autobiografia não autorizada

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Você pode estranhar e se perguntar: “O que um cara de 35 anos pode contar sobre sua vida?”. Pois é, a ideia de um livro que narra a vida de um humorista por ele mesmo é curiosa justamente pelo ponto de vista cômico impresso no DNA do artista. É isso que acontece com Autobiografia não autorizada, de Oscar Filho. Provavelmente a primeira biografia nacional de um jovem humorista que conta experiências como passar o aniversário de 5 anos num centro espírita e ter sido mandado pra diretoria já no primeiro dia de aula. Acha pouco? E que tal ele ter sido atropelado por uma carroça e interpretado uma cena de teatro no Juizado de Menores? Ah, também teve seu nome tatuado nas costas de uma fã. Oscar conta ainda sua nada agradável experiência de entrar para o CQC. Enfim, são 100 histórias bizarras, engraçadas e divertidas, independentemente do fato de você já ter ouvido falar no autor ou não.

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Page 1: Autobiografia não autorizada

www.oscarfilho.com.br

Vivian de Moraes é jornalista, escritora independente e irmã do autor há muitos anos.

Em tempos de discussão sobre os limites das biografias, Oscar Filho foi mais esperto. Ele mesmo escreveu a sua, e “não autorizada”. Talvez queira processar a si mesmo e retirar os livros de circulação. Mas acho improvável. É óbvio que ele não se leva a sério e conta apenas acontecimentos engraçados de sua vida. Depois de ler este livro, percebi que ele aprendeu a rir das desgraças porque, quando pequeno, não sabia perder.

Como naquela vez em que eu estava na sala de casa vendo um show de rock na TV, e o Junior – é assim que o chamamos em família – queria ficar comigo. Não que quisesse me fazer companhia, ele queria me azucrinar a paciência. Fazia de tudo para não me deixar ver o show. Naquela época, não tínhamos videocassete para gravar o programa nem havia YouTube para assistir em outra hora. Eu gritava para ele sair da sala, empurrava, ameaçava contar para os nossos pais. Como nada surtia efeito, tive que apelar. Peguei o pentelho pela camiseta, coloquei para fora da sala, tranquei a porta e, finalmente, pude curtir o show sozinha... por dois minutos. Foi esse o tempo que ele precisou para ir até o quadro de força e desligar a chave geral. Logo depois, ainda gritou: “Agora quero ver você ver televisão sem luz”. E riu, vitorioso!

A vida do Oscar já renderia boas risadas, mas, contadas por ele mesmo, viram as melhores piadocas entre todas as que você já ouviu no CQC, na internet ou em suas apresentações de stand-up.

Aqui é reservado para os autores se apresentarem. Mas, como este livro é uma autobiografia, eu já falei muito sobre mim. Portanto, reservei este espaço para ganhar uma grana.

espaço publicitário

benvira.com.br

@benvira/benvira

ISBN 978-85-8240-099-9

9 7 8 8 5 8 2 4 0 0 9 9 9

Engraçado, inteligente, genial... são algumas das qualidades que o Oscar carrega em sua carreira.

Eu estou falando de Oscar Filho, não de Oscar Junior, aquele ser humano de carne e osso que você pouco conhece.

Este segundo está descrito neste livro em uma linguagem que, tenho certeza, mudará a maneira de escrever

autobiografias. Agora ele será lembrado eternamente. Li toda a sua vida neste livro em apenas duas horas

e achei simplesmente brilhante!!!

(Sim, eu me referi a mim mesmo neste texto em terceira pessoa.)

oscar_capa_16x23.indd 1 12/03/14 15:33

Page 2: Autobiografia não autorizada
Page 3: Autobiografia não autorizada
Page 4: Autobiografia não autorizada

Dedico este livro a Dustin Hoffman e Angela Ro Ro.

Page 5: Autobiografia não autorizada

PREFÁCIO por Danilo Gentili ..........................11

PRÓLOGO .......................................................... 15

0ANO A escolha do nome ........................ 19

5MESES Primeira foto .................................. 21

1ANO Melhor só... .....................................23

2ANOS Meu primeiro amigo .....................25

3ANOS Quem tudo quer... ..........................27

4ANOS Filho de peixe... ... ..........................29

5ANOS Festa de aniversário ...................... 31

Parando a discussão dos pais ...... 33

Influência da TV ............................ 35

6ANOS Brincando de Tarzan .................... 37

Vendendo a casa ............................39

7ANOS O gene da independência ............. 41

Separação dos pais ....................... 44

Primeira vez na diretoria .............46

8ANOS Primeira carta de amor ................49

9ANOS Primeiro contato com a morte .... 53

10ANOS Planeta Chupão..............................55

11ANOS Fera do judô .................................... 57

História de um campeão

mirim ...............................................58

12ANOS Cinco minutos ................................ 61

O Carteiro Mascarado ..................64

Videocassete ...................................66

Fã no 1 do Super-Homem ..............68

13ANOS Aulas de datilografia .....................69

Começo de carreira ....................... 71

Bilhetinhos na sala de aula ..........72

Floresce um artista........................ 74

A primeira poesia .......................... 75

Meu primeiro emprego ................ 77

Realidade de um dia

de outono!!! .....................................79

SUMÁRIO

Page 6: Autobiografia não autorizada

14ANOS Indo pra diretoria de novo ...........83

Segunda poesia ..............................85

Sendo atropelado ...........................86

15ANOS Cervejada ........................................89

Relação com a religião .................. 91

Sacaneando as visitas ....................92

16ANOS Atropelado de novo! ......................97

Tocando fogo ..................................99

Sem cabeça ................................... 103

17ANOS “A boca dá?” .................................. 105

No Juizado de Menores .............108

Piadas na sala de aula .................... 113

Primeira namorada ........................114

Tatiane ..............................................115

Teoria da Invisibilidade ..............119

18ANOS Carta de motorista .......................121

Premonição .................................... 123

Revertendo o trote ........................ 126

Teatro em São Paulo ..................... 128

Reveião inesquecível ..................... 131

19ANOS Colando na prova ........................ 133

O baú ................................................ 135

20ANOS Cursinho (1a parte) .......................141

Primeira relação com

drogas pesadas ............................... 143

21ANOS Reveião em Carrancas ................ 145

Cursinho (2a parte) ...................... 150

Marcando um encontro ............... 152

22ANOS Nuggets ......................................... 155

Prestando vestibular

(1a parte) ........................................ 156

Prestando vestibular

(2a parte) .......................................160

23ANOS Corno ............................................. 163

Padrinho de casamentos ............ 166

Mímico na CET ............................. 167

Primeiro porre ............................. 170

24ANOS Minha primeira vez .................... 173

Namorada sem noia .................... 175

Teatro infantil .............................. 179

25ANOS Joguinho de bilhar ...................... 183

Sofrendo em Goiânia .................. 186

26ANOS Segundo porre .............................. 189

27ANOS Stand-up no ônibus ..................... 193

Hotel café com leite .................... 198

Page 7: Autobiografia não autorizada

28ANOS Testes pra TV ...............................201

29ANOS Testes pro CQC ........................... 205

Entrevista com

Hector Babenco ...........................210

No avião pra Fortaleza .................211

Saga do feriado de Tiradentes .... 216

30ANOS Ignorando bandido ...................... 219

Mal-entendido ...............................222

Odisseia nasal .................................223

Revisitando a odisseia nasal .......226

31ANOS Minhas férias ...............................229

Brochada com uma aeromoça .... 231

Entrei na faca! ................................233

Fim de namoro...............................236

Fim de semana zicado ..................239

32ANOS Detido pelos tiras ........................243

Bate-bola, jogo rápido,

pinga-pinga, mete-mete,

troca-troca ......................................247

Bolas de sorvete .............................250

Oscar Filho para sempre ............. 251

Focado no objetivo ........................254

33ANOS No bate-papo do Facebook ........257

Tentando nos encontrar ..............259

Outras férias ................................... 261

34ANOS Passando trote ..............................265

Adolescentes em Amsterdã.........267

Atrasando o ônibus .......................270

35ANOS Confusão no teatro ......................273

Ao telefone com

o telemarketing ..............................276

Por trás do “Proteste Já” .............. 277

CAPÍTULOBÔNUS .................................................279

EPÍLOGO ........................................................283

AGRADECIMENTOS ...............................................285

Page 8: Autobiografia não autorizada

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PREFÁCIOpor Danilo Gentili

Se ele quiser, é capaz de fazer você rir sem dizer uma só palavra. Apenas com expressões faciais e corporais faz um teatro lotado rir como uma hiena convulsionando. Um verdadeiro mestre do humor físico. E isso não significa que as piadas que cria sejam inferiores. Pelo contrário. São igualmente geniais. Assim como você, eu também adoro ligar a TV e ver que ele está lá, fazendo graça e me divertindo. Um dos comediantes e atores mais versáteis que já conheci. Sou muito fã desse cara desde a primeira vez que o vi. Você sabe de quem estou falando? Jim Carrey.

Vamos falar agora do Oscar Filho.A primeira vez que vi o Oscar foi no bar Beverly Hills, em Moema.

Lembro que na ocasião chamei o segurança de canto e perguntei se o estabelecimento sabia que aceitar crianças sem adulto responsável era crime. Ele explicou que “aquilo” não era uma criança. Era um dos come-diantes da noite. Quando o show começou, parecia que eu estava vendo o Pica-Pau ao vivo. Ele era baixinho, tinha o cabelo arrepiado e podia ser irritante, encrenqueiro, insolente, implicante, debochado e despeitado, mas não deixava de ser carismático e divertido nem um minuto sequer. Um cara do meu lado me disse: “Esse aí tem a plateia na mão do jeito que ele quiser ter”.

Compreendi quem era o cara. Na real, compreendi que ele era o cara.Virei fã na hora! Este livro compartilha histórias engraçadas que o Oscar viveu. Algu-

mas eu tive a sorte de ouvir diretamente da sua boca. Uma ou outra eu

Page 9: Autobiografia não autorizada

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vivi com ele. Como o dia em que cheguei atrasado, todo sujo de graxa, enquanto ele me esperava, todo arrumado, pra uma reunião no gabinete do prefeito. Ou outro dia, que fez do simples ato de pedir um frozen de chocolate num balcão de lanchonete um dos momentos mais divertidos da minha vida. Até hoje eu fico rindo só de lembrar. Acho que você gosta-ria que eu contasse essas histórias mais detalhadamente pra você poder sorrir comigo, não é? Mas não farei isso aqui. E não me xingue. Este livro já está repleto de histórias engraçadas. Sendo assim, prefiro contar algu-mas coisas que talvez não tenham tanta graça, mas que demonstram o cara que ele é.

Amante do gênero, descobri no tal Orkut que um pessoal finalmente estava fazendo o tal de stand-up comedy num espaço-tempo inviável pra um cara que morava em Santo André, trabalhava cedo no dia se-guinte e não tinha carro: no meio de semana, tarde da noite, em São Paulo. Mas eu não queria perder a chance de conhecer esse pessoal que desbravava um caminho que tanto esperei pra ver por aqui. Nem que pra isso eu precisasse dormir no ponto de ônibus e ir trabalhar direto no outro dia. Me lembro daquela noite como se fosse hoje. Ali estavam se apresentando as pessoas que seriam meus amigos e colegas de trabalho pro resto da vida. Oscar Filho, na ocasião, me tirou o fôlego de tanto rir. No gesto. No corpo. Na expressão. Nas piadas. Sua apresentação sempre foi muito rica, em todos os aspectos. Até hoje eu não sei como ele conse-gue fazer as pessoas rirem usando apenas o corpo. Eu só consigo isso se tirar minha roupa. E olhe lá. Às vezes, em vez de riso, causo pena.

Você consegue se colocar no meu lugar? Um completo estranho. Apenas mais um carinha que foi vê-los. Não era do meio artístico. Não conhecia ninguém. Jamais tinha feito algo parecido na vida. Apenas um fã do gênero, com algumas piadas escritas. Oscar, o cara que eu via e de quem era fã, referência no expoente cenário, puxa conversa. Ouve. Dá atenção. Se esforça pra te encaixar num show fechado. Generoso. Atencioso. Muito legal! Draminhas à parte, me fez sentir alguém muito

Page 10: Autobiografia não autorizada

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importante numa fase da vida que me sentia completamente o oposto. Mesmo sem me conhecer direito, insistia com o Clube da Comédia que eu deveria substituí-lo quando ele não pudesse comparecer. A partir daí fizemos shows, eventos, viagens e também nos demos mal juntos. Minha estreia na TV foi bem ao lado desse cara. Eu era o seu coadju-vante numa vinheta da MTV. Mas o mais legal de todos esses trabalhos foi que me diverti muito com ele nos bastidores, sem saber que um dia dividiríamos também os bastidores de um programa de sucesso e numa emissora de TV.

Você deve estar pensando: “Cala a boca, Danilo. Este livro é sobre o Oscar, não sobre você”. Eu sei. E isso tudo que falei sobre mim resume muito bem quem é o cara. Um sujeito que trata com generosidade um estranho, relaciona-se como amigo com um completo idiota que apare-ce do nada e estende a mão, sem hesitar.

Se hoje você me conhece e conhece as piadas que conto, saiba que a culpa é desse cara. Então, por favor: parem de me processar. Processem ele! A culpa é toda dele! Me deixem em paz!

Fico muito feliz que pelo menos um pouquinho da essência e das histórias desse cara esteja registrado nas páginas que seguem. Você vai descobrir, assim como eu, que Oscar Filho é uma pessoa excepcional. E não digo isso só porque ele é retardado.

Tenho muita sorte de conhecê-lo e ser seu amigo.E você tem sorte de poder se divertir com as histórias a seguir.

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PRÓLOGO

Sempre quis escrever um livro e imaginei que esse fosse o momento. Não exatamente “este” momento, porque agora ele já está escrito, tanto é que você está lendo.

Apesar de ter vontade, eu estava com dificuldade de encontrar um tema. Então pensei: “Ei, que tal se eu escrever sobre a minha própria vida???”. Não que eu acredite que tenha algo relevante pra contar. Por isso estou me dando bem na área do humor há algum tempo. Afinal, ninguém me leva a sério mesmo.

“Uma autobiografia, Oscar?” Isso. Sempre achei o conceito de auto-biografia algo ligeiramente pretensioso. Ora, se você é uma celebridade de verdade (célebre é aquele que é notável, ilustre) não precisará divul-gar seus feitos. Alguém o fará mais cedo ou mais tarde. Em vida ou não. É bom deixar claro, porque qualquer um é celebridade hoje em dia.

“Mas tá contraditório esse discurso aí, hein, Oscar?” Pois é. É que não é uma autobiografia que se leve a sério. Eu tive muitos fracassos na vida e resolvi contá-los porque eu finalmente aprendi a rir de todos eles. E espero que você consiga rir também.

Sendo assim, você não lerá aqui sobre o fato de eu ter sido criado pelos meus tios. Mesmo porque isso não é verdade. Ou sobre algu-ma doença que eu tive que mudou minha vida e minha maneira de pensar. Nem encontrará histórias emocionantes que o farão refletir e tirar alguma lição moral. Se isso acontecer, eu não tenho nada a ver com isso!

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Nada de histórias melodramáticas. Você encontrará aqui apenas fa-tos bizarros, pitorescos, curiosos e, claro, engraçados e divertidos sobre a minha vida.

Resolvi dar ao livro o título de Autobiografia não autorizada porque me exponho tanto aqui que tenho certeza de que, mais tarde, me arrependerei de ter contado tanta coisa. Se eu tiver condições de alfabetizar um filho, um neto ou bisneto, será inevitável que me sacaneiem se resolverem ler este livro. Todas as histórias que escrevi são reais e bastante detalhadas. Mas, antes delas, listei alguns fatos que não chegaram a ser histórias pro-priamente ditas. Foram pequenos acontecimentos, curiosidades, eu diria...

• No ano em que comecei a fazer teatro, me apresentei numa es-cola e esqueci o texto bem no meio de uma das cenas. No fim da apresentação, recebi os parabéns pela minha “interpretação extremamente realista”. Era um gênio e não sabia!

• Já deixei, sem querer, uma camisinha na casa da minha sogra. Não usada...

• Numa viagem pra Alemanha, fiquei gritando e puxando palmas fora de hora, como um idiota, na Filarmônica de Berlim. Não foi na minha infância, e sim aos 35 anos...

• Num teste de comercial pra uma grande loja de varejo, esperei três horas e, quando chegou minha vez, desisti depois que entrei no estúdio. Até hoje não sei por que fiz isso.

• Aos 9 anos, um amigo e eu ficamos esperando um furacão na iminência de chegar na minha cidade natal. No primeiro venti-nho mais forte, saímos correndo cada um pra sua casa.

• Tive uma namorada que quis me presentear com um striptease, mas acabou caindo pelada no vão entre a cama e a parede com as pernas abertas. Funcionou, porque a cena me deixou excitado!

• Tomei uma suspensão na escola por tirar a camisa na sala de aula e ficar rodando-a durante uma apresentação de música. Vi-rei lenda.

Page 13: Autobiografia não autorizada

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• Quando mudei pra São Paulo, fui morar na rua Augusta e pre-cisava pedir licença pras prostitutas pra poder entrar no meu prédio. Foi assim que eu aprendi o que era comida delivery.

• Já sofri um acidente capotando o carro que dirigia na divisa do Paraná com São Paulo. Aflito, liguei pro seguro e me colocaram na espera da chamada telefônica com esta musiquinha tocando: “Quando eu morrer, me enterrem na Lapinha…”.

Enfim, são muitos acontecimentos. Tantos que dividi este livro por idade. São 35 anos, 100 histórias escritas por mim e um capítulo bônus com mais 3!!!

Só me resta desejar uma boa leitura! Na medida do possível...

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“Voutedarumtapanobumbum.”

LucianaVendramini,atrizSãoPaulo,2008

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0ANO

A ESCOLHA DO NOMEPrecisamente em 22 de agosto de 1975, nascia um dos artistas brasileiros mais conhecidos do país. Seu nome? Rodrigo Santoro. Três anos depois, nascia eu.

Meu nome inteiro é Oscar Francisco de Moraes Junior. O meu pai é o tipo de cara que achava o nome dele bonito o suficiente pra colocar no filho. Sou grato ao Cosmos por ele não se chamar Asibeltranfragézio.

Com esse nome de príncipe (por causa do tamanho, e não pela bele-za), já usei apenas Oscar Junior como nome artístico, mas aí não gostei muito porque ficava parecido com Fábio Júnior. Mudei pra Oscar Fi-lho, mas ficou parecido com César Filho. Tão parecido que, às vezes, me chamam de César Filho por aí. Também me chamam de Oscar Freire...

Também é muito recorrente me chamarem de Oscar Alho. Na escola me deram vários apelidos, como Oscarllet O’Hara, Oscar Abina e Oscar Brito. Pois é... O bullying e eu somos amigos de infância.

Algumas pessoas já pensaram que eu era filho de algum Oscar famoso, como o humorista Oscar Pardini, o Oscar Schmidt do basquete – do alto do meu 1,68 metro, acho que o cara estava de sacanagem comigo –, e o Oscar Maroni, dono do Bahamas, que não é um prostíbulo. O próprio Oscar define o Bahamas como “um patrimônio para as famílias”. Claro, a quantidade de filhos que devem ter sido concebidos lá torna o ambiente bem familiar.

Entre todos eles, se tivesse que escolher, seria rebento do Oscar Ma-roni. Ficaria feliz em herdar os bens dele. Desfrutaria bastante!

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Mas não foi nenhum desses nomes que me deixou mais conhecido no Brasil. Desde que entrei no CQC, Custe o Que Custar, as pessoas me chamam de Pequeno Pônei, apelidinho carinhoso que o Marcelo Tas me deu por causa de um personagem criado por um amigo dele, o cartunis-ta Caco Galhardo.

Esse apelido durou muito tempo, com muita força, até que a Nissan veiculou um comercial que mostrava uma picape atolada na lama, e, no motor, em vez de cavalos, havia pôneis... Os pôneis malditos. Foi uma fes-ta! As pessoas gritavam no meio da rua pra mim: “E aí, Pônei Maldito?!?”.

Bom, me surgiu a dúvida e fui procurar o significado de Oscar. Des-cobri que pode ter duas origens:

1. O nome foi levado à Inglaterra pelos normandos sob a forma nórdi-ca antiga, que seria “Asgeirr”. Transformou-se em “Osgar”, no inglês an-tigo, composto por “os”, que quer dizer Deus, e “gar”, que significa lança. Portanto, Oscar significa Lança de Deus! Pô, demais esse significado, né?

2. Outra possibilidade é que a palavra seja escocesa, oriunda dos ele-mentos gaélicos “os”, que significa veado, cervo e “cara”, que quer dizer amante. Portanto, Oscar também pode significar Amante dos veados...

De agora em diante, assistirei à cerimônia do Oscar com outros olhos: – And the Amante dos Veados goes to...

© C

aco

Gal

hard

o

Personagem Pequeno Pônei do Caco Galhardo.

Page 17: Autobiografia não autorizada

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Vivian de Moraes é jornalista, escritora independente e irmã do autor há muitos anos.

Em tempos de discussão sobre os limites das biografias, Oscar Filho foi mais esperto. Ele mesmo escreveu a sua, e “não autorizada”. Talvez queira processar a si mesmo e retirar os livros de circulação. Mas acho improvável. É óbvio que ele não se leva a sério e conta apenas acontecimentos engraçados de sua vida. Depois de ler este livro, percebi que ele aprendeu a rir das desgraças porque, quando pequeno, não sabia perder.

Como naquela vez em que eu estava na sala de casa vendo um show de rock na TV, e o Junior – é assim que o chamamos em família – queria ficar comigo. Não que quisesse me fazer companhia, ele queria me azucrinar a paciência. Fazia de tudo para não me deixar ver o show. Naquela época, não tínhamos videocassete para gravar o programa nem havia YouTube para assistir em outra hora. Eu gritava para ele sair da sala, empurrava, ameaçava contar para os nossos pais. Como nada surtia efeito, tive que apelar. Peguei o pentelho pela camiseta, coloquei para fora da sala, tranquei a porta e, finalmente, pude curtir o show sozinha... por dois minutos. Foi esse o tempo que ele precisou para ir até o quadro de força e desligar a chave geral. Logo depois, ainda gritou: “Agora quero ver você ver televisão sem luz”. E riu, vitorioso!

A vida do Oscar já renderia boas risadas, mas, contadas por ele mesmo, viram as melhores piadocas entre todas as que você já ouviu no CQC, na internet ou em suas apresentações de stand-up.

Aqui é reservado para os autores se apresentarem. Mas, como este livro é uma autobiografia, eu já falei muito sobre mim. Portanto, reservei este espaço para ganhar uma grana.

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ISBN 978-85-8240-099-9

9 7 8 8 5 8 2 4 0 0 9 9 9

Engraçado, inteligente, genial... são algumas das qualidades que o Oscar carrega em sua carreira.

Eu estou falando de Oscar Filho, não de Oscar Junior, aquele ser humano de carne e osso que você pouco conhece.

Este segundo está descrito neste livro em uma linguagem que, tenho certeza, mudará a maneira de escrever

autobiografias. Agora ele será lembrado eternamente. Li toda a sua vida neste livro em apenas duas horas

e achei simplesmente brilhante!!!

(Sim, eu me referi a mim mesmo neste texto em terceira pessoa.)

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