112480800 transtornos de aprendizagem

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Transtornos de Aprendizagem Definição A definição do que seja transtorno de aprendizagem é uma problemática, uma vez que a literatura correspondente ao assunto fundamenta-se em diversas concepções, ora coincidentes, ora divergentes. Sendo assim, nunca conseguiríamos comtemplar todas as definições e abordagens relacionadas ao conceito. Segundo a Classificação Internacional de Doenças 10, elaborada pela Organização Mundial de Saúde: O termo ―transtorno‖ é usado por toda a classificação de forma a evitar problemas inerentes ao uso de termos tais como ―doença‖ ou ―enfermidade‖. ―Transtorno‖ não é um termo exato, porém é usado para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecível associado, na maioria dos casos, a sofrimento e interferência com funções pessoais (CID 10, 1992:5). A Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da Classificação Internacional de Doenças 10 (CID 10) situa os problemas de aprendizagem na classificação Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares (F81), que está inserida na categoria mais ampla de Transtornos do desenvolvimento psicológico (F80 89). Segundo o CID 10: Na maioria dos casos, as funções afetadas incluem linguagem, habilidades visuoespaciais e/ou coordenação motora. É característico que os comprometimentos diminuam progressivamente à medida que a criança cresce (embora déficits mais leves frequentemente perdurem na vida adulta). Em geral, a história é de um atraso ou comprometimento que está presente desde tão cedo quando possa ser confiavelmente detectado, sem nenhum período de desenvolvimento normal. (CID 10, 1992:236) O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - 4, caracterizam os transtornos de aprendizagem como ―um funcionamento acadêmico substancialmente abaixo do esperado, tendo em vista a idade cronológica, medidas de inteligência e

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  • Transtornos de Aprendizagem

    Definio

    A definio do que seja transtorno de aprendizagem uma problemtica, uma

    vez que a literatura correspondente ao assunto fundamenta-se em diversas concepes,

    ora coincidentes, ora divergentes. Sendo assim, nunca conseguiramos comtemplar

    todas as definies e abordagens relacionadas ao conceito.

    Segundo a Classificao Internacional de Doenas 10, elaborada pela

    Organizao Mundial de Sade:

    O termo transtorno usado por toda a classificao de forma a evitar

    problemas inerentes ao uso de termos tais como doena ou

    enfermidade. Transtorno no um termo exato, porm usado

    para indicar a existncia de um conjunto de sintomas ou

    comportamentos clinicamente reconhecvel associado, na maioria dos

    casos, a sofrimento e interferncia com funes pessoais (CID 10,

    1992:5).

    A Classificao de Transtornos Mentais e de Comportamento da Classificao

    Internacional de Doenas 10 (CID 10) situa os problemas de aprendizagem na

    classificao Transtornos especficos do desenvolvimento das habilidades escolares

    (F81), que est inserida na categoria mais ampla de Transtornos do desenvolvimento

    psicolgico (F80 89).

    Segundo o CID 10:

    Na maioria dos casos, as funes afetadas incluem linguagem,

    habilidades visuoespaciais e/ou coordenao motora. caracterstico

    que os comprometimentos diminuam progressivamente medida que a

    criana cresce (embora dficits mais leves frequentemente perdurem na

    vida adulta). Em geral, a histria de um atraso ou comprometimento

    que est presente desde to cedo quando possa ser confiavelmente

    detectado, sem nenhum perodo de desenvolvimento normal. (CID 10,

    1992:236)

    O Manual Diagnstico e Estatstico de Transtornos Mentais - 4, caracterizam os

    transtornos de aprendizagem como um funcionamento acadmico substancialmente

    abaixo do esperado, tendo em vista a idade cronolgica, medidas de inteligncia e

  • educao apropriadas idade (DSM IV TR, 2002; 71). Os Transtornos de

    Aprendizagem encontram-se na seo Transtornos Geralmente Diagnosticados pela

    Primeira Vez na Infncia ou na Adolescncia. Contudo, deixa claro que apesar de os

    Transtornos de Aprendizagem situaram-se na referida categoria, os transtornos podem

    aparecer em outras fases do desenvolvimento.

    Ainda segundo o DSM IV TR, desmotivao, baixa autoestima e dficits nas

    habilidades sociais so sintomas que podem estar associados aos problemas de

    aprendizagem. Existe tambm uma associao entre Transtorno de Conduta, Transtorno

    Desafiador de Oposio, Transtorno de Dficit de Ateno/Hiperatividade, Transtorno

    Depressivo Maior ou Transtorno Distmico e Transtornos de Aprendizagem, sendo que

    os portadores de tais patologias apresentam problemas de aprendizagem.

    Portadores de transtornos de aprendizagem apresentam maior probabilidade de

    apresentar outras co-mobidades, como transtorno de dficit de ateno/hiperatividade,

    transtornos de comunicao, transtornos de conduta e transtornos depressivos. Os

    transtornos de aprendizagem aparecem associados com condies como envenenamento

    por chumbo, sndrome alcolica fetal e exposio a drogas no perodo intrauterino

    (Sadock).

    Diz O DSM IV TR:

    Crianas de bagagens tnicas ou culturais diferentes da cultura

    dominante na escola ou cuja lngua materna no a lngua do pas, bem

    como crianas que frequentaram escolas com ensino inadequado, podem

    ter fraca pontuao nesses testes (testes em desempenho nas habilidades

    escolares, como leitura, escrita e aritmtica). As crianas com essas

    mesmas bagagens tambm podem estar em maior risco para faltas

    injustificadas escola, em virtude de doenas mais frequentes ou

    ambientes domsticos empobrecidos ou caticos. (DSM IV TR, 2002;

    81)

    Quando se juntam muitos alunos numa mesma classe, tende-se a desconsiderar

    os pontos fracos e fortes de cada um no que tange aprendizagem. Assim, muitos

    aprendem melhor ouvindo; outros preferem e se saem melhor trabalhando com o visual,

    aprendendo melhor lendo. E quando misturamos indivduos diversos numa classe,

    torna-se inevitvel o surgimento de problemas na aprendizagem (Scoz, 1994).

    Possuir transtorno de aprendizagem no significa necessariamente que a criana

    seja portadora de deficincia mental. Segundo Miranda:

    Muitas crianas com deficincias de aprendizagem tem inteligncia

    mdia ou acima da mdia; algumas, de fato, so extremamente

  • brilhantes. esse paradoxo que muitas vezes alerta os mdicos da

    possvel presena de uma deficincia da aprendizagem (Miranda, 2000).

    A definio do National Joint Committee of Learning Disabilities (NJCLD) de

    1988, estabelece dificuldade de aprendizagem como:

    () termo geral que se refere a um grupo heterogneo de desordens

    manifestadas por dificuldades significativas na aquisio e utilizao da

    compreenso auditiva, da fala, da escrita e do raciocnio matemtico.

    Tais desordens so consideradas intrnsecas ao indivduo, presumindo-se

    que sejam devidas a uma disfuno do sistema nervoso central, podem

    ocorrer durante toda a vida. Problemas na auto regulao do

    comportamento, na percepo social, na interao social podem existir

    com as Dificuldades de Aprendizagem. Apesar das DA ocorrerem com

    outras deficincias (por exemplo, deficincia sensorial, deficincia

    mental, distrbios scio - emocionais) ou com problemas extrnsecos

    (por exemplo, diferenas culturais, insuficiente ou inapropriada

    instruo, etc.), elas no so o resultado dessas condies. (Hammill,

    1981, cit. in Kirk &Gallagher, 2000:367).

    O Individuals with Disabilities Education Act! (Lei de Educao das Pessoas

    Portadoras de Deficincia) define uma dificuldade de aprendizagem da seguinte forma:

    (...) transtorno em um ou mais dos processos psicolgicos

    bsicos envolvidos na compreenso ou na utilizao de

    linguagem falada ou escrita, que pode manifestar -se em uma

    habilidade imperfeita para ouvir, pensar, ler, escrever,

    soletrar, ou fazer clculos matemticos (.. .). Dificuldades de

    Aprendizagem incluem condies com deficincias

    perceptivas, leso cerebral, disfuno cerebral mnima,

    dislexia e afasia de desenvolvimento. No entanto, a

    dificuldade especfica de aprendizagem no inclui problemas

    de aprendizagem que so principalmente o resultado de

    deficincias visuais, auditivas ou motoras, de retardo m ental,

    de transtorno emocional ou de uma desvantagem am biental,

    cultural ou econmica (Federal Register, 1997)

    De acordo com Fonseca (1999a), um portador de distrbio/transtorno de

    aprendizagem caracterizado por: 1) manifestar significativa discrepncia entre seu

  • potencial intelectual estimado e seu atual nvel de realizao escolar; 2) apresentar

    dificuldades no processo de aprendizagem; 3) apresentar, ou no, disfuno neurolgica

    no sistema nervoso central; 4) ausncia de debilidade mental, privao cultural,

    perturbao emocional ou privao sensorial.

    Os transtornos de aprendizagem representam consequncias de transtornos na

    organizao funcional do sistema nervoso central, gerando consequncias considerveis

    para a criana, perturbando sua conduta pedaggica esperada, em acordo com sua

    inteligncia. Assim, temos uma base evidentemente orgnica para os transtornos de

    aprendizagem (Campos-Castell, 2000).

    Segundo o Livro do joo:

    Dificuldade para a aprendizagem um termo genrico que abrange um

    grupo heterogneo de problemas capazes de alterar as possibilidades de

    a criana aprender, independente de suas condies neurolgicas para

    faz-lo.

    Estimativas prevalecem os transtornos de aprendizagem em torno de 15 a 22 por

    cento na primeira srie. Em alguns pases chega a torno de 50 por cento dos escolares,

    durante os seis primeiros anos de escolaridade (Joo).

    Apesar de toda aprendizagem resultar da atividade do sistema nervoso, nem

    sempre este o responsvel pelos transtornos de aprendizagem. No podemos deixar de

    lado as causas secundrias, ou seja, aquelas que no se referem s desordens ou leses

    do sistema nervoso central. Assim, podemos colocar alguns fatores:

    I. Fatores escolares:

    Para que a aprendizagem da criana seja eficiente, preciso que a escola oferea

    condies fsicas que proporcionem segurana, boa circulao de ar, iluminao

    adequada e um nmero mximo de alunos em sala de aula.

    II. Fatores relacionados com a famlia:

    A famlia tem um papel importante no sucesso escolar da criana. A

    escolaridade dos pais, segundo pesquisas, desempenha fundamental papel na

    estimulao para um maior envolvimento com os estudos. A leitura como hbito

    familiar tambm um importante exemplo para a criana. Problemas na famlia como

    alcoolismo, drogadio e comportamento antissocial frequentemente constituem a nica

    etiologia no fracasso escolar.

    III. Problemas fsicos gerais:

    Algumas condies patolgicas interferem significativamente nas possibilidades

    de aprendizagem da criana: miopia, hipermetropia, astigmatismo e estrabismo;

    hipotireoidismo e outras patologias endcrinas; desnutrio; parasitoses; anemia;

  • doenas reumticas; nefropatias; cardiopatias; asma e outras pneumopatias; hepatologia

    e tambm doenas imunoalrgicas.

    IV. Problemas neurolgicos

    As mais frequentes situaes neurolgicas associadas a transtornos de

    aprendizagem, mas no a causa principal desses transtornos, so: deficincia mental,

    paralisia cerebral (PC) e epilepsia.

    Para podermos diagnosticar um transtorno de aprendizagem devemos

    considerar: 1) o grau de comprometimento em testes padronizados para as diferentes

    capacidades (escrita, leitura, aritmtica etc.) deve estar substancialmente abaixo do

    esperado para a idade cronolgica e a escolaridade da criana; 2) o transtorno deve ter

    se iniciado nos primeiros anos de escolaridade, 3) o transtorno tende a persistir; 4) o

    transtorno no consequncia de retardo mental e 5) existncia de antecedentes

    familiares.

    Tipos de Transtornos da Aprendizagem

    Os distrbios de aprendizagem esto presentes onde so necessrias a

    decodificao ou identificao de palavras, compreenso de leitura, clculos, expresses

    matemticas, atividade de soletrar e/ou expresso escrita frequentemente a dificuldade

    de aprendizagem associada ao funcionamento atpico nas reas da linguagem e da fala

    (Silver, 2008).

    Os transtornos de aprendizagem dizem respeito a problemticas de origem

    neurolgica que interferem no processamento de informaes (recepo, integrao,

    memria e expresso de informao), refletindo em incapacidade para a aprendizagem

    da leitura, da escrita ou do clculo, e tambm na aquisio de aptides sociais.

    Os transtornos de aprendizagem podem ser subdivididos em especficos e

    no especficos. Os especficos so caracterizados por comprometimento de

    habilidades especficas: a leitura e a escrita, e tambm clculo, e os no especficos ou

    mistos so caracterizados por dificuldades significativas na leitura ou ortografia,

    assim como no clculo/raciocnio lgico matemtico (Lima, Salgado, Ciasca, 2009).

    O DSM IV TR especifica os transtornos de aprendizagem em: Transtornos

    da Leitura (315.00), Transtornos da Matemtica (315.1), Transtornos da Expresso

    Escrita (315.2) e Transtornos da Aprendizagem Sem Outra Especificao (315.9).

    A 10 Classificao Internacional de Doenas, organizada pela Organizao

    Mundial da Sade (CID 10), inclui as seguintes categorias dentro dos Transtornos

    Especficos do Desenvolvimento das Habilidades escolares (F81):

    - Transtorno especfico de leitura (F81. 0);

  • - Transtorno especfico da soletrao (F81.1);

    - Transtorno especfico da habilidade em aritmtica (F81.2);

    - Transtorno misto do desenvolvimento de aprendizagem escolares (F81.3);

    - Outros transtornos do desenvolvimento das habilidades escolares (F81.8);

    - Transtorno no especfico do desenvolvimento das habilidades escolares

    (F81.9).

    Pennigton (1991, apud livro do Joo) reconhece cinco mdulos de funes

    cognitivas correspondentes a reas ou circuitos cerebrais definidos. Disfunes nesses

    mdulos originariam transtornos de aprendizagem. Assim, a regio perisilviana

    esquerda tem funo neolingustica, e sua disfuno acarreta transtornos dislxicos. A

    rea hipocmpica, nos dois hemisfrios, relaciona-se memria, e disfunes aqui

    dariam em transtornos amnsicos. A sndrome de disfuno hemisfrica direita provoca

    quadros de discalculia e disgrafia, como tambm alteraes de conduta. A sndrome

    disexecutiva deve-se a alteraes no lobo frontal, caracterizando-se em dficits de

    ateno, falhas na capacidade de planejamento e antecipao de comportamentos e nas

    abstraes.

    1. Transtorno de Leitura (dislexia)

    O transtorno especfico de leitura, mais conhecido como dislexia, uma

    dificuldade especfica da aprendizagem da leitura, que mais se manifesta entre as

    crianas, juntamente como o Transtorno de Dficit de Ateno/Hiperatividade (TDAH).

    A dislexia um transtorno crnico, permanecendo por toda vida do portador.

    Muitas personalidades ao longo do tempo foram dislxicas, como Albert Eintein,

    Thomas Edison, Leonardo Da Vinci, Beethoven; a escritora Agatha Christie, o cientista

    ingls Charles Darwin; George Washington, o primeiro presidente dos Estados Unidos;

    os pintores Pablo Picasso, Vincente van Gogh etc.

    Caracteriza-se essencialmente por rendimento em leitura (i. , correo,

    velocidade ou compreenso da leitura) inferior ao esperado para a idade cronolgica, a

    inteligncia medida e a escolaridade do indivduo. O transtorno em leitura interfere

    significativamente no rendimento escolar, ou em atividades da vida cotidiana que

    exigem o uso da leitura. A leitura dos indivduos com esse transtorno caracteriza-se por

    distores, substituies ou omisses. A leitura em voz alta ou a leitura silenciosa so

    lentas e marcadas por erros de compreenso (DSM IV TR).

    O transtorno de leitura, conhecido tambm como dislexia, considerado uma

    desordem da leitura e da linguagem, envolvendo tambm dificuldades no ditado e na

    redao (Frith, 1999; Hammill, 1990; Vaughn, 1987; Lerner, 1981; Vallet, 1980;

    Vellutino, 1979).

  • A World Federation of Neurology definiu, em 1986, dislexia como:

    () transtorno de aprendizagem da leitura que ocorre apesar de

    inteligncia normal, de ausncia de problemas sensoriais ou

    neurolgicos, de instruo escolar adequada, de oportunidades

    socioculturais suficientes, alm disso, depende da existncia de

    perturbao de aptides cognitivas fundamentais, frequentemente de

    origem constitucional (Crtichley, 1975).

    Um consenso entre pesquisadores estabelece a habilidade fonolgica

    indispensvel para a aquisio da leitura, sendo que indivduos com atraso desta funo

    apresentam na maioria das vezes dficits na habilidade fonolgica. Essa hiptese

    sustentada por diversos trabalhos que identificaram atrasos quanto sensibilidade,

    rima, aliterao e segmentao fonmica durante o desenvolvimento da leitura (Wolf et

    al, 2002; Bowers, Newby-Clark, 2002; Vuckovic, Wilson, Nash, 2004; Savage et al,

    2005; Swanson, Howard, Saez, 2006).

    Na dislexia, o indivduo apresenta inteligncia normal, bem como distrbio

    fonolgico e falha na habilidade sinttica. As habilidades semnticas e pragmticas

    tambm esto comprometidas. O indivduo tem dificuldades de linguagem escrita

    durante os anos escolares, e tambm em sua capacidade narrativa para recontar estrias.

    Dficits na funo expressiva e alterao no processamento auditivo/visual fazem-se

    presentes (Capellini 2004).

    Segundo alguns estudos, a dislexia uma condio gentico-neurolgica que

    acomete mais o sexo masculino que o feminino, sendo que os meninos tm trs vezes

    mais chances de serem acometidos por qualquer tipo de dificuldade especfica de leitura

    (Berger, Yule e Rutter, 1975; Selikowitz, 2001; Fisher et al., 2002; Kovel et al.; 2004).

    Dentre os distrbios mais identificados por professores em sala de aula se

    encontram os problemas de decodificao de letras, leitura e compreenso da leitura

    (Capellini, Tonelotto, Ciasca, 2004).

    Juntamente com o distrbio de escrita pode ocorrer o comprometimento da

    realizao de clculos numricos. Isso porque enunciados de problemas matemticos

    exigem o processamento de informao, que fundamentado em aspectos cognitivos e

    lingusticos, fundamentando-se tambm na correspondncia lxico mental e na

    representao numrica (Espin et al., 2001; Geary, 2004)..

    Na dislexia a velocidade, o nvel e o tipo de leitura encontram-se abaixo do

    esperado para a idade e escolarizao do indivduo acometido (Capellini e Ciasca, 1999;

    Capellini e Cavalheiro, 2000; Capellini, 2001).

    Crianas com transtorno de leitura tm um maior risco, comparado a outros

    indivduos, de apresentarem transtornos de ateno, transtornos diruptivos do

  • comportamento (como transtorno de conduta) e transtornos depressivos. Um quarto de

    crianas com esse transtorno tm tambm TDAH. Essas crianas tm maiores taxas de

    depresso e ansiedade que crianas sem transtornos de aprendizagem. Tendem tambm

    a ter dificuldades em relacionamentos, bem como menor sensibilidade em situaes

    sociais (Sadock).

    Na dislexia, as crianas no conseguem identificar efetivamente as unidades da

    palavra que correspondem a sons (fonemas), o que causa dificuldades em reconhecer e

    pronunciar palavras, e tambm lentido em nomear palavras e nmeros. Foi postulado

    que lobo esquerdo, por ser o dominante na linguagem, a local anatmico do

    transtorno. Estudos com tomografia por emisso de psitrons (PET) concluram que

    padres de fluxos sanguneos temporais esquerdos, enquanto tarefas de linguagem so

    executadas, diferem entre crianas com e sem dficits de aprendizagem (Paddock).

    Pesquisas em neurocincia e neuropsicologia apoiam a hiptese de que existe

    deficincia nos processos de codificao e memria de trabalho em crianas com

    distrbios de leitura. Estudos associaram dislexia e nascimento nos meses de maio,

    junho e julho, correlacionando esse dficit a exposio influenza, doena infecciosa

    que a me contrai principalmente nos meses de inverno. Complicaes durante a

    gestao, dificuldades pr e perinatais, baixo peso ao nascer, prematuridade grave,

    paralisia cerebral com inteligncia normal e epilepsia so condies onde a incidncia

    de transtorno de leitura maior (Sadock).

    Segundo Sadock, os aspectos diagnsticos e as caractersticas clnicas do

    transtorno incluem: dificuldades em recordar, evocar e sequenciar letras e palavras

    impressas; processar construes gramaticais sofisticadas; abundncia de erros na

    leitura omisses, adies e distores de palavras ; leitura lenta e compreenso

    mnima; prejuzo na discriminao de sons; inverso de letras e dificuldades em lembrar

    nomes e sons de letras. A criana sente-se desconfortvel quando necessitam ler, e por

    isso no gostam de atividades onde a linguagem impressa est presente.

    Deve-se distinguir dislexia dificuldade na aprendizagem da leitura, de alexia

    incapacidade de aprender a ler, ou mesmo compreender a linguagem escrita, como

    consequncia de leso cerebral (Fonseca, 1999a).

    Na dislexia h a presena de um dficit no reconhecimento e compreenso de

    testos escritos, excluindo-se a presena de deficincia mental, insuficiente

    escolarizao, dficit sensorial e problemas neurolgicos (Stanovich, 1992, cit. In

    Garcia, 1998)

    Deve-se distinguir dislexia adquirida e dislexia evolutiva, ou de

    desenvolvimento. A primeira refere-se aos indivduos que apresentaram competncia na

    leitura em determinado momento de sua vida, porem, devido a acidente qualquer que

    ocasionou leso cerebral, vieram a perder sua capacidade de ler corretamente (Ellis,

    1984) A dislexia de desenvolvimento aquela que surge desde o momento em que se

    inicia o processo de aprendizagem de leitura (Citoler, 1996)

  • A dislexia evidencia dificuldades na aprendizagem da leitura, onde h ausncia

    de deficincia auditiva, motora, emocional e intelectual. Trata-se de limitao devido

    perturbao cognitiva, onde no existe predominncia de ensino inadequado

    (Myklebust, 1978 cit. In Fonseca, 1999a).

    Segundo Boder (1973 cit. In Rebelo, 1993), pode-se distinguir trs subtipos de

    transtornos/distrbios de leitura: 1)disfontico, onde coexistem dificuldades de ligao

    de letras com sons; 2)diseidtico, onde h grande dificuldade em juntar fonemas e ler

    palavras como um todo; 3)misto, onde a dificuldade o conjunto dos dficits descritos

    nos subtipos anteriores, constituindo assim um problema grave.

    Fonseca (1999a) salienta caractersticas comportamentais de indivduos onde

    existe dislexia auditiva e dislexia visual. Assim, no caso de dislexia auditiva,

    encontramos: 1)dificuldades na captao e na integrao de sons; 2)dissociao de um

    smbolo grfico a seu som correspondente; 3)dificuldade em relacionar partes de uma

    palavra com a palavra como um todo; 4)dificuldades em perceber os sons das palavras,

    e tambm em imit-los; 5)dificuldades em sequie instrues e orientaes; 6)dificuldade

    na memria auditiva; 7)problemas de ateno e 8)dificuldades de comunicao visual.

    Como quadro comportamental caracterstico da dislexia visual, temos:

    1)dificuldades em interpretar e diferenciar palavras; 2)dificuldade em memorizar

    palavras; 3)omisses, inverses e substituies; 4)problemas na comunicao no

    verbal; 5)dificuldades na percepo social; 6)dificuldades em relacionar a linguagem

    escrita com a linguagem oral.

    A dislexia um transtorno com expressiva carga gentica. Estudos mostram que

    40 por cento dos irmos de dislxicos possuem dislexia, ainda que diferindo no grau. Os

    pais de dislxicos apresentam prevalncia do distrbio de 30 a 40 por cento. Estudos de

    gmeos mostram que quando um possui o distrbio, existe a ocorrncia de 33 por cento

    no outro caso sejam gmeos dizigticos, e 65 por cento em gmeos homozigticos

    (Neuropsicolgica Infantil).

    Em 1968 ocorreu a descrio indita da anatomia patolgica de um crebro

    dislxico. Observaram-se ms formaes no giro cortical da regio parietal esquerda e

    atrofia do carpo do corpo caloso. Nos anos setenta Galaburda e Kemper identificaram

    anomalias de migrao cerebral, afetando reas como o crtex perisilviano esquerdo e

    suas regies especficas: rea de Broca. Oprculo parietal, giro angular, giro

    supramarginal, giro temporal superior posterior, rea de Wernicke e regio occipito-

    temporal (neuropsicologia Infantil).

    Analisando o encfalo de um dislxico descobriu-se a presena de assimetria do

    plano temporal, lugar onde se encontra a rea de Wernicke, um importante centro para

    compreenso da linguagem. Leitores normais tem um maior desenvolvimento dessa

    rea, algo em torno de 70 por cento. Nos indivduos dislxicos, o maior

    desenvolvimento do plano temporal se encontra no hemisfrio direito em 70 por cento

    dos casos.

  • Benton, em 1975, associou a dislexia a uma dissociao entre centros visuais e

    de linguagem, ou seja, alteraes nas conexes entre os hemisfrios cerebrais. Ms

    formaes histolgicas so patologias frequentes no lbulo frontal dislxico,

    principalmente no giro frontal inferior. O corpo caloso, regio rica em fibras que

    propicia a comunicao entre os dois hemisfrios, menor entre os dislxicos

    comparados o leitores sem dislexia. Curiosamente, aps tratamento intensivo da

    dislexia, observou-se que o corpo caloso aumentou em seu tamanho. H considervel

    alterao metablica no cerebelo de dislxicos (Neuropsicologia Infantl).

    Exame de ressonncia magntica neclear funcional (RMNf), aplicada em

    crianas dislxias comparativamente a leitores normais enquanto realizam atividades de

    processamento fonolgico, mostram menor ativaa co crtex cerebral nas res

    destinadas compreenso da leitura, como a rea de Wernicke e o giro angular.

    Estudos anatomopatolgicos mostraram diferenas estruturais entre o crebro de

    dislxico e o de leitores normais. Nos leitores normais, o plano esquerdo maior que o

    direito; quanto maior for o plano esquerdo, melhores so as habilidades lingusticas.

    Nos dislxicos, o plano esquerdo tem quase o mesmo tamnanho que o direito.

    Neurnios do tecido cerebral de dislxicos aparentam ser menores que a mdia,

    ao menos em algumas reas, como o tlamo. O tamanho menor do tlamo pode estar

    relacionado anormalidades no sistema visual e auditivo de indivduos dislxicos.

    Estudos com tomografia por emisso de psitrons (PET) e tomografia por

    emisso de fton simples (SPECT) mostraram diminuio do fluxo sanqueno cerebral

    nas reas pr-frontal esquerda, regio temporal e perissilviana na criana com dislexia

    (Livro do joo).

    Segundo Ardunio e Ciasca (2004, apud livro do joo), nos ltimos anos muitos

    estudos tm relacionado dislexia e exames de neuroimagem, destacando alguns achados.

    Assim, constatou-se que os dislxicos tm: deficincia no funcionamento integrado das

    reas de Broca e do crtex temporo-parietal esquerdo; falha nas funes desempenhadas

    pelo crtex posterior, afetando reas relacionadas a viso e a linguagem; reduo do

    fluxo sanguneo na regio perissilviana e funo anormal no movimento ocular.

    Alteraes no plano temporal e na juno temporaparietal confirmaram a existncia do

    dficit fonolgico na dislexia. Tambm foi observado conectividade anormal nas redes

    neurais cruciais para o funcionamento da linguagem.

    2. Transtornos de Matemtica (discalculia)

    O termo discalculia utilizado como referncia inabilidade de executar

    operaes aritmticas. A discalculia um distrbio psicolgico, onde existe dificuldade

    na aprendizagem do clculo, na realizao de operaes matemticas e no raciocnio

    lgico matemtico (Silva, 2006).

  • Segundo Johnson e Myklebust (1983): este transtorno no causado por

    deficincia mental, nem por dficits visuais ou auditivos, nem por m escolarizao

    Anda segundo os autores, indivduos com discalculia cometem erros na soluo de

    problemas verbais, nas habilidades de contagem, nas habilidades computacionais e na

    compreenso dos nmeros.

    Segundo os pesquisadores, o indivduo com discalculia apresenta deficincia

    em:

    1) Visualizar conjuntos de objetos dentro de um conjunto maior;

    2) Conservar a quantidade;

    3) Compreender os sinais de soma, subtrao, diviso e multiplicao;

    4) Sequenciar nmeros, como, por exemplo, o que vem antes do 11 e depois do

    15;

    5) Classificar nmeros;

    6) Montar operaes;

    7) Entender os princpios de medida;

    8) Lembrar sequencia de passos para realizar operaes aritmticas;

    9) Estabelecer correspondncias um a um, ou seja, no relaciona o nmero de

    alunos de uma sala quantidade de carteiras;

    10) Contar atravs de cardinais e ordinais.

    Segundo o Manual Diagnstico e Estatstico de Transtornos Mentais (DSM IV

    TR), o Transtorno da Matemtica consiste em um rendimento inferior ao esperado

    para a idade cronolgica, inteligncia medida e nvel de escolaridade, nos testes

    padronizados de clculo e raciocnio matemtico. Ainda segundo o DSM IV TR, o

    transtorno em matemtica interfere significativamente no rendimento escolar ou em

    atividades cotidianas onde se faz necessria a habilidade matemtica.

    O DSM IV TR estipula diversas habilidades comprometidas no Transtorno

    da Matemtica:

    (...) habilidades lingusticas (P. ex., compreender ou nomear termos,

    operaes ou conceitos matemticos e traspor problemas escritos para

    smbolos matemticos), habilidades perceptivas (por ex., reconhecer

    ou ler smbolos numricos ou aritmticos e agrupar objetos em

    conjuntos), habilidades de ateno (p. ex., copiar corretamente

    nmeros ou cifras, lembrar de somar os nmeros levados e observar

    os sinais das operaes) e habilidades matemticas (p. ex., seguir

    etapas matemticas, contar objetos e aprender tabuadas de

    multiplicao) (DSM IV TR, 2002:83-84).

  • Crianas com transtorno de matemtica dificilmente aprendem e lembram

    numerais, apresentando lentido e impreciso em clculo. Quatro grupos de habilidades

    bsicas, onde os portadores da sndrome apresentam dificuldades, foram identificadas:

    habilidades lingusticas (entendimento de termos matemticos e converso de

    problemas escritos em smbolos matemticos); habilidades perceptivas (reconhecimento

    de smbolos e seu reconhecimento, bem como ordenao de agrupamentos numricos);

    habilidades matemtica (adio, subtrao, multiplicao, diviso) e habilidades de

    ateno (copiar figuras e observar smbolos operacionais) (Sadock).

    Ocorre com mais frequncia em meninas, acometendo 6% das crianas em idade

    escolar. Costuma ser encontrado associado ao transtorno de leitura e transtorno da

    expresso escrita. (Sadock)

    Uma teoria coloca um dficit neurolgico no hemisfrio cerebral direito, mais

    especificamente em reas do lobo occipital, como causa do problema. Essa regio,

    atuante no processamento de inputs visuoespaciais, responsvel por habilidades

    matemticas. Acredita-se numa causa multifatorial, incluindo fatores maturacionais,

    cognitivos, emocionais, educacionais e socioeconmicos. (SadocK).

    Ainda segundo Sadock, as caractersticas clnicas do transtorno incluem:

    a) Dificuldade em aprender nomes de nmeros, lembrar sinais de aditivos e

    somatrios e aprender multiplicao;

    b) Problemas em associar smbolos auditivos e visuais;

    c) Dificuldade em entender a conservao de uma quantidade,

    d) Dificuldade em lembrar sequncias de passos para resolver problemas e

    adotar princpios suficientes para solucionar enunciados que envolvam matemtica.

    O clculo uma funo mental superior complexa, vinculada a outros processos,

    como linguagem, funcionamento executivo e memria. Assim, temos diversas reas

    cerebrais imbricadas na capacidade aritmtica.

    De acordo com McCloskey (1985) as funes mentais superiores relacionadas

    com a capacidade de clculo de dividem em dois sistemas: 1) sistema de processamento

    numrico: encarrega-se da compreenso e produo de nmeros de modo oral e/ou

    escrito; 2) sistema de clculo: encarrega-se de compreender e recordar os smbolos e

    princpios para realizao de operaes matemticas.

    Sem dvida, a rea mais importante para a realizao de clculos o lobo

    parietal. Existe uma lateralizao dessa funo tendendo para o lobo parietal esquerdo.

    Luria j havia dito que a estrutura principal do sistema funcional aritmtico localizava-

    se nas reas parietais posteriores do hemisfrio esquerdo, onde se encontra o crebro

    matemtico: a rea 40 de Brodmann. Leses nessa rea produzem acalculia. Se essas

    leses se estendem as reas visuais do lobo occipital, resulta da em uma confuso

    espacial grfica acerca de nmeros semelhantes, como 69 e 96. Porm, nesse caso a

  • confuso se manifestar como sintoma de transtornos de leitura e escrita

    (Neuropsicologia Infantil).

    A rea pr-frontal iprescendvel para o clculo, permitindo a anlise,

    sequenciaro e abstrao necessrias para resoluo de enunciados. Leses nessa rea

    produzem dficits na realizao de clculos.

    reas importantes para a linguagem, rea de Wernicke e Broca, participam

    tambm no clculo. Localizadas no hemisfrio esquerdo, caso lesionadas, produzem

    alteraes na compreenso e produo de nmeros, dificultando muita a realizao de

    operaes aritmticas.

    O hemisfrio esquerdo o mais importante no processamento do clculo.

    Contudo, quando falamos em nmeros semelhantes, o hemisfrio direito se sobressai.

    Duas quantidades diferentes se processam mais lentamente quanto mais se parecem. A

    distncia (em nmeros) entre duas quantidades um fator importante na compreenso

    de nmeros. O hemisfrio esquerdo quem dispem de todas as habilidades aritmticas.

    Leses no hemisfrio direito resultam em problemas na organizao espacial de

    nmeros e quantidades, e tambm na resoluo de problemas abstratos. Especificamente

    o hemisfrio esquerdo que pode anunciar nmeros e quantidades verbalmente, e

    utiliz-los para resolver clculos exatamente.

    Em 1937 a terminologia discalculia foi utilizada pela primeira vez, referindo-se

    a dificuldade inata para realizar operaes de clculo. Considerada transtorno biolgico,

    a discalculia no causada por fatores exgenos de origem scio-familiar ou

    pedaggica porem considera-se que esses fatores podem agravar o problema.

    Aparece frequentemente aliada dislexia, a epilepsia e ao Transtorno por Dficit de

    Ateno Hiperatividade (TDAH). Admite-se a possibilidade de fatores hereditrios

    estarem por trs da discalculia (Rourke, 1993).

    Kosk (1974) define discalculia como:

    Transtorno estrutural das capacidades matemticas tendo origem em um

    transtorno gentico ou congnito daquelas partes do crebro que so

    substratos anatomo-fisiolgicos da maturao das capacidades

    matemticas adequadas idade, sem transtorno das funes mentais

    gerais.

    As classificaes para a discalculia so muitas, ainda que no ocorrendo

    consenso entre elas. Podemos distinguir:

    1) Discalculia verbal: dificuldade em designar oralmente ou compreender

    enunciados verbais de problemas matemticos. Relacionada alterao no

    hemisfrio esquerdo, especialmente reas relacionadas linguagem rea

    de Broca e de Wernicke.

  • 2) Discalculia visuoespacial: indefinio espacial dos nmeros, onde ocorrem

    inverso e rotao dos mesmos. Dificuldade espacial na hora de resolver

    enunciados, com dificuldade no comeo da resoluo de uma operao

    matemtica.

    3) Anaritmtica: modalidade menos frequente de discalculia, caracterizada

    pelas dificuldades em realizar operaes aritmticas, na inexistncia de

    dificuldades de linguagem e dificuldades visuo-espaciais.

    Gerstmann (1927) publicou um artigo onde expunha um conjunto de sintomas:

    anomia para dedos, desorientao direito-esquerda, disgrafia e discalculia. Em 1940, o

    mesmo autor atribuiu seu conjunto de sintomas leso no giro angular do hemisfrio

    dominante. Por isso, a sndrome por ele descrita foi denominada sndrome de

    Gerstmann.

    Em 1984, Gazzaninga e colaboradores estudaram pacientes lesionados no corpo

    caloso. Seus estudos mostraram que ambos os hemisfrios participam nas funes

    matemticas. Ambos os hemisfrios processam nmeros e quantidades, existindo

    importantes diferenas entre os dois hemisfrios: 1) nmeros apresentados ao

    hemisfrio esquerdo podem ser nomeados, enquanto que ao direito no; 2) o clculo

    ocorre somente com nmeros apresentados ao hemisfrio esquerdo: o direito no realiza

    clculos, ainda que simples.

    Em 1985, Roland e Friberg estudaram o fluxo sanguneo cerebral durante

    operaes matemticas. Observou-se que as regies parietais inferiores e o crtex pr-

    frontal so ativados no processo de clculo. Estudos com tomografia com emisso de

    psitrons (PET) e ressonncia magntica funcional (RMf) demonstraram a ativao das

    mesmas regies.

    Em 1996, Dehaene e colaboradores postularam um modelo modelo

    triplo cdigo para identificar o modo como o crebro lida com informaes

    numricas. Segundo os autores so trs as formas com que o crebro lida com

    informaes numricas: 1) representao analgica de quantidade, onde predomina uma

    representao verbal dos nmeros (p. ex. trinta e sete); 2) forma visual, onde predomina

    a sequncia de smbolos numricos (p.ex. 37); 3) processo transcodificador, onde

    possvel a modificao de uma forma para outra, ou seja, converter um nmero arbico

    para uma palavra e vice-versa.

    Cada forma proposta por Dehaene corresponde a um substrato anatmico. reas

    occipito-temporais inferiores, em cada hemisfrio, trabalham na identificao visual de

    nmeros, originando a representao analgica em nmeros arbicos. A rea cortical

    perissilviana esquerda envolve-se na representao verbal dos nmeros.

    Em 1994, Klebanov e colaboradores, avaliando crianas que nasceram com

    baixo peso menor que 1 quilo concluiu que essas tm maior dificuldade no

    aprendizado de matemtica. Esse estudo confirmou-se novamente em 2001 atravs de

    Isaacs.

  • Em 1998, Aronson e Hagnerg, atravs de um estudo que acompanhou filhos de

    mes alcolatras, demonstraram que essas crianas possuem dificuldades em memria

    de curto prazo, desorientao espacial e dificuldade em matemtica.

    Acalculia um transtorno do clculo associado frequentemente alexia e agrafia

    (Loring, 1999). A capacidade verbal e a capacidade escrita para o clculo esto afetadas.

    A base anatmica para acalculia se localiza no crtex associativo, especialmente

    no lobo parietal esquerdo.

    3. Transtorno de Expresso da Escrita

    Segundo o Manual Diagnstico e Estatstico de Transtornos Mentais (DSM IV

    TR, 2002), o Transtorno de Expresso Escrita conjuga dificuldades nas capacidades

    do portador em compor textos escritos. Os textos so marcados por erros de gramtica e

    pontuao, m disposio dos pargrafos, diversos erros de ortografia e caligrafa

    excessivamente ruim.

    O transtorno de expresso escrita se refere perturbao da escrita, no que diz

    respeito ao traado da letra, e, portanto caligrafia, e tambm a disposio espacial dos

    recursos grficos.

    muito comum a associao entre transtorno da expresso escrita e transtorno

    da leitura. Estima-se que ocorra trs vezes mais em meninos que em meninas,

    aparecendo em 4% das crianas em idade escolar. Crianas com esse transtorno

    possuem um risco maior para outros transtornos de aprendizagem, como transtorno da

    leitura e transtorno da matemtica. O transtorno de dficit de ateno/hiperatividade

    ocorre mais frequentemente em crianas com transtorno da expresso escrita (Sadock).

    O diagnstico e as caractersticas clnicas incluem: desempenho pobre em

    escrever textos, escrever bem e ordenar palavras de forma a construir frases coerentes;

    erros gramaticais graves, como uso inadequado de tempos verbais e omisso de palavras

    nas frases; erros de pontuao, incluindo o esquecimento de quais palavras comeam

    com letras maisculas. A criana, na construo de narrativas, no expressa claramente

    o local da trama, sua localizao temporal e o protagonista dos acontecimentos

    (sadock).

    A criana tem grande dificuldade em expressas seus pensamentos de acordo com

    as normas gramaticais de determinado idioma. Erros gramaticais e m ordenao de

    pargrafos esto presentes na escrita. As frases costumam no contar com letra

    maiscula na palavra inicial e ponto final aps a ltima palavra. Pode-se observar ainda

    uma recusa da criana em ir escola e realizar atividades tipicamente escolares,

    tornando o desempenho acadmico pobre. Irritao e frustao podem aparecer

    decorrentes de m adaptao social devido a incompetncias na escrita (Sadock).

  • Disgrafia um termo para transtornos de leitura, caracterizando um tipo

    congnito presente desde o comeo da aprendizagem individual, em crianas com

    inteligncia normal isentas de transtornos neurolgicos graves.

    Agrafia se refere a um transtorno na capacidade de leitura, caracterizado por ser

    adquirido devido a dano cerebral. Normalmente est vinculada alexia (transtorno

    adquirido para leitura).

    4. Transtorno da Linguagem (disfasia)

    Transtornos que afetam a linguagem so frequentes na infncia, com

    preval~encia estimada entre 1 e 12%, acometendo mais os meninos (2 a 4 meninos para

    cada menina). Das crianas menores de cinco anos com problemas de linguagem, 60%

    provavelmente tero algum grau de retardo mental ou distrbio de aprendizagem aos

    nove anos de idade (Joo).

    Pesquisas indicam que essas crianas tm um risco maior para alteraes do

    comportamento e da conduta, destacando-se o transtorno de dficit de

    ateno/hiperatividade (TDAH).

    Linguagem uma forma exclusiva de comunicao do homem onde, por meio

    de um cdigo simblico aprendido, possvel a transmisso de pensamentos, idias,

    emoes, etc.

    Disfasia a inabilidade para adquirir a linguagem oral em crianas com

    conet~encia cognitiva adequada, na ausncia de doena ou leso cerebral importante, e

    deficincias sensitivo motoras significativas. Assim, a disfasia no pode ser explicada

    por qualquer outro motivo alm de uma inabilidade congnita para aprender a

    linguagem oral. Entende-se a disfasia como um transtorno do sesenvolvimento.

    O DSM IV TR (2002) distingue as seguintes formas de disfasia: por

    comprometimento da linguagem expressiva e da linguagem receptiva-expressiva, ou

    misto; por transtorno fonolgico; e por transtornos da comunicao no especificado.

    Rapin e Allen, em 1983, classificaram as disfasias em trs formas: expressiva,

    receptiva-expressiva e por processamento de ordem superior.

    Entre as afasias expressivas, consideremos primeiramente a forma denominada

    dispraxia verbal ou disfluente, caracterizada por grave didiculdade na articulao, tanto

    de fomenas como tambm de paavras. Pode at mesmo ocorrer ausncia completa da

    fala.

    A segundo forma de afasia de expresso a que resulta de dificuldade em

    programar ou produzir a fala, chamada portanto de disfasia fluente.

    Tratando das disfasias receptivas/expressivas temos, em primeiro lugar, a forma

    denominada agnosia verbal auditiva, onde h grande dificuldade na compreenso

    auditiva, geralmente acompanhada de ausncia de expresso. Essa disfasia est, em

  • muitas das vezes, associada epilepsia intratvel. A outra fora de disfasia neste grupo

    a dificuldade fonolgico-sinttica, apresentando-se por omisses, substituies e

    distores de consoantes.

    Dentro das disfasias de processamento de nvel superior temos os dficits

    semntico-prgmticos, onde a compreenso pobre, bem como o pragmatismo

    associado flu~encia normal ou quase normal. Aqui tambm temos a disfasia lxico-

    sinttica, caracterizado por deficincias na habilidade sinttica.

    Atualmente vrios genes esto identificados e envolvidos nos transtornos da

    linguagem, tanto oral como escrita.

    Exames da ressonncia magntica cerebral costumam mostrar alteraes nas

    estruturas perissilvianas, como reduo bilateral da referida rea. A neuroimagem

    funcional capaz de mostrar alteraes no fluxo sanguneo durante realizao de tarefas

    lingusticas, apontando para alteraes funcionais.

    5. Aspectos neuropsicolgicos nos transtornos de aprendizagem

    Em um estudo de transtornos de aprendizagem seria miopia no considerar

    aspectos orgnicos na etiologia de tais transtornos. Pensa-se que voltar o olhar somente

    para questes biolgicas para explicar os transtornos de aprendizagem desconsiderar o

    espao psi, caindo assim num reducionismo, numa medicalizao no modo em que

    tratamos as causas e os processos inerentes aos transtornos.

    Esse argumento, entretanto, no anula a importncia e a validade dos estudos na

    rea das neurocincias que buscam entender as dificuldades que passam muitos

    indivduos que se iniciam no processo de aprender. Assim, seria tambm uma forma de

    reducionismo desconsiderar os aspectos orgnicos e valorizar somente explicaes

    psicossociais.

    Neurocincia um campo de estudos que conjuga conhecimentos anatmicos,

    fisiolgicos, bioqumicos, biofsicos e moleculares, inter-relacionando essas disciplinas

    com fenmenos como cognio e comportamento.

    Noutras palavras, as neurocincias ocupam-se em descrever, explicar e, caso

    necessrio, intervir sobre mecanismos neuronais subjacentes aos comportamentos

    cognitivos, perceptivos, motores, sociais e emocionais.

    Ao tratarmos especificamente dos transtornos de aprendizagem, o eixo vertebral

    de nossa ateno a neuropsicologia. Neuropsicologia um campo do conhecimento

    humano estruturado em volta das relaes entre crebro, mente e comportamento.

    Ocupa-se da investigao de diferentes funes cerebrais e suas consequncias para os

    processos mentais superiores.

    Segundo Luria (1981), trs unidades cerebrais funcionais so indispensveis

    para qualquer tipo de atividade mental: 1)unidade para regular o tono e a viglia;

  • 2)unidade para obter, armazenar e processar informaes; 3)unidade para programar,

    regular e verificar a atividade mental.

    Cada uma dessas unidades bsicas possuem uma estrutura hierarquizada,

    consistente em pelo menos trs zonas corticais sobrepostas uma s outras: 1)reas

    primrias, que recebem impulsos da periferia ou os enviam para ela; 2)reas

    secundrias, onde ocorre o processamento de informaes; 3)reas tercirias,

    responsveis por formas complexas de atividade mentais realizadas atravs da

    participao de mltiplas reas corticais.

    Como diz Luria:

    Os processos mentais humanos so sistemas funcionais complexos que

    no esto localizados em estreitas e circunscritas reas do crebro,

    mas ocorrem por meio da participao de grupos de estruturas cerebrais

    operando em concerto (Luria, 1981:27).

    A primeira unidade funcional reguladora do tono cortical e da viglia, e

    tambm dos estados de conscincia, compreende a medula espinhal, o tronco cerebral, o

    cerebelo, o sistema lmbico e o tlamo (Fonseca, 2007:47).

    Dois investigadores, Magoun e Moruzzi, apud Luria (1981:29), mostraram que

    h uma estrutura nervosa encontrada no tronco cerebral especialmente adaptada ao

    controle e manuteno do tono cortical e do estado de viglia: a formao reticular. A

    formao reticular tambm tem funo inibidora da atividade cortical. As fibras

    ascendentes e descendentes que partem da formao reticular formam um nico sistema

    funcional arranjado em posio vertical.

    Desordens nesta unidade funcional fazem com que alunos com dficits no

    desenvolvimento e na aprendizagem se tornem muito lentos, quase montonos, com

    respostas vagarosas e astenia (fraqueza ao acordar), embora sem nenhuma perturbao

    de recepo sensorial. Desordens na primeira unidade funcional incluem outros

    sintomas como insnia, desateno, distrbios de memria; lentido significativa com

    modificao no tom da voz e nas reaes afetivas, manifestadas como indiferena,

    ansiedade e aflio (Fonseca 2007).

    A segunda unidade funcional descrita por Luria (1981) responsvel pela

    recepo, anlise e armazenamento de informaes. Correspondem as regies laterais

    do neocrtex (crtex pr-frontal), incluindo as regies visual (occipital), auditiva

    (temporal) e sensorial geral (parietal). Esta unidade especializada em receber

    estmulos provenientes de receptores perifricos que chegam at o crebro, onde ocorre

    decodificao e integrao.

    A segunda unidade funcional recebe, analisa e armazena informao proveniente

    do mundo exterior, ou, funciona como mecanismos cerebrais de formas modalmente

    especficas dos processos gnsticos (Luria, 1981:54). A atividade gnstica humana,

  • segundo o autor, complexa e resultante de atividades polimodais, envolvendo vrias

    zonais corticais.

    Luria tambm descreve o princpio da lateralizao funcional, que comea com

    o aparecimento de maior aptido em uma das mos, e o aparecimento da fala. Na

    lateralizao, os hemisfrios cerebrais se tornam especializados em determinadas

    funes.

    A terceira unidade funcional a responsvel por programar, regular e verificar a

    atividade, organizando assim aes conscientes (Fonseca, 2007:53).

    Alm de receber e processar informaes que chegam do meio ambiente, o

    homem capaz de criar intenes, programas e planos para sua vida, tanto no presente,

    como tambm visando o que ir acontecer. A capacidade de analisar os efeitos de suas

    aes, relacionando-as com o que foi planejado, tambm est presente no homem.

    O substrato anatmico das funes cognitivas presentes na terceira unidade

    funcional corresponde aos lobos frontais, que agem na formao de intenes, na

    regulao e verificao do comportamento humano.

    As regies pr-frontais, presentes no lobo frontal, se conectam com todo o

    crtex incluindo a formao reticular , recebendo e enviando impulsos. As funes

    executivas so produtos da atividade da terceira unidade funcional.

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