1 teoria do crime ( direito penal ii) fdunl teresa pizarro beleza 2007/2008

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1 TEORIA DO CRIME TEORIA DO CRIME ( ( DIREITO PENAL II) DIREITO PENAL II) FDUNL FDUNL Teresa Pizarro Beleza Teresa Pizarro Beleza 2007/2008 2007/2008

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TEORIA DO CRIMETEORIA DO CRIME((DIREITO PENAL II)DIREITO PENAL II)

FDUNLFDUNL

Teresa Pizarro BelezaTeresa Pizarro Beleza

2007/20082007/2008

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Uma Introdução à Teoria Uma Introdução à Teoria Geral do CrimeGeral do Crime

OuOu

““Dogmática Penal”Dogmática Penal”

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Tribunal da Boa HoraTribunal da Boa Hora

O Tribunal da Boa Hora condenou Luís C. S. e O Tribunal da Boa Hora condenou Luís C. S. e Euclides T. a 23 anos e 19 anos de prisão Euclides T. a 23 anos e 19 anos de prisão efectiva, respectivamente, pela morte do agente efectiva, respectivamente, pela morte do agente da PSP Ireneu D., ocorrida em 2005 no bairro da PSP Ireneu D., ocorrida em 2005 no bairro da Cova da Moura.da Cova da Moura.O colectivo de juízes, presidido por Fernando O colectivo de juízes, presidido por Fernando Ventura, condenou ainda os arguidos ao Ventura, condenou ainda os arguidos ao pagamento de uma indemnização de 50 mil pagamento de uma indemnização de 50 mil euros à família do agente Ireneu D.euros à família do agente Ireneu D.Terão ainda de pagar 3.740 euros ao agente da Terão ainda de pagar 3.740 euros ao agente da PSP Nuno S., que sofreu ferimentos ligeiros PSP Nuno S., que sofreu ferimentos ligeiros durante o tiroteio. durante o tiroteio.

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Ambos os arguidos foram condenados, em cúmulo Ambos os arguidos foram condenados, em cúmulo jurídico, pelos crimes de que vinham acusados pelo jurídico, pelos crimes de que vinham acusados pelo Ministério Público (MP). Ministério Público (MP). Luís C. S., de 41 anos, foi acusado de um crime de Luís C. S., de 41 anos, foi acusado de um crime de homicídio qualificado em co-autoria e na forma homicídio qualificado em co-autoria e na forma consumada, um crime de homicídio qualificado em co-consumada, um crime de homicídio qualificado em co-autoria e na forma tentada, um crime de detenção e uso autoria e na forma tentada, um crime de detenção e uso de arma proibida em autoria material e na forma de arma proibida em autoria material e na forma consumada, e um crime de dano em co-autoria e na consumada, e um crime de dano em co-autoria e na forma consumada. forma consumada. Euclides T., de 21 anos, foi acusado de um crime de Euclides T., de 21 anos, foi acusado de um crime de homicídio qualificado em co-autoria e na forma homicídio qualificado em co-autoria e na forma consumada, um crime de homicídio qualificado em co-consumada, um crime de homicídio qualificado em co-autoria e na forma tentada, um crime de detenção ilegal autoria e na forma tentada, um crime de detenção ilegal de arma de caça em autoria material e na forma de arma de caça em autoria material e na forma consumada, e um crime de dano em co-autoria e na consumada, e um crime de dano em co-autoria e na forma consumada.forma consumada.

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Como procedem os juízes?Como procedem os juízes?

Para chegarem a estas conclusões, os Para chegarem a estas conclusões, os juízes analisaram a prova dos factos de juízes analisaram a prova dos factos de que os arguidos vinham acusados pelo que os arguidos vinham acusados pelo MP. Discutida e contraditada em MP. Discutida e contraditada em audiência, essa prova foi audiência, essa prova foi transformada transformada em convicção do tribunal quanto à matéria em convicção do tribunal quanto à matéria de facto.de facto.Depois, os juízes tiveram de subsumir Depois, os juízes tiveram de subsumir esses factos nas previsões da lei penal.esses factos nas previsões da lei penal.

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Esta descrição corresponde em boa Esta descrição corresponde em boa medida a uma simplificação. Nenhum medida a uma simplificação. Nenhum tribunal olha para os factos tribunal olha para os factos “assepticamente”, antes tenderá a “assepticamente”, antes tenderá a procurar, na prova trazida perante si (ou procurar, na prova trazida perante si (ou por si ordenada) qualquer coisa que possa por si ordenada) qualquer coisa que possa corresponder a factos corresponder a factos geradores de geradores de responsabilidade criminal.responsabilidade criminal.

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Mas as nossas regras processuais exigem Mas as nossas regras processuais exigem e pressupõem da várias formas e para e pressupõem da várias formas e para vários fins uma vários fins uma separação tendencial separação tendencial entre as questões de facto e as questões entre as questões de facto e as questões de Direito (ex para formulação e de Direito (ex para formulação e fundamentação da sentença; para efeitos fundamentação da sentença; para efeitos de possibilidade de recurso, etc).de possibilidade de recurso, etc).

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Subsunção dos factos à leiSubsunção dos factos à lei

Para fazer essa subsunção, interpretaram o Para fazer essa subsunção, interpretaram o mais correctamente possível (com as limitações mais correctamente possível (com as limitações impostas pela CRP!!!) o Código Penal impostas pela CRP!!!) o Código Penal com a com a ajuda da chamada Teoria da Infracção Criminal ajuda da chamada Teoria da Infracção Criminal ou ou Dogmática do Crime.Dogmática do Crime.

Essa “Dogmática” consiste no estudo dos Essa “Dogmática” consiste no estudo dos conceitos que, em geral, servem para analisar e conceitos que, em geral, servem para analisar e para resolver questões relativas a todos os para resolver questões relativas a todos os crimes.crimes.

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1010

ConceitosConceitos

Esses conceitos são, por exemplo:Esses conceitos são, por exemplo:– DoloDolo– NegligênciaNegligência– Imputação objectivaImputação objectiva– ResultadoResultado– ConsumaçãoConsumação– TentativaTentativa– Coautoria, etc.Coautoria, etc.

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Lei/Doutrina/JurisprudênciaLei/Doutrina/Jurisprudência

Estes conceitos são muitas vezes Estes conceitos são muitas vezes expressamente definidos pela lei penal expressamente definidos pela lei penal (CP). Mas a sua complexidade e (CP). Mas a sua complexidade e delicadeza levou a um desenvolvimento delicadeza levou a um desenvolvimento muito elaborado de raciocínios analíticos, muito elaborado de raciocínios analíticos, explicativos, que formam hoje um corpo explicativos, que formam hoje um corpo de Doutrina, acompanhada pela de Doutrina, acompanhada pela Jurisprudência, indissociáveis da Jurisprudência, indissociáveis da aplicação da lei penal.aplicação da lei penal.

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Generalização/ConcretizaçãoGeneralização/Concretização

Dogmática penal vive e desenvolve-se Dogmática penal vive e desenvolve-se numa certa tensão entre numa certa tensão entre – a generalização (conceitos que, por a generalização (conceitos que, por

abstracção, abstracção, sirvam para todos os tipos de sirvam para todos os tipos de crimecrime))

– A concretização (há tipos de crime muito A concretização (há tipos de crime muito diferentes uns dos outros: falsificar um doc ou diferentes uns dos outros: falsificar um doc ou matar uma pessoa; crimes dolosos, matar uma pessoa; crimes dolosos, propositadospropositados, e negligentes; por acção ou por , e negligentes; por acção ou por omissão; pessoas individuais ou colectivas…)omissão; pessoas individuais ou colectivas…)

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Regras processuaisRegras processuais

Para além disso, os juízes seguiram uma Para além disso, os juízes seguiram uma série de regras série de regras de procedimento de procedimento – sobre – sobre admissibilidade de provas, sobre a admissibilidade de provas, sobre a sequência e prazos ou a forma de vários sequência e prazos ou a forma de vários actos, sobre poderes de intervenção dos actos, sobre poderes de intervenção dos vários sujeitos, etc – que são, nos Estados vários sujeitos, etc – que são, nos Estados de Direito democráticos, garantia adicional de Direito democráticos, garantia adicional das liberdades individuais. Também aqui a das liberdades individuais. Também aqui a Constituição é a primeira fonte (artº 32).Constituição é a primeira fonte (artº 32).

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CASOSCASOS

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Caso 0Caso 0

M quer matar K. Estrangula-o com toda a força, M quer matar K. Estrangula-o com toda a força, provocando-lhe a morte em poucos segundos.provocando-lhe a morte em poucos segundos.

Acção?Acção?

Típica?Típica?

Ilícita?Ilícita?

Culposa?Culposa?

Punível?Punível?

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Caso 1Caso 1

Zacarias encontra-se a praticar tiro ao Zacarias encontra-se a praticar tiro ao arco em zona protegida e autorizada. Um arco em zona protegida e autorizada. Um erro de pontaria e a deficiência dos erro de pontaria e a deficiência dos instrumentos utilizados levam-no a atingir instrumentos utilizados levam-no a atingir um empregado do clube, que fica um empregado do clube, que fica gravemente ferido.gravemente ferido.

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Caso 2Caso 2

António matou Bernardo com dois tiros de António matou Bernardo com dois tiros de caçadeira. Analisados os factos, conclui-caçadeira. Analisados os factos, conclui-se que fora a única forma de evitar que se que fora a única forma de evitar que Bernardo o matasse a ele.Bernardo o matasse a ele.

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Caso 3Caso 3

Carlos, funcionário do Registo Civil, Carlos, funcionário do Registo Civil, falsifica uma certidão em favor e a pedido falsifica uma certidão em favor e a pedido de Diogo. Apura-se que o fez apenas de Diogo. Apura-se que o fez apenas porque este o ameaçara seriamente de porque este o ameaçara seriamente de violência contra os seus filhos se não violência contra os seus filhos se não atendesse o seu pedido.atendesse o seu pedido.

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Caso 4Caso 4

Ernesto combina com Francisco e Gabriel Ernesto combina com Francisco e Gabriel o assalto a uma dependência bancária. o assalto a uma dependência bancária. São surpreendidos pela polícia em plena São surpreendidos pela polícia em plena actividade, desarmados e presos. actividade, desarmados e presos. Descobre-se mais tarde que era já o Descobre-se mais tarde que era já o quinto assalto do grupo, até então por quinto assalto do grupo, até então por identificar.identificar.

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Caso 5Caso 5

Anabela e Bernardino vão à praia com o Anabela e Bernardino vão à praia com o filho pequeno, César. Apercebendo-se de filho pequeno, César. Apercebendo-se de que em determinado momento ele se que em determinado momento ele se afasta da beira do mar, nadando para afasta da beira do mar, nadando para longe, nada fazem para o impedir. Só a longe, nada fazem para o impedir. Só a intervenção de um pescador intervenção de um pescador experimentado impede o seu iminente experimentado impede o seu iminente afogamento.afogamento.

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Caso 6Caso 6

Xavier sai de casa à pressa de manhã. Xavier sai de casa à pressa de manhã. Esquece-se de verificar se a torneira do Esquece-se de verificar se a torneira do gaz de segurança fica bem fechada. Na gaz de segurança fica bem fechada. Na véspera, reparara que um dos bicos véspera, reparara que um dos bicos parecia ter uma pequena fuga. O gaz parecia ter uma pequena fuga. O gaz espalha-se e acaba por provocar uma espalha-se e acaba por provocar uma explosão, de que decorrem ferimentos explosão, de que decorrem ferimentos graves em três vizinhos.graves em três vizinhos.

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DEFINIÇÕES DE CRIMEDEFINIÇÕES DE CRIME

Formal (legalidade): actos ou omissões Formal (legalidade): actos ou omissões cominados com penas pela lei.cominados com penas pela lei.

Material (intervenção mínima): lesão grave Material (intervenção mínima): lesão grave de bem jurídico fundamental.de bem jurídico fundamental.

Dogmática (analítica): acção (ou omissão) Dogmática (analítica): acção (ou omissão) típica, ilícita, culposa e punível.típica, ilícita, culposa e punível.

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Acção…Acção…

Comportamento voluntário, ie, dominado Comportamento voluntário, ie, dominado ou dominável pela vontade (ou dominável pela vontade (actio libera in actio libera in causacausa))

Acção positiva (acção em sentido restrito) Acção positiva (acção em sentido restrito) ou omissãoou omissão– Omissão “pura” (artº 200)Omissão “pura” (artº 200)– Omissão “impura” (artº 10)Omissão “impura” (artº 10)

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Típica…Típica…

Elementos do tipo de crimeElementos do tipo de crime– ObjectivosObjectivos

AutorAutor

Acção ou omissãoAcção ou omissão

ResultadoResultado

Outras exigências da leiOutras exigências da lei

– SubjectivosSubjectivosDoloDolo

Intenções especiaisIntenções especiais

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Ilícita…Ilícita…

Ilícito é um facto queIlícito é um facto que– Atenta contra valores protegidos pelo DireitoAtenta contra valores protegidos pelo Direito– É contrário à Ordem Jurídica considerada É contrário à Ordem Jurídica considerada

na sua totalidadena sua totalidade

Exclusão da ilicitudeExclusão da ilicitude– Legítima defesa, exercício de um direito, Legítima defesa, exercício de um direito,

cumprimento de um dever, consentimento…cumprimento de um dever, consentimento…

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Culposa…Culposa…

Capacidade de culpaCapacidade de culpa– ImputabilidadeImputabilidade

Em razão da idadeEm razão da idade

Em razão de anomalia psíquicaEm razão de anomalia psíquica

Exclusão da culpa:Exclusão da culpa:– Falta de consciência da ilicitude do Falta de consciência da ilicitude do

comportamentocomportamento– Falta de liberdade de agir de acordo com Falta de liberdade de agir de acordo com

essa consciênciaessa consciência

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E punível.E punível.

““Meras condições de punibilidade”Meras condições de punibilidade”– Início ou consumação do suicídio (artº 135).Início ou consumação do suicídio (artº 135).– Ferimentos graves ou morte na rixa (artº 151). Ferimentos graves ou morte na rixa (artº 151). – Tentativa de crime pena > 3 anos (artº 23).Tentativa de crime pena > 3 anos (artº 23).– Causas pessoais de isenção de pena (ex. Causas pessoais de isenção de pena (ex.

desistência na tentativa, artº 24).desistência na tentativa, artº 24).

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Condições de procedibilidadeCondições de procedibilidade

Por vezes a lei coloca Por vezes a lei coloca condições de condições de procedibilidadeprocedibilidade como como

1.1. a necessidade de queixa do ofendido (artº a necessidade de queixa do ofendido (artº 203, 178, etc);203, 178, etc);

2.2. ou a participação do Governo português ou ou a participação do Governo português ou estrangeiro (artº 324);estrangeiro (artº 324);

3.3. ou a exigência de o possível agente do ou a exigência de o possível agente do crime ser encontrado em Portugal (artº 5).crime ser encontrado em Portugal (artº 5).

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2929

Capítulos da Dogmática do CrimeCapítulos da Dogmática do Crime

AcçãoAcção

TipicidadeTipicidade

IlicitudeIlicitude

CulpaCulpa

PunibilidadePunibilidade

Nos crimes dolosos por acção, cometidos em Nos crimes dolosos por acção, cometidos em autoria singular e um só crime, consumadoautoria singular e um só crime, consumado

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Variações 1Variações 1

Tentativa (caso 4: tentativa de roubo)Tentativa (caso 4: tentativa de roubo)

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Variações 2Variações 2

Comparticipação (caso 4: coautores de Comparticipação (caso 4: coautores de roubo)roubo)

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Variações 3Variações 3

Concurso de crimes (caso 4: sucessão de Concurso de crimes (caso 4: sucessão de roubos)roubos)

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3333

E o resto…E o resto…

Especialidades dos crimes omissivos Especialidades dos crimes omissivos (caso 5)(caso 5)

Especialidades dos crimes negligentes Especialidades dos crimes negligentes (caso 6)(caso 6)

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Formas fundamentais do crimeFormas fundamentais do crime

Crimes por acção dolososCrimes por acção dolososCrimes por omissão dolososCrimes por omissão dolososCrimes negligentes (nestes a distinção Crimes negligentes (nestes a distinção entre acção e omissão não é, em entre acção e omissão não é, em princípio, relevante)princípio, relevante)

Figura “híbrida”: Crimes preterintencionais Figura “híbrida”: Crimes preterintencionais (ex artº 145; V. Elementos de Apoio, Ac. (ex artº 145; V. Elementos de Apoio, Ac. Rel Coimbra 3418/2003)Rel Coimbra 3418/2003)

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TIPOTIPO

Elementos objectivos e Elementos objectivos e subjectivossubjectivos

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3636

Elementos objectivosElementos objectivos

AutorAutor

AcçãoAcção

Resultado - Imputação objectivaResultado - Imputação objectiva (em (em alguns crimes!)alguns crimes!)

Outros elementosOutros elementos

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AUTORAUTOR

Crimes comunsCrimes comuns

Crimes específicosCrimes específicos– PrópriosPróprios– ImprópriosImpróprios

Artº 28 permite uma certa “subversão” desta Artº 28 permite uma certa “subversão” desta lógica…lógica…

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ACÇÃOACÇÃO

Comportamento descrito de uma forma mais ou Comportamento descrito de uma forma mais ou menos vinculadamenos vinculada

““Subtrair”Subtrair”

““Falsificar”Falsificar”

““Praticar acto sexual…”Praticar acto sexual…”

““Matar” (execução de forma livre: pode matar-se Matar” (execução de forma livre: pode matar-se de muitas maneiras)de muitas maneiras)

Matar utilizando venenoMatar utilizando veneno

TorturarTorturar

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3939

Imputação objectivaImputação objectiva

É essencialmente um problema de É essencialmente um problema de interpretação dos tipos da Parte Especial, interpretação dos tipos da Parte Especial, mas mas suscita problemas comunssuscita problemas comuns em em princípio em todos os crimes de resultado princípio em todos os crimes de resultado (ou materiais)(ou materiais)Daí que se possa falar em “teorias de Daí que se possa falar em “teorias de (sobre) imputação objectiva”(sobre) imputação objectiva”O que está em causa é a imputação O que está em causa é a imputação jurídica jurídica de um resultado a uma condutade um resultado a uma conduta

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4040

TEORIASTEORIAS

Teoria da Teoria da conditio sine qua nonconditio sine qua non ou da ou da equivalência das condiçõesequivalência das condições

Teoria da adequação (artº 10 CP?)Teoria da adequação (artº 10 CP?)

Teorias (princípios) do Teorias (princípios) do riscorisco– Ultrapassagem da medida do risco permitidoUltrapassagem da medida do risco permitido– Aumento do riscoAumento do risco– Diminuição do riscoDiminuição do risco– Esfera de protecção da normaEsfera de protecção da norma

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ADEQUAÇÃOADEQUAÇÃO

Diz-se adequada a um resultado a causa que Diz-se adequada a um resultado a causa que previsivelmente o provocará, segundo a previsivelmente o provocará, segundo a perspectiva de uma pessoa média colocada na perspectiva de uma pessoa média colocada na posição concreta do agente, dotada dos seus posição concreta do agente, dotada dos seus eventuais conhecimentos especiais.eventuais conhecimentos especiais.Juiz faz Juiz faz prognose póstumaprognose póstuma: uma pessoa média : uma pessoa média poderia prever que as coisas se passassem poderia prever que as coisas se passassem como efectivamente aconteceram?como efectivamente aconteceram?Previsibilidade Previsibilidade é essencial ao fim preventivo da é essencial ao fim preventivo da ameaça penal!ameaça penal!

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4242

Imputação?Imputação?

A dispara, B desvia-se e cai no precipício, A dispara, B desvia-se e cai no precipício, morre da queda.morre da queda.A dispara seta que atinge B na perna; está A dispara seta que atinge B na perna; está envenenada, B morre.envenenada, B morre.A desvia B para que não seja apanhado A desvia B para que não seja apanhado por agressão de C, causando-lhe por agressão de C, causando-lhe ferimento ligeiro.ferimento ligeiro.A não cumpre regras de escoramento de A não cumpre regras de escoramento de túnel, operários morrem.túnel, operários morrem.

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4343

Veneno conjugalVeneno conjugal

Ana Maria é casada com José Francisco. Ana Maria é casada com José Francisco. Desconfiada da infidelidade do marido, começa Desconfiada da infidelidade do marido, começa a abrir cartas que lhe são dirigidas, a verificar os a abrir cartas que lhe são dirigidas, a verificar os extractos bancários da conta pessoal dele e a extractos bancários da conta pessoal dele e a "vasculhar" os bolsos dos casacos."vasculhar" os bolsos dos casacos.

Um dia encontra a "prova" tão temida Um dia encontra a "prova" tão temida quanto desejada: um pedaço de papel rabiscado quanto desejada: um pedaço de papel rabiscado com a marcação de um encontro, que lhe com a marcação de um encontro, que lhe parece perfumado e com vestígios de "baton".parece perfumado e com vestígios de "baton".

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4444

Perante a descoberta, medita na vingança que Perante a descoberta, medita na vingança que ele merece. E resolve: vai colocar-lhe todos os ele merece. E resolve: vai colocar-lhe todos os dias na comida - o homem adorava sopa, coitado! dias na comida - o homem adorava sopa, coitado! - uma pequena dose de arsénico, para que ele - uma pequena dose de arsénico, para que ele fique suficientemente doente para que dependa fique suficientemente doente para que dependa dela para o resto da vida. Ela logo verá se depois dela para o resto da vida. Ela logo verá se depois trata dele ou o abandona.trata dele ou o abandona.

Num radioso dia de Janeiro, prepara de Num radioso dia de Janeiro, prepara de manhã a primeira dose - que é consumida ao manhã a primeira dose - que é consumida ao jantar sem problemas de maior. Uma semana jantar sem problemas de maior. Uma semana depois as queixas do estômago sucedem-se por depois as queixas do estômago sucedem-se por parte do marido; ela diz-lhe que é da vida agitada parte do marido; ela diz-lhe que é da vida agitada e que tome anti-ácidos.e que tome anti-ácidos.

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4545

Duas semanas depois, dá entrada no hospital Duas semanas depois, dá entrada no hospital de urgência, onde acaba por morrer por efeito de urgência, onde acaba por morrer por efeito acumulado do veneno, a que ele tinha uma acumulado do veneno, a que ele tinha uma sensibilidade muito acima do comum - aquelas sensibilidade muito acima do comum - aquelas doses, provou-se em tribunal, não teriam morto doses, provou-se em tribunal, não teriam morto qualquer outra pessoa. Mas a mulher bem qualquer outra pessoa. Mas a mulher bem conhecia a "história clínica" do marido, como é conhecia a "história clínica" do marido, como é possível não ter percebido o risco que corria??possível não ter percebido o risco que corria??

Em sua opinião, A deveria ser acusada de que Em sua opinião, A deveria ser acusada de que crime(s)?crime(s)?

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Elementos subjectivosElementos subjectivos

Imputação subjectiva:Imputação subjectiva:Dolo (em todos os crimes dolosos)Dolo (em todos os crimes dolosos)Intenções especiais (só em alguns)Intenções especiais (só em alguns)

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Crimes com “intenções especiais”Crimes com “intenções especiais”

Furto (diferença do furto de uso): intenção Furto (diferença do furto de uso): intenção de apropriaçãode apropriação

Burla: intenção de enriquecimentoBurla: intenção de enriquecimento

Abuso de poder: intenção de obter Abuso de poder: intenção de obter benefício ou causar prejuízobenefício ou causar prejuízo

CP 1982: Envenenamento (Art. 142º)CP 1982: Envenenamento (Art. 142º)

CP 1886: Homicídio por envenenamentoCP 1886: Homicídio por envenenamento

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4848

Intenções especiaisIntenções especiais

Em todos estes casos, intenção não tem Em todos estes casos, intenção não tem correspondência no tipo objectivo; não tem de correspondência no tipo objectivo; não tem de haver efectiva apropriação no furto, nem haver efectiva apropriação no furto, nem enriquecimento na burla, nem benefício ou enriquecimento na burla, nem benefício ou prejuízo no abuso de poder, para que o crime prejuízo no abuso de poder, para que o crime esteja consumado; basta que exista a intenção esteja consumado; basta que exista a intenção (mas esta tem de existir, e de ser provada, (mas esta tem de existir, e de ser provada, como qualquer elemento do tipo de crime).como qualquer elemento do tipo de crime).Por isso estes crimes, em que a intenção vai Por isso estes crimes, em que a intenção vai além além do descrito no tipo objectivo, se chamam do descrito no tipo objectivo, se chamam crimes de “resultado cortado”.crimes de “resultado cortado”.

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Furto e intenção de apropriaçãoFurto e intenção de apropriação

Sobre a intenção de apropriação e a Sobre a intenção de apropriação e a forma como demarca o crime de furto de forma como demarca o crime de furto de outros, comparar comoutros, comparar com– Furto de usoFurto de uso– Peculato de usoPeculato de uso– Crime previsto no Art. 310º do CP de 1982, Crime previsto no Art. 310º do CP de 1982,

versão originária (um caso especial de crime versão originária (um caso especial de crime de dano, de dano, supostamentesupostamente).).

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Crime previsto no Art. 310º do Crime previsto no Art. 310º do CP de 1982, versão originária.CP de 1982, versão originária.

Artigos do CP de 1982, versão Artigos do CP de 1982, versão origináriaoriginária(“Dano”)(“Dano”)

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CP 1982CP 1982ARTIGO 308.ºARTIGO 308.º

(Dano)(Dano)

1 - Quem destruir, danificar, desfigurar ou 1 - Quem destruir, danificar, desfigurar ou tornar não utilizável coisa alheia será tornar não utilizável coisa alheia será punido com prisão até 2 anos ou multa até punido com prisão até 2 anos ou multa até 90 dias. 90 dias. 2 - O procedimento criminal depende de 2 - O procedimento criminal depende de queixa.queixa.

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ARTIGO 309.ºARTIGO 309.º(Agravação)(Agravação)

Se o dano for praticado: Se o dano for praticado: 1) Com violência ou ameaça contra as pessoas ou por meio de 1) Com violência ou ameaça contra as pessoas ou por meio de substâncias inflamáveis ou explosivas; substâncias inflamáveis ou explosivas; 2) Em monumento público; 2) Em monumento público; 3) Sobre coisas: 3) Sobre coisas: a) Naturais ou produzidas pelo homem, oficialmente arroladas ou a) Naturais ou produzidas pelo homem, oficialmente arroladas ou postas sob a protecção oficial pela lei, por motivos científicos, postas sob a protecção oficial pela lei, por motivos científicos, artísticos, etnográficos ou históricos; artísticos, etnográficos ou históricos; b) Destinadas à decoração ou ao uso ou utilidade públicos; b) Destinadas à decoração ou ao uso ou utilidade públicos; c) Significativas para a ciência, história, desenvolvimento técnico, c) Significativas para a ciência, história, desenvolvimento técnico, quando em edifício público, colecção ou lugar acessível ao público; quando em edifício público, colecção ou lugar acessível ao público; d) Com particular importância para o desenvolvimento económico, d) Com particular importância para o desenvolvimento económico, quando funcionalmente inseridas nas unidades a que pertencem; quando funcionalmente inseridas nas unidades a que pertencem; 4) Revelando baixeza de carácter; 4) Revelando baixeza de carácter; será punido com prisão de 2 a 6 anos ou multa até 200 dias.será punido com prisão de 2 a 6 anos ou multa até 200 dias.

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CP 1982CP 1982ARTIGO 310.ºARTIGO 310.º

(Agravação e atenuação)(Agravação e atenuação)

  1 - A pena do artigo anterior é igualmente 1 - A pena do artigo anterior é igualmente aplicável se o agente, tornando não utilizável aplicável se o agente, tornando não utilizável coisa alheia ou subtraindo-a coisa alheia ou subtraindo-a sem intenção de sem intenção de apropriação, quiser desse modo causar um apropriação, quiser desse modo causar um prejuízo particularmente graveprejuízo particularmente grave. . 2 - Se o prejuízo for de pequeno valor, a pena 2 - Se o prejuízo for de pequeno valor, a pena não excederá 6 meses de prisão ou 30 dias de não excederá 6 meses de prisão ou 30 dias de multa, podendo também o agente será isento de multa, podendo também o agente será isento de pena. pena. 3 - O procedimento criminal depende de queixa.3 - O procedimento criminal depende de queixa.

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DoloDolo

Elemento intelectual: conhecimento de Elemento intelectual: conhecimento de todos os elementos do tipo objectivo.todos os elementos do tipo objectivo.– Erro (desconhecimento) afasta o dolo: artº 16.Erro (desconhecimento) afasta o dolo: artº 16.

Elemento volitivo: querer praticar o acto (e Elemento volitivo: querer praticar o acto (e o resultado, se fizer parte do tipo!).o resultado, se fizer parte do tipo!).– Implica uma decisão de vontade. No mínimo, Implica uma decisão de vontade. No mínimo,

uma uma conformação da vontade conformação da vontade com um certo com um certo desenrolar dos acontecimentos (dolo desenrolar dos acontecimentos (dolo eventual)eventual)..

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Conhecimento/VontadeConhecimento/Vontade

A A vontade vontade baseia-se no baseia-se no conhecimento.conhecimento.

Para querer matar, é preciso saber que se Para querer matar, é preciso saber que se está a matar.está a matar.

Para querer subtrair coisa móvel alheia, é Para querer subtrair coisa móvel alheia, é preciso ter consciência de que se está a preciso ter consciência de que se está a subtrair e de que a coisa é alheia.subtrair e de que a coisa é alheia.

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Erro (desconhecimento) Artº 16Erro (desconhecimento) Artº 16

– Erro (desconhecimento) que afasta o doloErro (desconhecimento) que afasta o doloSobre elementos de facto de um tipo de crime.Sobre elementos de facto de um tipo de crime.

Sobre elementos de direito de um tipo de crime.Sobre elementos de direito de um tipo de crime.

Sobre proibições cujo conhecimento seja Sobre proibições cujo conhecimento seja razoavelmente indispensável para que o agente razoavelmente indispensável para que o agente possa tomar consciência da ilicitude do facto.possa tomar consciência da ilicitude do facto.

Sobre um estado de coisas que, a existir, excluiria Sobre um estado de coisas que, a existir, excluiria a ilicitude do facto.a ilicitude do facto.

Sobre um estado de coisas que, a existir, excluiria Sobre um estado de coisas que, a existir, excluiria a culpa do agente.a culpa do agente.

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Aplicação do artº 16 CP?Aplicação do artº 16 CP?

A dispara sobre B pensando que este é C.A dispara sobre B pensando que este é C.

A dispara contra um “alvo” que é, afinal, A dispara contra um “alvo” que é, afinal, uma pessoa.uma pessoa.

A dispara contra D e, por falta de pontaria, A dispara contra D e, por falta de pontaria, acerta no cão de D.acerta no cão de D.

A dispara para matar o cão de D e acerta A dispara para matar o cão de D e acerta no dono.no dono.

A dispara contra E e acerta em F.A dispara contra E e acerta em F.

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ERRO: terminologiaERRO: terminologia

Erro por defeito (erro pp dito)Erro por defeito (erro pp dito)Erro por excesso (tentativa impossível)Erro por excesso (tentativa impossível)

Erro relevanteErro relevanteErro irrelevanteErro irrelevante

Erro de percepçãoErro de percepçãoErro de avaliaçãoErro de avaliação

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Formas de dolo: Artº 14Formas de dolo: Artº 14

DirectoDirecto

NecessárioNecessário

Eventual – problema da distinção da Eventual – problema da distinção da negligência conscientenegligência consciente– ProbabilidadeProbabilidade– Aceitação (artº 14 CP) – Fórmulas de FrankAceitação (artº 14 CP) – Fórmulas de Frank

Fórmula hipotéticaFórmula hipotética

Fórmula positivaFórmula positiva

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Intenções especiaisIntenções especiais((ver slides supraver slides supra))

Intenção de apropriação no furto.Intenção de apropriação no furto.

Intenção de enriquecimento na burla.Intenção de enriquecimento na burla.

Intenção de causar prejuízo… no abuso Intenção de causar prejuízo… no abuso de poder.de poder.

Determinam direcção de vontade de forma Determinam direcção de vontade de forma mais precisa. mais precisa. Ao contrário do dolo, não Ao contrário do dolo, não têm correspondência notêm correspondência no tipo objectivo.tipo objectivo.

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ILICITUDEILICITUDE

ConceitoConceito

Causas de exclusãoCausas de exclusão

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Acto ilícitoActo ilícito

Um acto é ilícito Um acto é ilícito – formalmente formalmente porque é contrário ao Direito porque é contrário ao Direito– Materialmente Materialmente porque ofende um interessse porque ofende um interessse

juridicamente protegido (“bem jurídico”): juridicamente protegido (“bem jurídico”): vida, liberdade, auto-determinação sexual…vida, liberdade, auto-determinação sexual…

Um acto típico é Um acto típico é em princípio em princípio (“indiciariamente”) ilícito; pode (“indiciariamente”) ilícito; pode excepcionalmente a lei permiti-lo ou até excepcionalmente a lei permiti-lo ou até ordená-lo, caso em que não será ilícitoordená-lo, caso em que não será ilícito

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Causas de exclusão da ilicitudeCausas de exclusão da ilicitude

Legítima defesaLegítima defesaDireito de necessidadeDireito de necessidadeCumprimento de um deverCumprimento de um deverConflito de deveresConflito de deveresPoder de detençãoPoder de detençãoAcção directaAcção directaConsentimentoConsentimentoConsentimento presumidoConsentimento presumido

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Elementos obj. e subj.Elementos obj. e subj.

Estas figuras têmEstas figuras têm– Elementos objectivos: =/= lesão do bem Elementos objectivos: =/= lesão do bem

jurídico.jurídico.– Elementos subjectivos: =/= dolo.Elementos subjectivos: =/= dolo.

Por vezes fala-se em “tipos justificadores”. Por vezes fala-se em “tipos justificadores”. Mas Mas não há aqui um princípio de não há aqui um princípio de tipicidade tipicidade como nos tipos incriminadores.como nos tipos incriminadores.

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CULPACULPA

ConceitoConceito

Causas de exclusãoCausas de exclusão

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Conceitos de CulpaConceitos de Culpa

Psicológico (formas de ligação psíquica do facto Psicológico (formas de ligação psíquica do facto ao agente: dolo, negligência).ao agente: dolo, negligência).

Normativo/psicológico (juízo de censura Normativo/psicológico (juízo de censura baseado na imputabilidade, na existência de baseado na imputabilidade, na existência de dolo ou negligência e na inexistência de causas dolo ou negligência e na inexistência de causas de exclusão).de exclusão).

Normativo “puro” (juízo de censura baseado na Normativo “puro” (juízo de censura baseado na imputabilidade, na consciência da ilicitude e na imputabilidade, na consciência da ilicitude e na liberdade de agir segundo essa consciência)liberdade de agir segundo essa consciência)

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Capacidade de culpaCapacidade de culpa

ImputabilidadeImputabilidade

Falta (inimputabilidade) seFalta (inimputabilidade) se– Idade abaixo dos 16 anosIdade abaixo dos 16 anos– Anomalia psíquicaAnomalia psíquica

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Causas de exclusão da culpaCausas de exclusão da culpa

Falta de consciência da ilicitude, se desculpável Falta de consciência da ilicitude, se desculpável (razoável, compreensível… artº 17 CP).(razoável, compreensível… artº 17 CP).Falta de liberdade de decisão (coacção Falta de liberdade de decisão (coacção psicológica, por ex artº 35 CP - estado de psicológica, por ex artº 35 CP - estado de necessidade desculpante – relembrar “Caso necessidade desculpante – relembrar “Caso MignonetteMignonette”). Ou medo que leva a excesso de ”). Ou medo que leva a excesso de defesa.defesa.Os casos expressamente previstos na lei penal Os casos expressamente previstos na lei penal reconduzem-se a uma ou outra ideia, ou reconduzem-se a uma ou outra ideia, ou possivelmente a ambas, como a “obediência possivelmente a ambas, como a “obediência indevida desculpante”.indevida desculpante”.

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Direito Penal baseado na CulpaDireito Penal baseado na Culpa

CRP: dignidade humana e integridade moral CRP: dignidade humana e integridade moral inviolável da pessoa implicam responsabilidadde inviolável da pessoa implicam responsabilidadde baseada na culpa (liberdade).baseada na culpa (liberdade).Artº 40 CP (limite da pena)Artº 40 CP (limite da pena)Um princípio de Um princípio de desculpadesculpa: se falta consciência : se falta consciência e/ou liberdade, juízo de censura não tem e/ou liberdade, juízo de censura não tem fundamento. Figuras expressamente previstas fundamento. Figuras expressamente previstas na lei são enunciados exemplificativos.na lei são enunciados exemplificativos.

Ver M. F. Palma (2005) Ver M. F. Palma (2005) O princípio de desculpa em Direito Penal.O princípio de desculpa em Direito Penal.

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Ilicitude e culpaIlicitude e culpa

Presença parcial dos Presença parcial dos pressupostos das causas de pressupostos das causas de

exclusãoexclusão

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Presença parcial dos pressupostosPresença parcial dos pressupostos

Diminuição da ilicitude > atenuação da Diminuição da ilicitude > atenuação da penapena– Ex elementos objectivos mas não subjectivos Ex elementos objectivos mas não subjectivos

(artº 38º, nº 4 CP).(artº 38º, nº 4 CP).– Ex consentimento quanto a bens Ex consentimento quanto a bens

indisponíveis (homicídio a pedido).indisponíveis (homicídio a pedido).

Diminuição da culpa > atenuação da penaDiminuição da culpa > atenuação da pena– Ex artº 35º, nº 2.Ex artº 35º, nº 2.– Ex artº 17º, nº 2.Ex artº 17º, nº 2.

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Meras condições de punibilidadeMeras condições de punibilidade

Ver Ver supra.supra.

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Elementos de estudoElementos de estudo

TPB: TPB: Direito PenalDireito Penal, 2º vol (com dois textos de , 2º vol (com dois textos de actualização, sobre tentativa – na página da FDUNL - e actualização, sobre tentativa – na página da FDUNL - e sobre comparticipação (artº 28 CP).sobre comparticipação (artº 28 CP).F. Dias, F. Dias, Direito Penal, Direito Penal, 2004; 2ª ed 2007.2004; 2ª ed 2007.Textos de Apoio de Direito Penal, AAFDL.Textos de Apoio de Direito Penal, AAFDL.Casos Práticos de Direito Penal, AAFDL.Casos Práticos de Direito Penal, AAFDL.

Ver “Bibliografia” nos Elementos de Apoio!!!Ver “Bibliografia” nos Elementos de Apoio!!!Ver “Textos de Acesso Restrito” nos Elementos de Ver “Textos de Acesso Restrito” nos Elementos de Apoio!!!Apoio!!!

E trazer o Código Penal para as aulas!E trazer o Código Penal para as aulas!

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Alguns manuais estrangeirosAlguns manuais estrangeiros

Francisco Muñoz CondeFrancisco Muñoz Conde

Santiago Mir PuigSantiago Mir Puig

Claus RoxinClaus Roxin

Hans-Heinrich JescheckHans-Heinrich Jescheck

Gunther StratenwerthGunther Stratenwerth

Gunther JakobsGunther Jakobs

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AvaliaçãoAvaliação

Exame final: dia 20 de Junho;Exame final: dia 20 de Junho;– Valorado em 60% classificação final (ou Valorado em 60% classificação final (ou

100%, se for o único elemento de avaliação);100%, se for o único elemento de avaliação);

Teste intermédio: dia 8 de Maio;Teste intermédio: dia 8 de Maio;Apresentação de acórdãos nas aulas;Apresentação de acórdãos nas aulas;Breve comentário escrito de jurisprudênciaBreve comentário escrito de jurisprudência– Valorados (de entre estes, o mais valioso, se Valorados (de entre estes, o mais valioso, se

houver mais do que um) em 40%, houver mais do que um) em 40%, se se favorável ao aluno.favorável ao aluno.