contestaÇÃo - jec (c. pedido contraposto e litigancia de ma-fe)
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EXCELENTSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO 3JUIZADO ESPECIAL CIVEL DA COMARCA DE NITERI-RJ.
PROCESSO n 0046697-83.2014.8.19.0002
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX,
brasileira, solteira, vendedora autnoma, portadora do CPF n xxx.xxx.xxx-xx, RG n
xxxxxxxxxx SSP/GO, residentes e domiciliadas xxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxx, por sua
advogada infra-assinada, devidamente constituda pelo instrumento de procurao
anexo, vem respeitosamente ilustre presena de Vossa Excelncia, com o habitual
acatamento, apresentar a sua
CONTESTAO
cujos termos de DEFESA seguem anexos, nos autos da AO DE INDENIZAO
POR DANOS MATERIAIS E MORAIS, proposta em seu desfavor por NATALIA
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, j qualificada nos autos, pelos substratos fticos,
jurdicos e probatrios a seguir expostos:
BREVE RELATO DA PRETENSO
A autora ajuizou a presente Ao Indenizatria com vistas em obter
judicialmente a condenao da r ao pagamento de indenizao pecuniria por supostos
danos materiais e morais por ela suportados em virtude de negcio jurdico na
modalidade e-commercerealizado entre as partes.
Alega ter adquirido junto a pessoa da R, por meio de sua loja virtual de
endereo eletrnico no portal www.carambolashop.net tendo efetivado pedido de
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compra de: 06 (seis) blusas regatas de cetim com tule, sendo 03 (trs) brancas, 02 (duas)
pretas e 01 (uma) azul.
Informa ter pago o valor de R$ 20,00 (vinte reais) por pea, o que em tese
resultariam no importe de R$120,00 (cento e vinte reais) em compras, e solicitado a
entrega via SEDEX pelo qual alega ter pago o montante de R$ 21,00 (vinte e um reais).
Informa que o pagamento da compra, assim como da postagem, foi realizado mediante
deposito identificado feito por DANIELLE SIMAN DIAS, no valor de R$141,00 (cento
e quarenta e um reais), o qual teria sido creditado na conta de titularidade da r
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX junto ao BANCO DO
BRADESCO.
Contudo, a autora no apresentou com sua exordial comprovao fidedigna
das especificaes do pedido realizado junto a loja.
Apenas trs dias aps da aludida compra a consumidora manifestou
interesse na devoluo do valor pago, sob a alegao de que o prazo de envio da
mercadoria, supostamente de apenas 01 (um dia til), teria expirado.
Informa que a mercadoria foi enviada via PAC, e no SEDEX como
supostamente teria solicitado, apenas no dia 06/05/2014, tendo recebido a encomenda
no dia 14/05/2014.
Alega que em decorrncia de defeitos supostamente encontrados na
mercadoria optou por fazer uso do direito de arrependimento.Sob a alegao de que
as peas recebidas no correspondiam com aquelas constantes no seu pedido, sendo que
em uma das peas identificou defeitos (ala da blusa branca descosturada).
Fazendo uso do alegado direito de arrependimento, a consumidora realizou
a postagem das blusas para devoluo em 14/05/2014, tendo notificado as vendedoras
atravs de e-mail informando o cdigo de rastreio da postagem.
Alega que uma vez constatada a devoluo da mercadoria pelos correios,
solicitou o reembolso do valor pago, somados a mais R$ 21,00 (vinte e um reais)
decorrentes da postagem de devoluo.
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Declara em fls. 07 da Petio Inicial que, Aps passar alguns dias, ao
verificar o extrato de minha contadeparei com a desiluso de o dinheiro no ter sido
depositado (g.n)
Alega, por fim, que promoveu a presente ao indenizatria por sentir-se
enganada pelas requeridas com intuito de obter ressarcimento material e moral
supostamente sofrido por conduta antijurdica praticado pelas requeridas.
Requereu a condenao das Suplicadas ao pagamento de indenizao por
danos materiais no valor de R$162,70 (cento e sessenta e dois reais e setenta centavos),
bem como a condenao em indenizao por danos morais no importe de R$5.000,00(cinco mil reais).
Deixou de apresentar comprovante do pagamento da compra feita, bem
como deixou de apresentar qualquer comprovao de que tenha
informando o nmero de conta bancria para restituio dos valores
pagos.
Reconhece em sua comunicao ter trocado o endereo de envio damercadoria no meio da transao.
o que se extrai da Petio Inicial.
PREL IM INAR DE MRITODa Carncia de Ao por Ilegitimidade Ad Causam Ativa art. 267, inciso VI , do
CPC
As pessoas fsicas, por ausncia de expressa disposio legal, so
impossibilitadas de serem representadas em juzo por prepostos.
Essa matria restou pacificada com a edio do enunciado n 20 no Frum
Nacional dos Juizados Especiais (FONAJE), determinando como obrigatrio, o
comparecimento pessoal da parte s audincias, nestes termos: "O comparecimento
pessoal da parte s audincias obrigatrio. A pessoa jurdica poder ser
representada por preposto."
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Assim, entende-se que o direito de ao das Pessoas Fsicas junto aos
Juizados Especiais personalssimo, ainda mais quando se fundamenta em pleito por
Indenizao por Danos Morais. Nesse sentido:
APELAO CVEL. AO DE INDENIZAO POR DANOSMORAIS. INTERRUPO DO FORNECIMENTO DE ENERGIAELTRICA. PREQUESTIONAMENTO. Tendo em vista a fal ta deidentidade entre o nome do demandante, ora apelante, e o nome docli ente indicado na fatura de cobrana de energia eltrica, bemcomo a existncia de documento a apontar que aquele reside noutr olocal, foroso o reconhecimento da questo preliminar deilegitimidade ativa suscitada nas contrarrazes, extinguindo-se o
processo sem a resoluo do mrito, nos termos da lei processualcivil. QUESTO PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA
ACOLHIDA. PREJUDICADO O EXAME DO APELO DODEMANDANTE. (Apelao Cvel N 70057898603, Dcima SextaCmara Cvel, Tribunal de Justia do RS, Relator: Catarina Rita
Krieger Martins, Julgado em 27/03/2014) (TJ-RS , Relator: CatarinaRita Krieger Martins, Data de Julgamento: 27/03/2014, Dcima SextaCmara Cvel)
REPARAO DE DANOS. ILETIGIMIDADE ATIVA. Considerandoque o pedido de indenizao por danos morais direitopersonalssimo e que, no caso dos autos, foi o irmo da autora quem
sofreu os possveis abalos, somente ele tem legitimidade ativa parapostular a pretenso; j que se trata de pessoa civilmente capaz.RECURSO IMPROVIDO. (Recurso Cvel N 71004206868, SegundaTurma Recursal Cvel, Turmas Recursais, Relator: Jos AntnioCoitinho, Julgado em 08/11/2013)
No caso, a presente ao foi promovida junto a este Juizado, pela Sra.
NATALIA SIMAN DIAS, dizendo-se residente na cidade Niteri/RJ, pela aquisio de
bens de consumo na modalidade e-commerceem nome prprio.
Ocorre que, conforme relatos constantes na Petio Inicial, em que pese o
pedido dos produtos tenham sido efetuados pela Sra. NATALIA SIMAN DIAS, o
pagamento foi realizado mediante depsito identificado pela Sra. DANIELLE
SIMAN DIAS.
Dessa forma, as suplicadas no possuem qualquer vnculo jurdico de ordem
pecuniria com a autora, tendo em vista que a mesma no pode ser identificada como a
beneficiria do direito de restituio de valores eventualmente pagos pela aquisio de
mercadorias, visto que, em verdade, no foi a mesma quem pagou pelos pedidos, no
sendo, portanto, legtima para cobrana de valores que no lhe pertencem.
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Vale destacar que no foram juntados nos autos se quer procurao
constituindo a autora como procuradora da Sra. DANIELLE SIMAN DIAS.
E ainda, no existe nenhuma documentao nos autos que possa ao menos
evidenciar o suposto vnculo de parentesco existente entre ambas.
Nestas condies, requer seja julgado extinto o processo sem julgamento do
mrito, nos termos do artigo 267, inciso VI do Cdigo de Processo Civil, ante a
manifesta ilegitimidade de parte ativa.
I I NO MRITO
Mesmo diante da notria ilegitimidade para a suplicante figurar no polo
ativo da presente demanda, as Suplicadas contestam o feito em seu mrito por amor ao
debate.
Em que pese as alegaes da Suplicante, estas no merecem prosperar,
tendo em vista que os fatos narrados no condizemcom a realidade material.
De fato foi identificado pelas Suplicadas o pedido realizado por NATALIA
SIMAN DIAS, dos aludidos produtos em sua loja virtual www.carambolashop.net
quais sejam: 06 (seis) blusas regatas de cetim com tule, sendo 03 (trs) brancas, 02
(duas) pretas e 01 (uma) azul.
Pela compra, foi identificado o depositado feito no dia 29/04/2014 efetivado
por DANIELLE SIMAN DIAS no valor de R$141,00 (cento e quarenta e um reais),
creditado na conta de titularidade da r
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX junto ao BANCO DOBRADESCO, conforme extrato bancrio em anexo.
Contudo, a parte Autora demonstra imensa astcia e torpeza ao relatar os
fatos de forma desconexa com os acontecimentos.
A suplicada ainda insiste que o prazo de envio dos pedidos seria apenas de
01 dia til, quando na verdade, conforme claro no poltica da site, o prazo de envio
dos produtos e mercadorias adquiridos de 08 dias a contar da confirmao dopagamento, e somente a partir do envio envia-se o cdigo de rastreamento da
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postagem, conforme se destaca do portal do stio
http://carambolashop.loja2.com.br/page/151445-Perguntas-Frequentes, localizado em
portal de domnio pblico, sendo, portanto, de conhecimento geral de todos osconsumidores.
Alegou na exordial que havia solicitado a entrega em carter especial em
razo de suposta viagem, pois no haveria ningum para receber os pedidos. Contudo,
misteriosamente, a mesma recebeu a encomenda na data e prazo normal de envio
segundo a poltica da loja.
Ao criar todos estes incidentes, ainda nos trmites da contratao, apenastrs dias aps a aludida compra, antes mesmo que estivesse expirado o prazo de envio a
consumidora comeou a manifestar descontentamento injustificado, por razes pfias
inventadas por sua prpria mente criativa, a Suplicante manifestou interesse no
desfazimento do negcio.
Contudo, em conversa com a vendedora, a Consumidora optou por
continuar com a compra requerendo a alterao do endereo de envio, informando
suposta viagem realizada, o que no foi possvel devido a postagem anterior dosprodutos.
J em 07/05/2014, a Suplicante entra novamente em contato com a
representante do site insistindo no prazo de 01 (um) dia para o envio da mercadoria, o
que no corresponde com a poltica pblica do site.
Nesta oportunidade, a Suplicante apresenta injustificada insatisfao com a
compra, e apresenta discurso ameaador de processo j manifestando interesse emarguir oDireito de Arrependimentopara desfazer o negcio unilateralmente.
I DO EXERCCIO DO DIREITO DE ARREPENDI MENTO
No que tange ao direito de arrependimento, dispe o art. 49 do CDC que:
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias acontar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou
servio, sempre que a contratao de fornecimento de produtos eservios ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmentepor telefone ou a domiclio.
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Pargrafo nico. Se o consumidor exercitar o direito dearrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente
pagos, a qualquer ttulo, durante o prazo de reflexo, serodevolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.
Sob o perigo da banalizao do instituto para fins escusos de
enriquecimento ilcito com a provocao de danos aos fornecedores, tm-se mitigado o
exerccio dessa direito adequando-se a lei aos fatos e as circunstncias, especialmente
quando constatada a m-f na contratao.
A priori, destacamos que, para que seja possvel o exerccio Direito de
Arrependimento, se faz necessria a existncia do Marketing Agressivo, em que o
consumidor atrado por meio de promoes, ofertas relmpagos, e no tm tempo derefletir se realmente este produto que quer e realmente precisa dele.
As hipteses de Marketing Agressivo apontadas no caput do art. 49 no se
tratam de rol taxativo, a norma consumerista apenas exemplifica o conceito ao indicar a
contratao por telefone ou a domiclio, que saem da esfera da normalidade visto que o
vendedor procura pelo consumidor, ao contrrio da normalidade em que o consumidor
quem escolhe o fornecedor e o produto livremente.
No caso, a consumidora voluntariamente pesquisou sobre o site e os
produtos fornecidos por ele. Teve acesso a toda informao no que tange a poltica
procedimental adotada pela site, inclusive onde especifica o prazo para envio.
To pouco foi abordada por mtodos de marketing que diminussem sua
capacidade de analisar a necessidade e viabilidade da aquisio, visto que no foi
exposta a nenhuma vantagem temporria (promoes) que no lhe desse tempo de
raciocinar sobre sua escolha de efetivar os pedidos ou no.
Ademais, o artigo no prev sobre a devoluo do produto, uma vez que
obvio que, ao resilir o contrato de consumo, o produto deve ser devolvido nas mesmas
condies que foi entregue, pois, do contrrio, se configuraria enriquecimento ilcito,
conforme previso no Cdigo Civil.
Ao resilir o contrato dentro do prazo de reflexo, o valor eventualmente
pago dever ser restitudo com correo, logo, o produto tem que ser devolvido em
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perfeitas condies, respondendo o consumidor por eventuais perdas e danos por avaria
no produto.
Assim, tendo a compra sido efetivada com o pagamento em 29/04/2014,
sendo o prazo pr-estabelecido no site de 08 (oito) dias, a mercadoria adquirida foi
enviada para o endereo solicitada no dia 06/05/2014, portanto dentro do prazo legal.
Ao exercer o direito de arrependimento, a Suplicante alega, conforme
histrico da comunicao por e-mail e WhatsApp no dia 14/05/2014, que as peas
foram enviadas diferente do pedido, tendo uma das blusas adquiridas apresentado
defeito na ala .
Nesta oportunidade restou evidenciado que o alegado defeito seria de
uma ala descosturada em uma das blusas adquiridas.
Ora nobre Julgador, diante de toda a situao, considerando as
manifestaes prvias da Autora em devolver os produtos bem como o tom
ameaador de processar as Suplicadas, parece no mnimo estranho e anormal.
Ocorre que as peas encaminhadas foram vistoriadas e postadas em perfeitoestado pela prpria representante do site, contudo uma foi restituda com a ala
descosturada, conforme reconhecida na conversa da Suplicada com as Suplicantes via
WhatsApp, fato que pode ser perfeitamente comprovado na analise das fotos postadas
pela prpria demandante.
Contudo, tendo a absoluta certeza de ter enviado um produto em perfeitas
condies, mesmo assim a Requerida no negou a consumidora o Direito de
Arrependimento.
I I DA CULPA EXCLUSIVA E/OU CONCORRENTE DA
CONSUMIDORA
A legislao consumerista prev expressamente que a responsabilidade dos
fornecedores de produtos e servios pela reparao dos danos causados aos
consumidores, comporta a iseno do dever de indenizar quando evidenciado que o
dano se deu por culpa exclusiva da vtima ou de terceiro (art. 12, 3, III e 14, 3, II).
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Assim, incide no caso em tela o disposto no artigo 14, 3, II, do Cdigo
Consumerista, que assim dispe:
Art. 14 3 O fornecedor de servios s no ser responsabilizadoquando provar:
IIa culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
No caso, a consumidora, ao exercer o direito de arrependimento no
indicou dados bancrios para o reembolso dos valores pagos , o que impossibilitou
qualquer inteno da suplicada na restituio.
Vale destacar que a Suplicante declara em fls. 07 da Petio Inicial que,
Aps passar alguns dias, ao verificar o extrato de minha conta deparei com a
desiluso de o dinheiro no ter sido depositado (g.n).
Assim a mesma deixa transparecer que esperava a restituio dos valores em
conta de sua prpria titularidade, apesar de jamais ter fornecido seus dados bancrios as
Suplicadas, sendo que nem mesmo efetuou pessoalmente o pagamento de forma a
viabilizar a identificao de seus dados.
E mais, a Suplicante trocou at o nmero de seu aparelho celular,
dificultado qualquer contato para viabilizar a restituio por parte da suplicada.
Ademais disso, os pedidos e as reclamaes foram realizados pela pessoa da
Suplicada NATALIA SIMAN DIAS, contudo o pagamento da mercadoria conforme
anexo comprovante de deposito foi realizado por DANIELLE SIMAN DIAS, desta
forma a devoluo deveria ser pleiteada pela depositante DANIELLE SIMAN DIAS e
no pela suplicante.
Aventada a hiptese de restituio dos valores por meio de consignao em
pagamento, as Suplicadas se depararam com inmeras dificuldades, a primeira seria a
inviabilidade de realizar consignao em pagamento pela via judicial do valor irrisrio
de R$ 162,00 (cento e sessenta e dois reais), ante ao princpio da bagatela ou da
insignificncia. Ora, os gastos com uma Ao Consignatria seriam muito superiores ao
valor a ser reembolsado.
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Apesar dos esforos da suplicada, tambm no foi possvel o procedimento
de consignao em pagamento pela via extrajudicial, visto que, existe dificuldade na
identificao de a quemdeveria ser reembolsado os valores.
Ora, quem realizou os pedidos foi a pessoa da Suplicante Sra. NATALIA
SIMAN DIAS. Por outro lado, o pagamento foi realizado por DANIELLE SIMAN
DIAS, de quem a Suplicada desconhece a qualificao pessoal, especialmente no que
tange ao endereo de correspondncia.
Assim sendo, a restituio mediante Consignao em Pagamento
Extrajudicial se tornou inopervel por ausncia dos requisitos previstos no 1 e segs.do artigo 890 do CPC (falta de qualificao e identificao precisa da pessoa credora).
Vale destacar que no existe qualquer elemento que permita as Suplicadas
reconhecer a renncia de DANIELLE SIMAN DIAS ao reembolso da quantia por ela
paga em favor da Suplicante. De maneira que o pagamento em nome de outra pessoa
pode importar prejuzo material as Suplicadas que esto vinculadas a regra comum
segundo a qual quem paga mal, paga duas vezes.
Dessa forma, no h que se falar em conduta ilcita praticada pela suplicada
em decorrncia da no restituio dos valores pagos, visto que o fato se deu em
decorrncia da conduta adotada pela autora na realizao dos pedidos e no exerccio do
direito de arrependimento, por haver criado circunstancias que dificultaram
sobremaneira o reembolso dos valores.
Nesse sentido, orienta-se a jurisprudncia ptria, conforme se extrai do
julgado a seguir:
CONSUMIDOR. AO DE REPARAO DE DANOS MATERIAIS EMORAIS. FALHA NA PRESTAO DE SERVIOS. CULPA EXCLUSIVADO CONSUM IDOR. ARTIGO 14 DO CDC. SENTENA MANTIDA. 1.EXIME-SE O FORNECEDOR DE SERVIOS DE SERRESPONSABILIZADO PELA REPARAO DOS DANOS CAUSADOS AOSCONSUMIDORES POR DEFEITOS RELATIVOS PRESTAO DOSSERVIOS QUANDO RESTAR PROVADO A CULPA EXCLUSIVA DOCONSUMIDOR OU DE TERCEIRO (ARTIGO 14, PARGRAFO 3, INCISOII, DO CDC). 2. RECURSO DESPROVIDO. (TJ-DF - APC: 20130110107885DF 0003249-33.2013.8.07.0001, Relator: GETLIO DE MORAESOLIVEIRA, Data de Julgamento: 02/07/2014, 3 Turma Cvel, Data dePublicao: Publicado no DJE : 18/07/2014 . Pg.: 132)
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Na verdade, embora tenha tentado por inmeras vezes resolver tal situao,
a requerida no conseguiu identificar com preciso a pessoa a quem deveria restituir os
valores pagos pelos produtos, pois, no dispunha de toda a qualificao civil dasenvolvidas na negociao, restando impossibilitadas de fazer uso dos mtodos
legalmente reconhecidos de restituio de valores pelas razes supra expostas.
I I I DA NO OCORRENCIA DE DANO MORAL
De incio, cabe a considerao de que para a caracterizao do dano moral,
h necessidade de sofrimento, ou humilhao; ou seja: h necessidade de dano.
Convm dizer que nem todo mal-estar configura dano moral, no sentido de que "seriareduzir o dano moral a mera sugestibilidade, ou proteger algum que no suporta
nenhum aborrecimento trivial, o entendimento que o dano moral atinge qualquer gesto
que causa mal-estar". (JEOVA, Antnio. Dano Moral Indenizvel, 2 ed., So Paulo,
Lejus, 1999, p. 115.)
Alm do mais, a circunstncia constrangedora por que passa a vtima h de
ser acima do normal; os meros inconvenientes da vida moderna, dos quais se espera
fugir, mas no causam surpresa, no bastam a configur-lo. No foi o que ocorreu nopresente caso.
A banalizao do Dano Moral, haja vista os inmeros pedidos incuos e
extremamente oportunistas fomentados por uma lacuna derivada de um rigoroso
subjetivismo em relao ao seu quantum, e que atualmente vem sendo combatida por
alguns critrios doutrinrios e jurisprudenciais adotados, pelos srios Tribunais ptrios.
Isto porque o instituto transformou-se em objeto de inmeras aesinfundadas que abarrotam o Poder Judicirio, muito delas absolutamente descabidas,
revelando o intento pernicioso dos autores dessas demandas, que visam pretenses
totalmente absurdas, como o caso dos autos.
Destaca-se que os tribunais tm se mostrado rgidos na fixao da verba
reparatria, inclusive como instrumento de preservao do instituto, impedindo que
absurdas indenizaes subvertam o causador do dano condio de nova vtima ao ter
de suportar uma reparao demasiada e desproporcional ofensa.
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Vale ressaltar que a reparao por dano moral h que ser arbitrada dentro da
razoabilidade, haja vista que no tem o condo de propiciar enriquecimento ilcito de
quem postula, prtica repelida pelo sistema jurdico.
A indenizao por dano moral prevista nos art. 186, do CC em concordncia
com o exposto nos incisos V e X do art. 5 da Constituio Federal, tem razes no mais
subjetivo dos direitos, ou seja, no no palpvel, no mensurvel, enfim, no que o lesado
aduz.
de suma importncia analisar o que o eminente Desembargador e
Professor Srgio Cavalieri Filho, descreve em sua obra Programa de ResponsabilidadeCivil:
Outra concluso que se tira desse novo enfoque constitucional a de
que mero i nadimplemento contratual , mora ou prejuzo econmicono conf igur am, por si ss, dano moral, porque no agr idem adignidade humana. Os aborrecimentos deles decorrentes ficam
subsumidos pelo dano material, salvo se os efeitos do inadimplementocontratual, por sua natureza ou gravidade, exorbitarem oaborrecimento normalmente decorrente de uma perda patrimonial etambm repercutirem na esfera da dignidade da vtima, quando,ento, configuraro o dano moral, que bem exemplifica o que estamos
tentando colocar. (grifei) (Programa de Responsabilidade Civil,Srgio Cavalieri Filho, 5. edio, 2. tiragem, ano 2004, pg. 98,
Malheiros Editores Ltda.)
No caso em tela, especialmente ao considerarmos a formao acadmica da
Suplicante exposta em sua qualificaopresente na inicial como operadora do direito,
sua a conduta se mostra no mnimo duvidosa e provocativa em todos os fatos
evidenciados pelas provas constantes nos autos, vislumbra-se que todo o ocorrido no se
mostra suficiente para provocar intenso sofrimento a mesma, ou mesmo provocar abalo
a sua honra ou conceito de moralidade.
Tambm h inmeras jurisprudncias nesse sentido, dentre as quais
destacamos:
DANO MORAL reparvel. H no entanto, que ser cumpridamenteprovado. Assim como provada h que ser relao de causa e efeitoentre o ato que o teria provocado e o resultado danoso. (RJTJRGS
162/291AP. Civ. 593041916)
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Ademais, No h nos autos singular prova de que a demandada tenha
praticado qualquer conduta capaz de gerar o alegado dano, ou que tenha agido com
negligncia ou imprudncia, ou que tenham praticado qualquer ato que possa sercaracterizado como ilcito, nos termos do art. 186 do CC, segundo o qual:Aquele que,
por ao ou omisso voluntria, negligncia ou imprudncia, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilcito.
To pouco resta evidenciado nos autos o nexo causal entre os danos
supostamente sofridos pela Suplicante e a conduta das Suplicadas.
Assim, diante dos fatos narrados, e das provas trazidas aos presentes autos,que demonstram a total ausncia de ato ilcito da demandada, resta afastada a hiptese
de incidncia do disposto nos artigos 186 e 927, do CC, no havendo que se falar em
qualquer espcie de reparao por danos morais.
Isto posto, percebe-se infundado o pedido de indenizao por danos morais
da autora. Se entender V. Excelncia que o caso merece condenao de indenizao por
dano moral, requer-se ao menos seja a indenizao fixada na medida do agravo sofrido,
mas sob hiptese alguma em valores exorbitantes como o que a autora pediu.
I V - DA LI TIGNCIA DE M-F
A boa-f um dos princpios basilares do Direito, devendo nortear todas ascondutas humanas.
Em vista disso, o CPC enumerou como deveres das partes, bem como detodos os envolvidos em processo judicial,expor os fatos em juzo conforme a verdade(art. 14, inc. I, CPC), proceder com lealdade e boa-f(art. 14, inc. II, CPC) eno
formular pretenses, nem alegar defesa, cientes de que so destitudas defundamento(art. 14, inc. III, CPC), entre outros.
Entretanto, por todo o exposto at ento se percebe claramente que a parte
autora faltou com o cumprimento dos referidos deveres, vez que distorceu a verdade dos
fatos procurando de forma torpe induzir este juzo a erro.
Ora, logo aps a realizao do pedido, a Autora imediatamente comeou a
importunar as suplicadas buscando induzi-las a erro. Tanto assim que a mesma,
demonstra imensa sagacidade ao manter histrico detalhado das negociaes via
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WhatsApp com as Suplicadas, muito embora no tenha demonstrado cuidado em no
fazer juntar o registro do pedido.
A suplicada ainda insiste que o prazo de envio dos pedidos seria apenas de
01 dia til, quando na verdade, conforme claro no poltica do site, o prazo de envio
dos produtos e mercadorias adquiridos de 08 dias a contar da confirmao do
pagamento, e somente a partir do envio envia-se o cdigo de rastreamento da
postagem.
Por outro lado, aconsumidora, ao exercer o direito de arrependimento
no indicou dados bancrios para o reembolso dos valores pagos, o queimpossibilitou qualquer inteno das suplicadas na restituio.
Contudo, bate as portas do judicirio pleiteando indenizao por danos
decorrentes de suposto locupletamento ilcito da Suplicada ao receber a devoluo dos
pedidos e no promover a restituio dos valores pagos, quando, na verdade, foi a
conduta da Suplicante que inviabilizou o reembolso.
Por fim, como relatado, ao exercer o direito de arrependimento, a Suplicantealega, conforme histrico da comunicao por e-mail e WhatsApp no dia 14/05/2014,
que as peas foram enviadas diferente do pedido, tendo uma das blusas adquiridas
apresentado defeito na ala .
Nesta oportunidade restou evidenciado que o alegado defeito seria de uma
ala descosturada em uma das blusas adquiridas.
Considerando as manifestaes prvias da Autora em devolver os
produtos bem como o tom ameaador de processar as Suplicadas, parece no
mnimo estranha e anormal o fato de uma das peas aparecer misteriosamente
danificada.
claro e notrio que todo o embarao foi criado pela prpria autora,
desde a realizao dos pedidos, forando situaes mediante alegaes pfias,
apresentando argumentaes confusas e desconexas, que dificultam a defesa das
Suplicadas.
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Ao alterar a verdade dos fatos, a Suplicante deixou de proceder com
lealdade e boa-f, formulando pretenso destituda de fundamento e violando, por
conseguinte, os deveres enumerados no art. 14 do CPC.
Destarte, pode a parte autora ser considerada litigante de m-f,
enquadrando-se nas hipteses descritas nos incisos I, II e V do art. 17 do CPC.
V - DA IMPUGNAO AO VALOR DA CAUSA
Em que pesem os fundamentos anteriormente expostos, torna-se
descabido o valor dado causa pela ora requerente.
No tocante ao dano moral, o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais)
requerido na exordial encontra-se em desacordo com quaisquer padres de
razoabilidade para o caso concreto em questo, sobre tudo considerando que a
Suplicada e pessoa fsica trabalhando como vendedora autnoma fazendo uso de
mdias alternativas ao criar um espao virtual para comercializar seus produtos.
V - DO PEDIDO CONTRAPOSTO
Considerando que a parte Suplicada no culpada pelo evento danoso
narrado na Inicial, sendo reconhecida a culpa exclusiva da Suplicante, e estando at a
presente data a parte AUTORA dificultando a soluo do problema ao no fornecer
dados bancrios fidedignos para o reembolso dos valores.
Contudo, a exposio pblica da imagem das Suplicadas mediante
reclamao no portal da internet RECLAME AQUI, tecendo inverdades e
comprometendo a imagem do sitede responsabilidade da suplicada, especialmente ao
promover AO JUDICIAL INDENIZATRIA expondo a imagem das Suplicadas
ao escrutnio pblico, o que, com toda certeza afasta a conquista de novos clientes.
Evidente, pois, que toda a situao criada pela Suplicante provocou prejuzos de
ordem material (lucros cessantes) e moral incalculveis.
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Ademais, considerando que o reembolso dos valores pagos pelos pedidos
no foi promovido em virtude da conduta da Autora, na forma j delineada. Verifica-se
a impossibilidade das Requeridas em solucionar o caso.
De maneira que se mostra imprescindvel o reconhecimento de que seja
fixada por este d. juzo a OBRIGAO DE FAZER para que a Autora informe
dados bancrios fidedignos para o reembolso dos valores, o qual, caso reconhea
esse d. juzo poder ser efetuado em seu nome, que apresente renncia expressa da
Sra. DANIELLE SIMAN DIAS dos valores pagos por esta em favor da Suplicante,
sob o risco de que tal situao se prolongue em prejuzo das Suplicadas.
Em face do exposto, requer a Vossa Excelncia a improcedncia dos
pedidos formulados pela parte AUTORA em sua exordial, especialmente no que tange a
condenao por dano moral, e, a ttulo de PEDIDO CONTRAPOSTO, seja a mesma
condenada a indenizar as Requeridas a ttulo de danos morais, em valor a ser fixados
pelos justos critrios analticos de jurdicos de Vossa Excelncia, bem como na
obrigao de fazer para que promova a identificao correta da legitima pessoa a quem
corresponde o direito de reembolso, informando qualificao civil e dados bancriosque viabilizem o reembolso pelas vias ordinrias.
DOS REQUERIMENTOS
Ante ao exposto, requer a Vossa Excelncia.:
PREL I M I N A R M E N TE, que seja julgado extinto e sem julgamento do
mrito, em razo da manifesta ilegitimidade da parte ativa, nos termos expostos.
No sendo este o entendimento de Vossa Excelncia, requer,
alternativamente, A TOTAL IMPROCEDNCIA da presente Ao Indenizatria e seus
pedidos de condenao das Suplicadas a ttulo de danos materiais e morais, formulado
pela requerente, de acordo com os fatos e fundamentos expostos, com a
CONDENAO DA SUPLICATANTE por LITIGANCIA DE M-F por violao do
art. 14 do CPC;
A intimao da autora para que, querendo, responda ao pedido contraposto;
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Por fim, requer a CONDENAO DA SUPLICANTE NO PEDIDO
CONTRAPOSTO, no que pertine a danos morais e materiais (lucros cessantes), como
tambm nas despesas processuais, verba honorria e demais cominaes legais, bemcomo que seja CONDENADA EM OBRIGAO DE FAZER para que informe dados
bancrios fidedignos para o reembolso dos valores, o qual, caso reconhea esse douto
juzo que possa ser efetuado em seu nome, que apresente renncia expressa da Sra.
DANIELLE SIMAN DIAS em favor da suplicada dos valores que aquela pagou pela
compra.
Protesta por todo gnero de provas em direito admitidas, inclusive, pela
juntada de novos documentos e produo de provas orais em audincia de instruo e
julgamento a ser designada por Vossa Excelncia para produo de prova testemunhal,
depoimento pessoal da parte AUTORA e das REQUERIDAS.
Por fim, sendo deferida a produo de provas orais em audincia de
instruo e julgamento a ser designada por Vossa Excelncia, considerando que as
Suplicadas residem em outro estado (Goinia-GO), requer que a audincia seja realizada
por videoconferncia, caso possvel a utilizao deste recurso.
Deferida a produo de prova testemunhal, as Suplicadas arrola como
testemunha a pessoa de DANIELLE SIMAN DIAS, requerendo seja a Autora intimada
para que apresente endereo que possibilite a intimao daquela para cooperar com este
juzo.
Nestes Termos, Pede Deferimento.
Goinia-GO p/ Niteri-RJ, 18 de novembro de 2014.