07 brasil
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O artista holandês Frans Post foi o primeiro europeu a
pintar paisagens brasileiras, algumas delas doadas
por Maurício de Nassau a Luís XIV, em 1679.
Toda sua produção conhecida – 155 pinturas a óleo e 57
desenhos – trata de um único tema, o Nordeste
brasileiro.
A capivara no primeiro plano do quadro Rio São
Francisco era um roedor desconhecido para os
europeus no século 17.[site: www.bbc.co.uk ]
De volta à Holanda, (1644), Post seguiu
pintando paisagens brasileiras.
Mas existem diferenças entre as obras
pintadas no Brasil e na Europa, como o
quadro Vista de Plantação , que faz parte
dos objetos brasileiros oferecidos a Luís
XIV por Nassau.
Aleijadinho
Atlante Sustentando a Tribuna do Coro
capela de Nossa Senhora do Carmo,
Ordem Terceira do Carmo, Sabará, MG
Em 1796, no apogeu de sua vida artística Aleijadinho inicia
em Congonhas do Campo seu mais importante ciclo.
Em menos de dez anos, cria 66 figuras esculpidas em
cedro, que compõem os Passos da Paixão de Cristo e,
em pedra-sabão, esculpe os 12 profetas, deixando, em
Congonhas, o maior conjunto estatutário barroco do
mundo.
[camaracongonhas.mg.gov.br ]
As seis capelas dos Passos da Paixão estão situadas
abaixo do Santuário do Bom Jesus do Matosinhos.
Trata-se da representação das cenas do calvário de
Jesus Cristo e, acima das escadarias, dos seus
profetas. Assim, Aleijadinho representou as
estações da Via Sacra: a Santa Ceia, o Horto das
Oliveiras, a Prisão de Cristo, a Flagelação e Coroação
de Espinhos, a Subida ao Calvário e a Crucificação.
A partir de 1796, Aleijadinho e seu atelier esculpiram 66 imagens de madeira, durante um período de três anos e meio. Para isso, contaram com o apoio dos pintores Francisco Xavier Carneiro e Manoel da Costa Athaíde.
A policromia das imagens iniciou em 1808, após a instalação das obras nas respectivas capelas. Algumas das capelas tiveram suas obras paralisadas por quase 50 anos, o que pode ser visível pela qualidade da obra, um pouco inferior a dos artistas Francisco Xavier Carneiro e Athaíde. Foram então reiniciadas em 1864 e concluídas em 1875.
O Nascimento da Missão Artística Francesa
Alexander von Humboldt "Viagem às regiões equinociais do Novo Continente“, 1826
PERSONAGENS DA MISSÃO
Humboldt indicou
Joaquim LeBreton,
secretário recém-
demitido da Classe de
Belas Letras do
Instituto de França
devido a suas ligações
com Bonaparte.
Joachim Lebreton propôs a
vinda de um pequeno grupo de
artistas dispostos a migrar para o
Brasil recebendo, em troca,
passagens e auxílio para sua
instalação. Após um ano de
negociações, a missão foi
constituída, sob a chefia do
próprio Lebreton.
• Novembro de 1807: navios portugueses
partem para o Brasil
• 08 de março de 1808: desembarcam, no
Rio de Janeiro, 15.000 pessoas, quase um
terço da população existente.
• 1815: é fundado o Reino de Portugal, Brasil e Algarves. O
Rio se torna capital do maior império colonial existente.
Joaquim Lebreton é designado a reunir artistas franceses
que deveriam acompanhá-lo ao Brasil e constituir, aqui,
uma Academia de Belas Artes nos moldes parisienses. A
introdução do pensamento ilustrado na Corte visava a
acelerar o processo de modernização.
• Março de 1816: chega ao Rio a Missão Francesa.
Liceu de Artes e
Ofícios do Rio de
Janeiro, já
demolido.
Fachada voltada
para o Largo da
Carioca.
Arquiteto:
Bithencourt da
Silva.
Grandjean de Montigny
retratado por Augusto Müller
Arquitetura Neoclássica
Chega ao Brasil:
Grandjean de Montigny
(1776-1850)
Principais obras:
•Alfândega (atual Casa França-Brasil)•Mercado (demolido )
•Senado (projeto não executado)•Biblioteca Imperial (projeto não executado)
•Escola Real de Ciências Artes e Ofícios (demolida; resta o frontão no Jardim Botânico)
•Residência na Gávea (Solar Grandjean de Montigny –PUC-Rio)
•Realizou trabalhos como urbanista e paisagista
Grandjean de Montigny conseguiu construir
muito pouco do que projetou e muito de sua obra
foi destruída. Sobraram apenas o pórtico da
Academia Imperial de Belas Artes, a sua casa
particular (Solar Grandjean de Montigny), a
antiga Praça do Comércio e um chafariz,
atualmente no Alto da Boa Vista.
O edifício onde hoje funciona a Casa França-
Brasil foi palco de eventos importantes de nossa
história. Mandado erguer em 1819 por D. João VI
ao arquiteto Grandjean de Montigny, é o primeiro
registro do estilo neoclássico no Rio de Janeiro,
estilo que, a partir daí, invadiu a cidade e tingiu o
barroco de suas casas coloniais de um tom
cosmopolita, à moda européia.
fonte: www.fcfb.rj.gov.br
O prédio onde atualmente funciona a Casa França-Brasil, foi
projetado por Grandjean de Montigny para ser a Praça de
Comércio do Rio de Janeiro, uma espécie de Bolsa de
Valores inaugurada em 13 de maio de 1820.
Um ano depois, foi palco de repressão violenta, sob o
comando de D. Pedro I, que invadiu o prédio para
dispersar a multidão que exigia a permanência da Corte
Portuguesa no Brasil e foi fechado, depois do
acontecimento.
Planta da Academia Imperial de Belas Artes, Gravura de Debret. Viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Vol. 3
O ensino das Belas Artes funcionou neste edifício até 1908.
Com a demolição da Academia em 1938, o portal foi
montado no Jardim Botânico, ao final da Aléia Barbosa
Rodrigues, conhecida também como Aléia das Palmeiras.
Quando Napoleão foi para o exílio em
Santa Helena, D. João precisou voltar a
Lisboa, não hesitando em levar para
Portugal, além de sua corte, toda a riqueza
acumulada no período em que esteve na
mais rica de suas possessões ultra
marinhas, bem como em deixar leis rígidas
que garantissem controle jurídico e
financeiro sobre a colônia.
Outros ventos, porém, sopravam em nossa
costa, vindos da recente independência
norte-americana e da Revolução Francesa.
Às vésperas da partida do Rei, em 1821,
numa reunião à Praça do Comércio, o povo
rebelou-se, solicitando, entre outras coisas, a
promulgação de uma constituição liberal. A
ousadia foi gravemente reprimida pelas
tropas reais, com a invasão do prédio e o
ataque a tiros e baionetas contra os
amotinados.
João Francisco Muzzi, Mestre Valentim entrega o Projeto de Recolhimento da Nossa Senhora do Parto a Dom Luís de Vasconcelos e Souza, 1790
Mestre Valentim, (1745-1813) e Leandro Joaquim (1738-98)
A grande ênfase da obra está na integração da grande
obra de construção civil à vida cotidiana da cidade. A
metade inferior é toda ocupada com a atividade
intensa que transcorre em torno da lagoa: um carro
de boi, homens, mulheres e crianças que atravessam
a água, lavadeiras com trouxas à cabeça. A parte
superior é destinada às construções do poder
simbólico e civil e a inferior, à população simples,
oferecendo um ponto de vista integrado da sociedade
existente.[Rafael Cardoso, Arte Brasileira em 25 quadros: 1790-1930]
Leandro Joaquim, Vista de uma Esquadra Inglesa na Baía de Guanabara, fins do
século XVIII, Museu Histórico Nacional, RJ
Jean-Baptiste Debret, Vista do Largo do Carmo,(em primeiro plano, chafariz do Carmo, de Mestre Valentim), 1834
"O bordado de estilo largo
lembra, pela sua forma,
grupos de folhas de
palmeira e frutos da
mesma árvore; grandes
estrelas de oito pontas,
semeadas no fundo,
completam a riqueza
desse manto, cuja
execução merece justos
elogios" (Debret)
RUGENDAS Viagem Pitoresca ao Interior do Brasil
THOMAS ENDERAtlas de Viagem ao Brasil, com Spix e Martius
JEAN BAPTISTE DEBRETViagem Pitoresca e histórica ao Brasil
A expedição científica que veio ao Rio de Janeiro,
em 1817, enviada pelos governos da Áustria e da
Baviera, traduz a efervescência cultural que
caracterizava as missões deste tipo no Brasil do
século XIX.
Entre os particpantes estão: Professor Johhann
Christof Mikan, botânico e entomólogo; Dr.
Johann Emanuel Pohl, Médico, mineralogista e
botânico; Johann Buchberger, pintor de plantas;
de Johann Natterer, zoólogo; de Rochus Schüch,
mineralogista e bibliotecário; eo jardineiro
botânico Heinrich Schott.
A estes se juntaram dois pesquisadores que se
celebrizariam por seus escritos sobre o Brasil : o
zoólogo Johann Baptista Spix e o botânico Karl
Friedrich Philip Von Martius.
Thomas Ender era o único componente sem
formação nas chamadas “Ciências Duras” e com
uma inserção no campo das Belas Artes.
Desta expedição, surgiu o Atlas de Viagem ao
Brasil, de Spix e Martius, ilustrado por Ender,
produzido entre 1817-20.
“Logo lembra ao viajante que ele sê
acha numa parte estranha do mundo,
é sobretudo a turba variegada de
negros e mulatos, a classe operária
com que ele topa por toda a parte,
assim que põe o pé em terra. Este
aspecto foi-nos mais de espanto do
que de agrado”.
[Atlas de Viagem ao Brasil, de Spix e Martius]
“Quem chega é convencido de encontrar uma parte
do mundo descoberta só desde três séculos, com
a natureza inteiramente rude, forte e não vencida;
poder-se-ia julgar, ao menos na Capital do Brasil,
o quanto fez a influência da cultura da velha e
educada Europa para remover deste ponto da
Colônia os característicos da selvajaria americana
e dar-lhe o cunho da mais alta civilização”.
Atlas de Viagem ao Brasil, de Spix e Martius
Como esclarecer um mundo que não se converte em
impressões ordenáveis? De um lado, uma natureza
incompreensível em exuberância e escala, além de uma
urbanidade inabordável em sua associação de padrões
civilizados e ausência de civismo. De outro, um artista
estrangeiro, incapaz de demonstrar intimidade com o Novo
Mundo. A solução se apresenta na adoção dos
procedimentos objetivos da classificação científica.
Brasiliana da Biblioteca Nacional
O exotismo tropical exercia fascínio sobre os
europeus. Os relatos de viagens dos
naturalistas Spix e Martius, bem como os
desenhos e pinturas de Thomas Ender,
inspiraram o jovem Rugendas que veio
para o Brasil com apenas dezenove anos
de idade, em 1821. Ele integrava a
expedição científica comandada pelo
Barão Langsdorff.
No lugar de um conhecimento íntimo da
natureza, Rugendas documenta a
impossibilidade da realidade brasileira de se
converter em impressão.
Brasiliana da Biblioteca Nacional
Quando Martius pisou, pela primeira vez o
Terreiro do Paço, teve grande dificuldade em
romper a multidão que aí estacionava,
formada por negros, mulatos, que, “com a
inoportunidade que lhes é peculiar, ofereciam
seus serviços”.[GUIMARÃES, 16]
Escravos procedentes do Moçambique, residentes em Sorocaba, SP
Escrava de origem senegalesa, encontrada em Minas
A bandeira brasileira concebida por Debret tinha um campo
verde com um losango amarelo inscrito, observando a
recomendação do imperador no que dizia respeito às
cores.
Dentro do losango, um escudo e uma coroa.
Inscrita no escudo, em campo verde, a esfera de ouro
atravessada pela cruz da Ordem de Cristo. A circundá-la,
dezenove estrelas de prata sobre a orla azul
representavam as províncias. Ladeavam o escudo um ramo
de café e um de tabaco, símbolos das riquezas agrícolas do
País.
Debret viveu no Brasi entre 1816-31. De volta à França,
publicou Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, obra em 26
volumes, entre 1834-39, dividida em 3 volumes:
• Volume 1: consagrado aos indígenas e à flora;
• Volume 2: trata dos escravos, práticas agrícolas e cenas
históricas testemunhadas pelo pintor.
• Volume 3: dedicado a cenas da vida cotidiana do Rio de
Janeiro e outros aspectos das manifestações culturais.
Não raro fui, com naturais do país, buscar no seio de suas famílias o complemento que se fazia indispensável ao primeiro volume que ora publico.
Jean-Baptiste Debret
Nas tribos mais selvagens, (camacãs, por exemplo),
deixam os doentes errar enquanto podem prover
à sua própria alimentação; mas se as forças vêm
a traí-los, fogem deles e os abandonam à morte,
que os surpreendem desprovidos de quaisquer
cuidados.
[DEBRET, vol. I, p. 35]
Os Coroados enterravam seus chefes de modo
peculiar: os despojos do cacique venerado eram
enfeixados dentro de um grande vasilhame de
barro, chamado “camucim”, que se enterrava
profundamente, aos pés de uma árvore grande.
Essas múmias, revestidas de suas insígnias e que
se encontram perfeitamente intactas, eram
colocadas na urna com a atitude de um homem de
cócoras, posição natural do índio que descansa. [SEGUE]
Será uma alusão voluntária à morte, esse
eterno repouso? É o que o
desenvolvimento diminuto de sua
inteligência não permite absolutamente
supor. O pequeno espaço que o corpo
ocupa, nessa posição, talvez explique
melhor a preferência por essa atitude.
[DEBRET, VOL 1]
Os bororenos, chamados bugres pelos habitantes da parte sul
do Brasil - que temem sua atividade guerreira - realizam
freqüentes excursões contra as habitações rurais dos
cultivadores. [Em um desses ataques], a guarda viu-se
cercada por um número pequeno de bárbaros que, lançados
de todos os lados e empregando todos os meios de morte,
massacraram os soldados durante o sono, estes, envolvidos
pelas chamas e pela fumaça não puderam proteger os
poucos fugitivos que logo caíram em armadilhas colocadas
no caminho.[vol. I, p. 50]
Em uma província do Rio Uruguai, existe uma raça de
índios completamente selvagens chamados Charruas,
que acampam em uma terra tomada por pântanos e
bosques. É no meio dos caniços, quase deitados na
lama, que realizam seus repugnantes festins. Os
charruas civilizados andam sempre a cavalo,
envolvidos em ponchos. O resto de suas vestimentas é
copiado dos hispano-americanos; como estes, andam
sempre armados com um facão, ou simplesmente
enfiado numa das botas.[vol. I, p. 61]
Os Guaicurus se encontram nas províncias do mato
Grosso e também de Goiás. Excelentes cavaleiros,
são conhecidos pela habilidade em domar cavalos
selvagens que pastam em liberdade nessa parte da
América.[vol. I, p. 63]
Belicosos e turbulentos, os botocudos mantém-se em
constante luta com seus vizinhos. Reúnem-se em
grupos numerosos, para rechaçar, e o mais das vezes
para atacar as outras tribos. Temidos com razão,
vivem, por assim dizer, unicamente da carne de seus
inimigos, que devoram com ódio, insultando suas
vítimas com danças em torno dos restos
ensangüentados.
[vol. I, p. 35]
Esses hábeis caçadores são muito procurados pelos
naturalistas estrangeiros, que os utilizam como
companheiros indispensáveis de suas excursões
através das florestas virgens, não somente a fim de
obter animais selvagens, mas ainda par prover de
alimentação toda a caravana. Para isso, basta dividir
com eles uma pequena provisão de aguardente.
[vol. I, p. 48]
O negro é indolente, vegeta aonde se encontra,
compraz-se com sua nulidade e faz da preguiça
sua ambição.
Os negros não passam de grandes crianças, cujo
espírito é demasiado estreito para pensar no
futuro e demais insolente para se preocupar com
ele.[Debret citado por NAVES:81]
As penas vermelhas cederam às penas brancas e de
ponta verde, em honra da Imperatriz Leopoldina.
A maior parte das damas da corte usavam somente
penas brancas; a combinação de ouro e verde
aparecia em seu turbante e no manto verde bordado
a ouro, acompanhado de saia branca o que
constituía a vestimenta de gala para dias solenes.
[DEBRET, vol. III]
Jean-Baptiste Debret, Painel de Fundo do Teatro da Corte por Ocasião da Coroação de D. Pedro I, 1822
O angu, de consumo generalizado no Brasil, compõe-se de diversos
pedaços de carne, como coração, fígado, bofe, língua, amídalas
e outras partes da cabeça, em pedaços cortados miúdos, aos
quais se ajuntam banha de porco, azeite de dendê, quiabos,
folhas de nabo, pimentão, cebola, louro, sálvia e tomate. O
conjunto é cozido até adquirir a consistência necessária. Eis a
iguaria - aliás suculenta e gostosa - que figura, não raro, às
mesas brasileiras tradicionais e abastadas, que com ela se
regalam, embora entre chacotas destinadas a resguardar o
amor-próprio.[DEBRET: vol. II]
“Depois de dez anos de serviço, todo o escravo que possa oferecer ao
seu senhor a importância equivalente ao preço de sua aquisição in
loco, pode, mediante requerimento entregue à aprovação do
soberano, forçar seu amo a vender-lhe um certificado de alforria”.
(Lei em vigor no Império). [Apesar da Lei], há, ainda, nas fazendas
uma quarta geração negra que se extingue no cativeiro.
São comuns os exemplos de generosidade dos artífices franceses
vivendo no Rio de Janeiro que, quando regressam à Pátria, dão
liberdade a seu escravo mais hábil, bem como à negra que serviu
de ama ao seu filho
[DEBRET: vol. II]
A perspectiva do castigo, unida a uma atividade com
forte apelo pessoal – a venda de quitutes, refrescos e
frutas, a oferta de serviços em que a aparência
individual desempenhava o seu papel – conduzia os
escravos a atitudes forçosamente capciosas.
[NAVES, p. 75]
As cenas de violência e punição provocaram a revolta dos
pareceristas do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro: “Pode ser que o Sr. Debret presenciasse
semelhante castigo, porque em todas as partes há
senhores bárbaros; mas isso não é senão um abuso. É
comprovado por escritores de nota que, entre todos os
senhores de escravos, os portugueses ainda eram os
mais humanos”.
[NAVES]
Não é extraordinário encontrar, entre a multidão de
escravos, alguns grandes dignitários etiópicos e mesmo
filhos de soberanos de pequenas tribos selvagens.
É digno de nota que essas realezas ignoradas e privadas de
sua insígnias continuem veneradas por seus antigos
vassalos, hoje companheiros de infortúnio no Brasil.
Esses homens de bem, que na sua maioria prolongam sua
carreira até a caducidade morrem em geral estimados
por seus senhores. [DEBRET: Vol. III]
Mais difícil se faz, ainda, o isolamento do viajante
acampado nos confins de São Paulo, Rio Grande do
Sul e Santa Catarina. Nesses desertos, ele é
obrigado a acampar atrás de canastras e dos
arreios de seus animais, conservando durante toda
a noite uma fogueira, cujo clarão a onça teme.
[DEBRET: Vol. II]
A convivência entre trabalho civil e escravo,
além de um certo desembaraço no trato,
marcava a cidade do Rio de Janeiro. A
conquista dos fregueses, a combinação de
negócio e sedução tingiam o trabalho
compulsório de uma ‘denguisse’.
[NAVES, 74]
A Academia e Escola de Belas-Artes abriu os
cursos em novembro de 1826, dez anos após
a chegada da Missão Francesa. Os principais
acadêmicos foram:
• Félix-Émile Taunay
• Araújo de Porto Alegre
• Vítor Meireles
• Almeida Junior
• Pedro Américo de Figueiredo
Félix-Émile Taunay(1785-1881)
Félix-Emile Taunay, retratado por Nicolas Taunay
Quando seu pai, Nicolas
Taunay, retornou à
França, (1821), Félix o
sucedeu na cadeira de
pintura de paisagem
da Escola Real de
Ciências, Artes e
Ofícios, futura Academia
Imperial de Belas Artes
(AIBA)
Em 1834, após a morte de Henrique José da Silva,
Félix assumiu a direção da Academia de Belas
Artes, implementando o ensino em moldes mais
próximos do previsto pela Missão
Francesa. Durante sua gestão, criou: as
Exposições Gerais de Belas Artes (1840), a
pinacoteca da Academia (1843) e os prêmios de
viagem ao exterior (1845). Em 1854, foi substituído
na direção da academia por Araújo de Porto-
Alegre.
Felix-Emile Taunay, Descoberta das Águas Termais de Piratininga
“Setenta léguas a sudeste da
cidade de Goyaz, ao lado da
Serra das Caldas, existem as
Caldas de Piratininga,
descobertas pelos gritos dos
cães do caçador Martinho
Coelho, que primeiro nellas se
escaldaram por acaso, há mais
de cem annos. E’ um lago cuja
temperatura chega quase á da
agua fervendo – Martinho
Coelho, sem attender aos
latidos de seus cães, parece
enlevado na admiração das
maravilhas da natureza, ou na
previsão do bens que aos
pobres enfermos resultam hoje
desse phenomeno”.
“A desapparição dos mais belos
exemplares do reino vegetal nos
arredores da cidade ameaça a esta,
segundo calculos irretragaveis, com
diminuição das aguas vivas, e elevação
do grão medio do calor da atmosphera,
dous males reciprocamente activos”.
Felix-Émile Taunay
“Turenne, em vesperas de acommeter aos Imperiaes, indo
visitar uma bateria, é atravessado por uma bala que o
estende morto abaixo de seu cavallo, levando ao mesmo
tempo uma braço ao general de artilharia Saint Hilaire; e
como o filho deste ultimo se lhe lançasse ao pescoço com
lamentações e altos gritos, o pai, mostrando o corpo
inanimado de Turenne, pronunciou as seguintes heroicas
palavras: - Eis alli por quem a França deve chorar
eternamente”.
Felix-Émile Taunay