11 de setembro de 2001 a versÃo oficial e a outras -...

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11 DE SETEMBRO DE 2001 A VERSÃO OFICIAL E A OUTRAS Paulo Barrios 1 Resumo Este artigo visa colocar, em contraste, a versão oficial para os chamados “ataques de 11 de setembro” e outras versões apresentadas por observadores, pesquisadores, comunicadores. Estes – baseados em dezenas e dezenas de evidências – buscam explicar o que, realmente, aconteceu naquela manhã de 2001. Alicerçado no dever jornalístico de ouvir equilibradamente partes divergentes envolvidas em um mesmo evento o trabalho questiona se os “grandes veículos” desenvolveram a contento suas funções. Para isto, cita princípios basilares do Jornalismo: a transparência, a prestação de contas, a credibilidade, a justiça, o equilíbrio, o criticismo, o apartidarismo, a independência e o pluralismo. Palavras-chave: Jornalismo. Transparência. 11 de Setembro. INTRODUÇÃO Durante os anos 80, em proximidade ao final da ditadura militar no Brasil, que se estendeu por 21 anos – de 1964 a 1985 – a agência de propaganda W/Brasil criou uma série de campanhas para o jornal A Folha de São Paulo. Colocou-a no patamar de o jornal brasileiro com o maior número de prêmios em Cannes – França, o grande festival da publicidade mundial. Um desses trabalhos famosos mostrava a figura de Hitler, o ditador da Alemanha nazista. Destacava algumas características do seu governo e encerrava afirmando: “É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade. Por isso é preciso tomar muito cuidado com a informação no jornal que você recebe. Folha 1 Professor graduado em Comunicação Social – Habilitação em Publicidade e Propaganda – pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. Mestre em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. E-mail: [email protected].

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11 DE SETEMBRO DE 2001

A VERSÃO OFICIAL E A OUTRAS

Paulo Barrios1

Resumo

Este artigo visa colocar, em contraste, a versão oficial para os chamados “ataques de 11 de setembro” e outras versões apresentadas por observadores, pesquisadores, comunicadores. Estes – baseados em dezenas e dezenas de evidências – buscam explicar o que, realmente, aconteceu naquela manhã de 2001. Alicerçado no dever jornalístico de ouvir equilibradamente partes divergentes envolvidas em um mesmo evento o trabalho questiona se os “grandes veículos” desenvolveram a contento suas funções. Para isto, cita princípios basilares do Jornalismo: a transparência, a prestação de contas, a credibilidade, a justiça, o equilíbrio, o criticismo, o apartidarismo, a independência e o pluralismo.

Palavras-chave: Jornalismo. Transparência. 11 de Setembro. INTRODUÇÃO

Durante os anos 80, em proximidade ao final da ditadura militar no Brasil,

que se estendeu por 21 anos – de 1964 a 1985 – a agência de propaganda W/Brasil

criou uma série de campanhas para o jornal A Folha de São Paulo. Colocou-a no

patamar de o jornal brasileiro com o maior número de prêmios em Cannes – França,

o grande festival da publicidade mundial.

Um desses trabalhos famosos mostrava a figura de Hitler, o ditador da

Alemanha nazista. Destacava algumas características do seu governo e encerrava

afirmando: “É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade. Por isso

é preciso tomar muito cuidado com a informação no jornal que você recebe. Folha

1 Professor graduado em Comunicação Social – Habilitação em Publicidade e Propaganda – pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. Mestre em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. E-mail: [email protected].

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de São Paulo, o jornal que mais se compra e o que nunca se vende". (CHAIM,

2008).

Ou seja, o próprio jornal admitia que há fontes de informação de

credibilidade duvidosa. E sempre deixou claro que, no universo do Jornalismo,

existem alguns princípios basilares que valorizam a profissão, os meios e seus

profissionais. São eles: a transparência, a prestação de contas, a credibilidade, a

justiça, o equilíbrio, o criticismo, o apartidarismo, a independência e o pluralismo.

No momento em que se aproxima o encerramento de uma das gestões

mais polêmicas dos EUA – a de George Walker Bush e seu grupo – este artigo visa

colocar em contraste a versão oficial para os chamados “ataques de 11 de

setembro” e outras versões apresentadas por observadores, pesquisadores e

comunicadores. Estes – baseados em dezenas e dezenas de evidências – buscam

explicar o que, realmente, aconteceu naquela manhã de 2001. Questiona a razão de

os chamados “grandes veículos” não darem vez a estes outros pontos de vista, já

que “é dever jornalístico (deontológico2 e ético) ouvir os lados divergentes envolvidos

em notícias ou reportagens que trazem a público, para repercutir na sociedade,

conflitos de interesses ou de versões”. (CHAPARRO3, 2007).

A ATIVIDADE JORNALÍSTICA

De acordo com Melo (2003) o Jornalismo deve ser visto como um

processo social que se articula a partir da relação entre as organizações formais e

coletividades, por meio de canais de difusão que asseguram a transmissão de

informações em função de interesses e expectativas.

É um processo contínuo e veloz determinado pela atualidade. O conjunto

de fatos estabelece ligações entre emissores e receptores, fazendo com que muitas

vezes tensões entre o que a coletividade gostaria de conhecer e o que a instituição

jornalística quer fazer saber.

2 Relativo a Deontologia. O termo foi introduzido em 1834, por Jeremy Bentham, para referir-se ao ramo da Ética cujo objeto de estudo são os fundamentos do dever e das normas morais. É conhecida também como “A Teoria do Dever”. 3 Carlos Chaparro é Doutor em Ciências da Comunicação e Professor de Jornalismo na ECA – Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo – USP. É jornalista desde 1957.

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Para o autor, o Jornalismo opera a partir da realidade de que o ser

humano sempre teve interesse em conhecer sobre o que se passa. Neste contexto,

informar e informar-se representa um requisito da sociabilidade. Em alguns casos, a

possibilidade de atuar e de influir na vida da sociedade tornou a informação um bem

social, um indicador econômico e um instrumento político.

Na visão de Kunczik (2002) as funções que um jornalista pode exercer,

basicamente, é a de repórter (que coleta informações), a de redator (que organiza as

informações) e a de editor (que seleciona e hierarquiza as informações e as publica).

Na atividade jornalística, matéria é o nome genérico do cabedal

informativo, resultante de apurações, o qual pode aparecer em forma de notícia (que

tem valor jornalístico apenas quando acaba de acontecer, ou quando não foi

divulgada por nenhum veículo); reportagem (uma ampliação da notícia, baseada em

testemunhos e investigações mais aprofundadas dos fatos); e entrevista (que conta

com a participação e pontos de vista de pessoas com conhecimento e ligadas ao

fato).

Melo (2003) afirma que o autêntico Jornalismo – que envolve processos

regulares e livres de informação sobre a atualidade e de opinião a respeito da

conjuntura – só emergiu com a ascensão da burguesia ao poder e da abolição da

censura prévia. Isto constituiu fator preponderante para que a atividade assumisse

sua fisionomia – a de uma atividade comprometida com o exercício do poder político,

difundindo idéias, combatendo princípios e defendendo pontos de vista.

Por estas razões, nada mais natural que os “donos do poder”,

incomodados pela virulência com que se praticava o Jornalismo, ao atacar,

denunciar, combater setores, procurassem reduzir o ímpeto da expressão opinativa.

Estas reações fizeram surgir e se desenvolver o Jornalismo de Opinião (que

privilegiava a expressão de idéias) e o Jornalismo de Informação (mais voltado à

narração dos fatos).

Enquanto o Jornalismo Francês apresentou-se com vigor opinativo,

promovendo debates, levantando problemas, participando ativamente do cenário

político, o Jornalismo Inglês assumiu uma tendência informativa, retraindo-se do

combate, preferindo distanciar-se do confronto direto com o poder.

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No entanto, em qualquer um dos casos o princípio de ouvir todas as

partes envolvidas – o outro lado, o contraditório – passou a representar uma prática

básica da profissão. Para Henriques4 (2006)

O princípio do contraditório deveria ser sempre respeitado no Jornalismo. Ele é um procedimento básico, um dos pilares de sustentação da atividade. É uma obrigação elementar ouvir todas as partes envolvidas numa notícia, não só porque é mais justo, mas também para evitar erros de informação por puro desconhecimento do jornalista. Ninguém é obrigado a saber tudo, por isso mesmo, é mais prudente ouvir sempre o outro lado para saber se determinada denúncia, ou questionamento tem o mínimo de pertinência.

Chaparro (2007) reforça esta idéia ao afirmar que

Nos manuais de redação dos melhores jornais europeus e americanos, como nos pragmáticos manuais de redação dos diários brasileiros de referência, está escrito que é dever jornalístico (deontológico e ético) ouvir os lados divergentes envolvidos em notícias ou reportagens que trazem a público, para repercutir na sociedade, conflitos de interesses ou de versões.

O autor afirma que os próprios manuais, entre eles o do jornal A Folha de

São Paulo, deixam claro em tom imperativo que: “quando uma informação é ofensiva

a uma pessoa ou entidade, ouça o outro lado e publique as duas versões com

destaque proporcional” (2007).

Para Kotscho (2005, p. 8) o profissional de jornalismo deve “entender que

sua tarefa não se limita a produzir notícias segundo alguma fórmula ‘científica’: é

uma arte de informar para transformar”.

Segundo ele, foi-se percebendo que na medida em que a função do

repórter definia-se, tornava-se importante e era mais seguidamente acionada para

cobrir os fatos, passaram a aparecer contradições entre os relatos jornalísticos e os

preconceitos ou valores sustentados pelas elites e pelos anunciantes.

A indústria do Jornalismo prosperou. A luta pelo furo, pela conquista do

receptor, levou as mídias a colocar repórteres em várias partes do mundo e, em

alguns casos, a nortear relações pouco éticas entre o veículo, as fontes e os

envolvidos nos fatos. 4 Rafael Paes Henriques é professor do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Espírito Santo – UFES. Mestre em Ciências da Comunicação – Informação e Jornalismo, pela Universidade do Minho – Portugal.

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Instituíram-se os cursos superiores de Jornalismo e buscaram-se, por via

de pesquisa acadêmica, padrões para a apuração e o processamento de

informações. Assim, ficou estabelecido que a informação jornalística deveria

reproduzir os dados obtidos nas fontes, que os testemunhos de um fato seriam

confrontados uns com os outros, para que se obtivesse a versão mais próxima da

realidade. E que a relação com as fontes deveria basear-se apenas na troca de

informações, sendo necessário ouvir porta-vozes dos diferentes interesses que

estavam em jogo.

Afinal, segundo Fernandes (2003, p. 167) as informações jornalísticas têm

origens nas fontes, sejam estas “o próprio repórter que presenciou o fato, a emissora

de rádio ou de televisão, documentos ou publicações diversas, as agências de

notícias, os órgãos oficiais, as autoridades ou os cidadãos comuns”. E deve ser do

equilíbrio, pesquisado e checado deste conjunto de forças, que se deve fazer a

diversidade do noticiário jornalístico.

Neste sentido, norteado pelos conceitos das atividades jornalísticas, aqui

explicitados, o presente artigo registra a versão oficial sobre os eventos de 11 de

setembro de 2001 e as outras versões, ignoradas pela grande mídia, em especial a

brasileira.

11/9 – A VERSÃO OFICIAL

Os ataques de 11 de setembro de 2001, também chamados de

“atentados de 11 de setembro”, foram vistos oficialmente pelos norte-americanos

como uma série de investidas suicidas, coordenadas pela Al-Qaeda5, contra alvos

estratégicos dos Estados Unidos6. (BBCBRASIL, 2004).

5 A Al-Qaeda ("a base", em árabe) é uma organização originariamente formada por mujahedines (combatentes talibãs recrutados e comandados pelo milionário saudita Osama Bin Laden, que lutaram contra a ocupação soviética, no Afeganistão de 1979 a 1989,). Desde o início foi financiada pelos Estados Unidos, num processo anti-soviético, através de mecanismos criados pela CIA. 6 World Trade Center, Pentágono e Casa Branca.

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Na manhã desse dia, quatro aviões comerciais foram seqüestrados. Os

terroristas embarcaram em vôos, saindo das cidades de Portland, Washington e

Boston.

Às 8 horas com 46 minutos, um Boeing 767 da American Airlines – o Vôo

11 – bateu contra a torre norte do World Trade Center – WTC, em Manhattan, Nova

Iorque.

Às 9 horas com 3 minutos, outro Boeing 767, desta vez da United Airlines

– o Vôo 175 – atingiu a torre sul do WTC.

Das mais de 2.500 pessoas que morreram nas Torres Gêmeas, pouquíssimos fragmentos de corpos puderam ser localizados. E nem sinal das caixas-pretas dos vôos AAL11 e UAL175. O grau de destruição foi tão grandes que as equipes de resgate não encontraram mesas, cadeiras, teclados de computador, telefones. (SANT’ANNA, 2006, p. 252).

Mais adiante, na mesma obra, Sant’Anna (2006, p. 256) afirma que “na

foto dos arquivos do FBI, vê-se o passaporte calcinado de Ziad Jarrah, recuperado

dos destroços (...) com seu rosto e nome bem visíveis7”.

Às 9 horas com 45 minutos, uma terceira aeronave, novamente da

American Airlines – o Vôo 77 – foi direcionado pelos seqüestradores para se chocar

contra o Pentágono, no Condado de Arlington, Virgínia.

Às 10 horas com 11 minutos, caiu a quarta nave, outra vez da United

Airlines – o Vôo 93 – cujos destroços ficaram espalhados num campo próximo de

Shanksville, Pensilvânia. A versão apresentada pelo governo asseverou que seus

passageiros enfrentaram os seqüestradores e que, durante o ataque, o avião

despencou, após a luta de valorosos cidadãos dos Estados Unidos contra

seqüestradores fanáticos. Casualmente, todos tinham bons dotes físicos e estavam

preparados para defender sua liberdade.

Jamais se saberá exatamente quem lutou contra os terroristas. Mas pode-se supor que forma Jeremy Glick, campeão de judô e praticante de luta livre, Tom Burnett (...), Mark Bingham, jogador de rúgbi, Todd Beamer8, muito religioso, Richard Guadagno, que freqüentava cursos de defesa pessoal do

7 Apesar de os impactos dos aviões destruírem as caixas-pretas, as estruturas de aço e concreto das torres e os móveis, o passaporte – de papel – pertencente a Ziad Jarrad manteve-se praticamente intacto, o que facilitou sua identificação pelo FBI. 8 Recitou o Salmo 23, antes de morrer como mártir: “O Senhor é meu pastor, nada me faltará...”.

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FBI (...) e Linda Gronlund, faixa marrom de caratê. (SANT’ANNA, 2006, p. 239).

Ou seja, segundo o autor, apesar da ausência de sobreviventes desse

vôo, foi possível reconstituir quase tudo que ocorreu, já que os próprios mortos

relataram a tragédia, conversando pelo telefone – minutos antes – com familiares e

amigos, ou deixando mensagens gravadas em suas secretárias eletrônicas.

Ele resume a versão oficial da seguinte forma: em 11 de setembro de

2001, 19 terroristas, dirigidos por Osama Bin Laden, capturaram 4 aviões comerciais

norte-americanos. E, enquanto fugiam do Sistema de Defesa Aéreo – NORAD,

atingiram 75% dos alvos.

As torres do World Trade Center 1, 2 e 7 foram abatidas devido às falhas

estruturais causadas pelo fogo e pelo “efeito panqueca" (um andar caiu sobre o

outro e seus pesos os fizeram despencar sobre o próximo, sucessivamente). O avião

que atingiu o Pentágono se vaporizou devido ao impacto, assim como o que caiu em

Shanksville.

A seqüência desses atentados causou a morte de 3.234 pessoas e o

desaparecimento de outras 24.

O jornalista Demétrio Magnoli, ex-colunista de A Folha de São Paulo, tido

como especialista em relações internacionais, em seu livro "Terror Global", afirmou

que (FOLHA ONLINE, 2008).

Logo após o 11 de setembro, alguns intelectuais que se querem de esquerda interpretaram os atentados como um golpe no ‘império americano’ e um sinal do declínio estratégico dos EUA. (...) O fascínio pelo terror diz muito sobre a degeneração de correntes de esquerda que não conseguem esconder sua profunda hostilidade à democracia, mas nada diz sobre a natureza do terror jihadista. A rede da jihad9 global organiza-se sobre o programa de restauração do califado, isto é, do império islâmico. O califado foi abolido logo após a Primeira Guerra Mundial, com o surgimento da Turquia moderna. De lá para cá, não há uma autoridade máxima, política e religiosa, que materialize a unidade e a centralização do mundo muçulmano. Restabelecer essa autoridade é a meta dos terroristas que conspiraram contra as torres gêmeas. Seus ataques a alvos ocidentais são apenas uma

9 Linguisticamente, a palavra árabe "jihad" significa "esforço" ou "empenho" e se aplica a todo esforço ou empenho despendido na execução de qualquer ação. Neste sentido, um estudante se esforça ou se empenha para ter o seu diploma; um empregado se esforça ou se empenha em seu trabalho e mantém boas relações com seu empregador; um político se esforça ou se empenha para manter ou aumentar sua popularidade entre os eleitores, e assim por diante. No ocidente, "jihad" foi traduzido como "guerra santa", um uso popularizado pelas mídias. (SBMRJ, 2004).

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dimensão da ‘guerra santa’ que declararam contra os Estados árabes e muçulmanos ‘infiéis’.

Magnoli complementa ressaltando que as torres gêmeas e o prédio

número 7 não caíram sozinhos. Junto com suas ruínas, foram varridas pelos

terroristas as esperanças provenientes da queda do Muro de Berlim, destruindo uma

expressiva parcela do patrimônio de liberdades das democracias.

11/9 – OUTRAS VERSÕES

Logo após 11 de setembro de 2001, algumas teorias começaram a surgir

tentando revelar o que realmente havia ocorrido em relação aos eventos que

abalaram os EUA. (VONKLEIST10, 2004).

Segundo o autor, uma delas chamou sua atenção, após navegar por um

site francês intitulado “Cace o Boeing. Teste suas percepções”. Levantava sérias

questões a respeito do que, de fato, teria acontecido no Pentágono. Expunha fotos

oficiais e destacava que nenhuma revelava vestígios do que teria sido a aeronave:

nada da cauda, do nariz, da fuselagem, das asas, dos motores, das rodas, das

bagagens, das poltronas – nada.

Conforme Avery11 (2006), em 15 de agosto de 2005, o vôo 522 da Helios

Airways, um Boeing 737 em rota para Atenas – Grécia chocou-se contra uma colina

em velocidade máxima. Resultado visual: muito fogo, partes da cauda e das asas,

motores, cabine e 121 corpos.

No evento do Pentágono não houve destroços de nada parecido com um

avião. E suas características eram incompatíveis com as de outros acidentes aéreos

de semelhantes proporções, contrariando as versões divulgadas pelas grandes

redes: a NBC, a CBS, a ABC, a CNN e outras. (VONKLEIST, 2004).

10 Dave Vonkleist é jornalista, repórter, produtor e apresentador do programa de rádio “The Power Hour”, Ohio, Cincinnati - EUA. 11 As teorias de Dylan Avery estão em sintonia com as reveladas neste artigo. E são apoiadas pelo 9/11 Truth Movement (Movimento pela Verdade do 11/9), nome adotado por organizações e indivíduos que questionam o relato oficial dos ataques de 11 de setembro de 2001. Seus membros comunicam-se principalmente através da internet e regularmente reúnem-se em encontros locais, conferências nacionais, internacionais e demonstrações públicas.

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Além disto, o buraco de em torno de 5 metros de largura não condizia

com as proporções de uma nave daquele porte, que possui 38 metros de largura (de

uma asa à outra), mais de 47 metros de comprimento (do nariz à cauda) e cerca de

14 metros de altura. Em termos de danos à estrutura, os do Pentágono também

eram incompatíveis com aqueles percebidos no WTC.

Através de seu programa de rádio, Vonkleist revela que buscou

informações com militares e especialistas em armas. E estes informaram que aquele

orifício era bastante semelhante aos provocados por mísseis, os chamado bunkers

busters (arrebentadores de casamatas). Neste evento, muitas câmeras filmaram o

ocorrido. E a desconfiança do autor se acentuou porque todas elas foram

confiscadas pelo FBI e suas imagens proibidas de serem exibidas por alegadas

questões de “segurança nacional”.

Avery (2006) comenta que a explicação oficial – para não restar nada do

avião – é que a aeronave foi vaporizada devido ao calor intenso causado pela

queima do combustível. Mas, se o incêndio atingiu temperaturas tão altas que

incineraram um avião daquela magnitude, com peças de aço e titânio, como os

investigadores do governo conseguiram identificar 184 das 189 pessoas que

supostamente morreram no choque? Ou seja, a nave desapareceu, mas o DNA dos

passageiros não.

Outro fato curioso é que o governo estadunidense afirmou que o “piloto-

terrorista”, Hani Hanjour, teria jogado o avião contra o Pentágono, após executar

uma curva descendente de 330 graus a 853 km/h, descendo 2.133 metros em dois

minutos. Segundo especialistas, a manobra – por si só – já teria feito o avião cair por

excesso de velocidade. Funcionários e o instrutor-chefe de vôo do aeroporto de

Freeway, em Maryland, garantem que um mês antes Hanjour já tinha apresentado

enorme dificuldade em controlar e aterrissar um Cessna 172, minúsculo avião de só

motor, mesmo tendo ao seu lado um instrutor, sendo considerado abaixo da

capacidade de pilotagem.

Vonkleist (2004) aponta que outra curiosidade envolveu o Boeing 767, da

United Airlines, o Vôo 175, que atingiu o 2º prédio – a torre sul do WTC. Segundo

ele, Phil Jayhan, webmaster do site www.letsroll911.org, examinou quadro a quadro

a seqüência do avião se chocando contra o edifício e descobriu algo surpreendente:

havia um grande objeto cilíndrico preso à barriga da aeronave. Comparando o avião

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a um Boeing 767 da United Airlines percebeu-se que este não possuía tal artefato.

Sua percepção foi confirmada, após uma minuciosa análise digital realizada por uma

universidade espanhola. Que tipo de avião poderia levar anexado a sua barriga um

objeto semelhante? Para militares e especialistas, um E-8C Joint Stars, que possui

um Encaixe de Sistema de Radar de Vigilância para Ataques ao Alvo. É uma

espaçonave da força aérea dos EUA usada para gerenciar ataques aéreos,

comandos e controles de inteligência, vigilâncias e reconhecimentos. Possui um

objeto cilíndrico – um míssil – preso à sua barriga, de 12,2 metros.

É interessante destacar que várias testemunhas, que avistaram a nave,

afirmaram que aquele não era “um avião comercial. Era grande e cinza”. Enquanto

as aeronaves da United têm cores azuis e vermelhas, que chamam atenção, as da

Força Aérea geralmente são cinza. Mark Burnback, repórter da Fox News, em

cobertura ao vivo do evento afirmou categoricamente: “Havia uma logo azul, de

forma circular, na frente do avião e definitivamente não era um avião comercial. Não

tinha janelas na lateral. Vi porque voava muito baixo”. (VONKLEIST, 2004).

Com relação aos próprios aviões e aos ataques, Avery (2006) levanta

alguns fatos que apresentam intrigantes coincidências. Em 1º de dezembro de 1984,

a NASA – Administração Nacional do Espaço Aéreo – dos EUA, já havia realizado

com sucesso um vôo controlado remotamente. A nave, um Boeing 720, levantou vôo

da base aérea de Edwards, a mais importante do país, situada na Califórnia, e

navegou sem piloto humano num total de 16 horas e 22 minutos. O feito incluiu 10

partidas, 69 aproximações e 13 aterragens.

O pesquisador também informa que, em 1997, a capa do manual da

FEMA – Agência Federal para a Gestão de Emergências – dos EUA, sob o título

"Resposta de emergência contra o terrorismo", apresentava o WTC sob a imagem

de uma mira.

Em 28 de fevereiro de 1998, o Global Hawk, um avião não-pilotado

Radeon, completou seu 1º vôo sobre a mesma base aérea, a uma altitude de 9.753

metros – a mesma de cruzeiro para um avião comercial.

Em 1999, o NORAD – Comando de Defesa Aeroespacial da América do

Norte – iniciou exercícios através dos quais aviões comerciais eram seqüestrados e

jogados contra o WTC e o Pentágono.

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As informações de Avery são confirmadas por Joseph12 (2007) que afirma

que o jornal USA Today havia noticiado, 2 anos antes dos ataques de 11 de

setembro, que o NORAD conduzia exercícios usando aviões seqüestrados como

armas. E que um dos alvos era o World Trade Center. Curiosa coincidência.

Avery (2006) continua informando que, em junho de 2000, o

Departamento de Justiça dos EUA lançou um manual de contra-terrorismo, exibindo

o WTC sob uma mira. Em setembro do mesmo ano o chamado “Projeto para um

novo século americano”, de autoria de um grupo de discussão neo-conservador,

reuniu celebridades como Dick Cheney13, Donald Rumsfeld14 Jeb Bush15 e Paul

Wolfowitz16. Do encontro resultou um relatório intitulado: "Reconstruindo as defesas

americanas", o qual destacava que "o processo de transformação, mesmo que traga

uma mudança revolucionária, é provável que venha a ser longo, na ausência de

algum evento catastrófico catalisador, como um novo Pearl Harbor17."

O pesquisador ainda destaca os eventos na seqüência a seguir.

Em 24 de outubro de 2000, o Pentágono conduziu o 1º de dois exercícios

de treino, chamados Mascal, os quais simulavam um Boeing 757 sendo jogado

contra seu edifício-sede.

Em abril de 2001, o NORAD planejou um exercício onde uma aeronave

era jogada contra o Pentágono. O exercício foi visto como "irrealista demais".

Charles Burlingame, um antigo piloto de F-4 da Marinha, que atuou na instituição,

participou da operação. Após, começou a trabalhar na American Airlines. E menos

de um ano depois seu Boeing 757 foi apontado como aquele que chocou contra o

Pentágono. 12 Peter Joseph é autor do filme-documentário Zeitgeist, lançado online livremente, via Google Vídeo. Foi apresentado em première global no 4th Annual Artivist Film Festival & Artivist Awards (festival estadunidense que reúne artistas ativistas – pessoas envolvidas em ações políticas diretas e indiretas sempre fora do âmbito institucional). 13 Dick Cheney – vice-presidente dos EUA, figura-chave no endurecimento da política externa norte-americana, considerado um dos arquitetos da Guerra do Iraque. 14 Donald Rumsfeld – ex-Secretário de Defesa dos EUA, acusado pelo ex-general, Janis Karpinski, responsável pela prisão iraquiana de Abu Ghraib de ter autorizado as torturas de presos no Iraque. 15 Jeb Bush – governador da Califórnia, irmão de George Bush, com quem estava no dia dos ataques. 16 Paul Wolfowitz – Ex-presidente do Banco Mundial, muito conhecido pela arquitetura da política extena do governo Bush, que resultou na invasão do Iraque. Renunciou ao cargo após escândalo no qual era acusado de lotear os altos cargos da instituição entre ex-companheiros do governo, havendo promovido inclusive a própria namorada. 17 Pearl Harbor – base naval e quartel-general da frota dos EUA, atacada pela Marinha Imperial Japonesa, em 1941, evento que provocou a entrada dos norte-americanos na 2ª Guerra Mundial e iniciou a Guerra do Pacífico, levantando suspeitas sobre o comportamento da gestão Roosevelt.

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Em junho de 2001, o Departamento de Defesa apresentou novas

instruções sobre intervenções militares, em caso de seqüestros de aviões. E afirmou

que "em todas as respostas não-imediatas, o Departamento de Defesa tem de obter

permissão diretamente do Secretário de Defesa." A partir desta época, o Procurador

Geral, John Ashcroft, começou a voar em jatos Charter, até ao final do seu mandato,

devido aos alertas do FBI sobre a possibilidade de terrorismo aéreo.

Ainda, conforme Avery (2006), em 4 de julho de 2001, Osama Bin Laden,

procurado pelos EUA desde 1998, recebeu tratamento médico no hospital norte-

americano de Dubai, o segundo maior dos Emirados Árabes Unidos. Na ocasião,

recebeu a visita cordial de um chefe local da CIA. No dia 24 do mesmo mês, Larry

Silverstein, proprietário do WTC 7, fez um seguro de 3,5 bilhões de dólares para

todo o complexo do WTC – seis semanas antes de 11 de setembro – cobrindo

especificamente atos de terrorismo.

Em 6 de setembro de 2001, foram colocadas 3.150 put options (apostas

na queda da Bolsa) sobre as ações da United Airlines, uma das envolvidas nos

eventos. Nesse dia, as put options foram superiores em mais de 4 vezes a sua

média diária. Cães especialistas em explosivos foram retirados do WTC, e também

os guardas de segurança que estavam fazendo turnos de 12 horas há 2 semanas.

Em 7 de setembro de 2001, foram colocadas 27.294 put options sobre as

ações da Boeing, superiores em mais de 5 vezes sua média diária.

Em 10 de setembro de 2001, foram colocadas 4.516 put options sobre as

ações da American Airlines, quase 11 vezes superiores sua média diária. No mesmo

dia, a Newsweek – a segunda maior revista semanal dos EUA – noticiou que altos

oficiais do Pentágono haviam cancelado seus planos de vôo para a manhã seguinte.

O presidente da Câmara de São Francisco, Willie Brown, recebeu uma chamada

telefônica que o alertou para não voar em 11 de setembro. A Pacifica Radio, da

Califórnia, revelou mais tarde que o telefonema foi efetuado pessoalmente pela

Conselheira Nacional de Segurança, Condoleezza Rice. E no Paquistão, num

hospital militar, os urologistas foram substituídos por uma equipe especial, para

acolherem seu convidado de honra, Osama Bin Laden, que foi escoltado para

dentro, para ser cuidadosamente vigiado e tratado. (AVERY, 2006).

Joseph (2007) aponta que, já que fontes oficiais afirmaram que 4 ou 5 dos

terroristas estavam em cada vôo, seus nomes deveriam constar nos respectivos

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relatórios de vôos. Só que os relatórios aos quais seus pesquisadores tiveram

acesso não continham os nomes dos “seqüestradores”, e nem mesmo algum outro

nome de origem árabe. O mais intrigante é que muitos deles estão vivos. Para o

autor, muitas das “provas” foram forjadas. Por exemplo, um dos passaportes dos

seqüestradores, do vôo 11, foi encontrado nos destroços. É curioso que tenha

atravessado uma bola de fogo, através do avião, e aterrado no solo – imaculado –

enquanto estruturas de concreto era pulverizadas.

Em relação às quedas das torres norte, sul e ao prédio nº 7 do complexo

WTC, várias emissoras de rádio e TV relataram que estas lembravam demolições

controladas. Os próprios bombeiros de Nova Iorque comentaram que os andares

foram caindo de uma forma uniforme, como tivessem sido detonados, aos sons de

“bum... bum... bum”. (VONKLEIST, 2004).

Sobreviventes civis, como Teresa Veliz que estava trabalhando no 47º

piso quando o vôo 11 bateu na Torre Norte, confirmam esta suspeita.

Havia explosões. Fiquei convencida que tinham posto bombas por todo o lado e que alguém estava sentado num painel de controle pressionando os botões do detonador. Houve uma explosão. Depois outra e outra. Não sabia para onde fugir. (AVERY, 2006).

Avery (2006) garante que a torre sul do WTC desmoronou até o chão em

aproximadamente 10 segundos, como que em queda livre. 29 minutos depois, a

torre norte também ruiu, também em aproximadamente 10 segundos. Mais tarde, às

17h20min, o prédio Nº 7 – um edifício de escritórios com 47 andares, que não foi

atingido por nenhum avião, também veio abaixo. Curiosamente seus inquilinos mais

proeminentes eram a CIA, outras agências de Serviços Secretos, o Departamento

de Defesa, e o IRS – (órgão da Receita Federal), que continha entre 3 mil a 4 mil

arquivos relacionados a inúmeras investigações sobre Wall Street.

Joseph (2007) também levanta questões sobre as quedas. O eixo do

núcleo de cada uma das torres possuía 47 colunas de aço maciço. Se as

plataformas de um dos andares tivessem se soltado de um deles, ainda assim suas

colunas ajudariam a manter a estrutura em pé. Nenhum dos aviões cortou qualquer

das colunas do núcleo. Les Robertson – engenheiro estrutural, responsável pela

construção dos prédios conta que “desenhamos as Torres para agüentarem até o

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impacto de um Boeing 707, de qualquer lado. Tudo indica que as torres gêmeas

caíram numa espécie de queda livre”. 200.000 toneladas de aço fragmentaram-se e

explodiram em 152 metros. Isto significa o desaparecimento de uma média de 10

andares por segundo.

E mais: as cenas gravadas não demonstram nenhuma imagem de "efeito

panqueca" nos edifícios que caíram. Se foi uma espécie de queda livre, o que

permitiu este efeito, movendo massas de materiais pelo caminho? O pesquisador

responde: explosivos. Se 47 enormes vigas de aço no núcleo estavam interligadas,

como foi possível aniquilá-las quase que simultaneamente, até desaparecerem por

completo? Cortando-se as colunas, através de cortes em ângulos diagonais. Uma

demonstração aparece em seu documentário e também nos fragmentos de várias

colunas do WTC. Para ele, um dos produtos usados em demolição, o térmite, é tão

quente que corta o aço como se fosse uma "faca cortando manteiga". (JOSEPH,

2007).

Em 10 de setembro de 2001, o NORAD havia iniciado inúmeras ações

militares. A primeira, com o nome de Vigilant Guardian, foi descrita como um

exercício que criaria uma crise imaginária para as defesas norte-americanas em

nível nacional. A segunda, chamada de Northern Vigilance, movimentaria caças para

o Canadá e para o Alaska, a fim de combater uma frota russa imaginária. Três F-16

da Guarda Nacional de Washington DC, da base aérea de Andrews, foram levados a

333 km de distância, numa missão de treino na Carolina do Norte. Isto deixou

apenas 14 caças para proteger todos os Estados Unidos. (AVERY, 2006).

Joseph (2007) afirma que, em relação aos aviões agressores, causa

estranheza de não serem interceptados pelo sistema aéreo de proteção dos EUA.

Foi uma anomalia atormentadora. Os caças militares de reconhecimento, que

sobraram, ficaram confusos. E a razão de não saberem o que fazer foi devido a um

elevado número de exercícios de guerra sobrepostos (simultâneos) aos ataques que

estavam ocorrendo. Um dos exercícios era o Vigilant Warrior, uma simulação real de

aviões desviados e seqüestrados acontecendo naqueles momentos. Eles estavam

“lidando” com 22 "seqüestros". Exatamente naquele dia, naquela manhã e naquela

área geográfica. E quem comandava todos os exercícios? Dick Cheney, o vice-

presidente dos EUA. Desta forma, os militares envolvidos não conseguiram, de

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acordo com gravações exibidas nos três documentários que aparecem nas

referências, distinguir o que era exercício e o que era real.

A confusão foi tanta que, a partir do momento em que o primeiro avião

aproximava-se das torres, um dos controladores falou: “Olá, chefe, aqui é a equipe

New. Temos um problema com um avião seqüestrado, que se dirige para Nova

Iorque, e precisamos de vocês. Necessitamos de alguém ative as equipes

domésticas para nos ajudar”. O interlocutor respondeu: “Isto é real ou é um

exercício?”. E o primeiro completou: “Não, isto não é um exercício. Vamos decidir

sobre este avião fora de rota?”. O segundo argumentou: “Bem... não sei. Esta será

uma decisão que alguém terá que tomar provavelmente nos próximos 10 minutos.

Sabe, todos já saíram da sala”. (AVERY, 2006).

Após os eventos e as reações populares, Bush e Cheney só concordaram

em falar perante a “Comissão 11/9”, sob as seguintes condições: aparecerem juntos;

não estarem sob juramento; apresentarem-se sem a presença da imprensa e de

familiares; não permitindo qualquer gravação ou transcrição. O relatório final foi

unânime, servindo aos interesses da administração Bush. Por incrível que pareça,

seu relator, Philip Zelikow, foi a mesma pessoa que mais tarde realizou o plano

estratégico para a Guerra do Iraque, sendo amigo íntimo de Condoleezza Rice.

Para todos os pesquisadores apontados, o governo estadunidense está

por trás de todos os eventos. Sob esta visão, as calorosas reações aos ataques de

11 de setembro foram falsas operações patrióticas para que certos grupos

conseguissem apoio popular, autorização e fundos para um novo nível de

imperialismo.

Vonkleist (2004) questiona: Por que o governo dos EUA estaria envolvido

nestes atos? Ele mesmo responde afirmando que todos sabem que a guerra faz

dinheiro – é a maior indústria do mundo. Nela lucram inúmeros grupos empresariais.

Assevera que os contratos de defesa são os maiores do país e também do mundo.

Bilhões e, às vezes, trilhões de dólares são distribuídos às corporações contratadas.

Estas, por exemplo, fornecem martelos a 75 dólares cada, vasos sanitários a 600

dólares cada, sobretaxando de forma grosseira e velada os contribuintes norte-

americanos. Para o autor, como os contratados garantem sua estabilidade e

lucratividade? A resposta é simples: garantindo que existam guerras. Sobre a

eventual omissão das áreas do Jornalismo, pergunta: por que as mídias não falam a

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respeito? E responde: estão envolvidas politicamente. Só para se ter um exemplo: a

NBC pertence a General Electric. E a GE é uma das 10 maiores corporações

contratadas em caso de guerra.

Se não existe mais outra superpotência como bode-expiatório (como a

antiga URSS) que melhor inimigo os Estados Unidos poderiam ter do que um

oponente sem-rosto ou um país que pode ser atacado à vontade com um sistema de

defesa infinitamente inferior? Para ele, vagarosamente os cidadãos irão entender

porque os EUA criaram Osama Bin Laden. Ele era um agente da Agência Central de

Inteligência – a CIA. Foi treinado, financiado e colocado no poder pela CIA. Possui,

junto com sua família, ligações e negócios substanciosos com a gestão de George

W. Bush. Saddam Hussein também foi treinado, financiado e fortalecido no poder

pelos governos norte-americanos. Não é possível que os EUA tenham criado bodes-

expiatórios, inclusive o Talibã e a Al-Qaeda, para terem “agentes do mal” para culpar

pelos eventos de 11 de setembro?

Também de forma intrigante, Michael Moore, através de seu

documentário “Fahrenheit 9/11”18, demonstra fortes ligações da família de George

W. Bush com a de Osama Bin Laden. Destaca as causas e consequências dos

eventos em questão, ligando-os à necessidade de invasão do Iraque pelos EUA,

sendo apoiados por fiéis aliados. Entre eles, a Grã-Bretanha abertamente; e Israel

veladamente. Apresenta pistas sobre as verdadeiras razões que impulsionaram a

invasão do Afeganistão, em 2001, e do Iraque, em 2003. Estas correspondem mais

à proteção dos interesses dos EUA que ao desejo de libertar os respectivos povos

ou evitar ameaças potenciais. (MOORE, 2004).

Vonkleist (2004) coloca que, no dia 23 de setembro de 2001,

Condoleezza Rice, Conselheira da Segurança Nacional, garantiu que o governo

tinha provas que ligavam Osama Bin Laden aos ataques. E que estas seriam

divulgadas no momento certo. O autor afirma que os cidadãos dos EUA e do mundo

ainda estão esperando por essas provas que não apareceram. De lá para cá o

governo já criou duas guerras de enormes proporções – no Afeganistão e no Iraque.

Tudo baseado em evidências que não apareceram. Apoiado pela mídia colocou

impiedosamente, nas mentes dos norte-americanos, que terroristas armados com

18 O documentário foi premiado no Festival de Cannes de 2004, obtendo a Palma de Ouro, prêmio de da maior relevância entregue por aquele evento. O último documento do gênero a receber o mesmo prêmio foi The Silent World de Jacques Cousteau e Louis Malle, 48 anos atrás.

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estiletes e canivetes foram os responsáveis pelos ataques nos EUA. Bush foi claro

em seu maniqueísmo: “Ou vocês estão conosco ou estão com os terroristas”.

AS VISÕES DE ALGUNS ESPECIALISTAS

Um dia após os eventos, em 12 de setembro de 2001, os principais

jornais dos EUA e de várias partes do mundo, baseados em fontes norte-

americanas, já começaram a estampar em suas capas manchetes abordando os

fatos.

Segundo Moreira19 (2005), em seus conteúdos os destinadores

desejaram fazer com que os destinatários cressem que os agentes das ações eram

terroristas, apesar de não possuírem uma única pista ou evidência concreta sobre as

autorias, classificando-os como suicidas. Para o pesquisador, evidenciou-se uma

identificação passional com o sentimento da população, colocando os EUA como

vítimas de uma agressão desmesurada e com direito à guerra e à vingança.

- Los Angeles Times (EUA) – Terroristas atacam Nova Iorque e o Pentágono.

- The Washington Post (EUA) – Terroristas seqüestram quatro aviões, destroem o World Trade Center, atingem o Pentágono, com centenas de mortes.

- The Wall Street Jornal (EUA) – Terroristas destroem World Trade Center, atingem o Pentágono em ataque-surpresa com aviões seqüestrados.

- The Washington Times (EUA) – Que infâmia!

- The Examiner (EUA) – Bastardos! - Daily News (EUA) – É guerra!

- The Miami Herald (EUA) – Atos do mal.

- The Guardian (Inglaterra) – Uma declaração de guerra.

- The Independent (Inglaterra) – Dia do juízo final na América.

- Die Welt (Berlim, Alemanha) – Invasão terrorista no coração da América.

- Le Monde (França) – América golpeada. Mundo tomado de terror. - Al Hayat (Líbano) – Aviões suicidas atacam o Pentágono e destroem as torres do WTC em Nova Iorque. A América declara alerta máximo e aponta a marca de Bin Laden nos ataques.

- El Pais (Espanha) – O mundo em vigília à espera das represálias de Bush.

- El Universal (México) – Alerta mundial!

- La Industria (Peru) – Eles não terão o perdão de Deus.

19 Deodoro José Moreira é doutorando do Programa de Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica – PUC, de São Paulo – SP.

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- Público (Portugal) – América promete vingança.

- O Estado de São Paulo (Brasil) – Terrorismo declara guerra aos EUA. - Jornal do Brasil (Brasil) – EUA armam resposta ao terror.

- O Globo (Brasil) – Terror suicida pára o mundo.

(apud MOREIRA, 2005).

Por questões de natureza administrativa, estratégia, política, econômica

e/ou comercial, pressupõe-se que corporações há muito vinham tentando influenciar

o terreno midiático. O que se imagina no mundo parece ganhar força também na

esfera nacional. Para Sant’Anna20 (2007)

Há um novo ator no cenário informativo brasileiro que nos obriga a adotar ótica diferenciada na análise do Jornalismo e da identidade dos jornalistas. Setores da sociedade civil e do poder público trazem à esfera midiática um novo tipo de emissor de informações. São meios mantidos por atores sociais até então considerados apenas como fonte de informação. Jornais de grande circulação, emissoras de rádio e TV, ou mesmo programas sociais, são disponibilizados à sociedade por corporações, organizações não governamentais e mesmo por movimentos sociais, influenciando o conteúdo da agenda apresentada à opinião pública.

O pesquisador prossegue (SANT’ANNA, 2007)

No cenário da difusão da informação no Brasil, desponta um novo ator que se diferencia das mídias tradicionais. Entre os meios tradicionais de comunicação, públicos ou privados, novos veículos informativos são ofertados ao público por organizações profissionais, sociais e inclusive por segmentos do poder público. São mídias mantidas e administradas por atores sociais que, até então, se limitavam a desempenhar o papel de fontes de informações. (...) Estas fontes são, em grande parte, verdadeiras organizações políticas. (...) Deter uma visibilidade pública é o objetivo desses grupos, uma vez que para interferir na esfera pública, neste período de pós-modernidade, é necessário estar inserido na agenda midiática.

Sant’Anna cita Koch (1990, p. 175) para afirmar que, no território das

grandes mídias dos Estados Unidos, cerca de 70% das informações publicadas

consistem na re-redação do discurso das fontes oficiais. Há enorme similaridade,

inclusive internacionalmente, entre os conteúdos das mídias tradicionais e os das

assessorias de imprensa.

20 Francisco Sant’Anna é jornalista profissional, Mestre em Comunicação pela Universidade de Brasília – UnB, e doutorando em Ciência da Informação e Comunicação no Centre de Recherches sur l’Action Politique em Europe, na Universidade de Rennes-1 – França.

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Para Magliocca (apud RIBEIRO, 2002), agências de notícias são as

maiores responsáveis pelo fornecimento de informações.

São fotógrafos, cinegrafistas e repórteres das grandes agências internacionais que estão na linha de frente dos principais eventos mundiais para abastecer veículos de todo o planeta com textos, áudio e imagens, reproduzidos nas mídias impressa e eletrônica dos cinco continentes.

A estratégia das fontes não se limita apenas a construir suas notícias.

Elas também buscam influenciar o trabalho jornalístico por meio de pseudo-fatos

(factóides) planejados para captar a atenção das mídias e influenciar nos

agendamentos. (BONVILLE apud SANT’ANNA, 2007).

Durante os eventos do Fórum Social Europeu – 2003, realizado em Paris

– França, a Editora Fundação Perseu Abramo lançou o livro “Padrões de

manipulação na grande imprensa”, ensaio do jornalista e sociólogo Perseu Abramo21

que salienta os interesses políticos por trás das notícias e as razões de a

apresentação da realidade ser manipulada por muitos meios de comunicação. A

obra ressalta que a distorção da realidade não provém diretamente do interesse

econômico ou da busca do lucro dos veículos, mas da lógica do poder e da esfera

da dominação política. (OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA, 2004).

A mesma fonte salienta que, segundo o jornalista Hamilton Octavio de

Souza, professor de Jornalismo na PUC-SP,

os estudos do professor Perseu desmascaram a autoproclamada ‘objetividade’ da imprensa comercial-burguesa, mostram que se trata de uma ‘falsa objetividade’ e situam o Jornalismo praticado pelo mercado como um instrumento de controle político das elites, contrário aos interesses maiores do povo.

21 Perseu Abramo (1929-1996) foi professor do curso de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. Sua experiência acadêmica também se deu na Universidade de Brasília – UnB – e Universidade Federal da Bahia – UFBA. Atuou no mercado através de veículos como “O Estado de S. Paulo” e “Folha de São Paulo”.

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José Arbex Jr22 (apud RUSCHE, 2005) afirma que, para que exista um

discernimento, por parte de profissionais, acadêmicos e leitores, sobre os fatos, os

assuntos em pauta e, principalmente, a forma de apresentá-los, é importante

intensificar o hábito da leitura, inclusive conhecer os diferentes eventos da história.

Para ele, em geral, as pessoas ficam “pulando de novidade para

novidade”, sem se deterem com espírito crítico sobre o que ocorre. A diversidade de

eventos noticiados é, em grande parte, responsável por isto.

Como conseqüência, as pessoas nunca param para analisar aquilo que aconteceu, recuperar a memória, contextualizar etc. Esse excesso de informações acaba criando a sensação de que nada é permanente no mundo e faz com que elas jamais se detenham em analisar o que está acontecendo.

O professor continua:

Muitas vezes o jornalista não ocupa o espaço que ele tem por falta de informação, porque nunca se preocupou em analisar os problemas em sua complexidade. Eu acho que os profissionais, em determinado aspecto, têm responsabilidade, sim, por aquilo que sai publicado na grande imprensa.

Tanto para acadêmicos como para profissionais da área aconselha que é

preciso que estudem mais, leiam mais, conheçam a história do Brasil, a política

internacional etc. Usa, inclusive, um exemplo polêmico e contundente:

A primeira providência é cuidar da própria competência intelectual. É óbvio que se alguém tem formação em História, por exemplo, sabe o que foi o Islã na Europa, que criou uma das primeiras universidades, no Califado de Córdoba, no século X, sobre o efeito modernizador que teve o Islã na cultura ocidental, apesar das contradições internas do mundo islâmico. (...) Se ele tem um conhecimento mínimo sobre isso, quando lê um panfleto vagabundo como a Veja, que fala do Islã com preconceito, com ódio, com mentiras e mitificações, ele vai saber que aquilo que está lendo é uma porcaria. Agora, se ele não sabe nada disso, não conhece o Islã, corre o risco de acreditar naquela baboseira que saiu na revista Veja.

22 José Arbex Jr. é jornalista e autor dos livros Showrnalismo – a notícia como espetáculo; e O Jornalismo canalha. Trabalhou na Folha de São Paulo. Foi editor da Editoria Mundo e editor-chefe do jornal Brasil de Fato. Foi professor de Jornalismo na Caspér Líbero. Hoje, leciona na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. É Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo – USP.

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Entende-se que, qualquer que seja o fato noticiado, sempre é

interessante que o receptor – seja ele profissional, acadêmico ou leitor – tenha

conhecimento, ou pesquise sobre, para poder avaliar o teor de cada notícia.

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CONCLUSÃO

Mesmo que para alguns as versões não-oficiais pareçam absurdas, elas

demonstram que, no mínimo, há pontos suspeitos em torno da gestão Bush, em

relação aos eventos que envolveram o chamado 11 de setembro. É interessante

observar que elas não foram construídas por “terroristas”, nem por “esquerdistas”,

nem por “comunistas”, nem por “rebeldes”, nem por outros “inimigos da liberdade”.

Mas, por cidadãos – em sua maioria dos EUA – que em geral se orgulham de suas

instituições, da história e do estilo de vida de seu povo.

Também é curioso verificar que, neste caso, os chamados “grandes

veículos”, inclusive os brasileiros, ignoraram o “outro lado”. E, em alguns momentos,

quando deram vez a diferentes pontos de vistas, sempre os destacaram através de

notas, combatendo-os, criticando-os, ridicularizando-os, fazendo-os de objeto de

riso, taxando-os de absurdos e infundados. Estas insinuações apareceram em

revistas como Veja, Isto É, Época; em redes populares, como a Globo, a Record e o

SBT; e, até mesmo, em programas “religiosos”, como o de Edir Macedo, o bispo-

chefe da Igreja Universal do Reino de Deus.

Um exemplo desta tendência foi percebido através de Jô Soares, em sua

participação23 na Globo, quando então reservou um programa inteiro para entrevistar

Ivan Sant’Anna, autor de “Plano de Ataque”, o livro brasileiro que coincide em vários

pontos com a versão da administração Bush. Todas as versões contrárias foram

menorizadas e/ou serviram de objetivo de riso, com a concordância “espontânea” da

platéia, que aplaudiu e gargalhou.

Na época da ditadura militar brasileira, era comum um censor enviar um

comunicado em papel timbrado, para as redações, proibindo a divulgação desse ou

daquele fato. A grande noite do Brasil terminou, mas as censuras parecem que

continuam, sempre atendendo a determinados interesses. O 11 de Setembro

aparece como apenas um exemplo.

23 O ”Programa do Jô” é uma cópia do programa Late Show do apresentador estadunidense David Letterman. Este, por sua vez, copiou o formato do Tonight Show, de Johnny Carson – dos EUA – o criador do chamado Talk Show, um gênero de programa televisivo ou radialístico em que uma pessoa ou um grupo de pessoas se junta e discute vários tópicos que são sugeridos e moderados por um ou mais apresentadores.

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Isto acende o questionamento: se é dever profissional do Jornalismo ouvir

partes divergentes envolvidas em um mesmo evento, será que os “grandes veículos”

estão desenvolvendo a contento suas funções? Será que, como apontam os

manuais da profissão, contemplam seus princípios basilares que valorizam os meios

e seus profissionais? Será que primam pela transparência, a prestação de contas, a

credibilidade, a justiça, o equilíbrio, o criticismo, o apartidarismo, a independência e

o pluralismo?

David Corn24 (2003), em sua obra “As mentiras de George W. Bush –

dominando a política do engano”, afirma que todos os presidentes estadunidenses

mentiram. Mas, o atual mandatário ficará conhecido por faltar costumeiramente com

a verdade, por sua prepotência, irresponsabilidade e infâmia. Nesta contundente

acusação, garante que a enganação já começou em sua campanha para o Gabinete

Oval, quando tirou a presidência de Al Gore.

24 David Corn é editor, em Washington, da revista estadunidense The Nation.

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REFERÊNCIAS

AVERY, Dylan. Loose Change: 2nd edition recut. Documentário em DVD. Formato

Standard NTSC. 1h29min. EUA: Louder Than Words, 2006.

BBCBRASIL. Os atentados de 11 de setembro. (2004) Disponível em

http://www.bbc.co.uk/portuguese/. Acesso em 29 jul. 2008.

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