08ª edição

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Edição número 08. Novembro de 2008.

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Caros leitores, O periódico está mudando, ao sabor, como deveria, das

expectativas dos próprios alunos. Aliás, gostaria de agradecer as críticas, que têm nos fortalecido e nos auxiliado a tomar as decisões na composição do Jornal. Dentre os pedidos, a um deles demos especial atenção: mais opinião e menos informação – vamos fazer jus a nossa alcunha! Fizemos um esforço grande nesse sentido, e eis aqui o resultado, espero que lhes agrade.

Assumo a edição do Jornal Opinião em período conturbado. Crise econômica global, eleições americanas e locais e a expectativa de um novo nome para a comunidade Ibmec São Paulo são alguns dos notáveis acontecimentos recentes. Embora não tenha sido possível cobrir todos esses temas que, nos dias que correm, dominam a pauta desde noticiários a discussões de botequim, sobre alguns deles certos alunos tiveram algo a dizer: Pedro Vieira traça um paralelo entre a crise econômica que nos assola e a de 1929; Caio Correa, inaugurando a coluna Negócios, cita alguns dos fenômenos mercadológicos que mais chamaram atenção esse ano; e Vinicius Botelho, inaugurando o espaço Política, discorre sobre a eleição do legislativo em nossa cidade e o papel de nós, cidadãos, nesse processo.

Gostaria de falar também de dois eventos importantes que ocorreram recentemente em nosso auditório. Paulo Skaf, presidente da FIESP, e Fabio Barbosa, presidente da Febraban e do Santander no Brasil, vieram falar de temas diferentes, em ocasiões diferentes, mas houve pelo menos um ponto em comum nos dois discursos: A crescente intolerância a comportamentos antiéticos pela sociedade civil. Skaf, antes de tocar no assunto da crise econômica, fez menção a uma crise anterior, a da moral, da honestidade e da palavra. Falou da importância de uma mudança de postura na política e do papel da sociedade civil nesse processo. Como exemplo de que é possível, citou a derrubada da CPMF. Já Barbosa, ao longo de todo o relato de sua trajetória profissional, sempre que havia oportunidade lembrava seu compromisso com a legalidade e sua rigidez de valores. Por várias vezes repetiu o mantra “o jogo é duro, mas é na bola e não na canela”, citou exemplos de como conseguia seus objetivos sem buscar “atalhos fáceis” e de como orientou as práticas do Banco Real na direção do legal e do socialmente responsável. Ambos são testemunhas de que um comportamento ético não é exigido somente dentro do Ibmec São Paulo, onde temos que assinar o tal código. A sociedade hoje abre cada vez menos espaço para o eticamente incoerente. É bom que reflitamos sobre isso. No mais, a todos uma ótima leitura!

Bernardo M Bordallo Rangel Editor

Expediente

• Equipe do Jornal André Florence....................ECO - 3 Bernardo Bordallo.............. ECO - 5 César Faustino.....................ECO - 1 Diego Ferrante.....................ECO - 1 Felippe Bispo.......................ECO - 5 Guilherme Cavalcanti..........ECO - 1 Luis Rossetto..................... ADM - 5 Marcelo C. Novaes.............ADM - 6 Marina Carvalho..................ECO - 5 Pedro Albuquerque..............ECO - 7 Pedro Moreno.....................ADM - 1 Thabata Borges....................ECO - 3

• Tiragem 750 exemplares

• Prestação de Contas Receita - Ibmec .........................R$ 1.365,00 - Patrocínios..................R$ 600,00 Despesas -Gráfica*....................(R$1.965,00) *Impressão, dobra e grampo Resultado......................R$0,00

Você Sabia? Tema: Base de Dados Você sabia que a Biblioteca Telles possui uma vasta base de dados? Ela inclui estatísticas sobre o mercado financeiro e uma diversificada bibliografia - com revistas e periódicos das áreas de Economia, Administração e Direito, e pode ser acessada pelos alunos sem nenhum custo. Tema: CAC

O Ibmec São Paulo constituiu recentemente o Comitê de Ação Comunitária (CAC), que visa estimular melhores práticas comunitárias entre os membros da nossa comunidade.

Editorial

Escreva para o Jornal Opinião Mande um e-mail para [email protected] com seu texto, conto, resenha, charge... Apenas lembre-se de respeitar, no

caso dos textos, o limite de 4.400 caracteres com espaço. Caso queira participar da nossa equipe, venha nos encontrar às terças feiras na sala do DA às 18h.

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Atualmente a faculdade está em processo de captação de recursos para constituir o seu primeiro Endowment. Muito comuns nas universidades norte- americanas e européias, os endowments são fundos patrimoniais formados pela doação de alunos e familiares, comunidade alumni, ou mesmo pessoas que nunca tiveram nenhuma relação direta com a instituição de ensino (e podem ou não pretender vir a ter), mas que acreditam que é a partir da educação que se garante um desenvolvimento capaz de se sustentar ao longo dos anos.

A principal característica do Endowmnent é o seu caráter de perenidade, uma vez que se utilizam apenas os rendimentos provenientes dos fundos, preservando-se assim o montante inicialmente doado. O retorno desses ativos é destinado ao financiamento de pesquisas, à concessão de bolsas de estudo e melhorias na infra-estrutura. Isso porque a maioria das universidades que são referência em ensino e pesquisa, como Harvard, Yale, Chicago e o Ibmec São Paulo, são instituições sem fins lucrativos, e precisam de recursos extras, além do faturamento proveniente da operação, para poder financiar atividades como as citadas anteriormente. Outro fato interessante é a disputa que as universidades estrangeiras travam entre si em busca do maior número de doações possível, uma vez que se acredita que quanto maior for o fundo maior será a confiança que a sociedade deposita na instituição.

Inicialmente, a nossa faculdade utilizará os rendimentos do seu endowment para aumentar o número de bolsas de estudo concedidas aos alunos (no último semestre foram concedidas 21 bolsas, e a meta para o próximo ano é ter 7% dos novos alunos da graduação como bolsistas), para financiar as pesquisas que serão desenvolvidas e em melhorias da infra-estrutura.

Porém, para que esse programa tenha sucesso, há um grande desafio a ser vencido: o fato de que nós, brasileiros, dada a fragilidade das nossas instituições, não temos o costume de fazer doações que caracterizam endowments (mesmo porque esses fundos não são comuns por aqui). Fazer doações para o endowment de uma universidade requer um nível cultural que compreenda o fato de que é através da educação e da confiança na solidez das instituições que se garante um desenvolvimento capaz de se

sustentar ao longo dos anos, o que ainda não faz parte da nossa realidade. Mas, a gente chega lá!

A nós, alunos, cabe o reconhecimento e a aceitação da nossa função como futuros formadores de opinião e, conseqüentemente, das nossas responsabilidades sociais. Termos claro em mente o fato de que estudamos em uma instituição sem fins lucrativos e de que são necessárias doações para que não faltem recursos às pesquisas desenvolvidas pela faculdade - e para que mais alunos possam ter a oportunidade de ter uma formação acadêmica como a nossa - é essencial para que exista a possibilidade de difusão de novos comportamentos sociais. A final de contas, nós também somos responsáveis pelo desenvolvimento cultural do nosso país.

Thábata Borges de Abreu – ECO 3 [email protected]

O que se passa?

A Atlética está com um site novo, com informações

atualizadas e novos vídeos e fotos!! Acesse:

http://atleticaibmecsp.site.com.br

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A economia aprende com o passado?

Em momentos de turbulência econômica, como o que estamos vivenciando desde o inicio do ano, procuramos olhar para o passado avaliando políticas e estratégias adotadas em tempos de “crise”. Dada a magnitude do atual stress financeiro, o único episódio que nos chama atenção é a famosa crise de 1929. E é impressionante que, apesar de toda a literatura desenvolvida desde então, “insistimos” em nos fazermos cegos para aspectos tão simples e corriqueiros.

A crise de 1929, assim como a de 2008, começou bem antes da data em que a economia iniciou seu sofrimento. Na década de 20 e no início do século XXI a economia mundial vivia períodos de exuberância nunca antes vistos. No primeiro caso, em decorrência do consumo do pós guerra; no segundo, do consumo dos países em desenvolvimento. Naquela época muitas empresas e pessoas acharam que grandes crescimentos da demanda do presente se refletiriam em futuro mais próspero, as levando para a bolsa de valores com o intuito de captar recursos para financiar esse crescimento. É nesse momento que o elemento irracional (efeito manada) entra em cena no que chamamos de “Bull Market”. De um lado, empresas querendo abrir o capital, independentemente das circunstâncias, para angariar o máximo de dinheiro. De outro, agentes aportando recursos no mercado para auferir ganhos cada vez maiores, dada a valorização exponencial das empresas. Nesses momentos todos, indivíduos e empresas, parecem estar ficando mais ricos e quem não entrar nessa ciranda vai ser rotulado de bobo por não aproveitar as oportunidades do mercado.

Em 1929 pessoas acreditavam em grandes retornos no mercado acionário com pouco risco (isso me parece familiar...) o que incentivou um tipo de operação que no período foi muito difundida, a de compra de ações a descoberto. O cenário parecia tão próspero que os agentes se endividavam para aplicar na bolsa tendo em vista um retorno quase certo. O famoso economista Irving Fisher (escritor da Teoria dos Juros) dizia em 1930 que a facilidade de se alavancar no mercado acionário encorajava uma preocupante especulação. De volta para o Brasil do século XXI, já se sabe de fundos de investimento e empresas que agiram da mesma maneira no mercado financeiro e por isso estão passando por sérias dificuldades. Da mesma maneira que era comum observar americanos, mesmo com baixíssima renda, adquirindo vários imóveis só em decorrência da especulação imobiliária.

Na década de 20 o processo da crise foi diferente com o sistema financeiro sendo o último a ser atingido. Em ambas as situações, entretanto, houve crise de confiança e problemas de crédito. Tudo bem que em 1929 as autoridades econômicas e monetárias pareciam desconhecer o que estava acontecendo, promovendo contrações monetárias e restrições bancárias que acentuaram os efeitos da crise. Mas, parece haver bem mais semelhanças históricas nos dois períodos do que imaginamos. Assim como vemos vários traços em comuns com a bolha da internet, crise da Ásia, crise da Rússia, crises do petróleo e tantos outros momentos de turbulência.

Caso a crise americana não tivesse sido desencadeada, talvez tivéssemos uma virada da bolsa brasileira por uma série de outros motivos: Poderíamos sofrer com a qualidade das empresas que vinham sendo listadas no mercado (Agrenco); com a expansão do crédito para a baixa renda sem controle da autoridade monetária (empréstimos até R$5.000,00 não são monitorados pelos bancos); com o excesso de empresas listadas em um mesmo segmento ou nicho (o setor da construção civil

chegou a contar mais de 20 empresas); com a desaceleração chinesa; com os gargalos regulamentais e de infra-estrutura; com o desequilíbrio da balança de pagamentos; e com tantos outros motivos. O importante é sempre observarmos de maneira adequada o comportamento da economia e tentarmos fazer a leitura do que acontece comparando com

episódios anteriores, atitude que nem sempre os economistas adotam.

O curioso é que, aparentemente, as pessoas e os “policy makers” parecem ter uma memória curta, já que sinais parecidos com os que foram dados antes de 1929 foram assinalados em 2007 e 2008. Farta riqueza, crédito em abundância e risco de default quase zero não combinam com a incerteza inerente ao mercado moderno. Diferentemente daquele período, a maioria dos países parece ter percebido a gravidade do problema e inicia um processo de fortes aportes financeiros para salvar aquilo que é o coração do capitalismo – um sistema financeiro saudável e confiável.

Para sermos bons economistas não precisamos somente saber montar modelos matemáticos complexos, mas entender de história e pensamento econômico, para dessa maneira aprender com o passado.

Pedro Albuquerque - ECO 7 [email protected]

Economia

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“Cada um, guiado pelos seus próprios interesses, poderia fazer a floresta sobreviver.”

Lição Homérica para a Amazônia

Se colocarem o governo federal para administrar o deserto do Saara, em cinco anos faltará areia” (Milton Friedman)

Antes que você leitor pense que esse artigo tratará de algo relacionado ao poeta homônimo, da Grécia Antiga, eu pretendo dizer que não foi a ele que me referi no título deste artigo. Também não estava falando de nenhum ambientalista, economista ou governante. Homero é o meu avô, que me deu a maior lição de preservação ambiental da minha vida.

Certa vez fomos pescar juntos, quando eu tinha apenas oito anos, porém não tinha quase nenhum peixe no mar e a pescaria foi um fracasso. Em meio ao tédio da pescaria eu enchi o saco e perguntei para ele o porquê dos peixes estarem acabando no mar, fui respondido com um sorriso e a seguinte frase:”O que é de todos não é de ninguém”. Foi aí que simplesmente meio que uma luz surgiu na minha mente.

Eu pensei que alguém poderia ter a brilhante idéia de criar um curral para peixes, onde lá eles seriam tratados de forma auto-suficiente para não acabarem e qualquer um poderia ir lá e pescar, pagando apenas uma quantia por hora para o proprietário. Todos sairiam ganhando com isso, seria algo bom para todos os que gostam de pescar, melhor ainda para o dono do curral e não degradaria as condições do meio-ambiente.

Do ponto de vista econômico dizemos que os peixes enquanto eram propriedade pública podiam ser pescados por qualquer um e não havia nenhum incentivo para que alguém cuidasse deles. Ao se tornar um bem privado, o dono do curral, movido pelos seus próprios interesses, iria preservá-los de forma que mais peixes nascessem em relação aos que morreriam pescados.

Se levarmos essa base teórica para o problema da Amazônia atual poderíamos tirar muitas dúvidas sobre a melhor forma de preservá-la. A floresta, por ser um bem público, está sendo desmatada e diminuindo seu tamanho a cada dia. Novas leis simplesmente não estão sendo suficientes para barrar o lucro que pode ser tirado com isso por parte dos desmatadores. Não há como aumentar a fiscalização em uma floresta de tamanhas proporções. Enfim, nenhuma tentativa através da lei para mudar isso se mostrou possível.

Uma solução simples para preservá-la, seria simplesmente vender seus lotes para empresas que se comprometessem de alguma forma a preservá-la. Madeireiras poderiam se candidatar a utilizar a madeira de lei da Amazônia e depois replantariam as árvores - caso contrário não teriam

lucro, laboratórios de pesquisa poderiam utilizar os recursos da floresta do jeito que encontraram para não atrapalhar o rendimento de sua pesquisa, empresas que trabalham com látex iriam retirá-lo de forma auto-sustentável e assim sucessivamente, com um diversificado ramo de atividades que poderiam ser exercidas na floresta. Cada um, guiado pelos seus próprios interesses, poderia fazer a floresta sobreviver.

Uma questão que sempre me intrigou foi como os burocratas ainda não tinham descoberto, ou quem sabe haviam descoberto e não queriam aplicar por motivos políticos, esse método bastante eficaz para se impedir o desmatamento desenfreado da Floresta Amazônica, algo tão evidente que até um ingênuo garoto de oito anos conseguiu perceber. Porém há alguns meses atrás finalmente vi uma notícia que me agradou.

O governo de Rondônia anunciou a privatização da Floresta Nacional do Jamari para três empresas- Amata, Asakura e Alex Madeiras-

sendo analisadas as ofertas de cada empresa em termos de beneficio social e impacto ambiental da proposta, valendo 60% da pontuação nesse processo, e em termos financeiros, que valiam os outros 40%. Não parando por aí, as estimações da Sociedade Florestal Brasileira (SFB) são de nos próximos 10 anos privatizarem mais 13 milhões de hectares de florestas, o que já é um grande passo para conseguir o objetivo de uma preservação ambiental no Brasil, e quem sabe o mesmo possa ser feito com toda a parte brasileira da Floresta Amazônica.

Infelizmente, sempre existem aqueles que, por uma crença incondicional no poder legal, irão se opor a essas atitudes. Alguns irão acusar o governo de ‘entreguista’ ou “seguidor dos interesses do Consenso de Washington’. Outros simplesmente ignoram as leis da economia e tentam contra- argumentar em favor da onisciência do poder estatal. Para o pesquisador Elder Andrade, da Universidade Federal do Acre, o argumento de que a privatização ajudaria na preservação “não é sério” e afirma que a indústria madeireira não é capaz de conciliar exploração e preservação. A lógica econômica já refuta completamente esses opositores, que argumentam apenas utilizando frases de efeito nutridas por um ódio irracional sobre o livre mercado, vamos esperar que o desenrolar dos fatos faça o mesmo.

Se quisermos preservar a Floresta Amazônica, deveremos tratá-la como um bem privado, não como um bem público.

Guilherme Cavalcanti – ECO 1 [email protected]

Opinião

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É o tempo o vilão? Conhecendo o ambiente da nossa faculdade, raras vezes podemos afirmar ter tempo ocioso na semana, ou que é fácil manter o ritmo proposto para nós. A sobrecarga de tarefas é fato, e temos o desafio cotidiano de distribuir horas entre as matérias, seus trabalhos e provas. Assim, é comum escutarmos afirmações do tipo “é impossível fazer coisas fora da faculdade” ou “o horário e a demanda da faculdade tiram a opção de atividades externas.” Sim, sobra pouco tempo. Sim, temos aula das 7h30 até as 16h00 ou mais. Sim, ficamos mais tempo aqui na faculdade do que os alunos das outras faculdades. Mas, ser difícil não significa ser impossível, e dificuldades sempre podem ser vencidas. A organização de horários e um pouco de planejamento possibilitam a inserção de atividades na semana, quer seja participação em entidades ou curso de culinária. É possível reservar duas ou mais noites da semana, aproveitar melhor as janelas, ou acordar mais cedo para fazer algo antes da segunda aula. Na realidade não é somente a falta de tempo que nos leva a deixar de fazer atividades extracurriculares, pois esta barreira parece ser superável. O alerta para maneiras de aproveitar melhor o tempo não visa somente silenciar as reclamações dos alunos, mas ressaltar a importância da manutenção de atividades extracurriculares. Participar dessas atividades desenvolve outros aspectos de nossa formação, pois implica na noção de responsabilidade, cidadania, saúde corporal e mental, inserção cultural, dentre outros. A constituição das competências profissionais de um estudante não se resume a fórmulas estatísticas bem aplicadas, ou seu conhecimento de teoria econômica. É lógico que este conhecimento é indispensável, e devemos aproveitar ao máximo os conteúdos desenvolvidos nas matérias curriculares. No entanto, a importância da formação da pessoa completa é determinante nos processos envolvidos nas escolhas pessoais e profissionais. É

ingênuo imaginar um futuro onde a disponibilidade de tempo será diferente. O trabalho, como a faculdade, será integral e, muito provavelmente, teremos ainda menos tempo para fazer tudo que desejamos. É aí que será importante ter aprendido na nossa formação a estabelecer prioridades. Paralelamente à falta de tempo, a compatibilidade das atividades disponíveis com o desejo e expectativas dos alunos é outro ponto

constantemente debatido. Quando há tempo, parece muitas vezes não haver espaço ou atividade que satisfaça as expectativas e aspirações de alguns. Esta pode ser uma janela de oportunidade para promover mudanças, ser agente de transformação na abertura de novas opções. Levante a bandeira daquilo que deseja fazer, pois outras pessoas podem ter os mesmos interesses de modo silencioso. Considerem que hoje só existem cinco entidades e o Jornal Opinião,

criados a partir da iniciativa de um grupo de pessoas com interesses comuns, e que decidiram usar suas capacidades para criar um espaço para fazer aquilo que desejavam.

Mas, e o tempo que isto demora? Imaginem um aluno no segundo ano querendo criar uma nova entidade/jornal/atividade/organização. Dificilmente ele estará aqui para participar da obra final antes de graduar-se. O desafio é motivar-se em ser parte de projetos de longo prazo e usufruir do conhecimento agregado nesta experiência. A miopia está presente em muitos de nós da geração acostumada a resultados imediatos, e a própria crise mundial parece ser um alerta para maior valorização de processos de longo prazo. Está lançado o desafio!

Marcelo Caiuby Novaes – ADM 6 [email protected]

Assunto Interno

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Ineditismo no mercado Épocas de grande pujança econômica, como a que vivíamos nos últimos anos, permitem que observemos alguns “fenômenos mercadológicos” que até então não passava pelas nossas cabeças que pudéssemos assisti-los. Somente no decorrer de 2008, tivemos notícias do acontecimento de alguns desses casos, que serão comentados ao longo desse artigo.

O caso que provavelmente mais repercutiu foi a entrada da operadora de celular “Oi” em São Paulo. O fato que chamou atenção inicialmente foi a inovação da “portabilidade”, que já era previsto em lei e permite que o celular possa receber o “chip” de qualquer operadora e, caso o cliente queira trocar de empresa que presta o serviço pode levar o número do seu celular. Essa ação foi divulgada com propagandas alertando que a “Oi” era a única empresa que não bloqueava seus celulares, e essas foram veiculadas no país inteiro, inclusive em São Paulo, onde ainda não eram oferecidos os serviços da operadora.

Então, meses após essa campanha muito veiculada, a “Oi” começou a oferecer seus serviços no estado de São Paulo. Agora, tendo forçado as outras empresas a liberarem os celulares de seus clientes e tornando possível a transferência do número do telefone (o que muitas vezes prendia o cliente a sua operadora), ficou muito mais fácil para que a operadora possa conseguir clientes no maior mercado consumidor do país.

Outro caso de entrada no maior mercado consumidor das concorrentes foi a do Magazine Luiza na cidade de São Paulo. O crescimento da rede faz lembrar a história do Wal Mart nos Estados Unidos. A rede de eletrodomésticos que começou em Franca, primeiramente se espalhou pelo interior do estado de São Paulo, sem nunca ter feito uma tentativa de entrada na capital paulista. Com o crescimento em cidades interioranas, a rede foi ganhando “musculatura”, ou seja, foi se tornando mais organizada e tendo maiores economias de escala.

Assim, após ter sonhado muito com a entrada na capital, apareceu a oportunidade ideal para ter uma entrada considerada a única possível pelos administradores da empresa. Uma rede de móveis que atuava principalmente na cidade de São Paulo, chamada Kolumbus, fechou as portas em 2007. Assim, o Magazine Luiza tomou de uma só vez os cerca de 30 pontos de vendas que essa rede tinha na cidade e, ao longo desse ano, procurou mais alguns pontos para totalizar cerca de 40 lojas na grande São Paulo, que foram abertas no mês passado. Dentro da

empresa, sempre foi defendido que, entrar no mercado paulistano, não podia ser com poucas lojas, uma vez que exigiria um gasto muito grande de marketing que só seria viável se fosse rateado com várias outras lojas.

O ultimo caso aqui destacado, que não teve

todo o alarde dos casos anteriores, mas que no mercado é aguardado com bastante ansiedade, é a entrada da companhia aérea JetBlue no Brasil. A empresa, conhecida no mundo por operar com excelência operacional, proporcionando tarifas mais baratas que a concorrência, chega num país muito diferente de onde ela atua, havendo somente duas grandes empresas aéreas no pais e que operam com margens muito maiores que outras empresas no exterior. E, o mais importante dessa entrada, é que a Azul (nome da JetBlue no Brasil) entra num momento que a Gol, operadora que tem a fama de ser mais barata que as suas concorrentes em virtude de ter usado essa mesma estratégia no inicio de suas operações, começa a perder o foco de sua estratégia e não se mostra mais como empresa com excelência operacional, e sim tentando ter serviços diferenciados.

Caio Rocha Correa – ADM 6 [email protected]

Negócios

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Eleições 2008 No dia 05 de outubro, pouco mais de oito milhões de eleitores elegeram os futuros detentores do poder legislativo na nossa cidade. Porém, a maior parte das pessoas participa desse processo desconhecendo completamente o seu papel, as atribuições da vereança e mesmo o mecanismo eleitoral. Aqui tivemos 1.077 candidatos a vereador. Somente 55 se elegeram. Esses 55 obtiveram pouco mais de dois milhões de votos, praticamente o mesmo que a soma dos outros 1.022. Como já é tradição, os percentuais do voto majoritário (para prefeito) refletiram a distribuição das cadeiras legislativas (ou seja, se um candidato a prefeito tem 20% das intenções de voto, 20% das cadeiras serão da sua coligação). A exceção a essa regra foi o candidato Geraldo Alckmin (PSDB/PTB/PHS/PSL/PSDC), cuja proporção de votos apontava para 12 vereadores eleitos, enquanto a sua coligação de apoiadores obteve 16, superando as expectativas. Um dos aspectos mais desconhecidos das eleições é o quociente eleitoral, que viabiliza o voto por legenda. Para apurá-lo, é dividida a soma dos votos válidos de todos os partidos pela quantidade de cadeiras disputadas. Então, dividindo o total de votos válidos de uma coligação (soma dos votos de legenda com os individuais) por esse quociente e arredondando o resultado para baixo chega-se ao quociente partidário, cujo resultado indica a quantidade inicial de cadeiras de direito dela. Caso, após a realização desse cálculo para todas as coligações, ainda sobrem cadeiras sem partido, é aplicado o mecanismo das sobras, a que só concorrem as coligações com quociente partidário não nulo. Nesse mecanismo, o total de votos válidos de cada coligação é dividido pela quantidade de cadeiras que ela obteve, somada de uma unidade. Aquela que obtém a maior média recebe uma das cadeiras ainda disponíveis. Caso ainda haja vagas remanescentes, o procedimento das sobras é repetido, até que todas as vagas tenham sido distribuídas. Depois de concluído esse processo, as cadeiras são dadas aos vereadores mais votados de cada grupo. Resumida e genericamente, esses 55 cidadãos têm, por obrigação constitucional, que fiscalizar o executivo, aprovar o orçamento, propor e votar projetos de lei. Infelizmente, essa não é a realidade

da Casa. Boa parte da pauta de projetos envolve a mudança de nomes de rua, a concessão de títulos de cidadão paulistano e outros trabalhos do tipo. De acordo com os dados da Câmara, foram gastos, em um ano, aproximadamente R$ 177 milhões com pessoal. Isso significa mais de R$ 20 mil por hora (incluindo domingos, feriados e madrugadas), dinheiro que vai, na maior parte do tempo, só para discutir homenagens. Fatos como esse são considerados desestimuladores do interesse das pessoas pela vida pública, mas o que não se enxerga é que esse desinteresse só aumenta o poder daqueles que já estão lá, como se os políticos fossem oligopolistas de uma autoridade que deveria ser de todos. Essa aversão da sociedade só aumenta a corrupção e a influência de uns poucos, gerando ineficiências e abusos, na medida em que não ocorre nem renovação e nem aumento da concorrência pelo poder. Em razão desse abandono, é justamente no setor público que se encontram os maiores desafios e oportunidades de trabalho para impactar na direção de mudança de vida das pessoas. Muitos têm a mania de falar da corrupção dos políticos e de suas campanhas. Eles só esquecem que, se existe corrupção na prestação de contas de candidatos, ela advém em grande parte da sonegação de empresas privadas e indivíduos. Quem declara corretamente suas finanças também declara suas doações, e isso bastaria para fiscalizar e punir boa parte dos trapaceiros da corrida eleitoral. O maniqueísmo que muitas vezes se cria entre o setor público e o privado é absolutamente irreal. Eu trabalhei em uma campanha política nessas eleições e tive a oportunidade de ver o entusiasmo das pessoas e do partido pela renovação. Existe a oportunidade, só é necessário que a abracemos, diretamente (pela Internet, pela filiação e acompanhamento das reuniões partidárias), ou indiretamente, por meio de associações como o Voto Consciente e a AMB. Não acredito mais que o brasileiro seja uma vítima da política; ele é só vítima do orgulho que o faz desdenhar aquilo que acha que nunca alcançará.

Vinícius de Oliveira Botelho – ECO4 [email protected]

Política

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Tenha uma visão ética e socialmente responsável, não desperdice papel! Saiba como imprimir frente e verso na Reprografia:

• Selecione o documento que você deseja imprimir certificando que você se encontra conectado. • Clique no menu arquivo (do Word por exemplo) em seguida selecione a opção imprimir • Na tela da impressora, clique no botão propriedades • Em seguida selecione “layout” e selecione “Imprimir em duas faces”

Obrigado pela sua colaboração!

Para quem não sabe, a missão do GAS é fazer com que os alunos do Ibmec São Paulo sejam futuros líderes com uma visão e atitude socialmente responsáveis. Queremos que quando vocês forem CEOs de grandes multinacionais ou presidentes de grandes bancos, usem o todo seu conhecimento e recursos para tentar melhorar a nossa sociedade. Parece um pouco utópico, não acham? Quase todo mundo no GAS também sabe que é difícil convencer todos os alunos da graduação de que pequenas boas ações têm um impacto muito maior do que acreditamos, mas no mutirão do projeto Oásis Bixiga, eu me surpreendi com os alunos do Ibmec São Paulo.

O Oásis Bixiga é um jogo desenvolvido pelo Instituto Elos que propõe mudanças físicas em uma comunidade. Durante um período de dois meses, um grupo de universitários foi todo o final de semana ao Bixiga para entrar em contato com a dinâmica do bairro. Nesse processo identificamos que a comunidade precisava de um centro cultural, que fosse um espaço para que todas as “tribos” culturais do Bixiga pudessem se reunir (para quem não sabe, no Bixiga não tem só italianos, mas também nordestinos, portugueses, cristãos, pais de santo e por aí vai). Decidimos junto com o bairro revitalizar a Praça Recanto do Pedrinho para que fosse um espaço para teatro, música e jogos.

Há algumas semanas realizamos um mutirão para construir tudo isso e contávamos com a presença das universidades que participaram e dos moradores do bairro. O que mais surpreendeu aos membros do GAS foi a quantidade de alunos do Ibmec que participou do mutirão e a dedicação que tiveram! Mas não foram somente os alunos que suaram a camisa. O nosso Diretório Acadêmico gostou tanto do projeto que topou patrociná-lo, a nossa Ibateria

tocou durante o mutirão e alguns membros ainda ficaram depois para ajudar.

Não sabemos se toda essa motivação dos alunos veio do GAS ou deles próprios, mas o importante foi o resultado. Querer mudar a sociedade não quer dizer largar a faculdade e criar uma ONG em um lugar longe, mas sim mudar o que temos a nosso alcance. Mesmo como economistas e administradores, podemos ser um centro de mudança. Bancos e empresas têm muito recurso e voz, por que não começar a mudar por aí? Por que não começar pelo Ibmec?

Fernanda Kneese – ECO 5 – Presidente do GAS [email protected]

Se liGAS...

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O que é a semana do empreendedorismo e como tem sido suas atividades no Ibmec São Paulo? A semana Global do Empreendedorismo acontece no mundo inteiro em vários países, sempre no mês de novembro. É uma iniciativa que começou em Londres, e a Endeavor resolveu

encampar essa responsabilidade aqui no Brasil. Desde o começo do ano ela está mobilizando entidades, universidades e outras várias instituições para que as pessoas parem durante essa semana para discutir sobre empreendedorismo e propor meios para incentivá-lo e estimulá-lo no país, na mesma linha do que é feito simultaneamente no mundo inteiro. O Ibmec São Paulo, no início, não queria fazer muita coisa, agente estava pensando só em colocar o Empreenda nessa semana. De repente, foram surgindo oportunidades, e agente foi aproveitando. Uma delas, e a principal, foi a vinda do professor Jeffrey Hornsby, que vocês já entrevistaram. Nessa visita, pudemos aproveitá-lo para dois eventos. O primeiro, no dia 17, foi um evento voltado para o empreendedorismo corporativo, que é o empreendedorismo dentro de grandes empresas, a especialidade dele. E o outro, no dia 18, foi um evento acadêmico, no qual ele falou para professores de empreendedorismo sobre o ensino e pesquisa do tema no mundo. Houve também, no dia 17, um evento com executivos brasileiros e, no dia 18, um fórum de discussão do qual participaram 40 professores. E termina hoje (19), então, essa semana, com a premiação dos vencedores do Empreenda. Nós vamos premiar primeiro, segundo e terceiro lugar de cada categoria, melhor plano escrito e melhor apresentação. Agente encerra nossa participação na semana Global já com mil projetos para a semana do ano que vem. O que é empreendedorismo corporativo? Que benefício as grandes empresas vêem no funcionário que tem espírito empreendedor? São vários benefícios. Vamos falar em primeiro lugar de empreendedorismo corporativo. Quando eu trabalhava no Citibank, e eu já estudava o tema empreendedorismo, quanto mais eu estudava, mais eu ficava intrigado com a seguinte questão: As características empreendedoras eram tudo o que eu gostaria de ter na minha equipe lá no

Citibank. Me perguntei, será que existe isso de funcionários empreendedores? Será que existe alguma pesquisa sobre esse assunto? Eu vi que no Brasil não tinha nada publicado, no entanto em língua estrangeira tinha uma enorme quantidade de material. Resolvi então estudar por conta própria, e dois anos de estudo resultaram no meu primeiro livro, que se chama “Espírito Empreendedor nas Grandes Organizações”. Cheguei à seguinte conclusão: Sim, é possível e desejável que o funcionário empreenda. Hoje o fator inovação está na boca da maior parte das empresas que estão em setores muito competitivos, e o caminho para que seus funcionários inovem não está nos laboratórios de P&D, mas na oportunidade que as empresas dão para eles gerarem idéias. Isso é fundamental. As empresas estão ainda na fase da retórica, dizem que os funcionários precisam ser empreendedores, mas ainda não sabem como atrair esses talentos empreendedores, como retê-los, como recompensá-los, como treinar e formar esses talentos, como sequer identificar quem são as pessoas mais empreendedoras nas suas organizações. Essa série de seminários que fizemos, os artigos que eu publico, tanto pra mídia aberta como artigos acadêmicos, e o trabalho de outros professores da área, que são poucos ainda, têm a finalidade de mostrar para as empresas não só a importância do empreendedorismo corporativo, mas principalmente como fazer para que seus funcionários tenham uma atitude mais empreendedora. Do ponto de vista do funcionário ou do aluno, é importante que ele tenha um foco mais orientado para o desenvolvimento de suas competências empreendedoras, não somente porque ele pode vir a montar um negócio próprio, mas porque ter uma atitude empreendedora nas organizações é um fator que o vai diferenciar em sua carreira. Ter uma postura ousada, assumir riscos, trazer idéias, realizar essas idéias, trazer resultados, desafiar o status quo, promover mudanças, todos esses comportamentos empreendedores precisam ser estimulados pelas empresas. E as empresas que dão estímulo, espaço, liberdade e autonomia para o empreendedor são empresas que estão na lista das melhores para se trabalhar, são altamente competitivas e são reconhecidas e valorizadas no mercado de trabalho. Isso só denota a aderência entre o comportamento empreendedor do funcionário e o reconhecimento e a competitividade das empresas onde eles trabalham.

Entrevista Marcos Hashimoto

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O Brasil é tido como um país difícil para se abrir um negócio, principalmente por causa dos impostos e do excesso de burocracia. Primeiro, o senhor acha que o Brasil está caminhando na direção de ser um país propício para o empreendedorismo? E, em segundo lugar, o que tem sido feito nessa direção? Eu acho que é um país propício, principalmente pelas oportunidades que o desenvolvimento da nossa economia, assim como a de todos os países emergentes, tem gerado. Mas eu vejo pouco sendo feito, principalmente por entidades públicas, para favorecer o desenvolvimento de novos negócios a partir de políticas ou reformas. Falta muita coisa, como infra-estrutura, simplicidade nos processos – hoje se leva 152 dias para que se consiga formalizar um negócio no Brasil, redução da carga tributária, viabilizar o acesso ao crédito, etc. Há ainda no Ibmec São Paulo quem não conheça as atividades do Centro de Empreendedorismo. Como são essas atividades e como o aluno pode participar delas? Nós começamos o Centro de Empreendedorismo com mil idéias, e como tudo, algumas morrem e outras continuam. No início, a gente pensava em vários eventos, atividades, criação de um site. Só que quando eu digo a gente, na verdade sou eu, porque é um centro de um sozinho. E um centro de um sozinho só pode fazer as coisas acontecerem ou dentro do que esse um sozinho consegue fazer, com seus dois pequenos braços, ou dentro de uma rede de voluntários. Só que a grande maioria vem, fala que quer ajudar, participa de uma ou duas reuniões, assume um ou outro compromisso e, de repente, desaparece. Desse tipo de ajuda, honestamente, eu estou cansado. Acabo tendo mais trabalho. Então eu estou abandonando esse modelo. Agora só estou fazendo o que eu, Marcos Hashimoto, consigo fazer. E o que eu consigo fazer, e que tem valor para o aluno, é ajudar individualmente cada um que quiser empreender, no esquema de consultoria, de mentoring. Esse é o modelo. O senhor vê interesse por parte dos alunos do Ibmec São Paulo em empreender, ter seu próprio negócio? Não é sempre. Quando eu faço a apresentação do Centro de Empreendedorismo para os alunos calouros aqui no auditório, uma hora eu pergunto: Quantos de vocês querem ter um negócio próprio no prazo de até cinco anos depois de se formar? Oitenta por cento da classe levanta a mão. No entanto, ao longo do curso, um ou outro me procura. Quando chega no quarto ano, eu faço a mesma pergunta aos meus alunos da eletiva de

empreendedorismo. Nem dez por cento da classe levanta a mão. O que aconteceu nesses quatro anos? Ao longo desses quatro anos o aluno, assistindo às disciplinas e conhecendo o que é administrar um negócio, se deu conta de que ter um negócio próprio não é fácil. É difícil, é inseguro, é arriscado, a conjuntura econômica não favorece. Então a maioria desiste. Uma grande parte deles consegue estágio numa grande instituição; passa um tempo e eles são efetivados, passam a ganhar bônus, começam a ganhar promoção, casam, têm filhos, sabe aonde vai parar o sonho deles de empreender? Numa gaveta pra quando ele se aposentar, isso se o sonho não morrer. Eu chamo isso de algemas de ouro. Então, ou o aluno empreende nos primeiros cinco anos após a faculdade, quando ele está solteiro, tem disposição, energia e tempo, ou ele não vai mais.

Qual é a diferença de um profissional de negócios e de um empreendedor? Um empreendedor lida com a questão da criação de um empreendimento, e três elementos necessários a isso são: ser pró-ativo, inovador e assumir riscos. Então, quando você está somente dirigindo

um negócio, a questão do risco e de pôr seus recursos em jogo para o empreendimento não está lá. Na verdade, bons empreendedores, uma vez que eles iniciaram o negócio, para sustentá-lo e fazê-lo crescer, precisam se tornar bons profissionais de negócios. O administrador de negócios toca o negócio e o faz crescer, e nem todos os empreendedores são bons administradores. Muitas vezes a pessoa é muito boa em criar o negócio, mas não é muito boa em administrá-lo Qual é a importância dessa Semana Global do Empreendedorismo? Aumenta a consciência da importância do empreendedorismo para as economias dos países. A idéia é chamar atenção para a importância do empreendedorismo e seu papel em nossa economia, e para o papel das universidades no desenvolvimento de empreendedores. Atividades como as que tivemos hoje e

Jeffrey Hornsby

Entrevista

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ontem aqui trazem o empreendedorismo a tona como uma importante disciplina acadêmica. E qual é a relevância de eventos desse tipo em países emergentes, como o Brasil? Sem o empreendedorismo, vocês não são um país emergente. Eu acho que é o bloco de construção básico da economia. Se você anda pelos quarteirões aqui ao redor, você vê uma série de empreendimentos. Alguns crescem e se transformam em grandes companhias, outros não. O empreendimento é a força vital, toda grande empresa, em geral, começou como um empreendimento em algum ponto da vida. De cada cem empreendimentos, somente um se torna uma grande empresa, mais sessenta se tornam bem sucedidos em algum nível, isto é o alicerce da economia. Você nota diferença entre os empreendedores brasileiros e os de países desenvolvidos? Em minha experiência limitada aqui, acho que eles são muito parecidos em paixão e dinamismo, mas existem influências culturais em termos de como os negócios são feitos. Vejo uma diferença em como o negócio é financiado. Provavelmente, a maior diferença é que em países desenvolvidos, como os EUA, existem mais veículos, mais maneiras de o empreendimento conseguir financiamento. Mas acho que as características dos empreendedores em si são mais universais, transpõe barreiras culturais. No Brasil, acredito que o empreendedor é mais reconhecido pelo seu trabalho do que nos EUA. Em nossas escolas, especialmente na escola secundária, dizer que você pretende iniciar um negócio próprio não é o mesmo que dizer que você quer ser executivo de uma grande companhia, ou advogado ou médico; mas, em geral, a criação de riqueza acontece com os empreendimentos. Aqui, os empreendedores ganham respeito já inicialmente. Lá, empreendedores de sucesso ganham bastante respeito, mas no início do negócio, nem sempre. O Senhor acha que o empreendedorismo é uma habilidade inata ou pode ser ensinado? Definitivamente é algo que pode ser ensinado. Você não pode ensinar motivação ou paixão, mas você pode ensinar habilidades a um empreendedor em termos de como ter uma idéia e desenvolvê-la, como reconhecer oportunidades, como resolver problemas criativamente, como planejar financeiramente, como desenvolver um

plano de mercado, todos esses elementos centrais do início de um negócio. Qual é a principal limitação para o sucesso de um novo negócio? A principal limitação é a disponibilidade de capital. Outra coisa é o fracasso do empreendedor em entender completamente de seu negócio. Daí a importância do plano de negócios, ele fornece um mapa amplo de como operar aquele negócio, e, ao escrever um, você ganha um entendimento mais profundo daquela atividade. Acho que a regulação do governo também atrapalha bastante, em termos de impostos, autorizações, etc. Como o senhor acha que a crise econômica vai afetar os empreendedores? No início, fica mais difícil para o empreendedor conseguir financiamento e iniciar o negócio. No entanto, grandes corporações, para economizar dinheiro, devem mandar muita gente talentosa embora, e muitos desses provavelmente iniciarão seus próprios negócios. Por isso, talvez não esse ano, mas no próximo, você veja o surgimento de muitas novas empresas, abertas por esses indivíduos que estarão empregando seus talentos em outra direção.

Entrevista

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O Nesta edição, o Jornal Opinião reservou a coluna Cultura para a publicação do texto vencedor do concurso de redação, contos e poesia promovido pelo Sementes Culturais e pelo Sociedade em Debate.

Pedro Antonio Ricci Coelho

Cultura

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“A nossa trajetória até agora tem sido de crescimento e reconhecimento. (...) Não dá para prever o futuro, posso apenas dizer que ainda queremos mais, muito mais.”

Nome: Christian Menescal Como você chegou ao Ibmec? Qual foi sua função inicial?

Fui indicado em dezembro de 1999 para a vaga de gerente de TI. Investiguei um pouco mais sobre a escola Ibmec e, em fevereiro de 2000, aceitei o convite. Foi um desafio enorme e em 2004 acumulei a gerência de infra-estrutura. Após oito anos de muito trabalho e dedicação, fui promovido a Diretor de Serviços Compartilhados.

Então, porque houve essa mudança? Como tem funcionado hoje? Porque foi benéfica? Em 2007, durante a fase de planejamento estratégico de longo prazo (2008 – 2012), surgiu a necessidade de uma estrutura organizacional que melhor pudesse servir ao objetivo principal da escola: ensino. A estrutura matricial reforça esta idéia, pois, ao deixar as diretorias de caráter acadêmico com foco principal, é possível deslocar horizontalmente outras duas diretorias para oferecer o suporte necessário à operação da escola. Estas duas outras diretorias são Diretoria de Desenvolvimento Institucional e a de Serviços Compartilhados.

Desde 2000, qual você considera o momento mais difícil que vocês enfrentaram até aqui? Para mim foi o momento da mudança para o novo campus. Com a obra em andamento tivemos que encerrar os contratos da antiga sede na rua Maestro Cardim. Não tínhamos um plano B e nada poderia dar errado com os prazos da obra. Foi um momento de muita tensão, preocupação, mas que no final foi recompensador. Conseguimos erguer o novo campus em apenas 14 meses. Como costumo dizer, foi emocionante acompanhar a concretização desta etapa do Ibmec São Paulo.

E o prédio novo? Qual é o modelo de sua construção? O sistema de locação atípica de longo prazo baseia-se em uma equação que envolve investimento para construir e recursos (locação atípica) que serão

devolvidos no longo prazo, 24 anos. Neste caso, o Ibmec São Paulo tem que pagar apenas o valor mensal do aluguel. Desta forma, os investimentos da escola se concentram em sua atividade principal. Para 2009 está prevista a construção de uma nova torre anexa e adjacente ao complexo predial do Ibmec São Paulo. Nesta nova torre iremos alugar sete andares contíguos, o que possibilitará expandir nossas atividades. Vale citar que a opção de expansão para estes novos andares, inicialmente estava prevista para o final de 2011, no entanto, a nossa demanda fez com que tivéssemos que mudar os planos e antecipar. Como a torre terá 11 andares e nós alugaremos os sete primeiros, teremos, por contrato, a preferência na ocupação dos andares restantes. Importante também dizer que o contrato impede que o espaço seja locado para qualquer tipo de negócio concorrente ao do Ibmec São Paulo.

Porque está demorando tanto para começar as obras? Única e exclusivamente devido ao atraso na aprovação do início das obras por parte da

Prefeitura Municipal de São Paulo. Todos os esforços necessários estão empenhados, precisamos realmente esperar. Tudo indica que a aprovação sairá até o final de novembro/08. A obra tem um prazo máximo estimado em 16 meses. Isto nos leva para junho/2010, quando então teremos condições de ocupar o novo espaço.

Dessa forma, onde vamos parar? O Ibmec São Paulo ainda tem muito a fazer e a crescer. Para o mercado de ensino ainda somos muito jovens. Em 2009 a graduação completará 10 anos. A nossa trajetória até agora tem sido de crescimento e reconhecimento. Isso tudo graças a um trabalho sério e árduo promovido por todos os colaboradores da escola. Não dá para prever o futuro, posso apenas dizer que ainda queremos mais, muito mais.

Rapidinha

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Morceguinhos O pai morcego estava ensinando os seus três

morceguinhos como chupar sangue de suas vítimas. No dia da prova prática, ele mandou o

filho mais velho mostrar o que aprendeu. O morceguinho saiu voando e, depois de 10 minutos, voltou, com um fiozinho de sangue escorrendo do canto da boca. `-Muito bem, meu filho! Diga ao seu pai o que você fez.´ `-Você tá vendo aquela casa lá, pai? Pois atrás da casa tem uma cabra. Eu fui lá e chupei o sangue dela!´-Excelente! - disse o pai - Filho do meio, vá lá e mostre o que você aprendeu.´ O morceguinho saiu voando e, depois de 5 minutos, voltou, com um fiozinho de sangue escorrendo do canto da boca. `-Muito bem, meu filho! Diga ao seu pai o que você fez.´ `-Você tá vendo aquela árvore lá, pai? Pois atrás da árvore tem uma vaca. Eu fui lá e chupei o sangue dela!´-Excelente! - disse o pai - Agora, filho mais novo, vá lá e mostre o que você aprendeu.´ O morceguinho saiu voando e, depois de 2 minutos, voltou, com um fiozinho de sangue escorrendo do canto da boca. `-Muito bem, meu filho! O mais rápido até agora! Diga

ao seu pai o que você fez.´ `-Você tá vendo aquele muro lá, pai? `Sim, estou.´ `Pois é, eu não vi!´ Cortador de grama Quando o nosso cortador de grama quebrou, minha mulher ficava sempre me dando a entender que eu deveria consertá-lo. Mas eu sempre acabava tendo outra coisa para cuidar antes, o caminhão, o carro, a pesca, sempre alguma coisa mais importante para mim. Finalmente ela pensou num jeito esperto de me convencer. Certo dia, ao chegar em casa, encontrei-a sentada na grama alta, ocupada em podá-la com uma tesourinha de costura. Eu olhei em silêncio por um tempo, me emocionei bastante e depois entrei em casa. Em alguns minutos eu voltei com uma escova de dentes e lhe entreguei. '- Quando você terminar de cortar a grama,' eu disse, 'você pode também varrer a calçada.' Depois disso não me lembro de mais nada. Os médicos dizem que eu voltarei a andar, mas mancarei pelo resto da vida'.

Humor

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Parceiros

Fatos e Fotos INTERPANELAS!!

Cecília Ribeiro (ADM 6) e Karla Cronenbold (ECO 5) foram as ganhadoras do Empreenda 2008 na categoria Graduação. Faturaram um prêmio de R$4.000,00 com o projeto Village Gardens, um condomínio destinado ao público da terceira idade. O Jornal Opinião conversou com as meninas na entrevista ao lado.

Como foi a competição, esperavam vencer?

Cecília: Isso é uma coisa que a gente está lutando há um ano. Acho que a gente cresceu muito durante esse tempo. Aprendemos bastante. Você junta todas as coisas de todas as matérias, foi um passo à frente pra nós.

Karla: Foi melhor do que eu esperava, a gente se apaixonou pela nossa idéia, pensa em levar isso pra frente.

Do que se trata a idéia de vocês?

Cecília: A gente começou a pensar na idéia vendo as tendências macro. O que está acontecendo no mundo? E foi vendo como poderíamos suprir as demandas que o mundo estava criando.

Karla: Chegamos ao Village Gardens. É um conceito de vivência assistida para a terceira idade, um condomínio de idosos em Jundiaí. Lá agente oferece toda a infra-estrutura para eles envelhecerem de maneira saudável e independente, com qualidade de vida.

EMPREENDA