Logo, nos (re)conhecemos pelas imagens que os outrostem de ns.

    Sendo assim, acabamos por construir nossa prpria imagem apartir do pouco que podemos perceber das imagens que os outrosazem de ns. Ou seja, ningum (e nem voc mesmo) um diapoder conhecer verdadeiramente quem somos, o que realmentequeremos ou o que pensamos.

    Mas para que voc no pense que tudo isso uma grande loucurasem sada, quero dizer que na prtica isso o que az o nossoconvvio possvel. sse raciocnio, ao contrrio do que parece, notorna as coisas irreais, virtuais ou ilusrias. Se de alguma orma

    voc puder compreender que a imagem da pessoa com a qual nosrelacionamos real para ns e a nica que nos possvel visua-lizar, poder tambm entender que ela acabar se tornando maisreal do que aquela pessoa original (B). ssa pessoa verdadeira,que poderamos chamar de B0, alm de inacessvel por todos(inclusive por ela mesma) ento mais abstrata e irreal do quequalquer imagem que possa ser criada dela.

    Essa para refetir

    Eu no tenho mais a cara que eu tinhaNo espelho essa cara no minhaMas que quando eu me toquei, achei to estranhoA minha barba estava desse tamanhoSer que eu alei o que ningum ouvia?Ser que eu escutei o que ningum dizia?Eu no vou me adaptar...

    Parte da letra da msicaNo vou me adaptardo grupo Tits.

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    Realize , a seguir, as atividades de autoavaliao, observe os pontoscentrais da unidade, na sntese e aprounde seu conhecimento no espao

    saiba mais.

    Atividades de autoavaliao

    1. Para que voc possa avaliar o nvel de compreenso que tevedessa ltima seo, refita sobre os conhecimentos aqui traba-

    lhados e explique o modo como os processos de intersubjetivi-dade podem estar presentes nas relaes comportamentais dentrode uma organizao. nalise e descreva, por exemplo, que infu-ncia eles podem ter nos momentos de confitos e nas prticas deseleo de pessoal em gesto de pessoas.

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    2. Faa um resumo do que voc entendeu por comportamentohumano, destacando os principais enmenos que podem estarinseridos no contexto de estudo da psicologia. uma naseespecial na explicao do que subjetividade.

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    Para que voc tenha condies de avanar os seus estudos,dedique um tempo para refetir como est a sua compreenso docontedo tratado nesta unidade.

    Sntese

    Nesta unidade voc conheceu um pouco mais o que e comopodemos entender melhor o comportamento humano. Foi capazde perceber a complexidade das variveis que podem determinarnossas atitudes, como, por exemplo, a infuncia dos valores, das

    crenas, da histria de vida, da cultura e da personalidade.Viu tambm que, alm de sermos singulares em nossa existncia,nos relacionamos com os outros de maneira dinmica, mutvele, por isso mesmo, de modo relativamente imprevisvel. Isso consequncia, basicamente, do enmeno da subjetividade queest presente em todas as nossas ormas de interao com omundo.

    gora, voc j est mais bem preparado para entender as questes

    relacionadas com os comportamentos organizacionais citados naprimeira unidade e que sero estudados na prxima parte dessadisciplina.

    Saiba mais

    Muito dos conceitos e undamentos tericos que se conhecemhoje em psicologia organizacional vieram dos estudos pioneirosde Kurt Lewin. ste importante psiclogo europeu, radicadonos stados Unidos por conta das guerras mundiais do sculopassado, contribuiu j nas dcadas de 1920, 1930 e 1940 comsuas pesquisas sobre comportamento humano.

    Psicologia Social muito se utilizou das suas teorias para desen-volver as noes que hoje servem de suporte para as aplicaesprossionais nas organizaes. So creditados a ele, por exemplo

    os primeiros artigos sobre comportamento de grupos, sistemas

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    de comunicao entre pessoas e, principalmente, as deniesdo que e como gerenciar enmenos e estilos de liderana deequipes.

    Suas descobertas tiveram grande valor heurstico na comunidadecientca da poca, principalmente pela abordagem objetiva eo uso de uma linguagem muito prxima ao das cincias exatas.mpregando termos como valncia, vetor e resultante apresentoua sua eoria de ampo para explicar com diagramas, setas eesquemas grcos emprestados da sica os aspectos motivacio-nais do comportamento numa abordagem topolgica at entoindita para as cincias humanas.

    sta viso acabou tambm por dar incio s propostas tericas

    sobre dinmicas do comportamento atualmente conhecidas eamplamente empregadas nas tcnicas de dinmica de grupo.Inmeros oram os seus seguidores que ainda hoje desenvolveme empregam os princpios psicolgicos aplicados nas prticas dapsicologia organizacional.

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    Objetivos de aprendizagem Compreender o que comportamento organiza-

    cional

    Identicar competncias para um exerccio pros-

    sional Reconhecer tipos de comportamentos em ambientes

    de trabalho

    Sees de estudoSeo 1 A estrutura organizacional na perspectiva

    interdisciplinar da Psicologia e daAdministrao

    Seo 2 Bases estruturais do comportamentoorganizacional

    Seo 3 Alguns comportamentos organizacionais

    UNIDADE 3

    Comportamento organizacional 3

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    Para incio de conversa...

    Na unidade anterior o oco do estudo era o comportamentohumano. Nesta unidade, a ateno estar voltada para o compor-

    tamento organizacional. importante que voc, ao nal destaparte, consiga entender e dierenciar essas duas estruturascomportamentais.

    perspectiva interdisciplinar da psicologia e da adminis-trao ser importante para que voc compreenda a dimensodos contedos tratados na primeira seo. segunda seo irabordar de que maneira podemos entender um comportamentoorganizacional. Voc ver tambm as caractersticas e compe-tncias para exerccios prossionais. terceira e ltima seo

    permitir que voc aprounde os seus conhecimentos sobrecomportamentos que costumam despertar interesse na rea.specicamente, voc ir estudar sobre liderana, poder, situaesde cooperao e competio nos ambientes de trabalho.

    Para ter mais dinamicidade nesta unidade importante que vocresponda s perguntas e refexes, bem como realize as atividadesde autoavaliao propostas, no momento que elas orem solici-tadas.

    SEO 1A estrutura organizacional na perspectivainterdisciplinar da Psicologia e da Administrao

    Voc deve se lembrar que a primeira unidade dessa disciplinadestacar que comportamentos organizacionais podem sercompreendidos de ormas e dimenses dierentes. J naquela

    parte, voc pde perceber que existe um componente do compor-

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    tamento que pode estar voltado para o contexto humano, seja eleindividual ou coletivo. Isso oi exatamente o que voc estudouna unidade anterior. Porm, as maniestaes comportamentaistambm podem estar relacionadas complexidade das organiza-es.

    Quando voc estudou de micro, meso e macro comportamento,chamvamos sua ateno para o ato de que no so apenasos comportamentos das pessoas que compem o cenrio deinteresse de estudo da psicologia organizacional. Bem mais queisso, h tambm esse aspecto do comportamento que no deningum especicamente mas que acaba por construir uma novaestrutura que se maniesta como uma organizao.

    No h dvidas que as pessoas tm os seus comportamentos nosmomentos de trabalho e que estes estejam constantemente sendoinfuenciados pela cultura, subjetividade e personalidade de cadaum, conorme voc estudou.

    importante destacar, no entanto, que no basta quepessoas estejam num mesmo ambiente trabalhandopara que se tenha uma estrutura denominada organiza-o. Verdadeiramente, o contexto que caracteriza uma

    organizao bem mais complexo e capaz de geraruma dinmica coletiva que sedierencia bastante da simplessoma do comportamento de cadaum dos seus integrantes.

    ada pessoa, no desempenho de seu papel prossional, acaba porcumprir e estabelecer um conjunto de regras e contratos impl-citos e explcitos de comportamentos. Os grupos e equipes detrabalhos vo se denindo e identicando segundo essas carac-

    tersticas comuns. ssim, o processo de construo de uma orga-nizao, no sentido psicolgico, no muito dierente do queacontece na ormao do ser humano. Nela tambm estaropresentes as infuncias e atores internos e externos que vocestudou nas unidades anteriores.

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    O que necessrio para termos uma organizao?

    Nada mais undamental que entender o que uma organizaopara que se possa estudar adequadamente psicologia das orga-

    nizaes. ontudo, observe que o conceito de organizao no um consenso muito simples entre os autores da rea. Porm,h uma orte tendncia para a explicao de que organizao muito mais que uma mera reunio de pessoas num ambiente detrabalho.

    lguns autores destacam na denio de organizao a necessi-dade de uma estrutura empresarial gerenciada. Outros, acentuama importncia de objetivos comuns na produo do trabalho deum grupo. viso que nos parece mais plausvel est baseada naconcepo de que:

    Organizao uma estrutura complexa que integra deorma dinmica um sistema inter-relacional compostode pessoas, trabalho e instituio.

    Veja a seguir um pouco mais sobre cada um dos elementoscitados nesta denio.

    O nome Instituio muitas vezes utilizado como sinnimo deempresa, rma e at mesmo organizao. Porm, importanteressaltar que neste contexto, instituio limita-se ao ambienteonde se podem exercer determinadas atividades prossionais.ste ambiente pode ter a dimenso de um espao sico ou no.Ou seja, no estamos aqui restringindo a noo de que uma insti-tuio apenas o local onde se trabalha, mas a estrutura sica,logstica e operacional de um espao de produo. o elementomais prximo do que conhecemos como pessoa jurdica.

    oncreta na perspectiva de uma existncia social, mas abstrata naexata visualizao de sua aparncia.

    s pessoas representam o ator humano das organizaes. Soelas que dinamizam e tornam possvel toda e qualquer orma deproduo de um bem ou servio. Mesmo que voc tenha pensadoneste momento que muitas organizaes esto se automati-zando em complexos processos de robotizao, nunca demaislembrar que estas mquinas, alm de inicializadas, so operadase mantidas em pereito uncionamento por prossionais. Um

    grande parque industrial, com toda sua moderna estrutura de

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    Unidade 3

    equipamentos, quando est em recesso, greve ou eriado perdejustamente esta concepo dinmica de vida que emprestadapelas pessoas em atividade.

    Logo, esquea denitivamente a remota ideia de queuma organizao pode se constituir sem a presena degente.

    Observe que voc est caminhando para a concluso de queuma organizao s comear a existir se uma instituio puderoerecer trabalho para pessoas. a mesma orma, pode-se dizerque s existir vnculo entre pessoas e instituies se entre elas

    houver esse componente de integrao que o trabalho.

    Ento, o conceito de organizao est bastante depen-dente do elemento trabalho, tendo em vista que ele o motivo que az com que as pessoas procurem umainstituio, ao mesmo tempo em que a orma queestas conseguem atrair os prossionais interessados emdesempenhar suas atividades laborais.

    ntes de iniciar o estudo sobre o componente rabalho nocontexto das organizaes, realize uma atividade bem simples.No deixe de az-la neste momento, pois ela ser importantepara as refexes a seguir.

    Nas poucas linhas abaixo, aa uma brevssima apresentao dequem voc . screva pelo menos trs coisas a seu respeito, quepermitam s pessoas identicar caractersticas tuas.

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    Para que o exerccio alcance o objetivo desejado, complementea sua autoapresentao na erramenta Meu Perl do ambiente

    virtual dessa disciplina e leia a apresentao dos seus colegas. Sehouver oportunidade, pea a pelo menos uma outra pessoa queest prxima a voc para que se apresente tambm. No precisaser nada muito longo. Basta uma pequena apresentao. Somentedepois desta atividade passe para a parte seguinte desta seo.

    Voc j leu o perl de seus colegas? Se sim, ento analise agorao que h de comum entre a maioria deles. Muito provavelmente

    voc e os seus colegas devem ter se apresentado dizendo sobre aprosso de vocs, o atual emprego ou o local onde trabalham.aros sero os exemplos em que esta parte no estar presente na

    apresentao de cada um que tenha eito a atividade solicitada. por que ser que quase todos zeram isso?

    resposta no dicil. companhe o texto a seguir sobre esseimportante componente das organizaes chamado Trabalho..

    O Trabalho ganhou uma dimenso na nossa atual socie-dade como nunca oi visto em nenhuma outra era na his-tria da existncia humana. Se recussemos alguns sculos

    e perguntssemos a algum quem ele era, com grandeacilidade ouviramos o nome completo com sobrenomes,identicando assim a amlia a que pertencia a pessoa.Isto porque estvamos na poca em que a grande maioriados cidados eram reconhecidos pela descendncia quetraziam. Um sobrenome, principalmente se importante,mostrava-se suciente para que toda uma sociedadesoubesse de quem se tratava. Quem no tinha expressosocial, nem mesmo possua sobrenome. Ouviramos respos-tas orgulhosas do tipo: Sr. Hlio Ferraz Prado de Almeidae Couto. Ou ento, Senhora Catarina Siqueira Mendes deArajo Porto.

    Ainda em longes dcadas, a mesma pergunta talvez osserespondida com um nome (provavelmente completo)seguido de um bem, patrimnio, riqueza, propriedadeou qualquer outra posse material que o distinguisse napopulao. Neste perodo mais recente, valorizava-se commais destaque o que as pessoas possuam, de orma rela-tivamente independente da importncia e do respeitoherdados quase que geneticamente. Ento, os exemplos deapresentao seriam: Sr. Alexandre Nbrega, proprietrioda azenda Ouro Verde. Ou ainda, Senhora Helena Coimbra,utura herdeira da granja Dourados.

  • 8/22/2019 [1760]Psicologia Nas Organizacoes

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    Psicologia nas Organizaes

    Unidade 3

    Em nossa poca atual ato que a sociedade cresceu deorma desmedida. Mal conhecemos o nome de nossosvizinhos, que dir os sobrenomes amosos da cidade. Jno h como distinguir as pessoas pelas propriedades que

    detm, visto que muitos sequer possuem qualquer tipode bem, patrimnio ou so donos da prpria casa humildeque residem.

    Somam-se a esses processos histricos as grandes trans-ormaes culturais advindas da revoluo industrial, docapitalismo e de outros marcos, chegaremos aos dias dehoje onde aquilo que mais nos identica num grupo social o trabalho que temos. Com eeito, a atividade prossionalque exercemos, a ormao tcnica, o emprego ao qualnos vinculamos ou a instituio em que possumos algumcontrato de regime trabalhista constitui-se o nosso maior

    reerencial de identidade social.

    Voltemos questo: omo oi que voc se apresentou? Provavel-mente, como muito de seus colegas, dizendo o seu nome, seguidoimediatamente daquilo que az, onde trabalha, o cargo que ocupaou a empresa na qual exerce sua prosso. aso voc ainda notrabalhe, no exera uma atividade prossional, deve ter dito que

    estudante. Isso de alguma orma, j representa uma expressode identidade relacionada a uma ocupao.

    O ponto mais importante desta discusso est justamente naideia de que hoje nos identicamos por aquilo que azemos.Quando nos apresentamos, ou mesmo quando somos apre-sentados por algum, o comum dizermos o nome e a nossaprincipal ocupao. m alguns casos percebe-se at mesmo aprosso, o ttulo ou o cargo vindo antes do nome da pessoa. Noso raras as situaes em que ouvimos rases como: este Major

    viador Marcio; esta a doutora eise, pediatra do HospitalInantil; Quero lhe apresentar o outor sar, advogado daBraspetro.

    Mas no por acaso que o rabalho ocupou esta dimenso emnossas vidas. Se voc parar para computar, ir vericar que suasatividades prossionais ocupam mais tempo do que qualqueroutra uno social. Includos os tempos de preparos pessoais,deslocamentos e jornadas eetivas, dedicamos ao nosso trabalhomuito mais da metade das horas que estamos acordados durante

    o dia.

    Voc tambm j deve ter vivido

    as constrangedoras situaes

    que aps uma apresentao

    ormal lembrou-se com acilidade

    a prosso de algum e no

    recordou o nome de quem lhe oi

    recm apresentado. Ser que voc

    recordaria agora com mais acilidade

    do nome, ou das atividades dos

    colegas que se apresentaram no

    exerccio

    on-line?

  • 8/22/2019 [1760]Psicologia Nas Organizacoes

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Na prtica voc convive com colegas de trabalho mais do quecom teus prprios amiliares e amigos.

    Mas se o trabalho ocupa todo este espao nas rotinas dirias,

    natural que ele se transorme na representao da identidadeindividual. nal, estamos mais envolvidos com o que azemosprossionalmente do que qualquer outra coisa. natural,portanto, pensar que somos mais essa identidade do que outracom a qual nos envolvemos em menor quantidade. Ou seja,acabamos por nos constituirmos na exata representao do quemais azemos. o que mais azemos nos dias de hoje, seno oexerccio do papel social de trabalhadores?

    Para refetir

    Do ponto de vista psicolgico esta discusso podeser estendida para uma questo ainda mais prounda.Acompanhe o raciocnio. Se somos reconhecidos poraquilo que azemos, ou seja, se a sociedade nos iden-tica pelo trabalho que temos, as pessoas que nopossuem trabalho perdem a possibilidade de teremuma identidade social com a qual seja reconhecida elembrada. Se no podem ser identicadas, distinguidasou mesmo reconhecidas, podemos alar ento que osatuais desempregados passam por uma crise que no

    apenas de identidade, mas tambm existencial. Paramuitos, o ato de no ter um emprego, de no ter essaespcie de sobrenome social que o trabalho, mobi-liza muito mais do que uma crise nanceira ou amiliar.Tenho dito com certa requncia que a psicologia e ospsiclogos (clnicos e organizacionais) tm descuidado devida assistncia prossional que estes cidadosdesempregados merecem.

    Sobre o elemento rabalho na estrutura das Organizaes

    importante perceber a exata dimenso que tem este componenteno