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Maria Helena Diniz – Pessoa Jurídica 1. Conceito de Pessoa Jurídica a. Conceito: I. É a unidade de pessoas naturais ou de patrimônios que visa à consecução de certos fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações. b. Requisitos: I. Organização de pessoas ou bens II. Liceidade de propósitos ou fins III. Capacidade jurídica reconhecida por norma 2. Natureza Jurídica a. Conceito : I. Várias teorias foram criadas para tentar justificar e esclarecer sua existência e a razão de sua capacidade de direito: b. Teoria da Ficção Legal I. Savigny II. A pessoa jurídica como uma ficção legal, ou seja, uma criação artificial III. Crítica: Estado não é abstrato. c. Teoria da Ficção criada pela Doutrina I. Vareilles Sommières II. A pessoa jurídica só existe dentro da inteligência dos juristas III. Crítica: Estado não é abstrato. d. Teoria da Equiparação I. Windscheid e Brinz II. A pessoa jurídica é um patrimônio equiparado no seu tratamento às naturais III. Crítica: eleva os bens à categoria de sujeitos de direito e. Teoria da Realidade Objetiva ou Orgânica I. Gierke e Zitelmann II. São organismos sociais constituídos de pessoas jurídicas que tem existência e vontade própria III. Crítica: não tem vontade própria f. Teoria da Realidade das Instituições Jurídicas I. Hauriou II. Admite que há um pouco de verdade em cada uma dessas concepções. A  personalidade jurídica é um atributo que a ordem jurídica estatal outorga a entes que o merecerem. A Pessoa jurídica é a realidade jurídica. 3. Classificação da Pessoa Jurídica a. Quanto à nacionalidade I.  Nacional II. Estrangeira b. Quanto à estrutura interna I. Corporação (Associação e Sociedade) 1. Conj unto de pe ssoa s que col eti vamen te goza m de certos direi tos e o exercem por meio de uma vontade única 2. Patri môn io como meio para o fi m soc ia l

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CURSO DE DIREITO CIVIL BRASILEIRO.MARIA HELENA DINIZ

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Maria Helena Diniz – Pessoa Jurídica

1. Conceito de Pessoa Jurídica

a. Conceito:I. É a unidade de pessoas naturais ou de patrimônios que visa à consecução de

certos fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos eobrigações.

b. Requisitos:I. Organização de pessoas ou bens

II. Liceidade de propósitos ou finsIII. Capacidade jurídica reconhecida por norma

2. Natureza Jurídica

a. Conceito :I. Várias teorias foram criadas para tentar justificar e esclarecer sua existência e

a razão de sua capacidade de direito:b. Teoria da Ficção Legal

I. SavignyII. A pessoa jurídica como uma ficção legal, ou seja, uma criação artificial

III. Crítica: Estado não é abstrato.c. Teoria da Ficção criada pela Doutrina

I. Vareilles SommièresII. A pessoa jurídica só existe dentro da inteligência dos juristas

III. Crítica: Estado não é abstrato.

d. Teoria da EquiparaçãoI. Windscheid e Brinz

II. A pessoa jurídica é um patrimônio equiparado no seu tratamento às naturaisIII. Crítica: eleva os bens à categoria de sujeitos de direito

e. Teoria da Realidade Objetiva ou OrgânicaI. Gierke e Zitelmann

II. São organismos sociais constituídos de pessoas jurídicas que tem existência evontade própria

III. Crítica: não tem vontade própriaf. Teoria da Realidade das Instituições Jurídicas

I.Hauriou

II. Admite que há um pouco de verdade em cada uma dessas concepções. A personalidade jurídica é um atributo que a ordem jurídica estatal outorga aentes que o merecerem. A Pessoa jurídica é a realidade jurídica.

3. Classificação da Pessoa Jurídica

a. Quanto à nacionalidadeI.  Nacional

II. Estrangeirab. Quanto à estrutura interna

I. Corporação (Associação e Sociedade)1. Conjunto de pessoas que coletivamente gozam de certos direitos e o

exercem por meio de uma vontade única2. Patrimônio como meio para o fim social

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3. Tem órgãos dominantes que visam atingir fins internos e comuns aossócios

II. Fundação1. Patrimônio personalizado destinado a um fim que lhe dá unidade.2. Patrimônio como elemento primordial

3. Tem órgãos servientes, colimam fins externos e alheios estabelecidos pelo fundador.c. Quanto às funções e capacidade

I. Direito público Externo1. São os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo

direito internacional público.2. Nações Estrangeiras, Santa Sé, Uniões Aduaneiras e Organismos

Internacionais.II. Direito Público Interno

1. São as regidas pelo interesse público. Dividem-se em:2. Administração Direta

a. União, Estados, Municípios, Distrito Federal.3. Administração Indireta

a. Órgãos descentralizados, criados por lei, com personalidade jurídica própria para o exercício de atividades de interesse público.

 b. Autarquias, Associações Públicas, Fundações Públicas,Agências Reguladoras e Agências Executivas.

III. Direito Privado1. Instituídas por iniciativa de particulares.2. Fundações particulares, associações, sociedades (simples e

empresárias), organizações religiosas e os partidos políticos.3. Fundações Particularesa. Universalidades de bens em consideração a um fim estipulado

 pelo fundador, sendo este objetivo imutável e seus órgãosservientes (limitações pelo fundador).

 b. Não tem fins econômicos, bem fúteis. Fins religiosos, morais,culturais ou assistenciais, designados no seu estatuto.

4. Associações civis, religiosas, pias, morais, científicas ou literárias e asde utilidade pública.

a. Conjunto de pessoas que colimam fins ou interesses não-econômicos, que podem ser alterados, pois seus membros

deliberam livremente, já que seus órgãos são dirigentes. b. Não há fins lucrativos.c. Poderá ter finalidade:

i. Altruísta – associação beneficenteii. Egoísta – associação literária, esportiva ou recreativa

iii. Econômica não-lucrativa – assoc. de socorro mútuod. Elementos do Estatuto

i. A denominação, os fins e a sede da associaçãoii. Requisitos de admissão, demissão e exclusão

iii. Direitos e deveres dos membrosiv. Fontes de recursos financeiros

v. Modo de constituição e de funcionamento dos órgãosdeliberativos

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vi. Condições para alteração do estatuto e para adissolução da entidade, dispondo sobre o destino do

 patrimônio.vii. Formas de gestão administrativa

e. Olhar Associação no livro.

5. Sociedade Simplesa. A que visa fim econômico ou lucrativo que deve ser repartidoentre os sócios, sendo alcançado pelo exercício de certas

 profissões ou pela prestação de serviços técnicos. b. Tem autonomia patrimonial e sua existência é distinta da dos

sócios, de modo que os débitos não de confundem.6. Sociedades Empresárias

a. Visam o lucro pelo exercício de atividade mercantil, tendoatividades econômicas organizadas para a produção oucirculação de bens ou de serviços.

 b. Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista :

i. Entidade de direito privado, com patrimônio próprio ecapital absoluto (público) ou relativo (mista) da União.

ii. São regidas por normas voltadas ao direito empresariale trabalhista, mas com cautela do direito público.

iii. Função por força de contingência ou de conveniênciaadministrativa.

4. Começo da Existência Legal da Pessoa Jurídica

a. Em regra, com um ato jurídico ou com normas.b. Pessoa Jurídica de Direito Público

I. Iniciam-se em razão de fatos históricos, de criação constitucional, de lei

especial e de tratados internacionais (externo).II. Logo, são organizadas por leis públicas, que estabelecem todas as condições

de aquisição e exercício de direitos e a instituição de deveres.c. Pessoa Jurídica de Direito Privado

I. O fato que dá origem é a vontade humana, sem necessidade de qualquer atoadministrativo de concessão ou autorização, porém ela permanece em estado

 potencial, adquirindo status jurídico, quando preencher as formalidade ouexigências legais. Etapas:

1. Formação do Ato Constitutivoa. 2 Elementos

i. O material – abrange os atos de associação, fins a quese propões e conjunto de bens.ii. O formal – sua constituição deve ser por escrito

iii. Algumas sociedades devem ter autorização prévia do poder executivo. Ex: bolsa de valores, agências deseguros, sindicatos, etc.

iv. A da fundação pode ser direta ou fiduciária,dependendo de quem crie o estatuto da fundação.

2. Registro Públicoa. É o registro, ou seja, a inscrição dos atos constitutivos pelos

contratos ou estatutos no seu registro peculiar, regulado por lei

especial

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 b. No momento em que o contrato ou estatuto assenta no registrocompetente, a pessoa jurídica começa a existir, passando a ter aptidão para se sujeito de direitos e obrigações, a ter capacidade patrimonial independente da dos sócios,adquirindo vida própria e autônoma, não se confundindo com

os seus membros, por ser uma nova unidade orgânica.c. O registro tem força constitutiva.II. Sociedade não-personificada

1. Está compreendida como sujeito de direitos pois não somente os entes personalizados podem exercer direitos e vincular-se a deveres. Por isso a lei especial reconhece direitos a certos entes sem personalizá-los.

2. Todos os sócios responderão solidária e ilimitadamente pelasobrigações sociais dessa sociedade

5. Capacidade da Pessoa Jurídica

a. Decorre da personalidade que a ordem jurídica lhe reconhece por ocasião do seuregistro.b. A Pessoa Jurídica tem capacidade para exercer todos os direitos compatíveis com a

natureza especial de sua personalidade.c. Direitos Subjetivos:

I. Direitos à Personalidade1. Nome, marca, liberdade, imagem, privacidade, honra e boa reputação

II. Direitos Patrimoniais ou reais1. Ser proprietária, usufrutuária

III. Direitos Industriais1. Proteção às criações ind., propriedade das marcas, nome da empresa

IV. Direitos Obrigacionais1. De contratar, comprar, vender, alugar.

V. Direito à Sucessão1. Pode adquirir bens “causa mortis”

d. Limitações:I. De sua Natureza

1. Falta-lhe titularidade ao direito de família, ao parentesco e não pode praticar atos da vida civil, necessitando de um representante legal queexteriorize sua vontade

II. De Norma Jurídica

1. As pessoas jurídicas estrangeiras não podem receber concessão para oaproveitamento de recursos minerais, nem adquirir propriedade no país, com exceção de embaixadas.

6. Responsabilidade Civil

a. Responsabilidade ContratualI. Pessoa Jurídica de Direito Público e Privado

1. Na realização de um negócio jurídico dentro dos limites autorizados pela lei ou pelo estatuto, deliberado pelo órgão competente erealizado pelo legítimo represente, é responsável, devendo cumprir odisposto no contrato, respondendo com seus bens peloinadimplemento contratual. Terá responsabilidade objetiva por fato e

 por vício do produto e do serviçob. Responsabilidade Extra-contratual

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I. Pessoa Jurídica de Direito Privado1. Podem responder objetivamente pelos atos ilícitos praticados por seus

representantes, pois não há mais presunção de culpa in eligendo(culpa em escolher) ou in vigilando (culpa em vigiar)

II. Pessoa Jurídica de Direito Público

1. Devem indenizar todos os danos que seus funcionários, nessaqualidade, por atos comissivos, causem aos direitos de particulares,tendo ação regressiva contra eles, nos casos de culpa e dolo, daí ser objetiva sua responsabilidade

c. Responsabilidade DelitualI. Pessoas de Direito Público e Privado

1. Podem ter imputabilidade criminal, estando sujeitas àresponsabilidade penal. A responsabilidade penal (ambiental) é de seurepresentante

7. Seu Domicílio

a. Conceito:I. É a sede jurídica onde os credores podem demandar o cumprimento dasobrigações. É o local de suas atividades habituais, de seu governo,administração ou direção, ou ainda, o determinado no ato constitutivo.

b. Pessoa jurídica de direito Público InternoI. É a sede do seu governo (capital)

c. Pessoa Jurídica de direito PrivadoI. Onde funciona sua diretoria e administração ou onde elegerem domicílio

d. Pluralidade de DomicíliosI. Pode haver diversos estabelecimentos. O local de cada estabelecimento é

dotado de autonomia e será considerado domicílio para os atos ou negóciosnele efetivados.

8. Transformação, incorporação, fusão, cisão e fim da Pessoa Jurídica

a. TransformaçãoI. Operação pela qual a sociedade de determinada espécie passa a pertencer a

outra, sem que haja sua dissolução ou liquidação mediante alteração em seuestatuto social, regendo-se então, pelas normas que disciplinam a constituiçãoe inscrição de tipo societário em que se converteu.

b. IncorporaçãoI. Operação pela qual uma sociedade vem a absorver uma ou mais com a

aprovação dos sócios das mesmas, sucedendo-as em todos os direitos eobrigações e agregando seus patrimônios aos direitos e deveres, sem que comisso venha a surgir uma nova sociedade

c. FusãoI. Operação pela qual se cria uma nova sociedade para substituir aquelas que

vieram a fundir-se e a desaparecer por ter havido união dos patrimônios, nosdireitos, responsabilidades e deveres, sob denominação diversa, com amesma ou com diferente finalidade e organização.

d. CisãoI. Separação de sociedades, ou seja, a operação pela qual uma sociedade

transfere parcelas de seu patrimônio pra uma ou mais sociedades constituídas

 para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a sociedade cindida, se houver 

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total transferência de seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parciala transferência.

e. FimI. Pelo decurso do prazo de duração

II. Pela dissolução deliberada unanimemente entre os membros.III. Por deliberação de sóciosIV. Pela falta de pluralidade de sóciosV. Por determinação legal (CC art.1.033)

VI. Por ato governamental (CC art.1.125)VII. Pela dissolução judicial (CC art.1034)

VIII. Por morte do sócio

Dissolução e LiquidaçãoDissolução - retirada do registro com publicaçãoLiquidação – visa a desativação operacional da sociedade e a apuração do

ativo e passivo social para pagamento de dívidas e partilha de bens entre os sócios.

9. Grupos despersonalizados

a. Conceito:I. Entidades que não tem todos os requisitos imprescindíveis à subjetivação,

não podendo ser subsumidas ao regime legalII. Conjunto de direitos e obrigações, pessoas e bens, sem personalidade jurídica

e com capacidade processual, mediante representação.b. Casos:

I. A Família1. Por não haver interesse

II. As sociedades não personificadas (irregulares ou de fato)1. Têm capacidade de exercer certos direitos como o de defesa em juízo

e o de representação pelo administrador de seus bens eresponsabilidades reconhecidas por lei.

III. A Massa Falida1. Surge após a sentença declaratória da falência acarretando para o

devedor perda do direito à administração e à disposição dos bens. Érepresentada pelo administrador judicial

IV. As heranças jacentes e vacantes1. A herança será jacente se não houver testamento e herdeiros, ficando

sob a guarda de um curador, que a representará processualmente.

2. A herança vacante será os bens da herança jacente que após todas asdiligências legais não aparecer nenhum herdeiro dentro de 1 ano.Depois de 5 anos, os bens irão para o domínio da União.

V. O espólio1. Conjunto de direitos e obrigações que é uma simples massa

 patrimonial deixada pelo autor da herança. Será representado peloadministrador provisório até que aconteça o inventário e entre na

 posse dos bens o inventariante.VI. O condomínio

1. Propriedade comum ou copropriedade de qualquer bem. Quando amesma coisa pertence a mais de uma pessoa, onde cada uma tem uma

cota ideal do todo e não uma parcela material

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2. Aqui está presente o conceito de consentimento unânime e não o damaioria.

3. Pode ocorrer por:a. Destinação do proprietário do edifício

 b. Incorporação imobiliária

c. Testamento4. Maria Helena Diniz diz que o condomínio tem sim personalidade jurídica, pois só as pessoas podem praticar atos de aquisição, nãotendo porque dizer que ela não é pessoa jurídica.

10. Desconsideração da Pessoa Jurídica

a. Conceito:I. A pessoa jurídica é uma realidade autônoma e independente dos membros.Só

que a Teoria da Desconsideração permite que o juiz não considere os efeitosda personificação ou da autonomia jurídica da sociedade, para atingir e

vincular a responsabilidade dos sóciosb. Objetivo:I. Impedir a consumação de fraudes e abusos de direito cometidos por meio da

 personalidade jurídica, que causem prejuízos ou danos a terceiros.c. Casos aplicáveis:

I. Abuso de direito, desvio ou excesso de poder, lesando o consumidor II. Infração legal ou estatuária

III. Falência, insolvência, encerramento ou inatividade, em razão de sua máadministração.

IV. Obstáculo ao ressarcimento dos danos eu causar aos consumidoresd. Conseqüências da desconsideração:

I. Responsabilidade subsidiária das sociedades integrantes do grupo societário edas controladas

II. Responsabilidade solidária das sociedades consorciadasIII. Responsabilidade subjetiva das coligadas, que responderão se sua

culpabilidade for comprovada.e.  No Brasil:

I. A Desconsideração é permitida, assim como na Europa.f. Logo, a autonomia da pessoa jurídica não é um direito absoluto.