1 modelo contestação - jec e proc sum (m) - atlântico 2012

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA _ – ESTADO DE _ AÇÃO DECLARATÓRIA AUTOS DO PROCESSO Nº _ ATLÂNTICO FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITÓRIOS NÃO PADRONIZADOS, inscrito no CNPJ sob o nº 09.194.841/0001-51, com sede na Capital do Estado de São Paulo, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, nº 3.900, 10º andar, Itaim Bibi, por seus procuradores que esta subscrevem (atos constitutivos, procuração e substabelecimento anexos, docs. 01, 02 e 03), vem respeitosamente à presença de V.Exa., nos autos da AÇÃO DECLARATÓRIA em epígrafe, que lhe é movida por _, apresentar sua CONTESTAÇÃO E PEDIDO CONTRAPOSTO aos termos que lhe são propostos, de acordo com os fatos e fundamentos a seguir expostos:

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EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO _ JUIZADO ESPECIAL CVEL DA COMARCA _ ESTADO DE _AO DECLARATRIA

AUTOS DO PROCESSO N _

ATLNTICO FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITRIOS NO PADRONIZADOS, inscrito no CNPJ sob o n 09.194.841/0001-51, com sede na Capital do Estado de So Paulo, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, n 3.900, 10 andar, Itaim Bibi, por seus procuradores que esta subscrevem (atos constitutivos, procurao e substabelecimento anexos, docs. 01, 02 e 03), vem respeitosamente presena de V.Exa., nos autos da AO DECLARATRIA em epgrafe, que lhe movida por _, apresentar sua CONTESTAO E PEDIDO CONTRAPOSTO aos termos que lhe so propostos, de acordo com os fatos e fundamentos a seguir expostos:

I - DOS FATOS

I.a - Da verso de fatos do Autor

De acordo com o quanto narrado em sede inicial, o Autor, enquanto fazia compras no comrcio local, tomou conhecimento que o seu nome estava gravado junto aos servios de proteo ao crdito, por iniciativa do Ru.

Segue relatando que nunca efetuou qualquer transao comercial com o Ru, desconhecendo, portanto, o dbito pelo qual teve seu nome negativado.

Em face da situao que se apresentava, o Autor ajuizou o presente feito, no qual busca que seu nome seja retirado dos rgos restritivos de crdito, bem como a posterior declarao de inexigibilidade do dbito e, ainda, a condenao do Ru ao pagamento de indenizao pelos danos morais que suportou.

(precisamos mencionar apenas o que ele realmente pediu. s vezes eles no pedem danos ou inexigibilidade, por exemplo.)I.b - Da verdade sobre os fatos

Ocorre, contudo, que no merecem prosperar as alegaes do Autor, uma vez que a dvida que lhe cobrada tem origem em um contrato estabelecido entre ele e seu antigo credor - o _ (Cedente) que, depois de inadimplido, foi legalmente cedido ao Ru.

Com efeito, o Autor foi devedor do Cedente em decorrncia ...

(da contratao de emprstimos bancrios (crdito rotativo e emprstimo pessoal), representados pelo contrato n _____)

(da contratao do carto de crdito MASTERCARD/CARREFOUR/VISA/CREDICARD/FREE/LIGHT, representado pelo contrato n ______)(da contratao de servios de telefonia, na linha n ______)(O pargrafo abaixo, somente poder ser usado quando a comparao entre o Simplect e a ACSP permitir. Se o sujeito no foi negativado pelo cedente, no faz sentido. Exclumos o pargrafo todo e avaliamos o impacto no item III.c, que conta com opes para tanto).

Neste sentido, conforme faz prova a anexa tela extrada do sistema de gerenciamento interno do Ru (doc. __), o contrato celebrado entre o Autor e o Cedente era dotado do nmero ________ (conforme o campo conta original).

Ao adquirir este contrato, o Ru lhe atribuiu o nmero de controle interno ____________ (conforme o campo n conta).

Assim, partindo da definio destes dois nmeros, deve-se observar que, conforme faz prova anexa certido emitida pelo Servio Central de Proteo ao Crdito SCPC (doc. 05), o Autor permaneceu negativado pelo contrato n (inserir nmero da conta original) entre _____ e _____ de 20___ e, pelo contrato n (inserir nmero do n conta) entre _____ e _____ de 20___. Diante das informaes trazidas pela certido emitida pelo Servio Central de Proteo ao Crdito SCPC questiona-se: Se o Autor no reconhece o dbito pelo qual foi cobrado pelo Ru, qual a medida adotada quanto as inscries patrocinadas pelo Cedente o ________, onde o mesmo ficou inscrito por um perodo de ___ anos (________ e _________)?

Ademais, deve-se destacar que o Autor, em contato travado com os atendentes do call center do Ru, reconheceu que era devedor do quanto lhe era cobrado, como ser comprovado pela apresentao futura das gravaes das conversas travadas.

Esta e quaisquer outras peculiaridades (tais como pagamento parcial, envio de boletos, etc...) devem ser includas aqui.I.c - Das demais negativaes lanadas em nome do Autor

(No sabemos se o Autor possui outras negativaes)

Diante da possibilidade do Autor possuir outras restries em seu nome - o que ensejaria a aplicao da Smula n 385 do E. STJ - a expedio de ofcios aos rgos de proteo ao crdito medida que se impe, uma vez que essas informaes so sigilosas e no podem ser obtidas sem ordem judicial.

(Temos SCPC completa ou cpia da certido do Autor)

Destaque-se, tambm, que a j mencionada certido emitida pelo SCPC (ou, se ela no foi mencionada acima pela inexistncia do tpico - a certido anexa, emitida pelo SCPC (doc. 05)) comprova, ainda, que o Autor, ao contrrio do quanto alega (vamos ver se ele alega mesmo. Se ele no falar nada, vamos tirar o ao contrrio....), j teve seu nome negativado por vrias vezes, por inmeros outros credores.

Opo 1

Desta mesma certido, merece destaque o fato de que o Autor permanece, ainda hoje, negativado por (nomes dos demais credores) (ou protestado junto ao ____ Cartrio de Protesto de Letras e Ttulos da Comarca de __________).

Opo 2

Analisando as negativaes lanadas, percebe-se que, enquanto esteve negativado pelo Ru, o Autor tambm estava negativado por seus credores _____ e ______.

Sendo assim, como veremos no tpico IV.a, infra, em razo de seu histrico de negativaes, o Autor no merece ser indenizado, por conta do entendimento perpetuado pela Smula n 385, oriunda do E. STJ.

I.d - Da concesso de efeito suspensivo liminar concedida ao Ministrio Pblico em Ao Civil Pblica

O Autor alega, ainda, que o Ru - por fora de concesso de medida liminar proferida nos autos da Ao Civil Pblica n 583.00.2010.138173-6, em trmite perante a 03 Vara Cvel do Foro Central desta Capital e promovida pelo Ministrio Pblico do Estado de So Paulo - est obrigado a excluir dos rgos de proteo ao crdito o nome das pessoas fsicas e jurdicas que no foram indiscutivelmente notificadas das cesses operadas. Segundo o Autor, esta ordem estaria sendo descumprida.

Ocorre que, o Ru inconformado com a r. deciso que naqueles autos foi proferida, interps o Agravo de Instrumento n 990.10.264022-1, ao qual foi concedido efeito suspensivo contra a deciso liminar de 01 instncia.

Portanto, no h que se falar em descumprimento pelo Ru da medida liminar mencionada, vez que a mesma se encontra suspensa por meio do efeito suspensivo concedido nos autos do mencionado Agravo de Instrumento.II - BREVES COMENTRIOS SOBRE A ATUAO DO RU

Como seu prprio nome diz, o Ru um Fundo de Investimento em Direitos Creditrios (FIDC).

Os FIDCs foram criados como uma forma de implementar, no Brasil, os chamados mecanismos de securitizao de recebveis. Na verdade, pela forma adotada, que a de fundos de investimento devidamente registrados na CVM e que adotam padres de transparncia diferenciados, permitiu-se, aqui, a criao da securitizao sem muitos dos riscos sofridos em outros pases, nos quais tais prticas no eram nem mesmo to rigorosamente regulamentadas quanto em territrio nacional.

A securitizao foi uma forma encontrada pelas instituies financeiras, ainda na dcada de 1970, para que elas pudessem continuar ofertando recursos ao mercado mesmo quando j contassem com uma carteira muito grande de devedores (ou seja, de tomadores de crdito).

Em fins da dcada de 1990, essas operaes de securitizao - que aqui seriam operacionalizadas por meio dos FIDCs - comearam a ser regulamentadas no Brasil, funcionando como uma importante forma de (i) permitir a reduo das taxas de juros nas operaes bancrias por meio de uma melhor administrao das carteiras das instituies, e, em especial, (ii) estimular a oferta de crdito ao mercado e a oferta de crdito a novas parcelas da populao, antes excludas do sistema bancrio.

Assim, os FDICs - que, a rigor, no so instituies financeiras, mas fundos especializados em adquirir os recebveis daquelas instituies e ofertar para um pblico especializado - funcionam como importantes mitigadores das altas taxas de juros praticadas no Brasil, como instrumentos que permitem a reduo do spread bancrio - e, consequentemente, dos juros e tarifas -, e que acabam permitindo, ao cabo, aumentar o acesso da populao ao crdito, em razo da ampliao da oferta de recursos.

Para tal, como explicado, os FIDCs adquirem recebveis de crdito (os direitos creditrios) de empresas de diversos segmentos, j vencidos ou com vencimento futuro, proporcionando rentabilidade aos seus cotistas por meio da cobrana desses crditos junto aos devedores originais no momento oportuno, como ocorrido no presente caso.

III - SOBRE A CESSO DE CRDITOS, A NOTIFICAO DO AUTOR E O CONTRATO ORIGINAL

III.a - Sobre o Contrato de Cesso de Crditos

Conforme j visto, o dbito objeto da presente demanda foi constitudo pelo Cedente em face do Autor e, depois de inadimplido, foi cedido ao Ru.

Esta cesso foi celebrada entre o Cedente e o Ru por meio de um Instrumento Particular de Contrato de Cesso e Aquisio de Direitos de Crdito, que foi levado a registro junto a um dos Cartrios de Ttulos e Documentos da Capital do Estado de So Paulo.

Opo 1

Nos moldes do quanto faz prova a anexa certido emitida pelo mencionado Cartrio (doc. 07), o dbito que o Autor tinha para com o Cedente foi regularmente cedido ao Ru, quando da realizao do negcio acima mencionado.

Opo 2

Nos moldes do quanto ser comprovado pela juntada futura de uma certido emitida pelo mencionado Cartrio, o dbito que o Autor tinha para com o Cedente foi regularmente cedido ao Ru, quando da realizao do negcio acima mencionado.

III.b - Sobre a notificao da cesso de crdito ao autor

Deve-se observar, ainda, que, quando da negativao de seu nome pelo Ru, o Autor foi devidamente cientificado da cesso de crditos celebrada, cumprindo o Ru, assim, o quanto preceitua o artigo 290 do Cdigo Civil.

Opo 1 Temos a notificao do SERASA

Tal notificao comprovada por meio da anexa cpia da carta que foi enviada ao Autor pelo SERASA (doc. 06), da qual constam, expressamente, as necessrias informaes sobre a cesso de crdito em questo.

Opo 2 Temos a notificao do SCPC

Tal notificao resta comprovada por meio do incluso Protocolo de Comunicaes de Dbito Diria, emitido pelos CORREIOS, acerca da carta que foi enviada para o Autor pela Associao Comercial de So Paulo SCPC (doc. 06), da qual constam, expressamente, as necessrias informaes sobre a cesso de crdito em questo.

Opo 3 No temos a notificao do SERASA

Tal notificao ser comprovada por meio da apresentao futura da cpia da carta que foi enviada para o Autor, da qual constam, expressamente, as necessrias informaes sobre a cesso de crdito em questo.

Opo 4 Enviamos - apenas ou tambm -, um boleto para pagamento de acordo, para o endereo correto

Tal notificao foi formalizada no corpo do boleto anexo (doc. 06), enviado para o Autor com sugestes para a quitao de seu dbito.

Opo 1

Observe-se, ademais, que esta notificao foi enviada para o mesmo endereo que o Autor indica como sendo o seu na petio inicial destes autos, nos moldes do quanto demonstra a certido dos Correios que a guarnece.

Opo 2

Observe-se, ademais, que esta notificao foi enviada para o endereo do Autor que constava da base de dados do Cedente, entregue para o Ru quando da celebrao da cesso do crdito em questo, nos moldes do quanto demonstra a certido dos Correios que a guarnece.

Por fim, sobre o envio desta notificao para o Autor, deve-se destacar que, de acordo com o quanto j pacificado pelo E. STJ quando da edio da Smula de n 404, dispensvel o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicao ao consumidor sobre a negativao de seu nome em bancos de dados e cadastros.

III.c - Sobre o contrato original celebrado entre o Cedente e o Autor

Caso tenhamos o Contrato Constitutivo do Crdito

Como j visto no item I.b, supra, ntida a identidade entre o dbito em razo do qual o Autor foi negativado pelo Cedente e aquele atravs do qual ele foi negativado pelo Ru.

A despeito desta identidade segue, anexa, uma cpia do contrato originrio firmado entre o Autor e o Cedente (doc. 09) (ou cpia da fatura do carto de crdito utilizado pelo Autor (doc. 09)), que comprova o vnculo jurdico e a contratao do crdito que aqui se discute.

OU, em casos de contratos de telefonia

A despeito desta identidade, seguem as inclusas telas extradas do sistema da Cedente que narram a contratao, pelo Autor, das linhas telefnicas que deram origem ao crdito que se discute.

Sobre estas telas, merece destaque o fato de que a contratao de linhas telefnicas feita por meio de contatos telefnicos e, portanto, no formalizada por contratos subscritos pelas partes.

Opo 1

Como j visto no item I.b, supra, ntida a identidade entre o dbito em razo do qual o Autor foi negativado pelo Cedente e aquele atravs do qual ele foi negativado pelo Ru.

A despeito desta identidade, caso V.Exa. entenda necessria a apresentao do contrato originrio do dbito em questo, o Ru explica, desde j, que tal documento somente poder ser apresentado nestes autos pelo prprio Cedente nico responsvel pela legitimidade do crdito, a teor do quanto preceitua o artigo 295 do Cdigo Civil -, aps ser devidamente oficiado por este MM. Juzo.

Opo 2 Caso no possamos comparar Simplect e o ACSP

A despeito das provas j apresentadas sobre a titularidade do Ru sobre o dbito que se discute, caso V.Exa. entenda necessria a apresentao do contrato originrio de sua constituio, o Ru explica, desde j, que tal documento somente poder ser apresentado nestes autos pelo prprio Cedente nico responsvel pela legitimidade do crdito, a teor do quanto preceitua o artigo 295 do Cdigo Civil -, aps ser devidamente oficiado por este MM. Juzo.

A impossibilidade de apresentao deste documento advm do fato de que, ao adquirir crditos, o Ru no tem acesso s informaes detalhadas do contrato que levou inadimplncia dos devedores, uma vez que estes dados so protegidos por sigilo bancrio/telefnico e que, por assim serem, devem necessariamente ser tratados por seus detentores da forma mais restrita possvel.

IV - SOBRE O DANO MORAL

Alm de buscar a inexigibilidade do dbito em questo, o Autor ainda espera ser ressarcido por supostos danos morais que diz ter sofrido em razo da incluso de seu nome no cadastro de inadimplentes.

Como veremos agora, este pedido tambm no merece prosperar.

IV.a - Sobre a aplicabilidade da Smula n 385 do E. STJ ao quanto se discute

(avaliar a relevncia deste item para o caso concreto. Se o sujeito no tiver outras negativaes, somem este item e o I.c)

Como j visto no item I.c, supra, o Autor

Opo 1 permanece negativado, ainda hoje, por outros de seus credores.

Opo 2 durante o perodo em que esteve negativado pelo Ru, estava, paralelamente, negativado por outros de seus credores.

Opo 3 (no sabemos se existem outras negativaes)

Como j visto no item I.c, supra, caso fique demonstrado que a Autora permanece negativada, ainda hoje, por outros de seus credores, ou ainda, durante o perodo em que esteve negativada pelo Ru, estava paralelamente negativada por outros credores, se esvaziar o contedo do dano moral pleiteado, visto que basta uma nica negativao para que os efeitos da restrio creditcia atinjam a vtima.

Aps analisar de forma repetitiva recursos que versavam sobre devedores irregularmente negativados na pendncia de outras negativaes legtimas, o E. STJ editou a Smula n 385, segundo a qual da anotao irregular em cadastro de proteo ao crdito, no cabe indenizao por dano moral quando preexistente legtima inscrio, ressalvado o direito ao cancelamento.

Assim, fato que o Autor, por ser devedor contumaz, no sofreu qualquer abalo em sua honra que j no lhe seja conhecido, tampouco qualquer prejuzo que no possa lhe ter sido causado pelas outras anotaes que pendem sobre seu nome, no havendo, assim, qualquer justificativa para que lhe seja concedida a indenizao pleiteada.

IV.b - Sobre a impossibilidade de meros transtornos serem equiparados a efetivos danos morais (se o tpico de cima sumir, este ttulo some, fica s o texto do tpico)

Ao contrrio do quanto sugere o Autor, a negativao patrocinada pelo Ru no lhe trouxe qualquer constrangimento que tenha extrapolado sua esfera pessoal e prejudicado sua honra perante seus pares.

Com efeito, tal negativao foi feita em um banco de dados ao qual tem acesso apenas o Autor e os consulentes assinantes do servio. Tal acesso ademais, restrito para fins profissionais de avaliao de cadastro creditcio e, espera-se, operado por profissionais treinados, no sendo, portanto, acessvel a terceiros.

Partindo deste fato, ntido que - salvo qualquer anormalidade - a notcia sobre negativao de que se trata permaneceu restrita ao Autor, no extrapolando sua esfera pessoal e, assim, no tendo gerado qualquer abalo em sua imagem perante terceiros.

Analisando situao similar, o E. STJ assim se manifestou:

Recurso Especial. [...]. Ao de Indenizao. [...] Danos Morais. Inexistncia. Mero Dissabor.

I. [...] II. Os danos morais surgem em decorrncia de uma conduta ilcita ou injusta, que venha a causar forte sentimento negativo em qualquer pessoa de senso comum, como vexame, constrangimento, humilhao, dor. Isso, entretanto, no se vislumbra no caso dos autos, uma vez que os aborrecimentos ficaram limitados indignao da pessoa, sem qualquer repercusso no mundo exterior. Recurso especial parcialmente provido. (grifo nosso)

Ademais, uma vez que a negativao do nome do Autor decorre de sua inadimplncia para com seu credor primitivo - e, agora, para com o Ru, que agiu no exerccio regular de seus direitos -, fato que no foi praticado, por ningum, qualquer ato ilcito que justifique uma descabida indenizao por prejuzos morais no sofridos.

Assim, considerando (i) a necessria distino entre meros aborrecimentos cotidianos e efetivos abalos morais e (ii) a inexistncia de atos ilcitos supostamente praticados pelo Ru, aceitar-se como configurado o dano moral no caso que se apresenta significa no s desvirtuar totalmente o instituto como, tambm, privilegiar-se uma verdadeira indstria de indenizaes, deletria para uma correta administrao da justia.

Porm, caso no seja este o entendimento de V.Exa., deve uma eventual condenao ser arbitrada com moderao, para que se evite que o Autor angarie, com este feito, um enriquecimento indevido. Assim entende o E. STJ:

"Comercial e Processual Civil. Protesto de duplicata paga no vencimento. Dano moral. Pessoa jurdica. [...]

III - A indenizao por dano moral deve ser fixada em termos razoveis, no se justificando que a reparao venha a constituir-se em enriquecimento indevido, devendo o arbitramento operar-se com moderao, proporcionalmente ao grau de culpa, ao porte empresarial das partes, s suas atividades comerciais e, ainda, ao valor do negcio. H de orientar-se o juiz pelos critrios sugeridos pela doutrina e pela jurisprudncia, com razoabilidade, valendo-se de sua experincia e do bom senso, atento realidade da vida, notadamente situao econmica atual e s peculiaridades de cada caso. IV [...]." (grifo nosso)

V - DO PEDIDO CONTRAPOSTO

Uma vez que, como visto, o Autor real devedor dos valores que levaram negativao de seu nome junto aos rgos de restrio ao crdito, pode o Ru, neste momento, apresentar seu pedido contraposto, nos moldes do quanto previsto pelo artigo 31 da Lei n 9.099/95 (sumrio artigo 278, 1, do Cdigo de Processo Civil).

Assim, tendo em vista que o dbito do Autor lquido, certo e exigvel, requer-se desde j que, reconhecida a improcedncia do pedido principal, seja, consequentemente, julgado procedente o pedido contraposto, no montante indicado no tpico final desta pea.

Destaca o Ru, por fim, que, aps adquirir o crdito do Cedente, atualiza o valor histrico que lhe cedido com base no ndice Geral de Preos do Mercado - publicado mensalmente pela Fundao Getlio Vargas (IGPM/FGV) - e acresce o saldo devedor de juros de mora de 01% (um por cento) ao ms.VI - CONCLUSO

Em face do quanto acima exposto, resta claro que o Autor devedor inadimplente dos valores pelos quais seu nome foi gravado junto aos rgos de proteo ao crdito, motivo pelo qual requer-se:

a) Sejam JULGADOS IMPROCEDENTES todos os pedidos formulados na petio inicial; e,

b) Seja JULGADO PROCEDENTE o pedido contraposto ora feito, sendo o Autor condenado a pagar ao Ru a quantia total de R$ (valor por extenso), devidamente atualizada e acrescida de juros legais at a data do efetivo pagamento.

Requer-se ainda que, em caso de interposio de recurso, seja o Autor condenado ao pagamento das custas judiciais, despesas processuais e honorrios advocatcios.

Protesta-se provar o alegado por todos os meios em direitos admitidos, notadamente: pelo depoimento pessoal do Autor; pela juntada da certido emitida pelo cartrio de Registro de Ttulos e Documentos, explorado pelo tpico III.a, supra; pela juntada do comprovante da notificao enviada para o Autor, conforme explorado pelo tpico III.b, supra; pelo envio de um ofcio ao Cedente, para que este traga aos presentes autos detalhes da contratao originria que celebrou com o Autor, conforme explorado pelo tpico III.c, supra; pelo envio de um ofcio aos rgos de proteo ao crdito SERASA e SCPC, para que estes apresentem o histrico de negativaes do Autor, dos ltimos 5 (cinco) anos, objetivando verificar a aplicabilidade da Smula 385 do E. STJ, tendo em vista que tais informaes so sigilosas e no podem ser obtidas sem ordem judicial; pela juntada das gravaes das conversas travadas entre o Autor e os atendentes do call center do Ru, conforme explorado pelo tpico I.a, supra.

O subscritor da presente declara a autenticidade dos documentos que guarnecem a presente Contestao e dos demais que ainda poder apresentar neste feito.

Por fim, requer-se que todas as publicaes pertinentes aos presentes autos sejam efetuadas, sob pena de nulidade, exclusivamente em nome de __________, OAB/____ n ______.

Nestes termos,

Pede deferimento.

_________, ___ de ______________ de 2013.________________________________

OAB/____ n _________

Hoje, o modelo brasileiro de regulamentao de FIDCs vem sendo reconhecido ao redor do mundo como um dos mais avanados, capaz de impedir problemas como aqueles ocorridos no mercado norte-americano em 2007 e 2008, quando da crise dos subprime.

Um banco, a rigor, recebe depsitos de seus clientes (sendo devedor destes) e para eles faz emprstimos (sendo, ento, credor). Ocorre que, quando um banco devedor de um cliente, a sua divida vista (ele deve pagar quando requerido pelo cliente), e quando ele credor, seus crditos so a prazo (so lquidos apenas quando do seu vencimento). esse descasamento entre seus fluxos de crditos e de dbitos que torna as instituies bancrias vulnerveis quebra por corridas bancrias por exemplo (quando os clientes credores, em face de alguma incerteza, decidem retirar seus recursos) e que responde, tambm, pelas elevadas taxas de juros (uma vez que os bancos tem que se esforar para captar recursos no mercado, ofertando maiores juros aos depositantes).

O contrato de cesso um contrato tpico, regulamentado pelos artigos 286 e seguintes do Cdigo Civil e, nas palavras Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery, consiste em (...) uma forma de alienao, porque a alienao a transferncia de um direito a outrem, por ato volitivo do titular e a cesso tem esse carter duplo, de perda e de aquisio de um direito, no que toca ao seu titular. uma forma de sucesso da titularidade de uma relao obrigacional - in, Cdigo Civil Comentado. 6 edio. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. p. 430

O contrato de cesso um contrato tpico, regulamentado pelos artigos 286 e seguintes do Cdigo Civil e, nas palavras Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery, consiste em (...) uma forma de alienao, porque a alienao a transferncia de um direito a outrem, por ato volitivo do titular e a cesso tem esse carter duplo, de perda e de aquisio de um direito, no que toca ao seu titular. uma forma de sucesso da titularidade de uma relao obrigacional - in, Cdigo Civil Comentado. 6 edio. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. p. 430

REsp 628854/ES, Rel. Ministro Castro Filho, Terceira Turma, julgado em 03/05/2007, DJ 18/06/2007, p. 255.

Resp 214381/MG (1999/0042195-7), Ministro Slvio de Figueiredo Teixeira, 4 Turma, DJ 29/11/99.