16 gradim foro-fecies

18
+ O PAPEL DA PUBLICAÇÃO NA AVALIAÇÃO DOS DOCENTES DAS UNIVERSIDADES PORTUGUESAS Anabela Gradim 1 , Joaquim Paulo Serra 2 Universidade da Beira Interior A Universidade portuguesa está em mudança há vários anos, de forma mais evidente desde 2007, quando se iniciou no país a adaptação da oferta formativa ao processo de Bolonha, passando pela publicação do RJIES Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior, que além de promover tais adequações, implicaria um profundo processo de reorganização institucional, sem paralelo na universidade desde as transformações ocorridas em 1974. Entre as alterações mais significativas contam-se a criação de Conselhos Gerais abertos a figuras fora da comunidade, com a missão de eleger e fiscalizar as actividades do reitor, cujos poderes aumentam, e que deixa de ser escolhido por voto directo da comunidade académica, como até então. Em Agosto de 2009, o novo Estatuto de Carreira Docente Universitária é o culminar deste edifício legislativo, a cujos efeitos a maioria das instituições se estão ainda a adaptar. No seu artigo 74º, explicitando uma menção já do RJIES, o ECDU determina que «os docentes estão sujeitos a um regime de avaliação do desempenho constante de regulamento a aprovar por cada instituição de ensino superior», devendo a avaliação periódica realizar-se «pelo menos de três em três anos», e tendo como responsável máximo pelo processo o reitor da instituição. É precisamente neste ponto do processo que se encontram a maioria dos estabelecimentos de ensino superior portugueses. Depois da adequação ao novo regime jurídico, tratam da criação e aplicação dos seus regimes de avaliação do desempenho docente. Até ao momento, entre universidades, faculdades e politécnicos, já foram publicados em Diário da República cerca de 44 regulamentos de avaliação, os primeiros datados de Julho de 2010, e os últimos de Maio de 2012 (FBAUP e Universidade do Minho); sendo que lista aumentará certamente durante o corrente ano, pois a conclusão do processo entre os politécnicos ainda não está terminada. O nosso estudo centra-se sobre o papel da publicação académica nos regulamentos de avaliação dos docentes das universidades públicas portuguesas. Quinze instituições já publicaram os seus regulamentos, a maioria em documento único, e uma minoria com regulamentos por escola ou faculdade. Por se tratar de uma realidade tão recente, a apreciação comparativa destes regulamentos está por fazer, nomeadamente no que aos critérios, peso e significado das publicações académicas em cada um deles diz respeito. Em Portugal, na última década, a publicação de trabalhos em revistas indexadas aumentou exponencialmente, mas não em todas as áreas. Pretende-se com este trabalho testar a hipótese de que a importância das publicações académicas na generalidade dos regulamentos é elevada, por comparação com outro elementos de avaliação (ensino/capacidade pedagógica/tarefas de administração, etc); e que este aspecto tenderá no 1 . [email protected] 2 . [email protected]

Upload: jose-manuel-silva

Post on 23-Dec-2015

219 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Avaliação docente no ensino superior

TRANSCRIPT

+

O PAPEL DA PUBLICAÇÃO NA AVALIAÇÃO DOS DOCENTES

DAS UNIVERSIDADES PORTUGUESAS

Anabela Gradim1, Joaquim Paulo Serra

2

Universidade da Beira Interior

A Universidade portuguesa está em mudança há vários anos, de forma mais evidente

desde 2007, quando se iniciou no país a adaptação da oferta formativa ao processo de

Bolonha, passando pela publicação do RJIES – Regime Jurídico das Instituições de Ensino

Superior, que além de promover tais adequações, implicaria um profundo processo de

reorganização institucional, sem paralelo na universidade desde as transformações ocorridas

em 1974. Entre as alterações mais significativas contam-se a criação de Conselhos Gerais

abertos a figuras fora da comunidade, com a missão de eleger e fiscalizar as actividades do

reitor, cujos poderes aumentam, e que deixa de ser escolhido por voto directo da comunidade

académica, como até então.

Em Agosto de 2009, o novo Estatuto de Carreira Docente Universitária é o culminar

deste edifício legislativo, a cujos efeitos a maioria das instituições se estão ainda a adaptar.

No seu artigo 74º, explicitando uma menção já do RJIES, o ECDU determina que «os

docentes estão sujeitos a um regime de avaliação do desempenho constante de regulamento a

aprovar por cada instituição de ensino superior», devendo a avaliação periódica realizar-se

«pelo menos de três em três anos», e tendo como responsável máximo pelo processo o reitor

da instituição.

É precisamente neste ponto do processo que se encontram a maioria dos

estabelecimentos de ensino superior portugueses. Depois da adequação ao novo regime

jurídico, tratam da criação e aplicação dos seus regimes de avaliação do desempenho

docente. Até ao momento, entre universidades, faculdades e politécnicos, já foram

publicados em Diário da República cerca de 44 regulamentos de avaliação, os primeiros

datados de Julho de 2010, e os últimos de Maio de 2012 (FBAUP e Universidade do Minho);

sendo que lista aumentará certamente durante o corrente ano, pois a conclusão do processo

entre os politécnicos ainda não está terminada.

O nosso estudo centra-se sobre o papel da publicação académica nos regulamentos de

avaliação dos docentes das universidades públicas portuguesas. Quinze instituições já

publicaram os seus regulamentos, a maioria em documento único, e uma minoria com

regulamentos por escola ou faculdade. Por se tratar de uma realidade tão recente, a

apreciação comparativa destes regulamentos está por fazer, nomeadamente no que aos

critérios, peso e significado das publicações académicas em cada um deles diz respeito.

Em Portugal, na última década, a publicação de trabalhos em revistas indexadas

aumentou exponencialmente, mas não em todas as áreas. Pretende-se com este trabalho testar

a hipótese de que a importância das publicações académicas na generalidade dos

regulamentos é elevada, por comparação com outro elementos de avaliação

(ensino/capacidade pedagógica/tarefas de administração, etc); e que este aspecto tenderá no

1. [email protected]

2. [email protected]

futuro a fazer aumentar o número de publicações dos investigadores portugueses e a sua

internacionalização.

Estudos Superiores em Portugal

O panorama do ensino superior em Portugal é vasto e diversificado, para um país com

uma população estimada em 10 milhões e 580 mil indivíduos3, distribuídos por um território

de 92 mil quilómetros quadrados, incluindo os arquipélagos dos Açores e Madeira.4

A rede de ensino superior portuguesa conta com 15 universidades públicas, segundo

dados do CRUP – Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, órgão a que pertence

ainda a Universidade Católica (escola privada). São elas as universidades Aberta, dos Açores,

Algarve, Aveiro, Beira Interior, Coimbra, Évora, ISCTE, Lisboa, Madeira, Minho, Nova,

Porto, Técnica de Lisboa, e Trás-os-Montes e Alto Douro.

O Ensino Politécnico, por seu turno, congrega 34 escolas, entre Politécnicos Públicos,

e Escolas Superiores Integradas e não Integradas, segundo dados do CCSISP – Conselho

Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, órgão de representação conjunta dos

estabelecimentos de ensino públicos que se revestem daquela natureza jurídica. Aos 15

Politécnicos existentes (Beja, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria, Lisboa,

Portalegre, Santarém, Setúbal, Tomar, Viana, Viseu, Cavado e Ave, e Porto), há ainda a

somar cinco escolas não integradas (Hotelaria e Turismo do Estoril, Náutica Infante D.

Henrique, Enfermagem de Coimbra, Lisboa e Porto), e 14 escolas, a maioria de enfermagem

ou saúde, integradas em universidades.

No ensino Superior privado o panorama é ainda mais diversificado, sendo possível,

segundo a APESP – Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado, contabilizar 84

escolas, embora algumas pertençam aos mesmos grupos económicos e partilhem parte da

denominação.

Se considerarmos que algumas destas instituições, bem como alguns politécnicos

públicos, e até universidades (casos do Minho ou Algarve), têm pólos ou campi em cidades

diferentes, facilmente se conclui que a rede de ensino superior em Portugal recobre com

extraordinária eficiência a totalidade do território, e que praticamente não há cidade de média

ou pequena dimensão que não possua algum tipo de oferta formativa no superior.

Em 2011 ingressaram no Ensino Superior 131.508 estudantes, 28.600 dos quais no

ensino privado. No mesmo ano, o total de estudantes a frequentar o superior era de 396.268, e

desses menos de um quarto, 88.290, a frequentar o ensino privado.5

Como se pode verificar no quadro seguinte, o número de matriculados no ensino

público começa a subir no início dos anos 90, num processo de crescimento que é

acompanhado pelos estabelecimentos privados na primeira década. A partir de 1999 a

tendência altera-se e o crescimento do ensino público é simultaneamente seguido por um

decréscimo dos estudantes a frequentar o ensino privado, parecendo fazer-se à custa deste.

3. Cf. Pordata – Base de Dados Portugal Contemporâneo, Fundação Francisco Manuel dos Santos,

www.pordata.pt, acedido a 09 de Junho de 2012. 4. http://www.indexmundi.com/

5. Dados extraídos da Pordata – Base de Dados Portugal Contemporâneo.

Por subsistema de ensino, é o universitário que concentra o grosso dos estudantes.

Dos 396 mil matriculados, 142,6 mil pertenciam ao politécnico, enquanto 253,5 mil

frequentavam o ensino universitário, como se pode verificar em números, na seguinte tabela:

Ou avaliar a evolução a partir do gráfico:

Em face destes dados é fácil perceber que a situação que se verifica hoje em Portugal

é de excesso de oferta no sistema público e privado, com cerca de 13% de vagas sobrantes, e

uma taxa de ocupação de 69,79%.6 Não admira pois que quer a tutela, quer os responsáveis

pelas instituições, venham falando em reorganização da rede – o que não significa que

partilhem o mesmo entendimento sobre o que isso poderá significar.

Dada a extensão da rede de ensino superior em Portugal, o facto de o processo dos

regulamentos de avaliação ainda não estar terminado no politécnico, e também de o ensino

universitário representar perto de dois terços do mercado, o nosso estudo sobre o papel da

publicação nos regulamentos de avaliação centra-se unicamente nas universidades

portuguesas. Note-se ainda que apesar de todas as universidades possuírem regulamento de

avaliação, nos casos em que este remete para a criação de regimes especiais por faculdade, o

processo está longe de concluído, ie, há faculdades que ainda não possuem os seus

regulamentos, e outras em que, possivelmente por razões estatutárias (autonomia das

unidades orgânicas), os regulamentos por escola são homologados pelo reitor e não chegam a

ser publicados em Diário da República. Seis universidades encontram-se neste grupo dos que

optam por regulamentos diferenciados. Este trabalho ignora esses factores e centra-se

unicamente nos 15 regulamentos comuns de cada uma das academias.7

6. Dados de um estudo do CRUP veiculados na comunicação social. Jornal Público, 02.06.2012.

7. Embora houvesse um interesse óbvio em trabalhar esses regulamentos, desagregando os dados por área

científica, além de ser praticamente impossível aceder à documentação, nos casos em que falamos de

regulamentos internos; a uma média de 5 escolas por universidade, seriam mais 30 regulamentos para comparar,

entre si, e uns com os outros.

REGULAMENTOS DE AVALIAÇÃO NAS UNIVERSIDADES PORTUGUESAS

Universidade

Web

Data de

publicação

do

regulamento

Regula-

mento

único

Regulamento

por

Faculdades

Período de

avaliação

Vertentes

avaliadas

Menções

possíveis

UA -

Universidade

Aberta

www.uab.pt

03 de

Fevereiro de

2010 /

(Reg. de

avaliação do

período

experimental)

Sim

Não

Duração do

respectivo

período

experimental

Investigação,

criação cultural ou

desenvolvimento

tecnológico;

Docência e

orientação;

Extensão

universitária;

Gestão Académica;

Outras tarefas;

Cinco:8

Sem

actividade

Indadequado

Adequado

Bom

Muito Bom

Excelente

Universidade

dos Açores

www.uac.pt

20 de

Setembro de

2010

Sim

Não

“Pelo menos

de três em

três anos”

Docência;

Investigação;

Extensão;

Gestão

Universitária;

Não

relevante

Bom

Muito

Bom

Excelente9

Universidade

do Algarve

www.ualg.pt

16 de

Dezembro de

2010

Não

Sim. A definir

por

regulamento

interno das

unidades

Orgânicas,

homologado

pelo Reitor.

Por triénio

Ensino

Investigação

Extensão

Gestão

Excelente

Relevante

Regular

Insuficient

e

Universidade

de Aveiro

www.ua.pt

16 de Agosto

de 2011

Sim

Não

Por triénio

Ensino

Investigação

Extensão

Gestão

Excelente

Muito

Bom

Bom

Inadequad

o

Universidade

da Beira

Interior

www.ubi.pt

20 de

Novembro de

2010

Sim

Não

Por triénio

Investigação

Ensino

Transferência de

Conhecimento

Excelente

Muito

Bom

Bom

8. Na UA as menções aplicam-se a cada uma das vertentes, e não ao resultado final da avaliação. Este, e trata-se

de um regulamento apenas para avaliação do período experimental, expressa-se nos pareceres subscritos pelos

catedráticos. 9. O Conselho Científico, ouvido o Conselho Pedagógico, define, para cada área, a pontuação mínima para as

menções de cada uma das vertentes.

Gestão Não

relevante

Universidade

de Coimbra

www.uc.pt

05 de Maio

de 2010

Sim

Não

De três em

três anos

Investigação

Docência

Transferência de

Conhecimento

Gestão

Excelente

Muito

Bom

Bom

Não

Relevante

Universidade

de Évora www.uevora.pt

12 de Janeiro

de 2011

Sim

Não

Por triénio

Ensino

Investigação

Extensão

Universitária

Gestão

Universitária

Excelente

Relevante

Adequado

Inadequad

o

ISCTE –

Instituto

Superior de

Ciências do

Trabalho e

da Empresa

www.iscte.pt

02 de

Novembro de

2010

Sim

Não

De três em

três anos

Investigação

Ensino

Gestão

Universitária

Transferência de

Conhecimento

Inadequad

o

Suficiente

Bom

Muito

Bom

Excelente

Universidade

de Lisboa

www.ul.pt

27 de Junho

de 2011

Sim

Não

Por triénio.

Excepcionalme

nte pode ser

solicitada

avaliação

anual.

Investigação

Ensino

Serviço à

universidade

Extensão

Universitária

Excelente

Relevante

Suficiente

Insuficient

e

Universidade

Web

Data de

publicação

do

regulamento

Regula-

mento

único

Regulamento

por

Faculdades

Período de

avaliação

Vertentes

avaliadas

Menções

possíveis

Universidade

da Madeira

www.uma.pt

08 de Junho

de 2010

Sim

Não

Periodicidade

trienal,

coincidindo o

início e o fim

do período

com o início e

fim de anos

civis.

Actividade

pedagógica

Investigação,

desenvolvimento

e inovação

Serviço à

Universidade

Serviço à

sociedade

Desenvolviment

o individual

Excelente

Muito

Bom

Bom

Adequado

Inadequad

o

Universidade

do Minho

www.uminho.pt

18 de Junho

de 2010

Não

Regulamento

por Unidade

Orgânica, a

homologar

pelo reitor.

De três em

três anos

Investigação

Ensino

Extensão

Universitária

Gestão

Universitária

Excelente

Relevante

Regular

Insuficient

e

Universidade

Nova de

Lisboa

www.unl.pt

16 de Agosto

de 2010

Não

Sim:

FCSH -

01.2012/

ISEG – 08.2011

ITQB –

06.2011

Uma vez a

cada três

anos, sem

prejuízo de

monitorização

anual

Docência

Investigação

Científica

Tarefas

Administrativas

e Gestão

Académica

Extensão

Universitária

Avaliação

positiva

expressa

em escala

de três

posições;

Avaliação

negativa

com uma

posição

Universidade

do Porto

www.up.pt

10 de Agosto

de 2010

Não

Sim:

FBAUP –

05.2012,

Suspenso

Direito –

01.2012

FEUP –

04.2012

FLUP –

02.2011

FMUP –

05.2011

FMDUP –

11.2011

Primeira

avaliação em

2011,

referente ao

ano de 2010.

Após esta,

será

estabelecida a

periodicidade

para os anos

seguintes.

Investigação

Transferência de

conhecimento

Gestão

universitária

Mérito

Artístico

(facultativo,

para Unidades

orgânicas com

forte

componente

artística)

Excelente

Relevante

Suficiente

Inadequad

o

UTL –

Universidade

Técnica de

Lisboa

www.utl.pt

11 de

Fevereiro de

2010

Não

Sim:

FMVet –

04.2010

FMH – 12.2010

IST – 03 e 07

-2010

ISCSP -

06.2010

De três em

três anos

Ensino

Investigação

Extensão

Gestão

Excelente

Muito

Bom

Bom

Inadequad

o

UTAD –

Universidade

de Trás-os-

Montes e

Alto Douro

www.utad.pt

30 de

Dezembro de

2011

Não

Prevê um

regulamento

específico de

avaliação dos

docentes de

cada escola, a

homologar

pelo reitor.

Por triénio

Ensino

Investigação

Extensão

Gestão

Excelente

Muito

Bom

Bom

Inadequad

o

AS PUBLICAÇÕES NOS REGULAMENTOS DAS UNIVERSIDADES LUSAS

Universidade

Peso relativo

das vertentes

Parâmetros

da vertente

investigação

Tipo de

publicações

consideradas

Valorização

das

publicações

por tipo

Valorização

das citações

e

consideração

do número

de autores

Valorização

do IF ou

Article

Influence

Score ou

SNIP

www.uab.pt

Investigação –

40 a 50%

Docência – 30 a

40%

Extensão, Gestão

e Outras Tarefas

– não superior a

10%

Publicação é um

de entre 4

aspectos que

compõem a

vertente.

Actividades

avaliadas por

ponderação por

dois

catedráticos da

área científica.

Livros,

capítulos de

livros, artigos

em revistas

com e sem

referee, actas

com refere,

publicações sem

arbitragem.

Por ponderação

dos catedráticos,

utilizando “as

melhores e mais

exigentes

práticas” e

“considerando as

especificidades”

da área

Aplicar critérios

bibliométricos

em uso na área

sujeitando-os a

avaliação

crítica.

Não pode ser o

único,

tendencialmente

não o

predominante,

critério de

avaliação.

Idem.

www.uac.pt

Coeficiente

definido pelo

Conselho

Científico:

Docência – 0,25

a 0,75

Investigação –

0,25 a 0,75

Extensão – 0 a

0,25

Gestão – 0 a

0,25

Publicação é um

de três aspectos

que compõem a

vertente,

juntamente com

Visibilidade e

Reconhecimento;

e Gestão

Cientifica

Livro, capítulo

de livro, artigo

(em revista ou

actas), outras

publicações.

Participação em

livros ou

revistas como

editor.

Artigos A (com

arbitragem):

coeficiente 2;

Artigo B (sem

arbitragem):

coeficiente 1,5;

Livro Integral:

coeficiente 5;

Livro, como

editor: coeficiente

2;

Outras

publicações: a

definir pelo

conselho científico

Não

Não

www.ualg.pt

Investigação –

até 60%

Ensino – até

60%

Extensão – até

30%

Gestão – até

30%

Regime definido

em sede de

regulamentação

interna das

unidades

orgânicas, após

homologação

reitoral

Idem

Idem

Idem

Idem

Ensino – até

60%

Publicação,

coordenação e

Publicação e

edição de livros,

Revistas tipo A,

B e C definidas,

Sim

Sim

www.ua.pt Investigação –

20 a 60%

Extensão – 20 a

60%

Gestão –

Aux. e

Assistentes: 0 a

30%;

Agregados e

Associados: 5 a

40%;

Catedráticos: 10

a 50%; cargos

com exercício em

exclusividade: 30

a 100%

participação em

projectos,

submissão de

candidaturas a

projectos,

criação artística

e cultural,

reconhecimento

da comunidade.

capítulos de

livros, artigos

em revistas e

actas de

conferencias.

Traduções de

livros

científicos,

tecnológicos ou

literários.

por área, pelo

Conselho

Científico.

Científico pode

validar até 5

conferências para

integrar

publicação tipo A,

e 10 para B.

www.ubi.pt

Conselho

Científico fixa

valores de

referencia dos

diferentes

componentes, e

para acesso a

cada posição de

classificação, em

intervalo definido

pelo Conselho

Coordenador de

Avaliação.

Científico fixa

factor de

Qualificação da

Vertente, entre

0,95 e 1,05.

Produção

científica,

cultural ou

tecnológica;

Coordenação e

participação em

projectos

científicos;

Reconhecimento

pela comunidade

Livros,

capítulos de

livros, artigos

indexados às

bases de dados

ISI e Scopus;

outros artigos

indexados; actas

de congressos

internacionais

Publicações têm a

pontuação base:

Livro 1,5;

Capítulo 0,5;

Artigos ISI e

Scopus 1; Outros

artigos em bases

de dados a definir

pelo Científico, 1;

artigos em

conferências,

0,25.

Sim, em

factores

acrescentados à

pontuação base.

Sim, em

factores

acrescentados

à pontuação

base.

www.uc.pt

Conselho

científico da

unidade orgânica

decide factores e

pontuação para

determinação do

resultado da

vertente.

Científico decide

se aplica avaliação

qualitativa,

executada por

painel que fixa

para cada

vertente factor

Investigação

científica,

criação cultural

e artística,

desenvolvimento

tecnológico,

reconhecimento

pela comunidade

e coordenação

de projectos

científicos.

Livro, capítulos

de livros,

Revistas tipo

A, B e C a

definir pelo

Científico da

Unidade

Orgânica; Actas

de conferências

de tipo A e B,

a definir pelo

Científico da

Unidade

Orgânica.

Livro, 4 + até *2

por decisão do

CC; Edição de

Livro, 1 + até *2;

Capítulo de Livro,

idem; Artigo em

revista, idem;

Edição de número

especial de

revista, 0,5 +

até *2; Outras

publicações, 0,1 +

até *20, por

decisão do

Conselho

Sim. Conselho

Científico da

Unidade

Orgânica decide

o factor de

ponderação.

Possível,

dentro das

regras fixadas

pelo Conselho

Científico.

Conselho

Científico

pode

construir

indicadores de

citação

específicos

para cada

área, com

dados,

entre os 0,75 e

1,5. Decide ainda

sobre a não

utilização de

indicadores.

Científico. “citações”,

providenciados

pelos

docentes.

Admite

citações fora

de ISI ou

Scopus.

www.uevora.pt

A definir por

despacho reitoral.

As contribuição

das vertentes

Extensão e

Gestão não pode

ultrapassar 50%

do resultado final

(artº 10º).

Produção

científica,

cultural ou

artística

Reconhecimento

pela comunidade

Coordenação e

participação em

projectos

Dinamização da

actividade

científica,

cultural ou

artística

“Os indicadores,

pontos base e

factores de

ponderação,

bem como os

correspondentes

instrumentos

de avaliação são

estabelecidos

por despacho

do Reitor...”

(artº 9º)

Idem

Idem

Idem

www.iscte.pt

O Reitor fixa

pon- tuação

mínima a ser

atingida no

triénio. A

pontuação

mínima

“reflecte-se em

objectivos

específicos nas

várias vertentes

na percentagem

acordada com

cada docente

quando da

distribuição de

serviço docente”,

ie, decorre do

“perfil” do

docente.

Painel de

Avaliadores,

facultativo,

atribui factor

entre 0,75 e

1,25, a cada

vertente.

Actividades de

investigação

científica,

criação cultural

e artística ou

desenvolvimento

tecnológico.

Produção

científica,

reconhecimento

pela

comunidade,

coordenação de

grupos de

investigação e

de projectos

científicos.

Artigos em

revistas

indexadas;

artigos em

revistas com

peer review;

autoria de livro

com e sem

revisão

científica;

coordenação

editorial de

livro; capítulo

de livro; actas

de conferência;

verbete/entrada

em obra de

referência;

relatórios.

As pontuações

base de cada um

dos tipos de

publicação variam

consoante o

Departamento, e

consequentemente

consoante a área

científica.

Sim. Citação

registada,

excluindo auto-

citação = 1;

Número de

autores: 1º -

100% da

pontuação, 2º

- 80%, 3º –

70%, 4º -

60%, 5ª e

seguintes –

50%.

Ponderador

para Factor

de Impacto

de revistas.

www.ul.pt

Cada docente

define o seu

perfil para o

triénio, dentro

dos seguintes

intervalos:

Investigação –

30 a 70%

Ensino – 30 a

70%

Serviço à

universidade –

até 30%

Extensão

universitária –

até 30%.

Participação em

projectos de

investigação;

Publicação de

artigos e livros

científicos;

Direcção de

projectos,

centros,

unidades ou

laboratórios de

investigação;

Criação

científica,

cultural e

artística;

Participação em

congressos e

conferencias;

Divulgação;

Reconhecimento

pela comunidade

Não menciona.

Avaliação compete

ao Conselho

Científico, que a

exerce através de

uma Comissão de

Avaliação, a qual

designa os

avaliadores, que

podem ser

internos ou

externos.

Conselho

Científico aprova

critérios,

parâmetros,

indicadores e

regras de

procedimento

aplicáveis aos

docentes da UO.

Idem

Idem

www.uma.pt

“De acordo com

o perfil de cada

docente, como

definido no

Regulamento de

Serviço dos

Docentes”.

“Compete ao

presidente do

Centro de

Competência

onde se insere o

avaliado

estabelecer o

perfil do docente

em cada triénio,

fixando os

factores de

ponderação a

usar”.

Parâmetros

definidos a

partir das

tabelas de

pontuação

publicadas em

anexo ao

regulamento: a

avaliação da

vertente

“realiza-se

mediante

pontuação dos

resultados de

actividades de

investigação,

desenvolvimento

e inovação (...)

de acordo com

o anexo 3”

(artº 33º)

Artigos em

publicações

indexadas e não

indexadas;

artigos em

comunicações e

congressos,

nacionais e

internacionais;

participação no

comité editorial

de publicações;

Publicação de

livros e

capítulos de

livros, com e

sem revisão

científica.

Sim

Sim

Sim

www.uminho.pt

Investigação –

até 60%

Ensino – até

60%

Extensão – até

30%

Produção

científica,

cultural ou

tecnológica;

Reconhecimento

pela comunidade

No prazo de

um mês após a

publicação do

RAD, as

Unidades

Estabelecido em

regulamento

próprio da

Unidade Orgânica.

Idem

Idem

Gestão – até

30%

científica e

sociedade;

Coordenação e

participação em

projectos;

Coordenação,

liderança e

dinamização da

actividade de

investigação;

Desenvolvimento

de meios e

infraestruturas

de investigação.

Orgânicas de

Ensino e

investigação

submetem ao

reitor, para

homologação, os

respectivos

regulamentos

RAD-UOEI.

www.unl.pt

Docência – 20 a

70%

Investigação –

20 a 70%

Gestão – 10 a

40%

Extensão – 5 a

40%

Coordenação e

participação em

projectos;

Publicação de

artigos e livros;

Comunicações

em congressos e

colóquios;

Participação em

órgãos de

revistas;

Patentes

regitadas;

Participação em

organizações ou

redes de

carácter

científico.

Os indicadores

e ponderações

de cada

vertente de

avaliação são

definidos pelos

órgãos

competentes de

cada Unidade

Orgânica.

Idem

Idem

Idem

www.up.pt

A definir pelo

regulamento da

UO, com os

seguintes

intervalos:

Ensino – 20 a

60%

Investigação –

20 a 60%

Transferência de

Conhecimento –

0 a 30%

Gestão – 0 a

30%

Publicações e

projectos

científicos;

Orientação de

estudantes de

doutoramento;

Obtenção dos

graus de Doutor

ou Agregado.

Cada unidade

orgânica produz

um

regulamento

distinto onde

define “a

função de

mapeamento de

pontuações em

valorações”

(artº 8º)

Idem

Idem

Idem

“A densificação

de cada uma das

Idem

Idem

Idem

Idem

idem

www.utl.pt

vertentes em

parâmetros e a

avaliação e

ponderação a

atribuir a cada

vertente e

parâmetro são

definidas em

regulamento

próprio de cada

uma das

Unidades

Orgânicas...”

www.utad.pt

Ensino: 30 a

65%

Investigação: 20

a 65%

Extensão: até

30%

Gestão: até 30%

A extensão e a

gestão devem

somar um

mínimo de 5%;

excepcionalmente,

e sob aprovação

dos órgãos, os

docentes podem

dedicar-se

totalmente a

uma das

vertentes.

Produção

Científica,

Cultural,

Artística ou

Tecnológica,

incluindo

patentes;

Coordenação e

participação em

projectos

científicos;

Reconhecimento

pela

comunidade;

Coordenação e

dinamização da

actividade de

investigação.

A decidir no

âmbito do

regulamento

Interno.

A decidir no

âmbito do

regulamento

Interno.

A decidir no

âmbito do

regulamento

Interno.

A decidir no

âmbito do

regulamento

Interno.

A nossa análise dos regulamentos compõe-se de dois quadros, o primeiro sobre alguns

aspectos em comum dos regulamentos em geral, e o segundo sobre o lugar reservado à

publicação em cada um deles. Tratam-se de documentos que, apesar dos aspectos comuns,

como é visível no quadro 1, e que decorrem do ECDU, são extremamente heterogéneos, e

possuem aspectos de comparabilidade duvidosa. Assim, a análise aqui proposta não é

quantitativa mas qualitativa, pois embora na maioria dos casos cada um dos regulamentos

pretenda quantificar a maior parte (mais de 90%) da avaliação, eles não são directamente

comparáveis entre si. Por exemplo, quase todos contêm cláusulas relativamente à ponderação

das vertentes que são adaptáveis quer ao perfil das escolas, quer, por vezes, ao perfil

individual dos avaliados. Também a pontuação atribuída a alguns elementos das publicações

nos RAD’s, funciona apenas a título exemplificativo, porque o seu real valor está dependente

de factores extrínsecos (ponderação da vertente, número mínimo de pontos que vierem a ser

fixados para acesso a cada uma das classificações, etc).

Esta “incomensurabilidade” dos regulamentos é a razão, aliás, por que alguns

investigadores portugueses se questionam hoje no espaço público sobre as vantagens e

desvantagens de um sistema nacional de avaliação.10

Análise dos dados

Uma apreciação qualitativa dos quinze regulamentos em apreço indica que, em todos,

é considerada uma grande variedade de publicações, e que é feito um esforço notório para

tentar determinar o valor dessas publicações recorrendo a aspectos quantitativos, e com o

auxílio de instrumentos como bases de dados, informação bibliométrica, ponderação do

número de autores. A publicação é, aliás, um dos aspectos mais extensivamente quantificado

nos regulamentos, sendo que a margem, nos poucos casos em que existe, para a avaliação

qualitativa é bastante heterogénea: entre 0,95 e 1,05 (UBI); 0,75 e 1,25 (ISCTE); e 0,75 e 1,5

(UC). Neste último caso a avaliação qualitativa pode, no limite, ter um intervalo de 75% -

entre os 25% negativos e os 50% positivos admitidos.

Um outro aspecto evidente no modo como as universidades portuguesas se vêem a si

próprias e se projectam no futuro é o lugar de destaque conferido à vertente Investigação na

avaliação dos docentes, e concomitantemente, nas actividades das próprias organizações, que

pode atingir um máximo de 75%, e tem geralmente um limite inferior entre os 20 e os 30 por

cento.

Os regulamentos mostram também a existência de dois modelos distintos, um mais

“aberto”, óbvio nos casos em que remetem para regulamentos a realizar pelas unidades

orgânicas (seis), e onde quase tudo é decidido em sede de faculdade; e um conjunto de

propostas em que, apesar da “centralização” num documento único, há um papel importante

dos Conselhos Científicos na definição das ponderações e parâmetros para cada Unidade

Orgânica. É o caso exemplar da Universidade de Coimbra, que com um regulamento único,

transfere quase todas as decisões para os Conselhos Científicos; e o do ISCTE – Instituto

Universitário de Lisboa, que apresenta a seguinte, e muito interessante particularidade: todas

as publicações e dados bibliométricos a elas respeitantes são avaliadas por uma fórmula

única, mas a tabela de pontos base varia, sendo adaptada a cada área científica, não por

faculdade, mas por departamento:

10

. Cf. http://www.fc.up.pt/pessoas/jfgomes/investigadores/

Por fim, há um conjunto de documentos mais fechados, em que a capacidade de

decisão dos conselhos científicos parece bastante limitada. E ainda uma diferença

significativa: certos estabelecimentos publicaram regulamentos próprios para avaliação do

período experimental (necessário à passagem a contrato por tempo indeterminado); outros,

afirmam explicitamente que o RAD não serve para a avaliação do período experimental; e

um terceiro grupo remete as decisões de renovação dos contratos para os resultados obtidos

pelo candidato no seu RAD.

Temos então que a avaliação dos docentes portugueses oscila entre modelos abertos

(definição de regulamentos ou parâmetros nas mãos dos Conselhos Científicos) e modelos

fechados (preveem todas as variáveis). Os RAD’s por faculdade pareceriam tender a ser mais

abertos (melhor adaptados à especificidade das diversas áreas e com possibilidades

evolutivas); mas isso nem sempre acontece, por comparação com estabelecimentos de

documento único que na prática reconduzem todas as decisões aos conselhos científicos,

como sucede na Universidade de Coimbra.

A publicação científica em Portugal

A investigação, e dentro desta as publicações, que são o seu produto visível, e o modo

como, em geral, se expressa e comunica, assumem um lugar destacado nos RAD’s das

universidades Portuguesas.

A publicação indexada a bases de dados internacionais como a ISI – Web of

Knowledge (Thomson) , ou a Scopus (Elsevier), tem crescido a um ritmo imparável nas duas

últimas décadas; e é muito valorizada pelos regulamentos de avaliação Mas se a publicação, a

solo ou integrada em parcerias internacionais, tem crescido de modo constante, esse

desenvolvimento não é equilibrado em todas as áreas científicas, com as Humanidades e as

Ciências Sociais em clara desvantagem, como se constata dos quadros seguintes, que se

referem a dados extraídos da ISI Web of Knowledge.11

11

. Fonte GPEARI/MCTES a partir de Thomson Reuters, Pordata, acedido pela última vez em Junho de 2012.

Nas publicações em co-autoria com instituições de outros países, as Humanidades,

contavam, até 1992, zero, enquanto as Ciências Sociais chegavam às duas dezenas; isto num

universo de 604 publicações, repartidas pelas Engenharias, Saúde, Ciências Exactas, e

Naturais. Uma década depois o fosso mantinha-se com as Humanidades a publicarem 15

items, e as Ciências Sociais 85, num universo de 2766 publicações. Os últimos dados, de

2010, revelam que nos oito anos seguintes a produção das Humanidades teve uma evolução

ainda mais lenta que nas Ciências Sociais, e que o fosso entre as áreas científicas se mantém

inalterado.

Os dados para o total de publicações ISI, por áreas, também não diferem muito.12

Em

1981, para um total de 301 artigos, duas dezenas pertenciam às Humanidades e Ciências

Sociais; dez anos depois, eram 50, num universo total de 1100; e em 2010, último ano com

dados conhecidos, as Humanidades somavam 134 artigos, e as Ciências Sociais 657, num

universo de 12.865.

De resto a curva das publicações totais, e em co-autoria, é inequívoca <<

Mas há um dado que merece reflexão: as publicações têm de facto aumentado, mas as

citações têm diminuído, o que coloca a questão do impacto, que não relevância, do que vem

sendo publicado.

12

. Fonte GPEARI/MCTES a partir de Thomson Reuters, Pordata, acedido pela última vez em Junho de 2012.

Conclusões:

Em linha com o percurso de crescimento das publicações científicas internacionais

autoradas por portugueses, que se verifica pelo menos nas duas últimas décadas, embora de

forma bastante desigual atendendo à área científica, os regulamentos de avaliação do pessoal

docente que vêm sendo publicados desde 2010 conferem elevada importância à investigação

científica, e, dentro desta, à publicação em revistas indexadas a bases de dados.

Esta formalização, por via dos regulamentos, de um processo (aumento das

publicações) já em curso nas instituições parece susceptível de contribuir para o aumento de

publicações futuras. Assim, e como a totalidade das avaliações estão organizadas por

triénios, será possível avaliar o impacto dos novos regulamentos na publicação dentro desse

prazo, ou de um sexénio, examinando a correlação entre a publicação dos regulamentos, e o

crescimento da curva. Outro aspecto interessante será o cruzamento desses dados com o da

visibilidade das novas publicações, através do número de citações obtidas, e da sua

comparação com as tendências internacionais na matéria.