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Meio: Imprensa País: Portugal Period.: Quinzenal Âmbito: Lazer Pág: 6 Cores: Cor Área: 25,40 x 30,00 cm² Corte: 1 de 2 ID: 77499387 24-10-2018 Il 1 -6 1111 1.(1.1 . .'a. 111110r A noite mais escura 17 DE OUTUBRO DE 2018, 05H10 O sol nasceu em Alfragide há uma hora e dezoito minutos. Estou a 6.500 km de distância. Entre os dois continentes, há o Oceano Atlântico. Desperto e sinto meu corpo pesado, com vontade de continuar o sono interrompido pelos compromissos. Levanto e vou dar remédio aos gatos. Dou comida aos cães. Carrego Frida, um cão de 25 quilos, que é paraplégico, para trocar sua fralda. Frida foi encontrada, atropelada e abandonada, há seis anos. Tomo banho e depois um café rápido. Não tenho tempo para ler os jornais, como de hábito. Meu pai me espera no hospital, onde se encontra há zo dias. Vinte quilômetros e o trânsito complicado do começo de manhã nos separam. . , • 1 • • • NATAL, 1991 A família está ao redor da árvore num pequeno apartamento onde você mora. Você aguarda o momento de abrir seu presente. Uma caixa pesada lhe e entregue por sua mãe. Seu pai, um trabalhador assalariado que fez dívidas para presentear os filhos, observa de longe. Vê que seus olhos se enchem de alegria. Você sorri, era o melhor presente que poderia receber. Suas mãos pequenas passam sobre a capa da máquina Olivetti Lettera 82. Quantos universos se descortinarão a partir de suas teclas rígidas? Quantas histórias você poderá escrever? Quantos sonhos cabem no peso da pequena mala verde? 7H30 A avenida está congestionada. O telefone toca. Atender o telefone à direção é infração de trânsito. Mas a preocupação com meu pai me leva a transgredir os códigos. Uma voz com sotaque português me cumprimenta. Não é sobre meu pai, deduzo. Meu corpo se enrijece, e depois treme. Do outro lado da linha está um dos maiores poetas portugueses vivos. Não entendo muito bem. Primeiro digo que não acredito. Depois agradeço. Paro o carro para respirar um pouco de ar fresco e sou tomado por uma profunda emoção. As personagens que me acompanharam por anos sentam ao meu lado para expressar-me afetos. Muitos sentimentos me atravessam naqueles minutos, mas não posso me demorar ali. Preciso tomar o caminho novamente para chegar a tempo de não perder o horário limite para a entrada no hospital. PRIMAVERA, 1996 Há um ano a família havia mudado para Pernambuco. É tarde e faz muito calor. Você coloca a Olivetti Lettera 82 à sua frente. Digita o título; Torto Arado. 'O trecho do verso de Manha de Dirceu, do poeta português Tomás Antônio Gonzaga, que você leu há poucos dias, é a síntese da história que você escreve. Duas irmãs, um pai, a terra. Nos próximos meses a história avança e você contabiliza 8o páginas. Depois deixa a história quieta em algum canto. Você sente mais prazer em ler que escrever. Ainda não é a hora. Então, percebe que a história não tem pressa para ser contada, Ficará adormecida em algum lugar de sua memória. Dois anos depois, a família retorna para a Bahia. Os manuscritos da história que você considera um romance se perdem na mudança. A máquina também. A Vida lhe cobra trabalho, não há tempo para sonhos. Talvez escrever seja para os privilegiados. Você precisa trabalhar para ajudar nas despesas de casa, porque seu pai ficou desempregado. Você empacota compras num supermercado. São muitas horas de trabalho. Sente-se exausto, mas está sempre acompanhado de um livro, de uma história, para não deixar que a repetição dos gestos de encher e amarrar sacolas lhe brutalize a alma. 09H00 Afago a cabeça de meu pai. Pergunto se se sente melhor. O telefone não para de tocar. Veículos de comunicação querem saber quem é o premiado, o que faz, como se sente, sobre o que versa sua obra. Saio discretamente da enfermaria, falo, retorno para observar meu pai, e depois retorno para atender mais ligações. A manhã avança. Por um instante, esqueço o drama político que dilacera o país. Mas os jornalistas Itamar Vieira Junior nasceu em 1979, em São Salvador da Bahia. Formado em Geografia, doutorou-se em Estudos Étnicos e Africanos, sempre na Universidade Federal da Bahia. Estreou-se literariamente, em 2012, com o livro de contos Dias. A coletânea seguinte, A Oração do Carrasco, de 2017, é finalista do Prémio Jabuti deste ano. O seu primeiro romance, Torto Arado, ainda inédito, acaba de ser distinguido com o Prémio LeYa, no valor de ligo mil euros portugueses me perguntam. Eu respondo. Sinto um nó na garganta. Recordo que, no dia anterior, na universidade, encontrei um amigo que não via há muito tempo. Falamos sobre os nossos projetos em andamento. E, quase esquecido de que estamos em meio a uma escalada de violência - ruas, igrejas, muros e até banheiros públicos se encheram de suásticas e palavras de ódio às minorias, defesa de fechamento do Supremo Tribunal Federal, além de agressões e assassinatos -, pergunto como ele está. Ele me responde que não se sente bem. Que tem medo. Sinto um arrepio, seguro sua mão e digo que também tenho medo, mas não consigo mais falar, meus olhos marejam. Ele também não consegue falar e se despede. Decido externar minha apreensão. Sinto-me acolhido e protegido pelo Prémio, ainda que por pouco tempo. Falo sobre a escalada da violência. Sobre o perigo de perdermos nossa frágil democracia. Meu pai fica perturbado, gostaria que eu não falasse sobre política. Quer me proteger. Eu o convenço de que o momento nos pede coragem, apesar do medo. Lembro-me que, anos antes, o candidato à Presidência da República, que propagou ,o ódio por toda a vida, dirigiu- se à tribuna do parlamento e homenageou o torturador dos anos da ditadura. Lembro-me da repulsa que senti nesse dia, em.memória dos que foram torturados no corpo e na alma. Ocorreu-me, então, que o Prémio deveria ser dedicado aos torturados. Deveria ser dedicado aos que permanecem mobilizados pela democracia. Deveria ser usado para dar voz aos esquecidos. OUTONO, 2017 Você terminou o doutorado. Olha através do tempo e vê que muita coisa mudou em sua vida nos últimos zo anos. Senta-se diante do computador e se ocupa de escrever a história que o acompanha há duas décadas. As personagens surgem do passado que parecia estar soterrado. Todos os dias, após a jornada de trabalho, você se senta com um café e anotações. Os cães e gatos se aninham em seus pés e colo. Você escreve até a madrugada, até que as forças se esvaiam e fiquem apenas a sensação de exaustão e o sentimento de dever cumprido. De repente, você percebe que ao longo daqueles meses a vida não é mais sua. Há um coro de vozes que se sobrepõe ao seu pensamento. Personagens entram e saem de sua casa, alguns o confortam, dividem suas dores. Outros o ofendem, machucam-no. Interrompem seu sono, ficam em vigília. Você sorri, se revolta, e muitas vezes se emociona. De repente, eles o deixam. Recolhem-se. O livro se fecha, mas você sabe que eles estão lá, vivos. Basta ler de novo suas páginas. • • 14H00 Meu pai se apoia em meu braço. De uma janela que não pode ser aberta, vemos a baía, os navios, o céu, o sol e a ilha. Meu pai é um homem simples. Entre um telefonema e outro, eu lhe explico sobre a importância da notícia que recebi mais cedo. Digo que poderei consertar o telhado da casa, as paredes desgastadas. Que quero dar-lhe um quarto mais confortável. Ele chora. Lamenta que tenhamos perdido tanto tempo. Examinamos, com os corações apertados, o passado, nossas dores e diferenças. Nossos silêncios. Revisitamos as mágoas, apesar de não falarmos sobre elas. Nos pedimos perdão pelas ofensas, pela destruição, por termos permitido a erosão do abrigo que poderia nos ter protegido. Cuido dele como a um filho. Agora ele é pequeno e frágil e eu o protejo. NOITE Você precisa encontrá-las de novo. Você as viu crianças, jovens e depois mais velhas. Viu os cabelos brancos surgirem em meio à luta. Você folheia os manuscritos. E quase não acredita que elas conseguiram atravessar continentes, um oceano. Que atravessaram a vida de outras pessoas, como fizeram com a sua. Encontra-as à porta, mirando um vasto mundo. Unidas, com braços e corpos enlaçados. E percebe, novamente, que entre elas surge o mesmo sentimento que você havia experimentado.JL >DIÁRIO<

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Page 1: 1-61111 1.(1.1 ..'a. 111110r A noite mais escuranlstore.leya.com/degm/e_news/2018/07_12_2018/images/I...deste ano. O seu primeiro romance, Torto Arado, ainda inédito, acaba de ser

Meio: Imprensa

País: Portugal

Period.: Quinzenal

Âmbito: Lazer

Pág: 6

Cores: Cor

Área: 25,40 x 30,00 cm²

Corte: 1 de 2ID: 77499387 24-10-2018

Il 1-61111 1.(1.1..'a. 111110r

A noite mais escura

17 DE OUTUBRO DE 2018, 05H10 O sol nasceu em Alfragide há uma hora e dezoito minutos. Estou a 6.500 km de distância. Entre os dois continentes, há o Oceano Atlântico. Desperto e sinto meu corpo pesado, com vontade de continuar o sono interrompido pelos compromissos. Levanto e vou dar remédio aos gatos. Dou comida aos cães. Carrego Frida, um cão de 25 quilos, que é paraplégico, para trocar sua fralda. Frida foi encontrada, atropelada e abandonada, há seis anos.

Tomo banho e depois um café rápido. Não tenho tempo para ler os jornais, como de hábito. Meu pai me espera no hospital, onde se encontra há zo dias. Vinte quilômetros e o trânsito complicado do começo de manhã nos separam.

• • . , • 1 • • •

NATAL, 1991 A família está ao redor da árvore num pequeno apartamento onde você mora. Você aguarda o momento de abrir seu presente. Uma caixa pesada lhe e entregue por sua mãe. Seu pai, um trabalhador assalariado que fez dívidas para presentear os filhos, observa de longe. Vê que seus olhos se enchem de alegria. Você sorri, era o melhor presente que poderia receber. Suas mãos pequenas passam sobre a capa da máquina Olivetti Lettera 82. Quantos universos se descortinarão a partir de suas teclas rígidas? Quantas histórias você poderá escrever? Quantos sonhos cabem no peso da pequena mala verde?

7H30 A avenida está congestionada. O telefone toca. Atender o telefone à direção é infração de trânsito. Mas a preocupação com meu pai me leva a transgredir os códigos. Uma voz com sotaque português me cumprimenta. Não é sobre meu pai, deduzo. Meu corpo se enrijece, e depois treme. Do outro lado da linha está um dos maiores poetas portugueses vivos. Não entendo muito bem. Primeiro digo que não acredito. Depois agradeço. Paro o carro para respirar um pouco de ar fresco e sou tomado por uma profunda emoção. As personagens que me acompanharam por anos sentam ao meu lado para expressar-me afetos. Muitos sentimentos me atravessam naqueles minutos, mas não posso me demorar ali. Preciso tomar o caminho novamente para chegar a tempo de não perder o horário limite para a entrada no hospital.

PRIMAVERA, 1996 Há um ano a família havia mudado para Pernambuco. É tarde e faz muito calor. Você coloca a Olivetti Lettera 82 à sua frente. Digita o título; Torto Arado. 'O trecho do verso de Manha de Dirceu, do poeta português Tomás Antônio Gonzaga, que você leu há poucos dias, é a síntese da história que você escreve. Duas irmãs, um pai, a terra. Nos próximos meses a história avança e você contabiliza 8o páginas. Depois deixa a história quieta em algum canto. Você sente mais prazer em ler que escrever. Ainda não é a hora. Então, percebe que a história não tem pressa para ser contada, Ficará adormecida em algum lugar de sua memória.

Dois anos depois, a família retorna para a Bahia. Os manuscritos da história que você considera um romance se perdem na mudança. A máquina também. A Vida lhe cobra trabalho, não há tempo para sonhos. Talvez escrever seja para os privilegiados. Você precisa trabalhar para ajudar nas despesas de casa, porque seu pai ficou desempregado. Você empacota compras num supermercado. São muitas horas de trabalho. Sente-se exausto, mas está sempre acompanhado de um livro, de uma história, para não deixar que a repetição dos gestos de encher e amarrar sacolas lhe brutalize a alma.

09H00 Afago a cabeça de meu pai. Pergunto se se sente melhor. O telefone não para de tocar. Veículos de comunicação querem saber quem é o premiado, o que faz, como se sente, sobre o que versa sua obra. Saio discretamente da enfermaria, falo, retorno para observar meu pai, e depois retorno para atender mais ligações. A manhã avança. Por um instante, esqueço o drama político que dilacera o país. Mas os jornalistas

Itamar Vieira Junior nasceu em 1979, em

São Salvador da Bahia. Formado em

Geografia, doutorou-se em Estudos Étnicos e Africanos, sempre na Universidade Federal da Bahia. Estreou-se literariamente, em 2012, com o livro de

contos Dias. A coletânea seguinte, A Oração do

Carrasco, de 2017, é finalista do Prémio Jabuti deste ano. O seu primeiro

romance, Torto Arado, ainda inédito, acaba de ser distinguido com o

Prémio LeYa, no valor de ligo mil euros

portugueses me perguntam. Eu respondo. Sinto um nó na garganta.

Recordo que, no dia anterior, na universidade, encontrei um amigo que não via há muito tempo. Falamos sobre os nossos projetos em andamento. E, quase esquecido de que estamos em meio a uma escalada de violência - ruas, igrejas, muros e até banheiros públicos se encheram de suásticas e palavras de ódio às minorias, defesa de fechamento do Supremo Tribunal Federal, além de agressões e assassinatos -, pergunto como ele está. Ele me responde que não se sente bem. Que tem medo. Sinto um arrepio, seguro sua mão e digo que também tenho medo, mas não consigo mais falar, meus olhos marejam. Ele também não consegue falar e se despede.

Decido externar minha apreensão. Sinto-me acolhido e protegido pelo Prémio, ainda que por pouco tempo. Falo sobre a escalada da violência. Sobre o perigo de perdermos nossa frágil democracia. Meu pai fica perturbado, gostaria que eu não falasse sobre política. Quer me proteger. Eu o convenço de que o momento nos pede coragem, apesar do medo.

Lembro-me que, anos antes, o candidato à Presidência da República, que propagou ,o ódio por toda a vida, dirigiu-se à tribuna do parlamento e homenageou o torturador dos anos da ditadura. Lembro-me da repulsa que senti nesse dia, em.memória dos que foram torturados no corpo e na alma. Ocorreu-me, então, que o Prémio deveria ser dedicado aos torturados. Deveria ser dedicado aos que permanecem mobilizados pela democracia. Deveria ser usado para dar voz aos esquecidos.

OUTONO, 2017 Você terminou o doutorado. Olha através do tempo e vê que muita coisa mudou em sua vida nos últimos zo anos. Senta-se diante do computador e se ocupa

de escrever a história que o acompanha há duas décadas. As personagens surgem do passado que parecia estar soterrado.

Todos os dias, após a jornada de trabalho, você se senta com um café e anotações. Os cães e gatos se aninham em seus pés e colo. Você escreve até a madrugada, até que as forças se esvaiam e fiquem apenas a sensação de exaustão e o sentimento de dever cumprido.

De repente, você percebe que ao longo daqueles meses a vida não é mais sua. Há um coro de vozes que se sobrepõe ao seu pensamento. Personagens entram e saem de sua casa, alguns o confortam, dividem suas dores. Outros o ofendem, machucam-no. Interrompem seu sono, ficam em vigília. Você sorri, se revolta, e muitas vezes se emociona.

De repente, eles o deixam. Recolhem-se. O livro se fecha, mas você sabe que eles estão lá, vivos. Basta ler de novo suas páginas.

• • •

14H00 Meu pai se apoia em meu braço. De uma janela que não pode ser aberta, vemos a baía, os navios, o céu, o sol e a ilha.

Meu pai é um homem simples. Entre um telefonema e outro, eu lhe explico sobre a importância da notícia que recebi mais cedo. Digo que poderei consertar o telhado da casa, as paredes desgastadas. Que quero dar-lhe um quarto mais confortável. Ele chora.

Lamenta que tenhamos perdido tanto tempo. Examinamos, com os corações apertados, o passado, nossas dores e diferenças. Nossos silêncios. Revisitamos as mágoas, apesar de não falarmos sobre elas. Nos pedimos perdão pelas ofensas, pela destruição, por termos permitido a erosão do abrigo que poderia nos ter protegido.

Cuido dele como a um filho. Agora ele é pequeno e frágil e

eu o protejo.

NOITE Você precisa encontrá-las de novo. Você as viu crianças, jovens e depois mais velhas. Viu os cabelos brancos surgirem em meio à luta. Você folheia os manuscritos. E quase não acredita que elas conseguiram atravessar continentes, um oceano. Que atravessaram a vida de outras pessoas, como fizeram com a sua.

Encontra-as à porta, mirando um vasto mundo. Unidas, com braços e corpos enlaçados. E percebe, novamente, que entre elas surge o mesmo sentimento que você havia experimentado.JL

>DIÁRIO<

Page 2: 1-61111 1.(1.1 ..'a. 111110r A noite mais escuranlstore.leya.com/degm/e_news/2018/07_12_2018/images/I...deste ano. O seu primeiro romance, Torto Arado, ainda inédito, acaba de ser

Meio: Imprensa

País: Portugal

Period.: Quinzenal

Âmbito: Lazer

Pág: 1

Cores: Cor

Área: 8,03 x 2,77 cm²

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No centenário do seu nascimento, afigura e a obra de um nome maior da nossa cultura, em textos de A. Ranaalho Ea nes,

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Ano XXXVIII • Número 1254 • De 24 de outubro a 6 de novembro de 2018

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