046 a minha autobiografia v20

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Jos Antunes Gomes

Isilda D. A. Barreira

O grande rio tem seu trajecto, antes do mar imenso. Copiando-lhe a expresso, o ser humano percorre igualmente caminhos variados e etapas diversas, tambm recebe afluentes de conhecimentos, aqui e ali, avoluma-se em expresso e purifica-se em qualidade, antes de encontrar o Oceano Eterno da Sabedoria e quando acha que tem as respostas para tudo, vem a vida e coloca novas perguntas.

Gabriel Gomes

Etapas da Vida

Na Esperana de um Dia MelhorAutobiografia de Jos Antunes Gomes

Autobiografia definida na evoluo cronolgica.

R.V.C.C. 12 ano - 2008/2009

Na Esperana de um Dia Melhor

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Etapas da Vida

ndiceCaptulo 1 Infncia...................................................................................... 5Introduo ....................................................................................................5 O meu nascimento ........................................................................................6 A morte do meu Pai .......................................................................................6 Entrada para a Escola ....................................................................................6 Os maus tratos ..............................................................................................7 poca 25 de Abril ..........................................................................................8 Forado a sair de casa ...................................................................................8

Captulo 2 Juventude ................................................................................ 10O meu primeiro Emprego ............................................................................10 Trabalho dos tempos livres .........................................................................10 Os Diversos Empregos .................................................................................13 Imigrao Temporria .................................................................................20

Captulo 3 Adulto ...................................................................................... 22Imigrao, um modo de vida .......................................................................22 Formao Profissional .................................................................................28 Ferramentas de Trabalho ............................................................................32 O Meu Casamento .......................................................................................36 Regresso Definitivo a Portugal ....................................................................37 Adaptao a nova Profisso ........................................................................37 Salo de Cabeleireiros .................................................................................38 A Religio ....................................................................................................39 Criao da Empresa MGS .............................................................................49 Criao da Empresa CoimbraSoft ................................................................49 O Nascimento do Meu Filho .........................................................................52 Compra de Casa ..........................................................................................54 Problemas de Sade ....................................................................................63 Alimentao ................................................................................................70 A necessidade do Desporto .........................................................................72

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As minhas viagens ......................................................................................75 A evoluo Profissional ...............................................................................81 Participao em Seminrios e Congressos ................................................110 A Internacionalizao da Empresa CoimbraSoft ........................................111 As Dificuldades Financeiras da Empresa....................................................133 As Tecnologias de Informao ..................................................................135 Transportes, Oportunidade Profissional ....................................................143 Evoluo dos Transportes .........................................................................149 Os meus meios de Transporte ...................................................................155 Percurso Profissional ................................................................................158 As Leis e as Regras de Trnsito .................................................................184 Oramento Familiar ...................................................................................184 Valores da Vida .........................................................................................188 A Famlia e os Amigos ...............................................................................190

Captulo 4 Presente ................................................................................. 196O Resultado da Experincia Profissional ...................................................196 Viso geral sobre o Pas e o Mundo ...........................................................196

Captulo 5 Viso Geral ............................................................................. 201Resumo da experiencia de vida .................................................................201 Objectivos de Vida Alcanados ..................................................................202 Contribuio na Sociedade ........................................................................202 Uma Vida de Glrias e Derrotas .................................................................202 Futuro, Projectos de Vida ..........................................................................203 Agradecimentos ........................................................................................204

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Captulo 1 Infncia

Introduo

Caro Leitor, antes de penetrar o limiar desta histria, justo eu apresentar sua curiosidade algumas observaes e alertas. Atravs desta introduo ficara a conhecer as minhas primeiras palavras, a respeito desta obra, e suas impresses mais profundas, no decurso deste trabalho, recordaes e pensamentos levaram a lembranas por vezes com mgoa, sobre sofrimento e muita dor de diversas naturezas no passado, cujo efeito se prolonga pelo presente, mas tambm muitas e grandes alegrias e um pouco de ansiedade. Tudo isso foi de um elevado valor, porem talvez as emoes no permitam esclarecer determinados factos com clareza. No sei se conseguirei realizar to bem, quanto desejo, semelhante intento. De antemo, todavia, quero assinalar minha confiana na vossa compreenso. Agora verificareis a extenso de minhas fraquezas, lutas, e glrias do passado, sentindome, porm, confortado em aparecer com toda a sinceridade do meu corao, ante o plenrio de vossas conscincias. Esta uma vida de aprendizagem, onde a escola da vida me ajudou a ser quem sou e como sou, aprendemos com os erros, eu j aprendi muito, mas s sei que nada sei, porque quando nos pensamos que j sabemos todas as respostas, a vida sempre coloca novas perguntas.

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O meu nascimentoNasci na Sexta-Feira dia 05/05/1967, por volta do meio-dia com 3,4kg na Maternidade Bissaya Barreto em Coimbra. Pouco tempo depois fui para o estrangeiro com meus pais de assalto, devido ao regime que no permitia a imigrao. Estive em Luxemburgo, Frana, e Espanha. Meu pai naquela altura j tinha um bom carro segundo me relata minha me e pessoas que conheciam meu pai.

A morte do meu PaiComo a histria da azeitona, posso dizer que, de verde foi o meu nascimento e de luto me vesti, porque passado um ano perdi meu pai que faleceu assassinado pelo regime existente da poca, a PIDE. Uma polcia poltica que vigiava, prendia e torturava quem tivesse ideias contrrias s do governo. Este foi um desfecho trgico, e para mim, uma definio de vida at aos dias de hoje com mgoa e saudade de um pai que nunca conheci. Minha me voltou a casar quando eu tinha cerca de 3 anos, inicialmente tudo correu bem at aos meus 5 anos, altura em que estava para nascer o meu primeiro irmo, e aqui comearam as dificuldades da minha vida, o prazer de uns, a desgraa de outros. No pelos meus irmos que eu adoro, mas pelo meu padrasto que passou a me odiar e apenas a amar o seu prprio filho que ainda nem conhecia. Com o nascimento do meu primeiro irmo, eu comecei a sentir-me cada vez mais rejeitado, comecei a ser espancado com mais frequncia, os castigos eram constantes, era forado a trabalhar, no tinha liberdade para brincar e ser criana. Nunca pedi que me amassem, apenas pedia e queria que me respeitassem como ser humano, de um momento para o outro a vida virou um Inferno e como criana no entendia o motivo.

Entrada para a EscolaQuando chegou a altura de ir para a escola eu no queria ir, por esse motivo fui debaixo de pontap e bofetada, durante 2Km. Depois de l estar at gostei da ideia, imaginei que poderia ser uma escapatria para

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no andar a fazer trabalhos no campo e poderia brincar um bocado com os colegas na hora de almoo, puro engano. A escola ficava a 2 km, eu tinha uma hora de almoo e tinha de ir almoar a casa, alem disso tinha apenas 10 minutos para chegar a casa para almoar, caso me atrasa-se apanhava porrada, sempre cheguei a horas para evitar apanhar porrada, para isso corria todo o caminho, mas quando a vontade de bater falava mais alto ento ele adiantava o relgio para poder satisfazer suas vontades selvagens e desumanas, batia-me e obrigava-me a voltar para a escola sem almoo, quando voltava da escola por volta das 15.15h vinha com fome e queria comer, mas no tinha autorizao para comer, era obrigado a ir para o campo trabalhar, praticar a agricultura de cada poca com a condio de fazer determinado trabalho para merecer o jantar, s escondidas, vizinhos por entre as parreiras das vinhas, traziam-me po com manteiga, que eu comia com sabor a lgrimas. Os deveres da escola, no tinha tempo de os fazer, ento para no apanhar porrada da professora tinha de os fazer pela manh a caminho da escola enquanto caminhava, quase nunca conseguia termina-los e mais uma vez levava puxo de orelhas ou reguada. A professora perguntava a meu padrasto o motivo de eu no levar os trabalhos da escola feitos como ela mandava, ele dizia que eu s queria brincadeira e no os fazia. Mais tarde a professora atravs de vizinhos descobriu a verdade, ento meia hora antes de eu sair da escola dava-me os trabalhos de casa para eu fazer ainda na escola, nessa altura ganhei uma grande amiga, a professora e comecei a gostar da Escola. Eu queria entender o que se passava comigo, mas no conseguia, o medo era tanto que no me permitia pensar em nada positivo.

Os maus tratosMinha me tentava impedir tais acontecimentos, inicialmente foi conseguindo evitar alguns, mas a determinada altura tambm ela apanhava porrada, pelo motivo de me querer proteger. Muitas foram as noites que eu e minha me fugimos de casa para no apanharmos porrada, muitas foram as noites dormidas em casa de vizinhos, adormecer com lgrimas e acordar com medo das consequncias e sem esperana de uma vida e um futuro feliz, eu queria apenas ser criana, como todas as outras que me rodeavam na escola. Nessas alturas eu pensava como seria meu pai, ser que ele me trataria assim, sabia que no, eu via e compreendia como o seu filho era tratado. Nessas alturas ressaltava a dor a saudade do pai que nunca conheci e o desgosto de no ter um Pai como todos os outros meninos. Como ele se queria ver livre de mim, ainda no tinha 7 anos fui servir para casa de uns fazendeiros, sem opo de escolha, o sofrimento de me ver afastado de minha me era ainda maior, continuei a estudar e a trabalhar, s no apanhava tanta porrada, mas desta vez de estranhos que eu nunca tinha visto e no entendia porque minha me me tinha abandonado.

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poca 25 de AbrilNesta fase vivamos o momento do 25 de Abril de 1974, no entendia nada do que se estava a passar, apenas ouvia as conversas e s percebia que poderamos estar beira de uma guerra civil, falava-se em torturas, desaparecimento de pessoas. Minha me tinha-me explicado um dia que meu pai tinha sido morto por homens como aqueles que naquela altura poderiam atravs das suas politicas dar origem a comear uma guerra civil. Alem do sofrimento de no ter um pai para me proteger dar carinho e amor como eu via outras crianas a receber de seus pais, falavam do sistema que o matou, e daquilo que nos poderiam fazer a todos e do que poderia acontecer, e isso eu mal entendia e ficava aterrorizado com medo, o pior que no tinha ningum para me dar conforto e tranquilidade. Sentia-me s e rejeitado por todos, porque achava que todos me odiavam. Como no resistia a tanto desgosto saudade e ao sofrimento, os caseiros mandaram-me embora para junto de minha me e padrasto, diziam-me que se houvesse uma guerra civil no me queriam ter sobre a sua responsabilidade, ento regressei a casa com esperana de melhorias mas no tinha havido mudana alguma, a pancada continuou e desta vez com mais abundncia por no ter ficado longe de casa. Antes do dia 25 de Abril de 1974, o nosso pas vivia mergulhado na tristeza e no medo. Durante mais de 40 anos, quem governou Portugal at esse dia foi Salazar e, logo a seguir, Marcelo Caetano. No havia democracia, no se realizavam eleies livres e eram sempre os mesmos a mandar. As pessoas no tinham liberdade para dizer o que pensavam sobre o governo. Com o 25 de Abril, mudou muita coisa no nosso pas, acabou a ditadura e comeou a democracia que a meu ver no muito bem praticada. O povo portugus passou a ter liberdade porque aconteceu uma revoluo, a Revoluo dos Cravos. O povo saiu rua para comemorar a festa da Democracia, com os soldados que nos libertaram da Ditadura. Toda a gente se abraava. Os soldados colocaram cravos nos canos das suas espingardas, simbolizando uma mudana pacfica de regime. Muitos distribuam cravos vermelhos. As pessoas gritavam O POVO, UNIDO, JAMAIS SER VENCIDO. Por este motivo, o dia 25 de Abril foi declarado DIA DA LIBERDADE e feriado nacional.

Forado a sair de casaNeste percurso de vida vivi em vrios locais, tudo na zona de Samel perto de Febres. Um belo dia fomos visitar os meus avs ao Rabaal, depois de interrogado pelo meu av, contei um pouco de minha mgoa e meu sofrimento, meu av pediu minha me para eu ficar a viver com ele e minha av. Naquele momento nada aconteceu, tive de ir com eles de novo, mas passados alguns dias e com o apoio de minha me, quando eu previa mais uma sesso de pancada, fugi

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boleia para o Rabaal, para junto de meus avs, instalou-se o caos. Meu padrasto ao descobrir foi ao Rabaal para me ir buscar, meus avs sem foras para me defenderem, telefonaram a um tio para me ir buscar para que eu no foce levado para o sofrimento. Meu tio respondendo ao pedido num curto espao de tempo foi-me buscar e levou-me para casa dele, meu padrasto quando chegou a casa de meu av e eu no estava foi directo a casa do meu tio para me ir buscar, mas desta vez ameaado com porrada teve de me deixar ficar, onde vivi durante pouco mais de um ano, no Porto Coelheiro, perto da Redinha. Em casa deste meu estimado e querido tio e tia que amei como meus pais, vivi junto de dois primos, pela primeira vez na vida eu sentia o amor, o afecto, o carinho e a felicidade. Nesta altura j se falava em liberdade por j se ter passado o 25 de Abril de 1974, para mim era tudo novo e belo, ouvia as pessoas falar em liberdade paz e amor, e eu sentia melhor do que ningum essa paz, liberdade e felicidade, mesmo sem entender muito bem na altura do que se tratava O 25 de Abril. As esperanas renasciam conforme a confiana se instalava, ali sentia-me protegido e amado, apesar de no ser filho deles, sempre fui tratado como se fosse. Fiz a terceira classe na escola junto do filho mais novo, meu primo e grande amigo. Tambm aqui comecei a educao religiosa, coisa que nunca tinha ouvido falar antes. Mais tarde meu av queria que eu fosse viver com ele, nessa altura mudei para casa dele para o Rabaal, onde fui iniciar a quarta classe. Em casa de meus Avs, de novo, era tratado na base do amor e carinho, eram pessoas sem grandes posses financeiras, muito simples e humildes, viviam da agricultura e de alguns dias de trabalho que meu av praticava para as pessoas mais afortunadas da Aldeia, mas no me faltava nada, o pouco que eles tinham para me dar, para mim era demasiado. Eu com muito gosto e habituado a trabalhar nas terras, ajudava no que eu podia, eles faziam-me todas as vontades dentro dos limites da educao moderada e afectuosa, nunca mais apanhei porrada, nem em casa de meus avs nem de meus tios. Quando saia da escola ia guardar as ovelhas com outro colega, era algo que eu adorava fazer, porque amos os dois para a brincadeira enquanto guardvamos as ovelhas. Os nicos bons e inesquecveis momentos de alegria e prazer de viver, foram os tempos vividos em casa de meus tios e avs, lembranas que guardo no corao para a eternidade. Talvez tivesse tido alguns momentos de carinho e felicidade antes de viver com meus tios e avs, mas infelizmente no me recordo de nenhum.

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Captulo 2 JuventudeO meu primeiro Emprego

Depois de terminar a escola meus avs no tinham possibilidades financeiras para me colocarem a estudar, eu apesar de gostar de estudar e j com sonhos de querer ser algum na vida profissional, compreendia que estudar era impossvel, mas tinha a possibilidade de aprender uma profisso, ganhar dinheiro e atravs disso conseguir o sucesso profissional. Pedi ao meu av que queria ir trabalhar para algum sitio onde pudesse aprender uma profisso e ganhar dinheiro, assim sabia que poderia ajuda-los para que eles tivessem mais dinheiro e poderiam ajudar-me a ter o que eu queria, roupas, uma bicicleta, entre outras coisas, assim poderia comear a ter uma vida prpria e com o necessrio. O meu av fez-me a vontade apesar de contrariado, arranjou-me trabalho junto de uns vizinhos como servente de pedreiro. Terminei a Escola a uma Quinta-feira e comecei na Segunda-feira seguinte como servente de pedreiro, onde trabalhei durante dois anos. O meu ordenado eram 7.000 Escudos, o ordenado de uma pessoa adulta como servente de pedreiro eram cerca de 20.000 Escudos, para mim j era muito bom. O meu av no aceitou que eu lhe entregasse o dinheiro todo que recebia, acordou comigo que eu entregava metade do dinheiro e a outra metade era para mim, para eu construir vida, criando assim os alicerces de uma nova etapa de vida e de aprendizado evolutivo. Devido a ter sofrido imenso no passado, eles davam-me alguma liberdade quanto ao estado financeiro, quando eu queria comprar alguma coisa tinha de lhes pedir autorizao, mas eles sempre me deixavam comprar tudo o que eu queria, dentro do aceitvel e com algumas regras.

Trabalho dos tempos livres

O meu av tinha um moinho de gua, depois do trabalho e aos fins de semana ia a casa dos clientes do meu av buscar os sacos de milho, trigo e cevada e levava-os ao moinho. Este era um trabalho que eu j fazia nos tempos de escola, onde aprendi a fazer a cobrana pela moagem feita. Por cada alqueire de cereais era retirado um Decilitro de cereal para pagamento da moagem da farinha.

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No final da tarde ia preparar o moinho para ficar toda a noite a trabalhar, verificava se estava tudo bem, controlava a presso da gua e atestava a gamela com o tipo de cereais que estavam a ser modos, havia algumas regras, nem todos os cereais podiam ser misturados porque dependia muito do processo de colheita e dos cuidados de cada cliente, a farinha que tinha sido feita durante o dia era entregue ao final do dia, quando regressava a casa levava os sacos de farinha e entregava em casa do cliente. Aos fins-de-semana quando era necessrio ajudava o meu av a arranjar o moinho, em determinadas alturas e conforme os estragos tinha de ser feita uma reviso geral, porque se as condies climatricas permitissem trabalhava 24h por dia e sete dias por semana, era preciso limpar os canais onde passava a gua, era preciso picar as ms, e fazer outras reparaes em pedra e madeira. Por traz do moinho, eles tinham o quintal onde semeavam e plantavam grande parte dos legumes que se comiam em casa, os tomates, pimentos, feijo, couve, alface, cebolas, alhos, batatas, entre outros. Quando eu estava em casa no final do dia e ao Sbado, tinha de ir regar a horta com os meus avs, a rega era feita manualmente, ou seja, a gua era tirada do poo a balano (Picota) essa era a minha funo durante cerca de duas horas. No meu tempo de criana utilizava-se o nome de Balano em vez de Picota, isto devido ao contrapeso existente na ponta da vara, as pessoas alteraram o nome apesar de saberem que o nome original era Picota. Os meus avs tambm tinham outros terrenos de cultivo onde semeavam as leguminosas, favas, ervilhas, Chicharo, Gro-de-bico. Nos mesmos terrenos e por vezes misturado semeavam o milho, aveia, trigo e tremoos. Nas bordas dos terrenos o meu av plantava Oliveiras e algumas rvores de fruto, como a Macieira, a Figueira, Ameixieira e Pereiras. Os agricultores costumam plantar este tipo de rvores nas bordas dos terrenos, porque nas bordas no impede o cultivo do terreno na totalidade, uma forma de aproveitar o mesmo terreno para vrias finalidades produtivas. Tambm tinham duas vinhas, as vindimas e a apanha da azeitona eram duas pocas muito especiais, porque a famlia toda se juntava para se ajudarem e faziam disso um momento de festa e confraternizao. O que eu mais gostava de fazer era a apanha da azeitona, porque gostava de subir as Oliveiras e andar todo o dia l em cima, a varejar a azeitona. No final da colheita tnhamos de levar a Azeitona para o Lagar de Azeite onde a azeitona iria ser moda e por fim retirado o Azeite, naquela altura todo este trabalho era feito com processos muito tradicionais, no havia todos estes processos modernos nem as Leis que regularizam o sector.

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A azeitona era colocada em tanques apropriados, era colocado muito sal para manter a azeitona sem se estragar, se no levar sal ganha bolor e apodrece. Podemos colocar o sal que se pretender quanto mais melhor, e por incrvel que parea o azeite nunca fica salgado. O azeite o suco da azeitona e o nico leo que pode ser consumido sem ser refinado. Para se extrair este lquido dourado, a polpa da azeitona passa por um processo de moagem e prensagem. Este processo de moagem antigamente era feito com uma nora que rodava com a presso da gua do rio, que fazia rodar as galgas. Este processo de moagem da azeitona estava condicionado poca das chuvas, porque s nessa altura existia gua suficiente para ter a fora necessria para fazer rodar a nora. Na actualidade este processo feito com motores e equipamentos elctricos, o que facilita o processo, apesar de ser mais prejudicial para o nosso planeta. A Conveno Internacional de Azeite, determinou que a denominao Azeite de Oliva seja dada somente ao leo obtido da azeitona sem mistura com outros leos. Para ser extra virgem ele tem que ser extrado a frio, sem passar por qualquer aquecimento, a fim de manter intactos todos os constituintes bioativos que trazem benefcios para a sade. O grau de acidez do extra virgem no deve ultrapassar 0,8%. Quanto menor a acidez, mais cidos graxos, gorduras, monoinsaturadas ele contm. Para o consumo humano a acidez do azeite de oliva no deve ultrapassar 2%. Os cidos graxos monoinsaturados (principalmente o cido oleico) so os compostos que trazem mais benefcios para o corao e aumentam o HDL, o bom colesterol. Como estas gorduras se oxidam facilmente, o prazo de validade do azeite no ultrapassa de 2 anos e ele deve ser sempre mantido em vidro escuro e longe do calor. Antigamente o azeite era guardado em potes de barro e em pias de pedra, pequenos tanques feitos de pedra que eram esculpidos manualmente com um ponteiro e uma maceta. O melhor durante todo este processo de produo do azeite, era o famoso bacalhau lagareiro, o bacalhau as batatas e a cebola eram assados na fornalha a lenha do lagar, (Caldeira de aquecimento de gua) depois de tudo assado era colocado num recipiente, era regado com bastante azeite e comia-se com a famosa broa de milho, como bebida servia-se a deliciosa gua-p. Eu gostava de todas estas actividades, porque havia harmonia tranquilidade alegria divertimento, meus avs sempre demonstravam um grande carinho e eram muito activos nestas actividades.

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Os Diversos EmpregosAs profisses que vou descrever a seguir, so as quatro principais, que marcaram a minha vida e foram um marco decisivo para o meu futuro. Era uma criana, mas era tratado como um adulto, apesar de no ter foras nem experiencia de vida, por esses motivos sofri bastante por humilhaes, confrontos, escravido, e maus-tratos de vrias naturezas. Aprendi a ser homem muito cedo, a compreender as dificuldades da vida e arranjar mtodos de as ultrapassar, aprendi a conseguir alcanar determinados objectivos evolutivos e encontrei foras para continuar a luta de cada dia. Aprendi que, com humildade, harmonia e simpatia, conseguia os meus objectivos e assim defini o meu lema de vida. Como primeira profisso fui servente de pedreiro, levantava-me s 7.30h fazia a minha higiene diria, tomava o pequeno-almoo e deslocava-me para o meu local de trabalho de motorizada, era transportado pelo meu patro. A viagem demorava cerca de 40 minutos do Rabaal at Coimbra. O trabalho era no edifcio da Portugal Telecom, que na altura era dos CTT, e trabalhei tambm em outros locais. Ao chegar ao local de trabalho tnhamos de transportar os sacos de cimento e a areia, amassar o cimento para depois o transportar para junto dos pedreiros, tinha de acartar tijolo, tbuas, pregos, blocos, entre outros materiais. Das 13h s 14h almoava, era um momento de convivncia entre Pedreiros e Serventes. Despegava s 18h ia para casa com o meu patro, chegava a casa por volta das 19h, jantava, tomava banho conversava um pouco com os meus avs e depois ia dormir.

Carpinteiro de LimposO trabalho era um pouco balda, no havia rigor profissional, disciplina e coordenao. No havia grande planeamento de trabalho e por vezes muita coisa falhava, no havia grande problema, se no se podia trabalhar ningum se enervava, espervamos por algum resolver o problema. Em termos de aprendizagem disciplinar no trabalho, no foi o melhor perodo. Foram muitos os aspectos positivos, aprendi uma profisso que me permitiu ao longo da vida, ter outras oportunidades profissionais e ficar em postos de trabalho bastante bons em termos salariais. Os conhecimentos e a experincia de carpinteiro ajudou-me a arranjar trabalho na Sua, e mais tarde j em Portugal tive a oportunidade de ser responsvel de produo numa fbrica de mveis, para este ltimo trabalho tambm contou muito a experincia e o conhecimento adquirido em outras profisses. Levantava-me por volta das 7h fazia a minha higiene diria, tomava o pequeno-almoo e

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deslocava-me para o meu local de trabalho de motorizada. A viagem demorava cerca de 30 minutos a uma hora, dependia o local onde trabalhava, visto que o nosso trabalho era sempre em casa de clientes. ramos contactados pelos clientes que pretendiam um determinado servio feito, deslocvamo-nos a casa do cliente, tirvamos as mediadas e entregvamos a uma carpintaria que depois criava o material apropriado pelas indicaes que ns dvamos, outras vezes limitvamo-nos a seguir as instrues do dono da obra ou responsvel. Quando chegava ao local de trabalho, analisava o trabalho a fazer com o meu patro, no caso de teremos trabalho para terminar do dia anterior, terminvamos e s depois comevamos um servio novo. Fazamos montagem de portas, janelas, soalho, forro de paredes e tecto, rodap, roupeiros, escadas entre outros servios. A afinao do material e aperfeioamento era feito por ns no local, quando o material era aplicado. As peas eram cortadas afinadas e colocadas no local, chumbado a cimento, aparafusado ou pregado, dependendo cada pea e local onde era aplicado. Uma porta quando montada composta pelo aro, pela porta e as ferragens, que so a fechadura as dobradias e o puxador. O aro vem da carpintaria umas vezes desmontado e outras vezes montado, depende o local e o tipo de transporte utilizado. Se vem desmontado, ns montamos no local, depois colocamos no stio, fixado com palmetas nivelado e depois chumbado com cimento. Depois do cimento estar seco, temos de afinar a porta, colocamos a porta no local e afinamos as folgas entre o aro e a porta tem de ser igual em toda a volta. Depois colocamos as dobradias, medida no cimo uma distncia de 18cm e colocada uma dobradia, depois medida uma distncia de 24cm do fundo e colocada outra dobradia, a dobradia do meio colocada ao centro das duas dobradias, entre a do cimo e a do fundo. Das 13h s 14h almoava, era um momento de convivncia entre todo o pessoal que trabalhava na obra. amos tomar o caf todos juntos e depois regressvamos ao trabalho. Despegava s 18h confraternizava um pouco com o patro e colegas, depois regressava a casa por volta das 19h, jantava, tomava banho e ia dormir.

SerralheiroTendo em conta que eu j tinha uma idade mais avanada e j era tempo de comear a planear a vida futura, considerei muitas vezes que seria uma perda de tempo o que estava a fazer, pelo motivo de no ser aquele tipo de profisso que eu pretendia fazer como futuro profissional, e como era um aprendiz no ganhava muito dinheiro, o que me dificultava a vida em termos de evoluo nas mais diversas reas. Os conhecimentos e a

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experincia adquirida, permitiu-me arranjar trabalho quando fui para a Suia, a primeira pergunta que me foi colocada na entrevista de emprego, foi se eu entendia de serralharia, mecnica e soldaduras. Alegremente disse que sim e expliquei os trabalhos que tinha realizado, foi sem dvida o bilhete de embarque na maior aventura da minha vida profissional, e que me deu acesso ao que eu considerava a primeira classe. Nesta altura em que trabalhava de serralheiro e o ordenado mal dava para as despesas, tinha a esperana que viria a ser til num futuro prximo, como no tinha estudos tentei sempre fortalecer-me com conhecimentos profissionais para que nunca me faltasse o trabalho, mas no dava para perceber que na realidade estava a construir um futuro profissional de grande valor, que me permitiu aprender e ter a formao necessria para o momento decisivo da minha vida profissional. Levantava-me s 7.30h, fazia a minha higiene diria, tomava o pequeno-almoo, e deslocava-me para o meu local de trabalho de motorizada. A viagem demorava cerca de 30 minutos. Muitas vezes e especialmente de Inverno ficava em casa do meu patro, ele dava-me dormida e alimentao, para eu no ter de me deslocar com a chuva e o frio, eram mais do que uma famlia para mim. Quando chegava ao local de trabalho, analisava o trabalho a fazer com o meu patro, no caso de existir trabalho para terminar do dia anterior, terminvamos e amos entregar ao cliente ou era programado para outro dia dependia da deslocao e da coordenao do trabalho e da disponibilidade do cliente. ramos contactados pelos clientes que pretendiam um determinado servio feito, deslocvamo-nos a casa do cliente, tirvamos as mediadas, fazamos um oramento, na data agendada comevamos a produzir o servio. O trabalho normalmente era fazer portas, janelas, portes de vrias categorias, gradeamentos, pintura de todo o material fabricado, coberturas, aplicao de ferragens, como fechaduras dobradias puxadores etc Tnhamos de cortar o material para a criao de por exemplo uma porta. Preparvamos cada pea do puzzle, eram cortadas as partes laterais, as centrais, topo e fundo, eram colocadas numa bancada e dava-se um pingo de solda, esta tcnica era para se poder colocar a estrutura em esquadria, depois comevamos a soldar cada pea at ficar uma nica pea. A estrutura depois de soldada era limada com uma rebarbadora para tirar a solda em excesso, depois era colocada a chapa que era rebitada ao ferro pela parte de fora, depois disto leva uma pintura de produto para evitar a ferrugem, deixamos secar, depois leva a tinta final cor que o cliente escolheu. Depois leva o resto da ferragem, como fechaduras, ferrolhos, puxadores, etc Depois de pronto planeada a entrega do produto ao cliente, temos de nos deslocar a casa do cliente e colocar o material no stio, pode ser aplicado de duas formas, chumbado a cimento, ou aparafusado. s 18h despegava confraternizava um pouco com o patro ramos amigos e isso era muito saudvel, ainda hoje somos grandes amigos, reunimo-nos diversas vezes para

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refeies em famlia. Terminava o dia por volta das 19h, ia para casa ou ficava em casa do patro, jantava, tomava banho e ia dormir.

Mecnico ElectrotcnicoEsta era uma nova etapa, uma nova aprendizagem, porque nunca tinha visto mquinas daquelas nem fazia ideia que tal pudesse existir. Valeu-me os conhecimentos de serralharia, mecnica, electricidade, carpinteiro, pedreiro e a grande fora de vontade de aprender para me poder dar bem na vida. Tinha de fazer algumas reparaes em placas electrnicas, como no entendia nada de electrnica, resolvi comear a fazer um curso. O meu patro tambm me ensinou bastantes coisas e existiam outras que no podiam ser reparadas nas nossas instalaes. A maior ocorrncia de problemas era os condensadores ou algumas resistncias que queimavam. Descobri que existia venda umas latas dum composto de hidrognio, comprei uma e ao aplicar o spray directamente numa placa verifiquei que ficava congelada, este produto no era condutor de energia porque era feito para remover poeiras dos quadros elctricos entre outros fins. Ento tornou-se fcil identificar problemas nas placas electrnicas, aplicava o produto numa placa e ficava congelada, de imediato aplicava a placa na mquina, onde a energia passava a placa descongelava onde a energia no passava ficava congelada e tinha o problema identificado, para comprovar media o componente e sempre batia certo. O resto era mais fcil, basicamente era a troca de peas que partiam ou se desgastavam com a utilizao ou alguns problemas elctricos com motores e fios que eram s centenas. Tinha de fazer limpeza todas as semanas s mquinas, para isso utilizava um produto chamado triclorelithylenne, este produto era altamente txico, mas eu no sabia porque no sabia Francs e ningum me explicou. Ao fim de algum tempo comecei a ter dores de cabea intensas, mal disposto, falta de apetite para as refeies, entre outros sintomas e ento resolvi procurar ajuda e tentar saber o motivo dos meus problemas, foi ento que despertei para as precaues a ter no trabalho, quando descobri o que estava a fazer. Pedi a uma pessoa colega de trabalho que me escreve-se uma carta para a direco que estava nas embalagens a pedir explicaes e possveis causas relacionadas com o meu problema, eles responderam de imediato. Explicaram a gravidade da situao e que tudo o que eu sentia era efeitos do produto, que s deveria ser usado para fins muito especficos, em locais arejados com mscaras prprias etc A partir deste momento comecei a por em prtica mtodos de segurana no trabalho e a ter cuidados a ler os rtulos das embalagens e especialmente a conhecer os smbolos.

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Deixamos de utilizar produtos txicos, substituindo por produtos base de gua, utilizvamos mscaras, culos protectores e luvas, tudo dependia do trabalho que estava a ser feito, para cada aco havia um tipo de proteco. Convenci a administrao que tinha de ser assim e eles concordaram e colocaram tudo como devia ser. Ao fim de um ano a trabalhar nesta empresa e nesta profisso, fiquei responsvel pelas compras de material para as mquinas, pelo pessoal e pelos servios a efectuar. Alem de todos os aspectos profissionais, ainda aprendi a gerir equipas de pessoas que trabalhavam por turnos. O meu patro depositou total confiana no meu trabalho e em mim, isso foi muito importante para mim, sentia uma responsabilidade muito grande, eu por vezes exagerava, porque no suportava que alguma coisa corre-se mal, tinha de estar tudo impecvel, sem falhas, porque eu no queria falhar nem decepcionar o meu patro. J sou trabalhador por natureza, nunca gostei de deixar para amanh o que se pode fazer hoje, mas aqui aprendi algo muito importante, o rigor, controle de todas as situaes, a saber calcular o risco prevendo os acontecimentos e antecipando as solues, motivao dos colegas de trabalho, saber ajudar os colegas nos momentos de dificuldade e saber pedir ajuda, lutar sempre para ser o melhor, sem ferir ningum e a ser ajudado para isso, fazer parte da equipa como um s. Aprendi que nenhum ser humano est limitado na aprendizagem que pode ter, na experincia e na qualidade profissional e humana. Tudo pode ser mudado, at mesmo a maneira de ser. Trabalhei 8 anos neste servio e empresa, o Bowling do Petit-Chenne em Lausanne (VD) na Sua. As semanas eram sempre iguais, era uma rotina para cada dia da semana e horrio, tudo se baseava em limpezas, servios de manuteno e preveno, pequenas ou grandes reparaes conforme fossem surgindo no diaa-dia. O dia de trabalho comeava tarde, porque trabalhava das 13h s 24h, apenas s segundas e quintas trabalhava pela manh, na Segunda para poder fazer uma limpeza geral nas mquinas e na quinta uma reviso ou reparaes mais complexas, isto para tentar no ter as mquinas desligadas quando havia clientes, para no haver prejuzos. Quando chegava ao local de trabalho,

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normalmente era sempre o primeiro, tinha a chave e fazia todos os preparativos para a abertura com os meus 3 colegas de servio, que chegavam pouco depois. Como era responsvel pelas mquinas tinha que me certificar que estava tudo em ordem e que nada poderia falhar, esta era a primeira tarefa do dia, verificar se estava tudo como planeado para comear mais um dia de trabalho. Tinha de fazer limpeza s pistas com rodos apropriados, depois colocava leo respeitando as normas do jogo. Verificava a agenda de servios planeados para as 12 mquinas, cada mquina tinha reparaes especficas e revises a fazer, a cada determinado volume de horas de servio, definia a escala de trabalho e marcava as mquinas para que no fossem colocadas em jogo. Tinha de planear as reparaes conforme o agendamento do pblico, para no perturbar o funcionamento, tinha de coordenar as reparaes em momentos de menos publico, ou ento tinha de fazer a reparao num curto espao de tempo, por vezes era mesmo uma aventura, ser rpido, eficaz e com uma garantia total do funcionamento da mquina na hora prometida e planeada, porque mquinas paradas significava perdas financeiras. No final de cada dia de trabalho elaborava uma lista de material a encomendar conforme ia sendo necessrio, verificava as necessidades pelo stock, procedia s encomendas para efectuar no dia seguinte. Planeava o trabalho para cada dia da semana e para cada pessoa, mas havia problemas que aconteciam que no se conseguiam planear, mas tnhamos de estar preparados para isso. O trabalho era muito rotativo e muito diversificado, nunca se fazia a mesma coisa na mesma hora nos restantes dias, as complicaes surgiam sem aviso prvio e tinha de resolver o problema em fraco de minutos ou se possvel de segundos, tinha de coordenar muito bem cada situao para no haver falhas. O trabalho poderia ser em vrias especialidades, as mquinas tem muitas peas em metal, plstico, borracha, madeira, material elctrico e electrnico. Tinha de saber trabalhar de carpinteiro, pintor, serralheiro, mecnico, electricista, informtico, e gestor, s assim poderia resolver os muitos problemas que surgiam. Uma vez por ano as pistas tinham de ser envernizadas, no inicio era uma empresa Alem que l ia fazer o trabalho, mas como era muito caro eu resolvi falar com o patro e propus-me a ser eu a fazer esse trabalho, era um trabalho muito delicado porque as pistas tinham de ser raspadas para retirar o verniz velho, tinha de fazer reparaes de

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carpintaria nas pistas, depois tinham de ser lixadas com mquinas prprias para nivelar a madeira, no poderia haver falhas nem buracos ou altos e baixos na madeira seno as bolas ao rolarem na pista iam aos saltos, depois eram polidas para ficarem com um acabamento perfeito e eram envernizadas, o verniz era despejado na pista com um regador e era espalhado com um rodo prprio.

Les machines do bowling sont trop complexes en raison de diverses technologies qu'ils utilisent et diffrent matriaux. Les travaux pourraient tre dans des spcialits diverses, ces machines ont des pices an mtal, plastique, caoutchouc, bois, quipements lectriques et lectroniques. J'ai eu de la chance davoir une connaissance et, pratique de charpentier-menuisier, peintre, serrurier, mcanicien, lectricien, et gestionnaire, pour pouvoir rsoudre les nombreux problmes qui se posent. Une fois par an, le piste devrait tre peint, au dbut tait une socit allemande qui allait faire le travail, mais comme c'tait trs cher, j'ai dcid de parler au patron et je me propose de faire ce travail, tait un travaille trs dlicate, car les pistes devaient tre gratt pour enlever le vieux vernis, et faire des rparations de menuiserie sur les pistes, puis a d tre ponc avec des machines conues pour niveler le bois, il pourrait y avoir des dfauts ou des trous. Aprs ont t polies pour rester avec une finition parfaite et sont peints, la peinture a t rpandu sur le sol avec un arrosoir et se rpandit avec une raclette propre.Este trabalho normalmente era feito ao fim de semana, o bowling fechava, comeava na sexta-feira depois do bowling fechar s duas da manh e prolongava-se pelo Sbado e Domingo sempre a trabalhar sem parar, terminava normalmente na segunda-feira por volta das 6 ou 7h da manh. Recebia as encomendas e inseria em stock atravs do sistema informtico onde contabilizava todo o processo. Estas mquinas tinham alguns defeitos de fbrica, alguns eu corrigi outros inventei peas novas e assim resolvi muitos problemas. O funcionamento deixou de ser um problema constante como quando eu para l fui trabalhar, nem tinha tempo de ir casa de banho, estavam sempre mquinas a encravar, depois de algumas invenes minhas e de ter criado peas novas, passavamse meses sem que as mquinas encravassem. Toda esta parte de inventar uma pea, desenha-la, e depois faze-la com os meus prprios meios existentes era o que me dava mais gosto fazer.

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Nem todas as peas que inventava saiam bem primeira, os meios e o material no eram por vezes os mais indicados, mas ai estava a parte mais agradvel, ter de improvisar.

Imigrao TemporriaNos anos 1985 e 1986 fui para Frana para a apanha da fruta, foi uma imigrao de pouca durao apenas dois meses por cada poca, entre Agosto e Outubro. O primeiro ano fui para Montouban, ramos cerca de 40 homens, vivamos todos numa casa apropriada para o efeito, dormamos em camas individuais e tnhamos uma cozinha comum com vrios foges e frigorficos, era tudo para uso comum, tnhamos de saber partilhar os nossos espaos com todos os outros. Alguns homens viviam sozinhos, ou seja isolavam-se nos seus cantos e ali estavam, eu sempre gostei de conviver com outras pessoas e de imediato no primeiro dia criei uma equipa de quatro pessoas, fazamos as compras em conjunto, e comamos todos juntos, para evitar desagrados na refeio dei a opinio e criei uma ementa para a semana, todos concordaram e assim comeamos a fazer e sempre correu tudo bem, em harmonia. Eu era o que tinha mais jeito para confeccionar as refeies, ento fiquei de servio, os outros, uns lavavam a loia outros arrumavam a nossa parte da casa, as tarefas eram partilhadas por todos e nunca houve qualquer problema. O sero era passado a jogar as cartas ou a contar anedotas, quarenta homens juntos num salo enorme, era uma festa todos os dias. No existiam mquinas de lavar roupa nem outras mordomias, tinha de lavar a roupa mo, passar a ferro, fazer o almoo, o jantar, fazer a cama, limpar a casa, ir s compras, enfim, tinha de cumprir com todas as tarefas domsticas e profissionais, aprendi a dar o devido valor ao sacrifcio domstico de uma mulher que tem um emprego e tem de cuidar de tudo em casa. De todas as tarefas existentes numa casa umas foi a minha av quem me ensinou, outras tive de aprender sozinho, a primeira vez que cozi arroz, eu julgava que o arroz se mantinha com o mesmo volume, ento resolvi colocar um

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pouco mais de meio pacote de arroz numa pequena panela, quando o arroz estava a ficar cozido, obrigou-me a ficar ao lado da panela, o arroz ia crescendo e eu ia tirando com uma colher, aprendi que no podemos julgar as coisas pela aparncia. A apanha da Fruta no pode ser feita de qualquer maneira, existem tcnicas e mtodos, porque uma ma se for apertada com o dedo mesmo que no seja com muita fora, fica logo pisada, e passado pouco tempo fica negro no local onde foi apertada, e de seguida apodrece.

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Captulo 3 Adulto

Imigrao, um modo de vidaNa minha juventude tudo o que tinha saia do meu trabalho, por muito que trabalhasse nunca conseguia grande coisa, ficava triste quando via colegas meus que tinham emigrado para o estrangeiro e quando regressavam vinham sempre com bons carros e compravam casa, eu sabia que nunca iria conseguir tal proeza a trabalhar em Portugal, naquela altura, assim como agora, ganhava-se muito pouco e na regio no existia muitas oportunidades de emprego, eu no tinha estudos, isso piorava a situao. J tinha estado em Frana dois meses na apanha da fruta, sabia que se emigra-se poderia ter um nvel de vida muito melhor e poderia alcanar os meus objectivos profissionais. Eu queria emigrar a todo o custo, cheguei a ir a Lisboa inscrever-me nas embaixadas de diversos pases, eles estavam a aceitar inscries, mas eu era novo sem estudos e sem grande experincia profissional, as possibilidades eram poucas. Apesar de ser muito envergonhado, o meu desejo de emigrar foi mais forte, resolvi ganhar coragem e antes do Natal de 1986 pedi a um vizinho para me levar para a Suia, o Sr. Ablino Pinheiro, ele j l estava h vrios anos e conhecia os meios para me poder arranjar trabalho, achei e bem, que seria a pessoa indicada para me poder levar. Depois de ter falado com ele fiquei um bocado desanimado, porque ele no me deu qualquer esperana, dizia que era muito difcil, que no se conseguia papeis para l estar e no era fcil arranjar trabalho. Entretanto ele foi para a Sua no dia seguinte, encontrouse l com o meu amigo de infncia, o Jos Manuel, que tinha ido para l cerca de um ms antes, conversaram e o meu amigo de infncia disse-lhe para ele me levar que no se iria arrepender e estaria a fazer o bem a algum que precisava de uma ajuda. Passadas duas semanas o Ablino veio de novo a Portugal, chegou a uma Quinta-feira, dirigiu-se ao caf do Rabaal onde por acaso estava a minha me, conversaram um

A Sua um pequeno Estado confederal localizado no centro da Europa. Possui uma rea de 41 300 km, dos quais 1 289 so cobertos por lagos e 8 700 por montanhas. O pas faz fronteira a Norte com a Alemanha, a Leste com a ustria e o Liechtenstein, a Sul com a Itlia e a Oeste com a Frana. A Sua conta com cerca de 8 milhes de habitantes . A capital administrativa Berna. Outras cidades importantes so Zurique, Genebra, Lausanne e Basileia. Na Sua fala-se o Italiano, o Alemo, o Francs e o Romanche. A Sua uma das economias mais ricas do mundo e sede de inmeros bancos privados e de organizaes internacionais. A sua histria marcada pela sua neutralidade poltica perante as outras naes e representa um marco de liberdade e de democracia para o mundo inteiro. .

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pouco e ele disse minha me para eu preparar as malas porque iria com ele para a Sua na Segunda-feira seguinte, a minha me correu para casa e deu-me o recado, abraou-me a chorar de alegria e ao mesmo tempo de tristeza por estar a perder-me de novo, porque estava a viver com a minha me um ano e ia voltar a partir, mas eram as circunstncias da vida que assim me obrigavam. Eu tambm chorei de alegria mas sem sentir nenhuma tristeza naquela hora, porque estava desejoso para partir e recomear uma nova etapa na minha vida. Quando voltei realidade surgi-o um problema um pouco grave, eu no tinha dinheiro nenhum e minha me que vivia com bastantes dificuldades, tambm no tinha possibilidades de me ajudar. Tive de ganhar coragem e fui pedir dinheiro a um amigo, que tambm ia connosco para a Sua pedi-lhe na altura 35.000$00 (175), era muito pouco mas j deveria dar para eu me remediar. Organizei toda a documentao, tive de ir a Coimbra fazer o Passaporte que tive de pedir que fosse urgente, devido ao pouco tempo que me restava, por esse motivo tive de pagar mais caro, mas era por uma boa causa, apesar de todas as correrias consegui ter os documentos a tempo e no dia combinado parti em direco Sua. Nunca tinha sentido tanta alegria na minha vida, sentia que a minha vida estava a mudar, mas no fazia a mnima ideia do que iria encontrar, o que era arrepiante mas ao mesmo tempo uma alegria inexplicvel que durou at chegar a Frana, depois o cansao j falava mais alto devido ansiedade e longa viagem, mas eu mal imaginava que ainda s estava a meio do caminho e nem imaginava que a viagem demorava 24 horas a chegar a Lausanne na Sua. Ao chegar fronteira da Sua com a Frana, tivemos de ficar parados cerca de duas horas, porque eu ia sem papis e se fosse apanhado na fronteira a tentar entrar na Sua, o meu passaporte era carimbado e eu s poderia ficar na Sua durante trs meses o que no me convinha muito. Ento ficamos espera da melhor hora, para poderemos atravessar a fronteira com a ajuda de uma pessoa que trabalhava em Frana, junto fronteira com a Sua e conhecia todos os cantos onde se poderia passar e a que horas, porque os guardas no posto de controle iam jantar entre as 20 e as 21horas, e era nesse momento que aproveitvamos a boleia. Nesse momento a ansiedade foi muito forte, essas duas horas pareciam anos que nunca mais acabavam, at que finalmente chegou o momento de atravessar a fronteira, um momento de medo, aflio e angstia apoderou-se de mim at que o carro da frente parou, esse nosso guia e disse: j no h problema, esto na Sua em Geneve e em terreno seguro. Para mim foi a concretizao de um sonho, uma alegria inexplicvel, algumas lgrimas correram pela cara abaixo, silenciosamente e no meio da escurido que se fazia sentir, despedimo-nos do senhor e retommos o nosso caminho em direco a Lausanne que ficava a cerca de 70Km de Geneve em direco a Norte. Uma hora depois chegvamos a casa do Ablino Pinheiro, que passou a ser a minha casa durante os seguintes sete anos.

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Imagem Mapa Geneve Lausanne - Paisagem da Regio montanhosa e Lac Leman. Local onde passei de Frana para a Sua. No dia seguinte comecei de imediato a procurar trabalho, o Ablino foi comigo a diversos locais e foi falar com algumas pessoas amigas, tive de esperar um ms, at que finalmente surgiu a oportunidade de ir trabalhar, o meu amigo Jos Manuel trabalhava no Bowling do Petit-Chne, saiu para ir trabalhar para outro local, antes de sair, falou com o patro se eu poderia ficar no lugar dele, o patro concordou, fui-me l apresentar, tive a sorte de ser aceite e o patro falar Galego (Espanhol) ele era Espanhol, a morada dele em Espanha era perto de Vigo, o facto de ele falar galego que praticamente Portugus, facilitou e muito o meu inicio de actividade profissional e a minha adaptao. Fui aprender mais uma profisso, Mecnico Electrotcnico, apesar de j perceber muita coisa de mecnica e serralharia, no entendia muito de electricidade e electrnica, mas a vontade de aprender era muita e o patro gostava de ensinar. Senti-me o homem mais sortudo do Mundo, estar na Sua, com emprego, a entender o patro, porque eu no sabia falar nada em Francs e estava a 10 minutos de autocarro de minha casa.

Les plus grandes difficults que j'ai ressenties quand je suis all an Suisse, ont t les financiers et les rles de la lgalisation. En Suisse, pour obtenir un emploi set un peu difficile en raison de la difficult d'obtenir un employeur qui peut faire un contrat de travail. Chaque socit pouvait faire un contrat de travail s'il avait un certain chiffre d'affaires.

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Selon le chiffre d'affaires pourraient avoir plus ou muant des contrats, dans mon cas, mon patron ne pouvait avoir plus que an contrat de travail par ne pour travailleurs trangers. A cause de sa, je reste deux ans en Suisse sans papiers, et ensuite pour ne pas prendre plus de risques, je t chercher du travail ailleurs, pour obtenir un contrat.Passados dois meses j me sentia perfeitamente integrado, sentia-me em casa, estava a aprender muito bem o Francs e estava-me a adaptar muito bem, apesar de muito lento para o meu gosto e ansiedade. So grandes as mudanas a fazer quando se entra na Sua, as regras de conduta, cumprimento e conhecimento das leis, adaptao social, o respeito pela Natureza, a adaptao alimentao. Na fase inicial para me poder adaptar mais facilmente comecei por querer entender a cultura, os hbitos, a forma de pensar e de agir do povo Suo, comecei por encontrar uma dificuldade que era o facto de existirem muitas pessoas de diferentes Pases; Italianos, Alemes, Espanhis, Portugueses, Franceses, Tunisianos, Marroquinos, indianos, Chineses, Jugoslavos (Srvios), entre outras nacionalidades. Eu lidava diariamente com pessoas das mais diversas nacionalidades, por esse motivo a minha integrao era um pouco mais complicada, devido s diversas culturas, forma como falavam porque muitos deles falavam mal o Francs e baralhavam-me, cada um tinha a sua maneira de pronunciar o Francs, quando eu estava a decorar uma palavra ou frase, vinha outra pessoa e dizia tudo de outra forma, ao mesmo tempo eu achava piada e ria-me muito com a situao, chegou mesmo a tornar-se uma brincadeira entre colegas de trabalho e alguns clientes mais simpticos. No meu local de trabalho tinha colegas de vrias Nacionalidades, um Espanhol, um Tunisiano, uma Jugoslava (Servia), um Italiano, uma Sua, um Portugus e uma Portuguesa, uma Francesa e um Marroquino. Nos momentos livres falvamos da cultura e dos costumes do Pas de cada um, era muito interessante, especialmente o Marroquino e o Tunisiano, porque so culturas e costumes muito diferentes dos Europeus. Comecei tambm a ter o entusiasmo de conhecer o Pas porque tudo o que via ao meu redor era maravilhoso as paisagens, as florestas, as montanhas, a neve, os jardins, o lago, enfim era uma beleza como eu nunca tinha visto. Mas de todas as coisas diferentes e novidade para mim, a que mais me intrigava e me fazia questionar era o seguinte;

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Em Portugal, quando vamos numa estrada ou noutro local e existirem pssaros pousados no cho ou noutro local, ainda estamos a 100 metros e as aves fogem todas com medo do ser humano, na Sua, quando andava nas ruas tinha de me desviar para no calcar os pardais e os melros que estavam pousados no cho, porque eles no se mexiam, tal era a confiana e o -vontade que eles sentiam. Para este fenmeno acontecer tinha de haver uma civilizao e respeito muito grande por parte das pessoas em relao Natureza e isso foi algo que mexeu muito comigo, deu para perceber que estava num Pas que tinha muito para me ensinar, eu tinha muito para aprender e para mudar enquanto pessoa, hbitos, forma de ser, modo de reagir com tudo o que me rodeava, percebi que tinha de aprender que a minha liberdade terminava onde comeava a de meu semelhante e da prpria Natureza, s assim eu poderia considerar-me completamente integrado e em perfeita harmonia e isso seria a base para o meu sucesso profissional e pessoal. A Sua parece um grande jardim, as ruas da cidade so aspiradas e lavadas todos os dias. Existiam vrias obras na cidade, os camies ao sarem da obra subiam para cima de um estrado metlico e os pneus eram lavados para no entrarem na estrada e sujarem o alcatro, tudo pela preveno rodoviria. Os suos adoram actividades ao ar livre, conhecem muito bem as flores e os tipos de animais. As montanhas e os vales suos so muito bem preservados ecologicamente e so lugares muito limpos. Os suos no jogam lixo para o cho e reciclam quase todo lixo que fazem. O barulho controlado pelas autoridades, a partir da hora estipulada ningum viola as regras. A culinria tpica baseada em queijo, chocolate e po. Quase toda a populao come salada e vegetais regularmente, especialmente no vero o alimento principal so as saladas mistas, tudo para uma alimentao saudvel. Os pratos que mais gostei foram a fondue e a raclette. A fondue feita com uma mistura de queijos, normalmente dos queijos Gruyre, Emmental e Vacherin que so fundidos com Kirsch (aguardente de cereja), alho e vinho

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branco, depois de derretido comido com pedaos de po. O po cortado aos bocados espeta-se num garfo prprio e molha-se no queijo derretido. Para acompanhar bebe-se vinho branco com um copo pequeno. Receita da Fondue : - 250g de queijo Gruyre - 250g de queijo Vacherin - 250g de queijo Emmental - 1 Dente de alho - Pimenta a gosto - 1 Pouco de noz-moscada - 1 Colher de ch de amido de milho - 1 Clice de aguardente de cereja - 1 copo pequeno de vinho branco seco Modo de Preparar: Esmagar bem o alho, de preferncia eu costumo utilizar alho em p. Ralar os queijos em tiras finas, juntar a aguardente de cereja, o vinho branco, e o amido de milho dissolvido. Acrescentar a noz-moscada e a pimenta. Coloca-se no fogo durante trs minutos de fervura para uma ligeira cozedura do vinho e dos outros ingredientes, depois coloca-se sobre o rchaud (pequeno fogareiro de lamparina a lcool prprio) tendo o cuidado de manter a chama sempre baixa, a uma temperatura ideal para manter o queijo derretido e homogneo, mas que possamos comer sem nos queimarmos. Na preparao de outros pratos utilizam temperos base de ervas aromticas das quais eu no gostei nada. Dentro de casa a vida dos suos muito desenvolvida e partilhada por todos. Todos tiram os sapatos ao entrar dentro de casa, vem televiso em famlia, cada um arruma seu quarto e tem suas tarefas distribudas. Os Suos so fiis aos direitos humanos, ningum passa necessidades na Sua, mas tambm exigem a todo o ser humano, que cumpra com suas obrigaes, cuidar da natureza, trabalhar e ajudar o prximo. Os Suos cumprem o servio militar durante toda a vida, um ms por ano dedicado ao servio militar. Os Suos so pessoas simpticas, mas muito fechadas em seu ncleo de amigos, so muito prudentes e regra geral no gostam muito de estrangeiros, pelo motivo de ns seremos o inverso deles, o que eles mais preservam muitos de ns s pensam em estragar e no se interessam pela limpeza das ruas ou pelo futuro da Natureza. Os camies de transportes internacionais que pretendam atravessar a Sua por exemplo para se deslocarem para a ustria tero de faze-lo de comboio, doutra forma no o podem fazer, proibido, porque desta forma no vo fazer poluio ao atravessar o Pas, tudo em nome da preservao do Ambiente. O que mais me chocou, que no so s os de nacionalidade sua que so muito

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civilizados, os prprios portugueses que l vivem, enquanto l esto tm comportamentos civilizados porque as leis assim obrigam. J em Portugal, os mesmos emigrantes no tm tais comportamentos, porque as leis so mais suaves e muita coisa est por fazer, principalmente a mudana de mentalidade.

Formao ProfissionalNa Sua, eu trabalhava como mecnico electrotcnico no Bowling do Petit-Chne em Lausanne (VD), o meu patro na altura resolveu modernizar as mquinas e j vinham equipadas com computador, eu tive de frequentar um curso de informtica para me poder adaptar e entender as novas tecnologias e poder reparar as novas mquinas. Nessa altura tinha de vir a Portugal 3 meses, era o tempo de espera entre um contrato e o outro, porque os contratos eram de 9 meses, aproveitei e comecei a frequentar um curso de informtica, tinha o MS-Dos, Wordstar, Lotus 123 e o Dbase III. Quando regressei Sua j tinha o curso feito mas pouco tinha praticado por no ter computador, de seguida fui Alemanha para aprender a calibrar e configurar os novos sistemas nas instalaes do fabricante das mquinas. Nesta altura tomei o gosto pelas novas tecnologias e resolvi evoluir um pouco mais, inscrevi-me numa escola a "Ecole des Arches" em Lausanne que ficava a cerca de 800 metros do meu local de trabalho, fui fazer um curso de programador, o curso tinha diversas reas e linguagens de programao, era de trs anos, eu escolhi: Gesto de Projectos, Gupta SQL, MagicSoftware, Pascal, Sistemas Operativos, Bases de Dados, Hardware e Redes. Para poder ter sucesso no meu curso tinha de praticar alem de ter muitos trabalhos de casa para fazer, ento tive de comprar o meu primeiro computador, ainda hoje o tenho e a funcionar, um laptop da Olivetti tipo computador porttil, naquele tempo j era uma boa mquina, tem 4 Mb de RAM, um disco rgido de 20 Mb e com o sistema operativo em Dos V6.2 FOTO DO COMPUTADOR. MEU 1

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Tinha-mos de fazer trs projectos finais, em diferentes linguagens de programao, desmontar e montar computadores, resolver avarias que eram provocadas pelos professores e montar uma rede com 10 postos de trabalho. O gosto pelo desenvolvimento de software de Gesto foi mais forte, tem sido a minha principal actividade desde 1995. Nesta fase da minha vida deu para compreender a importncia de algo que normalmente nunca damos grande valor, e nunca tentamos compreender o seu verdadeiro significado e utilidade, no entanto est em tudo o que nos rodeia; o nmero. Para se poder fazer programao temos de aprender algo que para mim era impensvel at a esta data. Os computadores trabalham com um sistema incrvel, que utiliza apenas dois valores para manipular qualquer informao. Isso quer dizer que todas as operaes que o computador faz, desde permitir-nos a escrever um simples texto at jogar jogos 3D so realizados utilizando apenas dois valores, que por conveno so os dgitos 0 (zero) e 1 (um). Este sistema conhecido como sistema binrio, ou seja, so apenas dois dgitos que compem os dados. O menor fragmento de dados usado o Bit, que vem do ingls Binary Digit. Logo, um Bit significa ou ligado ou desligado, 1 ou 0. Entretanto 1 bit no constitui um dado, nem um arquivo. A menor unidade de dado armazenvel o byte. Um byte representa um caractere armazenado no computador. Para representar um conjunto completo de caracteres e algumas teclas de comando, como o enter e esc, necessrio um conjunto de 256 caracteres. Ou seja, para representar todas as letras (a,b,c,d), nmeros (1,2,3,4), smbolos (%,,*,$) e teclas de comando (esc, enter) essenciais necessrio um espao para 256 caracteres. So os bits que formam qualquer informao, porm, um bit sozinho no faz nada, apenas um sinal qualquer. Para que os bits possam realmente formar uma informao, precisam ser agrupados, reunidos. Esses grupos podem ser de 8, 16, 32 ou 64 bits. Quanto maior a palavra, maior ser o nmero que se pode trabalhar. Por exemplo: com palavras de 16 bits pode-se trabalhar com nmeros decimais at 65.536. preciso frisar aqui que apesar de um determinado PC usar palavras de 8 bits, por exemplo, no significa que o processador desse PC ficar restrito a nmeros decimais inferiores a 256. Simplesmente significa que ser necessrio usar duas ou mais palavras para representar nmeros maiores. Dessa forma certo dizer que um processador de 32 bits mais rpido que um de 16 bits, pois, este ltimo ser obrigado a dividir nmeros maiores (acima de 65.536) em nmeros menores que sejam possveis de se manipular com 16 bits, o que levar mais tempo. A partir deste funcionamento todo o resto se baseia em matemtica, quer queiramos ou no. A programao sem matemtica no seria possvel, a primeira vez que o meu professor me falou que eu tinha de saber muita matemtica para poder programar, pensei, bom estou feito, mas no. A matemtica a cincia que estuda os nmeros e os clculos. O homem desde a antiguidade que necessita de utiliza-la para facilitar a sua vida e organizar a sua sociedade.

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Os Gregos desenvolveram vrios conceitos matemticos, os Egpcios as usaram na construo de canais de irrigao, diques, pirmides, estudos de astronomia, etc. Nos dias de hoje esta cincia est presente em vrias reas, como por exemplo a arquitectura, a medicina, a informtica, o comrcio, a astronomia, a qumica, a fsica, a administrao, cincias, etc. Ou seja, pode-se dizer que em tudo o que vemos existe a matemtica, eu no consigo imaginar como seria o homem sem a matemtica. O desejo e a necessidade de manter registos de bens, comrcios, gados e outros, fez nascer a numerao escrita dos egpcios. Que primeiramente eram registadas com marcas em ossos, ns em cordas, traos em paus, pedras, etc. O avano da matemtica comea com a criao dos nmeros naturais, sendo sucedido pelos sinais, fraces e extraces de razes quadradas e cbicas. Tais desenvolvimentos so resultados de muitos esforos e vrias mudanas dos povos citados (egpcios, babilnios, gregos e hindus). At chegar ao que se v hoje, os nmeros passaram por vrias mudanas. Uma grande contribuio da matemtica rabe foi os algarismos indo-arbicos que so os algarismos que usamos hoje: 1,2,3,4,5,6,7,8,9,0. Outra rea em que os cientistas do mundo islmico se destacaram foi na trigonometria (estudo e clculo com ngulos e tringulos no plano e na esfera). As aplicaes em vista eram vrias, principalmente no domnio da astronomia, da geografia e da cartografia. O ser humano precisa da Matemtica no seu dia-a-dia, em tudo o que faz, sempre existe uma conta a tratar. No inicio utilizava-se o baco, um dos primeiros sistemas de clculo, hoje em dia utilizamos as mquinas calculadoras os computadores etc. Baseado em alguma matemtica, em zeros e uns, desde essa altura desenvolvi Software para as seguintes actividades:

SH FH FI FL FB FT FA FQ FF FM FSS

SOFTWARE PARA HOSPITAIS GESTO HOSPITALAR (Base) GESTO DE ESPECIALIDADES MDICAS (P/Especialidade) GESTO DE FARMCIAS GESTO DE BLOCO OPERATRIO GESTO DE FISIOTERAPIA GESTO DE COZINHAS GESTO DE QUARTOS/CAMAS AMBULNCIAS/FROTAS MANUTENO E EQUIPAMENTOS SEGUROS E SUBSISTEMAS

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SCC FO FC FI FL FB FT FA FQ FF FM FSS FE FAS FCT FI

PARA CLINICAS/CONSULTRIOS GESTO DE CONSULTRIOS GESTO DE CLINICAS GESTO DE ESPECIALIDADES MDICAS (P/Especialidade) GESTO DE FARMCIAS GESTO DE BLOCO OPERATRIO GESTO DE FISIOTERAPIA GESTO DE COZINHAS GESTO DE QUARTOS/CAMAS AMBULNCIAS/FROTAS MANUTENO E EQUIPAMENTOS SEGUROS E SUBSISTEMAS ENFERMAGEM APROVISIONAMENTO CONTROLO DE ACESSOS/QUOTAS INDICADORES DE GESTO

GC GCS GCG GI GM GF GP GD GA

GESTO COMERCIAL - VERTENTES GESTO COMERCIAL ESPECIFICA GESTO COMERCIAL GERAL GESTO DE IMOBILIZADO GESTO DE MANUTENO GESTO DE FROTAS GESTO DE PROJECTOS GESTO DOCUMENTAL GESTO DE ARMAZNS

V GH GG GP GE GT GA GRC GO GTP GRE

OUTRAS APLICAES VERTICAIS GESTO DE HOTELARIA GESTO DE GINSIOS GESTO DE PISCINAS GESTO DE EDUCAO GESTO DE TELECOMUNICAES Lojas GESTO DE AUTARQUIAS GESTO DE RENT-A-CAR GESTO DE OFICINAS GESTO DE TIPOGRAFIAS GESTO DE RESTAURAO

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GFQ GMS GCC GDP

GESTO DE FBRICAS (Produo) GESTO DE MUSEUS GESTO DE CONSTRUO CIVIL GESTO DE FEDERAES DESPORTIVAS

Ferramentas de TrabalhoQuando andava a fazer o curso analisei qual seria a melhor ferramenta de trabalho para eu poder utilizar, informei-me com os professores e eles aconselharam-me o Magic eDeveloper, no tinha cdigo fonte, e era muito fcil de utilizar, a produtividade era muita acima da mdia do mercado e era uma linguagem de programao em plena evoluo e o melhor, que no tinha de estar a pensar nos zeros e uns. O Magic eDeveloper foi a tecnologia que mais me convenceu apesar das dicas dos meus professores, de confirmarem e provarem isso durante todo o curso.

Magic eDeveloper resume-se seguinte tecnologia:Linguagem ps 4 gerao orientada para objectos, destinada ao desenvolvimento, execuo e actualizao de aplicaes, com produtividade muito superior mdia do mercado. O Magic utilizado nas mais diversas reas da economia, como informa a publicao americana DMBS, ao afirmar que o Magic virtualmente ilimitado no seu potencial de desenvolvimento. O aumento da produtividade que resultante da reduo do prazo de entrega dos produtos ao cliente, o grande diferencial em relao concorrncia. Possuindo um sistema de arquitectura code free (dispensa codificao), o Magic foca-se no produto. Ou seja, quando o programador pensa quais as necessidades da aplicao a ser desenvolvida, ele j est a desenvolver o programa, eliminando o vai e vem entre a codificao, compilao e testes, fases completamente automatizadas pelo Magic.

Benefcios: Alta velocidade de Programao e manuteno. 100% de interoperabilidade . Programao orientada para objectos sem cdigo. Portabilidade entre sistemas operativos. Todos os programas funcionam com os conhecidos sistemas de bases de dados : Microsoft SQL, Pervasive SQL, Cache Intersystems, Oracle, MySql, etc..

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Componentes do eBusiness PlatformMagic eDeveloper O corao do eBusiness Platform, Magic eDeveloper um ambiente nico de desenvolvimento que permite a rpida criao e customizao de larga escala e aplicaes de complexa distribuio (complex distributed). Magic Aplication Server O Magic Application Server oferece aos clientes uma poderosa plataforma aberta. Ele est integrado a um Application Server, permitindo conectividade de dados com ambiente existente. Clientes O cliente Magic pode ser um Browser, desktop GUI, WAP ou outra tecnologia futura, que permita o usurio operar a aplicao desenvolvida com Magic eDevoloper. Um amplo conjunto de funcionalidades embutidas para usurios finais tal como Record Locating, Sorting, Ranging, Viewing by Keys, modificao automtica de dados, criao e classificao esto includos. Middleware e Componentes Request Broker do Magic (Message Oriented Middleware) fornece a tecnologia middleware necessria para construir aplicaes destruidas. Magic tambm suporta middleware standarts, incluindo CORBA, Enterprise JavaBeans e est integrado com MQSeries da IBM e DataQueue (AS/400). O Magic eDeveloper caracteriza por uma estrutura componente, permitindo ao programador construir facilmente novos componentes de aplicao e integrar componentes de aplicao externos e outros processos do negcio. ERP e integrao com sistemas Modulares O Magic eBusiness Platform pode ser facilmente e rapidamente integrado com ERP e outros sistemas legados, protegendo os investimentos do passado e permitindo as organizaes integrar solues para manter a integridade das informaes do negcio.

MetodologiaO MAGIC tem uma metodologia de desenvolvimento sem igual, que tem provado a sua eficincia e estabilidade ao longo dos ltimos dezoito anos, enquanto acompanha os passos das mais novas tecnologias. MAGIC tem um paradigma de desenvolvimento rpido e fundamentado em trs princpios: Uma metodologia de programao dirigida a tabelas (table-driven); Um conjunto reduzido de operaes; O ciclo de programa MAGIC padro;

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Estes trs elementos so a Repositrio MAGIC - um que contm o aplicativo inclusive seus modelos, programas, menus, etc.

base do arquivo inteiro, tabelas,

O programador preenche um conjunto de tabelas interrelacionadas e assim define toda a lgica e regras do sistema. Esta abordagem, sem igual faz o MAGIC eDeveloper ter uma programao rpida, eficiente e sem esforo. Esta tcnica de programao directa e livre de cdigo, permite ter uma curva de aprendizagem pequena e fornece programas claros, que so fceis de manter, at por programadores que no esto familiarizados com os aplicativos. Os programas so mantidos por um kit de ferramentas de desenvolvimento de alto nvel ao longo de toda a vida do aplicativo. No existe nenhum cdigo 3 ou 4GL que tenha de ser compilado e linkado. MAGIC eDeveloper tem uma arquitectura que prev portabilidade fcil entre plataformas e diferentes bancos de dados. Fornece uma poderosa conectividade com sistemas modelares e bases de dados, como tambm conectividade com tecnologias modernas de padro como J2EE

Magic Database GatewaysComo um produto de sistema aberto, Magic desenhado para trabalhar com grandes sistemas de gesto de base de dados relacionais e sistemas de gesto de arquivos (ISAM & RDBMS). Ele obtem isso atravs de mdulos de gateway de base de dados especficos para cada RDBMS e sistema Modular. Este Magic Database Gateways serve como uma ponte entre desenvolvedores Magic que podem aceder vrias bases de dados. O Magic oferece uma das mais amplas gamas de suporte a bases de dados da indstria, com altamente optimizados gateways de bases de dados especficos e gateways de ODBC para o cliente e para o servidor. O prprio Magic gateway processa cada pedido base de dados de maneira mais apropriada para o RDBMS proprietrio especfico ou sistema de gesto de arquivos. Todos os Magic Database Gateways esto disponveis para desenvolvimento e execuo. O programador dispe dos gateways requeridos para ir buscar o requerimento de base de dados da aplicao. Instalando gateways adicionais o programador pode facilmente mudar de uma base de dados para uma outra usando a metodologia de desenvolvimento visual do Magic. na rea de Cliente/Servidor e Web que a simplicidade, a potncia, a elegncia da arquitectura, o conceito, e as facilidades do Magic se torna clara. Simplesmente instalando o gateway apropriado sobre o sistema do cliente desejado, e especificando atravs de tabela de

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entrada o nome e a localizao do server do Repositrio Magic, qualquer cliente Magic pode imediatamente executar a aplicao.

Magic oferece suporte s seguintes bases de dados:Oracle, MS-SQL Server, Cache, ODBC, Informix, DB2, DB2/400, Pervasive.SQL, C-ISAM, MySql, entre outros. Aceitei os concelhos que os meus professores me deram na escola e no me arrependi com a escolha. O software que eu mais gostava de fazer era de Gesto Empresarial, para isso foi uma mais-valia a formao em Gesto de Empresas, mas tambm tudo o que aprendi no Bowling du Petit-Chne onde trabalhava, era uma grande sala de jogo, tinha um bar entre outras actividades comerciais, durante os oito anos que l trabalhei deu para ficar a conhecer todas as frmulas do negcio. Com o decorrer dos anos fui sempre actualizando os meus conhecimentos e melhorando em termos de tecnologia, fui sempre seguindo cursos que me permitiram estar sempre actualizado e que facilitavam o desenvolvimento da minha actividade e evoluo profissional, como: Comrcio Electrnico Internet & E-Business Sistema Operativo Linux Programao para Internet em MagicSoftware Processos de qualidade em engenharia de Software Segui outras formaes paralelas conforme ia sendo necessrio para as minhas actividades profissionais; Tcnicas de Vendas Relaes Publicas Gesto de Empresas Web Marketing e E-Business Chefe de Equipas de Vendas

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O Meu CasamentoConheci a minha esposa na praia da Figueira da Foz, namoramos durante dois anos e depois resolvemos casar. Na altura desta deciso j tinha estabilidade na vida profissional e tinha algumas economias para poder realizar o casamento, coisa que antes de ir para a Suia seria impossvel casar por no ter dinheiro e no podia contar com ningum para me fazer o casamento. Tinha conscincia que muita coisa ia mudar na minha vida, at aqui estava habituado a uma vida solitria, a partir deste momento deixava de estar sozinho e passava a estar acompanhado, isso implicava muita coisa. Passaria a partilhar tudo na minha vida, tinha de respeitar a privacidade dela e tinha de ter em conta que a minha liberdade terminava onde comeava a dela. A alegria era enorme passava a ter uma famlia e a responsabilidade mudava completamente para sempre. Esta era de facto uma grande mudana e o planeamento mais importante que tive na minha vida. Como no tinha ningum para me preparar o casamento, tive de ser eu a tratar de tudo. Na Sua falei com o meu patro e pedi uns dias de frias para poder tratar das coisas em Portugal. Eu e a minha esposa (namorada na altura) comeamos a tratar de tudo em conjunto, tnhamos de ir a umas reunies com o padre e assim fizemos, depois marcar a data do casamento, verificar a disponibilidade na Igreja e dos nossos familiares para tudo dar certo. Depois de termos a lista de casamento j sabamos mais ou menos com quantas pessoas iramos contar, ento fomos tratar do restaurante, tnhamos de ver a relao preo qualidade e em diversos restaurantes, optamos pelo restaurante pingo em An (e no me arrependi). Combinamos com o restaurante quantas pessoas seriam em nmeros redondos e uma semana antes iramos confirmar o nmero de pessoas ao certo, para pagar apenas o que seria justo. Identifiquei todos os custos que iria ter, para isso

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fiz um pequeno oramento para no me perder e no gastar mais do que devia, porque as possibilidades no poderiam ir muito alm do que estava programado. Preparamos tambm uma viagem Ilha da Madeira em lua-de-mel, foi uma viagem muito bonita, percorremos a ilha toda, e provamos um pouco de tudo, da gastronomia aos vinhos e licores. Depois de toda esta festa eu tinha de voltar ao trabalho, regressar Sua. A minha esposa foi comigo, antes de eu vir para Portugal para me casar j tinha alugado casa a contar com a minha nova vida, j tinha preparado tudo a contar com a minha cara-metade, tudo isto era muito estranho para mim, mas muito agradvel. Depois de l estarmos a minha esposa no se sentia muito bem, tinha saudades dos pais, ela nunca tinha sado de Portugal e no era fcil para ela, como eu no a queria ver triste combinamos regressar a Portugal. Os meus sogros propuseram que ns ficssemos em casa deles a viver, ns aceitmos e tudo correu bem.

Regresso Definitivo a PortugalNo foi fcil o regresso a Portugal, primeiro porque eu gostava muito da Suia foi um Pas que me marcou, pela organizao pela beleza, enfim por tudo o que j mencionei. A chegada a Portugal foi um regressar s origens e sempre gostamos da nossa terra Natal, mas eu j me tinha adaptado a outro nvel de organizao em todas as reas. De repente senti-me recuar no tempo, regredir, foi nesta fase que senti a diferena evolutiva entre Portugal e a Sua. Eu estava habituado a no ver ningum deitar papeis para o cho ou outro lixo qualquer, quando algum tinha um co e ele fazia as necessidades o dono apanhava de imediato. Em Portugal era tudo ao inverso, qualquer tipo de lixo era jogado para o cho e em qualquer lugar. A readaptao s burocracias, falta de simplificao, foi uma tarefa difcil, por exemplo eu no entendia e continuo-o a no entender, porque quando marcava uma consulta tinha de ficar semanas ou meses espera, quando na Sua eu marcava uma consulta e era atendido no dia seguinte ou dois ou trs dias depois.

Adaptao a nova ProfissoMas no baixei os braos, tomei uma boa dose de coragem e fui luta, primeiro ponto procurar trabalho, o que consegui duas semanas depois de ter comeado a procurar. Fui trabalhar para a Promei, uma empresa de reparao e fabrico de equipamentos Hospitalares, mais uma vez, valeu os conhecimentos de serralheiro, carpinteiro e mecnica, mas o objectivo principal pelo qual fui contratado era para trabalhar na informtica, mas fiz muito pouco nesta rea.

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Era uma rea muito pouco desenvolvida nesta empresa, quando a administrao viu os meus conhecimentos sobre outras actividades e a minha adaptao e aprendizagem, fui de imediato abrangido a todas as reas dentro da empresa. Esta foi uma boa experincia, j ganhava bem, mas sentia-me mal frustrado, tinha acabado de gastar mil e quinhentos contos (7500) num curso de informtica e queria evoluir aprender mais, mas eles no tinham nada para me dar e esse foi um momento de revolta e da deciso de um novo rumo. Mesmo nestas condies ainda estive quase dois anos nesta empresa, acabei por me habituar e fui andando, cheguei a estar no quadro da empresa, e at tinha alguma garantia de futuro, mas a ansiedade de evoluo informtica falava mais alto. No trabalho era tudo um pouco sorte, tipo vamos andando e vendo, eu por exemplo passava dias inteiros na empresa e at semanas sem ter nada para fazer, no entanto os meus colegas saiam para os hospitais para fazerem reparaes, no mnimo eu poderia ir com eles a ajudar, desta forma passava o tempo, era til, ia evoluindo porque ia aprendendo coisas novas e o trabalho era feito mais rpido logo todos tnhamos mais disponibilidade e rentabilizvamos mais a empresa.

Salo de CabeleireirosA minha esposa estava a trabalhar num salo de cabeleireiros, uma colega de trabalho dela, convidou-a para abrirem um salo sociedade. Fizemos a criao da empresa que ficou com o nome de Patrival Cabeleireiros, Lda. Arranjamos um espao para o salo, e necessitvamos de equipamentos, pedimos alguns oramentos a diversas empresas do sector e conclumos que a melhor opo seria comprar equipamentos usados, porque um salo de cabeleireiros demora cerca de um ano para conseguir ter uma clientela estvel que garante os rendimentos para as despesas, os equipamentos novos so muito caros e o esforo seria muito maior. Encontrmos uma empresa que tinha fechado e pretendiam vender os equipamentos, negocimos e chegamos a acordo, na altura foi um bom negcio, os equipamentos estavam como novos e foi uma grande ajuda para o inicio de carreira da minha esposa. Entretanto a scia da minha esposa resolveu sair da sociedade, a minha esposa ficou sozinha com a empresa. Crimos uma nova empresa s da minha esposa, falmos com o senhorio para refazer um novo contrato de arrendamento do espao e alteramos o alvar de licenciamento do espao comercial. Sempre que ela precisa dou-lhe apoio em alguns documentos burocrticos, ou a fazer algumas reparaes, mas ela que gere o negcio.

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A ReligioNeste meio no h vencidos nem vencedores nas opinies formadas, todos somos filhos de Deus e devemos agir com humildade com todos e tentar sermos compreensivos e aceitar a opinio de cada um. A minha formao de base na vida religiosa foi na igreja catlica, mas sempre tive muitas dvidas s quais nunca tinha resposta. Na tentativa de compreender o que os padres nem ningum me sabia explicar ou no queriam, eu questionava sempre as pessoas, por exemplo, porque umas crianas nascem saudveis e outras nascem deficientes, porque a professora na escola ensina da mesma forma todos os meninos, quando explica para todos e porque uns aprendem to facilmente e outros no, o porqu dessa evoluo to diferenciada. Porque motivo umas pessoas so cegas e outras no, que sempre ouvi o padre dizer missa que Deus Amor e nos ama muito, ento porque motivo no somos todos saudveis, felizes e sem problemas, que tipo de pai esse? Porque umas pessoas so ricas outras pobres, porque umas tem o suprfluo e outros no tem mesmo o necessrio mesa. Porque umas pessoas parece nada fazerem para conseguirem as coisas e tudo vem parar s suas mos sem qualquer dificuldade, outras pessoas lutam de dia e de noite e nada conseguem, sempre existe uma fatalidade que termina com os sonhos e com as lutas que se travaram para conquistar um determinado objectivo social ou bens materiais, muitas vezes apenas a luta pela sobrevivncia e pelo necessrio vida. Muitas pessoas j ficariam contentes com um tecto para dormir e o po na mesa, mas quantas so as famlias que nem isso consegue, muitas conseguem mas com muito sacrifcio e muito sofrimento. Por que, na mesma famlia, parentes e irmos, sados da mesma carne e do mesmo sangue, diferem essencialmente sobre tantos pontos? Tinha de haver outra explicao, nada batia certo e eu precisava de respostas. Quem que, nas horas de silncio e recolhimento, nunca interrogou natureza e ao seu prprio corao, perguntando-lhes o segredo das coisas, o porqu da vida, a razo de ser do universo? Onde est aquele que jamais procurou conhecer seu destino, levantar o vu da morte, saber se Deus uma fico ou uma realidade? No seria um ser humano, por mais descuidado que fosse, se no tivesse considerado, algumas vezes, esses tremendos problemas. A dificuldade de os resolver, a incoerncia e a multiplicidade das teorias que tm sido feitas, as deplorveis consequncias que decorrem da maior parte dos sistemas j divulgados, todo esse conjunto confuso, fatigando o esprito humano, os tm relegado indiferena e ao cepticismo. O que importa ao homem saber, acima de tudo, o que ele , de onde vem, para onde vai, qual o seu destino. As ideias que fazemos do universo e de suas leis, da funo que cada um deve exercer sobre este vasto teatro, so de uma importncia capital. Por elas dirigimos nossos actos. Consultando-as, estabelecemos um objectivo em nossas vidas e para ele caminhamos. Nisso est a base, o que verdadeiramente motiva toda civilizao.

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Mas, a dificuldade em resolver esses problemas, muito frequentemente, nos faz rejeitlos. A opinio da grande maioria vacilante e indecisa, seus actos e caracteres disso sofrem a consequncia. o mal da poca, a causa da perturbao qual se mantm presa. Tem-se o instinto do progresso, pode-se caminhar mas, para chegar a onde? nisto que no se pensa o bastante. O homem, ignorante de seus destinos, semelhante a um viajante que percorre maquinalmente um caminho sem conhecer o ponto de partida nem o de chegada, sem saber porque viaja e que, por conseguinte, est sempre disposto a parar ao menor obstculo, perdendo tempo e descuidando-se do objectivo a atingir. A insuficincia e obscuridade das doutrinas religiosas e os abusos que tm engendrado, lanam numerosas pessoas ao materialismo. Cr-se, voluntariamente, que tudo acaba com a morte, que o homem no tem outro destino seno o de se esvanecer no nada. Eu precisava de conseguir encontrar uma oposio flagrante experincia e razo que tantos falam, que est destituda de toda noo de justia e progresso. Se a vida estivesse circunscrita ao perodo que vai do bero ao falecimento, o homem no teria outra lei seno a de seus instintos, apetites e gozos. Onde estariam a felicidade a concretizao de uma vida bela e plena, uma vez que somos todos filhos de Deus, no haveria direitos de igualdade para todos. Sempre considerei que se tudo terminasse com a morte o ser no teria nenhuma razo de se constranger, de conter seus instintos e seus gostos. Fora das leis terrestres, ningum o poderia deter. O bem e o mal, o justo e o injusto se confundiriam igualmente e se misturariam no nada. Sempre ouvi falar de outras religies, vi muitas vezes pessoas se zangarem por causa de discusses sobre a religio, mas o pior de tudo que as pessoas discutem e criticam outras religies diferentes da que praticam sem saberem nada sobre os seus princpios e fundamentaes. Para se ser um crtico de uma determinada religio, devemos ter conhecimentos profundos do que criticamos ou avaliamos, foi essa a razo que me levou a ler e fazer algum estudo sobre outras religies e especialmente ler os seus livros de orientao religiosa, apesar disso, no ser o suficiente para ser um crtico, permite apenas ter uma opinio que serve apenas de orientao pessoal. Na Igreja catlica sempre falavam que na bblia est a resposta para tudo, o que eu no concordava, pois no encontrava respostas com lgica para as minhas diversificadas perguntas. A religio catlica venera a bblia assim como outras religies, a Bblia (que o nome quer dizer simplesmente: O Livro) na verdade uma biblioteca, reunindo os diversos livros da religio hebraica. Representa a codificao da primeira revelao do ciclo do Cristianismo. Livros escritos por vrios autores esto nela coleccionados, em nmero de 42. Foram todos escritos em hebraico e aramaico e traduzidos mais tarde para o latim, por So Jernimo, na conhecida Vulgata Latina, no sculo